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CEI-TJ/PR
SEGUNDA FASE
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PROFESSORES
Coordenação: Mila Gouveia. Advogada, pós-graduada em Direito Público, autora e 
coordenadora de Coleções de obras jurídicas na Editora Juspodivm.
Rogerio de Vidal Cunha. Juiz de Direito (TJ/PR). Professor da Escola da Magistratura 
do Paraná e da UNIFOZ.
Elvis Jakson Melnisk. Juiz de Direito (TJ/PR) com atuação em Vara Cível e Vara da 
Fazenda Pública, e Professor de Direito Civil na Unidade de Ensino Superior Vale 
do Iguaçu, em União da Vitória. Possui graduação em Bacharelado em Direito pela 
Universidade Estadual de Ponta Grossa e Pós-Graduação em Direito Processual Civil 
pela Uninter.
João Guilherme Barbosa Elias. Juiz de Direito (TJ/PR) desde 2013. Pós-Graduado em 
Direito do Estado pela Anhanguera. Pós-Graduado em Direito Processual Civil pela 
PUC-SP.
Rafhael Wasserman. Juiz de Direito do Tribunal de Justiça do Estado do Paraná. 
Professor de Direito Processual Civil e Direito Tributário no Centro Universitário Campo 
Real. Professor do Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET). Mestre em Direito 
pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC/SP). Especialista em Direito 
Tributário pelo Instituto Brasileiro de Estudos Tributários (IBET). Bacharel em Direito 
pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). 
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Marcel Ferreira dos Santos. Graduado em Direito pela Universidade Paulista. Pós-
graduado em Direito Civil e Processo Civil pela Escola Paulista de Direito -EPD. Pós-
graduado em Direito Público pela Faculdade de Direito Professor Damásio de Jesus. 
Mestre em Ciências Jurídicas pelo Centro Universitário Maringá (UNICESUMAR). 
Atualmente é Juiz de Direito - TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO PARANÁ. Tem 
experiência na área de Direito, com ênfase em Direito Público. Diretor da Escola da 
Magistratura (núcleo de Maringá). Membro eleito pela magistratura para compor o 
Comitê Gestor de Priorização do 1º Grau de Jurisdição. Membro efetivo do Conselho 
Fiscal e da Diretoria da Associação dos Magistrados do Estado do Paraná. Membro 
da Secretaria de Interiorização da Associação dos Magistrados Brasileiros. Professor 
da Escola da Magistratura. Professor dos cursos de Pós-graduação de Direito Civil/
Processo Civil e Pós-graduação em Ciências Criminais da Pontifícia Católica de 
Maringá - PUC.
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SUMÁRIO
PROFESSORES ................................................................................................................................... 4
QUESTÃO DISSERTATIVA .................................................................................................................... 7
QUESTÕES DISCURSIVAS ................................................................................................................... 7
SENTENÇA CÍVEL ............................................................................................................................... 8
QUESTÃO DISSERTATIVA COMENTADA ...............................................................................................10
DIREITO CONSTITUCIONAL ......................................................................................................10
QUESTÕES DISCURSIVAS COMENTADAS ............................................................................................16
DIREITO CIVIL ..........................................................................................................................16
DIREITO PROCESSUAL CIVIL ....................................................................................................20
DIREITO PENAL .......................................................................................................................27
DIREITO PROCESSUAL PENAL ..................................................................................................32
DIREITO ELEITORAL .................................................................................................................39
DIREITO AMBIENTAL ................................................................................................................42
SENTENÇA CÍVEL COMENTADA ..........................................................................................................46
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QUESTÃO DISSERTATIVA
Disserte acerca das imunidades dos congressistas e a perda do mandato em razão de condenação 
criminal transitada em julgado. (Máximo de 60 linhas)
QUESTÕES DISCURSIVAS
QUESTÃO 1. “A tendência manifesta da teoria da responsabilidade civil é no sentido de ampliar, 
cada vez mais, a sua abrangência, a fim de POSSIBILITAR QUE TODO E QUALQUER DANO POSSA 
SER REPARADO. Para que isso aconteça, é necessário afastar-se, progressivamente, do princípio 
da culpa. Isso ocorreu, avançando-se em direção a um modelo misto, onde, ao lado da culpa, 
há espaço para uma responsabilidade civil objetiva, fundada no risco ou na ideia de garantia. 
Nas últimas décadas, porém, percebe-se que esse modelo misto tornou-se mais complexo, com o 
SURGIMENTO DE UM TERCEIRO MODELO DE RESPONSABILIDADE, NÃO INDIVIDUAL, MAS COLETIVA, 
FUNDADA NA IDEIA DE SOLIDARIEDADE. Jean Guyenot e René Savatier, por exemplo, afirmam 
que as tendências contemporâneas se traduzem por um movimento em direção à socialização 
da responsabilidade e dos riscos individuais, ao término do qual toda a vítima de um acidente 
deverá estar virtualmente certa de ser indenizada.” (Eugênio Facchini Neto. Da Responsabilidade 
Civil no Novo Código).
Tomando por base o texto acima, discorra sobre uma das tendências da responsabilidade civil 
no direito contemporâneo denominada de “o resgate do lucro ilícito (Disgorgement of profits).” 
A resposta do candidato deverá abordar o fundamento da teoria e a forma ou critério de 
quantificação do pedido restituitório. (Máximo de 30 linhas)
QUESTÃO 2. Ricardo formulou pedido administrativo junto ao Serasa postulando aretirada de seu 
nome do cadastro de inadimplentes, sob alegação de que a inscrição fora indevida. Em resposta, 
o Serasa afirmou que excluiria o nome do requerente mediante ordem judicial. Ato contínuo, 
Ricardo deduziu pedido de tutela antecipada em caráter antecedente, com o exclusivo objetivo de 
retirar seu nome do cadastro de inadimplentes. O juiz deferiu o pedido, determinando a imediata 
exclusão do nome do autor, sob pena de cominação de multa diária. A requerida, por sua vez, 
apresentou contestação, por meio da qual declarou que o pleito não seria possível, eis que a 
dívida inscrita não correspondia àquela objeto da tutela provisória. Na sequência, o magistrado 
reconsiderou a decisão anteriormente proferida e revogou a tutela antecipada, acolhendo as 
alegações da ré e determinando o prosseguimento do feito.
A partir do caso exposto, da legislação vigente e do entendimento dos Tribunais Superiores, o 
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procedimento adotado está correto? A resposta deverá ser elaborada abrangendo o tema da 
estabilização da tutela antecipada requerida em caráter antecedente. (Máximo de 30 linhas)
QUESTÃO 3. MARIA possui medida protetiva em desfavor de TÍCIO, consistente em proibição de 
aproximação – distância mínima de 200 (duzentos) metros – e também de contato por qualquer 
meio de comunicação. No dia 05.04.2018, TÍCIO não só se aproximou de MARIA, como manteve 
contato com ela e a ameaçou. TÍCIO foi preso em flagrante e conduzido para a delegacia. Diante da 
situação, o delegado plantonista lavrou ADPF pelo crime previsto no art. 359, CP (desobediência 
a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito) e, em razão da pena prevista, arbitrou 
fiança a TÍCIO. Discorra sobre a situação mencionada. (Máximo de 30 linhas)
QUESTÃO 4. Discorra sobre o conceito de competência e o fenômeno da translatio iudicii no 
processo penal. (Máximo de 30 linhas)
QUESTÃO 5. Quais são os sistemas eleitorais adotados pela Constituição Federal? (Máximo de 30 
linhas)
QUESTÃO 6. Acerca da responsabilidade civil do meio ambiente, discorra sobre:
a) Quem é o responsável pela reparação? O contratante de atividade de risco responde pelo 
dano ocorrido fora da sua cadeia de produção? É possível responsabilizar o sócio?
b) O Estado pode ser condenado, quando havia obrigação de fiscalizar a atividade poluidora?
c) Qual teoria do risco adotada? É possível a inversão do ônus da prova?
(Máximo de 30 linhas)
SENTENÇA CÍVEL
RODRIGO SNOW ajuíza de ação ordinária contra Drogon MULTIMARCAS VEÍCULOS LTDA E BANCO 
DE FERRO DO BRASIL S/A onde o autor afirma que sofreu indicação de protesto nº 3971 referente 
a duplicata emitida em 25/10/2017, no valor de R$ 2.000,00 efetuado por apresentação da 
instituição financeira requerida e tendo como credor Drogon MULTIMARCAS VEÍCULOS LTDA. 
Alega que não possui mais qualquer relação com a requerida Drogon pois em 2007 desfez, por 
mútuo acordo, o contrato de compra e venda de um caminhão marca SCANIA/LX, placas AI9G 
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8859. Afirma que jamais assinou qualquer duplicata, mas somente notas promissórias, que foram 
canceladas em virtude do desfazimento do negócio. Juntou certidão do 1º Tabelionato de Notas e 
Protesto com o seguinte teor: “Certifico, que atendendo solicitação de RODRIGO SNOW, portador 
do RG 158535-8, que revendo os registros do protesto verificou constar sob responsabilidade de 
RODRIGO SNOW, brasileiro, casado, empresário, portador do RG 158535-8, o seguinte protesto: 
Livro 2337, folha 116, espécie DP p/Indicação. N.º 3971, no valor de R$ 2.000,00, vencimento em 
25/10/2017, sacador DROGON MULTIMARCAS VEÍCULOS LTDA, credor DROGON MULTIMARCAS 
VEÍCULOS LTDA, Apresentante, BANCO DE FERRO DO BRASIL S/A, protestado em 30/11/2017 por 
falta de pagamento. Apontamento 201711 3971. O referido é verdade e dou fé.
A tutela provisória de urgência foi deferida.
Citado, o requerido BANCO de ferro ofereceu contestação, requerendo, em preliminar, a sua 
ilegitimidade passiva, já que foi mera apresentadora do título, não respondendo por eventual 
vício. Postulou ainda a denunciação à lide do Oficial de Protestos, que não conferiu a regularidade 
formal e material do título. No mérito afirma que não há qualquer ilicitude no protesto já que 
recebeu os referidos títulos na qualidade de mandatária sendo o protesto exercício regular de 
direito, logo, não pode ser responsável por eventuais vícios do título.
A requerida ROSSINI MULTIMARCAS VEICULOS LTDA foi citada por edital, tendo a senhora curadora 
especial oferecido contestação por negativa geral.
Durante a instrução foi expedido ofício à Secretaria de Fazenda do Estado do Paraná que informou 
que no ano de 2017 a requerida ROSSINI MULTIMARCAS VEICULOS LTDA não expediu qualquer 
documento fiscal relativo a operações comerciais.
Todas as partes requereram o julgamento antecipado do pedido.
Após, os autos vieram conclusos.
Com base no enunciado, redige a sentença cabível, dispensado o relatório.
(Máximo de 180 linhas)
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QUESTÃO DISSERTATIVA COMENTADA
PROFESSOR JOÃO GUILHERME BARBOSA ELIAS
E-mail: facocursocei@gmail.com
 🏳 DIREITO CONSTITUCIONAL
Disserte acerca das imunidades dos congressistas e a perda do mandato em razão de condenação 
criminal transitada em julgado. (Máximo de 60 linhas)
 🎓 MODELO DE RESPOSTA
As imunidades, ao lado das prerrogativas, proibições e impedimentos, fazem parte do denominado 
“Estatuto dos Congressistas”. Tratam-se, pois, de regras protetivas da função parlamentar, atribuída 
ao membro do Poder Legislativo para o exercício de suas atribuições com liberdade, autonomia e 
independência, seja frente aos outros Poderes, seja em relação às pressões externas. Por estarem 
intimamente ligadas ao exercício do mandato, possuem caráter institucionais (prerrogativas), vinculadas 
ao cargo (e não à pessoa – privilégios) e são irrenunciáveis. Dada a premissa, o eleito como suplente, que 
não exerce a função/cargo, não está amparado pelas imunidades, salvo nos casos de substituição (em 
caso de impedimento) ou sucessão (em caso de vacância).
 As imunidades dos congressistas se dividem em imunidades materiais e formais. Estas, por sua vez, se 
dividem em imunidade relativa à prisão e imunidade relativa ao processo.
A imunidade material (freedom of speech) – ou imunidade substancial ou real – visa resguardar as opiniões, 
palavras e votos dos parlamentares de eventual responsabilização nas esferas penal e civil (art. 53, CRFB). 
Além disso, a proteção abrange a conduta adotada no exercício do mandato (in officio) e também a 
praticada em razão dele (propter officium). A jurisprudência do STF ainda indica que as opiniões, palavras 
e votos lançados em plenário são presumidamente imunes. Todavia, a questão poderá ser revista, pois há 
ação penal em trâmite abordando a matéria. Além do mais, a jurisprudência do STF inclina no sentido de 
que a imunidade alcança manifestações proferidas em redes sociais, desde que em função do mandato.
Com efeito, eventuais abusos e excessos estarão sujeitos apenas ao Poder Disciplinar da Casa respectiva, 
que pode decidir pela perda do mandado por quebra de decoro parlamentar.
Já a imunidade formal relativa à prisão (freedom from arrest) prevê a impossibilidade de o congressista 
ser preso,desde a expedição do diploma (isto é, antes mesmo da posse), salvo em flagrante de crime 
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inafiançável. Neste caso, a prisão será resolvida (decidida) pela respectiva Casa Legislativa, pelo voto da 
maioria de seus membros. O STF, em relação ao tema, também estendeu a possibilidade de prisão de 
congressista federal em decorrência de sentença penal condenatória definitiva.
Acerca da deliberação pela respectiva Casa Legislativa, o STF já afastou referida imunidade em caso que 
julgou não haver autonomia e isenção (Estado de Rondônia), visto que praticamente todos os membros 
foram denunciados, de modo que a imunidade não poderia servir de escudo protetivo às práticas ilícitas.
Por oportuno, destaca-se que a doutrina diverge acerca da possibilidade de prisão civil de congressista 
em razão de débito alimentar. 
De igual forma há divergência acerca do quórum de deliberação, maioria simples ou absoluta, prevalecendo 
esta última na doutrina. Ainda sobre a votação, em caso recente, o STF entendeu que a votação deve 
ser aberta, nominal e ostensiva. Neste mesmo caso (prisão de Senador da República), o STF referendou 
decisão tomada pelo Relator, no sentido da prisão, por entender que o crime de integrar pessoalmente 
associação criminosa é permanente. Além do mais, atribuiu conceito distinto à inafiançabilidade, quando 
sustentou esta em razão de estar presentes os motivos autorizadores da prisão preventiva (afiançáveis 
em situação de inafiançabilidade). Há doutrina que sustente que a prisão, na verdade, foi preventiva.
Em complemento à imunidade formal, o STF, por meio do controle concentrado de constitucionalidade, 
entendeu que, havendo medida cautelar diversa da prisão que prejudique o exercício do mandato do 
parlamentar, referida medida também deve ser objeto de deliberação pela Casa Legislativa respectiva. 
Assim, a “ratio” da norma (imunidade relativa à prisão) não poderia ser contornada com a aplicação de 
outra medida cautelar.
Em relação à imunidade formal relativa ao processo, esta abrange processos que apuram crimes 
relacionados à função parlamentar e ocorridos após a diplomação. Nestas condições, o STF poderá 
deflagrar o processo sem qualquer autorização prévia. Entretanto, ao receber a denúncia, o STF deverá 
dar ciência à casa respectiva, que pode ser instada a manifestar-se no prazo de 45 dias.
Por fim, a perda do mandato em razão de condenação transitada em julgado não está pacificada no STF. 
Segundo dispõe a CRFB, perderá o mandato o Senador ou Deputado que sofrer condenação criminal 
definitiva. Entretanto, a CRFB vincula a perda do mandato à decisão da respectiva casa legislativa. Em 
um primeiro momento, na AP 470 (mensalão), o STF entendeu que à Mesa da Câmara dos Deputados 
caberia apenas declarar a perda, pois esta seria automática. Na sequência, o STF alterou o entendimento, 
atribuindo à Casa Legislativa a incumbência da deliberação. Atualmente, há divergência entre as turmas 
do STF, sendo que uma entende que a condenação não enseja a perda automática, enquanto a outra 
entende que, nos casos que a condenação exceder 120 dias em regime fechado, haverá perda automática, 
em razão da “ausência do parlamentar à terça parte das sessões”.
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 💡 GABARITO COMENTADO
O tema foi proposto em razão dos acontecimentos recentes ocorridos no Brasil. Como se sabe, com a 
“Operação Lava Jato” houve a modificação do panorama criminal até então vivenciado no país, de modo 
que os delitos cometidos pelo “alto escalão” passaram a ser investigados, processados e punidos. De 
igual forma, a partir desta perspectiva, denotou-se que diversas operações em âmbito estadual também 
foram deflagradas, de maneira que várias “prerrogativas” funcionais são rotineiramente enfrentadas (ex. 
foro por prerrogativa de função; prisões e medidas cautelares; perda de mandato; etc.). Acerca do tema 
proposto, merece destaque a fonte das imunidades:
Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer de 
suas opiniões, palavras e votos.
§ 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão submetidos a 
julgamento perante o Supremo Tribunal Federal.
§ 2º Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não poderão ser 
presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos serão remetidos 
dentro de vinte e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria de seus 
membros, resolva sobre a prisão.
§ 3º Recebida a denúncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após a 
diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva, que, por iniciativa 
de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, poderá, até 
a decisão final, sustar o andamento da ação.
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo improrrogável de 
quarenta e cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora.
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato.
Acerca da perda do mandato:
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou Senador: (...) III - que deixar de comparecer, em 
cada sessão legislativa, à terça parte das sessões ordinárias da Casa a que pertencer, salvo 
licença ou missão por esta autorizada; (...) VI - que sofrer condenação criminal em sentença 
transitada em julgado. (...)
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do mandato será DECIDIDA pela Câmara 
dos Deputados ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, mediante provocação da 
respectiva Mesa ou de partido político representado no Congresso Nacional, assegurada 
ampla defesa.
§ 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a perda será DECLARADA pela Mesa da Casa 
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respectiva, de ofício ou mediante provocação de qualquer de seus membros, ou de partido 
político representado no Congresso Nacional, assegurada ampla defesa.
Segundo ROGÉRIO SANCHES: “A garantia, portanto, presente desde a diplomação (e não da posse), 
recai sobre prisão provisória, excepcionada apenas a prisão em flagrante decorrente de prática de crime 
inafiançável (ex.: racismo, tráfico de drogas, crimes hediondos). Da simples leitura do artigo acima 
reproduzido, conclui-se que Congressista não pode ser preso preventivamente. O STF, no entanto, de 
forma excepcional, no final de 2015, decretou prisão preventiva de Senador (Delcídio do Amaral), a 
exemplo do que, num passado recente, fez em relação a um deputado estadual, igualmente imune”1. 
Acerca da fixação de medidas cautelares diversas da prisão, destaca-se que: A questão foi enfrentada 
pelo STF, por meio da ADI 55.26-DF, em 11.10.2017. Como se sabe, os congressistas possuem imunidade 
relativa à prisão. Entretanto, o STF entendeu que nos casos em que a medida cautelar puder prejudicar 
o exercício do mandato, esta também deverá ser submetida à apreciação da respectiva Casa legislativa 
(controle político). No caso, todavia, ressaltou que o Poder Judiciário dispõe de competência para 
impor, por autoridade própria, as medidas cautelares a que se refere o artigo 319, CPP. Para o STF, na 
independência harmônica que rege o princípio da separação dos Poderes, as imunidades parlamentares, 
assim como a vitaliciedade na magistratura, a irredutibilidade de vencimentos e a inamovibilidade, são 
instrumentos de vital importância, visto buscarem, prioritariamente,a proteção dos parlamentares no 
exercício de suas funções, contra os abusos e pressões dos demais Poderes. Em complemento, assentou 
que, implicitamente, o art. 53, § 2º, da CF estabeleceu a impossibilidade de qualquer outro tipo de prisão 
cautelar, de modo que a “ratio” da norma não poderia ser contornada por outro tipo de medida cautelar. 
Em relação à perda do mandato em razão de condenação criminal transitada em julgado, o primeiro 
entendimento foi oriundo da ação penal 470 (mensalão). Na sequência, em 2013 (ação penal 565 – 
“caso Ivo Cassol”), o plenário mudou de entendimento, para o fim de reconhecer que incumbia à Casa 
Legislativa a deliberação acerca da perda do mandato. No ano de 2017, a 1ª Turma “inovou” na temática, 
sustentando que, nos casos em que a condenação for regime fechado e em prazo superior a 120 dias, tal 
circunstância importaria a ausência do parlamentar em pelo menos 1/3 das sessões da casa, de modo 
que a perda seria automática, não propriamente pela condenação (inciso VI), mas pelas ausências (inciso 
III). Entretanto, em sentido diverso, houve manifestação da 2ª Turma, no ano de 2018, na AP 996, em que a 
maioria definiu que a perda não era automática, cabendo à Casa a deliberação. Nesse panorama, denota-
se que, atualmente, as duas turmas divergem acerca do assunto.
Abaixo merecem destaques os seguintes julgados:
Informativo 572: Como se sabe, o suplente, enquanto ostentar essa específica condição - que lhe confere 
mera expectativa de direito -, não só não dispõe da garantia constitucional da imunidade parlamentar, 
1 https://meusitejuridico.editorajuspodivm.com.br/2017/05/18/congressista-senador-e-deputado-pode-ser-preso-pre-
ventivamente/
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como também não se lhe estende a prerrogativa de foro prevista na Constituição Federal, cujo art. 53, § 
1º, revela-se unicamente aplicável a quem esteja no exercício do mandato de Deputado Federal ou de 
Senador da República.
Informativo 417: “as prerrogativas de caráter político-institucional que inerem ao Poder Legislativo e aos 
que o integram” são irrenunciáveis e consubstanciam tradição consolidada “ao longo da evolução de 
nossa história constitucional republicana (CF de 1891, arts. 19/20; CF de 1934, arts. 31/32; CF de 1937, arts. 
42/43; CF de 1946, arts. 44/45; CF de 1967, art. 34; CF de 1969, art. 32; CF de 1988, art. 53)” - RTJ 135/509-
515”.
Informativo 327: A imunidade material conferida pela CF/88 a deputados e senadores, na redação 
dada pela EC 35/2001 ao art. 53 da CF/88, abrange quaisquer opiniões, palavras e votos produzidos no 
recinto da respectiva casa legislativa, e as manifestações produzidas fora dali, desde que guardada 
a relação com o exercício do mandato parlamentar. Com base nesse entendimento, o Tribunal, por 
maioria, rejeitou denúncia oferecida contra deputado federal pela suposta prática dos delitos de calúnia, 
injúria e difamação de juiz federal, em decorrência de discurso proferido na Assembleia Legislativa do 
Acre e de entrevistas concedidas à imprensa. O Tribunal, salientando que eventuais abusos cometidos 
no âmbito do Parlamento devem sujeitar-se ao controle do próprio Poder Legislativo, considerou que 
as declarações produzidas nas entrevistas, tidas por ofensivas à honra do magistrado, consubstanciam 
repetição ou comentário relativamente aos fatos já narrados da tribuna, estando protegidas, portanto, 
pela imunidade parlamentar em sentido material. Vencido o Min. Carlos Velloso, relator, que recebia a 
denúncia, por considerar que as declarações tidas por ofensivas não guardariam relação com o exercício 
do mandato parlamentar. Precedente citado: Inq 390 QO/RO (DJU de 27.10.89).
Ementa: PENAL. DENÚNCIA E QUEIXA-CRIME. INCITAÇÃO AO CRIME, INJÚRIA E CALÚNIA. 
TRANSAÇÃO PENAL. NÃO OFERECIMENTO. MANIFESTAÇÃO DE DESINTERESSE PELO 
ACUSADO. IMUNIDADE PARLAMENTAR. INCIDÊNCIA QUANTO ÀS PALAVRAS PROFERIDAS 
NO RECINTO DA CÂMARA DOS DEPUTADOS. ENTREVISTA. AUSENTE CONEXÃO COM O 
DESEMPENHO DA FUNÇÃO LEGISLATIVA. INAPLICABILIDADE DO ART. 53 DA CONSTITUIÇÃO 
FEDERAL. PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS DO ART. 41 DO CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
QUANTO AOS DELITOS DE INCITAÇÃO AO CRIME E DE INJÚRIA. RECEBIMENTO DA DENÚNCIA 
E REJEIÇÃO PARCIAL DA QUEIXA-CRIME, QUANTO AO CRIME DE CALÚNIA. (...) 13. In casu, 
(i) a entrevista concedida a veículo de imprensa não atrai a imunidade parlamentar, 
porquanto as manifestações se revelam estranhas ao exercício do mandato legislativo, 
ao afirmar que “não estupraria” Deputada Federal porque ela “não merece”; (ii) o fato 
de o parlamentar estar em seu gabinete no momento em que concedeu a entrevista é 
fato meramente acidental, já que não foi ali que se tornaram públicas as ofensas, mas 
sim através da imprensa e da internet; (...) 15. (i) A imunidade parlamentar incide quando 
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as palavras tenham sido proferidas do recinto da Câmara dos Deputados: “Despiciendo, 
nesse caso, perquirir sobre a pertinência entre o teor das afirmações supostamente 
contumeliosas e o exercício do mandato parlamentar” (Inq. 3814, Primeira Turma, 
Rel. Min. Rosa Weber, unânime, j. 07/10/2014, DJE 21/10/2014). (ii) Os atos praticados 
em local distinto escapam à proteção da imunidade, quando as manifestações não 
guardem pertinência, por um NEXO DE CAUSALIDADE, com o desempenho das funções 
do mandato parlamentar. (...) 22. Ex positis, à luz dos requisitos do art. 41 do Código de 
Processo Penal, recebo a denúncia pela prática, em tese, de incitação ao crime; e recebo 
parcialmente a queixa-crime, apenas quanto ao delito de injúria. Rejeito a Queixa-Crime 
quanto à imputação do crime de calúnia. (Inq 3932, Relator(a):  Min. LUIZ FUX, Primeira 
Turma, julgado em 21/06/2016, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-192 DIVULG 08-09-2016 PUBLIC 
09-09-2016)
DECISÃO/ACORDÃO (não consta da ementa): e por fim, quanto à perda do mandato 
parlamentar, a Turma, por maioria, deliberou que a perda do mandato não é automática 
e nos termos da divergência inaugurada pelo Ministro Dias Toffoli determinou, após o 
trânsito em julgado, oficiar-se à Câmara dos Deputados, vencidos os Ministros Relator 
e Revisor. Presidência do Ministro Edson Fachin. 2ª Turma, 29.5.2018. (AP 996, Relator(a):  
Min. EDSON FACHIN, Segunda Turma, julgado em 29/05/2018, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-
025 DIVULG 07-02-2019 PUBLIC 08-02-2019)
EMENTA DEPUTADO FEDERAL. OPERAÇÃO SANGUESSUGA. INÉPCIA DA DENÚNCIA NÃO 
CONFIGURADA. QUADRILHA E CRIMES LICITATÓRIOS. PRESCRIÇÃO. ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA. 
ATIPICIDADE. CORRUPÇÃO PASSIVA E LAVAGEM DE DINHEIRO. COLABORAÇÃO PREMIADA. 
CORROBORAÇÃO DAS PROVAS OBTIDAS. MATERIALIDADE E AUTORIA COMPROVADAS. 
CONDENAÇÃO. (...) 7. Perda do mandato parlamentar: É da competência das Casas Legislativas 
decidir sobre a perda do mandato do Congressista condenado criminalmente (artigo 55, VI e 
§ 2º, da CF). Regra excepcionada – adoção, no ponto, da tese proposta pelo eminente revisor, 
Ministro Luís Roberto Barroso -, quando a condenação impõe o cumprimento de pena em 
regime fechado, e não viável o trabalho externo diante da impossibilidade de cumprimento 
da fração mínima de 1/6 da pena para a obtenção do benefício durante o mandato e antes de 
consumada a ausência do Congressista a 1/3 das sessões ordinárias da Casa Legislativa da 
qual faça parte. Hipótese de perda automática do mandato, cumprindo à Mesa da Câmara 
dos Deputados declará-la, em conformidade com o artigo 55, III, § 3º, da CF. Precedente: MC 
no MS 32.326/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, 02.9.2013. 8. Suspensão dos direitos políticos do 
condenado quandodo trânsito em julgado da condenação (art. 15, III, da CF). (AP 694, Relator(a):  
Min. ROSA WEBER, Primeira Turma, julgado em 02/05/2017, ACÓRDÃO ELETRÔNICO DJe-195 
DIVULG 30-08-2017 PUBLIC 31-08-2017)
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QUESTÕES DISCURSIVAS COMENTADAS
PROFESSOR MARCEL FERREIRA DOS SANTOS
E-mail: facocursocei@gmail.com
 🏳 DIREITO CIVIL
QUESTÃO 1. “A tendência manifesta da teoria da responsabilidade civil é no sentido de ampliar, 
cada vez mais, a sua abrangência, a fim de POSSIBILITAR QUE TODO E QUALQUER DANO POSSA 
SER REPARADO. Para que isso aconteça, é necessário afastar-se, progressivamente, do princípio 
da culpa. Isso ocorreu, avançando-se em direção a um modelo misto, onde, ao lado da culpa, 
há espaço para uma responsabilidade civil objetiva, fundada no risco ou na ideia de garantia. 
Nas últimas décadas, porém, percebe-se que esse modelo misto tornou-se mais complexo, com o 
SURGIMENTO DE UM TERCEIRO MODELO DE RESPONSABILIDADE, NÃO INDIVIDUAL, MAS COLETIVA, 
FUNDADA NA IDEIA DE SOLIDARIEDADE. Jean Guyenot e René Savatier, por exemplo, afirmam 
que as tendências contemporâneas se traduzem por um movimento em direção à socialização 
da responsabilidade e dos riscos individuais, ao término do qual toda a vítima de um acidente 
deverá estar virtualmente certa de ser indenizada.” (Eugênio Facchini Neto. Da Responsabilidade 
Civil no Novo Código).
Tomando por base o texto acima, discorra sobre uma das tendências da responsabilidade civil 
no direito contemporâneo denominada de “o resgate do lucro ilícito (Disgorgement of profits).” 
A resposta do candidato deverá abordar o fundamento da teoria e a forma ou critério de 
quantificação do pedido restituitório.
(Máximo de 30 linhas)
 🎓 MODELO DE RESPOSTA
A responsabilidade civil por perdas e danos embasa-se, regra geral, na premissa que a vítima faz jus ao 
que efetivamente perdeu somado ao que razoavelmente deixou de lucrar (art. 402 do CC). Ocorre que o 
dogma tradicional reparatório contratual não se mostra suficiente para inibir e reparar danos que têm 
como plano de fundo a vedação do enriquericimento sem causa (art. 884 do CC) e a violação à boa-fé 
objetiva. Tratam-se de hipóteses em que o dever reparatório não se funda, propriamente, no campo da 
responsabilidade civil contratual, mas sim aquiliana, vez que o agente opta, deliberadamente, pela não 
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celebração de negócio jurídico, já que o descumprimento da lei e o pagamento de uma indenização ao 
lesado (indenização reparatória) correspondem a um montante inferior ao lucro esperado com conduta 
ilícita e culposa e à quantia que se poupa nas despesas relativas à negociação. É neste campo que se insere 
o lucro de intervenção ou resgate do lucro ilícito. Consiste na vantagem patrimonial obtida indevidamente 
com base na exploração ou aproveitamento, de forma não autorizada, de um direito alheio. Dever de 
restituição do lucro da intervenção é o dever que o indivíduo possui de pagar aquilo que foi auferido 
mediante indevida interferência nos direitos ou bens jurídicos de outra pessoa. Foi o que ocorreu, por 
exemplo, com a atriz Giovanna Antonelli. Determinada “farmácia de manipulação” utilizou o nome e a 
imagem da atriz, sem a sua autorização, em propagandas de um remédio para emagrecer. O STJ afirmou 
que, além da indenização por danos morais e materiais, a atriz também tinha direito à restituição de 
todos os benefícios econômicos que a ré obteve na venda de seus produtos (restituição do “lucro da 
intervenção”). Daí que é possível que haja a cumulação de pedidos de reparação (responsabilidade 
civil) e de restituição do indevidamente auferido (lucro da intervenção).
O denominado resgate de lucro ilícito tem estrita relação com o curto-circuito do contrato, que denuncia 
a insuficiência da função ressarcitória da responsabilidade civil para dissuadir os agentes economicos de 
optar pela apropriação de um bem alheio, pela violação dos direitos de outrem, em vez de celebrarem os 
negócios jurídicos.
No que toca à fixação do critério para quantificação do lucro da intervenção, o STJ fixou ser o 
enriquecimento patrimonial (lucro patrimonial). A quantificação do lucro da intervenção deverá ser 
feita por meio de perícia realizada na fase de liquidação de sentença, devendo o perito observar os 
seguintes critérios: a) apuração do quantum debeatur com base no denominado lucro patrimonial; b) 
delimitação do cálculo ao período no qual se verificou a indevida intervenção no direito de imagem da 
autora; c) aferição do grau de contribuição de cada uma das partes; e d) distribuição do lucro obtido 
com a intervenção proporcionalmente à contribuição de cada partícipe da relação jurídica. STJ. 3ª Turma. 
REsp 1698701-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 02/10/2018 (Info 634).
TABELA DE PONTUAÇÃO/CORREÇÃO
ITEM EXIGIDO NA RESPOSTA PONTUAÇÃO TOTAL POR ITEM
Coerência da exposição e aparência geral da prova 3,3
Correção gramatical e clareza 3,3
Conhecimento do tema 3,3
Acerto e fundamentação completa da questão 10,00
Sobre a correção das questões é importante o candidato manter uma resposta “limpa”, ou seja, com o 
mínimo de rasura possível; letra legível; sem erro gramatical crasso; clara; com início, meio e fim e com as 
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ideias expostas de forma concatenada.
 💡 GABARITO COMENTADO
O caso desta rodada de abertura foi inspirado no julgamento do REsp 1698701-RJ, Rel. Min. Ricardo Villas 
Bôas Cueva, julgado em 02/10/2018 (Info 634), envolvendo a atriz Global Giovana Antoneli. Determinada 
“farmácia de manipulação” utilizou o nome e a imagem da atriz, sem a sua autorização, em propagandas 
de um remédio para emagrecer. O STJ afirmou que, além da indenização por danos morais e materiais, 
a atriz também tinha direito à restituição de todos os benefícios econômicos que a ré obteve na venda 
de seus produtos (restituição do “lucro da intervenção”). Lucro da intervenção é uma vantagem 
patrimonial obtida indevidamente com base na exploração ou aproveitamento, de forma não autorizada, 
de um direito alheio. Dever de restituição do lucro da intervenção é o dever que o indivíduo possui de 
pagar aquilo que foi auferido mediante indevida interferência nos direitos ou bens jurídicos de outra 
pessoa. A obrigação de restituir o lucro da intervenção é baseada na vedação do enriquecimento sem 
causa (art. 884 do CC).
A questão exige conhecimento da concepção moderna de responsabilidade civil, a qual envolve danos 
pela perda de uma chance, danos punitivos (punitive damages), responsabilidade civil sem dano e o 
resgate do lucro líquido (Disgorgement of profits).
Para agregar valor ao conteúdo da resposta, o candidato poderia, caso houvesse espaço no caderno de 
respostas, explorar o conceito de curto-circuito do contrato (contractaual by pass). Aliás, é possível a 
incidência de questão discursiva envolvendo esse tema também. Portanto, após a soltura deste espelho, 
treine também, candidato, uma resposta para o chamado curto-circuito do contrato.
A escolha da questão acima surgiu em razão da potencial possibilidade do tema vir a cair na prova discursiva 
ou, ainda, na prova de sentença. Atente-se ao conceito, fundamentação jurídica e, especialmente, 
ao critério de fixação de indenização face à teoria doresgate do lucro líquido. Vai aí uma dica sobre 
técnica de estruturação de respostas discursivas. Toda vez que o examinador transcreve uma citação 
inicial e, posteriormente, lança perguntas, é preciso tomar cuidado para não se esquecer de enfrentar 
especificamente os pontos da questão. Não raro, o candidato se apega ao texto citado e se perde no 
enfrentamento daquilo que é a pergunta propriamente dita. Citações de texto, com frequência, procuram 
apenas contextualizar o tema objeto da pergunta. De qualquer forma, se o candidato nada souber sobre a 
pergunta, tangencie, ao menos, o que está citado, a fim de adquirir alguns pontinhos! A aprovação dá-se 
com base em centésimos aqui e outros ali, não é verdade?
A estruturação da resposta acima exige do candidato reflexão sobre o que irá nela incluir. A existência 
de tendências novas na área da responsabilidade civil envolve os seguintes temas: danos pela perda de 
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uma chance, danos punitivos (punitive damages), responsabilidade civil sem dano e o resgate do lucro 
líquido (Disgorgement of profits). Não há espaço para o candidato explicar cada uma. Se fizer isso, não 
terá boa nota na questão, porque perderá espaço para enfrentar o que importa. Daí porque a resposta 
deve ser focada no resgate do lucro líquido. Não se pode deixar de abordar o fundamento de tal teoria 
(vedação do enriquecimento ilícito), o qual não pertence ao campo da responsabilidade civil, e também o 
critério de quantificação dos danos. Lembrar que, necessariamente, deverá haver liquidação por sentença 
para apurar qual foi o lucro da intervenção. A citada teoria pode vir também com o nome de lucro da 
intervenção. Fique atento!
PONTO EXTRA:
A expressão contractual by pass (curto-circuito do contrato) tem sido utilizada pela jurisprudência e 
doutrina norteamericanas para descrever a opção dos agentes econômicos pela sujeição às regras da 
responsabilidade civil aquilina, em detrimento da celebração de negócios jurídicos, sempre que seja mais 
eficaz do ponto de vista econômico, ou seja, sempre que o descumprimento da lei e o pagamento de uma 
indenização ao lesado (indenização reparatória) corresponda a um montante inferior ao lucro esperado 
com conduta ilícita e culposa e à quantia que se poupa nas despesas relativas à negociação.
Assim, o agente ofensor opta por violar bens ou direitos merecedores de proteção/tutela, pois a indenização 
paga em eventual demanda judicial será inferior aos seus altos lucros obtidos com tal conduta. A fim de 
resolver tal problemática, o direito comparado tem utilizado de um instituto chamado disgorgement of 
profits.
No caso Midler v. Ford Motor Co, por exemplo, a cantora e atriz BETTIE MIDLER recusou-se a participar 
num anúncio televisivo em virtude da diminuta quantia que lhe foi oferecida, pelo que a empresa FORD a 
substituiu por uma sósia. O tribunal considerou que estávamos perante um “curto-circuito do contrato” 
(contractual bypass) já que a empresa FORD escolhera utilizar, abusivamente, a imagem de BETTIE 
MIDLER (o público acreditou que se tratava de BETTIE MIDLER), em vez de celebrar o respectivo contrato 
com a cantora, pois estimou que o lucro que obteria com o aumento das vendas do produto decorrente 
do sucesso do anúncio, seria superior à quantia que teria de pagar por violação do direito à imagem. A 
jurisprudência norte-americana considerou que a empresa FORD tinha atuado como uma “ladra”, que 
decide “(i)f we can`t buy it, we`ll take it”, e atribuiu à lesada um montante a título de punitive damages, 
que acresceu à indenização compensatória.
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PROFESSOR RAFHAEL WASSERMAN
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 🏳 DIREITO PROCESSUAL CIVIL
QUESTÃO 2. Ricardo formulou pedido administrativo junto ao Serasa postulando a retirada de seu 
nome do cadastro de inadimplentes, sob alegação de que a inscrição fora indevida. Em resposta, 
o Serasa afirmou que excluiria o nome do requerente mediante ordem judicial. Ato contínuo, 
Ricardo deduziu pedido de tutela antecipada em caráter antecedente, com o exclusivo objetivo de 
retirar seu nome do cadastro de inadimplentes. O juiz deferiu o pedido, determinando a imediata 
exclusão do nome do autor, sob pena de cominação de multa diária. A requerida, por sua vez, 
apresentou contestação, por meio da qual declarou que o pleito não seria possível, eis que a 
dívida inscrita não correspondia àquela objeto da tutela provisória. Na sequência, o magistrado 
reconsiderou a decisão anteriormente proferida e revogou a tutela antecipada, acolhendo as 
alegações da ré e determinando o prosseguimento do feito.
A partir do caso exposto, da legislação vigente e do entendimento dos Tribunais Superiores, o 
procedimento adotado está correto? A resposta deverá ser elaborada abrangendo o tema da 
estabilização da tutela antecipada requerida em caráter antecedente. (Máximo de 30 linhas)
 🎓 MODELO DE RESPOSTA
O procedimento adotado pela requerida e aceito pelo magistrado foi admitido pelo Superior Tribunal 
de Justiça em recente julgamento, a despeito da redação do Código de Processo Civil. Segundo dispõe o 
artigo 303, caput, da Lei nº 13.105/2015, quando a urgência for contemporânea à propositura da ação, a 
parte poderá requerer a tutela antecipada de forma autônoma, desde que o faça expressamente (artigo 
303, § 5º, do CPC), indicando o pedido de tutela final (definitiva), com a exposição da lide, do direito que 
se pretende realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil do processo, bem como o valor da 
causa, considerando o pedido de tutela final (art. 303, § 4º, do CPC).
Nos termos do disposto no artigo 304 do CPC, caso seja deferido o pedido de tutela de urgência satisfativa 
(antecipada) formulada em caráter antecedente, cabe ao réu interpor recurso contra a decisão concessiva. 
Caso permaneça inerte a decisão será estabilizada, resultando na extinção do processo sem resolução do 
mérito e conservação dos efeitos da decisão antecipatória, enquanto não proposta ação autônoma para 
revisá-la, reformá-la ou invalidá-la (art. 304, § 2º, do CPC). Trata-se de situação na qual o autor se satisfaz 
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com a decisão proferida em cognição sumária e o réu não possui interesse em questioná-la. Portanto, não 
há interesse de ambas as partes no prosseguimento do feito visando à obtenção de decisão de mérito 
proferida em cognição exauriente com aptidão para gerar coisa julgada material. Optam, pois, pela 
manutenção de decisão baseada em um juízo de probabilidade, na qual, em regra, o juiz não dispõe de 
todos os elementos de convicção acerca da questão controvertida.
Ocorre que o Superior Tribunal de Justiça, em recente decisão, entendeu que a estabilização referida no 
artigo 304 deve ser interpretada de forma teológica e sistemática. Segundo a Corte Superior, a estabilização 
somente ocorrerá caso a parte contrária não resista de qualquer forma. Portanto, interposto agravo de 
instrumento ou apresentada qualquer espécie de manifestação pugnando pelo prosseguimento do feito, 
a exemplo da contestação apresentada antecipadamente ou manifestação favorável à realização de 
audiência de conciliação de mediação, a estabilização não ocorrerá. Essa interpretação pretende evitar 
a excessiva interposição de recursos, o que assoberbaria demasiadamente os Tribunais, eis que uma 
mera petição seria hábila evidenciar o interesse no prosseguimento do feito, inibindo a estabilização 
pretendida, bem como evitaria o ajuizamento de ações autônomas.
ESPELHO DE CORREÇÃO
ITEM EXIGIDO NA RESPOSTA PONTUAÇÃO TOTAL POR ITEM
Coerência da exposição 3,3
Correção gramatical e clareza 3,3
Conhecimento do tema 3,4
Acerto e fundamentação completa da questão 10,0
 💡 GABARITO COMENTADO
O tema foi escolhido por ter sido objeto de recente julgamento divulgado no Informativo nº 639 do 
Superior Tribunal de Justiça (RE nº 1.760.966/SP, de relatoria do Ministro Marco Aurélio Bellizze) e de 
artigo publicado por membro da banca do concurso (Rogéria Fagundes Dotti – “A Estabilização da Tutela 
Antecipada No CPC de 2015: A Autonomia da Tutela Sumária e a Coisa Julgada Dispensável.”), além de se 
relacionar com outro artigo da lavra da mesma integrante da banca (“Precedentes judiciais e antecipação: 
a tutela da evidência no novo CPC.”).
O problema da demora na prestação jurisdicional é tema de recorrente enfrentamento pela doutrina e 
jurisprudência pátrias, as quais buscam soluções para concretizar o artigo 5º, XXXV e LXXVIII, da Constituição 
Federal de 1988, que enunciam a garantia de acesso à Justiça e da razoável duração do processo.
Segundo defende Rogéria Fagundes Dotti, a solução das controvérsias pela via da ordinária se mostra 
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insatisfatória em determinadas situações, a exemplo das causas marcadas pela urgência para antecipação 
do direito (tutela antecipada) e naquelas que, apesar de ausente a urgência, a espera por uma decisão 
final resulta em excessiva onerosidade à parte que alega direito cuja existência é altamente provável. A 
tutela sumária autônoma surge como alternativa útil e relevante, uma vez que as partes tendem a optar 
por um deslinde ágil, justo e efetivo para o seu conflito, ao invés de uma decisão que exige um extenso 
lapso temporal, conquanto passível de formação de coisa julgada. A tutela provisória beneficia não 
apenas as partes, mas também a gestão do Poder Judiciário, que precisa lidar com um volume crescente 
de demandas, imprimindo eficiência ao sistema de distribuição de justiça. (DOTTI, Rogéria Fagundes. 
A estabilização da tutela antecipada no CPC de 2015: a autonomia da tutela sumária e a coisa julgada 
dispensável. Revista Jurídica da Escola Superior de Advocacia da OAB-PR. Ano 3 - Número 3 - Dezembro 
de 2018).
O Código de Processo Civil de 2015, no artigo 294, alterou a sistemática das tutelas provisórias, dividindo-
as em “tutela de urgência” e “tutela de evidência”. Em relação às tutelas de urgência, o legislador as 
classificou quanto à possibilidade de satisfazer ou assegurar o direito, em antecipada e cautelar, a primeira 
voltada à satisfação e a segunda à preservação (conservação). Impende destacar que a nova codificação 
unificou os requisitos para a concessão das duas modalidades de tutelas de urgência (art. 300), a saber, 
probabilidade do direito e perigo de dano ou risco ao resultado útil do processo.
As referidas decisões se baseiam em um juízo de probabilidade e têm por objetivo, nas palavras de Luiz 
Guilherme Marinoni: “(a) assegurar a tutela jurisdicional do direito ou uma situação concreta que dela 
depende (tutela cautelar; art. 300 do CPC); (b) realizar, em vista de uma situação de perigo, antecipadamente 
um direito (tutela antecipada; art. 300 do CPC); (c) realizar, quando o direito do autor surge como evidente 
e a defesa é exercida de modo inconsistente, antecipadamente um direito (tutela de evidência; art. 311 do 
CPC); ou (d) realizar, em razão das peculiaridades, de um determinado direito e em vista da demora do 
procedimento comum, antecipadamente um direito (liminares de determinados procedimentos especiais).” 
(MARINONI, Luiz Guilherme. Tutela de urgência e tutela da evidência. 2. ed. São Paulo: Thomson Reuters 
Brasil, 2018, p. 33).
Previu o legislador no parágrafo único do artigo 294 que as tutelas provisórias de urgência podem ser 
concedidas em caráter antecedente e incidental. Exclui-se, portanto, a possibilidade de tutela provisória 
de evidência em caráter antecedente. Há, porém, doutrina que defende a concessão de modo antecedente 
de tutela provisória de evidência desprovida de urgência (NEVES, Daniel Amorim Assumpção. Manual de 
direito processual civil – volume único. 9. ed. Salvador: JusPodivm, 2017, p. 486).
O Código de Processo Civil introduziu no artigo 303 a possibilidade de concessão da tutela de urgência 
satisfativa (tutela antecipada) em caráter antecedente (autonomização da tutela antecipada), inspirado 
no instituto do “réferé” do Direito francês, dispondo acerca de seu procedimento (já referido na resposta à 
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pergunta). Em caso de indeferimento do pedido, o autor poderá se resignar com a decisão, o que resultará 
na extinção do feito sem resolução do mérito (art. 303, § 1º, do CPC) ou emendá-la, no prazo de cinco 
dias. Essa decisão é impugnável, em 1º grau, por agravo de instrumento (artigo 1.015, I, do CPC). Na 
hipótese de deferimento (art. 303, § 1º, I, do CPC), caberá ao autor aditar a petição, complementando sua 
argumentação, juntando novos documentos e confirmando o pedido de tutela final (satisfativa), no prazo 
de quinze dias (o juiz poderá fixar prazo maior). O réu, por sua vez, será citado e intimado para a audiência 
de conciliação ou de mediação e, não havendo autocomposição, se iniciará o prazo para contestação 
(artigos 303, § 1º, II e III, 334 e 335, do CPC). Cumpre destacar que, concedida a antecipação dos efeitos da 
tutela, o réu será cientificado da decisão, oportunidade em que poderá interpor agravo de instrumento 
(artigo 304, caput, do CPC). Caso não o faça, a decisão se tornará estável e o processo será extinto (artigo 
304, § 1º, do CPC). Por conseguinte, a essa decisão não será atribuído o qualitativo de coisa julgada e 
seus inerentes efeitos preclusivos, uma vez que a cognição que ensejou a decisão é sumária. Ademais, os 
efeitos da decisão são estabilizados, enquanto a coisa julgada recai sobre o conteúdo da uma decisão e 
não sobre sua eficácia (DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de 
direito processual civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias, decisão, precedente, coisa 
julgada e antecipação dos efeitos da tutela. v. 2. 11. ed. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 625-626). No prazo 
de dois anos contado da ciência da decisão que extinguiu o processo, qualquer das partes poderá ajuizar 
ação autônoma perante o mesmo juízo que concedeu a tutela antecipada estabilizada visando à sua 
revisão, reforma ou invalidação (artigo 304, § 2º, 3º, 4º, 5º, do CPC). Enquanto não revista, reformada ou 
invalidada a decisão que concedeu a tutela antecipada antecedente, seus efeitos perdurarão no tempo.
Excluiu-se a possibilidade de estabilização da tutela cautelar em caráter antecedente, na medida em 
que possui usualmente a função preparatória em relação à tutela satisfativa. Significa dizer que a tutela 
cautelar se refere a outro direito que não corresponde ao próprio direito à tutela cautelar (referibilidade). 
Não sendo proposta a demanda visando à prestação da tutela satisfativa do direito (pedido principal), 
prevê o inciso I do artigo 309 do CPC que a cautelar antecedente perderá sua eficácia. Frise-se que a tutela 
de evidência, em decorrência da inexistência de modalidade autônoma, não admite estabilização.
A estabilização surge na situação em que ambas as partes se contentam com a decisão que concedeu 
a tutela antecipada, nãosendo necessário o prosseguimento do feito. Caso a parte requerida pretenda 
se insurgir contra a decisão, repise-se, deverá, nos termos do artigo 304 do CPC, interpor recurso. Na 
situação enfrentada pelo Superior Tribunal de Justiça fora deferida a tutela antecipada de modo 
antecedente postulada pela parte autora, porém a ré, ao invés de interpor recurso contra a decisão, optou 
pela apresentação de contestação. O juiz proferiu nova decisão revogando a anterior, o que ensejou a 
interposição de recurso pela parte autora. Entendeu a Corte Superior que, conquanto o supramencionado 
dispositivo legal faça expressa referência à insurgência pela via recursal, deve ser interpretado de 
forma sistemática e teleológica e, portanto, a estabilização da tutela antecipada antecedente poderá 
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ser obstada por qualquer outra manifestação do réu que demonstre a sua discordância, a exemplo 
da contestação apresentada antecipadamente pela ré, tal como no caso em questão. Evita-se assim a 
interposição excessiva de agravos de instrumento, o que sobrecarregaria os Tribunais e a propositura de 
ações autônomas (com fundamento no artigo 304, § 2º, do CPC).
Nesse mesmo sentido é a posição de Luiz Guilherme Marinoni, Sérgio Cruz Arenhart e Daniel Mitidiero: 
“É claro que pode ocorrer de o réu não interpor o agravo de instrumento, mas desde logo oferecer 
contestação no mesmo prazo – ou, ainda, manifestar-se dentro desse mesmo prazo pela realização da 
audiência de conciliação de mediação. Nessa situação, tem-se que entender que a manifestação do réu 
no primeiro grau de jurisdição serve tanto quanto a interposição do recurso para evitar a estabilização 
dos efeitos da tutela. Essa solução tem a vantagem de economizar o recurso de agravo e de emprestar a 
devida relevância à manifestação de vontade constante da contestação ou do intento de comparecimento 
à audiência. Em ambas as manifestações, a vontade do réu é inequívoca no sentido de exaurir o debate 
com o prosseguimento do procedimento.” (MARINONI, Luiz Guilherme; ARENHART, Sérgio Cruz; MITIDIERO, 
Daniel. Curso de processo civil. v. 2. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2015, p. 216 – grifos no original).
Corroboram essa posição Fredie Didier Jr., Paula Sarno Braga e Rafael Alexandria de Oliveira: “Se, no prazo 
de recurso, o réu não o interpõe, mas resolve antecipar o protocolo da sua defesa, fica afastada a sua inércia, 
o que impede a estabilização – afinal se contesta a tutela antecipada e a própria tutela definitiva, o juiz terá 
que dar seguimento ao processo para aprofundar sua cognição e decidir se mantém a decisão antecipatória 
ou não. Não se pode negar ao réu o direito a uma prestação jurisdicional de mérito definitiva, com aptidão 
para a coisa julgada.” (DIDIER JR., Fredie; BRAGA, Paula Sarno; OLIVEIRA, Rafael Alexandria de. Curso de 
direito processual civil: teoria da prova, direito probatório, ações probatórias, decisão, precedente, coisa 
julgada e antecipação dos efeitos da tutela. v. 2. 11. ed. Salvador: JusPodivm, 2016, p. 622 - grifos no 
original).
Segue ementa do RE nº 1.760.966/SP veiculada no Informativo nº 639:
RECURSO ESPECIAL. PEDIDO DE TUTELA ANTECIPADA REQUERIDA EM CARÁTER 
ANTECEDENTE. ARTS. 303 E 304 DO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL DE 2015. JUÍZO DE 
PRIMEIRO GRAU QUE REVOGOU A DECISÃO CONCESSIVA DA TUTELA, APÓS A APRESENTAÇÃO 
DA CONTESTAÇÃO PELO RÉU, A DESPEITO DA AUSÊNCIA DE INTERPOSIÇÃO DE AGRAVO DE 
INSTRUMENTO. PRETENDIDA ESTABILIZAÇÃO DA TUTELA ANTECIPADA. IMPOSSIBILIDADE. 
EFETIVA IMPUGNAÇÃO DO RÉU. NECESSIDADE DE PROSSEGUIMENTO DO FEITO. RECURSO 
ESPECIAL DESPROVIDO. 1. A controvérsia discutida neste recurso especial consiste em saber 
se poderia o Juízo de primeiro grau, após analisar as razões apresentadas na contestação, 
reconsiderar a decisão que havia deferido o pedido de tutela antecipada requerida em 
caráter antecedente, nos termos dos arts. 303 e 304 do CPC/2015, a despeito da ausência 
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de interposição de recurso pela parte ré no momento oportuno. 2. O Código de Processo 
Civil de 2015 inovou na ordem jurídica ao trazer, além das hipóteses até então previstas 
no CPC/1973, a possibilidade de concessão de tutela antecipada requerida em caráter 
antecedente, a teor do que dispõe o seu art. 303, o qual estabelece que, nos casos em que 
a urgência for contemporânea à propositura da ação, a petição inicial poderá se limitar ao 
requerimento da tutela antecipada e à indicação do pedido de tutela final, com a exposição 
da lide, do direito que se busca realizar e do perigo de dano ou do risco ao resultado útil 
do processo.2.1. Por essa nova sistemática, entendendo o juiz que não estão presentes 
os requisitos para a concessão da tutela antecipada, o autor será intimado para aditar a 
inicial, no prazo de até 5 (cinco) dias, sob pena de ser extinto o processo sem resolução de 
mérito. Caso concedida a tutela, o autor será intimado para aditar a petição inicial, a fim 
de complementar sua argumentação, juntar novos documentos e confirmar o pedido de 
tutela final. O réu, por sua vez, será citado e intimado para a audiência de conciliação ou 
mediação, na forma prevista no art. 334 do CPC/2015. E, não havendo autocomposição, o 
prazo para contestação será contado na forma do art. 335 do referido diploma processual.3. 
Uma das grandes novidades trazidas pelo novo Código de Processo Civil é a possibilidade 
de estabilização da tutela antecipada requerida em caráter antecedente, instituto 
inspirado no référé do Direito francês, que serve para abarcar aquelas situações em que 
ambas as partes se contentam com a simples tutela antecipada, não havendo necessidade, 
portanto, de se prosseguir com o processo até uma decisão final (sentença), nos termos 
do que estabelece o art. 304, §§ 1º a 6º, do CPC/2015. 3.1. Segundo os dispositivos legais 
correspondentes, não havendo recurso do deferimento da tutela antecipada requerida em 
caráter antecedente, a referida decisão será estabilizada e o processo será extinto, sem 
resolução de mérito. No prazo de 2 (dois) anos, porém, contado da ciência da decisão que 
extinguiu o processo, as partes poderão pleitear, perante o mesmo Juízo que proferiu a 
decisão, a revisão, reforma ou invalidação da tutela antecipada estabilizada, devendo se 
valer de ação autônoma para esse fim. 3.2. É de se observar, porém, que, embora o caput 
do art. 304 do CPC/2015 determine que a tutela antecipada, concedida nos termos do art. 
303, torna-se estável se da decisão que a conceder não for interposto o respectivo recurso, 
a leitura que deve ser feita do dispositivo legal, tomando como base uma interpretação 
sistemática e teleológica do instituto, é que a estabilização somente ocorrerá se não houver 
qualquer tipo de impugnação pela parte contrária, sob pena de se estimular a interposição 
de agravos de instrumento, sobrecarregando desnecessariamente os Tribunais, além do 
ajuizamento da ação autônoma, prevista no art. 304, § 2º, do CPC/2015, a fim de rever, 
reformar ou invalidar a tutela antecipada estabilizada.4. Na hipótese dos autos, conquanto 
não tenha havido a interposição de agravo de instrumento contra a decisão que deferiu o 
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pedido de antecipação dos efeitos da tutela requerida em caráter antecedente,na forma 
do art. 303 do CPC/2015, a ré se antecipou e apresentou contestação, na qual pleiteou, 
inclusive, a revogação da tutela provisória concedida, sob o argumento de ser impossível o 
seu cumprimento, razão pela qual não há que se falar em estabilização da tutela antecipada, 
devendo, por isso, o feito prosseguir normalmente até a prolação da sentença.5. Recurso 
especial desprovido. (REsp 1760966/SP, Rel. Ministro Marco Aurélio Bellizze, terceira turma, 
julgado em 04/12/2018, DJe 07/12/2018).
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PROFESSOR JOÃO GUILHERME BARBOSA ELIAS
E-mail: facocursocei@gmail.com
 🏳 DIREITO PENAL
QUESTÃO 3. MARIA possui medida protetiva em desfavor de TÍCIO, consistente em proibição de 
aproximação – distância mínima de 200 (duzentos) metros – e também de contato por qualquer 
meio de comunicação. No dia 05.04.2018, TÍCIO não só se aproximou de MARIA, como manteve 
contato com ela e a ameaçou. TÍCIO foi preso em flagrante e conduzido para a delegacia. Diante da 
situação, o delegado plantonista lavrou ADPF pelo crime previsto no art. 359, CP (desobediência 
a decisão judicial sobre perda ou suspensão de direito) e, em razão da pena prevista, arbitrou 
fiança a TÍCIO. Discorra sobre a situação mencionada. (Máximo de 30 linhas)
 🎓 MODELO DE RESPOSTA
No caso em tela, houve equívoco por parte do delegado. Isso porque, quando do descumprimento 
(05.04.2018) já estava em vigor Lei que tipifica o descumprimento de medida protetiva.
Previamente, todavia, convém destacar que, de certa forma, havia divergência se o descumprimento de 
medida protetiva poderia (ou não) configurar o delito de desobediência. Entretanto, segundo entendimento 
que se firmou no STJ, o mero descumprimento era fato atípico, visto que o delito de desobediência (art. 
359, CP) é subsidiário, configurando-se apenas quando não existir sanção específica ou não houver 
ressalva expressa no sentido da aplicação cumulativa do Código Penal. Assim sendo, considerando que a 
Lei 11.340/06 prevê outras medidas em caso de descumprimento – revisão das medidas; fixação de outras 
medidas cumulativamente; aplicação de multa coercitiva; decretação da prisão preventiva –, bem como 
não ressalva a aplicação do Código Penal, afasta-se a incidência do art. 359, CP.
Ocorre, entretanto, conforme já mencionado, que o fato foi praticado após a modificação da Lei 11.340/06, 
que passou a criminalizar o descumprimento de medida protetiva, em seu art. 24-A. Dessa forma, deveria 
o delegado de polícia ter lavrado ADPF pertinente a referido delito e também pelo crime de ameaça, que 
é independente e autônomo.
Com efeito, a tipificação da conduta de descumprimento de medida protetiva atende ao princípio da 
proporcionalidade, sobretudo na vertente de vedação à proteção insuficiente, tendo como objeto jurídico 
tutelado não só a Administração da Justiça, como também a vítima de violência de gênero, ainda que 
considerada indiretamente.
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Também houve equívoco por parte do delegado no que diz respeito ao arbitramento de fiança, 
considerando o delito correto. Com a nova tipificação (art. 24-A), somente a autoridade judiciária poderá 
arbitrar fiança (reserva de jurisdição). Inclusive, referida restrição à fixação de fiança, aliada à necessidade 
de realização de audiência de custódia, pode servir como oportunidade para realização de admoestação 
verbal do custodiado, de modo a imprimir maior eficácia às medidas já fixadas, assim como evitar o 
cárcere, medida drástica que deve ser utilizada apenas quando inexistir outros meios.
Por fim, conforme entendimento doutrinário, o novo delito pode ser classificado como próprio, pois 
somente quem deva observância às medidas protetivas pode praticá-lo, e formal, de modo que a 
consumação se dá independente de resultado naturalístico.
 💡 GABARITO COMENTADO
O tema proposto guarda relação com uma das examinadoras da banca, que atuou muitos anos no Juizado 
Especial de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher de Curitiba.
Segundo a juíza de direito substituta em segunda grau LUCIANE BORTOLETO2, “A lei n. 11.340/06, que trata 
da coibição da violência doméstica e familiar contra a mulher, modificou os paradigmas no enfrentamento 
da violência, incorporando a perspectiva de gênero no tratamento legal das desigualdades, assim como 
a ótica preventiva, integrada e multidisciplinar a respeito do tema”.
Ainda, referida juíza ressalta que “a Lei Maria da Penha, em sua essência, exige dos operadores do Direito 
o desenvolvimento de competência que extrapolam a sua formação e a interação com profissionais de 
outras áreas que atuam com as partes envolvidas no contexto da violência, ou seja, vítimas, agressores, 
filhos e demais familiares que a vivenciam, municiando o processo dos elementos que excedem os limites 
da atuação jurídica”.
Em outra ocasião (participação do FONAVID3), referida magistrada destacou o número de conflitos 
judicializados envolvendo a violência doméstica, assim como a necessidade de aplicação da lei com rigor 
e de forma imediata (art. 11, inciso I, LMP). Ademais, ressaltou como objetivo da medida protetiva de 
urgência a proteção emergencial da vítima, de modo a resguardá-la de qualquer risco.
Recomenda-se, ainda, a leitura dos artigos selecionados, assim como a oitiva da entrevista concedida 
pela magistrada LUCIANE BORTOLETO, que compõe a banca examinadora do concurso vigente.
Em trabalho elaborado pelo MPPR, o crime previsto no art. 24-A, LMP, “também deve ser considerado 
uma forma de violência psicológica (stalking). Há dupla objetividade jurídica concomitante: a autoridade 
2 https://revistas.unifacs.br/index.php/redu/article/viewFile/2308/1691
3 http://www.amapar.com.br/images/mp3/JPT07122015.mp3
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da decisão judicial e a incolumidade psicológica da mulher”4.
Por oportuno, no caso do feminicídio, a circunstância de descumprimento de medida protetiva funciona 
como causa de aumento de pena (1/3 até metade). Destarte, se o homicídio foi praticado descumprindo 
medidas protetivas, incidirá referida causa de aumento.
Acerca da “audiência de admoestação/advertência”, esta tem por objetivo evitar o recolhimento precoce 
do agressor no cárcere. Todavia, tal hipótese tem sido utilizada em casos em que não há gravidade. Com 
isso, designa-se audiência, na qual o agressor é admoestado verbalmente pelo Juiz, inclusive para o fim 
de sanar eventuais dúvidas e também, de certa forma, orientá-lo acerca de temas comumente pendente 
entre o (ex) casal, a exemplo da partilha de bens, guarda e alimentos de filhos, etc.
Nos casos em que há descumprimento da medida, mas não há gravidade acentuada, eu tenho designado 
referida audiência, para data bem próxima da notícia de descumprimento (em torno de 48horas), ocasião 
em que há advertência ao representado sobre as medidas protetivas, assim como advertência em relação 
a novo descumprimento. A medida tem se mostrado eficaz, evitando o cárcere preventivo, que fica restrito 
às hipóteses excepcionais. Vale destacar, ademais, que o delito de lesão corporal e ameaça no âmbito 
familiar possuem reprimendas baixas (03 meses e 01 mês, respectivamente), de modo que a imposição de 
prisão preventiva para os casos gera, na maioria das vezes, a segregação do acusado por tempo superior 
à própria pena definitiva (mesmo cumprindo os atos em prazos exíguos, a sentençade 1º grau é proferida 
em torno de 60 a 90 dias após a prisão).
Acerca do tema (incidência da LMP), houve recente julgamento proferido pelo STJ, no REsp 1.490.974-
RJ, em relação à (não) incidência da LMP em caso de estupro de vulnerável praticado pelo pai contra a 
filha. De forma sucinta, o relator, em decisão monocrática, confirmou o afastamento da LMP, firmando o 
entendimento que o fator determinante da prática delitiva foi a tenra idade da vítima e não a violência 
de gênero. Em decisão monocrática, o relator aduziu: “Lei 11.340/2006 (Lei Maria da Penha), cujo escopo 
foi proteger o gênero feminino, máxime no campo do lar e da família, contra agressões físicas ou morais, 
causadas por vetusta cultura patriarcal e machista; e com esteio em uma suposta inferioridade da mulher 
em esferas diversas, transcendendo força física; isso, até porque, por experiência judicatória e leiga, é 
sabido que mulheres, apesar de poderem de fato resistir aos homens agressores, não o fazem diante 
de um inconsciente coletivo de submissão, resultante de tal negativa cultura. Desnecessidade de maior 
dissertação no concernente. No entanto, igual vulnerabilidade dos gêneros, no que toca às crianças em 
atinência aos abusos e agressões em geral, praticadas por adultos, especialmente por homens. Na espécie, 
imputado ao pai a prática de uma série de atos libidinosos contra a filha, entre os 04 e 06 anos de idade. 
Não prevalência do gênero, o qual, em tais casos, é superado por condição infantil. Entendimento 
4 http://www.criminal.mppr.mp.br/arquivos/File/O_novo_crime_de_descumprimento_de_medidas_protetivas_de_urgencia_
Artigo_3.pdf
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oposto, que acarreta, por absurdo, desmembramento de feitos, em que, por exemplo, um pai seja acusado 
de abusar de filho e de filha, em faixa etária semelhante; ficando ocaso do primeiro, ao encargo de juízo 
criminal comum; e o da segunda, ao encargo do citado juizado especial; o que até ocasiona possibilidade 
de julgados conflitantes, gerando insegurança e lesando a imagem do Judiciário ante as pessoas comuns 
do povo”. (...) Assim, para o Tribunal de origem, deve prevalecer, para fins de fixação da competência, a 
vulnerabilidade própria da criança, reconhecida na Constituição Federal e no Estatuto da Criança e do 
Adolescente, afastando-se, neste caso, o disposto na Lei n. 11.340/2006, ainda que a vítima seja do sexo 
feminino. Esta Corte, sobre o tema ora em exame, assentou que, “para que a competência dos Juizados 
Especiais de Violência Doméstica seja firmada, não basta que o crime seja praticado contra mulher 
no âmbito doméstico ou familiar, exigindo-se que a motivação do acusado seja de gênero, ou que a 
vulnerabilidade da ofendida seja decorrente da sua condição de mulher” (AgRg no AREsp n. 1.020.280/
DF, relator Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 23/8/2018, DJe31/8/2018). Portanto, não 
basta a condição da vítima de ser mulher. Reclama-se, outrossim, que a “vulnerabilidade da ofendida 
seja decorrente da sua condição de mulher”, situação que não se conforma ao caso em exame, pois é 
inequívoco que essa condição decorre, precipuamente, de sua tenra idade”.
Vale destacar, de igual forma, que a LMP é considerada pela doutrina como uma forma de ação 
afirmativa do Estado, calcada no princípio da isonomia entre homens e mulheres (redução/amenização 
da desigualdade/discriminação). Assim, tem por objetivo “compensar desigualdades históricas entre 
os gêneros masculino e feminino, de modo a estimular a inserção e inclusão desse grupo socialmente 
vulnerável nos espaços sociais, promovendo-se, assim, a tão desejada isonomia constitucional entre homens 
e mulheres”.
Com efeito, a LMP foi concebida para tutelar a mulher que se encontra em situação de vulnerabilidade 
no âmbito de uma relação doméstica, familiar ou íntima de afeto. Portanto, a interpretação de todo e 
qualquer dispositivo deve se dar em favor de quem foi prevista a proteção do legislador – a mulher.
Destaca-se, também, os enunciados de Súmula do STJ - Súmula 589: É inaplicável o princípio da 
insignificância nos crimes ou contravenções penais praticados contra a mulher no âmbito das relações 
domésticas; Súmula 600 - Para a configuração da violência doméstica e familiar prevista no artigo 5º 
da Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha) não se exige a coabitação entre autor e vítima. (Súmula 600, 
TERCEIRA SEÇÃO, julgado em 22/11/2017, DJe 27/11/2017).
Ademais, interessante a leitura da notícia, na qual veicula um panorama acerca das decisões proferidas 
em relação à LMP:
http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3o/noticias/Not%C3%ADcias/
A-jurisprud%C3%AAncia-do-STJ-nos-11-anos-da-Lei-Maria-da-Penha
Destaca-se, por fim, julgados interessantes da matéria:
http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3o/noticias/Not%C3%ADcias/A-jurisprud%C3%AAncia-do-STJ-nos-11-anos-da-Lei-Maria-da-Penha
http://www.stj.jus.br/sites/STJ/default/pt_BR/Comunica%C3%A7%C3%A3o/noticias/Not%C3%ADcias/A-jurisprud%C3%AAncia-do-STJ-nos-11-anos-da-Lei-Maria-da-Penha
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PENAL. PROCESSUAL PENAL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. 
LESÃO CORPORAL. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA. ART. 129, § 9º DO CP. RELAÇÃO ÍNTIMA DE AFETO. 
INCIDÊNCIA DA LEI N. 11.340/2006. I - O entendimento exposto no v. acórdão a quo está de 
acordo com a jurisprudência desta Corte Superior firmada no sentido de que “[a] mulher 
possui na Lei Maria da Penha a proteção acolhida pelo país em direito convencional de 
proteção ao gênero, que independe da demonstração de concreta fragilidade, física, 
emocional ou financeira” (AgRg no RHC n. 74.107/SP, Sexta Turma, Rel. Min. Nefi Cordeiro, 
DJe de 26/09/2016). (...) (AgRg no AREsp 1361642/SP, Rel. Ministro FELIX FISCHER, QUINTA 
TURMA, julgado em 12/03/2019, DJe 19/03/2019)
PENAL E PROCESSO PENAL. HABEAS CORPUS SUBSTITUTO DE RECURSO ORDINÁRIO. 
ESTUPRO DE VULNERÁVEL. CRIME PRATICADO POR PADRASTO CONTRA ENTEADA. 
APLICABILIDADE DA LEI MARIA DA PENHA. CARACTERIZAÇÃO DA AÇÃO BASEADA NO GÊNERO. 
WRIT NÃO CONHECIDO. (...) 2. Para incidência da Lei Maria da Penha, é necessário que a 
violência doméstica e familiar contra a mulher decorra de: (a) ação ou omissão baseada 
no gênero; (b) no âmbito da unidade doméstica, familiar ou relação de afeto; decorrendo 
daí (c) morte, lesão, sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou patrimonial. 
3. A definição do gênero sobre o qual baseada a conduta comissiva ou omissiva decorre do 
equivocado entendimento/motivação do sujeito ativo de possuir “direitos” sobre a mulher 
ou de que ela lhe pertence, evidenciando vulnerabilidade pela redução ou nulidade da 
autodeterminação, caracterizando-se, assim, conduta baseada no gênero para efeitos da 
Lei n. 11.340/2006. (HC 349.851/SP, Rel. Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA, julgado 
em 28/11/2017, DJe 04/12/2017)
DIREITO PROCESSUAL PENAL. COMPETÊNCIA PARA PROCESSAR E JULGAR AÇÃO PENAL 
REFERENTE A SUPOSTO CRIME DE AMEAÇA PRATICADO POR NORA CONTRA SUA SOGRA. É 
do juizado especial criminal — e não do juizado de violência doméstica e familiar contra 
a mulher — a competência para processar e julgar ação penal referente a suposto crime 
de ameaça (art. 147 do CP) praticado por nora contra sua sogra na hipótese em que não 
estejam presentes os requisitos cumulativos de relação íntima de afeto, motivação de 
gênero e situação de vulnerabilidade. Isso porque, para a incidência da Lei 11.340/2006, 
exige-se a presença concomitante desses requisitos. De fato, se assim não fosse, qualquer

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