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DISTÚRBIOS CIRCULATÓRIOS: INFARTO Disciplina: Bases da Patologia Geral FCM – USF Bragança Pta 4º semestre/2021 Prof. Gustavo Mamprin Infarto Área de necrose isquêmica causada pela oclusão do suprimento arterial ou da drenagem venosa. Isquemia: desequilíbrio entre oferta (perfusão) e demanda por sangue oxigenado. Insuficiência de oxigênio e de substratos nutrientes, remoção inadequada de metabólitos. A grande maioria dos infartos resultam da oclusão arterial trombótica ou embólica. Outras causas incluem: vasoespasmo local, compressão extrínseca de um vaso (tumor), torção de um vaso, ruptura traumática, compressão por edema (síndrome compartimental), aprisionamento de alças intestinais em um saco herniário. Infarto Classificação: de acordo com a cor (vermelhos ou brancos) e a presença ou ausência de infecção (sépticos ou assépticos): Vermelhos: oclusões venosas, tecidos frouxos e suscetíveis à congestão (pulmão), tecidos com dupla circulação (pulmão, intestino delgado, hipófise), secundário à lesão de reperfusão. Brancos: órgãos sólidos com circulação arterial terminal (coração, baço, rim) Sépticos: secundários à embolização de vegetações cardíacas, ou quando bactérias se instalam no tecido necrótico. Nesse caso o infarto é convertido num abscesso. Infarto Tipos de necrose no infarto: Necrose coagulativa isquêmica. Aspectos morfológicos e evolutivos da necrose Morfologia microscópica: Eosinofilia citoplasmática Aparência homogênea, mais vítrea Vacuolização citoplasmática Figuras de mielina, derivadas das membranas celulares lesadas Calcificações. Aspectos morfológicos e evolutivos da necrose Morfologia microscópica: Alterações nucleares: degradação do DNA Cariólise: esmaecimento da basofilia da cromatina Picnose: retração nuclear com aumento da basofilia Fragmentação do núcleo picnótico. Padrões de necrose tecidual Necrose de coagulação: isquemia causada por obstrução de vaso. Infarto branco: órgãos com circulação terminal (exceto no cérebro) – coração, rim, baço. A região necrosada adquire coloração esbranquiçada e torna-se tumefeita, fazendo saliência na superfície do órgão. Infarto vermelho: órgãos com dupla circulação (intestinos, hipófise, fígado) – há extravasamento de sangue a partir do vaso não obstruído, conferindo um aspecto hemorrágico (vinhoso ou vermelho-escuro) para a área infartada. Gangrena: termo aplicado a um membro que perdeu seu suprimento sanguíneo (tipicamente necrose de coagulação – gangrena seca. Quando há superposição com infecção bacteriana, ocorre liquefação – gangrena úmida). Infarto vermelho em alças intestinais Infarto vermelho no pulmão e infarto branco no baço Padrões de necrose tecidual Necrose liquefativa: Caracterizada pela digestão das células mortas, resultando na transformação do tecido em uma massa viscosa líquida. É observada com frequência nas infecções bacterianas, ao tecido necrótico somam-se neutrófilos degenerados (piócitos), formando o pus. A lesão isquêmica no sistema nervoso central também manifesta-se como necrose liquefativa (amolecimento cerebral). Infarto Necrose liquefativa – sistema nervoso central Isquemia cerebral focal Exames de imagem: correlação imagem e patologia Isquemia cerebral focal Exames de imagem: TC – sinal da artéria hiperdensa. Amolecimento cerebral agudo – coloração para mielina. Eosinofilia difusa em neurônios, retração. Infiltração neutrofílica Macrófagos e gliose reativa – 10 dias aprox/e Pequenos infartos intracorticais – perda tecidual e gliose residual. Fatores que influenciam o desenvolvimento de um infarto Natureza do suprimento vascular: presença de duplo suprimento sanguíneo (pulmões, fígado) – maior resistência ao infarto. Ao contrário, órgão com circulação arterial terminal são mais suscetíveis ao infarto. Taxa de desenvolvimento da oclusão: Lento: menor probabilidade de causar infarto – proporcionam tempo para o desenvolvimento de circulação colateral; atrofia. Vulnerabilidade à hipóxia: neurônios – 3 a 4 minutos; miocardiócitos – 20 a 30 minutos; fibroblasto – várias horas. Estado geral do sangue e do sistema vascular: anemia ou choque. Evolução do tecido necrosado Regeneração: quando o tecido necrosado tem capacidade de regeneração, os restos necróticos são removidos pelas células inflamatórias e fatores de crescimento induzem a proliferação de novas células parenquimatosas. (ex: fígado). Cicatrização: ocorre tipicamente em lesões extensas ou quando o tecido não tem capacidade regenerativa. As células mortas são substituídas por tecido conjuntivo cicatricial. Evolução do tecido necrosado Encistamento: quando o tecido necrótico não é reabsorvido, uma reação inflamatória gera uma proliferação fibroconjuntivo, que envolve os restos necróticos, formando uma pseudocápsula. Eliminação: o tecido necrótico atinge uma estrutura canalicular que se comunica com o meio externo. O material necrótico é então eliminado, deixando uma cavidade (ex: caverna tuberculosa). Calcificação: deposição de cristais de cálcio no tecido necrosado. Caso clínico Homem, 57 anos, diabético, hipertenso, dislipidêmico e tabagista procura atendimento médico de urgência devido a dor torácica de forte intensidade na região do precórdio, em aperto, com irradiação para a mandíbula. Ele descreve a dor como um “sufocamento” e diz que se iniciou há cerca de 2h, enquanto realizava a limpeza de um armazém. Ele nega febre, dispnéia, palpitações ou desmaio. Ao exame está pálido, sudoréico e com fáscies de dor. PA=170x100mmHg; FC=98bpm; FR=22ipm; glicemia capilar:182mg/dL; SatO2= 95% AA. As bulhas são rítmicas em 2 tempos, sem sopros, a ausculta cardíaca revela discretos estertores finos nas bases pulmonares. Não há turgência jugular e os pulsos periféricos são amplos e simétricos. O exame abdominal também não apresenta alterações. Caso clínico Qual a principal hipótese diagnóstica? O que deve ser feito? Cardiopatia isquêmica Disciplina: Bases da Patologia Geral FCM – USF Bragança Pta 4º semestre/2021 Prof. Gustavo Mamprin Epidemiologia: A cardiopatia isquêmica (CI) é a principal causa de morte nos países desenvolvidos e no Brasil. 500.000 mortes anuais nos EUA. Redução na prevalência em relação às últimas 3 décadas. Queda de 50% na taxa global de óbitos por CI: Prevenção e controle dos fatores de risco Avanços diagnósticos e terapêuticos Cardiopatia isquêmica: Definição: designação genérica para um grupo de síndromes fisiopatologicamente relacionadas que resultam da isquemia do miocárdio. Isquemia: desequilíbrio entre oferta (perfusão) e demanda por sangue oxigenado. Insuficiência de oxigênio e de substratos nutrientes, remoção inadequada de metabólitos. > 90% dos casos é devida a redução do fluxo coronariano por obstrução aterosclerótica – doença arterial coronariana. Cardiopatia isquêmica: Cardiopatia isquêmica por afecções das coronárias: redução da oferta 1. Aterosclerose – DAC (90%) Riscos para desenvolvimento: hipercolesterolemia, fumo, hipertensão arterial sistêmica e diabete melito 2. Espasmo das coronárias (associado, na maior parte das vezes, a presença de ateroma) e ponte miocárdica 3. Espessamento fibrointimal: transplante cardíaco, angioplastia, usuários crônicos de cocaína, pontes de safena. 4. Dissecção de coronária 5. Trombofilias 6. Outras causas mais raras: embolia, sífilis, vasculites, anomalias congênitas. Cardiopatia isquêmica: Cardiopatia isquêmica por maior demanda de oxigênio: Ex.: hipertrofia do miocárdio esquerdo na cardiopatia por hipertensão arterial sistêmica Defeitos da valva aórtica Aumento da taxa metabólica: hipertiroidismo Cardiopatia isquêmica por diminuição do transporte de oxigênio: Ex.: anemia crônica grave, cardiopatia congênita cianótica, intoxicação por monóxido de carbono, etc. Cardiopatia isquêmica: DAC Síndromes clínicas: Doença coronariana estável: Angina estável Síndromes coronarianas agudas Sem supra de ST: Angina instável e IAM Com supre de ST: IAM Cardiopatia isquêmica crônicacom IC Morte súbita cardíaca DAC: síndromes coronarianas agudas Quadro clínico: Dor torácica Arritmias cardíacas Insuficiência cardíaca aguda Choque circulatório (cardiogênico ou restritivo por tamponamento) Morte súbita IM silencioso e equivalente isquêmico. ECG: Agudo - normal, alterações dinâmicas da repolarização ventricular, ondas de isquemia, onda de lesão (supra de ST). Antigo – zona inativa (cicatriz) Enzimas cardíacas: mioglobina, troponinas, CPK, CK-MB, DHL. DAC: síndromes coronarianas agudas Patogenia: Estreitamento aterosclerótico progressivo e crônico: obstrução fixa (placa estável) – angina estável. Obstrução fixa grave – cardiopatia isquêmica crônica/angina instável. Alteração aguda da placa: ruptura e hemorragia com trombose sobreposta e vasoespasmo; trombo com obstrução variável/êmbolos(?) – angina instável/IAMSSST(subendocárdico)/morte súbita. Trombo oclusivo – IAMCSST (transmural)/morte súbita. Representação esquemática da progressão sequencial das lesões na artéria coronária e sua associação com as síndromes coronarianas. Infarto do Miocárdio: Patogenia Eventos patogênicos: Alteração súbita da morfologia da placa: hemorragia, erosão, ulceração,ruptura ou fissura. Exposição do colágeno subendotelial: adesão, agregação e ativação plaquetária – formação do trombo. Vasoespasmo. Ativação da cascata de coagulação – progressão do trombo. Oclusão do vaso. Infarto do Miocárdio: Patogenia Oclusão arterial coronariana: trombo sobre placa. Infarto do Miocárdio: Patogenia DA (40 – 50%): parede anterior do VE, próximo ao ápice; parte anterior do septo. CD (30 – 40%): parede inferoposterior do VE; parte posterior do septo; parede livre inferoposterior do VD (15 – 30%). Circunflexa (15 – 20%): parede lateral do VE. Infarto do VD puro: 1 – 3%. Distribuição da necrose isquêmica do miocárdio correlacionada com a localização e a natureza da perfusão reduzida. Infarto do Miocárdio: Morfologia Macroscopia: uso do tetrazólio para detecção de infartos recentes. Infarto do Miocárdio Morfologia Microscopia: IAM com 1 dia: necrose por coagulação e fibras onduladas. Edema e neutrófilos dispersos entre as fibras. 3 a 4 dias: denso exsudato inflamatório de PMN neutrófilos. Perda de núcleos e das estriações. 7 a 10 dias: remoção dos miócitos necrosados por fagocitose. 1 a 2 semanas: formação do tecido de granulação (reparo) caracterizada pela proliferação capilar e deposição de colágeno frouxo. Final da sexta semana: substituição das fibras cardíacas necrosadas por cicatriz densa – algumas células cardíacas residuais de permeio. Consequências e complicações do IM Disfunção contrátil – IC/choque cardiogênico. Arritmias: bradicardia sinusal, BAV, bloqueios intraventriculares, extrassístoles ventriculares, TV e FV. Ruptura do miocárdio: parede livre (hemopericárdio e tamponamento) – 3 a 7 dias pós IAM. Septo interventricular (shunt DE) e músculo papilar (regurgitação mitral). Pericardite (SD. de Dressler): 2 – 3 dias pós IAM. Consequências e complicações do IM Comprometimento do VD. Trombo mural. Aneurisma ventricular: disfunção do músculo papilar. IC progressiva: cicatrização, remodelamento ventricular, hipertrofia/dilatação do músculo viável.
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