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Administração de Materiais Material Teórico Responsável pelo Conteúdo: Prof.ª Me. Brena Bezerra Silva Revisão Textual: Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin Gestão de Estoques • Estoques; • Previsão de Demanda e Gestão de Estoques; • Controle de Estoques. · Apresentar as características da Gestão de Estoques e os métodos e ferramentas quantitativas para controle de estoques. OBJETIVO DE APRENDIZADO Gestão de Estoques Orientações de estudo Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua formação acadêmica e atuação profissional, siga algumas recomendações básicas: Assim: Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e horário fixos como seu “momento do estudo”; Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo; No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados; Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus- são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de aprendizagem. Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Mantenha o foco! Evite se distrair com as redes sociais. Determine um horário fixo para estudar. Aproveite as indicações de Material Complementar. Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma Não se esqueça de se alimentar e de se manter hidratado. Aproveite as Conserve seu material e local de estudos sempre organizados. Procure manter contato com seus colegas e tutores para trocar ideias! Isso amplia a aprendizagem. Seja original! Nunca plagie trabalhos. UNIDADE Gestão de Estoques Contextualização Os estoques são acúmulos de materiais, necessários a quase todos os tipos de indústrias; porém, investir em compras de materiais é um investimento em bens, sem retorno imediato para a Empresa. Dessa forma, como Engenheiros de Produção, devemos gerenciar adequadamente até que ponto pode investir em estoques, sem que haja prejuízo monetário para a Empresa, ao mesmo tempo em que atendemos as necessidades da Empresa. Nessa Unidade, iremos estudar os estoques e as ferramentas existentes para o gerenciamento dos estoques. Vamos à leitura? A seguir iremos estudar sobre o que são estoque. Bons estudos! 8 9 Estoques Manter um estoque significa guardar itens para atender de forma mais rápida os clientes, sejam eles internos ou externos, atuando como um regulador de fluxo entre o suprimento e a demanda (FERNANDES; GODINHO FILHO, 2010; MARTINS; ALT, 2009). Devido à sua função de regulador entre os diversos estágios de produção, uma Empresa não pode trabalhar sem estoques (DIAS, 2009). São os estoques que permitem que, se algum estágio da produção “falhar”, o próximo estágio possa continuar normalmente, ao ser utilizado o material estocado necessário para a sequência. Esse princípio da “falha” pode ser aplicado, também, às oscilações de oferta e demanda, devido ao fato de os estoques atuarem como um pulmão (buffer) entre um estágio e outro da produção, funcionando como uma garantia contra a incerteza (SLACK et al., 2016; GASNIER, 2005). Os estoques também podem ser estratégicos ou especulativos, conforme Gasnier (2005). Um estoque estratégico deve ser feito quando existe algum risco de desabas- tecimento de um item considerado essencial para a operação da Empresa ou para seu faturamento, assumindo um papel de reserva contingencial para diminuir os impactos da falta de oferta. Já o estoque especulativo é uma modalidade na qual a Empresa compra um item quando seus preços estão em baixa e o vende quando o preço apresenta uma recuperação em seu Mercado. A manutenção de um estoque pode representar um valor grande do dinheiro vinculado ao Capital de giro de uma Empresa; portanto, é importante que este tenha o menor tamanho possível e que este tamanho definido não afete o nível de serviço desejado pela Empresa (SLACK et al., 2016; FERNANDES; GODINHO FILHO, 2010). Em outras palavras, podemos definir que o estoque de uma Empresa deve ser grande o suficiente para atender às suas necessidades e deve custar o mínimo possível aos cofres dessa Organização. De acordo com Francischini e Gurgel (2015), ter um estoque, automaticamente, significa que a Empresa esteja consumindo os seguintes recursos: recursos finan- ceiros (valor de compra e pagamento de seguro de mercadorias, por exemplo); espaço no chão de fábrica; movimentos desnecessários por parte dos trabalhado- res; mão de obra para controle, recebimento e expedição de mercadorias; perdas e danos causados pela não utilização do item estocado no prazo estipulado pelo fabricante ou por acidentes com as mercadorias em questão. 9 UNIDADE Gestão de Estoques Os estoques devem ser pensados apenas para atender às necessidades da Em- presa. Caso contrário, são considerados desperdício. Teóricos adeptos à TEORIA do Just-in-time enfatizam que uma Empresa não deve pensar no estoque como um mal necessário, e sim como um efeito encobridor de práticas ineficientes do produ- tor ou do fornecedor, e que as causas de tais efeitos devem ser combatidas a fim de que eles não ocorram mais. (FRANCISCHINI; GURGEL, 2015) Traçando um paralelo com a análise realizada no parágrafo anterior, chegaremos à conclusão dada por Slack et al. (2016) que afirma que “o estoque deve acumular- -se apenas quando suas vantagens superarem suas desvantagens”. Logo, então, para que esta condição imposta seja válida, é necessária a adoção de estratégias de redução de custos dos estoques. Quanto aos tipos de estoques existentes, Fernandes e Godinho Filho (2010) alegam que existem três grandes grupos: estoque de insumos; estoques que estão sendo processados e estoques de itens finais. Os estoques de insumos podem ser divididos em quatro grupos: matérias- -primas, componentes comprados, materiais de consumo (matérias que a produção consome, mas que não fazem parte da composição do produto final) e material auxiliar (por exemplo, ferramentas). Os estoques que estão sendo processados estão relacionados aos produtos ainda em fase de produção ou com estoques em processo. Já os estoques de itens finais podem ser tanto de produtos acabados, como também de peças de reposição. Previsão de Demanda e Gestão de Estoques Para garantir que os estoques consumam somente o necessário dos recursos financeiros e de espaço da Empresa, é necessário o estudo da quantidade de volume de produtos que serão estocados. Esse estudo é feito por métodos de previsão. A seguir, serão apresentados os métodos de previsão. Previsões de estoque e a dependência da demanda Uma previsão visa a antever o quanto é necessário comprar para o atendimento da demanda. As previsões para estoques são pautadas na previsão do consumo de um material, sendo que ela o ponto de partida para todo o planejamento de estoques (DIAS, 2010). A demanda assume um papel de variável não controlável (FERNANDES; GODINHO FILHO, 2010), podendo variar em relação ao planejado; porém o planejado deve ser considerado sempre como o cenário mais provável (DIAS, 2010). 10 11 Antes de definir a demanda de matérias-primas, é necessário estabelecer a de- manda para os produtos acabados. Existem grupos classificatórios para as técnicas de previsão de consumo. Tais técnicas são definidas por Dias (2009) como:• Projeção: considera que o cenário atual irá repetir o passado, seja em número de vendas, seja em evolução desse número dentro do horizonte de planeja- mento atual, ou os dois. São usadas técnicas exclusivamente quantitativas; • Explicação: busca explicar as vendas do passado usando leis que as relacionam com outras variáveis de evolução previsível ou conhecida; • Predileção: funcionários experientes e conhecedores de fatores influentes nas vendas e no mercado estabelecem o nível de evolução das vendas futuras. Os itens demandados podem ser dependentes ou independentes, conforme classificação de Fernandes e Godinho Filho (2010). Os itens de demanda dependente são itens cuja demanda depende da demanda de outro produto. Já os itens de demanda independente possuem demanda desassociada da de- manda de qualquer outro produto. Um exemplo claro de demanda dependente são as matérias-primas emprega- das para a fabricação de qualquer tipo de produto. Sem a demanda por produtos finais, não existe a demanda por matéria prima. Já um exemplo de demanda in- dependente são os próprios produtos finais. Previsão de demanda Conforme descrito, as demandas de itens para estoque estão ligadas às demandas de produção de itens finais. Logo, então, deve-se realizar um processo de projeção de demanda. A previsão de demanda é importante para o planejamento de ações antecipadas (TUBINO, 2017). Uma previsão de demanda estruturada possui cinco passos, que estão detalhados na Figura 1. Objetivo do Modelo Coletar e Analisar Dados Selecionar a Técnica de Previsão Obter Previsões Monitorar o Modelo · De�nir as razões pela qual o modelo se justi�ca. · Coletar dados históricos e relevantes e com base neles identi�car técncias de previsões apropriadas. · Eleger as técnicas de previsão adequadas. · Aplicar as técnicas de previsão para obter as projeções futuras da demanda, obtendo, assim, as previsões. · Acompanhar o modelo para veri�car dados referentes à extensão do erro (diferença entre a demanda real e a prevista) Figura 1 – Etapas para uma previsão 11 UNIDADE Gestão de Estoques Realizando-se de forma atenta todos os passos na sequência da Figura 1, além de se realizar uma previsão de demanda consistente, obtêm-se dados relevantes para ajuste de modelos de previsão futuros. Existem diversos modelos de previsão de demanda. Alguns deles serão apresentados a seguir: • Último período: método mais simples existente, ele apenas usa como previsão para o próximo período o valor real do período anterior (DIAS, 2009); • Média móvel: a previsão para o próximo período é calculada pela média dos valores de consumo em n períodos anteriores (DIAS, 2009). Sua fórmula de cálculo é expressa matematicamente como: P C C C Cn n = + + +1 2 3 Onde: P = Previsão de consumo C = Consumo nos períodos anteriores n = número de períodos considerados. • Média móvel ponderada: variação da média móvel. Aqui, os valores dos períodos mais próximos recebem um peso maior que os valores anteriores (DIAS, 2010). Esse método é expresso matematicamente pela fórmula a seguir: P C PS C PS Cn PSn PS PS n = ∗( ) + ∗( ) + ∗( ) + + 1 1 2 2 1 2 Onde: P = Previsão de consumo C = Consumo nos períodos anteriores OS = Peso atribuído ao período n = número de períodos considerados Controle de Estoques O controle de estoques define-se como um fluxo de informações que permite a comparação entre os resultados reais e os planejados para a atividade de Gestão (FRANCISCHINI; GURGEL, 2015). 12 13 Recomenda-se que essas atividades de controle sejam feitas de maneira formal e documentada. Para que o controle seja implantado, é essencial que sejam determinados, pri- meiramente, os índices que serão monitorados. Deve existir previamente uma expectativa para o resultado desses índices es- colhidos e o fluxo de informações na Empresa deve ser claro (FRANCISCHINI; GURGEL, 2015). Este fluxo de informações pode estar expresso em documentos impressos ou eletrônicos. Franscischini e Gurgel (2015) destacam alguns destes documentos: • Requisição de compras: documento gerado pelo estoque para o Departamento de Compras para solicitar a aquisição de um item para a reposição do estoque; • Requisição de fabricação: documento gerado pelo estoque para a produção para a fabricação de um item para a reposição de estoque; • Pedido de cotação: útil para obter informações sobre prazos de entrega e preços de aquisição; uma solicitação é feita do Departamento de Compras para os fornecedores; • Pedido de compra: documento gerado pelo Departamento de Compras para o fornecedor, autorizando a compra de um item; • Nota fiscal: documento legal que formaliza a operação de compra e venda; • Requisição de material: formalização do pedido de retirada de uma determinada quantidade de um item para o consumo feito pelo usuário. O controle realizado por meio dessa documentação auxilia na elaboração de diversos indicadores de Gestão de estoque, devido ao seu caráter padronizador das operações das quais um estoque participa. Esses indicadores serão mais bem detalhados ao longo deste Material. Níveis de Suprimentos Os níveis de suprimentos, também chamados de nível de serviço ou ainda nível de atendimento, é um indicador para medir o quão eficaz foi o estoque para atender as solicitações dos usuários (MARTINS; ALT, 2009). De acordo com o nível de serviço, é proporcional a eficiência do Sistema. A relação matemática para o nível de serviço é explicada pela fórmula a seguir, de acordo com Martins e Alt (2009) e Paoleschi (2014): Nível de serviço (%) Número de requisições atendidas Número de requisições efetuadas = ∗100 13 UNIDADE Gestão de Estoques Controle de Estoques A Gestão de Estoques é composta pelo conjunto de ações necessárias para o administrador verificar se os estoques estão sendo bem utilizados, bem localizados perante o seu local de utilização e devidamente controlados. (MARTINS; ALT, 2009) Os objetivos de administrar estoques estão diretamente relacionados à caracterís- tica de ser uma parte do capital de investimento da Empresa “parado”, aguardando utilização. Espera-se que o gerenciamento de estoques seja capaz de otimizar os in- vestimentos, aumentando o uso eficiente dos meios internos e minimizando a quan- tidade de capital investido. (FRANCISCHINI; GURGEL, 2015) O gerenciamento de estoques adquire grande importância em dois pontos de vista: o operacional e o financeiro. No nível operacional, a importância e a justificativa da existência dos estoques estão relacionadas ao seu papel de regulador entre o ritmo da produção e os lead times de suprimentos, além de funcionar como uma garantia perante algum aumento brusco de demanda (FRANCISCHINI; GURGEL, 2015; MOREIRA, 2012). Já no nível financeiro, devido ao fato de a taxa de retorno do investimento ser medida pela divisão entre os valores do lucro bruto pelo capital investido, ter um nível alto de estoques, compromete essa taxa, justamente pelo fato de o dinheiro gasto em estoque ser considerado parte desse capital (MOREIRA, 2012). A administração de estoques deve conciliar, da melhor maneira possível, os objetivos dos Departamentos de Vendas, Compras, Produção e Financeiro, de maneira a não prejudicar as operações da Empresa (FRANCISCHINI; GURGEL, 2015). A Figura 2 mostra esse relacionamento. ADMINISTRAÇÃO DOS ESTOQUES VENDASFINANCEIRO COMPRAS PRODUÇÃO Figura 2 – Relacionamentos da Gestão de Estoques 14 15 Esses departamentos podem ter relação conflituosa entre disponibilidade de estoques e capital disponível para esta atividade, conforme Dias (2010). Se olharmos a perspectiva referente às vendas, é interessante a manutenção de estoques altos para o pronto atendimento dos clientes. Já na perspectiva do financeiro, os níveis de estoque devem ser baixos para minimizar o capital investido; porém, cada área tem seu conjunto de preocupações, relatadas a seguir, conforme Dias (2010): • Compras:preocupam-se com descontos nas quantidades compradas, buscando a economia de recursos; • Produção: deseja eliminar o risco de falta de materiais e fabricar em gran- des quantidades; • Financeiro: no nível de aquisição de materiais, o financeiro se preocupa com o capital investido, os juros a serem pagos, o risco de perdas e obsolescência e o aumento do custo de armazenagem. Já no nível de produtos acabados, as preocupações em capital investido e custos de armazenagem continuam; • Vendas: preocupam-se com nível de produtos acabados, com a rápida entrega de mercadorias, com a boa imagem da Empresa e a melhora nos índices de vendas. Níveis de estoque O estoque mínimo, também conhecido como estoque de segurança, é a quan- tidade determinada para a cobertura de atrasos eventuais no suprimento, variações de demanda, visando a garantir o funcionamento pleno do Sistema Produtivo, sem o risco de faltas (PALOESCHI, 2014; DIAS, 2009; FERNANDES; GODINHO FILHO, 2010). É o estoque mínimo que garante a segurança do Sistema Produtivo contra as variações impostas; porém, seu custo é permanente e deve ser calculado de maneira que não onere o orçamento da Organização (PALOESCHI, 2014). De acordo com Dias (2009), o estoque mínimo pode ser determinado por meio de uma fixação de uma determinada projeção mínima (projeção estimada de consumo) ou por cálculos com base estatística. Em Dias (2009) e Martins e Alt (2010) podem ser encontrados diversos métodos diferentes para chegar a um valor de estoque mínimo. Já o estoque máximo é igual à soma do estoque mínimo com o lote de com- pra no momento do seu recebimento (PALOESCHI, 2014). O estoque máximo em condições normais varia entre os limites dos níveis máximos e mínimos e é influenciado pela capacidade de armazenagem que a Empresa tem a sua disposição (DIAS, 2009). 15 UNIDADE Gestão de Estoques Curva Dente de Serra Ferramenta tradicional para a visualização dos movimentos de entrada e saída de estoque de um determinado item, a Curva Dente de Serra é um gráfico no qual temos representado no eixo horizontal o Tempo (T) para o consumo (geralmente em meses), e no eixo vertical tem-se representadas as quantidades em unidades do item em questão (DIAS, 2010). A Figura 3 apresenta um exemplo do Gráfico Dente de Serra. Quantidade Tempo (T) 140 100 80 60 40 20 120 DNOSAJJMAMFJ Consumo Re po siç ão Consumo Figura 3 – Curva Dente de Serra Percebe-se que o tempo nessa curva está estabelecido em meses e o consumo se comporta de forma uniforme, até chegar ao nível zero, para depois ser reposto até seu nível atual; porém, o consumo não costuma se comportar dessa maneira, tendo oscilações de consumo que podem ocasionar faltas (rupturas), conforme apresentado na Figura 4. Quantidade Tempo (T) 140 100 80 60 40 20 120 DNOSAJJMAMFJ SAJJ -20 -40 -60 -80 0 Figura 4 – Curva Dente de Serra com ponto de ruptura 16 17 O ponto de ruptura é sinalizado quando existe necessidade de um item e ele se encontra zerado. O estoque deixa de atender as necessidades, como no exemplo da Figura 3, em que existiu a necessidade de 80 unidades e elas não estavam disponíveis. O gerenciamento e o controle de estoque não devem permitir que uma situação dessa aconteça, encontrando uma solução otimizada para a situação. A determinação de um estoque de segurança colabora diretamente para que as chances de ocorrer tal situação sejam mínimas. Modelo de Reposição Contínua O Modelo de Reposição Contínua, também conhecido como Sistema de Estoque Mínimo, Sistema do Ponto de Reposição, é um Sistema de Reposição de Estoque que prevê que sempre teremos uma emissão de ordem de reposição quando o estoque chega a um determinado nível, chamado de Ponto de Pedido (FERNANDES; GODINHO FILHO, 2010). A Figura 5 ilustra a lógica de funcionamento desse Sistema de Reposição. Qu an tid ad e Tempo Qmax Qmin d PP Q t Figura 5 – Representação do Sistema de Revisão Contínua Vemos na imagem que o estoque é limitado a uma Quantidade Máxima (Qmax) e a demanda (d) vai sendo consumida ao longo do tempo, até chegar ao Ponto de Pedido (PP). Chegando a PP, é feito um pedido de certa Quantidade Q e esta mercadoria é disponibilizada depois de decorrido um tempo de lead time (t). O Qmin representa o estoque de segurança estabelecido para tal produto. O valor de PP deve contemplar o lead time e o estoque de segurança. Tubino (2008) define a fórmula para cálculo do ponto de pedido como PP = d * t + Qmin. 17 UNIDADE Gestão de Estoques Modelo de Reposição Periódica O modelo de reposição periódica prevê a emissão de uma Ordem de Reposição de Estoque em intervalos de tempo constante (por exemplo, a cada 30 dias), na qual a quantidade de pedido deve ser igual ao estoque máximo, subtraído da quantidade em mãos do item (FERNANDES; GODINHO FILHO, 2010). A Figura 6 explica o funcionamento desse modelo: Ní ve l d e E sto qu e Dias Q1 250 50 150 200 100 0 T T T 0 L 3330 L 1815 45 Alvo Pe di do de Q 1 Pe di do de Q 2 Ch eg ad a d e Q 2 Ch eg ad a d e Q 1 Q2 Q1 Q2 Figura 6 – Modelo de Reposição Periódica No Sistema de Reposição Periódica, o período de reposição (T) é de 15 dias e tem-se um leadtime (L) de 3 dias. Nota-se que os pedidos obedecem a ordem de serem do tamanho exato da diferença entre a quantidade máxima e a quantidade consumida no período. Curva ABC A curva ABC, chamada também de Classificação ABC ou Regra de Pareto, é um Sistema de Classificação de itens presentes em um estoque de acordo com a sua importância estratégica para a Empresa, categorizando cada item dentro de três recortes: o de alta importância (Classe A), o de média importância (Classe B) e o de baixa importância (Classe C) (FERNANDES; GODINHO FILHO, 2010). 18 19 Essa classificação é feita por meio de critérios de desempenho. Fernandes e Godinho Filho (2010) apontam que tais critérios são: volume de vendas, faturamento, lucro e participação de Mercado, referentes a um dado período. Slack et al. (2016) apontam que, geralmente, 80% das vendas de uma operação correspondem por 20% de todos os itens estocados. Os mesmos autores descrevem as classificações da curva ABC como: • Itens Classe A: representam 20% de itens de alto valor, que representam 80% do valor total do estoque; • Itens Classe B: itens de valor médio, geralmente, são 30% dos itens que representam 10% do valor total dos itens estocados; • Itens Classe C: itens de baixo valor, compostos pela quantidade de 50% dos itens, que representam apenas 10% do valor dos estoques. Gurgel e Francischini (2015) sugerem alguns passos para realizar uma análise utilizando a Curva ABC. Primeiramente, deve ser feita uma análise do cenário dos estoques, coletando dados referentes a custos unitários e quantidades para o cálculo dos custos totais. Depois de obtidas essas informações, deve ser gerada uma Tabela para ordenar os dados de forma crescente. A Tabela 1 apresenta um modelo de organização dos dados para a construção da Curva ABC. Tabela 1 – Dados ordenados para Classifi cação ABC Item Qtd. em estoque (1) Custo unitário em R$/un. (2) Custo total (1) * (2) em R$ Ordem A 5 2000,00 10000,00 3º B 10 70,00 700,00 10º C 1 800,00 800,00 9º D 100 50,00 5000,00 5º E 5000 1,50 7500,00 4º F 800 100,00 80000,00 1º G 40 4,00 160,00 11º H 50 20,00 1000,00 8º I 4 30,00 120,00 12º J 240 150,00 36000,00 2º K 300 7,50 2250,00 6º L 2000 0,60 1200,00 7º Total 144730,00 Fonte: Gurgel e Francischini, 2015 19 UNIDADE Gestão de Estoques Depois de ordenados os dados, devem ser calculados o custo total e os percentuais do custo total acumulado. A Tabela 2 exibe esses cálculos depois de realizados. Tabela 2 – Ordenação dos dados para construção da Curva ABC Ordem Item Custo total acumulado (R$) Percentuais (%) 1º F 80000,00 55,3 2º J 116000,00 80,1 3º A 126000,00 87,1 4º E 133500,00 92,2 5º D 138500,00 95,7 6º K 140750,00 97,3 7º L 141950,00 98,1 8ºH 142950,00 98,8 9º C 143750,00 99,3 10º B 144450,00 99,8 11º G 144610,00 99,9 12º I 144730,00 100,00 Fonte: adaptado de Gurgel e Francischini (2015) Após a ordenação e a definição dos percentuais, deve-se traçar a Curva ABC. No eixo horizontal, constam os itens do estoque já ordenados, e no eixo vertical, os percentuais de custos totais acumulados. Na Figura 7, temos a Curva ABC construída para o exemplo. F J IGBCHLKDEA Itens % A B C 100 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 80,1 95,7 Figura 7 – Curva ABC 20 21 Após a curva montada, deve ser feita a análise dos resultados. No modelo apresentado, vemos que os itens F e J representam 80,1% dos valores totais dos estoques e 16,7% do número de itens; logo, eles podem ser classificados como itens classe A. Já os itens A, E e D representam 15,6% dos valores acumulados e 25% dos itens dos estoques, podendo ser classificados como itens classe B. O restante dos itens é considerado classe C, pois representa 4,3% dos valores acumulados e 58,3% dos itens totais. Essa classificação ajuda diretamente na tomada de decisão em situações de re- dução de custos. Por exemplo, se for realizada uma redução de custos de 20% do valor dos itens classe A (dois itens), temos 20% * 80,1% = 16% de redução dos valores totais. Já, se for feita uma redução de custos de 50% nos itens classe C (sete itens), teremos 50% * 4,3% = 2,2%, ou seja, ao se trabalhar na redução de dois itens, os resultados serão mais significativos do que se trabalhar na redução de custos de sete outros itens. Giro de Estoque O giro de estoque mede quantas vezes o estoque se renovou num determi- nado período de tempo, sendo uma relação entre o consumo anual e o estoque médio do produto (DIAS, 2010; ALT; MARTINS, 2010). A fórmula básica de cálculo para o giro de estoques é dada por: Giro Consumo médio Estoque médio = O ideal para as Empresas é que o estoque gire constantemente para evitar perdas de materiais e investimentos desnecessários (PAOLESCHI, 2014). Esse indicador pode ser usado como benchmarking entre as Empresas, lembran- do de que o giro pode ser calculado de forma segmentada (matérias-primas, com- ponentes comprados, produtos acabados) ou de forma global (incluindo insumos, estoques em processo) (DIAS, 2010; FERNANDES; GODINHO FILHO, 2010). Cobertura A cobertura ou antigiro é um indicador que tem por objetivo mostrar a quan- to tempo de consumo equivale o estoque real ou o estoque médio, sendo que o período pode ser determinado em dias, meses, anos etc. (DIAS, 2010). 21 UNIDADE Gestão de Estoques Seu cálculo é dado por: Cobertura Estoque médio Consumo = Um exemplo de cálculo de cobertura de estoque é apresentado por Dias (2010): se existe um estoque de 3000 unidades e um consumo em uma taxa de 2000 unidades mensais, por quanto tempo essas 3000 unidades irão cobrir as necessidades de estoque? Cobertura 3000 2000 = 1,5 mês= Custos de estoque Qualquer espécie de armazenamento de materiais gera determinados custos que são: juros, depreciação, aluguel, equipamentos de movimentação, seguros, obsolescência, salários e seguros entre outros (DIAS, 2010). Todos esses custos podem ser agregados em quatro tipos, conforme Francischini e Gurgel (2015): custos de aquisição, custos de armazenagem, custo de pedido e custo de falta. Os custos de aquisição estão relacionados aos valores pagos pela Empresa para a compra dos materiais de estoque. Apesar de ser um custo relativamente independente da alçada do Gestor de Estoques (depende mais das negociações feitas na área de compras), ele impacta diretamente no valor do material em estoque. Para calcular os custos de aquisição basta multiplicar as quantidades adquiridas pelo valor unitário do item. Os custos de armazenagem são os custos relacionados à armazenagem física dos materiais. É de responsabilidade do Gestor de Estoques manter esse custo o mais baixo possível. Os cálculos dos custos de armazenagem são feitos de forma individual e podem ser feitos por meio da fórmula: Custo de Armazenagem (CA) = Estoque médio (EM) * Preço médio unitário (PMU) * Tempo em estoque (T) * Custo de armazenagem unitário (CAm). Cada um dos itens da fórmula precisa ser calculado. O EM pode ser calculado pela divisão dos itens presentes no estoque pelo tempo. Já o PMU é calculado pela seguinte equação, onde PU é o Preço Unitário de aquisição do estoque e Q é a Quantidade de itens adquiridos: PMU PU * Q Q = Já o cálculo de CAU envolve diversos fatores, conforme relacionados no Quadro 1. 22 23 Quadro 1 – Fatores para cálculo do CAm Fatores Descrição Cálculos Juros Juros médios recebidos em aplicações financeiras ou rentabilidade mínima exigida pela empresa J = Juros no tempo T Valor Médio no Estoque no tempo T Aluguel Aluguel pago pela área de armazenagem CAI = Custo de Aluguel do Estoque no tempo T Valor Médio do Estoque no tempo T Seguros Prêmios de seguros pagos pela empresa. O custo de seguro varia com o valor do estoque segurado SEG = Seguros pagos no tempo T Valor Médio do Estoque no tempo T Perdas e Danos Valor de materiais danificados, obsoletos e desaparecidos do estoque em determinado intervalo de tempo T PD = Valor da perdas no tempo T Valor Médio do Estoque no tempo T Impostos Imposto predial, alfandegário e outros IMP = Impostos pagos no tempo T Valor Médio do Estoque no tempo T Movimentação Custos com transporte, manuseio, embalagem, manutenção de equipamentos, etc. MOV = Custos de Movimentação no tempo T Valor Médio do Estoque no tempo T Mão-de-obra Salários, encargos e benefícios adicionais pagos ao pessoal operacional da área de estocagem MDO = Custos de Mão-de-obra no tempo T Valor Médio do Estoque no tempo T Despesas Despesas com luz, telefone, material de escritório, serviços de terceiros, EPIs, veículos e outras despesas administrativas DES = Despesas Gerais no tempo T Valor Médio do Estoque no tempo T Total Custo unitário de armazenagem CAMU = J + CAI + SEG + PD + IMP + MOV + MOD + DES Fonte: Francischini e Gurgel, 2015. O custo de armazenagem aumenta conforme a quantidade de itens do estoque médio aumenta. Por essa razão, é importante manter em estoque apenas as quan- tidades necessárias para manter o nível de serviço desejado. Lote Econômico de compra e produção O Lote Econômico é uma abordagem que busca encontrar o melhor equilíbrio entre as vantagens e as desvantagens de se manter um relativo item em estoque (SLACK et al., 2016). O importante nessa abordagem é minimizar os custos de aquisições, visando aos aspectos referentes à utilidade de se manter o item em estoque e, se essa manutenção se provar relevante, qual a quantidade a se comprar desse item (FRANCISCHINI; GURGEL, 2015; DIAS, 2010). O Lote Econômico de Compra (LEC) representa a quantidade de itens que pode ser comprada em cada pedido feito pela Empresa, que representa o menor custo total de estoque e que estará disponível assim que a mercadoria chegar ao recebimento (FRANCHISCINI; GURGEL, 2010). Geralmente, são calculados para períodos anuais. Sua fórmula é calculada pela equação a seguir, onde temos que C é o Custo do pedido; D é a taxa de Demanda, 23 UNIDADE Gestão de Estoques que é dada pela divisão entre a quantidade em estoque e o período de tempo pelo qual se deseja elaborar o lote: LEC C D CAm = ∗2 Já o Lote Econômico de Produção (LEP) assume premissas semelhantes as do LEC; porém, aqui, ao invés de se comprar os itens, eles são fabricados pela própria Organização e isso faz com que sua disponibilização em estoque siga uma velocidade de produção dada pela Fábrica. (FRANCHISCINI; GURGEL, 2010). A lógica de funcionamento dessa abordagem pode ser mais bem compreendida na Figura 8. Tempo Qmáx Tp Quantidade em estoque Formação de estoque (p – d) Consumo de estoque (d) Tc Figura 8 – Funcionamento do LEP Na Figura 8, podemos ver que a formação do estoque máximo (Qmax) é dada por uma relação entre o que é produzidoem um período de tempo (p) e o que é demandado (d) nesse período de consumo (Tc), sendo que essa produção deve acontecer até o alcance de Qmax por um tempo de produção (Tp). Após alcançar Qmax, não se produz mais p e passa a existir apenas atividades de consumo durante um tempo (Tc) até o início do próximo ciclo de produção. O cálculo para se encontrar o valor do LEC se dá pela fórmula: LEP Cf D CAm d p = ∗ − 2 1 24 25 São necessários alguns cuidados antes do cálculo do LEP. Aqui, D continua se referindo à demanda total durante o período de tempo, e d refere-se à demanda durante o período Tc (ou seja, a demanda durante o período de consumo), podendo as demandas ter períodos de consumo diferentes. Já os períodos de formação de estoque (Tp) e de consumo do estoque máximo (Tc) devem ter a mesma unidade de tempo. No exemplo a seguir, contido em Franscischini e Gurgel (2015), será explicado como chegar ao valor LEP. Exemplo Calcular o valor de LEP para um item de demanda anual de 2600 unidades, que possui um custo de fabricação de R$230,00, velocidade de produção de 200 produtos por semana e um custo anual unitário de armazenamento de R$12,00. Resolução Temos uma Demanda anual (D) e uma velocidade de produção de 200 produtos/ semana. Isso indica que temos um período de consumo em semanas; logo, a demanda de período (d) deve ser traduzida em semanas (fazemos isso dividindo a demanda anual por 52, que é o número de semanas que há no ano). Agora, basta a aplicação da fórmula para se chegar ao valor do LEP: LEP = ∗ ∗ − = ≅ 2 230 00 2600 12 00 1 2600 52 200 364 5 , , , 3365 unidades Mostramos alguns métodos de Gestão de Estoques. Espero que tenha feito uma boa leitura. A seguir, referências complementares para melhores esclarecimentos sobre as práticas na Gestão de Estoques. 25 UNIDADE Gestão de Estoques Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Livros Análise da Gestão de Estoques por interveniência do Gráfico Dente de Serra em uma Empresa de batata frita GONÇALVES, Wellington et al. Análise da Gestão de Estoques por interveniência do Gráfico Dente de Serra em uma Empresa de batata frita. Brazilian Journal of Production Engineering, v. 1, n. 1, 2015. How consumer demand affects order quantity in practice: an empirical study on inventory management decisions in fashion retailing CHAN, Hau-Ling;CHOI, Tsan-Ming; HO, Yee-Man. How consumer demand affects order quantity in practice: an empirical study on inventory management decisions in fashion retailing, International Journal of Inventory Research, v. 3, n. 2, 2016. Leitura Gestão de Estoques a partir da lista de materiais (bill of materials): o caso de um hospital universitário OLIVEIRA, Caetano Oliveira de. Gestão de Estoques a partir da lista de materiais (bill of materials): o caso de um hospital universitário. (Trabalho de Conclusão de Curso em Engenharia de Produção) – Universidade Federal do Rio Grande do Sul – Escola de Engenharia. Rio Grande do Sul: UFRGS, 2017. https://goo.gl/nZDqfy A importância de práticas adequadas de Gestão de Estoques de materiais críticos para a produção: um estudo de caso em uma Siderúrgica VASCONCELOS, Indira Winnie. A importância de práticas adequadas de Gestão de Estoques de materiais críticos para a produção: um estudo de caso em uma Siderúrgica. 2016. 88 f. (Monografia – Graduação em Engenharia de Produção) – Instituto de Ciências Exatas e Aplicadas, Universidade Federal de Ouro Preto, João Monlevade. 2016. https://goo.gl/pXjxp1 26 27 Referências DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: uma abordagem logística. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2009. FERNANDES, F. C. F.; GODINHO FILHO, M. Planejamento e Controle de Produção: dos Fundamentos ao essencial. São Paulo: Atlas, 2010. LIMA, R. Sistema de Revisão Periódica de Estoques. 2013. Disponível em: <http://aprendendogestao.com.br/sistema-de-revisao-periodica-de-estoques/>. Acesso em: 13 jun. 2018. MARTINS, Petrônio Garcia; ALT, Paulo Renato Campos. Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais. 3.ed. São Paulo: Saraiva, 2009. MOREIRA, D. A. Administração das Operações e Produções. 2.ed. 2009. São Paulo: Cengage Learning, 2009. OLIVEIRA, U. M. B.; CARVALHO, F. L. S. Comparação das técnicas de previsão de demanda para controle de estoques de embalagem para computadores. XXXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO: A GESTÃO DOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO E AS PARCERIAS GLOBAIS PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL DOS SISTEMAS PRODUTIVOS. Salvador, BA, Brasil, 8 a 11 de outubro de 2013. SLACK, N. et al. Administração da Produção. 4.ed. São Paulo: Atlas, 2016 TUBINO, D. F. Planejamento e Controle de Produção: teoria e prática. 3.ed. São Paulo: Atlas, 2017. 27
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