Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Direito Processual Penal 2 Disciplina: CCJ0041 Prof.: Paulo Renato Cavalcanti de Oliveira Teoria Geral da Prova Introdução Prova é um meio instrumental de que se valem os sujeitos principais do processo (autor, juiz e réu) para demonstrar a verdade dos fatos analisados em juízo. Natureza Jurídica Prova é um direito subjetivo público de natureza constitucional CRFB/88, Art. 5º, LVI - SÃO INADMISSÍVEIS, no processo, as provas obtidas POR MEIOS ILÍCITOS; OBS: Segundo Luiz Flávio Gomes, por força do princípio da proporcionalidade a prova ilícita poderá ser admitida em favor do réu. Pois, se de um lado há a proibição da prova ilícita, do outro há a presunção de inocência, e entre os dois deve preponderar a presunção de inocência. Assim, a prova ilícita não serve para condenar ninguém, mas para absolver o inocente. CPP, Art. 155. O juiz FORMARÁ sua convicção PELA LIVRE APRECIAÇÃO DA PROVA PRODUZIDA EM CONTRADITÓRIO JUDICIAL, NÃO PODENDO FUNDAMENTAR sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, RESSALVADAS as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) Sujeitos do Direito de Prova O destinatário das provas é o juiz. Os sujeitos titulares do direito à prova são os sujeitos principais do processo. OBS: O que extraímos é que o sistema de valoração de prova adotado é o da persuasão racional do juiz, não havendo hierarquia entre as provas, já que, em regra, não adotamos o sistema tarifado de provas. Logo, o juiz pode ignorar as conclusões dos pareceres/laudos periciais em face do seu livre convencimento motivado e assim decidir. Direito à Prova a) Na fase pré-processual (inquérito) Tecnicamente, o termo prova não deve ser utilizada na fase pré-processual, mais adequado seria utilizar o termo elementos de convicção para apresentação da petição inicial (denúncia ou queixa). b) Durante o Processo Durante o processo, o direito à produção de provas é obrigatório sob pena de nulidade, em razão dos princípios do contraditório e do devido processo legal. Limite ao Direito de Prova O principal limite ao direito de prova está no artigo 5º, inciso LVI da CRFB/88 que veda a apreciação das provas obtidas por meio ilícito. a) Prova Ilícita e Ilegítima Prova ilícita stricto sensu Prova Ilícita Lato Sensu (art. 5º, LVI, CRFB/88) Prova ilegítima A Constituição não as diferencia, porém, a doutrina faz uma distinção entre prova ilícita e ilegítima. a1) Prova ilícita stricto sensu: é a prova produzida com violação de uma norma de direito substantivo, ou seja, direito material. A pessoa que produz a prova, pratica um crime. Ex.: interrogatório mediante tortura. a2) Prova ilegítima: é a prova produzida com violação a uma norma de direito adjetivo, ou seja, direito processual. Ex.: art. 479, CPP (sessão plenária do rito de júri) Art. 479. DURANTE O JULGAMENTO NÃO SERÁ PERMITIDA a leitura de documento ou a exibição de objeto que NÃO TIVER SIDO JUNTADO aos autos com a antecedência mínima de 3 (três) dias úteis, DANDO-SE ciência à outra parte. (Redação dada pela Lei nº 11.689, de 2008) b) Prova ilícita (lato sensu) originária e derivada. b1) Prova ilícita originária É a prova produzida com violação de uma norma constitucional ou infraconstitucional conforme artigo 157, caput, do CPP. Essas provas deverão ser desentranhadas dos autos. Ex.: interrogatório mediante tortura. Art. 157. SÃO inadmissíveis, DEVENDO SER DESENTRANHADAS DO PROCESSO, as provas ILÍCITAS, assim entendidas as obtidas em violação a normas constitucionais ou legais. (Redação dada pela Lei nº 11.690, de 2008) b2) Prova ilícita derivada ou por derivação Prova ilícita derivada ou por derivação é aquela produzida de forma lícita, mas que se torna ilícita porque decorre, guarda nexo de causalidade, com outra prova ilícita. Ela tem como fundamento a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada e previsão legal no artigo 157, §1º do CPP. § 1o São também inadmissíveis AS PROVAS DERIVADAS DAS ILÍCITAS, SALVO quando não evidenciado o nexo de causalidade entre umas e outras, ou quando as derivadas puderem ser obtidas por uma fonte independente das primeiras. (Incluído pela Lei nº 11.690, de 2008) Obs.: A prova ilícita derivada poderá ser utilizada se ela não tiver nexo de causalidade com a prova ilícita originária ou se ela provier de uma fonte independente. Exemplo: Interrogatório mediante tortura → prova ilícita originária Busca e apreensão domiciliar com ordem judicial, durante o dia → prova ilícita derivada. Teoria das Fontes Independentes: ainda que não existisse a prova ilícita originária, haveria a tal prova. Só se utiliza a Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada para embasar a prova ilícita derivada. c) Prova ilícita para absolver o réu A doutrina amplamente majoritária admite a utilização da prova ilícita para absolver o réu, sob dois fundamentos: 1º Fundamento: Princípio da Proporcionalidade: o princípio da proporcionalidade tem a finalidade de solucionar conflitos entre normas constitucionais, ponderando os valores inerentes à cada norma constitucional em conflito a fim de verificar qual norma deverá preponderar. A CRFB/88 no artigo 5º, inciso LVI veda a admissibilidade das provas obtidas por meio ilícito. E no artigo 5º, caput, da CRFB/88 está assegurado o direito de liberdade. Como a liberdade é o bem de maior relevância que as pessoas possuem depois da própria vida, é possível se relativizar a norma do artigo 5º, inciso LVI da CRFB/88 para permitir a utilização da proa ilícita para absolver o réu, assegurando assim seu direito à liberdade. 2º Fundamento: Estado de Necessidade No estado de necessidade, uma pessoa sacrifica um bem para salvar outro bem, de igual ou maior valor. O réu quando produz uma prova ilícita buscando a sua absolvição, ele atua em estado de necessidade, buscando salvaguardar o bem de maior relevância que ele possui, que é sua liberdade. d) Prova ilícita para condenar o réu A doutrina diverge quanto à possibilidade da utilização da prova ilícita para condenar o réu. 1ª Posição: é possível utilizar a prova ilícita para condenar o réu, dependendo da relevância do bem jurídico tutelado. Ex.: integridade física de crianças e idosos, moralidade pública, etc. 2ª Posição: a vedação da utilização de prova ilícita está no artigo 5º, inciso LVI, que encontra-se inserido no Título II da CRFB/88 que trata dos Direitos e Garantias Fundamentais, estes consistem em uma limitação que o povo, titular do poder constituinte originário, impôs ao Estado, dessa maneira, não seria lícito se relativizar uma garantia fundamental para utilizá-la contra o indivíduo, permitindo a utilização da prova ilícita para condenar. Obs.: O STJ, em alguns julgados, admite a utilização da prova ilícita especialmente a gravação clandestina para condenar o réu.
Compartilhar