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Paciente C.S.C.S, 42 anos, masculino, engenheiro ambiental, proveniente de Luís Correia (PI) chega à Unidade Básica de Saúde (UBS) relatando fortes dores torácicas ventilatório-dependentes, febre de 38º, cefaléia, linfonodomegalia. No momento, paciente foi medicado com dipirona sódica e prescrito repouso por uma semana quando então deveria retornar para reavaliação. No dia seguinte, apresentava diminuição gradual das dores torácicas com manutenção dos outros sintomas, sendo então regulado para o Hospital Geral da cidade. Foi realizado ECG que evidenciou complexos QRS de baixa amplitude em derivações precordiais, além de ecocardiograma que evidenciou derrame pericárdico importante. Exames Solicitados: Anticorpos IgM Anti-T. cruzi. Gota espessa para Chagas. Elisa para Leishmaniose Visceral. Elisa IgM para Hantavirose. AgHBS, Anti- VHC. Resultados dos Exames Solicitados: Anticorpos IgM Anti-T. cruzi positivo, Gota espessa para Chagas revela parasitas T. cruzi. Elisa para Leishmaniose Visceral sem resultado para LV, Elisa IgM para Hantavirose negativo, AgHBS negativo, Anti-VHC negativo. a) Quail (is) a (s) possível (is) condição (ões) ambientais poderiam evidenciar o caso positivo para o diagnóstico? Paciente mora ou viajou recentemente para região endêmica, habita em casas de pau a pique ou barro, recebeu transfusão de órgãos ou sangue. b) Quais sinais/sintomas poderiam ter alertado o profissional para inferir o acometimento por doença de Chagas ? Apresentação do Sinal de Romaña, que se caracteriza por edema peripalpebral unilateral, congestão conjuntival, linfadenite satélite, com linfonodos pré-auriculares e submandibulares aumentados de volume, palpáveis, celulite do tecido periorbitário e palpebral e presença de parasitos gorduroso intra e extra celulares em abundância; ou do Chagoma de inoculação, inflamação aguda local na derme e na hipoderme, no ponto de inoculação do parasito. Ademais, pode apresentar febre, edema localizado e generalizado, poliadenia, hepatomegalia, esplenomegalia e, às vezes, insuficiência cardíaca e perturbações neurológicas. c) Qual o mecanismo de patogenicidade das formas infectantes no hospedeiro? O inseto vetor elimina a forma tripomastigota metacíclica e entra em contato com mucosas ou regiões lesadas da pele desses hospedeiros. Estas formas são altamente infectantes, podendo invadir os primeiros tipos celulares que encontram, que podem ser macrófagos, fibroblastos ou células epiteliais, entre outras e ocorre proliferação intracelular e liberação de formas tripomastigotas, bem como algumas formas intermediária e amastigotas (estas últimas em menor proporção) no espaço intercelular. – Estas formas podem invadir novas células localizadas no sítio de infecção, mas podem atingir a corrente circulatória e atingir todos os tecidos do hospedeiro, onde vão invadir os mais diferentes tipos celulares. A interação entre o parasito e a célula hospedeira ocorre em três fases: • Adesão celular: Contato membrana-membrana • Interiorização: ocorre a formação de pseudópodes e a consequente formação do vacúolo fagocitano. • Fenômenos intracelulares: As formas epimastigotas são destruídas dentro do vacúolo fagocitário (fagolisossoma) e os tripomastigotas sobrevivem resistindo as ações das enzimas lisossômicas e desenvolvendo-se livremente no citoplasma da célula, onde se transformam em arnastigotas (três horas após a interiorização). d) Quanto ao tratamento para doença de Chagas , quais drogas são usadas como 1ª e 2ª escolha? A terapêutica da doença de Chagas continua parcialmente ineficaz, pois nenhuma consegue suprimir a infecção pelo T. cruzi e promover uma cura definitiva em todos pacientes tratados. O tratamento etiológico para a doença de Chagas está restrito a duas drogas nitroheterocíclicas: Benzonidazol e Nifurtimox. O Benzonidazol é indicado para agir contra formas sanguíneas com dose de 5 a 8 mg/kg/dia durante até 60 dias. O Nifurtimox é indicado para agir contra as formas sanguíneas e parcialmente contra as formas teciduais com dose de 8 a 12 mg/kg/dia durante até 90 dias. e) O teste denominado gota espessa é evidenciado por encontrar determinadas formas do parasito. Quais formas podem ser encontradas em tal exame? Quais suas características morfológicas? Quais outras formas o parasito pode apresentar-se? Tipomastígota sanguícola, Apresenta flagelo e membrana ondulante em toda a extensão lateral do parasito. O cinetoplasto se localiza na extremidade posterior do parasito. Esse estágio evolutivo está presente na fase aguda da doença. É altamente infectante, e pode ser encontrada: no inseto vetor (porção posterior do intestino, no reto); sangue e espaço intercelular dos hospedeiros vertebrados; culturas de células infectadas. Outras formas do parasito são os amastigotas, encontrados na fase intracelular e não possuem flagelo funcional, e os epimastígotas, encontrados no tubo digestivo do vetor, não é infectante para os vertebrados, tem forma fusiforme e apresenta o cinetoplasto junto ao núcleo, possuem flagelo e membrana ondulante. f) Quais outros exames laboratoriais podem diagnosticar/corroborar com a a análise clínica feita pelo profissional ? Os testes de concentração (micro-hematócrito ou Strout) apresentam 80 a 90% de positividade e são recomendados no caso de forte suspeita de doença de Chagas aguda e negatividade do teste direto a fresco. Em casos sintomáticos por mais de 30 dias, devem ser os testes de escolha, uma vez que a parasitemia começa a declinar. Dentre os métodos parasitológicos indiretos, destaca-se o xenodiagnóstico, em que é retirada uma amostra de sangue do paciente e coloca-se em bolsa de látex (preservativos), com sistema de aquecimento externo que simula a temperatura do corpo humano, onde os barbeiros livres de infecção são postos para alimentarem-se. Então, a partir da análise dos barbeiros pode- se verificar a presença do T. cruzi. g) Dentro do contexto da patologia, quais medidas podem ser usadas no controle do parasito e vetor? A profilaxia da doença de Chagas está intimamente ligada a melhoria das condições de vida dos moradores de zonas endêmicas, bem como a modificação do hábito secular de destruição da fauna e da flora. Podem ser ressaltadas também como medidas profiláticas: • Uso de inseticidas • Melhores condições de habitações • Educação sanitária • Tratamento dos doentes • Controle da transmissão congênita • Controle dos doadores de sangue h) Os exames solicitados evidenciam a presença do vetor ou do agente etiológico? O que são parasitos heteróxenos? Agente etiológico. Parasitos heteróxenos são aqueles parasitos que precisam de mais de um hospedeiro para completar seu ciclo biológico, sempre na mesma sequência e nas mesmas fases. i) Quais complicações, a patologia traz ao sistema cardiovascular e digestório? Cardíaca - Na cardiopatia chagásica crônica sintomática, o fato clínico principal é a insuficiência cardíaca congestiva (ICC) e isto se deve a diminuição da massa muscular que se encontra muito destruida devido a substituição por áreas de fibrose interrompendo fibras e fascículos; a destruição do SNA simpático e parassimpático e ao próprio exsudato inflamatório em atividade são os responsáveis pelos sintomas. Outro fator responsável pelas arritmias é a lesão vorticilar ou aneurisma de ponta, ou seja, uma lesão encontrada no ápice dos ventrículos, na qual há pobreza de células musculares com consequente herniação do endocárdio. Digestiva – Mais comum são as alterações morfológicas e funcionais importantes, como, por exemplo, a incoordenação motora (aperistalse, discinesia) caracterizando o megaesôfago e o megacólon. No megaesôfago, os principais sintomas são: disfagia, odinofagia, dor retroesternal, regurgitação, pirose, soluço, tosse e sialose.O megacólon compreende as dilatações dos cólons (sigmóide e reto) e são mais frequentes depois da do esôfago. O sintoma mais comum é a obstipação. As complicações mais graves do megacólon são a obstrução intestinal e a perfuração, esta levando à peritonite.
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