Prévia do material em texto
Maria Eduarda de Alencar Odontologia 2019.2 Motilidade do Trato Digestório → O sistema digestório é composto por boca, esôfago, estômago, intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo), intestino grosso, ânus e glândulas anexas (glândulas salivares, pâncreas, fígado e a vesícula biliar). O trato é a via de passagem na qual o alimento se desloca através do corpo com entrada e saída, não incluindo as glândulas anexas; → O TGI é todo compartimentalizado, a presença de esfíncteres ao longo do seu trajeto separa esse TGI em porções, e cada porção tem uma dinâmica diferente, relacionada a sua função; ➔ Processos básicos do sistema digestório: - Motilidade: Impulsiona o alimento ingerido da boca em direção ao reto, e mistura e reduz as dimensões do alimento. A velocidade com que o alimento é propelido ao longo do sistema é regulada para otimizar o tempo da digestão e da absorção; - Secreção: As secreções das glândulas anexas adicionam água, eletrólitos, enzimas e muco ao lúmen do trato gastrointestinal; - Digestão: Os alimentos ingeridos são digeridos em moléculas absorvíveis; - Absorção: Nutrientes, eletrólitos e água são absorvidos do lúmen intestinal para a corrente sanguínea. OBS.: Fisiologicamente falando, o alimento só está dentro do corpo quando ele é absorvido, antes disso ele só está simplesmente “passando dentro do corpo”. Estrutura Básica do TGI → Do lúmen para fora, possui quatro camadas – exceto boca, faringe, 1/3 superior do esôfago e esfíncter anal externo - Mucosa: Possui 3 regiões, epitélio – função de absorção, secreção e proteção – lâmina própria – tecido conjuntivo, vasos sanguíneos e linfáticos – muscular da mucosa – altera o formato e a área de contato do epitélio; - Submucosa: Colágeno, elastina, glândulas e vasos sanguíneos do TGI; - Muscular: Responsável pela motilidade do TGI, é formada por duas camadas de músculo liso, uma circular – movimento de segmentação, mistura – e uma longitudinal – movimento de peristalse, profusão; - Serosa: Em contato com o sangue. OBS.: Todos os tecidos contráteis do TGI são de músculo liso, exceto o da faringe, do terço superior do esôfago e do esfíncter anal externo, que são músculos estriados. Inervação do TGI → O TGI é regulado em parte pelo SNA que tem componentes extrínsecos – SNS e SNPS – e intrínsecos – SNE; → O sistema nervoso entérico está situado em gânglios no plexo submucoso ou plexo de Meissner (localizado na submucosa, controla a secreção) e no plexo mioentérico ou plexo de Auerbach (localizado entre as camadas musculares, controla a musculatura) na parede do TGI. Esses gânglios, recebem informação do SNS e do SNPS, que são moduladores da sua atividade, recebem também informação sensorial direta a partir de mecanorreceptores e quimiorreceptores na mucosa e enviam a informação motora diretamente para as células musculares lisas, secretoras e endócrinas. A informação também é transmitida entre os gânglios por interneurônios. OBS.: Com exceção da cavidade oral, terço inicial do esôfago e esfíncter anal externo, todo o restante do TGI é controlado pelo SNA (controle motor). OBS.: Mesmo na ausência da inervação do SNS e do SNPA, o SNE é capaz de controlar todas as funções do TGI. Há apenas uma redução na plasticidade da resposta. Motilidade → Motilidade é o termo genérico que se refere à contração e ao relaxamento das paredes e dos esfíncteres do trato gastrointestinal; → O músculo liso do TGI é do tipo unitário, no qual as células são acopladas eletricamente por meio de vias de baixa resistência, chamadas junções comunicantes (GAP junctions). Essas junções comunicantes permitem a rápida propagação célula a célula dos potenciais de ação que proporcionam contração muscular uniforme e coordenada; → As contrações do músculo liso gastrointestinal podem ser de dois tipos: - Fásicas: São contrações periódicas seguidas de relaxamento, encontradas no esôfago, no antro gástrico e no intestino delgado, todos tecidos envolvidos nos fenômenos de mistura e propulsão; - Tônicas: Mantêm um nível constante de contração, ou tônus, sem períodos regulares de relaxamento. São encontradas na região superior do estômago e no esôfago terminal, e nos esfíncteres ileocecal e anal interno. Gera modulação de passagem de massa. Ondas Lentas → Como em todos os músculos, a contração do músculo liso é precedida por atividade elétrica, os potenciais de ação; → As ondas lentas são uma característica singular da atividade elétrica no músculo liso do TGI, essas ondas não são PA, e sim despolarização e repolarização oscilantes do potencial de membrana das células musculares lisas. Geradas nas células intersticiais de Cajal, abundantes no plexo mioentérico. Essas células podem ser consideradas os marcapassos do músculo liso gastrointestinal; → Em cada região do trato gastrointestinal, as células de Cajal regulam a frequência das ondas lentas, o que determina a frequência com que os potenciais de ação e as contrações podem ocorrer. Cada região do TGI tem uma frequência característica, com o estômago apresentando a velocidade mais lenta – três ondas lentas por minuto – e o duodeno a mais alta – 12 ondas lentas por minuto; OBS.: A frequência característica das ondas lentas não é influenciada por estímulos neurais ou hormônios, embora as atividades neurais e hormonais modulem a produção do PA e a força das contrações. ➔ Despolarização e Repolarização - Durante a fase de despolarização da onda lenta, o potencial de membrana torna-se mais positivo e se desloca em direção ao limiar, durante a fase de repolarização, o potencial de membrana torna-se mais negativo e se afasta do limiar. Se no platô ou no máximo (pico) da onda lenta, o potencial de membrana for despolarizado até atingir o limiar, ocorrem potenciais de ação “no topo da onda lenta”. Não há contração sem um PA, e nenhum PA pode ocorrer sem que as ondas lentas levem o potencial de membrana até o limiar; → Relação entre as ondas lentas, os potenciais de ação e a contração: Até as ondas lentas sublimiares produzem contrações fracas – contrações basais ou contrações tônicas. Desse modo, mesmo sem a ocorrência de PA, o músculo liso não fica completamente relaxado. Se as ondas lentas despolarizarem o potencial de membrana até o limiar, ocorrerá o PA, seguido de contrações mais fortes – contrações fásicas; - Quanto maior o número de PA no topo das ondas lentas, maior será a contração fásica. Ao contrário do músculo esquelético, onde cada PA é seguido por uma contração distinta, no músculo liso as contrações somam-se em contração prolongada. Mastigação e Deglutição → São as primeiras etapas do processamento do alimento ingerido, preparando-o para a digestão e a absorção; MASTIGAÇÃO → Tem três funções: Mistura o alimento com a saliva, lubrificando-o e reduz o tamanho das partículas alimentares para facilitar a deglutição. Além de misturar os carboidratos ingeridos com a amilase salivar, começando a digestão desse tipo de alimento; OBS.: O tamanho das partículas deglutidas não tem efeito sobre o processo digestivo. → Tem componentes voluntários e involuntários: O componente involuntário envolve reflexos iniciados pelo alimento na boca. Os componentes voluntários são os músculos envolvidos na mastigação; OBS.: A mastigação estimula o centro de saciedade. DEGLUTIÇÃO → É iniciada de modo voluntário na boca, mas depois fica sob o controle involuntário (reflexo). A porção reflexa é controlada pelo centro da deglutição, situado no bulbo; → Há três fases envolvidas na deglutição: - Fase oral (voluntária): Iniciada quando a língua força o bolo alimentar para trás, em direção a faringe, que contém inúmeros receptores somatossensoriais. A ativação desses receptores provoca, então, o reflexo involuntário da deglutição no bulbo; - Fase faríngea (involuntária): A respiração é inibidadurante essa parte do processo. O objetivo dessa fase é impelir o bolo alimentar da boca através da faringe, para o esôfago, isso acontece em 4 etapas, 1° O palato mole é puxado para cima, bloqueando a nasofaringe e impedindo que o bolo alimentar retorne para lá, 2° A epiglote desce para ocluir a abertura da laringe que se move para cima contra a epiglote, para impedir que o alimento entre na traqueia, 3° O esfíncter esofágico relaxa e o bolo alimentar passa da faringe para o esôfago, 4° Uma onda peristáltica de contração começa na faringe e impulsiona o alimento através do esfíncter aberto; - Fase esofágica: Controlada pelo reflexo da deglutição e pelo sistema nervoso entérico, o alimento é impulsionado ao longo do esôfago para o estômago. Uma vez tendo o bolo alimentar passado pelo esfíncter esofágico superior na fase faríngea o reflexo da deglutição fecha esfíncter de modo que o alimento não pode refluir para a faringe. Uma onda peristáltica primária, coordenada pelo reflexo da deglutição, impele o alimento para adiante, se a onda peristáltica primária não remove o alimento do esôfago uma onda peristáltica secundária é desencadeada pela distensão continuado do esôfago, essa onda mediada pelo sistema nervoso entérico começa no local da distensão e progride para adiante.