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Vascularização encefálica e Córtex cerebral O Sistema Nervoso é formado de estruturas nobres e altamente especializadas que exigem, para seu metabolismo, um suprimento permanente e elevado de glicose e oxigênio. • O fluxo sanguíneo cerebral é muito elevado, sendo superado apenas pelo do rim e do coração. • Embora o encéfalo represente apenas 2% da massa corporal, ele consome 20% do oxigênio disponível e recebe 15% do fluxo sanguíneo, refletindo a alta taxa metabólica do tecido nervoso. ⌂ Verificou-se que o fluxo sanguíneo na substância cinzenta é maior do que na branca. ⌂ • Embora o fluxo sanguíneo total do SN seja mantido basicamente constante, em cada região ele varia um pouco de acordo com a atividade neural. Organização do Sistema Arterial que irriga o SNC Existem três vias de entrada: 1. Via anterior ou carotídea – que irriga os hemisférios cerebrais e o tronco encefálico; 2. Via posterior ou vertebrobasilar – compartilha com as carótidas a irrigação do tronco encefálico e encarrega-se também da medula espinhal; 3. Via sistêmica – irriga a medula por anastomose coma via posterior; As grandes artérias que constituem as três vias têm trajetos mais ou menos consistentes em todos os indivíduos, e ao longo desse trajeto emitem numerosos ramos. Alguns deles são superficiais, cobrem a superfície externa do encéfalo e da medula, gerando finalmente arteríolas que se aprofundam no tecido e se abrem na rede capilar. Outros ramos são profundos, orientando-se para as estruturas internas do encéfalo, como os núcleos da base, diencéfalo e outras. • Tanto a via anterior quanto a posterior originam-se da aorta ou de seus primeiros ramos dos quais emergem em cada lado do pescoço uma artéria carótida comum e uma vertebral. Enquanto as vertebrais penetram diretamente no crânio pelo forame magno junto à medula (via posterior), as carótidas comuns dividem-se na parte mais alta do pescoço, cada uma delas em uma carótida interna e uma externa. • As internas vão constituir a via anterior de irrigação arterial do encéfalo, penetrando no crânio através dos forames carotídeos, enquanto as externas vão irrigar os tecidos extracranianos. Via anterior (ou carotídea) • Formada pelas carótidas internas e por seus ramos. Atravessam a dura-máter, próximo à base do encéfalo, na altura do quiasma óptico. Daí, a rede arterial carotídea distribui-se no espaço subaracnóideo, dividindo-se em ramos sucessivamente menos calibrosos que logo penetram entre os sulcos rumo às estruturas internas (ramos profundos) ou se estendem pela superfície (ramos superficiais). Na base do encéfalo, cada carótida interna se divide em dois ramos maiores e um menor. Os dois maiores são as artérias cerebrais anterior e posterior, e o ramo menor é a artéria comunicante posterior. Enquanto as cerebrais, em cada lado, irrigam grandes extensões dos hemisférios cerebrais, as comunicantes são curtas e emitem poucos ramos, sendo na verdade anastomoses que comunicam a via anterior com a posterior. Via posterior (ou vertebrobasilar) • É formada pelas duas artérias que, depois de penetrar no crânio pelo forame magno, unem-se na altura do bulbo para formar uma artéria única chamada basilar. Das artérias vertebrais, emergem bilateralmente ramos que se dirigem para baixo e irrigam a medula, e Quedas na concentração de glicose e oxigênio no sangue circulante ou, por outro lado, a suspensão do afluxo sanguíneo ao encéfalo, não são toleradas além de um período muito curto. A parada da circulação cerebral por mais de dez segundos leva o indivíduo à perda da consciência. Após cerca de cinco minutos, começam a aparecer lesões irreversíveis pois, a maioria das células nervosas não se regeneram. uma das artérias que irrigam o cerebelo. Da basilar emergem de cada lado duas artérias cerebelares e várias artérias pontinas. A basilar termina bifurcando-se em duas artérias cerebrais posteriores, que irrigam amplas áreas posteriores dos hemisférios cerebrais. → São as cerebrais posteriores que se unem às artérias comunicantes posteriores, mencionadas antes. As vias de irrigação arterial do SN apresentam poucas anastomoses, em relação ao que ocorre em outros órgãos. Entretanto, essas poucas anastomoses representam as únicas alternativas para manter irrigada uma região – pelo menos parcialmente – quando a sua artéria principal sofre algum tipo de obstrução. A principal estrutura anastomótica é o chamado círculo da base do encéfalo ou Polígono de Willis. O Polígono é formado pelas artérias cerebrais anteriores, conectadas pela comunicante anterior, e pelas carótidas internas, conectadas com as cerebrais posteriores pelas comunicantes posteriores. A comunicante anterior conecta a circulação de ambos os lados, enquanto as comunicantes posteriores anastomosam a via anterior com a posterior. Territórios de irrigação arterial • Os hemisférios cerebrais são irrigados pelas artérias cerebrais (anteriores, médias e posteriores). Em cada lado, a cerebral anterior emerge da carótida interna em direção rostral, próximo à linha média. Insere-se no sulco inter-hemisférico e contorna o joelho do corpo caloso para trás, deixando no trajeto vários ramos que irrigam as faces medial e dorsal do córtex cerebral. A artéria cerebral média emerge da carótida interna em sentido lateral e se aloja no sulco lateral, reaparecendo lateralmente na superfície externa do encéfalo, onde se ramifica para baixo e para cima, irrigando toda a face lateral do lobo temporal, a face dorsolateral dos lobos frontal e parietal e o lobo da ínsula. Finalmente a artéria cerebral posterior origina-se da basilar, contorna o tronco encefálico e se ramifica profusamente por toda a superfície medial e lateral do lobo occipital. • Os núcleos da base e o diencéfalo são irrigados pelos ramos profundos das três artérias cerebrais e por um ramo que emerge diretamente da carótida interna, a artéria coróidea anterior, que também irriga parte do hipocampo. • A retina e o nervo óptico são irrigados por um outro ramo da carótida, a artéria oftálmica. • O mesencéfalo e o tronco encefálico são alimentados pelas artérias que constituem a via posterior. Barreira hematoencefálica O sangue que chega aos capilares neurais encontra neles uma característica que os diferencia radicalmente dos capilares dos demais órgãos: uma barreira que seleciona com rigor o que pode e o que não pode passar do sangue para o parênquima neural e vice-versa. A barreira hematoencefálica, é um obstáculo eficiente à penetração de substâncias potencialmente tóxicas ao tecido nervoso, sem no entanto impedir a entrada de substâncias nutrientes e outras com papel funcional na fisiologia do tecido nervoso. Drenagem venosa Não é uma tarefa difícil, já que o encéfalo e grande parte da medula situam-se acima do coração, podendo a drenagem venosa ser favorecida pela ação da gravidade. Aliás, é por isso que a parede das veias do SN é geralmente fina e quase sem musculatura lisa. O sangue dos capilares é coletado pelas vênulas do parênquima; estas vão se reunindo em veias mais calibrosas – superficiais ou profundas – que levam o sangue a um conjunto de estruturas tubulares formadas pelas meninges, conhecidas como seios venosos. ⌂ A existência dos seios venosos parece ter sido uma solução engenhosa da natureza para acoplar à drenagem venosa a eliminação do líquor, que é feita através das células das vilosidades aracnóideas. ⌂ → Os seios venosos recebem, assim, tanto sangue venoso que emerge da rede capilar que irrig o encéfalo, como o líquor que flui pelos ventrículos e o espaço subaracnóideo. Sistema venoso superficial Constituído por veias que drenam o córtex e a substânciabranca subjacente, anastomosam-se amplamente na superfície do cérebro, onde formam grande troncos venosos, as veias cerebrais superficiais, que desembocam nos seios da dura- máter. Distinguem-se veias cerebrais superficiais superiores e inferiores. Veias superficiais superiores – provêm da face medial e da metade superior da face dorsolateral de cada hemisfério, desembocando no seio sagital superior. Veias superficiais inferiores – provêm da metade inferior da face dorsolateral de cada hemisfério e de sua face inferior, terminando nos seios da base (petroso superior e cavernoso) e no seio transverso. → A principal veia superficial inferior é a veia cerebral média superficial, que percorre o sulco lateral e termina, em geral, no seio cavernoso. Sistema venoso profundo Compreende as veias que drenam o sangue de regiões situadas profundamente no cérebro, tais como: corpo estriado, cápsula interna, diencéfalo e grande parte do centro branco medular do cérebro. → A mais importante veia é a cerebral magna ou veia de Galeno, para qual converge quase todo o sangue do sistema venoso profundo do cérebro. A veia cerebral magna é um curto tronco venoso ímpar e mediano, formado pela confluência das veias cerebrais internas, logo abaixo do esplênio do corpo caloso, desembocando no seio reto. Suas paredes muito finas são facilmente rompidas, o que às vezes ocorre em recém-nascidos como resultado de traumatismos da cabeça durante o parto. Córtex cerebral • Fina camada de células sob a superfície do cérebro é o córtex cerebral. Lobo temporal – localizado na ponta do “corno” logo abaixo do osso temporal(têmpora) do crânio. Lobo frontal – localizado na porção anterior do cérebro que se encontra sob o osso frontal, da fronte. Lobo parietal – a partir da borda posterior do lobo frontal, marcado a partir do sulco central; Fica sob o osso parietal. Lobo occipital – caudal ao parietal, na parte posterior do cérebro sob o osso occipital. → Evidências clínicas e experimentais indicam que o córtex é o local da capacidade ímpar de raciocínio e de cognição do ser humano. Sem o córtex cerebral, uma pessoa seria cega, surda, muda e incapaz de iniciar o movimento voluntário. A ínsula é uma porção oculta do córtex cerebral que pode ser visualizada pelo afastamento delicado das margens da fissura lateral. ⌂A ínsula limita e separa os lobos temporal e frontal⌂ Sulcos, giros e fissuras • As fendas na superfície do cérebro são chamadas de sulcos, e as saliências, de giros. Os sulcos e os giros são o resultado da grande expansão da área da superfície do córtex cerebral durante o desenvolvimento fetal humano. O giro Pós-central está situado imediatamente posterior ao sulco central, ao passo que o giro pré- central se situa anterior a este. Áreas corticais sensoriais, motoras e associativas Áreas sensitivas – recebem informações sensitivas e estão envolvidas com a percepção, ato de ter consciência de uma sensação; Áreas motoras – controlam a execução de movimentos voluntários; Áreas associativas – lidam com funções integradoras mais complexas, tais como memória, emoções, raciocínio, vontade, juízo crítico, traços de personalidade e inteligência. Áreas sensitivas Os impulsos sensitivos chegam principalmente à metade posterior de ambos os hemisférios cerebrais, em regiões atrás do sulco central. No córtex cerebral, as áreas sensitivas primárias recebem informações sensoriais que foram transmitidas por receptores sensitivos primários de regiões inferiores do encéfalo. Áreas de associação sensitiva geralmente estão próximas às áreas primárias. As áreas de associação sensitiva integram informações sensitivas para gerar padrões adequados de reconhecimento e percepção. Área somatossensitiva primária (áreas 1,2 e 3) Situa-se diretamente posterior ao sulco central de cada hemisfério, no giro pós-central de cada lobo parietal. Ela se estende do sulco cerebral lateral, ao longo da face lateral do lobo parietal em direção à fissura longitudinal, onde então se projeta ao longo da face medial do lobo parietal. → A área somatossensitiva primária recebe impulsos de tato, pressão, vibração, prurido, cócegas, temperatura (frio e calor), dor e propriocepção (posição de articulações e músculos), bem como está envolvida na percepção destas sensações somáticas. ⌂ Um “mapa” do corpo inteiro está presente nesta área: cada ponto dela recebe impulsos de uma parte específica do corpo.⌂ → A área somatossensitiva primária permite que você identifique onde se originam as sensações somáticas, de modo que você saiba exatamente em que parte do seu corpo você dará um tapa naquele mosquito chato. • Área visual primária (área 17), localizada na parte posterior do lobo occipital, especialmente sobre sua face medial (próximo a fissura longitudinal); está envolvida com a percepção visual; • Área auditiva primária (áreas 41 e 42), situada na parte superior do lobo temporal, próxima ao sulco cerebral lateral; está relacionada com a percepção auditiva; • Área gustativa primária (área 43), localizada na base do giro pós-central, superior ao sulco cerebral lateral no córtex parietal; está envolvida com a percepção gustativa e com a discriminação de gostos; • Área olfatória primária (área 28), situada na face medial do lobo temporal (e por isso não visualizada); está envolvida com a percepção olfatória. Áreas motoras As eferências motoras do córtex cerebral se originam principalmente da parte anterior de cada hemisfério cerebral. • Área motora primária (área 4), está localizada no giro pré-central do lobo frontal. ⌂ Assim como na área somatossensitiva primária, um “mapa” de todo o corpo está presente na área motora primária: cada região controla as contrações voluntárias de músculos específicos ou de grupos musculares. ⌂
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