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Artigo Estrutura Tridimensional - Aluno Daniel Gomes

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4
ESTRUTURA TRIDIMENSIONAL DO DIREITO
Daniel Gomes da Silva¹
Resumo
O jurista Miguel Reale é reconhecido como um dos maiores jusfilósofo brasileiro. A Teoria Tridimensional do Direito, mundialmente conhecida e aplicada, desenvolvida por Miguel Reale, apresenta uma visão dialética do direito, baseada no estudo dos valores em sociedade para a elaboração e aplicação de uma norma. O tridimensionalismo é visto como uma alternativa ao positivismo-normativo, permitindo ao magistrado que, em seus julgados, não se limite ao texto legal, mas que valore o caso e atinja a objetividade para alcançar a justiça. Fato, valor e norma devem ser interligados na obtenção de um modelo jurídico dialético, mais adequado aos anseios sociais.
Palavras-chave: Teoria tridimensional; Direito; Filosofia; Fato; Norma; Valor.
1 Introdução
A teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale supera o mero normativismo jurídico, demonstrando que o fenômeno jurídico decorre de um fato social e recebe uma carga de valoração humana, antes de se tornar norma. Assim, Fato, Valor e Norma em seus diferentes momentos, mas interligados entre si, formam a essência do fenômeno jurídico.
O presente trabalho busca demonstrar o pensamento inovador de Miguel Reale. Expondo o quanto sua teoria é importante para a compreensão de um Direito não meramente abstrato, mas dialético, que se adequa a sociedade e seus anseios. Miguel Reale, em sua teoria, demonstra a existência de um estreito vínculo entre as três dimensões: a normativa, onde o direito é entendido como ordenamento, a fática, onde o direito é tido como realidade social histórico-cultural e a axiológica, onde o direito é valorativo.
Segundo a Teoria Tridimensional, o direito deve ser o resultado de um movimento dialético, um roteiro que está sendo escrito a cada minuto, reagindo as mudanças e aos acontecimentos ao longo do tempo. Dessa forma, as normas devem ser analisadas, visando atender as expectativas e o bem comum de toda a sociedade.
2 Desenvolvimento
A Teoria Tridimensional do Direito, elaborado pelo jusfilósofo brasileiro Miguel Reale, é um pensamento sistemático no qual a integração normativa de fatos de acordo com valores são o que formam o Direito. Com isso é possível extrair que os três elementos de lógica da Teoria Tridimensional do Direito são: fato, valor e norma (Reale, 2000, p. 119). Em uma análise superficial, o fato social é aquele que interessa ao Direito, valor representa a quantificação que a sociedade dá a esse fato, e norma concretiza-se quando o Direito passa a disciplinar. 
O pensamento de Reale contrasta ao do filósofo alemão Hans Kelsen (1881-1973), pois este defendia ferrenhamente, em certa fase de sua vida, o positivismo, isto é, a incontestabilidade da norma positivada. Apesar disso, a teoria tridimensional do direito surge no início da década de 1940, período em que Kelsen era aclamado internacionalmente. Segundo este o Direito consiste unicamente na norma. Entretanto, como defendeu Reale, o Direito não pode ser analisado sob um aspecto tão reducionista. Para Reale a norma era apenas fruto dos elementos: fato, valor e norma. Isso porque, a norma não surgia por si mesma. Para que fosse criada a norma era necessário um embasamento em um fato, este que receba carga valorativa da sociedade. (OLIVEIRA, Marcus. 2019, p. online).
A maior preocupação Miguel Reale ao criar sua visão tridimensional do Direito foi a de passar à sociedade que não dá para imaginar as leis, o ordenamento que deve ser seguido por um povo, sem levar em conta a cultura, os hábitos, os eventos sociais, o dia a dia social. É indispensável para a criação das leis justas que o fato social esteja englobado no processo de aprimoramento das Normas, e tudo isso juntamente com a aplicação valorativa, que pode se dizer que é a Justiça propriamente dita. Ou seja, a dimensão normativa, onde o Direito é entendido como ordenamento, como norma jurídica, a ciência do Direito, no plano epistemológico, pela Filosofia do Direito, em segundo, a dimensão fática, onde o Direito é tido como realidade social histórico-cultural, como fato social (história, sociologia e etnologia) e por fim, sua dimensão axiológica, onde o Direito é valorativo, como valor do justo, pela deontologia. Dessa forma o Direito é o produto direto da dialética desses três componentes. (SANTOS, Larissa. 2010, p. online).
Para Reale, a realidade fática-axiológica-normativa deve se apresentar em unidade, onde cada qual se referia aos demais alcançando assim um sentido conjunto e harmonioso, sem superposição de um dos elementos em relação ao outro. Segundo o teórico, fato e valor, fato e fim estão um em relação com outro, em dependência ou implicação recíproca, sem se resolverem entre si. Numa brilhante metáfora, contida na sua obra Filosofia do Direito, Reale (2002, p. 571), afirma que: “nenhuma expressão de beleza é toda a beleza. Uma estátua ou um quadro, por mais belos que sejam, não exaurem as infinitas possibilidades do belo. Dessa forma também no mundo jurídico, nenhuma sentença é a Justiça, mas um momento de Justiça”.
Conforme já exposto, o Direito deve ser compreendido pelo resultado de um movimento dialético, que sofre mutações o tempo todo. Sendo assim, as normas devem ser analisadas nessa perspectiva, visando atender as expectativas do universo axiológico e com o objetivo de alcançar o bem comum.
A tridimensionalidade, ao analisar a experiência jurídica visa atualizar os valores e aperfeiçoar o ordenamento jurídico para adequá-los às novas exigências da sociedade. Portanto a teoria tridimensional do Direito está inserida num processo essencialmente dialético, onde as regras jurídicas são compostas do material vivo da história, pois a realidade cultural e histórica de uma sociedade é resultado das experiências do homem no meio em que vive. Isso significa que, o Direito será a consequência de uma interação, da dialética entre o fato e o valor na busca de soluções racionais para os conflitos (SANTOS, Larissa. 2010, p. online).
Diante disso, uma lei deve ser valorada pelo magistrado, já que a ideia de valor está necessariamente ligada as carências humanas, não sendo analisada de maneira puramente formal, mas sim com um perfil substancial, visando satisfazer efetivamente o modelo Social e Democrático do Direito, tendo o homem como centro de convergência das atenções.
3 Conclusão
Teoria Tridimensional do Direito de Miguel Reale foi inovadora e importantíssima para a nova visão do Direito em todo mundo, apresentando um paralelo a teoria formulada pelo filosofo alemão Hans Kelsen, a qual era calcada no rigor da incontestabilidade da norma positivada.
O estudo de Reale permitiu com que o Direito não fosse exercido dentro de um sistema meramente lógico, fechado, uma abstração, sem resultado prático. Após disseminação de sua teoria, novas formas de aplicação do direito foram propagadas. Partindo da premissa de que a ordem jurídica só terá seu objetivo alcançado se trouxer soluções práticas ao homem e ao seu cotidiano, visando atender as expectativas e o bem comum de toda uma sociedade.
Referências
REALE, Miguel. Experiência e Cultura. Campinas: Bookseller, 2000.
____________. A teoria tridimensional do Direito. Lisboa: Imprensa Nacional: Casa da Moeda, 2003.
____________, Filosofia do Direito. 19ª ed., Editora Saraiva. São Paulo, 2000.
SANTOS, Larissa Linhares Vilas Boas. Teoria Tridimensional do Direito. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XIII, n. 77, jun 2010. Disponível em:<https://ambitojuridico.com.br/edicoes/revista-77/teoria-tridimensional-do-direito/ >. Acesso em nov 2020.
OLIVEIRA, Marcus Vinicius Balbino de. Teoria Tridimensional do Direito. In: JusBrasil. 2019. Disponível em:<https://herrmarcus1936.jusbrasil.com.br/artigos/749489288/teoria-tridimensional-do-direito>. Acesso em nov 2020.
¹ Pós-graduado em Gestão Pública (UCDB-MS); graduado em Análise de Sistema (FINOM-MG); graduando em Direto (Estácio-DF); Policial Civil do Distrito Federal; e-mail: danielgregui@gmail.com.

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