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Universidade do Sul de Santa Catarina Palhoça UnisulVirtual 2008 Teoria da Contabilidade Disciplina na modalidade a distância Créditos Unisul - Universidade do Sul de Santa Catarina UnisulVirtual - Educação Superior a Distância Campus UnisulVirtual Avenida dos Lagos, 41 Cidade Universitária Pedra Branca Palhoça – SC - 88137-100 Fone/fax: (48) 3279-1242 e 3279- 1271 E-mail: cursovirtual@unisul.br Site: www.virtual.unisul.br Reitor Unisul Gerson Luiz Joner da Silveira Vice-Reitor e Pró-Reitor Acadêmico Sebastião Salésio Heerdt Chefe de Gabinete da Reitoria Fabian Martins de Castro Pró-Reitor Administrativo Marcus Vinícius Anátoles da Silva Ferreira Campus Sul Diretor: Valter Alves Schmitz Neto Diretora adjunta: Alexandra Orsoni Campus Norte Diretor: Ailton Nazareno Soares Diretora adjunta: Cibele Schuelter Campus UnisulVirtual Diretor: João Vianney Diretora adjunta: Jucimara Roesler Equipe UnisulVirtual Avaliação Institucional Dênia Falcão de Bittencourt Biblioteca Soraya Arruda Waltrick Capacitação e Assessoria ao Docente Angelita Marçal Flores (Coordenadora) Caroline Batista Cláudia Behr Valente Elaine Surian Noé Vicente Folster Patrícia Meneghel Simone Andréa de Castilho Coordenação dos Cursos Adriano Sérgio da Cunha Aloísio José Rodrigues Ana Luisa Mülbert Ana Paula Reusing Pacheco Bernardino José da Silva Charles Cesconetto Diva Marília Flemming Eduardo Aquino Hübler Fabiana Lange Patrício (auxiliar) Fabiano Ceretta Franciele Arruda Rampelotti (auxiliar) Itamar Pedro Bevilaqua Jairo Afonso Henkes Janete Elza Felisbino João Kiyoshi Otuki Jucimara Roesler Lauro José Ballock Luiz Guilherme Buchmann Figueiredo Luiz Otávio Botelho Lento Marcelo Cavalcanti Marciel Evangelista Catâneo Maria da Graça Poyer Maria de Fátima Martins (auxiliar) Mauro Faccioni Filho Michelle Denise D. L. Destri Moacir Fogaça Moacir Heerdt Nélio Herzmann Onei Tadeu Dutra Patrícia Alberton Raulino Jacó Brüning Rose Clér Estivalete Beche Rodrigo Nunes Lunardelli Criação e Reconhecimento de Cursos Diane Dal Mago Vanderlei Brasil Desenho Educacional Carolina Hoeller da Silva Boeing (Coordenadora) Design Instrucional Ana Cláudia Taú Carmen Maria Cipriani Pandini Carolina Hoeller da Silva Boeing Cristina Klipp de Oliveira Daniela Erani Monteiro Will Flávia Lumi Matuzawa Karla Leonora Dahse Nunes Leandro Kingeski Pacheco Lucésia Pereira Silvana Souza da Cruz Viviane Bastos Acessibilidade Vanessa de Andrade Manoel Avaliação da Aprendizagem Márcia Loch (Coordenadora) Karina da Silva Pedro Lis Airê Fogolari Design Visual Vilson Martins Filho (Coordenador) Adriana Ferreira dos Santos Alex Sandro Xavier Alice Demaria Silva Cristiano Neri Gonçalves Ribeiro Diogo Rafael da Silva Edison Rodrigo Valim Fernando Roberto Dias Zimmermann Higor Ghisi Luciano Pedro Paulo Alves Teixeira Rafael Pessi Disciplinas a Distância Enzo de Oliveira Moreira (Coordenador) Gerência Acadêmica Márcia Luz de Oliveira Bubalo Gerência Administrativa Renato André Luz (Gerente) Marcelo Fraiberg Machado Naiara Jeremias da Rocha Valmir Venício Inácio Gerência de Ensino, Pesquisa e Extensão Moacir Heerdt Gerência de Produção e Logística Arthur Emmanuel F. Silveira (Gerente) Ana Paula Pereira Francisco Asp Gestão Documental Janaina Stuart da Costa Lamuniê Souza Logística de Encontros Presenciais Graciele Marinês Lindenmayr (Coordenadora) Aracelli Araldi Hackbarth Daiana Cristina Bortolotti Daiane Teixeira Douglas Fabiani da Cruz Fabiana Pereira Fernando Steimbach Letícia Cristina Barbosa Marcelo Faria Simone Zigunovas Formatura e Eventos Jackson Schuelter Wiggers Logística de Materiais Jeferson Cassiano Almeida da Costa (Coordenador) Carlos Eduardo Damiani da Silva Geanluca Uliana Luiz Felipe Buchmann Figueiredo José Carlos Teixeira Monitoria e Suporte Adriana Silveira Anderson da Silveira Andréia Drewes André Luiz Portes Bruno Augusto Estácio Zunino Caroline Mendonça Claudia Noemi Nascimento Cristiano Dalazen Ednéia Araujo Alberto Fernanda Farias Jonatas Collaço de Souza Josiane Leal Karla Fernanda Wisniewski Desengrini Maria Eugênia Ferreira Celeghin Maria Isabel Aragon Maria Lina Moratelli Prado Poliana Morgana Simão Priscilla Geovana Pagani Rafael Cunha Lara Tayse de Lourdes Cardoso Relacionamento com o Mercado Walter Félix Cardoso Júnior Secretaria de Ensino a Distância Karine Augusta Zanoni Albuquerque (Secretária de ensino) Andréa Luci Mandira Andrei Rodrigues Carla Cristina Sbardella Djeime Sammer Bortolotti Franciele da Silva Bruchado James Marcel Silva Ribeiro Jenni�er Camargo Liana Pamplona Luana Tarsila Hellmann Marcelo José Soares Micheli Maria Lino de Medeiros Rosângela Mara Siegel Silvana Henrique Silva Vanilda Liordina Heerdt Vilmar Isaurino Vidal Secretária Executiva Viviane Schalata Martins Tenille Nunes Catarina (Recepção) Tecnologia Osmar de Oliveira Braz Júnior (Coordenador) André Luis Leal Cardoso Júnior Je�erson Amorin Oliveira Marcelo Neri da Silva Phelipe Luiz Winter da Silva Apresentação Este livro didático corresponde à disciplina Teoria da Contabilidade. O material foi elaborado, visando a aprendizagem autônoma e aborda conteúdos especialmente selecionados e relacionados à sua área de formação. Ao adotar linguagem didática e dialógica, objetivamos facilitar seu estudo a distância, proporcionando condições favoráveis às múltiplas interações e a um aprendizado contextualizado e eficaz. Lembre que sua caminhada nesta disciplina será acompanhada e monitorada constantemente pelo Sistema Tutorial da UnisulVirtual. Neste sentido, a “distância” caracteriza somente a modalidade de ensino por que você optou para a sua formação, pois, na relação de aprendizagem, professores e instituição estarão sempre conectados com você. Então, sempre que sentir necessidade, entre em contato; você tem à disposição diversas ferramentas e canais de acesso tais como: telefone, e-mail e o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem, que é o canal mais recomendado, pois tudo o que for enviado e recebido fica registrado para seu maior controle e comodidade. Nossa equipe técnica e pedagógica terá o maior prazer em lhe atender, pois sua aprendizagem é o nosso principal objetivo. Bom estudo e sucesso! Equipe UnisulVirtual José Marcos Tesch Palhoça UnisulVirtual 2008 Design Instrucional Cristina Klipp de Oliveira Teoria da Contabilidade Livro didático 657 T32 Tesch, José Marcos Teoria da contabilidade : livro didático / José Marcos Tesch ; design instrucional Cristina Klipp de Oliveira. – Palhoça : UnisulVirtual, 2008. 176 p. : il. ; 28 cm. Inclui bibliografia. 1. Contabilidade. I. Oliveira, Cristina Klipp de. II. Título. Edição – Livro Didático Professoras Conteudistas José Marcos Tesch Design Instrucional Cristina Klipp de Oliveira Projeto Gráfico e Capa Equipe UnisulVirtual Diagramação Higor Ghisi Revisão Amaline Boulus Issa Mussi Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Universitária da Unisul Copyright © UnisulVirtual 2008 Nenhuma parte desta publicação pode ser reproduzida por qualquer meio sem a prévia autorização desta instituição. Apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 03 Palavra do professor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 Plano de estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Unidade 1 – Introdução ao conceito e à metodologia da Contabilidade . . 17 Unidade 2 – Origem e história, doutrinas e escolas da Contabilidade . . 37 Unidade 3 – Origem da regulamentação em outros países e no Brasil . . 73 Unidade 4 – Como surgiram os postulados e convenções até a Resolução sobre os PrincípiosFundamentais de Contabilidade . . . . . . . 87 Unidade 5 – Compreendendo o Ativo e sua Avaliação, Passivo e sua Mensuração, Patrimônio Líquido e a Formação do Resultado através das Demonstrações Contábeis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 111 Unidade 6 – Harmonização da Contabilide Brasileira no Contexto Internacional e a Perspectiva da Profissão Contábil . . . . . . . 151 Para concluir o estudo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 169 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 171 Sobre o professor conteudista . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 173 Respostas e Comentários das atividades de auto-avaliação . . . . . . . . . . . . 175 Sumário Palavras do professor Você está iniciando o estudo da disciplina Teoria da Contabilidade. O objetivo é fortalecer e reforçar estudos teóricos já efetuados em disciplinas anteriores, de modo a consolidar diversos entendimentos e prepará-lo(a) para as disciplinas que irão ser estudadas. É através desta disciplina que iremos aprofundar os estudos da origem da contabilidade, sua história, doutrinas e escolas, o surgimento do período pré-científico. Também, vamos poder compreender sua evolução através do progresso das sociedades, fato que levou ao desenvolvimento da contabilidade como uma Ciência Social; o surgimento de conceitos a partir de comportamentos e acontecimento de certos períodos, como a Era do Descobrimento, Revolução Industrial; e os acontecimentos que levaram à formação da regulamentação que nos traz a nossa realidade, até os dias atuais. Vamos compreender a criação e a necessidade de criação de organismos, como por exemplo, o CRF – Conselho Federal de Contabilidade. Por meio desta disciplina, vamos fortalecer a compreensão do surgimento dos Postulados, Convenções e o significado dos Princípios Fundamentais de Contabilidade. Vamos fortalecer o entendimento sobre as demonstrações contábeis / financeiras, seus diversos grupos e subgrupos e as diversas contas que os compõem. Ainda pretendemos levá-lo(a) ao entendimento de como funciona a regulamentação, seus órgãos normatizadores, para que, ao longo de sua atividade, você saiba aonde buscar orientação para o seu aprimoramento profissional, como também ficar atento(a) às mudanças que acontecem. Este livro didático apresenta uma linguagem clara e objetiva: nele os assuntos são apresentados em ordem seqüencial e cronológica, assegurando-lhe aprendizado eficiente. Para obter o máximo de aproveitamento, você deverá participar de todas as atividades propostas no Ambiente Virtual de Aprendizado (AVA) e realizar todas as atividades e desafios previstos. Adotando estes procedimentos, você irá aprofundar-se na Teoria da Contabilidade, o que é fundamental para o seu aprimoramento em nosso curso de Ciências Contábeis. Bons estudos e muito sucesso! Professor José Marcos Tesch Plano de estudo O plano de estudos visa a orientá-lo(a) no desenvolvimento da disciplina. Possui elementos que o(a) ajudarão a conhecer o contexto da disciplina e a organizar o seu tempo de estudos. O processo de ensino e aprendizagem na UnisulVirtual leva em conta instrumentos que se articulam e se complementam, portanto a construção de competências se dá sobre a articulação de metodologias e por meio das diversas formas de ação/mediação. São elementos desse processo: o livro didático; � o Espaço UnisulVirtual de Aprendizagem (EVA); � as atividades de avaliação (a distância, presenciais e de � auto-avaliação); o Sistema Tutorial. � Ementa da disciplina Os postulados e convenções contábeis. Os Princípios Fundamentais de Contabilidade e a harmonização internacional. O Ativo e sua avaliação. O Passivo e sua mensuração. O Patrimônio Líquido e o resultado. Evidenciação contábil. As Normas Brasileiras de Contabilidade: CFC – Conselho Federal de Contabilidade, IBRACON – Instituto Brasileiro de Contabilidade e CVM – Comissão de Valores Imobiliários. Carga horária A carga horária total da disciplina é de 60 horas-aula. 12 Universidade do Sul de Santa Catarina Objetivos Geral Contribuir para o estudo do pensamento contábil, dentro de um pensamento histórico evolutivo, envolvendo a abrangência dos objetivos e metodologia da Contabilidade até as suas recentes tendências e perspectivas futuras. Específicos Propor ao acadêmico que sua preparação não seja � restritiva ao conhecimento das técnicas de registros (processo contábil) e preparação dos demonstrativos contábeis, enfatizando: a necessidade de um entendimento aprofundado � da aplicabilidade dos postulados, princípios fundamentais de contabilidade e sua harmonização no contexto internacional; as Normas Brasileiras com ênfase nas NBCT: 04, � 07, 08 e 09; a importância do saber teórico pela compreensão � da essência das coisas, por meio de critérios racionais, pois estes representam a própria estrutura do corpo da ciência e sua aplicação. Entender a Contabilidade, considerando a cultura � contábil, não só dentro dos padrões da modernidade, mas, de uma forma ampla, que, partindo do conhecimento do passado e da cognição dos recursos presentes, possa ensejar uma visão do futuro a qual conduza ao nível de saber raciocinar em Contabilidade e interpretar os fenômenos da riqueza das células sociais. Em síntese, levar ao aprofundamento nas matérias � conceituais, objetivando a exposição das teorias para a aplicação futura do conhecimento. 13 Teoria da Contabilidade Conteúdo programático/objetivos Veja, a seguir, as unidades que compõem o livro didático desta disciplina e os seus respectivos objetivos. Estes se referem aos resultados que você deverá alcançar ao final de uma etapa de estudo. Os objetivos de cada unidade definem o conjunto de conhecimentos que você deverá possuir para o desenvolvimento de habilidades e competências necessárias a sua formação. Unidades de estudo: 6 Unidade 1: Introdução ao conceito e à metodologia da Contabilidade (10h/a) Nesta unidade, serão trabalhados os seguintes tópicos: Conceito de Contabilidade; � Enfoques à Teoria da Contabilidade: fiscal, legal, ético, � econômico, comportamental, estrutural; Classificação das Teorias. � Unidade 2 - Origem e história, doutrinas e escolas da Contabilidade (15h/a) Nesta unidade, serão trabalhados os seguintes tópicos: Origem da Contabilidade; � História da Contabilidade; � Escolas da Contabilidade; � Doutrinas da Contabilidade. � Unidade 3 - Origem da regulamentação em outros países e no Brasil (5h/a) Nesta unidade, serão trabalhados os seguintes tópicos: Regulamentação na Grã-Bretanha; � Regulamentação nos Estados Unidos; � Regulamentação no Brasil; � Órgãos e Organismos Contábeis; � Normatização NBC Profissionais e Técnicas. � 14 Universidade do Sul de Santa Catarina Unidade 4 - Como surgiram os postulados e convenções até a Resolução sobre os Princípios Fundamentais de Contabilidade (10h/a) Nesta unidade, serão trabalhados os seguintes tópicos: A busca de Princípios; � Primeiros esforços; � Bases iniciais; � Pronunciamentos; � Postulados e convenções; � Princípios Fundamentais da Contabilidade. � Unidade 5 - Compreendendo o Ativo e sua Avaliação, Passivo e sua Mensuração, Patrimônio Líquido e a Formação do Resultado através das Demonstrações Contábeis (15h/a) Os principais assuntos a serem trabalhados nesta unidade são: Conceitos essenciais e natureza de Ativos e Passivos � monetários; Realizações e exigibilidades, Patrimônio Líquido e a � formação do resultado; Despesas e custos e demonstrações contábeis. � Unidade 6 - Harmonização da Contabilidade Brasileira no Contexto Internacional e a Perspectiva da Profissão Contábil (5h/a) Nesta unidade, o aluno vai estudar a harmonização da Contabilidade no contexto internacional e vai conhecer as perspectivas da profissãocontábil. 15 Teoria da Contabilidade Agenda de atividades/ Cronograma Verifique com atenção o EVA, organize-se para acessar � periodicamente o espaço da Disciplina. O sucesso nos seus estudos depende da priorização do tempo para a leitura; da realização de análises e sínteses do conteúdo; e da interação com os seus colegas e tutor. Não perca os prazos das atividades. Registre no espaço � a seguir as datas, com base no cronograma da disciplina disponibilizado no EVA. Use o quadro para agendar e programar as atividades � relativas ao desenvolvimento da Disciplina. Atividades Obrigatórias Demais atividades (registro pessoal) 1UNIDADe 1Introdução ao conceito e à metodologia da Contabilidade Objetivos de aprendizagem � Compreender o significado de Contabilidade a partir de vários conceitos de diversos autores e definir o que é Contabilidade. Delinear os vários enfoques do desenvolvimento de � teorias da contabilidade fiscal, legal, ético, econômico, comportamental e estrutural. explicar os diferentes níveis das teorias da contabilidade: � sintático, semântico e pragmático. Definir várias classificações da teoria da contabilidade: � positiva versus normativa, empírica versus não-empírica, dedutiva versus indutiva. Seções de estudo Seção 1 Conceito de Contabilidade Seção 2 enfoques da Teoria da Contabilidade Seção 3 Classificação das Teorias 18 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Nesta primeira unidade da disciplina de Teoria da Contabilidade, convidamos você a realizar uma reflexão mais profunda sobre os diversos conceitos de Contabilidade que serão aqui apresentados. Você deve compreender que tipo de ciência a Contabilidade demonstra ser. Vamos aprender a classificação das teorias e os diversos enfoques para o entendimento e interpretação da Contabilidade, como por exemplo, os enfoques fiscal, legal, ético, econômico, comportamental e estrutural. Na primeira seção desta unidade, será abordado o conceito de Contabilidade e o que alguns autores falam a respeito. Bons estudos! Seção 1 - Conceito de Contabilidade Você já deve ter estudado os conceitos de Contabilidade firmados por vários autores, e, a partir daí, acaba-se acreditando que já sabemos o significado do que é Contabilidade. Porém, quando queremos explicar, principalmente para um leigo em Contabilidade, tal significado e importância, às vezes, nos deparamos com alguma dificuldade. Que tal refletirmos sobre o assunto? Defina o que é Contabilidade e escreva o conceito em seu caderno. Depois de nossos estudos através da Unidade 1, leia o que você escreveu. A sugestão é que procure melhorar este conceito de forma mais correta e clara. 19 Teoria da Contabilidade Unidade 1 É importante você saber que existem conceitos dos mais diversos sobre Contabilidade. Existem grupos de pensadores contábeis que definem ser a Contabilidade uma técnica ou uma arte. Por outro lado, existe um grupo que lhe atribui natureza científica. Sabemos que Contabilidade não é coisa nova, já que vem acompanhando a evolução do ser humano por muito tempo, desde seu surgimento. Porém é possível dizer que somente a partir da obra do Frei Luca Pacioli, há pouco mais de quinhentos anos, sua natureza teórica e as doutrinas da Contabilidade vêm sendo estudadas por teóricos. Ao longo deste período, a comunidade acadêmica tem desenvolvido teorias através da doutrina. Diversas escolas têm refletido a evolução da sociedade neste período, passando pela Revolução Industrial, que trouxe relevantes contribuições para a Contabilidade, seguida de outros períodos e acontecimentos que constituem marcos nesta evolução. Isto tudo reunido fez despertar o interesse e a atenção de outras áreas da comunidade contábil, como a das associações profissionais. Além disso, é importante imaginar, neste contexto de evolução, as formas rudimentares de como era e para quem era feita a contabilidade. Sabemos que a Contabilidade é a forma de as organizações medirem resultado. esse fenômeno, certamente, tem sido demonstrado ao longo dos tempos e não podemos deixar de lado, aí, o avanço da tecnologia da informação e das telecomunicações, que alteram significativamente o cenário econômico mundial. Conheça, a seguir, alguns conceitos sobre Contabilidade. 1 - Instituto Americano de Contadores – AIA: “A contabilidade é a arte de registro, classificação e sintetização, de maneira significativa e em termos monetários, de transações e eventos que são, em parte, de natureza financeira e de interpretação de resultados”. (American Accounting Association, 1970). 20 Universidade do Sul de Santa Catarina 2 - Conselho de Padrões de Contabilidade Financeira – FASB, através do Boletim de Terminologia Contábil n° 1: “ Contabilidade é a arte do registro, da classificação e da sumarização, de uma maneira significativa e em termos monetários, de transações e eventos que são, pelo menos em parte, de caráter financeiro e da interpretação de seus resultados”. (American Accounting Association, 1970). 3 - Fayol: “É o órgão visual das empresas. Deve permitir que se saiba a todo instante onde estamos e para onde vamos. Deve fornecer sobre a situação econômica da empresa ensinamentos exatos, claros e precisos. Uma boa Contabilidade, simples e clara, fornecendo uma idéia exata das condições da empresa é um poderoso meio de direção”. (FAYOL, 1950). 4 - Cerboni: “A Contabilidade, considerando a azienda em toda a sua extensão, na sua organização e nos seus fins, indaga-lhe as funções, determina sob que critério devem ser baseadas as várias responsabilidades dos administradores e dos agentes, e fornece os métodos e os meios com que se devem conhecer, medir, computar e demonstrar os resultados obtidos nos vários períodos da vida aziendal”. (IUDíCIBUS, 2004). 5 - Leautey e Guilbaut: “A Contabilidade, ramo das matemáticas, é a ciência da coordenação racional das contas relativas aos produtos do trabalho e às transformações do capital, isto é, das contas de produção, da distribuição, do consumo e da administração das riquezas privadas e públicas”. (IUDíCIBUS, 2004). 6 - Jean Bournisien: “A Contabilidade tem por objetivo a medida dos valores econômicos e a sua aplicação na avaliação da fortuna dos indivíduos”. 7 - Fabio Besta: “A Contabilidade, do ponto de vista teórico, estuda e anuncia as leis do controle econômico nas aziendas de qualquer natureza, e lhes deduz normas oportunas a serem seguidas a fim de que o controle assim feito se torne verdadeiramente eficiente, persuasivo e completo; ao passo que, considerada do ponto de vista prático, é a aplicação ordenada das mencionadas normas”. (IUDíCIBUS, 2004). 21 Teoria da Contabilidade Unidade 1 8 - 1° Congresso Brasileiro de Contabilidade: “Contabilidade é a ciência que estuda a prática das funções de orientação e de controle, relativas aos atos e fatos da administração econômica”. (SANTOS, 2005). 9 - João Luiz dos Santos: “Contabilidade é a ciência que estuda as funções de orientação e de controle, relativas às operações monetariamente apreciáveis de uma administração”. (SANTOS, 2005). 10 - Giovani Rossi: “A Contabilidade é a ciência administrativa que tem por objeto o estudo dos princípios, das leis e das teorias, dos métodos e dos meios, segundo os quais racionalmente se deve desenvolver, efetuar, estudar e controlar a parte da ação administrativa que tem a sua base e o seu instrumento necessário no cálculo aplicado à matéria econômico-patrimonial- financeira, em função das aziendas econômicas, e que se desenvolve de acordo com os critérios da Matemática, do Direito Civil, Comercial, Administrativo, da Economia e da avaliação e de outras disciplinas análogas, com o fim imediato de julgar, demonstrar, estudar e controlar constantemente o estado econômico, jurídico e administrativo geral e particular da matéria administrável e as resultantes especiais e gerais da própria administração, pondotambém em evidência direitos, obrigações e responsabilidades morais e jurídicas das pessoas ou personalidades próprias da azienda ou das pessoas que nela tiverem uma ação qualquer”. (IUDíCIBUS, 2004). 11 - Ugo Benedetti: “A Contabilidade estuda os fenômenos aziendais, indaga e expõe ordenadamente as normas que devem ser seguidas para a sua demonstração, a fim de serem postos em evidência todos os aspectos que podem ser úteis à ação administrativa, de modo que esta possa desenvolver-se segundo as regras consideradas mais eficazes para o consentimento dos fins para os quais a azienda se constituiu e é conduzida”. (IUDíCIBUS, 2004). 12 - Vincenzo Masi: “Contabilidade é a ciência que estuda o patrimônio à disposição das aziendas, em seus aspectos estático e dinâmico e em suas variações, para enunciar, por meio de fórmulas racionalmente deduzidas, os efeitos da administração sobre a formação e a distribuição de créditos”. (IUDíCIBUS, 2004). 22 Universidade do Sul de Santa Catarina Agora que você conheceu mais 12 (doze) conceitos sobre Contabilidade, reveja nas disciplinas anteriores os conceitos já estudados. Você também pode buscar outras literaturas para ampliar ainda mais o seu conhecimento sobre o conceito de Contabilidade. Como você pôde observar, a Contabilidade é uma ciência. Mas, como que tipo de ciência se pode classificá-la? Ainda, antes disso, cabe a indagação: o que significa ciência? Veja a seguir. Ciência é: 1.Conhecimento (3): tomar ciência. 2. Saber que se adquire pela leitura e meditação; instrução, erudição, sabedoria. 3. Conjunto de conhecimentos socialmente adquiridos ou produzidos, historicamente acumulados, dotados de universalidade e objetividade, que permitem sua transmissão, e estruturados com métodos, teorias e linguagens próprias, que visam compreender e, possam orientar a natureza e as atividades humanas. 4. Campo circunscrito, dentro da ciência (3), concernente a determinada parte ou aspecto da natureza ou das atividades humanas, como, por exemplo, a química, a sociologia, etc. 5. A soma dos conhecimentos humanos considerados em conjunto: os progressos da ciência em nossos dias. [...]. (AURÉLIO, 2004). Podemos dizer que Contabilidade é uma Ciência Social, porque: Ciências sociais. 1. As ciências [v. ciência (4)] que têm como objetivo de estudo os grupos humanos: a sociologia, a antropologia, a geografia humana, a história, a lingüística, a pedagogia, a psicologia social. (AURÉLIO, 2004). 23 Teoria da Contabilidade Unidade 1 Seção 2 - Enfoques da Teoria da Contabilidade Segundo Hendriksen (1999, p.21), “os contadores têm adotado numerosos enfoques à solução de questões, como a do reconhecimento de receitas, por exemplo. Seis enfoques são apresentados: fiscal, legal, ético, econômico, comportamental e estrutural”. Os enfoques apresentados são os mais comuns, já que expressam as diversas situações que ocorrem nas atividades e no cotidiano das organizações e das pessoas. Assim, é possível perceber que todos os acontecimentos podem ter seu reflexo na contabilidade e, desta forma, podem ser interpretados. Neste sentido, acompanhe, a seguir, cada um destes enfoques. Enfoque Fiscal O Enfoque Fiscal, preferido por muitos iniciantes em Contabilidade, consiste em perguntar o que a Receita Federal tem a dizer a esse respeito. O primeiro e mais óbvio dilema, com relação a este enfoque, é que, quando exploramos as origens teóricas da Contabilidade fiscal, descobrimos, rapidamente, que os objetivos desta são muito distintos dos objetivos de divulgação de dados financeiros. Este enfoque não está interessado em medir o lucro de uma empresa, e sim determinar a base para fins de tributação. Isto demonstra que as várias instruções normativas sobre o imposto de renda causam impacto significativo sobre a prática da Contabilidade sob vários aspectos. Efeitos adversos: métodos de depreciação aceitos para fins fiscais e para � fins contábeis, uso do método mais apropriado de cálculo de custos de depreciação; métodos de avaliação de estoques aceitos para fins fiscais, � necessários para a apuração do resultado, provocaram ampla discussão a respeito dos métodos apropriados de avaliação PEPS, UEPS (método não aceito) e Média Ponderada; 24 Universidade do Sul de Santa Catarina itens que poderiam ser capitalizados, levados à despesa � (previsto na legislação fiscal/tributária), para que as empresas consigam dedução fiscal o mais depressa possível; provisão para despesas futuras de conserto e/ou � manutenção não efetuada, a legislação não permite nenhuma provisão. Definir qual é o método de depreciação mais apropriado de acordo com uso do bem a ser contabilizado, principalmente quando o uso é exagerado. A Receita Federal não aceita para fins de tributação a avaliação de estoques através do Método do UePS (último que entra e o primeiro que sai), por causar uma maior valorização dos estoques, conseqüentemente um menor resultado. Enfoque Legal O Enfoque Legal procura definir uma opinião legal. Com certeza, uma venda deve ser reconhecida, quando a propriedade legal de um bem é transmitida. Infelizmente, isto não resolve o problema tão facilmente quanto se poderia esperar, pois, geralmente, há transmissão de propriedade, quando o tribunal que está julgando um caso específico assim o decide. Efeitos: venda reconhecida, quando propriedade legal é � transmitida. Transmissão às vezes ditada por Tribunal; juízes - interesse no lucro disponível para pagamento de � impostos ou dividendos e não no sentido de aumento do valor ou medida de eficiência operacional; O que é exigido por lei? Há alguma regulamentação � específica para este setor? 25 Teoria da Contabilidade Unidade 1 Reconhecimento de propriedade legal apenas quando a escritura, no caso de um imóvel, é lavrada. Quando uma nota fiscal é emitida e acompanha uma mercadoria por ocasião de sua transferência. Juízes fazem sentenças judiciais para permitir a transferência de bens por processos de inventários a herdeiros e sucessores legais. Enfoque Ético O Enfoque Ético faz com que as organizações passem a refletir sobre suas atividades e operações. Questões éticas fundamentais fazem parte importante de toda a moderna construção das teorias. A Contabilidade dá ênfase aos conceitos de justiça, verdade e eqüidade. A ética é muito falada, mas, pelo que se percebe em nossa sociedade, é pouco praticada. Pode-se concluir ser necessária a divulgação crescente deste enfoque, deste conceito, para que mude a impressão com que a sociedade o utiliza. Efeitos: ênfase nos conceitos de justiça, verdade, eqüidade e � neutralidade; aspecto essencial no estabelecimento de padrões; � reconhecimento do ganho no ato da venda, divulgação � de condições “verdadeiras”; custos históricos x custos correntes; � O que é correto? Esta é uma apresentação justa? � Venda de mercadorias ou serviços sem a emissão de Notas Fiscais. Será que isto acontece quando um consumidor compra bens ou serviços? 26 Universidade do Sul de Santa Catarina Enfoque Econômico Há muito tempo, o Enfoque Econômico tem levado os contadores a interpretarem conceitos contábeis em termos de conceitos econômicos. Assim, o Enfoque Econômico estabelece 3 (três) formas distintas para a sua adoção em Contabilidade: o Macroeconômico, o Microeconômico e o Social-Empresarial. Formas distintas: Macroeconômicoa) Explicar efeito de procedimentos de divulgação de dados � sem atividades econômicas em nível mais amplo de setor de atividade ou economia nacional. Objetivos econômicos nacionais demandam relatórios � contábeis que estimulem maior pagamento de dividendos em períodos de redução da atividade econômica e desestimulem investimentos em períodos de inflação. Que efeito exercerá este procedimento contábil sobre � a economia? E sobre os acionistas? O procedimento permite a divulgação completa dos fatos? Que efeito exercerá melhor influênciasobre outros grupos de interesse? Microeconômicob) Explicar efeito de procedimentos de divulgação sem � indicadores e atividades econômicas no nível da empresa. No referencial conceitual, considera-se a empresa como � uma entidade econômica que, através de suas atividades, influencia a economia/mercado. Considera que a informação contábil possui conseqüências econômicas inevitáveis. c) Contabilidade Social-Empresarial Todos os efeitos que as atividades empresariais exercem � na sociedade, custos de poluição ambiental, desemprego, condições insalubres de trabalho e outros, não são divulgados nas Demonstrações Financeiras (contábeis), passivos contingentes. A Contabilidade Social- Empresarial visa atacar estas questões. 27 Teoria da Contabilidade Unidade 1 Será que a economia de determinado setor influencia a atividade de determinada empresa do mesmo segmento? Existem possibilidades de passivos contingentes para as empresas que não estão divulgados em suas Demonstrações Financeiras (Contábeis). Estas possibilidades de passivos ambientais, de acordo com a atividade e ramos do negócio desenvolvidos pelas empresas, podem causar prejuízos à sociedade, acionistas e mercado em geral ou até levar à falência da empresa, uma vez que a falta de critérios nas atividades pode ultrapassar a condição de gerar lucro. - Até o momento, você estudou quatro tipos diferentes de enfoques. O próximo tópico aborda o tipo que está embasado nos estudos de psicologia e sociologia. Veja a seguir. Enfoque Comportamental O Enfoque Comportamental consiste em confiar nas visões da psicologia e da sociologia e no desenvolvimento das teorias da Contabilidade. Neste enfoque, a preocupação reside na relevância da informação transmitida a responsáveis pela tomada de decisões e no comportamento de indivíduos ou grupos diversos, em conseqüência da apresentação de informações contábeis como mecanismo de divulgação. Os administradores desejam fazer esta escolha sob a forma de feedback das ações dos contadores e auditores. Efeitos: Tem estimulado a busca de objetivos fundamentais para a Contabilidade e respostas para: Quem são os usuários dos relatórios contábeis � publicados? Qual é a natureza da informação específica desejada � pelos vários grupos de usuários? 28 Universidade do Sul de Santa Catarina Há necessidades comuns de apresentação de � demonstrativos genéricos, ou devem ser atendidas necessidades específicas? Como reagem investidores, credores, administradores a � procedimentos e demonstrações contábeis diferentes? Enfoque Estrutural O Enfoque Estrutural concentra-se na estrutura do próprio sistema contábil, procura lidar com os problemas por semelhança. Os contadores procuram classificar transações semelhantes de maneira similar, ou, mais formalmente, buscam a uniformidade no registro e na divulgação de transações. E, apenas quando encontram uma transação que não se encaixa num modelo prévio, são obrigados a recorrer a princípios mais fundamentais. Efeitos: Contadores classificam transações semelhantes de � forma similar. Buscam uniformidade no registro e na divulgação das transações. Há alguma regra específica relativamente a esta situação? � Qual é a definição de receita? Qual é o princípio fundamental da Contabilidade? O que estão fazendo os outros do setor? Diante das NBC – Normas Brasileiras de Contabilidade, percebe-se a importância desta uniformidade nos registros e divulgação da Contabilidade através das Demonstrações Contábeis. 29 Teoria da Contabilidade Unidade 1 Seção 3 - Classificação das Teorias Hendriksen (1999) afirma que, apesar das demonstrações contábeis serem importantes para fechamento do balanço de contas, ainda assim surgem muitas dúvidas. Segundo ele: Independente do enfoque adotado para resolver problemas de contabilidade, sempre fica a seguinte questão: como se pode dizer se nossa solução é correta? Isto conduz a uma segunda questão: o que significa uma solução correta, neste contexto? As respostas a essas questões não dependem somente do enfoque que tenha sido adotado, como também da forma do raciocínio utilizado. (HENDRIKSEN, 1999, p. 28). Assim, as teorias da Contabilidade são classificadas em Teoria como Linguagem, Teoria como Raciocínio e Teoria como Decreto. Conheça cada uma delas a seguir. Teoria como Linguagem A classificação da Teoria como Linguagem apóia-se na noção de que a Contabilidade é uma linguagem. Muitos a consideram como a linguagem dos negócios. Logo, há três perguntas a serem feitas a respeito de uma linguagem e das palavras e frases que compõem essa linguagem: Que a. efeitos terão as palavras sobre os ouvintes? Que b. significados terão essas palavras, se houver algum? As palavras fazem sentido c. lógico? As respostas a cada uma dessas perguntas formam parte do estudo da linguagem. A seguir, você encontrará algumas destas definições. A pragmática é o estudo do efeito da linguagem. A semântica é o estudo do significado da linguagem. e a sintaxe é o estudo do lógico ou da gramática da linguagem. 30 Universidade do Sul de Santa Catarina Teoria como Raciocínio A classificação da Teoria como Raciocínio consiste em perguntar se os argumentos fluem de generalizações e observações específicas do raciocínio dedutivo, ou se vão de observações específicas a generalizações de raciocínio indutivo. Mas qual a diferença entre raciocínio dedutivo e raciocínio indutivo? Raciocínio Dedutivo � - podem exigir estruturas completamente diferentes e resultar em princípios distintos. As principais desvantagens do método dedutivo é a de que, se qualquer dos postulados ou premissas for falso, as conclusões também poderão ser falsas. Além disso, o método é considerado demasiadamente distante da realidade para ser capaz de produzir princípios realistas e eficazes, ou servir como regras práticas. Raciocínio Indutivo � - o processo de indução consiste na formulação de conclusões gerais com base em algo específico. Freqüentemente, mas nem sempre, o que é específico baseia-se em experiências práticas, tais como os resultados de experimentos. As ciências que se baseiam em experimentação são denominadas empíricas. A vantagem consiste em não ser necessariamente limitado por um modelo específico ou estrutura preestabelecida. Teoria como Decreto A classificação da Teoria como Decreto consiste em perguntar se os argumentos fluem de generalizações e observações específicas. Tanto as teorias indutivas quanto as teorias dedutivas podem ser descritivas (positiva) ou prescritivas (normativas). Descritivas � (positivas) - visam mostrar e explicar quais informações financeiras são apresentadas e comunicadas aos usuários de dados contábeis (o que é). Prescritivas � (normativas) - visam recomendar que dados devem ser comunicados e como devem ser apresentados (o que deve ser). 31 Teoria da Contabilidade Unidade 1 É possível observar que a Contabilidade possui uma linguagem própria, a qual deve ser interpretada e traduzida antes de elaborar o registro ou relatórios contábeis. No início desta unidade, você redigiu um conceito sobre Contabilidade. Agora que finalizamos o seu estudo, retome-o, a fim de verificar o que mudou. A proposta é procurar melhorar o seu conceito, tornando-o mais claro e correto. 32 Universidade do Sul de Santa Catarina Síntese Nesta unidade, você foi levado(a) à reflexão sobre o significado do conceito de Contabilidade e as razões que norteiam a Contabilidade como uma ciência social. Também vimos o significado de ciência para a compreensão do que seja ciência social, ou seja, ramo das ciências que estuda os fenômenos das células sociais e sua mensuração, causas e efeitos representados através da Contabilidade e expressos em valores nas Demonstrações Financeiras (contábeis). Você também conheceu os vários Enfoques da Teoria da Contabilidade, que estão divididos assim: Enfoque Fiscal, Enfoque Legal, Enfoque Ético, Enfoque Econômico,Enfoque Comportamental e Enfoque Estrutural. Agora você é capaz de compreender que, além dos enfoques da teoria da Contabilidade, também se faz necessário explicar os diferentes níveis das teorias da Contabilidade como linguagem: sintaxe, semântica e pragmática. E também consegue definir as várias classificações da Teoria da Contabilidade: positiva versus normativa, empírica versus não- empírica, dedutiva versus indutiva. Atividades de auto-avaliação Ao final de cada unidade, você realizará atividades de auto- avaliação. O gabarito está disponível no final do livro didático. Mas se esforce para resolver as atividades sem ajuda do gabarito, pois, assim, você estará promovendo (estimulando) a sua aprendizagem. Bom trabalho! 33 Teoria da Contabilidade Unidade 1 1) Com relação aos Enfoques da Teoria da Contabilidade, numere a 1ª coluna de acordo com a 2ª coluna: 1ª Coluna 2ª Coluna ( 1 ) Enfoque Fiscal ( ) Microeconômico (nível de empresa). ( 2 ) Enfoque Legal ( ) Busca de uniformidade de procedimentos. ( 3 ) Enfoque Ético ( ) Tomada de decisões, impacto e controvérsia, reação de investidores, administradores e credores. ( 4 ) Enfoque Econômico ( ) Propriedade legal: (aquisição, alienação, transmissão por decisão judicial). ( 5 ) Enfoque Comportamental ( ) Impacto da legislação fiscal sobre a prática da Contabilidade. ( 6 ) Enfoque Estrutural ( ) Conceito de justiça (verdade e equilíbrio). 2) Leia a notícia apresentada abaixo e identifique quais enfoques da Teoria da Contabilidade podemos relacionar com o assunto. Biocombustíveis: Única pede ao G-8 postura de longo prazo São Paulo, 07 - A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) e outras três entidades representativas dos produtores de etanol enviaram hoje uma carta aos líderes dos países que integram o G-8 (os sete países mais ricos e a Rússia) com uma declaração sobre a importância dos biocombustíveis em um momento de forte alta do preço do petróleo. As entidades apontam que os combustíveis alternativos podem ajudar a reduzir a demanda por óleo e a forte alta das cotações. Ao lado da Associação de Combustíveis Renováveis do Canadá (CRFA), Associação de Bioetanol Combustível da europa (eBio) e Associação de Combustíveis Renováveis dos estados Unidos (RFA), a Unica cobra “posturas de longo prazo” em relação aos biocombustíveis. No texto, as entidades ressaltam o aumento sem precedentes do preço do petróleo, as expectativas de continuidade da alta das cotações e a influência desse movimento no preço dos alimentos. Quanto à crise dos alimentos, as entidades ressaltam também a influência dos 34 Universidade do Sul de Santa Catarina problemas climáticos, o aumento da demanda por comida na Ásia, a desvalorização do dólar e a especulação envolvendo as commodities no mercado financeiro. em menor grau, a carta cita o aumento da produção dos biocombustíveis como possível fator de influência no preço dos produtos agrícolas. A carta lembra que muitas entidades nas Nações Unidas já admitiram o impacto limitado do aumento da produção dos biocombustíveis nos alimentos. “Nos 200 anos em que o mundo vem utilizando combustíveis fósseis, nunca se viu o tipo de cobrança e o nível de expectativas que hoje estão sendo impostas aos biocombustíveis. Nunca ninguém cobrou a sustentabilidade do petróleo. Podemos cobrar tudo dos biocombustíveis, porém sem esquecer que, até este momento, com a tecnologia disponível, eles são a única alternativa real que temos para reduzir nossa dependência nos combustíveis fósseis”, escreveu o presidente da Unica, Marcos Jank. A produção de etanol a partir da cana-de-açúcar é citada pelas entidades como um bom exemplo para a produção do biocombustível em larga escala. As entidades afirmam ainda que “se um dos objetivos dos líderes do G8 é auxiliar na saúde econômica de longo prazo e na segurança energética, então os biocombustíveis precisam fazer parte da estratégia”. Fonte: Notícia de 07/07/08 – Agência o estado. Disponível em: <http:// ultimosegundo.ig.com.br/economia/2008/07/07/biocombustiveis_ unica_pede_ao_g_8_postura_de_longo_prazo_1425299.html>. 35 Teoria da Contabilidade Unidade 1 Saiba mais Se você desejar, aprofunde os conteúdos estudados nesta unidade, consultando as seguintes referências: HENDRIKSEN, Eldon S. � Teoria da contabilidade. São Paulo: Atlas, 1999. IUDíCIBUS, Sérgio de. � Teoria da contabilidade. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2004. 2UNIDADe 2Origem e história, doutrinas e escolas da Contabilidade Objetivos de aprendizagem � explicar os antecedentes sociais, culturais e tecnológicos que foram necessários à invenção da Contabilidade. Descrever as principais contribuições das civilizações � não-ocidentais à invenção da Contabilidade. Relacionar os avanços da Contabilidade aos progressos � da sociedade, através da origem antiga, nobre e multicultural das doutrinas e escolas e sua importância para o desenvolvimento da Contabilidade. Seções de estudo Seção 1 Origem da Contabilidade Seção 2 Histórias da Contabilidade Seção 3 Doutrinas e escolas da Contabilidade Seção 4 Outros fatos que contribuíram para o desenvolvimento da Contabilidade 38 Universidade do Sul de Santa Catarina Para início de estudo Nesta unidade da disciplina Teoria da Contabilidade, você conhecerá a história da Contabilidade. A partir de agora, poderá associar a origem da Contabilidade à necessidade de controle da riqueza e de estoques na produção de alimentos e animais em antigas civilizações. Verá, ainda, acontecimentos que contribuíram para o surgimento do Método das Partidas Dobradas, origem das palavras débito e crédito, no contexto dos progressos tecnológicos e mudanças socioeconômicas da sociedade. Também vamos fazer uma revisão das doutrinas e escolas que nortearam o desenvolvimento da Contabilidade. Seção 1 - Origem da Contabilidade Como podemos precisar quando e onde esta importante ciência, que é a Contabilidade, teve seu início? Façamos um rápido resgate da origem do ser humano, desde seus primeiros registros históricos (na pré-história). Vá em busca de uma visão daquela época. Tente imaginar o homem em seu habitat em cavernas, efetuando desenhos nas paredes, estes que podemos associar a uma tentativa de registro e que já evidenciam a expressão materialista do ser do homem, como é até hoje. O homem tem natureza materialista, é ligado aos bens materiais desde seu surgimento, e o que muda neste quadro são tão- somente as necessidades humanas, diretamente associadas ao avanço tecnológico. Considere como viviam nossos avós e, em nossos dias, como nós vivemos, cercados de objetos e utensílios que, muitas vezes, se comparados a um passado recente, fazem crer estarmos em um filme de ficção científica. Diante da natureza “materialista” do ser humano e analisando a sua evolução, podemos dizer que a Contabilidade é muito antiga e que remonta à própria origem do homem. 39 Teoria da Contabilidade Unidade 2 De acordo com Santos et al. (2005, p. 62), a arqueologia da contabilidade é fruto de estudos científicos de restos humanos desenvolvidos no período mesolítico (10.000 a 5.000 a.C.), ou seja, na pré-história, isto porque esses fatos ocorreram antes do aparecimento da escrita, sendo que as primeiras fichas de barro foram encontradas em 8.000 a.C. em Uruk, antiga cidade da Mesopotâmia e centro importante da civilização sumeriana. Figura 2.1 - Mapa da antiga Babilônia, Cidade antiga de Uruk. Fonte: <http://www.historiadomundo.com.br/imagens/babilonia_mapa.jpg> Para compreender a relação desta remota e distante região com a Contabilidade, procure fazer uma pesquisa para ver onde se localizava a Mesopotâmia, uma das civilizações mais antigas do mundo que conhecemos. Procure saber como era a vida das pessoas que viviam na região, nesse período antigo. 40 Universidade do Sul de Santa Catarina Seção 2 - Histórias da ContabilidadeA origem da Contabilidade acompanha o surgimento do homem e sua evolução, e, ao longo dos tempos, tem evoluído de acordo com o avanço tecnológico e a evolução da sociedade. A palavra-chave que resume esta evolução no correr dos tempos é “controle” – pode-se dizer. Veja quais acontecimentos da história contribuíram para a evolução da Contabilidade. Os controles mais rudimentares exercidos pela sociedade tiveram origem nas necessidades e natureza materialista do homem. Este era um sistema contábil que controlava estoques de produtos agrícolas e animais, sendo registrado em fichas simples e complexas, através de caracteres cuneiformes, ou seja, a escrita em forma de cunha utilizada por diversas civilizações como a dos assírios, babilônios, medos e persas. Na figura, a seguir, está representado um homem daquela época, efetuando registros (controle) através de caracteres cuneiformes. Figura 2.2 - Registros cuneiformes. Fonte:<http://letraslivroseafins.blogspot.com/2007/04/ideogramas.html>. A contagem envolveu três fases evolutivas, a primeira denominada pelo chamado correspondente (um por um), em forma de comparativo, na qual um sinal correspondia a uma mercadoria. Ossos e conchas representavam uma unidade correspondente, conforme demonstra a figura a seguir: 41 Teoria da Contabilidade Unidade 2 Figura 2.3 - Ossos e conchas. Fonte: <http://www.midisegni.it/Port/oceano.shtml> e <http://www.unifesp.br/dorto-onco/fig3.jpg>. A segunda fase foi a da contagem concreta, através da utilização de fichas concretas, onde palavras representam números específicos (Figura 2.4). Figura 2.4 - Contagem concreta. Fonte: <http://blog.cybershark.net/ida/images/micmac1>. Finalmente, a terceira fase é a da contagem abstrata, através de números, liberando a contagem de um conjunto específico de coisas. Era utilizado um comparativo em forma de conjunto para fazer a contagem e o controle. Veja no exemplo a seguir. 42 Universidade do Sul de Santa Catarina Cada símbolo (pedrinha) corresponde a uma cabeça de ovelha Primeiro Inverno Primeiro Inverno Comparação entre 2 Invernos 1 º Inventário 2 º Inventário Acréscimos de cabeças de ovelhas Figura 2.5 - Contagem abstrata Fonte: Herzmann (2001). Neste período, o homem ainda não sabia contar, mas, utilizando objetos como a pedra, fazia o controle de sua atividade pastoril, associando o rebanho com pedras. Quadro da evolução da Contabilidade O quadro a seguir demonstra os estágios da evolução da humanidade relacionada à Contabilidade do período pré- histórico até o surgimento das partidas dobradas. Período Acontecimento 8.000 a.C. Utilização de fichas simples como forma de controle patrimonial. Esse era realizado através de uso de fichas muito simples, confeccionadas de barro. 4.400 a.C. Seguindo a evolução da complexidade da sociedade, as fichas de barro passaram a ter uma forma mais complexa, considerando a necessidade de controle de uma quantidade muito maior de itens patrimoniais. 3.250 a.C. O controle patrimonial passou a contar com outro elemento, que são os denominados envelopes (caixas) de barro, com um selo (espécie de laço) que envolvia esses envelopes, já que as fichas eram colocadas no seu interior. 3.200 a.C. Os envelopes passaram a contar com outro tipo de controle, que foram as impressões na superfície de todas as fichas depositadas no seu interior. Esse foi o primeiro sinal de registro duplo de que se tem notícia (a ficha a e impressão externa da própria ficha). 3.100 a.C. a 3.000 a.C. Marca o início do controle patrimonial através da escrita pictográfica e o início da numerologia através da contagem. 1.500 a.C. Surgimento das primeiras tabelas de argila, onde eram anotados os elementos patrimoniais para controle. 1.100 a.C. Desenvolvimento da escrita alfabética, facilitando ainda mais o controle. (Continua...) 43 Teoria da Contabilidade Unidade 2 650 a.C. Surgimento das primeiras moedas em Lídia (Ásia Menor) e, em 600 a.C., na Grécia, porém alguns autores afirmam que a primeira moeda surgiu em 869 a.C., em Egina (no golfo de Atenas). 400 d.C. a 1.000 d.C. Crise na Eurásia; invasão nômade; ascensão do islamismo; cruzadas, cujo objetivo era expulsar os muçulmanos da Terra Santa; recuperação da Europa; início dos movimentos comerciais com as cruzadas e as grandes navegações. 3.100 a.C. a 3.000 a.C. Marca o início do controle patrimonial através da escrita pictográfica e o início da numerologia através da contagem. Quadro 2.1 - Evolução da humanidade relacionada à Contabilidade. Fonte: Santos et al. (2005, p. 62) (adaptado pelo autor) Primeiras civilizações que contribuíram para a Contabilidade De acordo com Hendriksen & Van Breda (1999 p. 41), Muito antes de que a Europa emergisse de tendas e peles, economias sofisticadas já existiam no Oriente Médio e no Extremo-Oriente. A dinastia Shang, na China, remonta a 1600 a.C., ao passo que registros de uma cultura sofisticada na índia datam de 2300 a.C. As grandes pirâmides do Egito, a primeira das quais foi construída 4 mil anos atrás, confirmam a antigüidade dessa civilização. O conhecimento dessas civilizações antigas atingiu seu ápice na Grécia clássica. Filósofos como Platão e Aristóteles, escritores como Homero e Sófocles, e matemáticos como Euclides e Pitágoras ainda influenciam nosso pensamento. Foi um dos discípulos de Aristóteles, Alexandre, o Grande, quem criou o maior império conhecido na Antigüidade. Em 332 a.C., fundou a cidade de Alexandria, onde foi montada a mais extraordinária das bibliotecas do mundo antigo. Vários registros contábeis datam desses períodos. Por exemplo, os agricultores egípcios nas margens do Nilo pagavam com cereais e linhaça aos coletores de tributos pelo uso de água para irrigação. Recibos eram dados aos agricultores, desenhando-se figuras de recipientes de cereais nas paredes de suas casas. Os arqueólogos crêem que as fichas de argila, abundantes na Mesopotâmia, eram usadas, de maneira similar, para fins contábeis. Sistemas contábeis sofisticados parecem ter existido na China, já em 2000 a.C. e referências intrigantes denotam familiaridade com o sistema de partidas dobradas em Roma, no início da era cristã. 44 Universidade do Sul de Santa Catarina Influência Árabe Hendriksen & Van Breda (1999) explicam que, na distante Meca, Maomé escreveu o Corão e fundou o Islã após uma série de visões que se iniciaram em 610. Menos de um século após sua morte, seus seguidores haviam conquistado parte do norte da África e do Oriente Médio e haviam penetrado na Europa, sendo freados por Carlos Magno e seus predecessores imediatos. Em particular, a Espanha fora tomada dos visigodos em 711, e a Sicília tornara-se uma província árabe. Os muçulmanos haviam chegado até a índia. Em 765, os líderes islâmicos, representados pelo califado de Abbasid, transferiram a capital do império do Islã à recém- fundada cidade de Bagdá, no atual Iraque. Bagdá tornou-se o maior centro de conhecimento no primeiro milênio. Foi a essa instituição que os árabes levaram da índia uma das maiores descobertas da mente humana: o conceito de zero. Os gregos absorveram, rapidamente, tudo que o Ocidente tinha a ensinar-lhes, incluindo, mais tarde, os ensinamentos de Ptolomeu. Passados alguns séculos, a índia retribuía o favor ao Ocidente, proporcionando aos sábios de Bagdá seus aperfeiçoamentos da obra de Ptolomeu. A combinação entre os textos siríacos e indianos estimulou um estudioso judeu, Jacob ben Tarik, a fundar uma escola de astrologia em Bagdá. Foi nessa escola que Musa Al-Khwarizmi, o maior de todos os matemáticos árabes, escreveu sua obra Al-Jabr Wa’l Mugabala, do termo al-jabra, ou álgebra. A base de sua obra era a descoberta indiana do conceito de zero que havia permitido aos estudiosos indianos o desenvolvimento do sistema numérico que utilizamos atualmente. Dado seu uso corriqueiro, é difícil perceber quão sofisticada é a noção de um número zero alémde um nada vazio (há indícios de que tanto os babilônios quanto os maias desenvolveram o conceito de zero. Nenhuma outra nação parece ter sido tão sofisticada em seu pensamento matemático – nem mesmo os gregos). Também esquecemos como era inconveniente a aritmética antes do desenvolvimento do valor de posição. 45 Teoria da Contabilidade Unidade 2 Esse conhecimento não se limitou a Bagdá, mas espalhou-se pelo litoral africano e chegou à Espanha. Por se originar de tantas culturas, o novo conhecimento promoveu forte clima de tolerância. Judeus como Samuel ibn Nagdela alcançaram altos postos nas cortes dos califas. Árabes, judeus e cristãos trabalhavam harmoniosamente nas universidades de Córdoba, Sevilha, Málaga e Granada, transformando-as nos centros intelectuais da Europa. Entre os visitantes a Córdoba estava Gilberto, Arcebispo de Ravena (Gilberto mais tarde tornou-se o Papa Silvestre II), um dos primeiros a introduzir o sistema numérico hindu-arábico na Europa. O estudioso inglês do século XII, Adelardo de Bath, foi outro visitante de Córdoba, que retornou à Inglaterra com uma cópia de Euclides, a qual orientou o ensino da matemática na Inglaterra, por vários séculos. Mas a idade de ouro da Espanha moura não durou muito. Em 1805, Toledo havia sucumbido aos exércitos cristãos. Indivíduos e cidades foram perdidos, mas não o conhecimento. Houve pessoas como Leonardo Fibonacci de Pisa (circa 1180- 1250), que cresceu no norte da África, onde, ainda criança, aprendeu tanto a língua quanto a matemática dos árabes. Quando sua família retornou a Pisa, escreveu o Líber Abacci, que muito contribuiu para popularizar o sistema numérico arábico na Europa. A reação aos números nem sempre foi favorável, contudo. A Igreja considerou seu uso como heresia, e, em 1299, sua utilização foi banida em Florença. A proibição não durou muito, porém. À época em que Pacioli escreveu seu livro, já instruía seus leitores a usarem os números arábicos exceto por títulos nos quais “[...] você escreverá primeiro no Razão o ano à maneira antiga; ou seja, alfabeticamente do seguinte modo: MCCCCLXXXXIII (...) e assim dirá: ‘usemos as letras antigas, pelo menos por uma questão de beleza’.” Muitos de nós ainda fazem o mesmo atualmente. E, cada vez que preenchemos um cheque, tanto em letras quanto em números arábicos, estamos mantendo subconscientemente uma desconfiança milenar em relação aos novos números. 46 Universidade do Sul de Santa Catarina Leonardo Fibonacci! em 1202, Leonardo de Pisa (Fibonacci = filius Bonacci), matemático e comerciante da Idade Média, escreveu um livro sobre o ábaco, denominado Liber Abacci. este livro contém uma quantidade grande de assuntos relacionados com a Aritmética e Álgebra da época e realizou um papel importante no desenvolvimento matemático na europa, nos séculos seguintes, pois foi por este livro que os europeus vieram a conhecer os algarismos hindus, também denominados arábicos. A teoria contida no livro Liber Abacci é ilustrada com muitos problemas que representam uma grande parte do livro. Um dos problemas que pode ser encontrado nas páginas 123-124 deste livro é o problema dos pares de coelhos (paria coniculorum). Procure fazer uma pesquisa para saber qual é o problema dos pares de coelhos! Progressos Tecnológicos e Mudanças Socioeconômicas O Oriente proporcionou mais do que o conhecimento contido nos livros. Na batalha de Samarkand, em 751, os exércitos árabes capturaram uma fábrica de papel dos chineses. Em pouco tempo, Xativa, uma cidade ao sul de Valência, transformou-se no centro de produção de papel da Europa. A pólvora, inventada pelos chineses no século IX, foi aproveitada pelos mongóis para fins bélicos, e logo chegou à Europa. Em 1180, Alexander Neckham, meio-irmão do Rei Ricardo e Abade de Cirencester, descreveu uma bússola utilizada na China. Menos de um século mais tarde, Alfonso, o Sábio, rei espanhol de Leão e Castela, tornava seu uso obrigatório na navegação. O maior progresso, porém, foi a invenção de uma vela triangular, a chamada vela latina, que, por volta de 1250, havia superado a vela quadrada dos romanos, pois possibilitava navegar contra o vento. Antes de sua invenção, o comércio limitava-se à navegação numa direção, em uma época do ano, navegando-se na direção oposta em outra época; a vela latina permitiu viajar em qualquer época do ano. Essa vela, juntamente com o leme na popa, provavelmente transmitido pelos árabes a partir dos chineses, permitiu a invenção da caravela portuguesa – a embarcação que levou Bartolomeu Dias ao Cabo da Boa Esperança, em 47 Teoria da Contabilidade Unidade 2 1488, e foi a predecessora do galeão que transportou Colombo à América. Os navios proporcionaram os meios de transporte, mas a necessidade imediata de tal tipo de transporte resultou na tomada de Jerusalém pelos turcos em 1079. Isso provocou, 16 anos mais tarde, a guerra santa conhecida por nós como Primeira Cruzada. Do final do século XI ao final do século XIII, cruzadas sucessivas impulsionaram o desenvolvimento do comércio, principalmente entre as cidades italianas e o Oriente. Mercadores baseados em portos como Gênova, Amalfi e Veneza enriqueceram com esse comércio. À medida que o comércio se expandia e a riqueza era acumulada, a negociação individual ia sendo substituída pelo comércio através de representantes e associações. O uso de sociedades permitia que os riscos da navegação marítima de longo curso fossem compartilhados e que a riqueza do capitalista fosse combinada à audácia dos jovens mercadores. Na sociedade silenciosa, denominada commenda, o capital fornecido pelo sócio inativo (o commendator) era como um empréstimo ao sócio ativo (tractator), um esquema que evitava o pagamento de juros, uma prática censurada pela Igreja nessa época. A sociedade, portanto, foi importante no desenvolvimento da Contabilidade, porque levou ao reconhecimento da firma como entidade separada e distinta das pessoas de seus proprietários. A relação de representação foi importante, porque exigiu a prestação de contas. Também foi importante no desenvolvimento posterior da sociedade por ações, pois a responsabilidade do commendator era tipicamente limitada ao montante investido. Um efeito colateral trágico do aumento do comércio foi a facilidade com a qual as doenças podiam viajar pelo mundo conhecido, por exemplo, a peste bubônica (Peste Negra), que afligiu a Europa em 1347. Dentro de um prazo incrivelmente curto, a doença havia-se espalhado por toda a Europa, matando um terço da população. Com isso, fazendas, lares e negócios 48 Universidade do Sul de Santa Catarina foram abandonados pelos que morriam. Fortunas foram deixadas aos felizes sobreviventes. A escassez de mão-de-obra fez com que os salários subissem. O sistema feudal começou a declinar à medida que os camponeses deixavam os campos em busca de salários mais altos. Uma economia monetária começou a tomar lugar das velhas obrigações de classe. A propriedade privada começou a suplantar a posse conjunta da Idade Média. Em síntese, estavam sendo lançadas as bases de nossa sociedade. Um dos efeitos secundários curiosos da peste foi um substancial aumento do custo de produção de manuscritos por força da morte de tantos indivíduos literatos. Como costuma acontecer, a necessidade promoveu a invenção, pois, no início do século XV, Johannes Gensfleisch, mais conhecido por seu nome materno, Gutenberg, revolucionou o mundo com a invenção do tipo móvel. Em 1494, o primeiro livro de Contabilidade foi publicado. Veneza havia-se transformado, então, no centro mundial da imprensa. E foi assim que, em Veneza, Pacioli encontrou um editor para seu texto, é o que afirma Hendriksen & Van Breda (1999). Surgimento das Partidas Dobradas O desenvolvimento econômico do norte da Itália após 1100 d.C., causado pelo aumento da população, pelas oportunidade econômicas oferecidas pelas cruzadas, propiciouo surgimento do sistema de partidas dobradas. O conceito de dualidade freqüentemente utilizado para justificar as partidas dobradas apenas exige que sejam reconhecidos dois lados de cada transação. Isto poderia ser com igual facilidade feito numa única coluna, usando sinais positivos e negativos, quanto em duas colunas, com débitos e créditos. Por exemplo, ao se usar o caixa para adquirir estoque, por que não simplesmente colocar um número positivo na coluna estoque e um número negativo na coluna caixa numa planilha? 49 Teoria da Contabilidade Unidade 2 Por que falar de debitar uma conta e creditar a outra? Por que toda essa maquinaria complexa? O fato curioso é o de que, embora os inventores da Contabilidade dispusessem de conceitos tais como moeda, capital próprio e despesas, não dispunham de números negativos! Havia a noção de números negativos, mas, ainda em 1544, matemáticos como o alemão Michael Stifel os consideravam absurdos e fictícios. As contas sob a forma de “T” foram desenvolvidas, portanto, para indicar aumentos de um lado e reduções de outro. O saldo era obtido por uma técnica de “subtração por oposição”, ou, como dizia Pacioli, verificando-se “se o crédito foi superado por seu débito”. Em outras palavras, toda a maquinaria de débitos e créditos é uma solução engenhosa para um problema inexistente. Vejamos a seguir alguns eventos relacionados ao surgimento das partidas dobradas de acordo com Santos et al. 1200 d.C. – com a evolução comercial surgem as � primeiras manifestações práticas: o sistema de partidas dobradas em Veneza, Gênova e Florença. 1202 d.C. – Fibonacci escreve o primeiro livro sobre � comércio; fim da era antiga da Contabilidade e início da era moderna. 1300 d.C. – surgimento do primeiro balanço patrimonial � em uma companhia de Florença. Um Frei Franciscano é o Pai da Contabilidade Científica Frei Luca Pacioli escreveu Tratactus de Computis et Scripturis (Contabilidade por Partidas Dobradas), publicado em 1494, enfatizando que à teoria contábil do débito e do crédito corresponde a teoria dos números positivos e negativos. 50 Universidade do Sul de Santa Catarina Ainda que a Contabilidade remonte os primeiros sinais de existência a 8.000 anos antes de Cristo, ela atinge a sua fase adulta e completa nas cidades italianas de Veneza, Gênova, Florença e Pisa. O desenvolvimento da Contabilidade está associado ao desenvolvimento social, comercial (econômico) e institucional das sociedades. A Itália apresentava tais desenvolvimentos principalmente em torno do século XV, tornando-se conhecida como o berço da Contabilidade. O início da era científica da Contabilidade ocorre exatamente neste século. O que marca o início desta fase é a obra de Frei Luca Pacioli, com seu monumental livro Tractatus de Computis et Scripturis, em Veneza, em 1494. A obra de Pacioli dá início ao que ainda se denomina hoje de Escola Contábil Italiana de Contabilidade. No tratado de Pacioli, pela primeira vez é explicado integralmente o método contábil, conhecido hoje como processo das partidas dobradas. Iniciou-se assim a introdução da Contabilidade como ciência, ficando ele conhecido como “o pai dos autores de Contabilidade” ou ainda “o pai da Contabilidade Científica”. Depois de Pacioli, os que o sucederam se limitaram quase que a copiar o que ele havia escrito. Sua obra foi reeditada por Vicenzo Gitti no século passado, em uma linguagem atual. Em plena era da tecnologia da informação, da reengenharia, das maiores invenções da história do homem, nada se avançou em termos do método contábil oficializado por Pacioli. Até mesmo os termos tão complexos de se entender, Débito e Crédito, usados por Pacioli, não encontraram qualquer variação. Origem das Palavras Débito e Crédito A origem das palavras utilizadas para a realização das operações na Contabilidade, especificamente a escrituração por partidas dobradas, tem sua origem no latim. Luca Pacioli nasceu em Borgo S. Sepolcro, hoje Sansepolcro, província de Arezzo, por volta de 1445 a 1450. Dedicou-se à matemática, escrevendo Summa de Arithmetica, Geometria, Proportione et Proportionalità, que deu origem à obra acima referida. 51 Teoria da Contabilidade Unidade 2 De onde a palavra “débito”significa: Dívidas, devedores, debêntures e débitos são palavras que resultam da base debere, ou dever. Debere palavra em latim que tem seu significado de dever. E a palavra “crédito” significa: Créditos vêm da mesma raiz da palavra credo, ou seja, algo em que se acredita. Também pode referir-se a pessoas nas quais se acreditam credores. Como um Frei da Igreja, Luca Pacioli procurou inspiração em seus conhecimentos teológicos para associar o significado destas palavras, fazendo analogia com os direitos e obrigações de uma pessoa. Atribuir relação de aumento ou diminuição, onde, a partir deste significado, ficou representado que “débito” é a parte positiva ( + ) e “crédito” é a parte negativa ( - ). e, para melhor interpretação e aplicação: ao observarmos a conta “T”, onde, do lado esquerdo, ficam os saldos positivos ou devedores e, do lado direito, ficam os valores negativos ou credores, isto parece coincidência; mas, se observarmos a conta “T”, vamos perceber que também tem semelhança com uma cruz. Seção 3 - Doutrinas e Escolas da Contabilidade As doutrinas contábeis foram introduzidas por diversas escolas desde o advento de Luca Pacioli, com a criação do Método das Partidas Dobradas dando início à escola italiana, até que conceituaram a Contabilidade sob diversos aspectos contemporâneos. Como em todos os ramos do conhecimento humano, também na Contabilidade a ciência construiu-se de teorias. Até o século XVIII, quase não houve evolução do pensamento científico da Contabilidade influenciado pela obra de Luca Pacioli. Nessa época, a preocupação era voltada para o aprimoramento da técnica contábil e, durante o período, a escrituração contábil foi cercada de regras e princípios voltados para o funcionamento das contas, cujo objeto central era o registro dos direitos e das obrigações. 52 Universidade do Sul de Santa Catarina Com essa filosofia, os pensadores criaram o movimento contista, que representou a primeira discussão em Contabilidade de caráter científico, dando início à evolução do pensamento contábil. Escola Contista O precursor do Contismo foi o comerciante Benedetto Cotrugli, que, em 1458, exerceu atividades comerciais na Itália, e é considerado por alguns autores como o primeiro a descrever o sistema de registro das partidas dobradas. Segundo ele, o comerciante deveria possuir três livros de contas para registrar suas transações comerciais: o livro dos Gastos, o livro Diário e o livro Razão. A segunda obra mais importante desse período foi o livro de Pacioli, de 1494, La summa de arithmetica, geometria, proportioni et proportionalitá. Entre os pensadores contistas, Edmundo Degranges foi um dos que mais se destacaram, expondo, em 1795, a teoria das cinco contas, baseada no estudo do francês Jacques Savary em 1675. Apesar de essa teoria não ter sido aceita em todos os lugares, impulsionou a escola contista e, conseqüentemente, as demais escolas do pensamento contábil. Para Degranges, o comércio tinha cinco (5) objetivos principais que, permanentemente, lhe serviam de meio de troca, sendo esta a base de sua teoria. As cinco contas a que fazia referência eram: (1) Mercadorias, (2) Dinheiro, (3) Contas a Receber, (4) Contas a Pagar e (5) Lucros e Perdas. Escola Contista! Impulsionou as outras escolas e foi o início do Método das Partidas Dobradas período pré-científico. Escola Materialista Também chamada de Escola Administrativa ou Lombarda, seu precursor foi o italiano Francesco Villa, que, em 1840, publicou a obra La contabilità applicata alle amministrazioni private e pubbliche, a qual orientou a o início do período científico da Contabilidade. A teoria das cinco contas sustentavaque o comércio tinha cinco objetos principais que, sucessivamente, poderiam ser negociados: mercadorias, dinheiro, efeitos a receber, efeitos a pagar e lucros e perdas. 53 Teoria da Contabilidade Unidade 2 Para o Materialismo, o objeto essencial da Contabilidade era a gestão, a riqueza gerada. Segundo seus pensadores, a conta limitava-se a representar os valores gerados. Para eles, a conta representava apenas os valores materiais, e a escrita contábil (relações de débito e crédito) apenas auxiliava o estudo contábil. Nesse sentido, era importante elevar a condição da Contabilidade como uma importante fonte de informação sobre o gerenciamento do Patrimônio. O Materialismo preocupou-se, também, em aumentar a quantidade de informações apresentadas nos relatórios contábeis, introduzindo, entre outros, os dados que impactavam os resultados das empresas, como os custos de seus produtos e os gastos efetuados por seus gerentes, dificultando, na mesma proporção, a divulgação dessas informações. Mesmo com as dificuldades encontradas no processo de divulgação, seus pensadores contribuíram significativamente para a qualificação da informação contábil: a avaliação de ativo permanente a preço corrente em � atividades comerciais e industriais; a desvinculação da Contabilidade de cifras e números; � estabelecimento do controle como objeto da � Contabilidade. Escola Materialista! O objetivo essencial da Contabilidade era a gestão, a riqueza gerada, relação entre o débito e o crédito, fonte de informação sobre o gerenciamento do Patrimônio. Escola Personalista A Escola Personalista surgiu em 1867, seu precursor foi o Francesco Marchi, que publicou a obra I cinquecontist ovvero la ingannevola teórica che viene insegnata negli istituti tecnici del Regno e fluori del Regno intorno il Sistema de Scrittura a partita doppia e nuovo saggio per la facile intelligenza ed applicazione del sistema. 54 Universidade do Sul de Santa Catarina Os principais seguidores dessa escola foram: Francesco Marchi (o iniciador da escola); � Giuseppe Cerboni (o construtor da teoria personalista); � Giovanni Rossi. � O Personalismo foi criado em meados do século XIX, assinalando uma nova postura no desenvolvimento da ciência contábil: os elementos patrimoniais podiam ser representados por pessoas com as quais se mantinham relações jurídicas, ou seja, todos os débitos realizados nas contas dessas pessoas representavam suas responsabilidades, e os créditos correspondiam a seus direitos com relação ao titular do patrimônio. Nesse sentido, a Contabilidade deixava de ser voltada apenas para a arte de registrar e contar a riqueza auferida. Pode- se citar as seguintes características: quem recebe é debitado; � quem entrega é creditado; � os agentes e correspondentes são debitados à medida que � o proprietário é creditado e vice-versa; as contas são abertas em nome das pessoas físicas ou � jurídicas – proprietários, correspondentes (terceiros que transacionam com a entidade) e agentes consignatários (empregados a quem se confia a guarda de valores) e administrador (não havia uma conta específica para ele, mas todo balanço representava o administrador); considera o aspecto jurídico das relações entre as pessoas. � A teoria logismográfica (que estabelecia ser o fato administrativo a manifestação real) era capaz de oferecer, tanto no campo teórico como no campo prático, as informações para a análise de todos os fatos, e esta era fundamentada no inter-relacionamento entre a economia, fatos administrativos e contábeis da empresa. A Contabilidade na essência representa o estudo da administração e compreendia os seguintes estudos: estudo da determinação das leis da azienda; � estudo da computisteria, que compreende a aplicação da � matemática aos fatos administrativos; 55 Teoria da Contabilidade Unidade 2 estudo da logismografia como método de coordenar e � representar os fatos administrativos da azienda, analisar seus processos e os efeitos jurídicos econômicos e tê-los reunidos em uma única e contínua equação. Mesmo dominando o pensamento contábil durante o século XIX, o Personalismo teve seus opositores, entre os quais os criadores do que seria a nova escola do pensamento contábil que viria a predominar. Escola Personalista! Criados em meados do século XIX, contribuindo para o desenvolvimento da ciência contábil, elementos patrimoniais representadas por pessoas com as quais se mantinham relação jurídicas. Surge a teoria logismográfica (que estabelecia que o fato administrativo era a manifestação real). Escola Controlista A Escola Controlista surgiu em 1880 com a obra do italiano Fabio Besta, La ragioneria; que trata da figura do controle, citada anteriormente por Villa. Os principais pensadores dessa obra foram: Fabio Besta; � Vittorio Alfieri; � Carlo Ghidiglia; � Pietro Rigobon; � Pietro D’Alvise. � A filosofia do Controlismo consistia em que o controle da riqueza aziendal era o objeto do estudo da Contabilidade. Para Besta, a riqueza deveria ser considerada sobre ela mesma, e o patrimônio como uma grandeza que se pudesse medir, distinguindo o conceito entre a administração geral (que representava a administração da riqueza aziendal). 56 Universidade do Sul de Santa Catarina Segundo Besta, para se conhecer o estado da riqueza, é necessário que os fatos administrativos sejam escriturados. Para isto, é necessário criarem-se contas contábeis, consideradas por ele como uma série de anotações referentes a determinado objeto, capazes de expressar qualquer grandeza (moeda, peso, volume, etc.). As contas refletem valores, não refletem direitos ou obrigações entre pessoas. Além disto, as contas são divididas em duas categorias: contas elementares: que englobam todos os elementos do � ativo e passivo; contas derivadas: que englobam as contas de capital � (capital social e reservas) e contas de gestão (variações ativas e passivas do capital líquido – lucros e perdas). Para Besta, a movimentação das contas se classifica segundo os fatos administrativos, em: permutativos: ocorre mudança entre elementos do ativo e � do passivo (mudam duas contas); modificativos: ocorre mudança entre elementos do ativo � ou do passivo e patrimônio líquido (mudam duas contas); mistos: ocorre mudança entre elementos do ativo ou do � passivo e patrimônio líquido (mudam três contas). Escola Controlista! Consiste no estudo da riqueza aziendal, dividida em duas categorias: contas elementares e derivadas. A movimentação das contas se classifica em fatos: permutativos, modificativos e mistos. Escola Alemã ou Reditualista O precursor da Escola Alemã ou Reditualista foi o alemão Eugen Schmalenbach, considerado um dos pais da moderna teoria da administração de negócios da Alemanha, e seus principais seguidores foram Mallberg, Geldmacher, E. Walb, K. Mallerowicz, M. R. Lehmann, entre outros. 57 Teoria da Contabilidade Unidade 2 A filosofia do Reditualismo consistia em que o redito (lucro/ rendimento) tinha prioridade sobre a estrutura patrimonial e era o principal objeto de estudo da Contabilidade. Para Schmalenbach, o sucesso ou insucesso de uma empresa estava diretamente relacionado aos lucros obtidos, ou não. As maiores colaborações de Schmalenbach para a ciência contábil foram a mensuração do resultado por meio dos conceitos de Contabilidade dinâmica, a uniformização de planos de contas contábeis e a Contabilidade de Custos. Escola Alemã ou Reditualista! Consiste no redito (lucro/rendimento), com prioridade sobre a estrutura patrimonial. A mensuração do resultado por meio dos conceitos de Contabilidade dinâmica, a uniformização de planos de contas contábeis e a Contabilidade de Custos. Escola Aziendalista Os precursores do Aziendalismo foram Alberto Ceccherelli e Gino Zappa, cuja filosofia representou o resultado da evolução da Contabilidade italiana, iniciada por Leonardo Fibonacci de Pisa. Seus principais seguidores
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