Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
JOSÉ EDUARDO FERREIRA DANTAS SÍNTESE DO CAPÍTULO I DO LIVRO “RACISMO ESTRUTURAL” Escrito pelo pesquisador, teórico e acadêmico na área do direito e da teoria social Dr. Silvio Luiz de Almeida, o livro de título “Racismo Estrutural” se propõe a demonstrar que a expressões do racismo no cotidiano, nas relações interpessoais ou mesmo nas dinâmicas das instituições são mais complexas do que aparentam, envolvendo questões econômicas, sociais e políticas no cerne da problemática. Para a realização desse feito, o autor utilizasse de um vasto referencial teórico durante toda a construção do debate. Antes do início, propriamente dito, o autor define o seu livro como um livro de teoria social, que não tem por objetivo tratar apenas de raça ou racismo especificamente. O autor elenca duas teses principais a serem desenvolvidos no livro, a primeira é de que “a sociedade contemporânea não pode ser compreendida sem os conceitos de raça e de racismo” e a segunda é a de que “o significado de raça e de racismo, bem como suas terríveis consequências, exigem dos pesquisadores e pesquisadoras um sólido conhecimento de teoria social” (ALMEIDA, 2018. p.15). Agora, por fim dando início ao primeiro capitulo, o autor estrutura seu texto em diversos tópicos e subtópicos a fim de poder dissertar sobre eles de maneira mais objetiva. Logo de início, o autor se debruça sobre como ocorreu a construção do termo raça e de como e quando esse termo passou a ser utilizado para distinguir os seres humanos entre si. É sabido que a raça humana é uma só, mas em algum momento da história foi construído o pensamento de que, a depender das características físicas, os humanos poderiam ser classificados em raças distintas. Um dos pontos determinantes para que essa nova forma de pensamento se instaurasse foi o surgimento do iluminismo durante o século XVII, esse movimento buscava entender as múltiplas facetas do indivíduo e a partir dele é que foram construídas as primeiras ferramentas que possibilitavam a comparação entre os indivíduos. Com o avançar da tecnologia o pensamento filosófico que distinguia os indivíduos logo passou a se tornar um pensamento cientifico, essa nova forma de pensar tentava comprovar que as diferenças entre os indivíduos de raças opostas eram reais e que isso colocava os indivíduos da raça branca acima das demais raças através do método cientifico. Silvio define o racismo a partir de três principais concepções, que são essas o racismo institucional, o racismo estrutural e o racismo individualista. Essas concepções surgem a partir dos três seguintes critérios, o primeiro é a partir da relação entre racismo e (individualista), segundo é através da relação entre racismo e estado (institucional) e terceiro surgem da relação entre racismo e economia (estrutural). Do ponto de vista do autor, o racismo individualista é reconhecido pela sociedade como um fenômeno patológico ou anormal, algo que surge a partir da irracionalidade do ser e é cometido de forma individual e isolada. Entretanto, é ressaltado pelo autor que se levarmos em conta apenas essa definição estaríamos ignorando todos os outros acontecimentos que permeiam a história que foram frutos do racismo, mas que não foram cometidos de forma individual. O racismo institucional, já bem mais elaborado que o individualista, reconhece que além das pessoas as instituições também podem ser racistas. As instituições são entendidas como centros de poder que estabelecem normas e padrões de orientações acerca da ação social do indivíduo e que a partir disso proporcionam uma relativa estabilidade para os sistemas sociais. Devido a hegemonização dessas instituições por grupos específicos de indivíduos que as utilizam para a imposição dos seus próprios desejos econômicos e políticos essas instituições – que por vezes são reflexos da sociedade na qual estão inseridas – se tornam racistas e contribuem para a perpetuação da tentativa de subordinar uma raça a outra. O racismo estrutural pode ser, de forma muito simplória, definido como a forma que a sociedade se reproduz. Se uma instituição é racista não é porque ela criou o racismo, mas sim devido a ela ser um reflexo da sociedade que é racista, isso é intensificado pela ausência de pessoas negras em posições de poder dentro dessas instituições, já que as instituições apenas reproduzem um racismo existente dentro do grupo que as comanda. A definição desses três conceitos é o ápice desse capitulo tendo em vista que ao diferenciá-los temos acesso a novas perspectivas de análise do racismo dentro da nossa sociedade, algo que a princípio era analisado a partir de um caráter individual agora ganha novas nuances já que podemos o correlacionar com a ação do Estado, do mercado e da política mundial elevando assim o seu nível de complexidade. Ainda dentro desse mesmo capitulo é dissertado acerca do racismo como processo político. A política está presente no racismo pois o racismo é uma forma de discriminação que influencia a organização social, desta forma, é necessario poder político para que ele se perpetue, sendo assim, podemos concluir que a política sofre e exerce influência no racismo estrutural. Referência ALMEIDA, Silvio. Racismo estrutural. Pólen Produção Editorial LTDA, 2019.
Compartilhar