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JOEL NERES DE SOUZA – PSE/UFAM 2020 Embora todas as etapas envolvidas na expressão de um gene possam em princípio ser reguladas, para a maioria dos genes a iniciação da transcrição do RNA é o ponto de controle mais importante. INTRODUÇÃO Organismo multicelular diferem drasticamente, tanto em estrutura como em função Regulação da expressão gênica é o processo fundamental que controla o desenvolvimento de organismos multicelulares Quando a expressão gênica não é controlada corretamente, as propriedades celulares são alteradas, processo que frequentemente leva ao desenvolvimento de tumores. A síntese de mRNA necessita que uma RNA-polimerase inicie a transcrição (iniciação), polimerize os ribonucleotídeos trifosfatos complementares à fita codificante de DNA (elongação) e, então, termine a transcrição (terminação) A EXPRESSÃO GÊNICA PODE SER REGULADA EM MUITAS ETAPAS NO CAMINHO QUE VAI DO DNA AO RNA E ATÉ A PROTEÍNA Uma célula pode controlar as proteínas que produz (1) controlando quando e como um determinado gene e transcrito (controle transcricional) (2) controlando como o transcrito de RNA e submetido a splicing ou e processado (controle do processamento de RNA), (3) selecionando quais mRNAs completos sao exportados do núcleo para o citoplasma e determinando onde no citoplasma eles ficam localizados (controle do transporte e da localização de RNA), (4) selecionando quais mRNAs no citoplasma sao traduzidos pelos ribossomos (controle traducional), (5) desestabilizando seletivamente certas moléculas de mRNA no citoplasma (controle da degradação do mRNA) (6) ativando, inativando, degradando ou compartimentalizando seletivamente moléculas de proteína especificas após a sua produção (controle da atividade proteica) CONTROLE DA TRANSCRIÇÃO POR PROTEÍNAS DE LIGAÇÃO AO DNA DE SEQUÊNCIA ESPECÍFICA Como célula determina quais dos seus milhares de genes devem ser transcritos? baseado em um grupo de proteínas conhecidas como reguladores da transcrição (ou transcricionais). Essas proteínas reconhecem sequencias especificas de DNA, as sequências reguladoras cis-atuantes, onde se localizam os genes que elas controlam. As células reconhecem essas regiões baseadas na própria estrutura molecular do DNA REGULADORES DA TRANSCRIÇÃO CONTÊM MOTIVOS ESTRUTURAIS QUE PODEM LER SEQUÊNCIAS DE DNA Cada regulador transcricional faz um grande número de contatos com o DNA, envolvendo ligações de hidrogênio, ligações iônicas e interações hidrofóbicas. Portanto, um dado motivo estrutural pode ser usado para reconhecer muitas sequencias reguladoras cis-atuantes dependendo das cadeias laterais especificas presentes. Como o sulco maior e mais amplo e possui mais informações moleculares que o sulco menor, praticamente todos os reguladores transcricionais realizam a maioria dos seus contatos com o sulco maior Esses motivos geralmente usam α-hélices ou β-folhas para se ligarem ao sulco maior do DNA. As cadeias laterais dos aminoácidos que se estendem a partir desses motivos proteicos realizam os contatos específicos com o DNA ALGUNS MOTIVOS ESTRUTURAIS QUE PODEM LER SEQUÊNCIAS DE DNA Construído a partir de duas α-hélices (azul e vermelha) conectadas por uma pequena cadeia estendida de aminoácidos, que constitui a “volta”. As duas hélices são mantidas em um ângulo fixo, principalmente por meio de interações entre as duas hélices. A hélice mais C-terminal (em vermelho) é denominada hélice de reconhecimento porque ela se encaixa no sulco maior do DNA; JOEL NERES DE SOUZA – PSE/UFAM 2020 PROTEÍNAS DE RECONHECIMENTO DE DNA CONTENDO FOLHAS β PROTEÍNAS DEDO DE ZINCO PROTEÍNAS HÉLICE-ALÇA-HÉLICE REGULADORES DA TRANSCRIÇÃO LIGAM-SE COOPERATIVAMENTE AO DNA Ligação cooperativa significa que, em uma gama de concentrações do regulador transcricional, a ligação se apresenta mais como um fenômeno do tipo “tudo ou nada” do que não cooperativo Os monômeros geralmente possuem baixa afinidade uns pelos outros A cooperação entre reguladores transcricionais pode se tornar ainda muito maior quando complexos de remodelagem de nucleossomos estiverem envolvidos REGULADORES DA TRANSCRIÇÃO ATIVAM E INATIVAM OS GENES O repressor do triptofano inativa os genes E. coli, cinco genes codificam enzimas que produzem o aminoácido triptofano. Estes estão arranjados em um agrupamento no cromossomo Esses agrupamentos de genes transcritos coordenadamente são denominados óperons Operons são raros em eucariotos Quando as concentrações de triptofano estão baixas, o operon e transcrito. Quando o triptofano está abundante, o aminoácido é importado pelas células, que interrompem a produção dessas enzimas, que passam a não ser mais necessárias. Um grupo de genes bacterianos pode ser transcrito a partir de um único promotor JOEL NERES DE SOUZA – PSE/UFAM 2020 Genes podem ser desligados por proteínas repressoras. Se a concentração de triptofano dentro da bactéria está baixa (à esquerda), a RNA-polimerase (azul) liga-se ao promotor e transcreve os cinco genes do óperon do triptofano. Entretanto, se a concentração do triptofano estiver alta (à direita), a proteína repressora (em verde-escuro) torna-se ativa e se liga ao operador (em verde-claro), onde ela bloqueia a ligação da RNA-polimerase ao promotor. Sempre que a concentração intracelular do triptofano cair, o repressor se dissocia do DNA, permitindo que a RNA-polimerase transcreva novamente o óperon. Um ativador e um repressor controlam o óperon Lac O operon Lac em E. coli, por exemplo, é controlado tanto pelo repressor Lac quanto pelo ativador CAP (proteína ativadora de catabólito). O operon Lac codifica proteínas requeridas para importar e digerir o dissacarídeo lactose. Na ausência de glicose, a bactéria produz cAMP, que ativa CAP a ligar genes que possibilitam a célula usar fontes alternativas de carbono – incluindo lactose. Contudo, seria um desperdício se a CAP induzisse a expressão do operon Lac se a própria lactose não estivesse disponível. Na ausência de lactose o repressor Lac desliga o operon Lac O óperon Lac é controlado por dois reguladores transcricionais: o repressor Lac e CAP. LacZ, o primeiro gene do óperon, codifica a enzima b- galactosidase, que quebra a lactose em galactose e glicose. Quando a lactose está ausente, o repressor Lac liga-se ao operador Lac, e desliga a expressão do óperon A adição de lactose aumenta a concentração intracelular de um composto relacionado, a alolactose; a alolactose liga-se ao repressor Lac, fazendo-o sofrer uma mudança conformacional que libera a sua pinça do DNA do operador Quando a glicose está ausente, o AMP cíclico (triângulo vermelho) é produzido pela célula, e o CAP liga-se ao DNA. COMUTADORES COMPLEXOS CONTROLAM A TRANSCRIÇÃO GÊNICA EM EUCARIOTOS Nas bactérias, a maior parte das interações entre reguladores transcricionais ligados ao DNA e RNA-polimerases (independentemente de ativarem ou reprimirem a transcrição) são interações diretas. Essas interações são quase sempre indiretas em eucariotos: muitas proteínas intermediarias, incluindo as histonas, atuam entre o regulador transcricional ligado ao DNA e a RNA- polimerase O DNA em organismos eucarióticos se encontra compactado em nucleossomos, para ocorrer a transcrição esses bloqueios devem ser superadosTRÊS RNA-POLIMERASES EUCARIÓTICAS CATALISAM A SÍNTESE DE DIFERENTES MOLÉCULAS DE RNA A RNA-polimerase I (Pol I), localizada nos nucléolos, transcreve genes codificadores dos precursores de rRNA (pré-rRNA) que, processados, originarão os rRNAs 28S, 5,8S e 18S. A RNA-polimerase III (Pol III) transcreve os genes codificadores dos tRNAs, do rRNA 5S e de vários RNAs pequenos e estáveis, entre os quais se incluem um envolvido no splicing de RNA (U6) e o componente de RNA da partícula de reconhecimento de sinal (SRP) envolvida no direcionamento das proteínas nascentes ao retículo endoplasmático. A RNA-polimerase II (Pol II) transcreve todos os genes codificadores de proteína; ou seja, ela atua na produção de mRNAs. Essa Pol II, requer cinco fatores de transcrição gerais Operon somente será ligado se a glicose ausente e a lactose presente JOEL NERES DE SOUZA – PSE/UFAM 2020 REGULADORES DA TRANSCRIÇÃO EUCARIÓTICOS ATUAM EM GRUPOS Em bactérias, proteínas como o repressor triptofano, o repressor Lac e a proteína CAP ligam-se ao DNA sozinhas e afetam diretamente a atividade da RNA-polimerase no promotor. Em eucariotos, geralmente se associam em grupos; dois ou mais reguladores ligam-se cooperativamente classe de proteínas contendo múltiplas subunidades, denominadas coativadores e correpressores, associam-se ao DNA com os reguladores ATIVADORES DE LIGAÇÃO DE DNA E COATIVADORES FACILITAM A MONTAGEM DOS FATORES GERAIS DE TRANSCRIÇÃO A ligação bem-sucedida da holoenzima da RNA-polimerase II ativa a um dos seus promotores geralmente requer a ação combinada de proteínas, entre os cinco tipos que foram descritos até agora: (1) ativadores de transcrição, que se ligam a potenciadores ou UAS e facilitam a transcrição; (2) reguladores da arquitetura, que facilitam o looping do DNA; (3) modificação da cromatina e proteínas remodeladoras, descrita anteriormente; (4) coativadores; e (5) fatores de transcrição basais OS COMPONENTES DE ATIVAÇÃO DA TRANSCRIÇÃO Os ativadores se ligam primeiro ao DNA, recrutam os complexos de modificação de histonas/remodelagem do nucleossomo e um coativador como Mediador. O Mediador facilita a ligação de TBP (ou TFIID) e TFIIB, e então outros fatores de transcrição basal e a Pol II se ligam. A fosforilação do domínio carboxila terminal (CTD) da Pol II leva à iniciação da transcrição O primeiro componente a se ligar na montagem de um complexo de pré-iniciação (PIC) na TATA box de um típico promotor Pol II é a proteína ligadora de TATA (TBP). A TRANSCRIÇÃO EM EUCARIOTOS PODE OCORRER À DISTANCIA JOEL NERES DE SOUZA – PSE/UFAM 2020 Uma proteína ativadora ligada a um estimulador distante atrai a RNA-polimerase e os fatores gerais de transcrição para o promotor. A alça do DNA interveniente permite o contato entre a ativadora e o complexo de iniciação da transcrição ligado ao promotor. Um grande complexo proteico, chamado de Mediador, serve como intermediário. O TATA box é uma sequência de reconhecimento do DNA para o primeiro fator geral de transcrição que se liga ao promotor A estrutura da cromatina pode ser alterada por complexos de remodelagem da cromatina e enzimas que covalentemente modificam as proteínas histonas que formam o centro do nucleossomo Alterar localmente a estrutura da cromatina ocorrem por modificações covalentes nas histonas, por remodelagem de nucleossomos, por remoção de nucleossomos e por substituição de histonas A EXPRESSÃO GÊNICA EUCARIÓTICA PODE SER REGULADA POR SINAIS INTERCELULARES E INTRACELULARES O complexo hormônio-receptor atua ligando-se a sequências de DNA altamente específicas chamadas de elementos de resposta hormonal (HRE), alterando desse modo a expressão gênica. Mecanismos de funcionamento do receptor do hormônio esteroide Há dois tipos de receptores nucleares ligadores de esteroides. (a) Os receptores monoméricos tipo I (NR) são encontrados no citoplasma, em um complexo com uma proteína de choque térmico (Hsp70). Receptores para estrogênio, progesterona, androgênios e glicocorticoides são desse tipo. Quando o hormônio esteroide se liga, Hsp70 se dissocia e o receptor dimeriza, expondo um sinal de localização nuclear. O receptor dimérico, com o hormônio ligado, migra para o núcleo, onde se liga a um elemento de resposta hormonal (HRE) e atua como ativador de transcrição. (b) Receptores tipo II, ao contrário, estão sempre no núcleo, ligados a um HRE no DNA e a um correpressor que lhes torna inativos. O receptor do hormônio da tireoide (TR) é desse tipo. O hormônio migra pelo citoplasma e se difunde através da membrana nuclear. No núcleo ele se liga a um heterodímeros consistindo no receptor do hormônio da tireoide e do receptor retinoide X (RXR). Uma mudança na sua conformação leva à dissociação do correpressor e o receptor então funciona como ativador de transcrição. MUITOS MRNA DE EUCARIOTOS ESTÃO SUJEITOS À REPRESSÃO DA TRADUÇÃO Os eucariotos têm pelo menos quatro mecanismos principais de regulação da tradução. 1. Fatores de iniciação da tradução estão sujeitos à fosforilação por proteínas-cinases. Em geral, as formas fosforiladas são menos ativas e provocam uma diminuição geral da tradução na célula. 2. Algumas proteínas se ligam diretamente ao mRNA e atuam como repressores da tradução, muitos dos quais se ligando a sítios específicos na região 3’ não traduzida (3’UTR). Dessa forma podem impedir a iniciação da tradução. 3. Proteínas de ligação, presentes em eucariotos desde leveduras a mamíferos, interrompem a interação entre eIF4E e eIF4G. Quando o crescimento celular é lento, essas proteínas limitam a tradução ao se JOEL NERES DE SOUZA – PSE/UFAM 2020 ligarem ao local em eIF4E que normalmente interagem com eIF4G. Quando o crescimento celular é retomado ou aumenta em resposta aos fatores de crescimento ou outros estímulos, as proteínas de ligação são inativadas pela fosforilação de proteínas dependentes de cinase. 4. A variedade de mecanismos de regulação da tradução fornece flexibilidade, permitindo a repressão centrada em alguns poucos mRNA ou regulação global de toda a tradução celular. CONTROLES PÓS-TRANSCRICIONAIS Os controles na iniciação da transcrição gênica são a forma crítica de regulação da maioria dos genes. Outros controles podem atuar mais tarde, na via do DNA para a proteína, a fim de modular a quantidade de produto gênico que é produzida. Controles pós-transcricionais, que operam após a RNA- polimerase ter se ligado ao promotor do gene e iniciado a síntese do RNA, são cruciais para a regulação de muitos genes. O transcrito primário inicial produzido a partir dos genes eucarióticos precisa passar por várias reações de processamento para dar origem ao RNA funcional. Para moléculas de mRNA, a estrutura de quepe 5' necessária para a tradução deve ser adicionada, íntrons devem ser retirados do pré-mRNA e a extremidade 3' precisa ser poliadenilada Depois será exportado ao citosol RIBOCONTROLADORES NO CONTROLE GÊNICO Em bactérias, o ribocontrolador regula a expressão de genes da biossíntese de purinas. Quando os níveis de guanina nas células estão baixos, uma RNA- polimerase transcreve os genes para a biossíntese de purinas, e as enzimas necessárias para a síntese de guanina são desse modo expressas. (B) Quando a guanina está abundante, ela liga-seao ribocontrolador, induzindo-o a sofrer uma alteração conformacional que força a RNA-polimerase a terminar a transcrição O SPLICING ALTERNATIVO DO RNA PODE PRODUZIR DIFERENTES FORMAS DE UMA PROTEÍNA A PARTIR DO MESMO GENE Uma célula pode processar o transcrito de RNA de diferentes maneiras e desse modo fazer diferentes cadeias polipeptídicas a partir do mesmo gene – um processo denominado splicing alternativo do RNA CONTROLES NEGATIVO E POSITIVO DO SPLICING ALTERNATIVO DO RNA O splicing do RNA pode ser regulado tanto negativamente, por uma molécula que impeça (repressor) que a maquinaria de splicing tenha acesso a um sitio particular de splicing no RNA, como positivamente, por uma molécula reguladora (ativador) que auxilie a direcionar a maquinaria de splicing para outro sítio de splicing que, de outra maneira, seria ignorado. (A) No controle negativo, uma proteína repressora liga-se a uma sequência específica do transcrito de pré-mRNA e bloqueia o acesso da maquinaria de splicing a uma junção de splicing. (B) No controle positivo, a maquinaria do splicing não é capaz de remover de maneira eficiente uma sequência intrônica particular sem a assistência de uma proteína ativadora, denominados estimuladores de splicing, JOEL NERES DE SOUZA – PSE/UFAM 2020 UMA MUDANÇA NO SÍTIO DE CLIVAGEM NO TRANSCRITO DE RNA E DE ADIÇÃO DE POLI-A PODE ALTERAR A EXTREMIDADE C-TERMINAL DE UMA PROTEÍNA Regulação do sítio de clivagem do RNA e adição de poli-A determinam se uma molécula de anticorpo será secretada ou permanecerá ligada à membrana. Em linfócitos B não estimulados (esquerda), um transcrito de RNA longo é produzido, e a sequência intrônica (amarelo) próxima da sua extremidade 3’ é removida por um splicing de RNA, provendo uma molécula de mRNA que codifica uma molécula de anticorpo ligada à membrana. Após estímulo do antígeno (à direita), os transcritos de RNA são clivados e poliadenilados a montante dos sítios de splicing 3’. Como resultado, algumas das sequências de íntrons permanecem como uma sequência codificadora no transcrito curto e especificam a porção C-terminal hidrofílica da molécula de anticorpo secretada (marrom). O TRANSPORTE DO RNA A PARTIR DO NÚCLEO PODE SER REGULADO Os complexos do poro nuclear (NPCs) são grandes estruturas simétricas compostas por múltiplas cópias de aproximadamente 30 proteínas distintas chamadas nucleoporinas As nucleoporinas FG revestem o canal central O NPCs permite a difusão livre de pequenas moléculas Água, íons, metabólitos e pequenas proteínas globulares de 40 a 60 kDa são capazes de se difundir da massa de domínios FG repetidos. A PROTEÍNA REV DO HIV REGULA O TRANSPORTE DE MOLÉCULAS DE MRNA VIRAIS QUE NÃO SOFRERAM SPLICING Transporte de mRNAs do vírus HIV do núcleo ao citoplasma. O genoma do HIV, que contém várias regiões codificadoras, é transcrito como um único transcrito primário de 9 kb. Vários mRNAs de ~4 kb resultam do processo de splicing alternativo de qualquer um dos diversos íntrons (linhas pontilhadas), e vários mRNAs de ~2 kb se originam do splicing de dois ou mais íntrons alternativos. Após seu transporte para o citoplasma, as várias espécies de RNA são traduzidas em proteínas virais diferentes. A proteína Rev, codificada por um mRNA de 2 kb, interage com o elemento de resposta à Ver (RRE) nos mRNAs que não sofreram splicing ou que sofreram apenas um splicing, estimulando seu transporte para o citoplasma. Após a sua entrada inicial na célula hospedeira, se as condições tornarem-se desfavoráveis para a transcrição e a replicação viral, Rev e Tat sao produzidas em níveis muito baixos para promover a transcrição e exportação do RNA não submetido a splicing. Essa situação bloqueia o ciclo de crescimento viral. Quando as condições para a replicação viral melhoram, os níveis da Rev e Tat aumentam, e o vírus pode entrar no ciclo replicativo AS REGIÕES 5’ E 3’ NÃO TRADUZIDAS DOS MRNAS CONTROLAM A SUA TRADUÇÃO Uma vez que um mRNA tenha sido sintetizado, um dos meios mais comuns de regular os níveis do seu produto proteico e pelo controle da etapa em que a tradução e iniciada. Nos mRNAs bacterianos, uma região conservada de seis nucleotídeos, a sequência de Shine-Dalgarno, é sempre encontrada em alguns nucleotídeos a montante do códon de iniciação AUG. Em mRNAs eucarióticos não contém tal sequência. A seleção de um códon AUG como o sitio de início da tradução é determinada pela sua proximidade ao quepe na extremidade 5’ da molécula de mRNA. A subunidade ribossômica menor liga-se ao mRNA e inicia a procura por um códon de iniciação AUG. Um importante tipo de controle traducional em eucariotos recai em pequenos RNAs (denominados micro-RNAs ou miRNAs) que se ligam aos mRNAs e reduzem a produção de proteína JOEL NERES DE SOUZA – PSE/UFAM 2020 A FOSFORILAÇÃO DE UM FATOR DE INICIAÇÃO REGULA A SÍNTESE PROTEICA DE MANEIRA GLOBAL Reciclagem da utilização de eIF2 por um fator de troca de nucleotídeos de guanina (eIF2B). (B) A fosforilação de eIF2 controla a taxa de síntese proteica pelo bloqueio de eIF2B. O ciclo eIF2. A regulação do nível de eIF2 e especialmente importante nas células de mamíferos, sendo parte do mecanismo que permite entrar em um estado não proliferativo de inatividade (chamado de G0), no qual a taxa de síntese proteica total e reduzida. A INICIAÇÃO EM CÓDONS AUG A MONTANTE DO INÍCIO DA TRADUÇÃO PODE REGULAR O INÍCIO DA TRADUÇÃO EUCARIÓTICA A tradução eucariótica normalmente se inicia no primeiro AUG a jusante a extremidade 5’ do mRNA. Pode ocorrer um fenômeno chamado de “Varredura Frouxa”, em que a unidade menor do ribossomo “pula” para o próximo códon de início. SÍTIOS INTERNOS DE ENTRADA NO RIBOSSOMO FORNECEM OPORTUNIDADES PARA O CONTROLE TRADUCIONAL As células podem iniciar a tradução em posições distantes da extremidade 5’ do mRNA, utilizando um tipo especializado de sequência de RNA chamado de sítio interno de entrada no ribossomo (IRES) A EXPRESSÃO GÊNICA PODE SER CONTROLADA POR MUDANÇAS NA ESTABILIDADE DO MRNA A grande maioria dos mRNAs de uma célula bacteriana é muito instável, possuindo uma meia-vida de menos de 3 minutos. São rapidamente sintetizados e degradados (exonucleases), uma bactéria pode adaptar-se rapidamente as alterações ambientais. Os mRNAs nas células eucarióticas sao mais estáveis, possuem uma meia-vida maior. Dois mecanismos gerais existem para finalmente destruir cada mRNA que e produzido pela célula. Ambos com início com o encurtamento da cauda 3’ poli-A, logo que chega ao citosol Depois o quepe 5’ é removido, e continua sendo degradado na extremidade 3’. O encurtamento da poli-A e a remoção do quepe competem diretamente com a maquinaria de tradução do mRNA; dessa forma, alguns fatores que afetam a eficiência de tradução de um mRNA tenderão a possuir o efeito oposto em sua degradação O SENTIDO DO ENCURTAMENTO É 3’ → 5’ A DEGRADAÇÃO DAS MOLÉCULAS DE MRNA NO CITOPLASMA OCORRE POR MEIO DE DIVERSOS MECANISMOS Nas vias dependentes de desadenilação (centro), a cauda de poli(A) é encurtada progressivamente por uma desadenilase (cor de laranja), até alcançar o tamanho de 20 ou menos resíduos A, ponto em que a interação com PABPI é desestabilizada, levando ao enfraquecimento das interações entre o quepe 5' e os fatores de iniciação da tradução. O mRNA desadenilado poderá então (1) perder o quepe e ser degradado por uma exonuclease 5'→3' ou (2) ser degradado por uma exonuclease 3'→5' nos exossomos citoplasmáticos. Algumas moléculasde mRNA (direita) são clivadas internamente por uma endonuclease e os fragmentos são degradados por um exossomo. Outras moléculas de mRNA (esquerda) perdem o quepe antes de serem desadeniladas e, a seguir, são degradados por uma exonuclease 5' → 3’ DOIS CONTROLES PÓS-TRADUCIONAIS MEDIADOS POR FERRO Na depleção de ferro, a ligação da aconitase à UTR 5’ do mRNA do receptor da ferritina bloqueia o início da tradução; a sua ligação à UTR 3’ do mRNA do receptor da ferritina bloqueia um sítio de clivagem de endonuclease e, dessa forma, estabiliza o mRNA. Em resposta a um aumento na concentração de ferro no citosol, uma célula aumenta a síntese de ferritina para ligar-se ao ferro extra e diminui a síntese de receptores de transferrina a fim de JOEL NERES DE SOUZA – PSE/UFAM 2020 importar menos ferro pela membrana plasmática. Ambas as respostas são mediadas pela mesma proteína reguladora de resposta ao ferro, a aconitase, que reconhece características comuns na estrutura haste-alça dos mRNAs codificadores da ferritina e do receptor da transferrina. A aconitase dissocia-se do mRNA quando ele se liga ao ferro. Contudo, devido ao receptor da transferrina e a ferritina serem regulados por mecanismos diferentes, seus níveis respondem de maneira oposta às concentrações de ferro, mesmo quando são reguladas pela mesma proteína reguladora de resposta ao ferro. REGULAÇÃO DA EXPRESSÃO GÊNICA POR RNAs NÃO CODIFICADORES Moléculas de RNA desempenham muitas tarefas na célula além de servirem como carreadores intermediários da informação genética. Esses RNAs não codificadores estão as moléculas de rRNA e tRNA, que sao responsáveis pela leitura do código genético e por sintetizar proteínas. A molécula de RNA da telomerase atua como um molde para a replicação das extremidades dos cromossomos, snoRNAs modificam RNA ribossômico, e snRNAs desempenham os principais eventos do splicing de RNA TRANSCRITOS DE RNAS NÃO CODIFICADORES PEQUENOS REGULAM POR MEIO DA INTERFERÊNCIA DE RNA Quando o alvo e um mRNA maduro, os RNAs não codificadores pequenos podem inibir a tradução desse alvo ou até mesmo catalisar a destruição do mesmo. Existe um grupo de RNAs pequenos que realizam a interferência de RNA (RNAi). Três classes de RNAs não codificadores pequenos atuam desse modo – micro-RNAs (miRNAs), pequenos RNAs de interferência (siRNAs) e RNAs que interagem com piwi (piRNAs). miRNAs regulam a tradução e a estabilidade de mRNAs Os precursores dos miRNAs sao sintetizados pela RNA- polimerase II e são submetidos a adição de quepe e poliadenilados. miRNA sofrem um tipo especial de processamento → montado com um conjunto de proteínas para formar um complexo de silenciamento induzido por RNA (RISC)
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