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REPRESENTAÇÃO GRÁFICA Sílvia Eidt Monteiro Escalas numéricas e gráficas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer o conceito de escalas numéricas e gráficas. � Aplicar escalas numéricas e gráficas de acordo com as normas. � Identificar a aplicação de escalas em representação gráfica. Introdução As escalas acompanham o desenho técnico e são fundamentais para você manter a proporção e informar o tamanho real de um projeto. Antes mesmo de iniciar uma graficação, você já deve saber qual es- cala será utilizada e se ela está de acordo com o nível de detalhamento necessário. Até para a escolha do tamanho da prancha em que será impresso o projeto é necessário conhecer o que será inserido nele, ou seja, o desenho em escala. Neste capítulo, você vai conhecer as escalas existentes, a gráfica e a numérica. Também vai ver o que a norma determina sobre elas e como utilizá-las de acordo com o que se quer informar. Para isso, você vai estudar o conceito de escala trazido por diferentes autores e por duas normas, verificando as suas recomendações e determinações. Escalas gráficas e numéricas: conceito Você sabia que há mais de uma maneira de representar a escala de um desenho? São duas: a escala gráfica ou a numérica. Neste capítulo, você vai conhecê- -las e compreender a sua aplicabilidade. Primeiramente, você deve entender o que é escala. Para Ching (2017, p. 12), “[...] em desenho, escala refere-se a uma proporção que determina a relação entre uma representação e o tamanho real daquilo que é representado”. As escalas gráficas (Figura 1) são símbolos compostos por “[...] linhas graduadas ou barras que representam medidas em proporção. Essas escalas são especialmente úteis porque permanecem propor- cionais quando um desenho é aumentado ou reduzido” (CHING, 2017, p. 208). Os símbolos gráficos são posicionados o mais perto possível dos desenhos a que se referem, preferencialmente de maneira alinhada. Servem para orientar o leitor sobre o que é representado no papel. Figura 1. Escala gráfica. Fonte: Ching (2017, p. 208). As escalas numéricas são mais comumente utilizadas e são representadas por números, tanto no selo como junto ao desenho, abaixo do título. Na Figura 2, você pode ver as escalas mais adequadas e internacionalmente aceitas para o uso no setor da construção, de acordo com o que se deseja representar (BUXTON, 2017). Escalas numéricas e gráficas2 Figura 2. Recomendação de escala para o setor de construção. Fonte: Buxton (2017, p. 3). Similar a Buxton, Farrelly (2014) também traz recomendações, como você pode observar na Figura 3. Ele ainda comenta: A escala é uma consideração fundamental no projeto de arquitetura e dos espaços, uma vez que nos permite comparar a planta ou maquete de uma ideia com sua representação em tamanho real. A escala é a representação de uma ideia em relação a uma medida, ou um sistema de medidas, conhecida ou compreendida universalmente (FARRELLY, 2014, p. 102). 3Escalas numéricas e gráficas Figura 3. Recomendação de escala. Fonte: Farrelly (2014, p. 103). Quanto maior a escala de um desenho, mais informação ele deve conter. Ou seja, cada aumento de escala permite que mais detalhes sejam mostrados. Observe a Figura 4, que mostra o aumento da escala em maquetes. Uma das maquetes está na escala 1:2.000 e a outra está na escala 1:200. Como você pode notar, maquetes também são produzidas respeitando escalas. Figura 4. Maquetes em escala, respectivamente 1:2.000 e 1:200. Fonte: Farrelly (2017, p. 103). Escalas numéricas e gráficas4 Para a confecção de maquetes, desenhos à mão, ou ainda para identificar medidas em projetos com escala indicada, você deve utilizar o escalímetro. De aparência similar à de uma régua, esse instrumento é essencial na repre- sentação gráfica. O escalímetro é um instrumento “[...] que tem um ou mais conjuntos de espaços precisamente graduados e numerados para medição, leitura ou transferência de dimensões e distâncias em um desenho” (CHING, 2017, p. 12). Ele permite fazer a marcação da medida em escala na folha durante o desenho ou é utilizado para a leitura de medidas em um desenho pronto. Como você pode ver na Figura 5, o escalímetro de arquitetura clássico é triangular, com seis lados, cada um com uma escala: 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100 e 1:125. Ele possui 15 ou 30 cm e não deve ser utilizado como régua para o traçado de linhas, pois as deforma (CHING, 2017). Figura 5. Escalímetro de arquitetura. Fonte: Ching (2017, p. 12). 5Escalas numéricas e gráficas Escalas de acordo com as normas técnicas Duas normas trazem as características das escalas gráficas e numéricas. Uma delas é a muito utilizada NBR 6.492/1994, que fixa exigências sobre represen- tação gráfica em arquitetura de modo geral. Outra é a NBR 8.196/1999, que aborda o assunto em específico. A NBR 6.492 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994, p. 2), que trata da representação de projetos de arquitetura, define escala como “relação dimensional entre a representação de um objeto no desenho e suas dimensões reais”. A norma traz informações sobre a escala ao longo de boa parte do texto, relacionando-a com as fases de projeto e documentos típicos. Além disso, no seu anexo, indica como deve ser a representação visual (gráfica ou numérica). Em resumo, a norma determina que: � a escala é um dos elementos mínimos do selo (chamado de carimbo ou quadro); � escalas gráficas devem localizar-se próximas ao selo; � nas fases de projeto conhecidas como anteprojeto e projeto executivo, a escala deve ser igual ou superior a 1:100 na representação da edificação, de acordo com o porte do programa, admitindo escalas menores, com ampliações setoriais; � todas as plantas de situação, plantas de locação, plantas baixas, cortes, fachadas, plantas de teto refletivo, detalhes construtivos e de esqua- drias devem conter indicação de escala, seja qual for a fase do projeto correspondente. Conforme o anexo dessa norma, as escalas mais usuais são 1:2, 1:5, 1:10, 1:20, 1:25, 1:50, 1:75, 1:100, 1:200, 1:250 e 1:500. Além disso, como afirma a norma, na escolha da escala, é preciso sempre ter em mente a futura redução do desenho. Ainda no anexo, há informação de como representar a numeração e os títulos de desenhos. Logo abaixo do título, aparece a escala numérica, separada por um traço. A norma determina o tamanho das letras e a espessura de linha (pena) para a sua escrita, tanto com grafite como com tinta. A NBR 8.196 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1999, p. 1) “fixa as condições exigíveis para o emprego de escalas e suas de- signações em desenhos técnicos”. Ela determina que a representação completa de uma escala consiste na palavra “ESCALA”, ou de sua abreviação “ESC.”, seguida da indicação da relação: Escalas numéricas e gráficas6 � escala 1:1, para escala natural; � escala X:1, para escala de ampliação (X > 1); � escala 1:X, para escala de redução (X > 1). O valor de X deve ser definido conforme o Quadro 1, a seguir. Fonte: Adaptado de NBR 8.196 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1999, p. 2). Redução Natural Ampliação 1:2 1:1 2:1 1:5 1:1 5:1 1:10 1:1 10:1 Nota: as escalas deste quadro podem ser reduzidas ou ampliadas à razão de 10. Quadro 1. Valor de X conforme escala natural, redução ou ampliação Ainda conforme a norma, a escala escolhida deve ser pertinente às infor- mações que você deseja transmitir. Além disso, “Em todos os casos, a escala selecionada deve ser suficiente para permitir uma interpretação fácil e clara da informação representada. A escala e o tamanho do objeto ou elemento em questão são parâmetros para a escolha do formato da folha de desenho” (AS- SOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1999, p. 2). E ainda: � a escala deve ser indicada na legenda da folha de desenho; � quando houver mais de uma escala na folha, na legenda deve constar a escala geral; � quando for necessárioo uso de mais de uma escala na folha de desenho, estas devem estar indicadas junto à identificação do detalhe ou da vista a que se referem. Como aplicar escalas em desenhos e projetos Nesta seção, você vai ver exemplos com as escalas mais adequadas para os diferentes tipos de desenho. Que tal começar pelas escalas maiores? 7Escalas numéricas e gráficas Os mapas de levantamento aerofotogramétrico, disponíveis em prefeituras e outros órgãos públicos, são cartas geralmente feitas nas seguintes escalas: 1:50.000, 1:25.000, 1:10.000, 1:2.500 e 1:1.250. Contudo, a microfilmagem e os métodos computadorizados de armazenamento e consulta permitem que os mapas sejam reproduzidos em qualquer escala desejada. Os arquitetos e topógrafos sempre têm de consultar mapas e plantas antigas de vez em quando (BUXTON, 2017, p. 12). Entre outros fins, você pode utilizar esses levantamentos para elaborar a planta de situação de um projeto, conforme a Figura 6. Assim: Dependendo do tamanho do terreno e do espaço disponível para o desenho, as plantas de localização ou situação podem ser desenhadas em uma escala de engenharia (1:500 ou 1:1.000, por exemplo) ou em uma escala de arquitetura (1:200, por exemplo) (CHING, 2017, p. 66). Figura 6. Planta de situação: o lote na quadra e o contexto imediato. Escala 1:2.000. Fonte: Buxton (2017, p. 4). Escalas numéricas e gráficas8 A planta de situação precisa incluir informações completas sobre a loca- lização do terreno. Já a planta de locação (também chamada de localização ou implantação) deve mostrar a “locação das edificações, assim como a das eventuais construções complementares” (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994, p. 1). Na Figura 7, você pode ver uma planta de locação na escala 1:500. Conforme a NBR 6.492 (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS, 1994, p. 1), ela deve compreender “o projeto como um todo, contendo, além do projeto de arquitetura, as informações necessárias dos projetos complemen- tares, tais como movimento de terra, arruamento, redes hidráulica, elétrica e de drenagem, entre outros”. Figura 7. Planta de locação ou localização: a construção no lote. Escala 1:500. Fonte: Buxton (2017, p. 4). 9Escalas numéricas e gráficas Já “as plantas baixas costumam ser desenhadas na escala de 1:100 ou 1:50. Edificações maiores ou conjuntos de prédios podem ser desenhados na escala de 1:200, para que possam caber em uma folha de papel duplex ou tríplex de tamanho convencional” (CHING, 2017, p. 60). Veja, na Figura 8, um exemplo de planta baixa na escala 1:100. Figura 8. Planta baixa na escala 1:100. Fonte: Buxton (2017, p. 4). Escala para detalhes Para Buxton (2017, p. 7), “o nível do detalhe mostrado para representar um elemento de construção varia conforme a escala da representação: se o detalhe for complexo demais, talvez não seja possível reproduzi-lo claramente no desenho plotado. Em sistemas de modelagem tridimensional, esse processo pode ser automático”. Veja, na Figura 9, a variação de detalhes conforme a escala aumenta. Escalas numéricas e gráficas10 Figura 9. Representação em diferentes escalas e níveis de detalhe. Fonte: Buxton (2017, p. 7). Ching (2017, p. 42) também fala sobre escala e detalhe: “os desenhos de arquitetura geralmente são feitos em escalas reduzidas para se adequarem a um determinado tamanho de folha de papel”. Além disso, “a escala de um desenho determina a quantidade de detalhes que pode ser colocada na imagem gráfica. Por outro lado, a quantidade de detalhe desejada determina qual deverá ser a escala de um desenho”. Na Figura 10, você pode ver o detalhe de uma peça e seu encaixe em escala natural (1:1). A linha mais grossa representa a face cortada e as mais finas representam as hachuras. Foram utilizadas diferentes hachuras para representar os diferentes elementos. O desenho possui cotas de todas as partes da peça para sua execução ou reprodução. 11Escalas numéricas e gráficas Figura 10. Desenho de um detalhe em escala real (escala 1:1). Fonte: Buxton (2017, p. 5). Escalas numéricas e gráficas12 A escala digital e os detalhes Ching (2017, p. 43) afirma o seguinte sobre a escala de projetos graficados em programas de computadores: “O redimensionamento ou a mudança de escala de um conjunto de dados digitais é bastante fácil de ser feita. Desenhos com vetores podem ser reduzidos ou ampliados sem que a qualidade da imagem seja afetada”. Ele salienta que se deve observar o nível de detalhe ao modificar a escala de impressão. Desenhos com escala muito pequena ficarão poluídos e densos para a leitura se houver muita informação. Já os desenhos com escalas maiores exigem mais detalhes (Figura 11). Figura 11. Desenho digital impresso em escala pequena, com muitos detalhes e linhas espessas. Fonte: Ching (2017, p. 60). Neste capítulo, você estudou a escala gráfica e a escala numérica. Viu como utilizá-las em desenho técnico, de acordo com as determinações fixadas pelas normas brasileiras. Tudo de acordo com as diferentes fases de projeto e seus documentos típicos. 13Escalas numéricas e gráficas 1. Para a construção de uma escala gráfica, é necessário calcular o valor da divisão principal correspondente no desenho. Por exemplo, uma escala gráfica de 1:50 obedece ao seguinte cálculo: 1:50 = 0,02 m = 2 cm. Ou seja, cada 2 cm no desenho correspondem a 1 m. Assim, considere uma janela que está na escala 1:25 e mede 6 cm de largura no papel. Que dimensão ela tem na realidade? a) 6 m b) 2 m c) 1,5 m d) 2,5 m e) 4 m 2. As escalas gráficas são símbolos compostos por “linhas graduadas ou barras que representam medidas em proporção. Essas escalas são especialmente úteis porque permanecem proporcionais quando um desenho é aumentado ou reduzido” (CHING, 2017, p. 208). Assim, considere que, em um desenho na escala 1:100, 1 cm corresponde a 1 m. Quantos centímetros possui 1 m na escala 1:25? a) 4 cm b) 8 cm c) 2 cm d) 6 cm e) 10 cm 3. A NBR 8.196 trata do emprego de escolas em desenho técnico. Qual das escalas de redução a seguir é admitida de acordo com essa norma? a) 1:20 b) 1:25 c) 1:75 d) 1:125 e) 1:150 4. A NBR 6.492, que trata da representação de projetos de arquitetura, define escala como “relação dimensional entre a representação de um objeto no desenho e suas dimensões reais” (ABNT, 1994, p. 2). De acordo com o anexo dessa norma, estão entre as escalas mais usuais em arquitetura: a) 1:1, 1:2 e 1:5. b) 1:25, 1:50 e 1:75. c) 1:50, 1:75 e 1:85. d) 1:250, 1:500 e 1:1.000. e) 1:100, 1:200 e 1:300. 5. A escala deve ser escolhida de acordo com o que se quer representar. Quanto maior a escala de um desenho, mais informação ele deve conter. Conforme Farrelly (2014), para qual documento é recomendado o uso da escala numérica 1:50? a) Planta de situação e contexto. b) Planta de localização e do entorno imediato. c) Plantas completas de edificações maiores. d) Detalhes de interiores e plantas baixas de edificações pequenas. e) Detalhes de mobiliários e materiais. Escalas numéricas e gráficas14 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492. Representação de Projetos de Arquitetura. Rio de Janeiro: ABNT, 1994. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8196. Desenho Técnico: emprego de escalas. Rio de Janeiro: ABNT, 1999. CHING, F. D. K. Representação gráfica em arquitetura. 6. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017. BUXTON, P. Manual do Arquiteto: planejamento, dimensionamento e projeto. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2017. FARRELLY, L. Fundamentos de arquitetura. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2014. Leitura recomendada NEUFERT, P; NEFF, L. Casa, apartamento, jardim. 2. ed. Barcelona: Gustavo Gili, 2008. 15Escalas numéricas e gráficas Conteúdo:
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