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i ESCOLA SUPERIOR POLITÉCNICA DO NAMIBE DEPARTAMENTO DE CONTABILIDADE E GESTÃO Trabalho de Licenciatura em Contabilidade e Gestão Acções para impulsionar o turismo das águas termais na zona turística da Montipa, um Estudo de Mercado. Apresentado por: Hizildo João Moisés Nº de Registo ________________ Moçâmedes, 2018 Aos meus pais Kokalungo Tchivala Moisés e Maria C. Bartolomeu, Por acreditarem em mim. ii AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus todo-poderoso por ser o percursor dessa longa caminhada. Neste longo percurso académico que chega ao fim com a exposição deste trabalho, não poderia deixar passar em alto os meus sentimentos de gratidão que tenho por todos aqueles que de alguma forma me ajudaram nesta caminhada. Os quais estarei eternamente grato. Aos meus pais Kokalungo Moisés Tchivala e Maria da Conceição Bartolomeu, que me permitiram chegar até aqui, sempre como quis e por onde quis. A eles devo tudo o que sou, e agradeço-lhes por me incutir o valor da responsabilidade e ensinado a lutar sempre por todos os meus objectivos e sonhos. Agradeço-lhes ainda a compreensão e por me incentivarem sempre a continuar e não desistir, nem que para isso tivesse que demorar mais tempo. Ao meu irmão Catalaio Moisés Tchivala, pela experiencia de vida que me serviu de motivação para continuar esta caminhada, por me ensinar que foco, fé e determinação são as chaves para um futuro risonho. À minha namorada Juliana Cristina Nankhali Mendes, pela força e incentivo nos momentos em que queria desistir. À minha orientadora Dra. Piedade José Vicente pela sua prontidão, ajuda e disponibilidade em lutar contra o tempo e todos os contratempos na realização do presente trabalho. Aos professores: Dra. Alícia Morffi e Dr. Agostinho Cachapa, pelos textos corrigidos e pela rigorosidade científica que me foi passada durante o período da minha formação até a data presente. À Escola Superior Politécnica do Namibe, ao corpo docente, Departamento de Contabilidade e Gestão e em especial aos caríssimos colegas. Aos irmãos, familiares e amigos pelo apoio moral e material para a realização deste trabalho. Minha eterna gratidão! iii ÍNDICE PÁGINA AGRADECIMENTOS ........................................................................................................................... ii RESUMO ............................................................................................................................................... iv INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 1 CAPÍTULO I. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................................. 4 1.1 TURISMO............................................................................................................................... 4 1.1.1 Evolução Global do Turismo .......................................................................................... 5 1.1.2 Novas Tendências da Oferta e Procura Turística ............................................................ 7 1.1.3. Impacto Socioeconómico do Turismo .............................................................................. 10 1.1.3.1 Acções para impulsionar o impacto socioeconómico do turismo .................................... 10 1.2 TURISMO DAS ÁGUAS TERMAIS .................................................................................. 13 1.2.1. Águas Termais ................................................................................................................... 13 1.3 PLANEAMENTO DA ACTIVIDADE TURÍSTICA .......................................................... 15 1.3.1 Stakeholders Do Turismo..................................................................................................... 17 1.3.2. Análise PEST ................................................................................................................ 18 1.3.2.1. Análise PEST da Realidade Turística De Angola. .................................................... 19 1.3.2. Análise Swot ................................................................................................................. 20 CAPÍTULO II. ESTUDO DE CASO: CENTRO TURÍSTICO DA MONTIPA. ................................. 22 2.1 ANÁLISE PEST DO MUNICÍPIO DA BIBALA .................................................................... 22 2.1.1. Domínio Político-Administrativo ...................................................................................... 22 2.1.2. Domínio Económico ........................................................................................................... 23 2.1.3. Domínio Social ................................................................................................................... 23 2.1.4. Domínio Tecnológico ......................................................................................................... 23 2.2. METODOLOGIA ..................................................................................................................... 24 2.3. APROVEITAMENTO DAS ÁGUAS TERMAIS DA MONTIPA. ......................................... 26 2.4. ANÁLISE DE PONTOS FORTES E FRACOS ....................................................................... 28 2.5. PROPOSTA DE ACÇÕES QUE VISAM MELHORAR O APROVEITAMENTO TURÍSTICO DAS ÁGUAS TERMAIS DO CENTRO TURÍSTICO DA MONTIPA. ................... 29 CONCLUSÃO ...................................................................................................................................... 31 RECOMENDAÇÕES ........................................................................................................................... 32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................................................. 34 iv RESUMO O presente trabalho tem a temática que vai ao encontro de uma realidade concreta, sendo que o mesmo consiste avaliar acções que impulsione o turismo das águas termais da zona turística da Montipa. Dedicou-se na abordagem de questões como, proposta de acções que pode potencializar o crescimento turístico da zona turística da Montipa e com referência indispensável do turismo termal. De forma a se perceber com exactidão traçou-se como objectivo geral a fundamentação das principais acções, que impulsionem o turismo das águas termais na zona turística da Montipa. Desta forma, em função da questão levantada foi possível perceber de forma clara sobre a realidade do local por intermédio da análise social e económica. O uso da pesquisa bibliográfica, e a recolha de dados por meio da observação direita e não participativa complementada, permitiu na delimitação dos pontos fortes e fracos, dando lugar para a elaboração das acções como o melhoramento das infra-estruturas, o reforço do Marketing local, a criação de atractivos turísticos bem como o incentivo de investimento público e privado, dentre outras acções que visam impulsionar a actividade turística das águas termais na zona turística da Montipa. Palavras-Chave: Turismo; Águas Termais; Planeamento da Actividade Turística. 1 INTRODUÇÃO No âmbito de se propor acções para impulsionar o turismo das águas termais da zona turística da Montipa, fazendo referência sobre as suas potencialidades, o estudo torna-se indispensável visto que o turismo desempenha um papel importante para o crescimento económico de um país. Cunha (2006), corroborado por Costa (2008), afirma que o turismo é uma actividade com características próprias que a diferenciam das demais. As especificidades do produto turístico traduzem-se peloseu elevado grau de intangibilidade, simultaneidade da produção e consumo, perecibilidade, endogeneidade, heterogeneidade e carácter singular. O turismo tem sido um dos temas mais abordado nos últimos anos em Angola, nos mais diversos círculos de interesse (radio, jornais, colóquios, debates, etc.) logo, tem ganhando relevância, desde que surgiu a queda do preço do petróleo nos mercados internacionais, o que permitiu na criação de políticas e programas governamentais, no sentido de se diversificar a economia nos outros sectores para além do petróleo e gás. E um deles tem sido o sector do turismo elegível para alavancar a economia nacional. A província do Namibe, apresenta potencialidades voltadas ao turismo, e que por sua vez, pode responder ao aproveitamento das potencialidades. O município da Bibala de forma particular é uma zona rica em manifestações naturais e culturais que podem vir a se converter numa das preferências obrigatória para o turismo local, nacional e estrangeiro. Neste município pertence o centro turístico das águas termais da Montipa que é uma zona rica em biodiversidade. Partindo dos pressupostos acima descritos, a motivação para realizar este trabalho com o Tema: Acções para Impulsionar o Turismo das Águas Termais na Zona Turística da Montipa, que visa dar resposta ao seguinte problema de investigação: Que acções podem impulsionar o turismo das águas termais na zona turística da Montipa? Desta questão, definiu-se como hipóteses: A construção de uma infra-estrutura capaz de responder com as especificações do local visando a promoção do turismo; a implementação de acções de marketing no mercados local e o estabelecimento de uma legislação específica para o turismo, que trate sobre o ordenamento urbano, de uso e ocupação do solo e estabeleça limites sobre o uso de áreas naturais, podem constituir possíveis acções para incentivar o turismo das águas termais da Montipa. 2 Assim derivam-se os sistemas de objectivos, sendo o objectivo geral: Fundamentar as principais acções, que impulsionem o turismo das águas termais na zona turística da Montipa. Objectivos Específicos. Fundamentar as principais teorias que avaliam a importância do tema; Caracterizar o município da Bibala no sentido de recolher dados que facilitem na elaboração das acções que impulsionem o turismo das águas termais da zona turística da Montipa . Propor acções que impulsionem o turismo das águas termais na zona turística da Montipa. Tem como objecto de investigação a zona turístico da Montipa município da Bibala. Para completar os objectivos e verificar a hipótese formulada, foi feita uma pesquisa bibliográfica e documental, por se tratar de um estudo de caso focado no centro turístico da Montipa, na parte empírica a recolha de dados é feita pela observação simples e não participativa, com fim de se determinar as principais acções para impulsionar a actividade turística na comunidade seleccionada para o estudo. Este trabalho divide-se em dois capítulos, no Capítulo I foi feita a fundamentação teórica de todos os conceitos que serviram de base para a elaboração das possíveis acções para impulsionar o turismo das águas termais da zona turística da Montipa; o Capítulo II aborda a caracterização do município da Bibala no sentido de recolher dados que facilitem na elaboração das acções que impulsionem o turismo das águas termais da zona turística da Montipa. Por último, apresentam-se a proposta das acções que impulsionam o turismo das águas termais na zona turística da Montipa, as conclusões finais e referências bibliográficas. Justificação da Investigação Angola é um país com um potencial turístico imensurável em todo o mundo o turismo é um sector da economia que se devidamente explorado, pode gerar postos de trabalhos e assumir uma participação na renda nacional. Observa-se na literatura diversidade de temas relacionados com o turismo de águas termais, contudo, no contexto da ESPtN, nomeadamente para o Curso de Contabilidade e Gestão, este é um trabalho relativamente novo. Assim, esta pesquisa, justifica-se pelo facto de que turismo não é apenas praia, sol, hotéis, etc. As potencialidades turísticas que o país tem, e de forma particular a província do Namibe, constituem garantias para as regiões locais e ou regionais darem resposta aos desafios de diversificação da economia nacional. De certa forma escrever este tema, tornou-se num desafio, pois que permite participar e divulgar acções de desenvolvimento fundamentado na 3 sustentabilidade que podem atrair o turismo na zona em estudo, tendo em atenção os desafios sociais, ambientais e de certa forma os económicos que ainda persistem por todo o País. 4 CAPÍTULO I. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA A demarcação teórica aqui apresentada visa fundamentar de forma sumária um conjunto de conceitos simples e claros que permitiram a compressão com maior profundidade sobre turismo das águas termais, isto é, conceitos sobre o turismo, turismo das águas termais, planeamento da actividade turística e sem esquecer-se de fazer referência do estudo de mercado que serviu como suporte, baseado no estudo descritivo e consolidado numa análise prática, sustentadas em dados reais que foram levantados no município da Bibala, relativamente a atractividade turística das águas termais da Montipa. Todos os conceitos desenvolvidos neste capítulo são gerais para sua aplicação em qualquer sector, o que significa que eles não são específicos e podem ser contextualizado com a questão das acções que impulsionem o turismo das águas termais na zona turística da Montipa, município da Bibala província do Namibe. Do referido, os conceitos a seguir encontram-se em função deste objectivo para servir como base do estudo prático do presente trabalho. 1.1 TURISMO O Turismo é hoje uma das actividades económicas e sociais mais relevantes no contexto mundial, europeu e, particularmente, nacional. Cunha (2003), salienta que a sua contribuição para a criação de riqueza e melhoria do bem-estar dos cidadãos faz-se sentir em múltiplos aspectos, penetrando e integrando domínios tão diversos da sociedade, agrupando por afinidades os motivos que levam as pessoas a viajar. O que de certa forma, se pode identificar uma variedade de tipos de turismo. Ainda Cunha (2006) corroborado por Costa (2008), afirma que o turismo é uma actividade com características próprias que à diferenciam das demais. As especificidades do produto turístico traduzem-se pelo seu elevado grau de intangibilidade, simultaneidade da produção e consumo, perecibilidade, endogeneidade, heterogeneidade e carácter singular. O Turismo deve ser, assim, identificado como um sistema, isto é, como um conjunto de elementos que estabelecem conexões interdependentes entre si de carácter funcional e espacial”, “este conjunto é constituído por agregados ou subsistemas que, por sua vez, se decompõem em vários elementos interdependentes e que formam as estruturas internas do sistema, Costa (idem). 5 Sempre que se fala em turismo, é associado o termo viagem, ao deslocamento humano de um local (cidade, país ou região) á outra. A viagem é, sem dúvida, a forma mais concreta de manifestação do turismo. Mas o turismo é muito mais que isso é um campo de actividade profissional que exige pessoas preparadas para criar e gerenciar esses serviços, é também um factor de desenvolvimento económico. Entre as muitas abordagens ao conceito turismo, a mais vulgar é a associação do turismo a um conjunto de actividades económicas, organizadas entre si, que disponibilizam uma rede complexa de produtos e serviços e envolvem um grande número de actores económicos, sociais e culturais com implicações várias no quotidiano das pessoas e das sociedades. (Paixão, 2007) De acordo com o estudo da Sae (2010, p. 9), o conjunto de indústrias e serviços de âmbitocultural, paisagístico, ambiental, de animação, de comércio, de promoção, de estudos, infras- estruturas, etc., levam à identificação do Turismo como “uma verdadeira constelação de múltiplas planta formas de serviços articuladas entre si” Citando a OMT1 (1995) , Turismo pode ser definido como “O conjunto das actividades desenvolvidas por pessoas durante as viagens e estadas em locais fora do seu ambiente habitual por um período consecutivo que não ultrapasse um ano, por motivos de lazer, de negócios e outros” (p.21). Existem muitos tipos de turismo tais com: turismo rural, turismo de eventos, turismo de negócios, turismo de lazer, turismo cultural, turismo religioso, turismo de saúde, turismo de aventura, turismo ecológico, turismo balneário, turismo de montanha, turismo termal. OMT (1995). 1.1.1 Evolução Global do Turismo O Turismo é uma das actividades, se não a única, que tem crescido ao longo dos últimos 60 anos, traduzindo-se num dos fenómenos económicos e sociais mais notáveis do século XX, bem como, num dos principias agentes do comércio internacional (OMT, 2012) De acordo com a OMT (2012) os proveitos de exportação gerados pelo turismo internacional ocupam a quarta posição depois dos combustíveis, dos produtos químicos e da indústria automóvel; todavia, em muitos países em desenvolvimento, o turismo assume já um papel preponderante como gerador de riqueza, emprego e motor para o desenvolvimento. 1 OMT-Organização Mundial do Turismo. 6 Ainda segundo a OMT (2012), o turismo contribui cerca de 5% para o produto interno bruto mundial (PIB). Já a sua contribuição para o emprego tende a ser ligeiramente maior, na ordem dos 6 a 7% do número total de postos de trabalho no mundo (directos e indirectos), apesar de distúrbios ocasionais, as chegadas de turistas internacionais têm mostrado um crescimento quase ininterrupto de 25 milhões em 1950 para 277 milhões em 1980, 435 milhões em 1990, 674 milhões em 2000, 940 milhões em 2010 e 983 milhões em 2011. Estes números não têm em conta o Turismo Interno/Doméstico2 que o seu somatório gera dez vezes mais chegadas que o Turismo Internacional3, o que permite afirmar com convicção que se está perante uma actividade de extrema relevância. Recentemente a OMT (2012) apresentou as previsões do Turismo 2030. O novo estudo dá continuidade ao anterior Tourism 2020 Vision, que se tornou uma referência mundial para as previsões internacionais do Turismo. As principais previsões são quantitativas e dizem respeito às chegadas de turistas internacionais, para um período de 20 anos (2010-2020-2030), considerando os mesmos factores sociais, políticos, económicos, ambientais e tecnológicos que têm moldado o Turismo no passado e continuarão a fazê-lo futuro. (OMT, idem) De acordo com o estudo (figura 1) o número de chegadas internacionais deverá aumentar uma média de 3,3% ao ano durante o período de 2010 a 2030. Ao longo do tempo, a taxa de crescimento vai diminuir gradualmente, de 3,8% em 2011 para 2,5% em 2030. São previstos 43 milhões de chegadas internacionais por ano, comparativamente a uma média de crescimento de 28 milhões por ano durante o período de 1995 a 2010. Este ritmo permite falar em mais de mil milhão de chegadas em 2012, e que seja atingido o valor de 1,8 mil milhões em 2030 (OMT, 2012). 2Turismo Doméstico ou Interno: “Deslocações dos residentes de um país, quer tenham ou não a nacionalidade desse país, unicamente no interior do próprio país” (Cunha, 2003, p.35). 3Turismo Internacional: “Deslocação que obrigam a atravessar uma fronteira” (Cunha, 2003, p.36). 7 Figura 1. Turismo: Panorama 2020/2030 Fonte: OMT, (2012) Tendo em conta o exposto, os dados revelam que o turismo evoluiu muito e representa grande relevância no crescimento e desenvolvimento de um país em termos de diversificação, criando empregos direitos e indirectos pelo facto de os proveitos de exportação gerados pelo turismo internacional ocupam a quarta posição depois dos combustíveis, dos produtos químicos e da indústria automóvel; todavia, em muitos países em desenvolvimento, o turismo assume já um papel preponderante como gerador de riqueza, emprego e motor para o desenvolvimento. 1.1.2 Novas Tendências da Oferta e Procura Turística A nova era do turismo é a afirmação da democratização, planetarização e diversificação da actividade turística (Cunha, 2006). Se antes o lazer ou as férias ou até mesmo o trabalho surgiam como definições consensuais e compactas na sua definição, hoje estão altamente desactualizadas e não abrange as inúmeras razões que explicam o porquê de viajar Vasconcelos e Sá (2010). Trata-se de uma época de novas tendências4. Entre os muitos factores de transformação e de influência na criação de um novo modelo de desenvolvimento turístico destaca-se: o lado da procura e da oferta turística. Lado da Procura A procura turística, do ponto de vista económico, significa para Cunha (2003, p. 131), “diversas quantidades de bens e serviços que os visitantes, residentes e não residentes, adquirem num dado momento”. Existe uma enorme variedade de motivos que levam as pessoas a viajar, estimulados por novos modos de vida e por novas realidades da época em que se vive. 4Por Tendência compreende-se uma” força que imprime determinado movimento ou orientação; inclinação; propensão; predisposição; vocação; impulso latente da actividade que orienta esta para direcções que uma vez alcançadas, propiciam normalmente o prazer” (Dicionário de Língua Portuguesa, 2006, p.1532) 8 Desta forma, é possível identificar segundo vários autores (Prat, 1998); (OMT, 1999); (Moutinho, 2000); (Centron, 2001); (Willmott, 2001); (Cunha, 2006); (Coelho, 2010); (Lopes, et. al., 2010) ; (Carballo, 2011) três desafios nos quais se agrupam diferentes tendências do lado da Procura como apresenta a (Quadro 1). Quadro 1. Tendências do lado da oferta turística Fonte: Coelho, (2010). Lado da oferta Segundo Cunha (2003, p.175), a oferta turística pode ser definida como sendo “o conjunto de todas as facilidades, bens e serviços adquiridos ou utilizados pelos visitantes bem como todos aqueles que foram criados com o fim de satisfazer as suas necessidades”. Incluem-se igualmente todos os bens e serviços que sendo criados para os residentes, são igualmente adquiridos pelos visitantes e todos os elementos naturais e/ou culturais que estão por detrás das suas deslocações (promoção e marketing associados). Segundo vários autores (Prat, 1998); (Moutinho, 2000); (Centron, 2001); (Cunha, 2006); (Lopes, et. al., 2010); (Vasconcelos e Sá, Olão et. al., 2010), é possível apontar várias tendências do lado da Oferta, sendo importante destacar: Emergência de Novos Mercados e Segmentos de Mercado: um grande desafio da oferta é a capacidade de acompanhar as mudanças da procura e responder adequadamente às necessidades dos consumidores. Hoje não há um único mercado no turismo, mas sim vários, tantos quanto segmentos e motivações, isto é, se antes a atenção estava orientada para o produto que se destinava a vender, hoje está centrada nos consumidores e em encontrar produtos certos para os mesmos e não o contrário (Moutinho, 2000). 9 Novos Modelos Empresariais: o futuro aponta, por um lado, para o aumento da dimensão das empresas através da sua integração vertical e concentração horizontal e para uma concentração da oferta, através de fusões e aquisições, com vista a criar sinergias e economias de escala que melhorem a eficácia das organizações (Lopes, et. al., 2010); por outro lado, para a emergência de empresas de pequena dimensão com elevado padrão de serviços em nichos de mercado5 (Centron, 2001). Imagem,Marca e Comunicação: outra importante tendência é a crescente importância da marca e gestão da mesma, do conhecimento e relacionamento com os clientes e da capacidade de comunicação e inovação enquanto fontes de valor e competitividade das empresas/destinos. Desta forma, os autores Lopes, et. al. (2010, p.49) assumem que a luta pelos clientes- turistas será cada vez menos uma questão de preço e mais uma questão de “mentes e corações”. É necessário comunicar eficazmente, no momento certo, ao consumidor certo. A qualidade das experiências, o valor emocional e a reputação da marca, constituirão um verdadeiro compromisso com o qual o turista se identificará. Diferenciação: a consciência de que a informação é cada vez mais volátil e as tendências e as modas mais internacionais, leva a uma maior uniformização de costumes e padrões de consumo, tornando difícil distinguir produtores e aumentando a importância dos detalhes e da qualidade (Centron, 2001). O serviço vem deste modo substituir a localização, aos hotéis já não chega serem acessíveis, é necessário que sejam os próprios destinos e se diferenciem dos demais, quer seja pela cozinha, pelo atendimento ou pelas infras-estruturas. Mais do que nunca a diferenciação, característica do turismo, precisa de ser valorizada e estimulada, pois os destinos/organizações que mantiverem e cultivarem a diferenciação cultural reforçarão o seu lugar no mercado turístico. (Cunha, 2006). O que em suma , em termos de tendência da oferta turística, pode ser resumida no quadro a seguir: 5Turismos de Nichos: vulgarmente associados à ecologia, podem ser interpretados segundo uma “lógica de sustentabilidade territorial, de motivações e escolhas turísticas alternativas, mais intimistas e genuínas” (Simões & Ferreira, 2009, p.7). 10 Quadro 2. Tendências da oferta turística Fonte: Adaptado pelo autor baseado em Cunha, (2006). 1.1.3. Impacto Socioeconómico do Turismo É evidente de que o turismo deve ser utilizado como uma estratégia complementar de reforço ao desenvolvimento do país, na procura da resolução do máximo de alguns dos problemas que ainda afectam Angola e, não como um fim em si mesmo, como acontece com tantas economias em todo o mundo. Siedenberg (2004), salienta que de facto, o turismo deverá desempenhar um papel importantíssimo, já que os factores essencialmente económicos não serão determinantes sobre os outros factores como acontece com os factores sociais e ambientais por exemplo. Para Weschenfelder (2005), tendo em atenção os desafios sociais, ambientais e de certa forma económicos que ainda persistem em Angola, propostas de desenvolvimento, fundamentado na sustentabilidade, desafiam a sociedade moderna na reconstrução do mundo. É assim que Petrocchi (2007), afirma que o adequado planeamento do que se pretende para o turismo, ou por outras palavras, a visão do futuro próximo ou distante, será determinante para uma melhor realização das tarefas e garante dos objectivos, tanto por parte das pessoas como por parte das organizações. Desta forma, foi resumida de forma sintética algumas acções básicas que deverão ser implementadas e que se baseiam na junção de vários níveis de sustentabilidade. 1.1.3.1 Acções para impulsionar o impacto socioeconómico do turismo A enorme competitividade dos mercados turísticos exige que se marque a diferença pela qualidade dos serviços prestados, o que exige profissionais especializados e qualificados, uma vez que os mesmos constituem o principal elemento deste processo, é assim que, Petrocchi (2007), afirma que a inevitável aposta na procura por um turismo de qualidade, pressupõe o envolvimento tanto das entidades públicas como das privadas, em primeira instância das privadas porque serão elas a disponibilizar aos turistas os serviços que estes procuram, e é Emergência de novos mercados e novos segmentos de mercado Sazonalidade Novos modelos empresariais Tempo e rapidez Novos meios de alojamento Internet como vantagem competitiva Imagem, marca e comunicação Diferenciação Políticas do sector público 11 fundamental, que se consiga consciencializar os privados de que com melhores serviços e com pessoal formado esse é “meio caminho” para o êxito. Ignarra (2003), afirma que: hoje em dia, em que o mercado é global, a diferença passa por pequenos detalhes como o atendimento ou a qualidade dos serviços, especialmente numa actividade que é «intensiva de mão-de-obra, podendo contribuir para o grande problema da sociedade moderna, que é o desemprego estrutural. (p. 78) Como já se referiu, é necessário apostar num modelo de turismo sustentável, entendido como aquele que compatibiliza o desenvolvimento do turismo com o respeito e a preservação dos recursos naturais, culturais e sociais e que também favorece a redução das tensões entre o turismo, os visitantes, as comunidades anfitriãs e o ambiente, ou seja, exista um equilíbrio entre todos os intervenientes. Neste contexto do desenvolvimento sustentável que Poon (1993), defende a aplicação de acções que sejam duráveis, sendo economicamente viáveis a longo prazo, planificado e bem gerido, que assente na não massificação e num impacto fraco e respeitem o meio nomeadamente em termos de capacidade de carga dos espaços naturais e culturais, minimizando os efeitos permanentes; estejam devidamente integrado e interagindo com a totalidade do território, esteja adaptado à personalidade do sitio e se envolva o tecido empresarial local e permitam a efectiva participação das populações locais. É na mesma vertente em que Wearing e Neil (2001), propõe a implementação de acções baseada nos princípios básicos do Ecoturismo que integra três objectivos principais: sustentabilidade, conservação e fortalecimento da comunidade receptora, estes objectivos quando devidamente colocados em prática podem ter vários efeitos positivos na economia: O ecoturismo6 estimula a compreensão dos impactos do turismo sobre o meio natural, cultural e humano; O ecoturismo assegura uma distribuição justa dos benefícios e custos; O ecoturismo cria emprego local, tanto directamente no turismo, como em diversos outros sectores da economia; O ecoturismo estimula as indústrias locais rentáveis como acontece com hotéis e outras instalações de alojamento, restaurantes e outros serviços de alimentação, sistemas de transporte, produção de artesanato e serviços de guia; O ecoturismo cria divisas estrangeiras para o país e injecta capital na economia local; 6 Ecoturismo ou turismo da natureza é um segmento de actividade turística que utiliza de forma sustentável o patrimonio natural e cultural. (EMBRATUR 1994). 12 O ecoturismo diversifica a economia local, particularmente nas áreas rurais, onde o emprego agrícola pode ser mais esporádico ou insuficiente; O ecoturismo procura a tomada de decisões em todos os segmentos da sociedade, inclusive nas populações locais, de modo que o turismo e outros usuários dos recursos possam coexistir; O ecoturismo exige o planeamento e o ordenamento do território, contribuindo para um desenvolvimento turístico mais adequado à capacidade de sustentação do ecossistema; O ecoturismo estimula a melhoria do transporte, da comunicação e de outros elementos da infra-estrutura comunitária local e o ecoturismo cria instalações recreativas que podem ser usadas pelas comunidades locais, pelos visitantes domésticos e internacionais. De forma geral as acções que impulsionam o impacto socioeconómico do turismo resumem-se no seguinte: Quadro 3. Acções que impulsionam o impacto socioeconómico do turismo Dimensão sustentável Acções Objectivos Económica Fluxo permanente de investimentos públicose privados; Maior eficiência na utilização dos recursos; Criação de micro empresas e reorganização do tecido empresarial; Melhorar as infras- estruturas; Endogeneização: contar com suas próprias forças. Aumento da produção e da riqueza social, sem dependência externa. Ecológica Produção com respeito no ecossistema; Prudência no uso dos recursos naturais; Tecnologias e processos produtivos de baixo índice de resíduos; Melhorar a qualidade do ambiente da qual dependem tanto a comunidade local como o visitante (realização de investimentos em infras- estruturas de saneamento, tratamento do lixo e criação de parques. Melhoria da qualidade do meio ambiente e preservação das fontes de recursos. Cultural Soluções adequadas a cada ecossistema; Compatibilidade do turismo com a cultura e as tradições; Respeito pela formação cultural comunitária. Evitar conflitos culturais Fonte: Adaptado de Sarmento (2008). 13 1.2 TURISMO DAS ÁGUAS TERMAIS Torna-se necessário que se debruce das águas termais e seus benefícios antes mesmo de se entrar na questão sobre o turismo das águas termais, no sentido de se ter uma visão ampla e concisa do assunto em estudo. 1.2.1. Águas Termais Segundo Teixeira (1990), é denominado águas termais as águas mineral que vêm do solo com mais de 5°C que a temperatura superficial. Estas águas vêm de camadas subterrâneas da terra de alta temperatura, as quais são ricas em diferentes componentes minerais e é utilizada para terapias como: banho, consumo, irrigações, e aquecimento. Benefícios Do Uso Das Águas Termais Hidroterapia Segundo o Ministério da Saude de Brasil (2008), afirma a utilização terapêutica da água para uso externo, sob formas e temperaturas variáveis. As águas podem ser empregadas aproveitando a termalidade (banhos) e a ação hidromecânica (duchas, hidromassagens, entre outras). Um exemplo muito comum de hidroterapia é o Termalismo. Termalismo Compreende as diferentes maneiras de utilização da água mineral e sua aplicação em tratamento de saúde. Refere-se a banhos quentes e é usado de maneira genérica para designar o emprego das águas minero–medicinais com finalidades terapêuticas. Ministério da Saude de Brasil (idem). De acordo com o Ministério do turismo de Brasil (2010), o uso das águas termais apresentam grandes benefícios para a saúde humana e não só. Dentre elas as que mais se destacam são: Melhora a circulação sanguínea Mergulhar o corpo em água quente é uma espécie de exercício para os vasos sanguíneos. Isto é porque a água cria uma pressão física no corpo e assim aumenta a capacidade do nosso coração distribuir oxigénio em todo o corpo. Em outras palavras, quando estamos dentro da água, o coração trabalha mais rápido e mais forte, alguns mergulhos por semana é um excelente exercício para o coração. Ajuda a adormecer 14 A água quente relaxa o corpo e prepara-nos para adormecer. Quando um corpo tenso entra em um banho quente, a água aumenta a temperatura do corpo e relaxa os músculos, isto durante 20 minutos. Reduz a Pressão Arterial A imersão em água quente pode baixar a pressão arterial. Este é um óptimo sistema para doenças cardíacas que necessitam de um cuidado com os picos da pressão arterial. Ajuda na redução de gordura corporal O mergulho regular em águas quentes é capaz de reduzir os níveis de açúcar e de glicose no sangue, especialmente em pessoas com diabetes ou as que estão acima do peso. Assim, segundo o Ministério do Turismo de Brasil (2010), afirma que como ponto de partida é indispensável salientar que ao longo deste desenvolvimento o termo turismo das águas termais é compreendido como turismo da saúde, tal facto é corroborado na seguinte afirmação: os termos Turismo Hidrotermal, Turismo Hidromineral, Turismo Hidroterápico, Turismo Termal, Termalismo, Turismo de Bem-estar, Turismo de Águas [Negrito e itálico adicionado] e vários outros podem ser compreendidos como Turismo de Saúde. São muitas as práticas existentes que, quando incorporadas ao dia-à-dia, alteram os níveis de stress e induzem a adopção de uma postura positiva e produtiva, e dessa forma entende-se que “a saúde é um estado de completo desenvolvimento físico, mental e bem-estar social e não meramente a ausência de doença ou enfermidade (WHO, 1948) ”. Ou seja, corpo e a mente não funcionam separadamente; ambos estão interconectados. Embora o turismo das águas termais ou de saúde não seja um conceito novo, somente em 1972 foi feita a primeira tentativa de definição da tipologia, por iniciativa da então União Internacional dos Organismos Oficiais de Turismo (actual Organização Mundial de Turismo) definindo-o como sendo aquele que “implica a utilização de equipamentos sanitários que façam uso de recursos naturais, climáticos e termais em particular” (Cunha, 2006, p. 82). Paixão (2007), enfatiza que a definição acima excluía tudo que não fosse curativo e fosse exterior aos recursos naturais, apesar de considerar a importância dos “factores psicológicos”. Com o passar do tempo, devido às alterações do comportamento da sociedade, o turismo de saúde expandiu-se, tornando-se uma actividade geradora de receita para os hotéis, movida pela vontade de membros dessa sociedade de se manterem saudáveis e longevos. Para enfatizar a importância do entendimento dos conceitos, recorre-se a afirmação de Cunha (2006) que diz: 15 De tudo isto decorre que o turismo de saúde se estende a dois segmentos fundamentais: aqueles que se deslocam por razões primordialmente médicas e cuja motivação dominante é a cura ou recuperação e aqueles que o fazem por razões de prevenção, bem-estar ou recuperação de forma, (p. 82). Provavelmente os primeiros não rejeitam os cuidados com o bem-estar nem os segundos rejeitam o acto ou os cuidados médicos. Sendo assim, conclui-se que ser conhecedor de conceitos como o lado da procura, oferta e turismo das águas termais segundo os autores acima citados seria o primeiro passo na trajectória de um empreendedor que deseje actuar na área da saúde, pois suas responsabilidades são proporcionais às suas escolhas. Quando se fala em práticas termais, refere-se aqui a um conjunto de práticas que têm como agente terapêutico a água termal e que ocorrem no espaço de um estabelecimento balnear, usualmente designado por balneários, termas ou casa de banhos. Os locais onde existem esses estabelecimentos têm designações diferentes conforme o país e a época histórica. São utilizadas para essas localidades as seguintes designações: caldas, termas, estâncias termais, estâncias hidrominerais. Assim, turismo termal também designado de turismo de saúde e bem-estar7 ideia essa corroborada por Cunha (2006) corroborado por Paixão (2007). 1.3 PLANEAMENTO DA ACTIVIDADE TURÍSTICA Debruçar-se em turismo, como já referido, implica uma deslocação para fora da sua residência habitual. Deste modo, e de acordo com a OMT (1995), todos os locais onde se dirigem os visitantes são destinos, independentemente da duração da permanência podendo identificar-se: Destino Principal8, Destino e Distância máxima9 e Destino Motivante10. Na visão de Ignarra (2003), planeamento é um sistema cujas etapas relacionam de uma forma dinâmica. Essa perspectiva é particularmente importante para o caso do turismo, cujas práticas estão em acelerada transformação. E sobre o planeamento do turismo, a Organização Mundial do Turismo (2003) ressalta que ele deve objectivar o alcance de um caminho de desenvolvimento integrado, controlado e sustentável. A sua elaboração deve ser calcada num elenco de procedimentos sistemáticos, tais como a definição dos objectivos, o desenvolvimento de pesquisas, as análises dos dados, visando à implementação de cursos flexíveis de acção.7Bem-estar: constitui-se em actividades turísticas motivadas pela busca da promoção e manutenção da saúde realizada por meio de tratamentos acompanhados por equipas de profissionais de saúde especializados, que visam a diminuição dos níveis de estresse, além da aprendizagem e manutenção de uma vida saudável e equilibrada e até mesmo a prevenção de determinadas doenças. 8Destino Principal: onde o visitante permanece mais tempo (OMT 1995). 9Destino e Distância máxima: local ou país visitado mais longe da sua residência (OMT 1995). 10Destino Motivante - a principal razão da viagem (OMT 1995). 16 Ruschmann e Widmer (2006) destacam seis objectivos básicos do planeamento turístico: A criação de políticas e processos de implementação de equipamentos actividades e seus prazos; A disponibilização dos incentivos para estimular a implantação dos equipamentos e serviços turísticos; A maximização dos benefícios socioeconômicos e a minimização dos impactos negativos; A estruturação e capacitação dos serviços turísticos públicos; A regulamentação e cumprimento dos padrões exigidos; A promoção da sustentabilidade e da qualidade dos serviços prestados pelos diversos elos da cadeia turística. Para Beni (2004) o planeamento do turismo tem três etapas: O inventário, que objectiva além de identificar, descrever a região de estudo; O diagnóstico, que analisa os recursos, caracteriza a estrutura socioeconómica, a infraestrutura regional e traça o perfil da oferta e da demanda turística; e O prognóstico, que formula políticas, directrizes e programas de acção. Goeldner, Ritchie e McIntosh (2002) apontam que o envolvimento da comunidade no planeamento turístico necessita ter como meta a estruturação, com vistas a elevar o padrão de vida dos residentes locais, o fortalecimento da infra-estrutura e o desenvolvimento de instalações recreativas para moradores. É igualmente importante que a expansão das práticas turísticas respeite a cultura e a questão socioeconómica local. Em harmonia com essa perspectiva, Petrocchi (2004) comenta que o planeamento além de identificar nichos específicos para serem trabalhados com o objectivo de atender desejos e necessidades da demanda deve assegurar, primordialmente, a inclusão da população residente. Para Brusadin (2008) o sector turístico, se adequadamente planeado, pode oferecer a oportunidade de novos negócios, distribuindo renda, ajudando na preservação do meio ambiente e do património histórico, além de oferecer aos viajantes o lazer e entretenimento. Para Ignarra (2003, p.81): “o planeamento da actividade turística se mostra, portanto, como um poderoso instrumento de fomento ao desenvolvimento socioeconómico de uma comunidade”. 17 Com base nas afirmações dos autores acima, pode-se facilmente perceber que o aumento espontâneo ou planeado dos fluxos turísticos pode alavancar o crescimento em âmbito local e regional por meio das demandas turísticas hospedagem, alimentação e lazer. Mas sem organização e planeamento o turismo pode provocar a desestruturação da cultura local, descaracterização do ambiente natural, contaminação dos recursos hídricos, especulação imobiliária, deterioração da imagem do lugar e exclusão territorial de residentes, podendo causar danos irreversíveis além de agravar a situação social da população local. 1.3.1 Stakeholders Do Turismo A OMT (1998) reconhece quatro importantes stakeholders11 do turismo: o sector público, o sector privado, as Organizações não-governamentais (ONGs) e o próprio visitante. As ONG’s assumem a função de contestadora da consciência em matéria do meio ambiente, da cultura, do património histórico, etc.; e o visitante, como usuário último do sistema turístico, deve exigir e adoptar boas práticas (OMT, 1998). Mas é o sector público e privado que cabe as principais funções: Sector público: Estabelecer a política de desenvolvimento do turismo, preparar o plano turístico e monitorizar o desenvolvimento da actividade, garantindo o desenvolvimento de um Turismo Sustentável e a resposta ajustada a crises emergentes; Sector privado: Garantir o desenvolvimento sustentável do turismo através da adopção de práticas sustentáveis (utilizando produtos biodegradáveis; reciclar e reutilizar materiais e recursos; etc.). A OMT (1998) refere ainda a prática de associações para a promoção de fóruns de discussões, resolução de problemas em comum entre as empresas, fazer recomendações ao sector público. OMT (2007), salienta que se por um lado, cabe ao sector público uma estratégia holística e de longo-prazo, ao sector privado cabe agir rápida e tacticamente, evidenciando-se a importância de parcerias e sinergias para o desenvolvimento de um destino turístico. Deste modo Buhalis (2000), afirma que as estratégias da gestão turística devem ser avaliadas do ponto de vista da gestão do destino turístico (visão macro/sector público) e do ponto de vista da gestão das empresas da actividade que aí operam (visão micro/sector privado). Todavia, as estratégias têm de ser complementares, consistentes e alinhadas com alguns objectivos específicos, tais como: 11Stakeholders: aquele que detém aplicações financeiras (Dicionário tradutor de inglês para português). 18 a) Prosperidade de longo prazo para os residentes; b) Satisfação dos visitantes; c) Maximização da rentabilidade da oferta turística; d) Potencialização dos benefícios da macroeconomia através do efeito multiplicador; e) Optimização dos impactes do turismo, não necessariamente atrair mais visitantes; f) E garantir sustentabilidade nas suas três vertentes: ecológica, sociocultural e económica. 1.3.2. Análise PEST Uma ferramenta utilizada para a prospecção de cenários é a análise PEST. Segundo Castor (2000, p. 5) “O acrónimo12 PEST é utilizado para identificar quatro dimensões de análise ambiental de natureza qualitativa de fenómenos dificilmente quantificáveis: a Política, a Económica, a Social e a Tecnológica”. O mesmo afirma que essa ferramenta torna- se mais útil quando utilizada conjuntamente com outros instrumentos de análises, e a limitação quanto à quantidade de variáveis a ser investigadas tem uma razão de ser. Pois, quando há um excesso de informações, uma empresa pode ficar imobilizada, com receio de deixar uma variável importante de lado, perdendo o foco e deixando de agir tempestivamente. Contudo, mesmo sendo uma ferramenta de análise qualitativa, Castor (idem) afirma que a utilização de métodos quantitativos seja importante, onde são atribuídas probabilidades a cada uma das variáveis, e feitas avaliações sobre os impactos das mesmas sobre a capacidade da empresa de alcançar seus objectivos corporativos. Abaixo são conceituadas as variáveis ou forças envolvidas no contexto da análise PEST, através da observação dos conceitos desenvolvidos por Wright, Kroll e Parnell (2000), Bethlem (2002) e Machado e Moreira (2005): Variáveis político/legais: são determinadas pelas políticas governamentais e variações na legislação que provocam mudanças na estrutura e funcionamento e relações de negociação das organizações do país. Variáveis econômicas: são caracterizadas por impactar significativamente nos negócios a partir de mudanças ocorridas em caráter geral, podendo ser estas positivas ou negativas, estimuladoras ou desestimuladoras, entre elas, destaca-se a definição da taxa de juros e as políticas fiscal, monetária e cambial. 12 Palavra que se forma pela junção das primeiras letras ou das sílabas iniciais de um grupo de palavras de uma expressão. Dicionário de Português online (dicio.com.br 2018). 19 Variáveis sócio-culturais: neste contexto incluem-se tradições, valores, cultura, educação, e aspectos demográficos (cor, raça,religião, renda, origem, etc) referentes à sociedade que devem ser consideradas no processo de tomada de decisão nas organizações. Variáveis tecnológicas: são aquelas compreendidas no contexto dos avanços tecnológicos e que modificam absoluta ou relativamente a estrutura de mercado ou ambiente de determinada actividade econômica causando mudanças na gestão das empresas no que se refere ao gerenciamento de custos, qualidade de produtos e serviços, entre outros. 1.3.2.1. Análise PEST da Realidade Turística De Angola. Segundo Estevão e Ferreira (2015) a competitividade dos mercados é determinada pelas empresas, na medida em que só há competitividade se houver produtividade. O mercado turístico angolano encontra-se apetrechado de um património natural, cultural, histórico, um povo com características típicas de hospitalidade, clima tropical, fauna e flora diversificada e outros factores que representam uma mais-valia para fomentar o desenvolvimento do turismo, a curto médio e longo prazo. 20 Quadro 4. Análise PEST da Realidade Turística De Angola. POLÍTICA O regime político vigente em Angola é o presidencialismo, em que o Presidente da República é igualmente o chefe do Governo, com uma Assembleia que representa a soberania do povo e constituída pelos partidos políticos (MPLA; UNITA; CASA-CE; FNLA; PRS). E uma legislação de investimento flexível. ECONÓMICA Sistema financeiro: É constituído por aproximadamente 24 instituições bancarias públicas e privadas com representação nas 18 províncias, operando com sistemas modernos de pagamento como multibancos e cartões visa internacionais Hotéis: Oferecem cerca de 14 mil quartos, 18 mil camas, 185 hotéis, 88 resorts, 14 Apart-hotéis e outros meios de alojamento distribuídos pelas 18 províncias de Angola; Estradas: A rede viária tem 12 mil quilómetros de estradas asfaltadas lingando às 18 províncias e maior parte das sedes municipais; Polos turísticos: Polo do Futungo de Belas com atração principal, a Baia do Mussulo; polo de Kalandula com atração principal as quedas das águas de Kalandula; polo de Cabo Ledo com a principal atração, polo de Cabo Ledo. SOCIAL Angola é um país multicultural com etnias como Ovimbundos, Kimbundos, Bakongos e outras com línguas, vestuários, alimentação, danças, outros hábitos e costumes diferentes; Dança: O Semba, a kizomba, a Rebita, a Kabetula, o Zouk e o Kuduro são os ritmos e danças mais apreciadas nos festivais e festas populares; Artesanato: expressão dos hábitos e costume dos povos em artigos feitos em pedras, madeira, marfim, pinturas e olaria. A estatueta do pensador, símbolo da cultura angolana, as máscaras (Muana-pwó), instrumentos músicas como a marimba, o kissange, o ungo, o batuque e outros; TECNOLÓGICA Acessibilidade a novas tecnologias. Infras-estruturas tecnológicas e de comunicação avançadas como a disponibilização de Wi-Fi em locais públicos, que permitem ao turista ter uma experiencia mais confortável e com acesso mais rápido a informação. Melhoria na influência do canal online na tomada de decisão do cliente, como consultas de hotéis, vendas de passagens tanto de automóveis como de aviões automatizados e personalizados via online. Fonte: adaptado do plano de desenvolvimento do turismo (2002). 1.3.2. Análise Swot A origem segundo Fagundes (2010), modelo da "Matriz SWOT", surgiu na década de 1960, em discussões na escola de administração, que começaram a focar a compatibilização entre as 21 "Forças" e "Fraquezas" de uma organização, sua competência distintiva, e as "Oportunidades" e "Ameaças". Na concepção de Oliveira (2007) define a análise SWOT da seguinte forma: "1.Ponto forte é a diferenciação conseguida pela empresa – variável controlável – que lhe proporciona uma vantagem operacional no ambiente empresarial (onde estão os assuntos não controláveis pela empresa). 2. Ponto Fraco é a situação inadequada da empresa – variável controlável – que lhe proporciona uma desvantagem operacional no ambiente empresarial. 3. Oportunidade é a força ambiental incontrolável pela empresa, que pode favorecer sua acção estratégica, desde que conhecida e aproveitada, satisfatoriamente, enquanto perdura. 4.Ameaça é a força ambiental incontrolável pela empresa, que cria obstáculos à sua acção estratégica, mas que poderá ou não ser evitada, desde que reconhecida em tempo hábil." (p. 37) Luecke (2009, p. 23) reforça que “considerar os factores externos e internos é essencial porque eles esclarecem o mundo em que opera a empresa ou unidade, permitindo planejar melhor o futuro desejado”. Para Manager (2009), evitar as ameaças externas nem sempre é possível porém, pode-se fazer um planeamento de contingência para enfrentá-las, diminuindo seus efeitos. O autor deixa claro que sempre existirão ameaças externas, o que não pode ocorrer é deixar de considerá-las. Manter a análise Swot (FOFA) actualizada fará com que a empresa consiga antecipar-se a muitos benefícios que por ventura possam ocorrer Com base no que os autores definiram em relação a análise Swot pode-se perceber que nos dias de hoje não se pode deixar de realizar a avaliação e o comportamento das empresas diante do mercado competitivo que se encontram, é indispensável a utilização de ferramentas que dá o norte necessário para o sucesso organizacional. Perceber as características internas e externas do sistema que uma empresa se encontra se torna algo primordial para a tomada de decisões de gestores seja de pequenas e micro empresas ou até mesmo nas grandes corporações que habitam o planeta. A análise SWOT é uma dessas ferramentas que proporcionam ao gestor ou até mesmo o pequeno empresário de como está sua empresa perante seus concorrentes fazendo assim que conheça e estude o seu comportamento, (Oliveira, 2007). Sendo que a matriz Swot apresenta características flexíveis, facto este motivou o seu uso na parte prática, pois facilitou na identificação de pontos positivos e negativos da área em estudo. 22 CAPÍTULO II. ESTUDO DE CASO: CENTRO TURÍSTICO DA MONTIPA. 2.1 ANÁLISE PEST DO MUNICÍPIO DA BIBALA 2.1.1. Domínio Político-Administrativo Bibala é um dos municípios do Namibe, que de acordo com os dados obtidos pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), referente ao censo de 2014, O município tem 7 612 km² e cerca de 64.504 habitantes, é limitado a norte pelo município de Camucuio, a Este pelos municípios de Quilengues, Cacula, Lubango e Humpata, a Sul pelo município de Virei, e a Oeste pelo município de Moçâmedes. É constituído pelas comunas de Bibala-Sede, Caitou, Lola e Kapagombe. Dos quais destacam-se as seguintes zonas turísticas: Serra da Leba, Baia de Moçâmedes, Nossa Senhora do Monte (Cristo Rei), Porto Mineiro de Moçâmedes e o Aeroporto Weliwítschia Mirabilis dentre outros. Em termos legais, este município é representado por uma Administração municipal chefiada pelo administrador Tchinanga Nkole e seu vice Vitorino Sapalo, a mesma é constituída por repartições, das quais destaca-se as Repartições de Hotelaria e Turismo e a R.E.P (Repartição de Estudos e Planeamento), chefiadas pelos senhores António André dos Santos e Alfredo Silvestre Fio. Apesar de não haver uma legislação específica no município, em termos gerais existe algumas leis referente ao investimento privado baseados nos seguintes artigos: aprovação da Lei n.º 20/11, de 20 de maio – Lei do Investimento Privado (“LIP”), o setor da hotelaria e turismo foi mantido na listagem dos sectores de investimento considerados por lei, como prioritários. Destacam-se nesta listagem, a par do sector da hotelaria e turismo, os sectores da agricultura e pecuária, saúde e indústria, construção civil e infras-estruturas. Para além do referido diploma legal, a realização de investimentos privados nesse setor de actividade é também regulado pelaLei n.º 14/03, de 18 de julho – Do Fomento do Empresariado Angolano. Em conformidade com o Decreto Executivo Conjunto n.º 42/02, de 27 de setembro, a realização de projetos de investimento no setor do turismo está sujeita ao crivo do Instituto de Fomento Turístico de Angola (tutelado pelo Ministério da Hotelaria e Turismo), a quem compete de forma genérica, aprovar todos os projetos relacionados com zonas turísticas, tendo em vista o seu enquadramento no plano de ordenamento e no trabalho de fomento da hotelaria e turismo. 23 2.1.2. Domínio Económico A Bibala é um Município predominantemente Rural, estimando-se, e de acordo com os indicadores apurados nacionalmente e a análise aos dados disponíveis do INE, existe uma População Economicamente Activa (PEA) de 28.635 habitantes. Destes, 14.813 são mulheres. O sistema económico-produtivo do município da Bibala sustenta-se na agricultura familiar, assumida como actividade económica dominante, complementada com a criação de gado, no entanto, outros sectores assumem alguma importância na economia local, como é o caso do Comércio e dos Serviços Públicos. Neste segundo caso, entenda-se o âmbito da Função Pública como maior empregador no Município. Os transportes públicos são escassos, maioritariamente garantidos por serviços privados, estando identificadas 3 empresas privadas de transporte de passageiros: a Tucotuco, a Betacap e a ACP Comercial. Existem transportes que operam informalmente (moto-táxis e táxis colectivos) na circulação de mercadorias e passageiros. Está identificada no município a presença de vários recursos minerais. De entre outros, o mármore e o granito, assim como inertes de aplicação na construção, são frequentes. O clima da Bibala potencia o processo de composição de mármore (rocha metamórfica originada de calcário exposto a altas temperaturas e pressão). Encontram-se identificadas jazidas de granito, variedades brancas e negras, assim como de mármore nas variedades banco e preto. As águas minerais são também um recurso do Município. Destacam-se as águas de mesa da Mahita e as águas mineromedicinais das Termas da Montipa. 2.1.3. Domínio Social A formação profissional em curso no município é escassa, quanto à diversidade de oferta aos Jovens para melhorarem a sua formação para o exercício de uma profissão. Na comuna Sede, existe a Escola Técnico-Profissional da Mahita, onde são ministrados Cursos Médios de Alvenaria, Agronomia, Serralharia, Electricidade e Corte e Costura. 2.1.4. Domínio Tecnológico No domínio tecnológico é destacado o sector da comunicação predominante na região, na qual está representada pelas redes telefónicas Unitel e Movicel, que facilita a comunicação entre os munícipes e com exterior do município. Nota-se a falta de polos industriais para materializarem as potencialidades existentes. Infra-estruturas tecnológicas e de comunicação avançadas (por exemplo: disponibilização de Wi-Fi em locais públicos) que permitem ao turista ter uma 24 experiência mais confortável e com acesso mais rápido a informação relevante como transportes, locais de interesse ou restauração. 2.2. METODOLOGIA De origem grega, methodos se refere ao caminho ou via, com etapas e processos, a ser seguido para se atingir um determinado objectivo. Gil (2007, p. 26) apresenta o método como um “conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adoptados para se atingir o conhecimento.” Para Fonseca (2002), métodos significa organização, estudo sistemático, pesquisa, investigação; ou seja, metodologia é o estudo da organização, dos caminhos a serem percorridos, para se realizar uma pesquisa ou um estudo, ou para se fazer ciência. Etimologicamente, significa o estudo dos caminhos, dos instrumentos utilizados para fazer uma pesquisa científica. Pesquisa Documental A pesquisa documental, segundo Gil (2008), é muito semelhante à pesquisa bibliográfica A diferença essencial entre ambas está na natureza das fontes enquanto a bibliográfica se utiliza fundamentalmente das contribuições de diversos autores, a documental vale-se de materiais que não receberam, ainda, um tratamento analítico, podendo ser reelaboradas de acordo com os objectos da pesquisa. Segundo Lakatos e Marconi (2005), a pesquisa documental é a recolha de dados em fontes primárias, como documentos escritos ou não, pertencentes a arquivos públicos; arquivos particulares de instituições e domicílios, e fontes estatísticas. Para a realização do trabalho de investigação extraiu-se dados de alguns documentos existentes no Instituto Nacional de Estatística da Direcção do Namibe, referente ao censo de 2014, onde julgou-se conter dados que podem contribuir a melhorar os resultados do trabalho. Pesquisa Bibliográfica Para Lakatos e Marconi (2003), a pesquisa bibliográfica, considerada uma fonte de recolha de dados secundária, pode ser definida como: contribuições culturais ou científicas realizadas no passado sobre um determinado assunto, tema ou problema que possa ser estudado corroborados por, Cervo e Bervian (2002). 25 Para tal, foi realizada uma pesquisa bibliográfica com fins de recolher dados em publicações adequadas e direccionadas de autores que apresentaram temas de maior relevância e que coadunam com os objectivos deste trabalho. Em suma, Lakatos e Marconi (2003) declaram que todo trabalho científico, toda pesquisa, deve ter o apoio e o embasamento na pesquisa bibliográfica, para que não se desperdice tempo com um problema que já foi solucionado e possa chegar a conclusões inovadoras. Quanto a Técnica de recolha Lakatos e Marconi (2003): A observação é uma técnica de recolha de dados para conseguir informações e utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Não consiste apenas em ver e ouvir, mas também em examinar factos ou fenómenos que se desejam estudar. (p. 27) Segundo a participação do observador Lakatos e Marconi (2003, p.193) afirmam que na observação não participante, o pesquisador toma contacto com a realidade estudada, mas sem integrar-se a ela, presencia o facto, mas não participa dele, não se deixa envolver pelas situações e faz o papel de espectador. Isso, porém, não quer dizer que a observação não seja consciente, dirigida, ordenada para um fim determinado. Neste trabalho a observação não-participante com a ajuda dos sentidos sensoriais (visão e audição), no intento de levantar dados e informações sobre o lugar, de maneira a permitir a caracterização do local da pesquisa; A partir do material recolhido sobre o visual do centro turístico, infra-estruturas, saneamento básico, organização social e outros aspectos. Esse conjunto de informações facilitou a definição dos pontos positivos e negativos (forças, fraquezas e oportunidades), pontos estes que contou com o auxílio prestados pela análise Swot. Segundo o lugar onde se realizar Lakatos e Marconi (idem) fundamentam que normalmente, as observações são feitas no ambiente real, registrando-se os dados à medida que forem ocorrendo, espontaneamente, sem a devida preparação. A melhor ocasião para a recolha é o local onde o evento ocorre. Isto reduz as tendências selectivas e a deturpação na reevocação. 26 E quanto ao local foi feito um estudo de caso onde Yin (2001), afirma que: “A investigação de estudo de caso enfrenta uma situação tecnicamente única em que haverá muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados, e, como resultado, baseia-se em várias fontes de evidências, com os dados precisando convergir em um formato de triângulo, e, como outro resultado, beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposições teóricas para conduzir a recolha e a análise de dados” (p. 33-34). 2.3 TERMAIS DA MONTIPA As termas da Montipa situam-se na povoação da Montipa, localizada a norte do município da Bibala próximo a margem do Rio Peça, área é constituída por11 bairros e terá sido descoberta pelo caçador Tchimôngua, proveniente dos povos muimbas na área da Iona. Figura 2,3,4. Centro Turístico da Montipa. Fonte: Dados da observação A Capela Soful das águas térmicas da Montipa e a residência das águas térmicas foram construídas em 1955, por uma organização portuguesa e passaram ao controlo do Governo Angolano depois de 1975. Figura 5. Capela Soful Fonte: Dados da observação 2.3. APROVEITAMENTO DAS ÁGUAS TERMAIS DA MONTIPA. Quanto ao aproveitamento das águas termais da Montipa, baseou-se segundo dados compilados a partir de levantamento bibliográfico de estudos já feitos pelos estudantes do curso de Biologia 27 Marinha13, onde se apurou que a fonte de água termal da Montipa, apresenta condições muito favorável para a saúde das pessoas, é assim que para este trabalho tendo em consideração o resultado obtido por estes estudante, fez-se uma avaliação económica e social para o progresso e desenvolvimento do município no quadro da diversificação económica, proporcionando um impacto notável, desde o ponto de vista do turismo, agricultura/aquicultura, terapêutico e consumo humano. Possíveis Aproveitamento: saúde; Acção terapêutica: Água Sulfatada: Colites e problemas hepáticos. Água Bicabornatada: Gastrites e úlceras, hepatite e diabetes. Água cálcica: Raquitismo, osteoporose, bronquites e asmas. Termo terapia Contacto da pele com a água quente: Diminui a tonicidade muscular permitindo a realização de movimentos não tolerados habitualmente fora de água; Activa o metabolismo e provoca a vasodilatação; Aumenta o retorno venoso melhorando a circulação periférica; Estimula o sistema imunitário; Alivia inflamações articulares, Diminui sensação de dor. Todos estes parâmetros são essenciais para o seu uso na agricultura e também alimentação para o gado. Em relação, a sua temperatura, pode ser usado em estufas e para aquicultura e criadeiro de peixes. Depois de ser demostrado o resultado do aproveitamento das águas termais da Montipa, que permite na realização de diferentes actividades tais como; caminhadas ecológicas, acampamentos e camping´s perto ou longe da fonte das águas termais, prática de desportos aquáticos (hidroginástica) e vários actividades de lazer, o ponto que se segue, vai detalhar o enquadramento para o aproveitamento na vertente social e económica. 13Projecto realizado por estudantes do curso de biologia marinha, orientado pelo Professor Doutor Agostinho Cachapa com o tema: Águas térmicas da Montipa: uma opção para o turismo ecológico, de saúde e para a agricultura. (2017). 28 2.4. ANÁLISE DE PONTOS FORTES E FRACOS Neste contexto, por se tratar de acções que impulsionem o turismo das águas termais da zona turística da Montipa, assim fazendo o uso de recursos oferecidos pela matriz Swot analisou-se simplesmente, os pontos fortes e fracos, pelo facto de ser uma área em aberto e com forte potencial. Com base no que foi referido facilitou na elaboração da proposta de acções para impulsionar o turismo das águas termais do local em estudo. Quadro 5. Realidade das Forças, Fraquezas e Oportunidades da área em estudo. Forças Oportunidades Contexto Contexto social a) Sociedade sensível à participação b) Diversidade cultural (artesanato, folclore, tradições) Contexto ambiental a) Variedade de ecossistemas b) Centro de pesquisas c) Presença de atractivos naturais raros Foco Produto a) Patrimônio histórico b) Turismo das águas termais Produto a) Crescente valorização do turismo Mercado a) Fluxo de turistas que passam na região b) Demanda crescente por turismo das águas termais c) Mercado para o turismo da saúde d) Diversidade de mercados e) Mercado de turismo cultural Cadeia do turismo a) Investidores potenciais no setor de turismo b) Desenvolvimento da produção agropecuária e comercial da região c) Setor produtivo atrativo para o mercado Gestão a) Participação de associações e entidades de classe no processo de tomada de decisão Fraquezas Contexto Contexto Social a) Desemprego b) Êxodo rural Contexto Econômico a) Baixo poder aquisitivo dos empresários Foco Produto a) Ausência de serviços receptivos de turismo na região b) Utilização inadequada e / ou conservação deficiente do patrimônio histórico. c) Turismo sazonal ou de escala Mercado a) Fluxo turístico sazonal – equipamentos sub utilizados. b) Pouca divulgação e ausência de planeamento de marketing turístico. Condições Infra-estrutura para viabilização de produtos turísticos a) Saneamento básico deficitário b) Má conservação rodoviária e da zona turística existente c) Acesso deficitário para atrativos naturais d) Ausência de sinalização turística Cadeia do Turismo – meio empresarial e comunidade a) Pouco envolvimento da população com o turismo b) Ausência de associações exclusivas de turismo c) Falta de visão estratégica, capacidade gerência e técnica do empresariado d) Empregos propiciados pelo turismo sazonal Gestão a) Ausência de mecanismos de fiscalização e controle b) Ausência de sistemas de informações para a gestão municipal e do turismo c) Inexistência de parceria entre o poder público e a iniciativa privada d) Uso e ocupação desordenada do solo e) Ausência de mecanismos e instrumentos de planeamento urbano e regional f) Ausência de diretrizes, estruturas e equipes para gestão do turismo e do meio ambiente Ausência de mecanismo de participação da sociedade na gestão municipal e do turismo Fonte: A partir dos dados da observação 29 Feita apresentação do quadro referente às forças, fraquezas e oportunidades, resta propor as devidas acções que visam na potencialização dos pontos positivos no sentido de minimizar pontos negativos. 2.5. PROPOSTA DE ACÇÕES QUE VISAM MELHORAR O APROVEITAMENTO TURÍSTICO DAS ÁGUAS TERMAIS DO CENTRO TURÍSTICO DA MONTIPA. Assim, para reforçar os objectivos e responder a pergunta problemática, é apresentada as acções que visam impulsionar o turismo das águas termais na zona turística da Montipa. Fraquezas: a busca da sobrevivência do destino no cenário turístico, procurando eliminar ou minimizar ao máximo as fragilidades. Pelo seu grau de urgência, tem prioridade (A). Depois de se analisar as fraquezas percebe-se claramente, que a actividade turística na Montipa é praticamente inexistente pelo facto de não existir condições básicas para a actividade turística. Portanto, foi necessário estabelecer acções de interferência urgente, que vai possibilitar o impulsionamento da actividade turística das águas termais na zona turística da Montipa, baseando-se sempre em ditames sustentáveis. Então, com base no tipo de prioridade, apontou-se como acções para o estabelecimento de um pleno desenvolvimento turístico local: Acções: Construção de uma infra estrutura capaz de responder com as especificações do local visando a promoção do turismo; Estabelecimento de uma legislação específica para o turismo, que trate sobre o ordenamento urbano, de uso e ocupação do solo e estabeleça limites sobre o uso de áreas naturais; Implementação de políticas de investimento para diversificação e incremento do sector hoteleiro; Promover cursos de capacitação profissional em conjunto com instituições de ensino e sector privado; Planear por iniciativa pública ou privada, um amplo programa de educação ambiental, conscientização e mobilização na comunidade de acções de limpeza dos recursos hídricos locais em conformidade com a população nativa a iniciativa privada; 30 Expandir o setor de transportes, promover ações de planeamento municipal, ambiental e turístico a curto, médio e longo prazos e implantar um programa de saneamento básico; Solicitarà Administração local a construção da via de acesso que liga a sede municipal ao Centro Turístico, como praças, parques e monumentos. Forças e Oportunidades: a busca da capitalização para promover o desenvolvimento mais rápido e consolidar o turismo das águas termais da Montipa, campos mais acessíveis e ambientes mais preparados para receber a actividade, adquire prioridade (B). Acções: Implementar ações de marketing nos mercados emissores próximos, buscando a maximização do fluxo turístico; Captar investidores potenciais nos sectores de turismo das águas termais; Envolver a comunidade no processo de planeamento e tomada de decisão, através da mobilização e participação em fóruns e seminários; Buscar parcerias para o investimento no setor hoteleiro. A partir do anteriormente descrito, No entanto, é necessário salientar que, para que tudo isso se consolide, é necessário obter parcerias entre a sociedade, o poder público e iniciativas privadas. Assim, torna-se imprescindível um grande esforço e vontade de todos os agentes em colaborar e muitas vezes suprimir interesses particulares, buscando um denominador comum. 31 CONCLUSÃO Depois de se ter avaliado as acções e se analisar a realidade da zona turística das águas termais da Montipa, na vertente social e económica, onde se apurou que é viável impulsionar o turismo no mesmo local, chegam-se as seguintes conclusões: De facto, conclui-se que o município da Bibala tem grandes potencialidades que se bem aproveitadas resultará em um factor de potencialidades endógenas, facto este se constata na beleza que o centro turístico da Montipa pode apresentar, vai responder a carência de tornar o local mais atractivo no sentido de estimular a procura; A execução do quadro de pontos positivos e negativos só veio reafirmar a actual realidade de abandono e desprezo, na região, pelos atractivos turísticos em geral. Em função dos objectivos deste trabalho, verificou-se que a hipótese formulada, responde com a situação problemática, pelo facto de se confirmar que as acções de reabilitação da zona, o reforço do marketing, o investimento público e privado, o envolvimento da comunidade local na valorização do parimônio local dentre outras acções enumeradas que se aplicadas vai dinamizar a actividade turística das águas termais na zona turística da Montipa. De frisar que essas acções são flexíveis dependendo dos objectivos definidos para cada fim, mas para esse trabalho as que mais se adequam são as que foram enunciadas acima. Percebe-se a urgência na implementação de medidas que visam promover o turismo sustentável não só na província do Namibe, como também em todo o país. É sabido o esforço das autoridades governamentais em criar políticas que possam incentivar e fomentar o turismo de formas atrair, tanto turistas internos como externos com o intuito de dar credibilidade ao local em estudo mostrando o seu potencial turístico. 32 RECOMENDAÇÕES Tendo em conta que não basta a existência de riquezas e diversificação das mesmas, como acontece no município da Bibala, em que o solo e subsolo são férteis nos mais variados recursos e riquezas, urge a necessidade de se criarem acções práticas e que sejam perfeitamente exequíveis, no sentido de se desenvolver as potencialidades do território, bem como tratar e procurar a eliminação ou diminuição das fragilidades do mesmo. Por meio da observação do local, se constatou de forma clara a degradação das infra-estruturas que impossibilitam a fluência de turistas no local, por este facto recomenda-se: Às instituições de direito a reabilitação da zona turística das águas termais da Montipa. É necessário que estas potêncialidades sejam transformadas em pontos de atracção no sentido de ser uma mais-valia ao nível da competitividade para o mercado local e nacional do turismo. É necessário fazer um aproveitamento de todos os recursos, a destacar o clima, a natureza, a cultura, as actividades de lazer. Dada a transversalidade do sector turístico, torna-se necessário que se desenvolva uma estreita relação com outros sectores económicos no sentido de funcionar em cadeia e melhorar a estrutura do sector; Torna-se importante promover a cultura turística através da criação de programas escolares, institucionais, empresariais, juvenis, religiosos e outros que contemplam as actividades de lazer, recriação, passeios guiados, parcerias e troca de experiencias com países mais desenvolvimento no turismo; Que se melhorem as condições relacionadas a segurança e estabilidade, apoio aos operadores turísticos, legislação e outros aspectos inerentes a criação de um ambiente de negócios favorável que priorize o equilíbrio entre qualidade/preço e a competitividade no mercado do turismo; A divulgação e difusão de informações turística devem ser mais abrangentes incluindo, além dos canais tradicionais (rádio, televisão e jornas), os digitais como internet, website, redes sócias, jogos e outros; 33 Que se crie de forma acelerada as condições para a formação de quadros na área do turismo a todos os níveis, desde Gestores turísticos, guias turísticos, animadores turísticos recepcionistas, cozinheiros entre outros; Que se promova mais campanhas de marketing e propaganda da actividade turística, semelhante a realizada por ocasião da eleição das sete maravilhas de Angola que envolveu os angolanos de todos os pontos do país e mundo; Que se desenvolvam parcerias de intercâmbio públicas e privadas com instituições internacionais bastante experientes no mercado do turismo sustentável; Recomenda-se também a continuidade deste trabalho, criando uma equipa multisectorial composta por estudantes de contabilidade e gestão, Biologia Marinha, engenharia do ambiente, engenharia elétrica e mecânica a fazer um estudo de viabilidade económica e financeira, para que se promova a sustentabilidade do turismo nesta zona turística considerada de grande potencial. 34 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Beni, J. 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