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ANÁLISE ESTRUTURAL DE SISTEMAS MARÍTIMOS PROFESSORES: Michele Agra de Lemos Martins / Eduardo Nobre Lages micheleagra@lccv.ufal.br / enl@lccv.ufal.br Maceió-AL Versão: 2017.1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS CENTRO DE TECNOLOGIA ENGENHARIA DE PETRÓLEO Carregamentos em estruturas offshore • As estruturas offshore estão submetidas, em geral, aos seguintes carregamentos: Cargas permanentes Cargas operacionais Cargas ambientais Cargas de construção e instalação Cargas acidentais Carregamentos em estruturas offshore • Cargas permanentes: Englobam as cargas referentes ao peso próprio de toda a estrutura, sistemas de lastro, peso do maquinário, acomodações e demais equipamentos permanentes. Para os membros estruturais abaixo da linha d’água, deve-se ainda considerar as forças hidrostáticas, como as cargas de flutuação e pressão nos membros estruturais. Carregamentos em estruturas offshore • Cargas permanentes: “Cargas mortas” (dead loads) incluem todos os membros fixos na plataforma, tais como deck, jaqueta, pontes e estrutura do queimador/tocha (flare), ou seja, incluem todos os elementos estruturais primários de aço e itens estruturais secundários, tais como estrutura de apoio a embarque/desembarque (boat landing), pad eyes, enrijecedores, corrimãos, planta do deck, pequenas plataformas de acesso, etc. Carregamentos em estruturas offshore • Cargas permanentes: Os componentes estruturais primários de aço devem ser calculados com base na concepção estrutural do modelo, normalmente via simulação computacional da estrutura. O peso dos elementos estruturais secundários de aço deve ser calculado e aplicado ao modelo estrutural primário em locais apropriados (carga localizada). Carregamentos em estruturas offshore • Cargas permanentes: Facility Dead Loads As estruturas construídas tanto para a perfuração de poço ou plataformas de produção e processamento suportam uma série de equipamentos e instalações. Estes são equipamentos permanentes na plataforma, mas sem contribuição estrutural. Eles não têm qualquer contribuição em rigidez ou resistência estrutural para a integridade global da estrutura, e não devem ser modelados. Os pesos de tais itens devem ser calculados e aplicados nos locais apropriados de acordo com o projeto da estrutura. Esses itens incluem: • Equipamento mecânico; equipamento elétrico; dutos de conexão entre equipamentos; itens de instrumentação; calhas de cabos elétricos, etc. Carregamentos em estruturas offshore • Cargas operacionais: Englobam as cargas provenientes das operações em curso, como carga e descarga, perfuração, operações de amarração, as cargas adicionais geradas por guindastes e torres, as cargas do processo de aterrissagem de helicópteros, etc. Deve-se considerar o impacto, momentos gerados, vibração e fadiga do material. Também envolvem peso da mão de obra, equipamentos, armazenamento do óleo produzido, etc. Carregamentos em estruturas offshore • Cargas operacionais: Cargas de Fluidos Esse tipo de carregamento é considerado como o peso do fluido durante as operações. Isto pode incluir a totalidade do fluido no equipamento e tubulações. O peso desses itens deve ser calculado com precisão e aplicado no modelo estrutural nos locais correspondentes. Forças adicionais são geradas devido ao fluxo do fluido no interior da tubulação, principalmente quando se trata de fluido de alta densidade e com velocidade elevada: • força centrífuga (caso a operação seja em tubulação não retilínea) • força de Coriolis (caso a estrutura esteja em movimento rotacional) • força de atrito do fluxo Carregamentos em estruturas offshore • Cargas operacionais: Cargas de Fluidos Força centrífuga: gerada pelo escoamento de um fluido em conexões de trechos retos de um duto ou ao longo de um trecho curvo de um duto. A força centrífuga resultante em uma conexão é dada por em que e são, respectivamente, versores chegando e saindo da conexão, com os sentidos do fluxo. Para um fluido com densidade se deslocando com fluxo uniforme, vazão mássica , escoando em um duto com área interna da seção transversal , a velocidade do escoamento é dada por Para o caso em que a área interna da seção transversal é constante, tem-se Carregamentos em estruturas offshore • Cargas operacionais: Cargas de Fluidos Força centrífuga: no caso de um trecho curvo de tubo, o escoamento do fluido gera uma força centrífuga distribuída por unidade de comprimento de arco do eixo do tubo, dada por No caso de um trecho curvo com área interna da seção transversal constante, gera-se uma força distribuída por unidade de comprimento de arco do eixo do tubo, dada por em que e são, respectivamente, a curvatura e o versor normal principal da curva representativa do eixo do tubo. em que é o vetor tangente unitário à curva representativa do eixo do tubo, sendo definido no sentido do fluxo, e é uma coordenada de comprimento de arco ao longo do eixo do tubo, nesse mesmo sentido. Carregamentos em estruturas offshore • Cargas operacionais: Cargas de Fluidos Força de Coriolis: gerada pelo escoamento do fluido no interior de um tubo, onde esse se encontra girando em relação a um sistema inercial (fixo) de referência. A força de Coriolis mostra-se sempre perpendicular à direção do escoamento e também ao eixo de rotação do sistema não inercial do tubo em relação ao inercial. Considerando um trecho retilíneo de tubo, a força de Coriolis equivalente atuante nas extremidades do trecho é dada por ou seja em que e são as velocidades dos extremos inicial e final do trecho de tubo, é a vazão mássica e é o vetor unitário ao longo do eixo do tubo e na direção do escoamento. Carregamentos em estruturas offshore • Construção e instalação São cargas temporárias que surgem durante a fabricação ou montagem da plataforma ou de seus componentes, a exemplo de: Cargas de içamento de partes do sistema https://www.youtube.com/watch?v=4IVbY21e4Ck Carregamentos gerados durante o processo de transporte do estaleiro de fabricação para o local final de instalação de um jack-up (plataforma auto- elevatória), bem como a situação de "fixação" final da estrutura, mergulhando suas pernas para o fundo do mar https://www.youtube.com/watch?v=HdDoYi8qIQM Carregamentos gerados durante o processo de transporte e lançamento de uma jaqueta em local de instalação https://www.youtube.com/watch?v=DVNJumteHcs Carregamentos em estruturas offshore • Cargas acidentais De acordo com a DNV, cargas acidentais são cargas que podem ocorrer como resultado de puro acidente ou em circunstâncias excepcionais. Os piores casos podem ser colisões, rupturas, inundações de partes flutuantes, incêndios ou explosões. Medidas de evacuação devem ser aplicadas no caso de acidentes. Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Cargas de vento: • Essas cargas agem sobre a parte superior da plataforma, em virtude dos ventos que sopram nas diversas direções. • Despertam o interesse quanto à direção de atuação para o conhecimento da região de espalhamento de gases e definição de rotas de fuga. • As cargas de vento exigem preocupações de ordem estrutural resultantes de deslocamentos acentuados da unidade flutuante, como também problemas de natureza local, como a vibração em membros estruturais esbeltos. Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Cargas de vento: • Utiliza-se como referência a velocidade do vento a 10 m acima LAT (Lowest Astronomical Tide ou a mais baixa maré astronômica). • Esta velocidade do vento deve ser extrapolada para o cálculo da velocidade do vento para outras alturas da seguinte forma: em que é a elevação do ponto considerado (em metros) acima da referência LAT, é a velocidade de interesse e varia de a , dependendo do estado de mar, da distância ao continente e do intervalo médio de atuação, com 1/13 para rajadas (< 1 min) e para ventos regulares em mar aberto ( 1 min). Cargas de vento devem ser calculadasconforme as diretrizes API-RP-2A – Recommended Practice for Planning, Designing and Constructing Fixed Offshore Platforms. Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Cargas de vento: • Velocidades de vento constantes com duração em média de 10 minutos devem ser utilizadas para calcular as cargas de vento globais na plataforma; • Rajadas de vento com duração pequena (3 segundos) devem ser utilizados para calcular as cargas de vento para projetar membros individuais. • A pressão de vento pode ser calculada como em que é a pressão do vento por unidade de área, é a densidade do ar e é a velocidade do vento em . Assim, Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Cargas de vento: • A força total do vento na plataforma pode ser calculada da seguinte maneira: em que é um coeficiente de forma. Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Temperatura e pressão atmosférica Cargas dessa natureza causam a expansão térmica, contração e, por vezes, deformação. Uma plataforma no ártico, por exemplo, tem que suportar os efeitos de baixa pressão e flutuações de temperatura; enquanto em algum lugar perto dos trópicos, durante o verão, essa plataforma pode ser submetida a altas temperaturas, pressões, umidade ou correntes submarinas quentes, por vezes, levando a expansão. Uma carga térmica também pode ser imposta à estrutura pelo material que armazena ou transporta. Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Atividades sísmicas Ocorrem frequentemente nas placas oceânicas submarinas. Estes comportamentos sismológicos oceânicos muitas vezes levam à variação no comportamento das ondas oceânicas. Impacto em estruturas fixas. Impacto nos sistemas de ancoragem e arranjos submarinos. Às vezes essas atividades oceânicas são catastróficas, como os tsunamis. Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Cargas de gelo: Para estruturas localizadas em regiões polares e países gelados, carregamentos devidos ao gelo devem ser devidamente considerados no projeto. Nessas regiões as camadas de gelo, de diferentes espessuras, podem se mover devido à ação da maré e de correntezas. Quando essas camadas de gelo atingem a estrutura, podem provocar grande impacto em suas partes. Além de cargas de impacto, o acúmulo de gelo gera o aumento do peso sobre a estrutura, além de majorar a carga de vento, devido ao aumento da área de ataque. Carregamentos em estruturas offshore • : resistência ao esmagamento/quebra do gelo (entre 1,5 MPa a 3,5 MPa) • : Coeficiente de força do gelo (empírico, variando entre 0,3 e 0,7) • : área atingida pelo gelo (diâmetro do membro estrutural x espessura da camada de gelo ) • Carregamentos ambientais: Cargas de gelo: Baseado em estudos experimentais, uma equação empírica foi proposta para estimar essa força gerada pelo gelo: Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Mud loads (cargas de sedimentos): Plataformas localizadas nas proximidades de foz de rios (plataformas de águas rasas) podem ser submetidas a carregamentos de sedimentos. O fluxo do rio pode arrastar sedimentos e lama na direção da plataforma. Após um longo período de tempo, esse sedimento pode assentar/fixar na plataforma e, eventualmente, superfícies inclinadas podem provocar deslizamentos e gerar cargas. Carregamentos em estruturas offshore : coeficiente empírico variando entre 7 a 9 : resistência ao cisalhamento do solo (5 kPa a 10 kPa) : diâmetro do membro estrutural • Carregamentos ambientais: Mud loads (cargas de sedimentos): Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Marine growth: Crescimento e acúmulo de “vida marinha” sobre as superfícies submersas; Provoca o aumento das forças de onda através de forças de arrasto mais altas (maiores diâmetros e maior rugosidade da superfície); A espessura desse acúmulo geralmente diminui com a profundidade a partir do nível médio do mar, sendo máxima na zona de arrebentação. Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Marine growth: Em grandes profundidades essa espessura pode ser desprezada. A zona de arrebentação caracteriza-se pela flutuação máxima e mínima do nível do mar; esses valores variam a cada locação dependendo da ação das marés. De modo geral, essa zona varia de -3 m a + 5 m. Nas análises estruturais, o aumento do diâmetro da estrutura ( ) deve ser incluído, de modo a permitir o cálculo adequado das forças de onda e correnteza Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Empuxo • Efeito resultante da distribuição da pressão exercida por um fluido na superfície limitante de qualquer objeto imerso no mesmo. • Métodos de cálculo: Marine Method Rational Method Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Ondas • Fenômeno de propagação de energia que ocorre nos oceanos, geradas pela força motriz dos ventos (de pressão e de fricção), movimentos da crosta terrestre (maremotos) e forças astronômicas. Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Ondas • O projeto de qualquer estrutura offshore busca garantir sua integridade às ondas incidentes. • Forças de onda: Morison Froude-Krylov Difração Profunda Rasa Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Ondas: • Duas metodologias de cálculo: Onda de projeto (design wave method): uma série de ondas de projeto, com períodos associados, é selecionada para “gerar” carregamento na estrutura. Esses carregamentos são utilizados para avaliação da resposta da estrutura. Espectro (spectral method): o espectro de energia de onda da região de interesse é utilizado juntamente com funções de transferência da estrutura, possibilitando a obtenção das tensões nos membros da mesma. Carregamentos em estruturas offshore Ondas: • Onda de Projeto A força exercida pelas ondas são dominantes no projeto de jaquetas, por exemplo, especialmente para os elementos de fundação. O carregamento de onda exerce uma força lateral nos membros da jaqueta, gerando momentos de tombamento na estrutura. As ondas geradas pelos ventos têm períodos entre 2 e 20 segundos, sendo chamadas de ondas de gravidade, contendo a maior parte da energia de onda. • Carregamentos ambientais: Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Ondas: Valores de referência de alturas de ondas de projeto em função do período de recorrência: amplitude Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Ondas: • Método Espectral Uso do espectro de energia de onda para simulação Espectro de Pierson-Moskowitz; JONSWAP; ISSC (Bretschneider ou Pierson-Moskowitz modificado) Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Correnteza: Correntes oceânicas induzem forças de arrasto em estruturas offshore. Juntamente com as ondas, induzem carregamentos dinâmicos nas estruturas. Correntes geradas pelo vento possuem baixa velocidade e variam linearmente com a profundidade. Correntes de maré variam de maneira não linear com a profundidade. Carregamentos em estruturas offshore / • Carregamentos ambientais: Correnteza: A variação da velocidade de corrente de maré com a profundidade pode ser expressa por: em que é a velocidade da corrente de maré em qualquer altura a partir do fundo do mar, é a velocidade da corrente de maré na superfície, é a distância medida em metros a partir do solo marinho e é a profundidade total. Seabed h Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Correnteza: A variação da velocidade de corrente gerada pelo vento com a profundidade pode ser expressa por: em que é a velocidade do vento em qualquer altura a partir do fundo do mar, é a velocidade da corrente gerada pelo vento na superfície, é a distância medida a partir do fundo domar e é a profundidade total do mar. h Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Interação onda-correnteza O perfil vertical do campo da velocidade média horizontal resultante da presença de ondas de superfície e correnteza é fortemente influenciado pela interação das ondas de superfície com a corrente. O perfil vertical da velocidade média horizontal difere quando existem apenas ondas, apenas corrente ou quando ocorrem simultaneamente ondas e correntes. Quando as ondas se propagam na presença de correntes, estas irão afetar as características das ondas, que por sua vez afetam o perfil de velocidades da corrente. Estes efeitos são mais significativos no caso de ondas que se propagam no sentido contrário à corrente, influenciando a declividade das ondas, podendo provocar mesmo a sua rebentação. No caso da correnteza ter o mesmo sentido da propagação das ondas, poderá alterar o comprimento de onda e reduzir a altura de onda. Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Interação onda-corrente Em uma aproximação estritamente linear, o campo de velocidades na presença de ondas e de uma correnteza uniforme deveria ser igual à soma da velocidade devido à onda com a correnteza. Kemp e Simons (1982, 1983): ensaios de laboratório para estudar a distinta influência das ondas no perfil de velocidades da corrente, em particular para medir as velocidades médias num campo de ondas regulares, propagando-se no mesmo sentido e no sentido contrário à corrente, no caso de fundos horizontais lisos e rugosos. Kemp, P.H.; Simons, R.R. The interaction between waves and a turbulent current: waves propagating with the current. Journal of Fluid Mechanics, v. 116, p. 227-250, 1982. Kemp, P.H.; Simons, R.R. The interaction between waves and a turbulent current: waves propagating against the current. Journal of Fluid Mechanics, v. 130, p. 73-89, 1983. Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Interação onda-corrente Al tu ra n or m al iz ad a z/ h Al tu ra n or m al iz ad a z/ h Al tu ra n or m al iz ad a z/ h Al tu ra n or m al iz ad a z/ hVelocidade normalizada ⁄ Velocidade normalizada ⁄ Carregamentos em estruturas offshore • Carregamentos ambientais: Referências API, 1984. Recommended Practice for Planning, Designing and Constructing Fixed Offshore Platforms, American Petroleum Institute, API RP2A, and 15th Edition. Kharade, A. S.; Kapadiya, S. V., 2014. Offshore Engineering: an Overview of Types and Loadings on Structures. International Journal of Structural and Civil Engineering Research, v. 3, n. 2, pp. 16-28. Orcina, 2016. OrcaFlex. URL: http://www.orcina.com.
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