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Problema 5 fechamento PC

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Proliferação Celular 
Ana Clara Silva Freitas 
 
Problema 5: fechamento 
 
Objetivos: 
1. Discorrer sobre o processo de hereditariedade 
do câncer e o processo epigenético, com destaque 
ao Câncer de Cólon. 
2. Abordar sobre as influências que propiciam o 
surgimento do Câncer. 
3. Diferenciar o Câncer Intestinal Hereditário e 
Não Hereditário. 
4. Explanar sobre o rastreamento do câncer ligado 
à hereditariedade, suas medidas preventivas e 
diagnóstico. 
5. Caracterizar a patogênese e manifestações 
clínicas da Polipose Adenomatosa Famliar. 
 
Câncer e hereditariedade 
 
O câncer é hoje reconhecido como uma doença 
genética multifatorial originada a partir da 
interação de diversos fatores de risco genéticos e 
ambientais que resultam no acúmulo de mutações 
em genes cruciais nos processos de replicação e 
reparo do DNA, bem como na divisão e 
proliferação celular. Processos epigenéticos s 
também estão reconhecidamente envolvidos no 
processo de Carcinogênese. 
São três as principais fontes de evidência que 
demonstram o papel da genética para a origem do 
câncer: 
• estudos populacionais que demonstram 
aumento do risco de câncer em familiares de 
indivíduos portadores da doença; 
• agrupamentos familiais de câncer e recorrência 
de tumores; 
• síndromes de predisposição hereditária ao 
câncer. 
A primeira fonte de evidência refere-se a estudos 
populacionais que mostram um aumento do risco 
relativo para câncer em um indivíduo que tenha 
pelo menos um familiar afetado com o tumor. 
Registros de câncer de base populacional avaliam 
a magnitude do risco de câncer para um indivíduo 
que tem uma história familiar. Esse risco, 
denominado “risco relativo familiar”, está 
relacionado ao grau de parentesco do probando 
com o familiar afetado por câncer, com o número 
de familiares afetados e também com a idade ao 
diagnóstico de câncer em alguns tipos tumorais. 
O que é câncer hereditário? 
Todas as pessoas têm duas cópias de cada gene, 
uma de cada pai. A maioria das pessoas nasce com 
duas cópias normais de cada gene. Os cânceres 
hereditários ocorrem quando uma pessoa nasce 
com alterações ou mutações em uma cópia de um 
gene de controle de danos que normalmente 
protege contra o câncer, geralmente essas 
alterações são herdadas da mãe ou pai. 
Pessoas com uma alteração genética herdada têm 
50% de chance de passar a mutação para cada um 
dos seus filhos. Essas alterações podem aumentar 
Proliferação Celular 
Ana Clara Silva Freitas 
 
o risco de câncer, mas não aumentam o risco para 
cada tipo de câncer, e nem todas as pessoas que 
nascem com uma alteração num gene 
desenvolverão a doença. A comunidade científica 
utiliza o termo susceptibilidade genética para 
descrever o risco aumentado para câncer em 
pessoas com uma mutação hereditária. 
Câncer Hereditário x Câncer Esporádico 
O câncer é uma doença comum, assim a maioria 
das famílias tem algum membro que já teve a 
doença, mas isso não significa que o câncer seja 
hereditário. Não sabemos a causa da maioria dos 
cânceres, mas especialistas acreditam que cerca 
de 10% da maioria dos tipos de câncer são devido 
a alterações hereditárias. O câncer que não parece 
ser causado por alterações herdadas é 
denominado câncer esporádico. Acredita-se que a 
maioria (talvez 90%) de todos os cânceres sejam 
esporádicos. Isto significa que mesmo se o câncer 
não é encontrado em uma família, um membro 
dessa família ainda pode ter um risco para algum 
tipo de câncer durante a vida. 
O câncer esporádico e o hereditário diferem de 
várias maneiras o que pode afetar as decisões 
sobre os cuidados e tratamentos: 
 O câncer hereditário ocorre frequentemente 
de forma mais precoce do que o câncer 
esporádico do mesmo tipo, por isso se 
recomenda a realização do rastreamento 
frequente em pessoas mais jovens com 
antecedentes de câncer hereditário na família. 
 Os cânceres hereditários são causados em 
parte pelas alterações genéticas transmitidas 
de pais para filhos. Acredita-se que os cânceres 
esporádicos resultam de danos adquiridos 
através de exposições ambientais, fatores 
dietéticos, hormônios, envelhecimento normal 
e outras influências. A maioria das alterações 
genéticas não é compartilhada entre parentes 
ou transmitidas aos filhos. 
 As pessoas que herdam uma alteração num 
gene podem ter um risco aumentado para mais 
de um tipo de câncer. Para sobreviventes de 
câncer, isto pode afetar as opções de 
tratamento da doença ou os cuidados de 
acompanhamento. 
 
Epigenética 
 
A epigenética, termo que significa “acima do 
genoma”, consiste no estudo das alterações na 
expressão de genes específicos que independem 
de mudanças na sequência primária do ácido 
desoxirribonucleico (DNA), mas que envolvem 
modificações estruturais na cromatina 
decorrentes da interação do indivíduo com o 
ambiente. A estrutura da cromatina consiste na 
dupla fita de DNA em espiral que se enrola em 
torno de um octâmero proteico formado por 
quatro pares de histonas: H2A, H2B, H3 e H4. 
Assim, os mecanismos epigenéticos englobam 
modificações tanto na molécula de DNA quanto 
nas histonas. Em suma, a epigenética consiste em 
modificações químicas reversíveis que não 
interferem nas sequências de bases do DNA, 
contudo, podem ser herdadas. 
Mecanismos da epigenética: 
I. Metilação do DNA: consiste na adição 
de metila por DNA metil transferase. 
Geralmente ocorre em regiões 
Proliferação Celular 
Ana Clara Silva Freitas 
 
promotores, que controlam a 
expressão gênica. Ademais, está 
associada à expressão, pois genes 
metilados podem não codificar 
proteínas. 
 Hipermetilação: leva à perda de 
expressão gênica; 
 Hipometilação: leva ao 
aumento de expressão gênica. 
II. Modificação de histonas: as histonas 
são responsáveis pela estabilização e 
compactação do DNA. 
 Acetilação: abertura as 
cromatina, após essa abertura 
os fatores de transcrição 
passam a ter acesso ao DNA 
local; 
 Desacetilação: compacta a 
cromatina, consequentemente, 
impede a transcrição do DNA e, 
assim, a expressão gênica. 
III. Expressão de RNAs não codificantes: 
promove o controle da expressão 
gênica no âmbito pré e pós 
transcricional. 
 Íntrons: não codificam 
proteínas e são transcritos em 
RNAs não codificantes, como: 
RNAt e RNAr; 
RNAs longos não codificantes: podem 
se ligar a fita de DNA e evitar a leitura 
de uma série de genes. 
MicroRNAs: são capazes de se ligarem 
ao RNAm e impedir sua tradução, 
impossibilitando assim, a síntese de 
proteína. 
Desenvolvimento de tumores: As células 
cancerígenas apresentam uma hipometilação 
global, o que resulta em uma expressão gênica 
maior. Em contrapartida, a hipermetialação de 
Ilhas CpG (genes supressores tumorais) ocasiona 
menor atuação de genes supressores de tumor. 
Essas condições permitem uma 
proliferação/replicação celular desordenada, o 
que aumenta uma maior predisposição a 
Carcinogênese. 
 
Câncer colorretal 
 
A maioria dos cânceres se desenvolve gradualmente a 
partir de uma única célula aberrante, progredindo de 
tumores benignos para tumores malignos pelo 
acúmulo de um número independente de alterações 
genéticas e epigenéticas. 
O câncer colorretal se origina do epitélio que reveste o 
cólon (o maior segmento do intestino) e o reto (o 
segmento terminal do aparelho digestivo). A 
organização tecidual é muito semelhante à do intestino 
delgado. Tanto para o intestino delgado quanto para o 
intestino grosso, o epitélio é renovado a uma taxa 
extraordinariamente rápida, levando em torno de uma 
semana para que ocorra a substituição completa da 
maior parte da parede epitelial. Em ambas as regiões, 
a renovação depende de células-tronco que se situam 
em bolsas profundas do epitélio, chamadas de criptas 
intestinais. Os sinais que mantêm as células-tronco e 
controlam a organização normal e a renovação do 
epitéliocomeçam a ser perfeitamente entendidos. 
Mutações que rompem esses sinais começam o 
processo da progressão tumoral para a maioria dos 
cânceres colorretais. 
Os cânceres colorretais são comuns, causando 
atualmente cerca de 60 mil mortes por ano nos Estados 
Unidos, ou cerca de 10% do total de mortes por câncer. 
Como a maioria dos cânceres, eles em geral são 
Proliferação Celular 
Ana Clara Silva Freitas 
 
diagnosticados tardiamente na vida (90% ocorrem 
depois dos 55 anos de idade). Porém, exames de rotina 
em adultos normais usando colonoscopia (um 
dispositivo de fibra óptica para visualizar o interior do 
cólon e do reto) muitas vezes revelam um pequeno 
tumor benigno, ou adenoma, do epitélio do intestino 
na forma de uma massa de tecido protuberante 
chamada de pólipo. Acredita-se que esses pólipos 
adenomatosos sejam os precursores de uma ampla 
proporção de cânceres colorretais. Como a progressão 
da doença costuma ser muito lenta, existe um período 
de dez anos no qual o tumor de crescimento lento é 
detectável, porém ainda não se tornou maligno. Assim, 
quando pacientes são investigados por colonoscopia 
ao chegarem aos 50 anos e os pólipos são removidos 
pelo colonoscópio – um procedimento cirúrgico fácil e 
rápido –, a subsequente incidência de câncer colorretal 
é bem mais baixa: de acordo com alguns estudos, 
menos de um quarto do que seria. 
Oncogênese 
Mutações na sequência do DNA podem ocorrer 
nos tecidos no decorrer da vida – nesse caso, são 
chamadas de mutações somáticas – ou podem já 
estar presentes ao nascimento, sendo 
denominadas mutações constitutivas ou 
germinativas. As mutações germinativas podem 
ser transmitidas de geração em geração e, em 
geral, representam alelos raros na população, 
apesar de serem frequentes numa mesma família. 
As mutações desempenham um papel importante 
no processo evolutivo dos seres vivos, porém 
também podem causar doenças. As mutações 
germinativas patogênicas e que significativamente 
aumentam o risco de o indivíduo desenvolver 
câncer durante a vida estão associadas às 
síndromes de suscetibilidade ao câncer ou 
síndromes de câncer hereditário. Existem três 
tipos principais de herança de doenças genéticas: 
 Anomalias cromossômicas; 
 Doenças determinadas por mutação em 
um único gene; 
 Herança multifatorial ou poligênica. 
A maioria das síndromes de câncer hereditário até 
hoje descritas segue um padrão de herança 
autossômico dominante. Uma característica 
frequente nas síndromes de câncer hereditário de 
herança autossômica dominante é sua 
variabilidade de expressão e penetrância. 
Processos epigenéticos também estão 
reconhecidamente envolvidos no processo de 
Carcinogênese. 
Oncogenes ativados em síndromes de 
câncer hereditário 
 Adenomatose Endócrina Múltipla Tipo 2 
A variante tipo A da adenomatose endócrina 
múltipla tipo 2 (MEN2) é um distúrbio 
autossômico dominante caracterizado por uma 
alta incidência de carcinoma medular da tireoide 
que frequentemente, mas nem sempre, está 
associado a feocromocitoma, adenomas 
paratireóideos benignos, ou a ambos. Pacientes 
com a variante tipo B mais rara, denominada 
MEN2B, apresentam, além dos tumores vistos em 
pacientes com MEN2A, espessamento dos nervos 
e o desenvolvimento de tumores neurais 
benignos, conhecidos como neuromas, na 
superfície mucosa da boca e lábios e ao longo do 
trato gastrointestinal. As mutações responsáveis 
pelo MEN2 encontram-se no gene RET. Indivíduos 
que herdam uma mutação ativante no RET 
apresentam uma chance superior a 60% de 
desenvolver um tipo específico de carcinoma 
(medular) de tireoide, embora testes mais 
sensíveis, como testes sanguíneos para 
tireocalcitonina ou catecolaminas urinárias 
sintetizadas por feocromocitomas, estejam 
anormais em bem mais de 90% de heterozigotos 
para MEN2. O RET codifica uma proteína da 
superfície celular que contém um domínio 
extracelular que pode ligar moléculas 
sinalizadoras e um domínio tirosina quinase 
citoplasmático. Tirosinas quinases são uma classe 
Proliferação Celular 
Ana Clara Silva Freitas 
 
de enzimas que fosforilam tirosinas em proteínas. 
A fosforilação da tirosina inicia uma cascata de 
mudanças de sinalização de interações 
proteína- proteína e DNA-proteína e na atividade 
enzimática de muitas proteínas. Normalmente, 
receptores da tirosina quinase devem ligar 
moléculas de sinalização específicas a fim de 
sofrer a mudança conformacional que os tornam 
enzimaticamente ativos e capazes de fosforilar 
outras proteínas celulares. As mutações em RET 
que causam MEN2A aumentam sua atividade 
quinase mesmo na ausência de seu ligante (um 
estado denominado de ativação constitutiva). 
 A Teoria dos Dois Eventos de Inativação de 
Gene Supressor de Tumor no Câncer: 
Enquanto as proteínas codificadas por 
proto-oncogenes promovem câncer quando 
ativadas ou superexpressas, mutações nos TSGs 
contribuem para a condição maligna por um 
mecanismo diferente, a perda de função de ambos 
os alelos do gene. 
A existência de mutações TSG levando ao câncer 
foi proposta há cerca de 5 décadas para explicar 
por que certos tumores podem ocorrer em formas 
hereditárias ou esporádicas. Foi sugerido que a 
forma hereditária do câncer infantil 
retinoblastoma pode ser iniciada quando uma 
célula em uma pessoa heterozigota para uma 
mutação da linhagem germinativa no TSG do 
retinoblastoma, necessária para impedir o 
desenvolvimento do câncer, é submetida a um 
segundo evento somático que inativa os outros 
alelos do gene do retinoblastoma. Em 
consequência desse segundo evento somático, a 
célula perde a função de ambos os alelos, dando 
origem a um tumor. Na forma esporádica de 
retinoblastoma, ambos os alelos também são 
inativados, mas, nesse caso, a inativação resulta 
de dois eventos somáticos que ocorrem na mesma 
célula. 
 
 Genes Supressores de Tumor em Síndromes de 
Câncer Autossômicas Dominantes 
Retinoblastoma: 
é o protótipo de doenças causadas por mutação 
em um TSG e é um tumor maligno raro da retina 
em crianças, com uma incidência de 
aproximadamente um em 20.000 nascimentos. O 
diagnóstico de um retinoblastoma geralmente 
deve ser seguido pela retirada do olho afetado, 
embora tumores menores, diagnosticados em um 
estágio precoce, possam ser tratados por terapia 
local de modo que a visão possa ser conservada. 
Câncer de Mama Familiar devido a Mutações em 
BRCA1 e BRCA2: 
O câncer de mama é comum. Entre todos os casos 
dessa doença, uma pequena proporção (ƿ3% a 
5%) parece ser decorrente de uma predisposição 
mendeliana com padrão de herança dominante e 
alta penetrância que aumenta o risco de câncer de 
mama na mulher de quatro a sete vezes acima dos 
12% de risco durante a vida observados na 
população feminina em geral. Nessas famílias, 
observamos frequentemente aspectos 
característicos de câncer hereditário (ao contrário 
Proliferação Celular 
Ana Clara Silva Freitas 
 
do esporádico): múltiplos indivíduos afetados em 
uma família, idade de manifestação mais precoce, 
doença bilateral, frequentemente multifocal, ou 
um segundo tumor de mama primário 
independente e segundas neoplasias primárias em 
outros tecidos como ovário e próstata. Embora 
diversos genes em que mutações causam formas 
mendelianas altamente penetrantes de câncer de 
mama tenham sido descobertos a partir de 
estudos em famílias, os dois genes responsáveis 
pela maioria de todos os cânceres de mama 
hereditários são BRCA1 e BRCA2. Juntos, esses 
dois TSGs são responsáveis por aproximadamente 
metade e um terço, respectivamente, dos 
cânceres de mama familiares autossômicos 
dominantes. Numerosos alelos mutantes de 
ambos os genes atualmente estão catalogados. 
Mutações no BRCA1 e BRCA2 também estão 
associadas a um aumento significativo no risco de 
câncer de ovário e das trompas de falópio em 
mulheres heterozigotas. Alémdisso, mutações em 
BRCA2 e, em uma extensão menor, em BRCA1, 
também são responsáveis por 10% a 20% de todos 
os cânceres de mama em homens e aumentam o 
risco de câncer de mama em homens em 10 a 60 
vezes acima do 0,1% observado entre os homens 
da população geral durante a vida. 
Polipose Adematosa Familiar 
 
Câncer de Colo Hereditário: 
O câncer colorretal, uma condição maligna das 
células epiteliais do colo e reto, é uma das formas 
mais comuns de câncer. Ele afeta 
aproximadamente 1,3 milhão de indivíduos em 
todo o mundo por ano (150.000 dos quais estão 
nos Estados Unidos) e é responsável por 
aproximadamente 10% a 15% de todos os 
cânceres. A maior parte dos casos é esporádica, 
mas uma pequena proporção de casos de câncer 
de colo é familiar, entre os quais encontram-se 
duas condições autossômicas dominantes: 
polipose adenomatosa familiar (PAF) e a síndrome 
de Lynch (SL), juntamente com suas variantes. 
Polipose Adenomatosa Familiar 
A PAF e sua subvariante, síndrome de Gardner, 
juntas têm uma incidência de aproximadamente 
um para 10.000. Em heterozigotos para PAF, 
pólipos adenomatosos benignos totalizando 
muitas centenas se desenvolvem no colo durante 
as primeiras 2 décadas de vida. Em quase todos os 
casos, um ou mais pólipos tornam-se malignos. A 
remoção cirúrgica do colo (colectomia) previne o 
desenvolvimento de doença maligna. Uma vez que 
esse distúrbio é herdado como um traço 
autossômico dominante, parentes de pessoas 
afetadas devem ser examinados periodicamente 
por colonoscopia. A PAF é causada por mutações 
de perda de função em um TSG conhecido como 
gene APC (assim chamado em virtude de a 
condição ser anteriormente denominada 
adenomatous polyposis coli). A síndrome de 
Gardner também ocorre devido a mutações no 
APC e, portanto, é alélica à PAF. Pacientes com 
síndrome de Gardner têm, além dos pólipos 
adenomatosos com transformação maligna 
observada na PAF, outras anomalias 
extracolônicas, incluindo osteomas dos maxilares 
e desmoides, que são tumores que se originam no 
músculo da parede abdominal. Embora os 
Proliferação Celular 
Ana Clara Silva Freitas 
 
parentes de um indivíduo comprometido com 
síndrome de Gardner que também é portador da 
mesma mutação APC tendam a demonstrar 
também as manifestações extracolônicas da 
síndrome de Gardner, a mesma mutação em 
indivíduos não aparentados mostrou causar PAF 
somente em um indivíduo e síndrome de Gardner 
em outro. Desse modo, o fato de um indivíduo ter 
ou não PAF ou síndrome de Gardner não é 
simplesmente devido a qual mutação está 
presente do gene APC, mas é, provavelmente, 
afetado pela variação genética em outro lugar do 
genoma. 
Tratamento: 
Os doentes com PAF têm de ser submetidos a 
cirurgia devido à quase inevitável sequência 
adenoma-carcinoma, sendo que a cirurgia tem um 
impacto positivo na sobrevivência destes doentes. 
Certos genótipos estão associados a 
manifestações específicas e podem influenciar a 
severidade da polipose e consequentemente, 
estas associações devem ser tidas em conta na 
tomada de decisões de vigilância e nas abordagens 
terapêuticas. As opções cirúrgicas que existem são 
as seguintes: colectomia total com anastomose 
íleo-rectal, protcocolectomia total com íleostomia 
terminal definitiva e proctocolectomia 
reconstrutiva com confecção de bolsa ileal. No que 
diz respeito ao “timing” para a realização da 
cirurgia, não existe um consenso, contudo a maior 
parte dos doentes com PAF clássica são 
submetidos a cirurgia entre os 15 e 25 anos de 
idade. 
Uma vez que o risco de desenvolver carcinoma 
colo-rectal antes dos 20 anos é baixa, a cirurgia 
profiláctica pode ser adiada para ser realizada 
durante a segunda década de vida, após o 
estabelecimento da maturidade física, emocional 
e social, exceto em casos mais severos em que as 
cirurgias precisam ser realizadas de imediato. 
O processo de escolha da abordagem cirúrgica 
deve ser adaptado à severidade da doença, à 
idade do doente, às suas condições clínicas e ainda 
à sua preferência pessoal. A experiência do 
cirurgião bem como as suas capacidades técnicas 
influenciarão também a decisão final. A 
proctocolectomia total com ileostomia terminal 
definitiva é a abordagem menos comum, sendo 
que está reservada para as situações como 
carcinoma rectal baixo, esta resulta na remoção 
total da mucosa do intestino grosso, e como tal é 
completamente protetora contra o carcinoma 
colo-rectal. 
É também importante referir que a abordagem 
laparoscópica dos doentes com PAF está associada 
a melhores resultados estéticos, a uma 
recuperação mais rápida e menos dolorosa, à 
existência de menos aderências, a maiores taxas 
de fertilidade e a uma restauração mais rápida da 
continuidade intestinal [71]. Nos casos em que os 
doentes se recusam a ser submetidos a cirurgia, 
estes doentes poderão ser controlados apenas 
endoscopicamente, apesar de não ser tão eficaz 
como a terapêutica cirúrgica. As opções 
terapêuticas dos tumores desmóides incluem uma 
abordagem farmacológica (AINES e/ou anti-
estrogénios), quimioterapia, excisão cirúrgica e 
radioterapia. Contudo, os tumores desmóides 
apresentam uma história natural variável, sendo 
que alguns regridem sem tratamento. 
Quimioprevenção: 
Existem várias razões que promovem o 
desenvolvimento de agentes quimiopreventivos 
para a população com PAF. Uma delas é a tentativa 
de adiar a cirurgia, pois existe morbilidade 
associada a esta intervenção e para além disso 
esta tem de ser realizada muito precocemente, o 
que afecta o desenvolvimento tanto físico como 
psicológico dos jovens doentes. 
A estratégia de tratamento mais comum até agora 
tem sido a inibição da enzima ciclo-oxigenase, 
através da utilização de AINEs como o Sulindac. A 
COX transforma o ácido araquidónico em 
prostaglandinas, que estão envolvidas na 
Proliferação Celular 
Ana Clara Silva Freitas 
 
proliferação e apoptose celular. A sua inibição 
diminui os níveis de prostaglandinas e 
consequentemente diminui a proliferação celular, 
mais ainda os AINEs induzem a apoptose. 
Devido a estes efeitos adversos e à necessidade de 
procura de opções mais eficientes, começaram a 
ser estudados os inibidores da COX-2. Esta enzima 
está envolvida no processo inflamatório e na 
tumorogénese e é intensamente induzida na 
sequência adenoma-carcinoma. 
Um outro agente estudado foi a aspirina, que inibe 
tanto a COX-1 como a COX-2, sem o risco 
cardiovascular associado ao Celecoxib. Tendo sido 
já demonstrado que a administração de baixas 
doses de aspirina, apresenta uma tendência para 
a diminuição das dimensões dos pólipos colo-
rectais de doentes com PAF, quando comparado 
com o grupo de controle. 
Rastreamento e prevenção do câncer 
 
Ao mesmo tempo em que a sofisticação de 
métodos diagnósticos, de imagem ou laboratoriais 
permite o diagnóstico cada vez mais precoce do 
câncer em indivíduos de alto risco, a anamnese e 
o levantamento detalhado da história familiar de 
câncer continuam sendo ferramentas 
fundamentais na avaliação clínica de um indivíduo 
ou família com suspeita de predisposição 
hereditária ao câncer17,18. Nessa avaliação, dois 
aspectos são fundamentais: 
• o entendimento dos achados da história pessoal 
e familiar que devem levantar suspeita de uma 
síndrome de câncer hereditário e sugerir 
encaminhamento para avaliação do risco genético 
de câncer; 
• o entendimento dos aspectos técnicos, éticos, 
sociais e legais envolvidos no diagnóstico clínico e 
laboratorial de um indivíduo e uma família com 
predisposição hereditária ao câncer. 
A consulta de avaliação do risco genético de 
câncer se inicia a partir de uma anamnese 
detalhada, que é realizada se buscando 
informações sobre antecedentes pessoais, 
incluindo doenças prévias, internações ou 
cirurgias realizadas. É importante questionar o 
paciente sobre aocorrência de lesões benignas, 
tais como pólipos, cistos ou nódulos, que são 
características de determinadas síndromes de 
predisposição ao câncer. Todos os pacientes 
devem ser questionados quanto à origem étnica, 
uma vez que certas mutações germinativas em 
genes de predisposição ao câncer são mais 
prevalentes em determinadas populações. Esse é 
o caso da população dos judeus Ashkenazi, que 
apresenta em cerca de 2% de sua população uma 
de três diferentes mutações germinativas nos 
genes BRCA1 (185delAG e 5382insC) e BRCA2 
(6174delT)19 associada ao câncer de mama 
hereditário, bem como uma elevada prevalência 
da mutação 1906C>G no gene MSH2, associada à 
síndrome de Lynch (SL)20. A alta ocorrência da 
mutação germinativa p.R337H em TP53 devida a 
efeito fundador foi verificada na população. 
Essencial ao processo de diagnóstico clínico e 
laboratorial das síndromes de predisposição 
hereditária ao câncer está o aconselhamento 
genético (AG). Quando a investigação envolve 
realização de teste genético, este divide-se em AG 
pré-teste e AG pós-teste. O objetivo principal do 
AG em oncogenética, do ponto de vista técnico, é 
a identificação dos indivíduos portadores de uma 
síndrome de predisposição hereditária ao câncer e 
Proliferação Celular 
Ana Clara Silva Freitas 
 
a comunicação dos riscos associados a esse 
diagnóstico, para que a equipe multiprofissional 
que atende o paciente e sua família possa definir, 
em conjunto com o paciente, o planejamento das 
medidas de rastreamento ou intervenção para 
redução de risco aplicáveis. O processo de AG 
envolve: 
• coleta de informação pessoal e familiar, por 
meio da elaboração de heredograma; 
• diagnóstico diferencial e definição de como o 
diagnóstico definitivo pode ser estabelecido; uma 
vez estabelecido o diagnóstico provável ou de 
certeza: 
• estimativa de risco de desenvolver os tumores 
associados à doença no caso do probando, riscos 
para demais familiares e riscos reprodutivos (de 
transmitir a síndrome à prole); 
• comunicação da informação ao indivíduo e à 
família, que compreende todos os dados 
relevantes para o entendimento da evolução, 
transmissão, condutas de vigilância e redução de 
risco de câncer e outras complicações da doença.

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