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www.youtube.com/pordentrodasacristia Livros Históricos Os Livros Históricos do Antigo Testamento registram a história do povo de Israel desde a conquista da Terra Prometida sob a liderança de Josué, até a restauração de Jerusalém após o cativeiro babilônico. Isso significa que a narrativa dos Livros Históricos compreende um período de centenas de anos. Nesse espaço de tempo, os Livros Históricos também relatam o início da monarquia em Israel com o reino unificado, depois o reino dividido, e as quedas do Reino do Norte e do Reino do Sul diante dos impérios assírio e babilônico respectivamente. Os Livros Históricos do Antigo Testamento são: Josué, Juízes, Rute, 1 e 2 Samuel, 1 e 2 Reis, 1 e 2 Crônicas, Esdras, Neemias e Ester. Nós iremos estudar alguns elementos pertinentes a cada livro. Josué Este nome foi dado por Moisés a Oseias (Nm 13,16) e significa “Iahweh é salvação”. Josué foi um líder militar de Moisés e tinha o encargo de cuidar da Tenda (Ex 33,11). A redação deste livro deve ter sido feita na época dos reis, mediante documentos antiquíssimos, que em partes remontam ao período de Josué. O livro se divide em três partes: do capítulo 1 ao 12 encontramos a conquista de Canaã; do capítulo 13 ao 21 temos a divisão da terra conquistada (Canaã) e do capítulo 22 ao 24 temos o apêndice do livro. No Antigo Testamento, o livro de Josué substitui um relato da conquista que deveria se encontrar no Pentateuco: com efeito, é impossível que tais documentos se encerrassem nas planícies de Moab. Talvez alguns restos dessa outra narrativa possa ser encontrada em Juízes. Entretanto, os críticos modernos admitem que Josué é uma compilação de diversas fontes; contudo a identificação de cada uma destas fontes é muito difícil e até hoje ainda não se conseguiu chegar a um acordo a respeito disso. O tema do livro é a posse da terra como cumprimento da promessa feita aos patriarcas. Para se analisar esse tema, deve-se levar em conta o desejo de https://estiloadoracao.com/quem-foi-josue-na-biblia/ www.youtube.com/pordentrodasacristia uma terra própria, um anseio que frequentemente se torna aflitivo em um grupo nômade. Sem terra própria, a tribo não tem raízes e não encontra um lugar na história; na terra, a tribo vai buscar estabilidade e identidade como povo. Se “terra de Israel”, não poderia haver “Israel”. Os israelitas haviam percebido isso, considerando a sua terra como dom de Iahweh. Juízes O livro dos Juízes segue-se ao de Josué, cobrindo o período da história israelita que vai do estabelecimento de Israel em Canaã até o surgimento da monarquia. As origens literárias do livro são bastante complexas. É evidente a diferença entre as histórias dos juízes “maiores” (Otoniel, Aod, Débora, Barac, Gedeão, Abimelec, Jefté e Sansão) e as breves informações sobre os juízes “menores” (Samgar, Tola, Jair, Abesã, Elon e Abdon). Duvida-se de que Abimelec fosse um “juíz”; sem ele e contando Débora-Barac como um, teria-se o número de doze juízes. Mas tal número não corresponde às doze tribos de Israel: Ruben, Simeão e Levi não tem juízes correspondente. A duração dos vários períodos mencionados no livro é de 410 anos. Tal duração é certamente exagerada, já que o êxodo deve ter se dado entre os anos de 1290 e 1260 e a ascensão de Saul ao trono deve ter ocorrido entre os anos 1050 e 1040. Na redação do livro, os juízes transformaram-se em juízes de todo Israel, ao passo que na história original tratava-se de chefes locais ou tribais. É impossível organizar cronologicamente essas histórias. Não se possui uma data segura para nenhum dos fatos narrados, à exceção da vitória de Barac em Tanac, em 1125 a. C. Este livro apresenta dois temas teológicos: o das histórias separadas e o da redação deutoronomística. O tema das histórias separadas é a libertação, por parte de Deus, através de um “juíz”. A função do juiz no pensamento hebraico não é tanto a de determinar a justiça segundo a Lei, mas sim a de restaurar a justiça. O tema deuteronomístico organiza as histórias em um ciclo de pecado, castigo, arrependimento e libertação. Rute Este livro conta a impressionante história dos antepassados do rei Davi. O livro apresenta o heroísmo de duas mulheres, que surge de sua inabalável fé e confiança em Iahweh. Ele é o protetor das viúvas e quem recompensa a sua www.youtube.com/pordentrodasacristia fidelidade. Como Israel, Rute escolhe a Iahweh como seu Deus e por conseguinte Deus é benevolente com esta mulher estrangeira. Esta benevolência com os estrangeiros aparece em outras passagens, como por exemplo em Jonas. Samuel Samuel era filho de Elcana, da tribo de Efraim, e de Ana. Ele foi o último dos juízes e foi o profeta, enviado por Deus, que ungiu os dois primeiros reis de Israel. A história da vocação de Samuel afirma seu caráter profético e seu mandato divino. As histórias de Samuel são compiladas usando tradições diversas e, dentro dessas compilações, são usados materiais de diversas origens. Originalmente, 1º e 2º Samuel eram um único livro. Ele foi dividido em dois na Septuaginta e confirmado na tradução da Vulgata. Uma temática mais assertiva para este livro é a origem da monarquia davídica. Isso é o que o livro relata e era provavelmente aquilo que os escribas foram encarregados de escrever. Esses homens concebiam a monarquia como uma instituição divina. Na história do povo de Israel, com o surgimento da monarquia houveram os problemas reais. Pois o rei deveria governar, mas ao mesmo tempo estar sujeito a Deus, que falava na pessoa do profeta. Mas a realeza histórica não cumpriu a antiga promessa. Diante do fato ficam os questionamentos: foram os reis que não aceitaram a vontade de Deus, ou Israel como um todo que rebelou contra Iahweh? A monarquia vive a ideia do rei Messias, e a escola antimonárquica vive nos profetas que não veem rei no futuro de Israel. Reis O livro dos Reis possui, ao longo da maior parte do livro, uma unidade que lhe é imposta pelo esquema básico em que as narrativas a respeito dos reis são inseridas. Este esquema emprega fórmulas que introduzem e concluem o relato sobre cada reino. A fórmula introdutória usada para os reis de Judá apresenta a filiação paterna do rei, o ano que o rei subiu ao trono, o nome da cidade real (sempre Jerusalém), o número de anos que durou o reinado, sua filiação materna e uma apreciação moral do rei. Para os reis de Israel a fórmula apresenta o ano do reinado, ano em que o monarca ascendeu ao trono, a filiação paterna www.youtube.com/pordentrodasacristia somente quando um filho era sucessor do pai, o nome da cidade real (Tersa ou Samaria), e uma apreciação moral. A apreciação moral de cada rei baseia-se no princípio deuteronômico de que o sacrifício só deveria ser oferecido em Jerusalém e no templo. Por conseguinte, todo rei israelita é condenado porque comete o “pecado de Jeroboão”, pecado que consistiu em estabelecer santuários reais em Betel e Dã. Dentre os reis de Judá, somente Ezequias e Josias, a quem se atribuem reformas religiosas, são elogiados sem reservas. Asa, Josafá, Joás, Amasias, Ozias e Joatão são elogiados com reservas porque não eliminaram os lugares altos. O livro de Reis é o mais perfeito enunciado da teologia deuteronômica da retribuição. A explicação da queda dos reinos de Israel e Judá não se apóia nos acontecimentos históricos. O que provoca a queda destes reinos é a corrupção de suas crenças religiosas e de seu culto. Uma análise assim histórica da queda de uma nação feita por seus próprios membros não tem paralelo no Antigo Oriente Médio e constitui uma incontestável demonstração de caráter único da fé de Israel. Iahweh não pereceu com se povo, como os deuses de outros povos antigos, porque a história de Israel conseguiu demonstrar a vontade moral de Deus que o elevava acimado nível dos interesses políticos e nacionais. Em face de um deus assim, a fé era possível mesmo depois que a nação perecia, porque ele era o agente de sua destruição. A queda de Israel foi o êxito de Deus, e, não, o seu fracasso. O cunho de messianismo, que se achava presente na redação de Josias, permanece sob outra forma nas palavras que encerram o livro e que recordam aos hebreus que a dinastia de Davi ainda vive num descendente contemporâneo. A esperança do historiador repousa na continuação da casa a que foi feita a promessa de um destino eterno. Crônicas O título de “Crônicas” deriva de uma expressão de Jerônimo, que chamou os livros de Chronicon totius divinae historiae (Crônicas de toda a história divina). Crônicas e Esdras-Neemias são obras de um mesmo autor. Os estudiosos modernos datam essa obra não antes de 300 a. C. É muito importante considerar o fato de que o cronista não pretendia escrever uma “história”, pois já haviam livros com este objetivo. A apresentação que o cronista faz dos fatos e a www.youtube.com/pordentrodasacristia apresentação que os leitores podem encontrar nos livros históricos contem diferenças. Essa diferença se observa tanto na concepção geral da história como em numerosos detalhes. Desta maneira podemos dizer que o cronista não pretendia escrever aquilo que aconteceu, mas sim aquilo que deveria ter acontecido, isto é, pretendia escrever a história do Israel ideal, vivendo sob a sua Lei, nas circunstâncias históricas que levaram a sua queda. Essa apresentação do passado não encontra uma boa acolhida por parte dos leitores modernos. Mas é preciso ter em conta a intenção do cronista: apresentar o ideal de um povo santo que vive em comunidade, sob a liderança de um chefe messiânico, governado pela Lei divina e fiel às circunstâncias do culto público. A sua afirmação do primado do aspecto religioso na vida humana, do governo divino sobre os assuntos humanos e da lei da retribuição está em plena concordância com a fé veterotestamentária. Esdras-Neemias Originalmente, Esdras e Neemias constituíam um único livro. A divisão em dois livros apareceu pela primeira vez em Orígenes (254 d. C.) sendo depois inserida na Vulgata. Estes livros relatam o retorno dos hebreus do exílio da Babilônia para Jerusalém no ano primeiro de Ciro. Esdras é o sacerdote, escriba versado na Lei de Moisés e Neemias é o governador de Judá, nomeado por Artaxerxes I. O significado religioso do livro resulta muito mais de sua história do que de sua mensagem. Esdras-Neemias registra as tentativas históricas empreendidas para restaurar uma comunidade judaica em Jerusalém e na Palestina. Esses esforços foram realizados em virtude da fé na vida perene de Israel, baseada na convicção de que Israel era o povo de Iahweh e na promessa de que esse povo iria sobreviver, para poder ser conhecido por todos os povos. Essa comunidade representou concretamente o início do judaísmo. E o judaísmo, além de conservar os escritos de Israel, acrescentou a eles a sua própria contribuição, criando uma sociedade político-religiosa baseada nas tradições israelitas. E foi nessa sociedade que surgiram o Novo Testamento e o cristianismo. Tobias O livro de Tobias foi escrito, originalmente, em grego. O conteúdo do livro e de sua doutrina sugerem fortemente que o livro é de origem palestinense. www.youtube.com/pordentrodasacristia Embora o livro tenha sido escrito de forma narrativa, é pouco provável que haja alguma coisa nele de histórico. Além da tese geral da narrativa, a sabedoria de Tobias é integrada por reflexões dos personagens. Tobit e seu filho são imagens autênticas da piedade judaica do período pós-exílico. A piedade consiste em observar a Lei. Importante destacar que este livro é aceito no cânon da Igreja católica, mas não aparece nos cânones protestantes e judaico. Judite O pano de fundo irreal da história faz supor que provavelmente o autor não pretendia registrar fatos históricos. Nabucodonosor, rei da Babilônia, torna- se rei da Assíria e reside em Nínive. Entretanto, o Império assírio e a cidade de Nínive haviam sido destruídos pelas campanhas do pai de Nabucodonosor. Neste livro mostra que os judeus devem ter plena confiança em Deus, que os protege. Deus salva o seu povo através da ação de homens que agem como tais. A libertação dos judeus baseia-se em sua fidelidade à Lei. Esse é o núcleo do discurso de Aquior, das palavras de Judite e do exemplo de Judite, como mulher que vive segundo a Lei rigidamente interpretada. Com efeito, Deus é “Deus dos humildes, o socorro dos oprimidos, o protetor dos fracos, o abrigo dos abandonados, o salvador dos desesperados” (Jd 9,11). E Judite é um exemplo dessa fé. Ester O livro de Ester começa com a decisão do rei Assuero de se desfazer de sua mulher, a rainha Vasti, em virtude de sua desobediência. Procura-se, portanto, outra rainha entre as mais belas jovens da província do Império. Assim é escolhida a hebreia Hadassa, que recebe o nome persa de Ester. Este livro foi escrito em hebraico, mas teve complementos em grego e, estes complementos, acrescentam ao livro uma importante característica. O texto hebraico não contém o nome divino, nem qualquer referência a Deus ou às suas ações. As orações e as outras alusões a Deus nos acréscimos gregos provavelmente tinham o objetivo de tornar o livro mais aceito como livro sagrado. No livro de Ester, a providência age através de meios, projetos e ações humanos; a ação divina é oculta e não se fala em milagres. E, no entanto, os hebreus conseguem se salvar. Essa visão da providência, implícita no texto hebraico, torna-se explícita nas orações dos acréscimos gregos. www.youtube.com/pordentrodasacristia Macabeus Embora reunidos sob um único título na Bíblia, 1º e 2º Macabeus são na realidade dois livros diferentes, tendo em comum apenas o tema: a luta mortal entre o helenismo e o judaísmo, oposição existente entre Israel, povo de Deus, e os gentios. Se não resistisse ao helenismo por todos os meios, políticos e militares, bem como religiosos, Israel desapareceria e perderia a sua identidade própria, sua fé e seu culto. É significativo que, na luta, os judeus demonstrem fidelidade à Lei. Os livros foram escritos em grego e por este motivo não estão inclusos nos cânones judaicos.
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