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ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE

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ATENÇÃO INTEGRAL À SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
A criança, ao longo dos anos, evidenciou inúmeras transformações e ocupou diferentes posições na sociedade. Essas transformações a levou a enfrentar diversas situações de vida e de saúde para, finalmente, depois de muitos anos, ser considerada sujeito social com características particulares.
No século XI, a criança era mundialmente percebida apenas como um adulto em miniatura, sem características ou particularidades individuais, principalmente pelo fato de não possuir a linguagem bem desenvolvida.
No Brasil, essa realidade não se mostrou diferente. O período colonial, por exemplo, foi marcado por muitas barbáries que contribuíram efetivamente para os altos índices de Mortalidade Infantil (MI), os quais se mantinham próximos a 70%. As crianças eram vistas como um instrumento para as famílias, agentes passivos, amedrontadas pelos cruéis castigos físicos, permanecendo constantemente submetidas ao serviço e ao poder paternos, quando não abandonadas em casas de caridade ou hospitais. (apud ARAÚJO et al., 2014)
Muitas dessas crianças viviam em um único cômodo, sem arejamento ou sol e, como consequência, o quadro de morbimortalidade infantil tornava-se ainda mais critico.
As precárias condições nutricionais e de vestimenta a que as crianças eram submetidas, era outro agravante, pois apenas os adultos eram prioritários entre as comunidades da época. 
As crianças eram levadas tardiamente aos médicos, somente no século XVII que a criança começou a ocupar espaço no âmbito social, pois é neste período que as famílias demonstraram sentimentos de carinho e amor ao infante. Nessa mesma época foram encontrados os primeiros registros da linguagem infantil.
Definições de Criança, primeira infância e adolescência. 
Atenção à Saúde da Criança representa uma área prioritária no âmbito dos cuidados à saúde das populações. Para que se desenvolva de forma adequada, além do conhecimento sobre as características relacionadas aos indicadores de morbimortalidade, é necessário compreender os aspectos biológicos, demográficos e socioeconômicos, bem como os demais determinantes sociais no processo de saúde-doença
Os direitos da criança estão consagrados na Constituição Federal de 1988 e reafirmados no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), através da Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, que considera a criança, a pessoa até 12 anos incompletos, e o adolescente, a pessoa entre 12 e 18 anos de idade. (BRASIL, 2018).
A Convenção sobre os Direitos da Criança (CDC) de 1989 considera a criança todo ser humano com menos de 18 anos de idade.
Para efeitos da Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC), o Ministério da Saúde considera criança, a pessoa na faixa etária de 0 a 9 anos, ou seja, até completar os 10 anos, sendo que a Primeira Infância, é considerada aquela de 0 a 5 anos, também, até completar 6 anos. (BRASIL, 2015b, art. 3º). De acordo com Brasil (2016), a definição de primeira infância está alinhada com o Marco Legal da Primeira Infância, Lei n. º 13.257, de 8 de março de 2016. Para atendimento em serviços de Pediatria no SUS, a Política abrange “crianças e adolescentes de zero a 15 anos, ou seja, até completarem 16 anos ou 192 meses, sendo este limite etário passível de alteração de acordo com as normas e rotinas do estabelecimento de saúde responsável pelo atendimento. ” (BRASIL, 2015b apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018).
Trata-se de uma conquista para os adolescentes nos serviços de Pediatria da rede de saúde do País, pela possibilidade de eles continuarem a usufruir do vínculo já construído com estes serviços e seus profissionais, especialmente quando se trata de adolescentes com doenças crônicas.
A Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) define como campo de atuação do pediatra o ser humano entre zero e 20 anos. No entanto, considerando que não existiam parâmetros definidos pelo MS anteriormente, entendeu-se que, no atual momento, diante do perfil de formação dos pediatras e da estrutura dos serviços pediátricos do país, não seria viável responsabilizá-los por faixa etária a partir de 16 anos. (BRASIL, 2016a apud MINISTÉRIO DA SAÚDE,2018).
Determinantes de morbimortalidade infantil e juvenil no Brasil
A taxa de mortalidade infantil é considerada como um dos melhores indicadores não só do estado de saúde infantil como também do nível socioeconômico de uma população. Quanto mais baixa for a taxa de mortalidade infantil de uma população, melhor é a condição social e econômica dessa.
Entre os anos de 1980 e 2000, a mortalidade de crianças com menos de um ano de idade reduziu-se em um ritmo bastante acelerado. Alguns programas e ações adotados neste período como: Programas de Atenção Integral à Saúde da Mulher, Terapia de Reidratação Oral, Programa Nacional de Imunização e atenção ao prénatal, contribuíram para o declínio acentuado dos óbitos infantis. (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004 apud PAIXÃO e FERREIRA, 2012).
As ações no sentido de diminuir significativamente a mortalidade infantil estão muito ligadas à atuação de políticas públicas como saneamento básico, educação, acesso aos recursos da saúde e outros componentes de condições de vida.
A taxa de mortalidade infantil é definida como o número de óbitos de menores de um ano de idade (por mil nascidos vivos), em determinada área geográfica e período, e interpreta-se como a estimativa do risco de um nascido vivo morrer durante o seu primeiro ano de vida.
Altas taxas de mortalidade infantil refletem, de maneira geral, baixos níveis de saúde, de condições de vida e de desenvolvimento socioeconômico. As taxas de mortalidade infantil são geralmente classificadas em altas (50 ou mais), médias (20 - 49) e baixas (menos de 20), em função da proximidade ou distância dos valores já alcançados pelas sociedades mais desenvolvidas ao longo do tempo. No entanto, mesmo quando as taxas de mortalidade infantil são baixas no conjunto, podem ser verificadas pronunciadas variações entre distintos segmentos da população.
Um estudo realizado em 2008, por Irffi et al, para identificar os fatores que determinam a diminuição da mortalidade infantil, na região do Nordeste, identificou que os fatores determinantes foram: a educação e em seguida o nível de renda. Como ponto de grande importância, os autores do estudo focaram as políticas de melhoria que visem o aumento do nível de educação e no aumento da renda para o combate à taxa de mortalidade infantil na região. 
Com o intuito de diminuir a taxa de mortalidade infantil, o Brasil assumiu, na Constituição Federal de 1988, a garantia do direito universal à saúde, com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) e, em 1990, a proteção integral da criança, com o advento do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Também se observa admirável controle da morbimortalidade por doenças imunopreveníveis e diarreia, grande diminuição dos índices de desnutrição e melhora crescente nos indicadores de aleitamento materno.
As altas taxas de parto cesáreo e da prematuridade, ao mesmo tempo em que crescem a prevalência da obesidade na infância e os óbitos evitáveis por causas externas (acidentes e violências), além das doenças em razão das más condições sanitárias, apontam a complexidade sociocultural e de fenômenos da sociedade contemporânea que afetam a vida das crianças.
Programas do governo, como Rede de atenção à saúde materna, Neonatal e infantil (Rede Cegonha), o Programa Intersetorial Brasil Carinhoso e o Programa Criança Feliz, fica evidente a necessidade de ampliar o enfretamento das inquidades relacionadas às condições de saúde e, ao mesmo tempo, universalizar todos os avanços para grupos de maior vulnerabilidade, tais como as crianças indígenas, quilombolas, ribeirinhas, com deficiências e as doenças raras, além de garantir não só a sobrevivência, mas como o desenvolvimento integral de todas as crianças.
POLITICAS PÚBLICAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA
A APS na concepção mais abrangente e contemporânea pode ser compreendida como estratégia de reorganização do sistema de atençãoà saúde. A partir deste entendimento a APS desempenha papel singular como potencial de reordenar recursos do sistema de saúde para satisfazer as demandas da população, condição que implica em considera-la como parte da RAS.
PNAISC – POLÍTICA NACIONAL DE ATENÇÃO Á SAÚDE DA CRIANÇA
A PNAISC passou por discussão e aprovação no Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) e no Conselho Nacional de Saúde (CNS), possibilitando que fosse publicada a Portaria GM/MS n. º 1.130, de 5 de agosto de 2015, instituindo a Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Criança (PNAISC).
De acordo com o Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira (IFF):
A Pnaisc está estruturada em princípios, diretrizes e eixos estratégicos. Tem como objetivo promover e proteger a saúde da criança e o aleitamento materno, mediante atenção e cuidados integrais e integrados, da gestação aos nove anos de vida, com especial atenção à primeira infância e às populações de maior vulnerabilidade, visando à redução da morbimortalidade e um ambiente facilitador à vida com condições dignas de existência e pleno desenvolvimento.
PRINCIPIOS DA PNAISC
· Direito à vida e à saúde
· Prioridade absoluta da criança
· Acesso universal a saúde
· Integralidade do cuidado
· Equidade em saúde
· Ambiente facilitador à vida
· Humanização da atenção; e 
· Gestão participativa e controle social
Dentre os eixos estratégicos destacam-se: aleitamento materno e alimentação complementar saudável; promoção e acompanhamento do crescimento e desenvolvimento integral; atenção a crianças com agravos prevalentes na infância e com doenças crônicas; atenção à saúde de crianças com deficiência ou em situações específicas e de vulnerabilidade; vigilância e prevenção do óbito infantil, fetal e materno. (BRASIL,2015 apud DAMASCENO, 2016)
EIXOS DA PNAISC
A PNAISC se estrutura em 7 (sete) eixos estratégicos, com a finalidade de orientar e qualificar as ações e serviços de saúde da criança no território nacional, considerando os determinantes sociais e condicionantes para garantir o direito à vida e à saúde, visando à efetivação de medidas que permitam o nascimento e o pleno desenvolvimento na infância, de forma saudável e harmoniosa, bem como a redução das vulnerabilidades e riscos para o adoecimento e outros agravos, a prevenção das doenças crônicas na vida adulta e da morte prematura de crianças.(BRASIL, 2015).
1) Eixo Estratégico I – Atenção Humanizada e Qualificada à Gestação, ao Parto, ao Nascimento e ao Recém-Nascido
A atenção integral à gestação, ao parto e ao nascimento inicia-se com a visão abrangente de saúde integral da mulher (Paism) e promoção da saúde sexual e reprodutiva, desde a adolescência.
De acordo com Ministério da Saúde (2015, art. 7º) da PNAISC, são ações estratégicas do eixo de atenção humanizada e qualificada à gestação, ao parto, ao nascimento e ao recém-nascido:
· A prevenção de transmissão vertical do HIV e da sífilis
· A atenção humanizada e qualificada ao parto e ao recém nascido no momento do nascimento, com capacitação dos profissionais de enfermagem e médicos para prevenção da asfixia neonatal e das parteiras tradicionais
· A atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso, com o método canguru.
· A qualificação da atenção neonatal na rede de saúde materna, neonatal e infantil, com especial atenção aos recém-nascidos graves ou potencialmente graves, internados em Unidade Neonatal, com cuidado progressivo entre a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), e a unidade de cuidado intermediário neonatal convencional (UCINCo) e a unidade de cuidado intermediário neonatal canguru (UCINCa).
· A alta qualificada do recém-nascido da maternidade, com vinculação da dupla mãe-bebe à atenção básica, de forma precoce, para continuidade do cuidado, a exemplo da estratégia do quinto dia de saúde integral, que se traduz em conjunto de ações de saúde essenciais a serem ofertadas para mãe e bebê pela atenção básica à saúde no primeiro contato após a alta da maternidade.
· O seguimento do recém-nascido de risco, após a alta de maternidade, de forma compartilhada entre a atenção especializada e a atenção básica.
· As triagens neonatais universais
2) Eixo Estratégico II – Aleitamento Materno e Alimentação Complementar Saudável
Estratégia ancorada na promoção, proteção e apoio ao aleitamento materno, iniciando na gestação, considerando-se as vantagens da amamentação para a criança, a mãe, a família e a sociedade, bem como a importância de estabelecimento de hábitos alimentares saudáveis (BRASIL, 2015b, art. 6º, item II).
O aleitamento materno tem se constituído em tema fundamental para a saúde e a qualidade de vida da criança. Evidências científicas comprovam que a amamentação, quando praticada de forma exclusiva até os 6 meses e complementada com alimentos apropriados até os 2 anos de idade ou mais, demonstra grande potencial transformador no crescimento, no desenvolvimento e na prevenção de doenças na infância e idade adulta e promoção não apenas da sobrevivência infantil, mas do pleno desenvolvimento do ser humano.
 As políticas públicas de aleitamento materno do Brasil, historicamente, têm trabalhado sob a ótica da promoção, da proteção e do apoio à mulher, começando no início da gestação, considerando as vantagens da amamentação para a criança, a mãe, a família e a sociedade, constituindo-se em prioridade para o País (ESPIRITO SANTO; MONTEIRO; ALMEIDA, 2017 apud BRASIL, 2018).
As ações, iniciativas e estratégicas do eixo de aleitamento materno e alimentação complementar saudável são: (BRASIL, 2015b, art. 8º apud BRASIL, 2018).
· A iniciativa hospital amigo da crian;a (Ihac)
· Estratégia nacional para promoção do aleitamento materno e alimentação complementar saudável no SUS – Estratégia amamenta e alimenta brasil (EAAB)
· A ação de apoio a mulher trabalhadora que amamenta (MTA)
· A rede brasileira de bancos de leite humano (Rblh)
· A implementação da norma brasileira de comercialização de alimentos para lactantes, para crianças de primeira infância, bicos chupetas e mamadeiras (Nbcal)
· A mobilização social em aleitamento materno
3) Eixo Estratégico III – Promoção e Acompanhamento do Crescimento e do Desenvolvimento Integral
Consiste na vigilância e estímulo do pleno crescimento e desenvolvimento da criança, em especial do “Desenvolvimento na Primeira Infância (DPI) ”, pela Atenção Básica à saúde, conforme as orientações da Caderneta de Saúde da Criança, incluindo ações de apoio às famílias para o fortalecimento de vínculos familiares (BRASIL, 2015b, art. 6º, item III apud BRASIL, 2018). Este eixo estratégico da Pnaisc constitui uma das preocupações mais tradicionais da saúde pública nacional quando se trata da saúde da criança.
A primeira infância (período de vida entre zero a 5 anos ou até completar 6 anos, equivalente a 72 meses), é decisiva para o desenvolvimento saudável do ser humano. É um ciclo de grande promessa e, ao mesmo tempo, de ameaças consideráveis. As evidências mostram que as suas experiências familiares e sociais, quanto mais precoces, ficam incorporadas biologicamente, podendo ter influências nas etapas ao longo da vida, tanto positivas quanto negativas, pois afetam as bases da aprendizagem, do comportamento e da saúde.
A seguir, destacam-se as ações estratégicas do eixo de promoção e acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento integral:
· Disponibilização da Caderneta de Saúde da Criança, com atualização periódica de seu conteúdo.
· A qualificação do acompanhamento do crescimento e desenvolvimento da primeira infância pela ATB.
· O comitê de especialistas e de mobilização social para o desenvolvimento integral da primeira infância, no âmbito do sistema único de saúde (SUS).
· O apoio à implementação do Plano Nacional pela primeira infância. 
4) Eixo Estratégico IV – Atenção Integral a Crianças com Agravos Prevalentes na Infância e com Doenças Crônicas
Consiste em estratégia para o diagnóstico precoce e a qualificação do manejo de doenças prevalentes na infânciae ações de prevenção de doenças crônicas e de cuidado dos casos diagnosticados, com o fomento da atenção e internação domiciliar sempre que possível (BRASIL, 2015b, art. 6º, item IV apud BRASIL, 2018).
Nas últimas décadas, tem-se observado importante mudança no perfil de morbimortalidade da população brasileira, denominada de “transição epidemiológica”, caracterizada pela redução das doenças infectocontagiosas, aumento das doenças crônicas não transmissíveis e, mais recentemente, o aumento de casos de anomalias congênitas. A transição epidemiológica ocorre devido a fatores como a urbanização, o acesso aos serviços de saúde, os meios de diagnóstico e as mudanças culturais expressivas.
São ações estratégicas do eixo de atenção integral a crianças com doenças crônicas: (BRASIL, 2015b, art. 10 apud BRASIL, 2018)
· A atenção integrada às doenças prevalentes na infância (Aidpi)
Tem objetivo de diminuir a morbidade e mortalidade de crianças entre 0 a 5 anos de idade, por meio de melhoria da qualidade de atenção prestada à criança por profissionais de saúde, em especial na ATB, promovendo ações de promoção e prevenção de saúde infantil, diminuindo a mortalidade por estar doenças, não apenas investindo na sobrevivência das crianças, mas também no seu desenvolvimento infantil.
Trata-se de uma abordagem da atenção integral à saúde da criança, desenvolvida originalmente pela organização Pan-americana da saúde/organização mundial da saúde e pelo fundo das nações unidas para infância, que teve início no Brasil no ano de 1996.
Segundo o Ministério da Saúde (2018), o Aidpi: Propõe-se melhor organização dos serviços de saúde, ações de prevenção de agravos e promoção da saúde, além da melhora do acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento nos primeiros anos de vida. Estes são primordiais para criarmos condições que visam garantir futuras gerações de adultos e idosos mais saudáveis.
· A construção de diretrizes de atenção e linhas de cuidado.
· O fomento da atenção e internação domiciliar.
5) Eixo Estratégico V – Atenção Integral à Criança em Situação de Violências, Prevenção de Acidentes e Promoção da Cultura de Paz
Consiste em articular um conjunto de ações e estratégias da rede de saúde para a prevenção de violências, acidentes e promoção da cultura de paz, além de organizar metodologias de apoio aos serviços especializados e processos formativos para a qualificação da atenção à criança em situação de violência de natureza sexual, física e psicológica, negligência e/ou abandono, visando à implementação de linhas de cuidado na Rede de Atenção à Saúde e na rede de proteção social no território (BRASIL, 2015b, art. 6º, item V apud BRASIL, 2018).
As medidas normativas, especialmente o Estatuto da Criança e do Adolescente, repudiam a violência, definindo, no Art. 5º da Lei, que “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. ” (BRASIL, 1990).
Destacam-se ações a serem desenvolvidas, nas três esferas de gestão do SUS, para o estímulo à cultura de paz, a direitos humanos e a não violência:
· Realização de campanhas informativas e educativas sobre a prevenção de violências contra crianças e estímulo à cultura de paz, articuladas de forma intra e intersetorial, direcionadas às famílias, mas também para a comunidade escolar.
· Articulação de ações intersetoriais para o desenvolvimento integral da criança e a promoção da cultura de paz, visando ao empoderamento e fortalecimento das competências familiares para bom vínculo afetivo e para educação com limites, mas sem violência.
· Capacitação permanente dos profissionais das políticas sociais básicas (educação e assistência) para o desenvolvimento de competências necessárias para a prevenção, a identificação de sinais e sintomas de violências e para o cuidado dessas situações.
6) Eixo Estratégico VI – Atenção à Saúde de Crianças com Deficiência ou em Situações Específicas e de Vulnerabilidade
Para esta política, as crianças com Deficiência ou em Situações específicas e/ou de Vulnerabilidade são as que demandam ações estratégicas e serviços de saúde prioritários, que em regra geral devem ser articulados com outras políticas públicas.
Crianças com deficiência são aquelas que nascem ou adquirem algum tipo de deficiência de natureza física, mental, intelectual ou sensorial – com alguma repercussão no desenvolvimento neuropsicomotor.
São consideradas crianças em situações específicas as crianças indígenas, quilombolas, do campo e da floresta, ribeirinhas e/ou das águas, entre outras. Em situação de vulnerabilidade as crianças em serviços de acolhimento institucional, filhos e filhas de mães privadas de liberdade (com atenção especial para as mães adolescentes), em situação de rua (incluindo famílias com crianças, mulheres e adolescentes gestantes), famílias e crianças em áreas de risco de desastres.
7) Eixo Estratégico VII – Vigilância e Prevenção do Óbito Infantil, Fetal e Materno
A Vigilância do óbito infantil, fetal e materno é considerada uma estratégia importante para a gestão e para a clínica na saúde da mulher e da criança. Contribui para o monitoramento da mortalidade infantil e fetal, para a melhoria dos registros dos óbitos, orienta as ações de intervenção para a prevenção de óbito e subsidia a avaliação e ação sobre o contexto social e econômico da família.
A vigilância do óbito infantil, fetal e materno é de responsabilidade do gestor municipal e deve ser realizada pela equipe de Atenção Básica para levantamento dos possíveis problemas que envolveram a morte de uma mulher, um feto ou uma criança por causa evitável na sua área de responsabilidade, considerado eventosentinela. Também deve ser feita pelas maternidades e hospitais onde são realizados partos. Possibilita a avaliação das medidas necessárias para a prevenção de óbitos evitáveis pelos serviços de saúde e redução da mortalidade materna, infantil e perinatal. 
Devem ser realizadas:
Identificação, levantamento dos dados da atenção ambulatorial, urgência e hospitalar, entrevista domiciliar e análise dos óbitos de mulheres em idade fértil e óbitos maternos, fetais e infantis da área de abrangência da unidade/município/regional/estado; utilização dos instrumentos recomendados pelo MS.
Análise da evitabilidade dos óbitos maternos fetais e infantis, em reuniões locais, e identificação das medidas necessárias para prevenção de novas ocorrências.
SAÚDE DA CRIANÇA NA ATENÇÃO BÁSICA – PROGRAMAS DE ATENÇÃO À SAÚDE DA CRIANÇA.
O cuidado da criança demanda visão de integralidade em todos os aspectos, contemplando postura acolhedora com escuta qualificada, olhar zeloso e estabelecimento de vínculo e responsabilização. O foco dos profissionais deve ser a criança, dentro do contexto da sua família e sociedade. 
Segundo o Ministério da Saúde (2018):
A organização da atenção à saúde em linhas de cuidado, a partir da Atenção Básica, é uma estratégia que favorece a tão desejada atenção integral, com a continuidade do cuidado, desde as ações de promoção da saúde, prevenção de doenças e agravos, até as medidas de tratamento, cuidado e reabilitação, com um fluxo ágil e oportuno em cada nível de atenção, com referência e contra referência responsável, até o alcance de uma situação satisfatória (apud BRASIL, 2005a).
Política Nacional de Atenção Básica (Pnab) tem na Estratégia de Saúde da Família (ESF) sua âncora prioritária para expansão e consolidação deste nível de atenção.
Como prevê a Pnab, além da atenção à demanda espontânea, é fundamental que a ESF a equilibre a com o desenvolvimento de ações de saúde integral para a criança e também para a mulher, em especial na saúde sexual e reprodutiva, e para a gestante.
Além da oferta das ações programáticas tradicionais, como o acompanhamento do crescimento e o desenvolvimento da criança (puericultura) e do pré- -natal, outros grupos de maior risco/vulnerabilidade, como crianças com agravos sociais,nutricionais (obesidade/desnutrição), psicossociais (crianças com dificuldades escolares, famílias com dificuldades relacionais afetando a criança), clínicos (asma e outros problemas crônicos e agravos de importância epidemiológica local, priorizados pela ESF), podem e devem ser selecionados para acompanhamento longitudinal, seja em atendimentos individuais, pelo médico ou profissional de enfermagem ou ainda grupais.
Programa Nacional de Imunização – PNI
As ações de vacinação são coordenadas pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI), com o objetivo de erradicar, eliminar e controlar as doenças imunopreveníveis no território brasileiro.
Os registros, na Caderneta de Saúde da Criança, das vacinas do Calendário Nacional de Vacinação recebidas pela criança, devem ser sempre observados pelos profissionais da Atenção Básica e mesmo de outros serviços de saúde que venham a ter contato com ela, com objetivo de que esteja sempre com a vacinação atualizada.
Os serviços devem garantir o funcionamento contínuo da sala de vacina, sem restrição de horários, de forma a não perder oportunidades de vacinar todas as crianças. As atividades da sala de vacinação são desenvolvidas pela equipe de Enfermagem treinada e capacitada para o manuseio, a conservação, o preparo e a 28 administração, o registro e o descarte dos resíduos das atividades de vacinação.
Programa Saúde na Escola – PSE
Foi incorporada nos parâmetros curriculares nacionais (PCN) em 1997, consagrando o tema da saúde como transversal as disciplinas e as ações no contexto escolar, nas dimensões da promoção da saúde, de prevenção de doenças e agravos e de atenção e cuidados à saúde de criança e adolescentes.
A organização das ações do PSE, por meio das equipes das Unidades Básicas de Saúde e das escolas, está estruturada de forma intersetorial, segundo os seguintes componentes: avaliação das condições de saúde, promoção da saúde e prevenção de doenças e agravos, e formação de profissionais de saúde e educação.
A gestão do PSE é centrada em ações intersetoriais, que requerem a articulação das redes de Saúde, de Educação e dos demais setores, por meio de Grupos de Trabalho Intersetorial (GTI), nas três esferas de governo: federal, estadual e municipal.
Atenção à Saúde Bucal
A política Nacional de Saúde Bucal, intitulada Brasil Sorridente, pauta-se nos princípios e diretrizes do SUS. Na atenção integral à saúde da criança essa política se insere de forma transversal, integral e intersetorial nas linhas de cuidado direcionados à mulher e a à criança, com objetivo de promover a qualidade de vida desse público, por meio das ações de promoção, prevenção, cuidado, qualificação e vigilância em saúde. 
O acesso à saúde bucal deve ter início no pré-natal e será incorporado no acompanhamento do crescimento e no desenvolvimento da criança. A equipe de saúde deve trabalhar de forma articulada, encaminhando a gestante para a consulta odontológica ao iniciar o pré-natal. Deve-se garantir ao menos uma consulta odontológica durante o pré-natal, com agendamento das demais consultas, conforme as necessidades individuais da gestante. A equipe de Saúde Bucal deverá efetuar os registros das ações realizadas nas Cadernetas de Saúde da Criança e da Gestante.
Para as crianças recomenda-se que as equipes de saúde incorporem, em sua rotina, o exame da cavidade bucal das crianças e orientações aos pais e responsáveis sobre a prevenção de doenças e agravos e de promoção de saúde bucal, enfatizando a importância do acompanhamento da saúde bucal e direcionando a criança para as consultas odontológicas periódicas, evitando assim que o acesso ocorra tardiamente devido à doença já instalada.
O ambiente escolar é também um espaço eficiente para o desenvolvimento de atividades de prevenção de doenças e promoção da saúde bucal, desenvolvido pelo Programa Saúde na Escola (PSE).
Os profissionais de saúde devem desenvolver, com os educandos, atividades de escovação supervisionada, aplicação de flúor nos casos necessários e atividades educativas em sala de aula, com o envolvimento de outros temas de saúde (alimentação saudável, autoestima, autocuidado, entre outros) e no próprio território, além da realização anual da avaliação da saúde bucal dos escolares.
Saúde da Criança nas Redes Temáticas
As Redes de Atenção à Saúde (RAS) são arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas que, integradas por meio 31 de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado. Reúne um conjunto de ações e serviços de saúde articulados em níveis de complexidade crescente, com a finalidade de garantir a integralidade da assistência à saúde, em consonância com as diretrizes para a organização da RAS, no âmbito do Sistema Único de Saúde.
A partir de pactuação tripartite, em 2011, baseada na necessidade de enfrentamentos de vulnerabilidades, agravos ou doenças mais prevalentes, foi priorizada a estruturação de Redes Temáticas, tendo sido criadas as seguintes:
· Rede cegonha, abrangendo a atenção a gestante e atenção a criança até 24 meses.
· Rede de atenção as urgências e emergências
· Rede de atenção psicossocial (com prioridade para enfrentamento do álcool, crack e outras drogas)
· Rede de atenção as doenças e condições crônicas: iniciando-se pelo câncer.
· Rede de cuidado a pessoa com deficiência
SAÚDE DA CRIANÇA NA REDE DE ATENÇÃO MATERNA, NEONATAL E INFANTIL – REDE CEGONHA
Conceitua-se que a saúde da criança se inicia na gravidez, há muitas décadas, conforme o Decreto-Lei n. º 2.024, de 17 de fevereiro de 1940 (BRASIL, 1940), e, mais recentemente, de acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), Lei n. º 8.069, de 13 de julho de 1990.
Do ponto de vista da criança, a Rede Cegonha tem por objetivo a promoção da gravidez saudável e do respeito à fisiologia dos processos da transição da vida intra para a vida extrauterina, às suas necessidades de maturação, ao seu tempo e à sua capacidade de desenvolvimento pleno. Incentiva a preservação desta fisiologia humana em que o trabalho de parto exerce influências profundas e positivas sobre o bebê: A liberação de ocitocina endógena e cortisol da mãe que promove a maturação final da criança, do sistema nervoso e respiratório; A liberação de líquidos pulmonares pela passagem pelo canal de parto e a colonização bacteriana que estimula o sistema imunológico e aponta associação com menor redução de risco de obesidade, diabetes, hipertensão, asma e autismo, maior interação mãe-filho e melhores resultados perinatais de forma geral.
Trata-se de ação de promoção da saúde e de prevenção de agravos na vida adulta, de problemas de grande dimensão e impacto na saúde da população.
A rede cegonha se estrutura com:
· Acesso em tempo oportuno a todos os níveis de atenção: básica, especializada ambulatorial e hospitalar, na gestação, no parto e no cuidado à puérpera e à criança, com a regionalização e hierarquização do cuidado segundo planejamento local.
· Atenção qualificada baseada em evidências.
· Regulação da atenção de saúde com implementação das centrais de internação e outros dispositivos para priorização, organização e promoção de equidade.
· Controle social e incentivo a dispositivos para implementação da cogestão: trabalho colaborativo multidisciplinar e participação social nos processos de decisão e assistencial, apoio à informação adequada e exercício de direitos de cidadania e de autonomia, fomento à constituição dos Fóruns Perinatais (distritais/municipais/regionais e estaduais) para o 35 planejamento, a avaliação e a tomada de decisão transparente e participativa, envolvendo os diversos atores.
Saúde da Criança na Rede de Atenção às Urgências
A organização da Rede de Atenção às Urgências (RUE) tem a finalidade de articular e integrar todos os equipamentos de saúde, objetivando ampliar e qualificar o acesso humanizado e integral aos usuários em situação de urgência e emergência nos serviços de saúde, de forma ágil e oportuna (BRASIL, 2011b apud BRASIL, 2018).
Entre as diretrizesda Rede de Atenção às Urgências temos:
· A ampliação do acesso e acolhimento, contemplando a classificação de risco e a intervenção adequada aos diferentes agravos;
· A garantia da universalidade, equidade e integralidade no atendimento às urgências;
· A humanização da atenção, garantindo efetivação de um modelo centrado no usuário e baseado nas suas necessidades de saúde;
· A regulação articulada entre todos os componentes da RUE, com garantia da equidade e integralidade do cuidado; o bem como a qualificação da assistência por meio da educação permanente das equipes.
A ORGANIZAÇAO DOS PONTOS DE ATENÇÃO DA RUE para o cuidado com a criança
A Rede de Atenção às Urgências é constituída pelos seguintes pontos de atenção:
Atenção Básica: Funciona como coordenadora do cuidado no território, atuando especialmente no atendimento a traumas de baixa complexidade e na continuidade do cuidado de crianças que estão em processo de recuperação de traumas.
SAMU 192: Desempenha papel importante no atendimento primário e secundário em situações de Urgência e Emergência, tendo a Regulação das Urgências como elemento transversal do processo, de forma que o componente móvel mantenha interação com os demais componentes da rede e demais redes, a fim de proporcionar o encaminhamento adequado aos pacientes após sua estabilização. Todas as Centrais de Regulação do Samu devem possuir pelo menos uma incubadora de transporte de recém-nascido, adaptada para uso nas ambulâncias, quando necessário.
Central de Regulação Médica de Urgências: Estrutura física constituída por profissionais (médicos, telefonistas auxiliares de regulação médica e rádio- - operadores) capacitados em regulação dos chamados telefônicos que demandam orientação e/ou atendimento de urgência, por meio de uma classificação e priorização das necessidades de assistência em urgência, além de ordenar o fluxo efetivo das referências e contra referências dentro de uma Rede de Atenção, que cumprem determinados requisitos estabelecidos pelas normativas do Ministério da Saúde (BRASIL, 2013s apud BRASIL, 2018).
Sala de Estabilização: Espaço que presta assistência temporária e qualificada para estabilização de pacientes críticos/graves, após a avaliação clínica com internação no ambiente hospitalar e/ou encaminhamento para as portas de urgência referenciadas pela Central de Regulação Médica das Urgências, ou outros pontos da Rede de Atenção à Saúde, conforme as diretrizes da Portaria n. º 2.338, de 3 de outubro de 2011
Unidade de Pronto Atendimento – UPA 24h: é um estabelecimento de saúde de complexidade intermediária, situado entre a Atenção Básica de Saúde (ABS) e a Atenção Hospitalar e articula-se com a ABS, Samu 192, unidades 37 hospitalares, unidades de apoio diagnóstico e terapêutico e com outros serviços de atenção à saúde, por meio de fluxos lógicos e efetivos de referência e contra referência, ordenados pelas Centrais de Regulação Médica de Urgências e complexos reguladores instalados na região
Atenção/Internação Domiciliar: Tem importante papel, no sentido de abreviar o período de observação ou internação de crianças em situação de U/E, já estabilizadas, mas que ainda demandam cuidados. Produz impactos na humanização do atendimento à criança, no seu lar, com a sua família, o que traz conhecidos benefícios à sua recuperação, bem como favorece a disponibilização de leitos nas portas de urgências.
Saúde da Criança na Rede de Cuidados da Pessoa com Deficiência – RCPD
O Ministério da Saúde instituiu a Rede de Cuidados à Saúde da Pessoa com Deficiência, no âmbito do SUS, Portaria n. º 793, de 24 de abril de 2012 (BRASIL, 2012k). Esta estabeleceu diretrizes para o cuidado às pessoas com deficiência, temporária ou permanente, progressiva, regressiva ou estável, intermitente ou contínua. O eixo de Atenção à Saúde tem como foco a organização do cuidado integral em rede, contemplando as áreas de deficiência auditiva, física, visual, intelectual, ostomia e transtorno do espectro do autismo.
Assim, em toda visita domiciliar ou atendimento da criança, a equipe de saúde deve estar atenta a alguns sinais de alerta, como atraso nas aquisições neuropsicomotoras, comportamentos estereotipados e repetitivos, apatia frente a estímulos do ambiente, dificuldade em fixar visualmente o rosto da mãe e objetos do ambiente, ausência de resposta aos estímulos sonoros, entre outros.
Outro importante ponto a ser considerado são os casos de violência e/ou negligência. Tendo em vista que mulheres e meninas com deficiência estão frequentemente expostas a maiores riscos, tanto no lar como fora dele, de sofrer tratamento negligente, violência física, psicológica e sexual. Para o enfrentamento desse tipo de situação é fundamental o preparo da equipe na identificação, na notificação e na comunicação ao Conselho Tutelar, além da intervenção e cuidados terapêuticos e/ou psicossociais para a criança e orientação às famílias.
· Atenção Básica: As Unidades Básicas de Saúde; Nasf; Academia da Saúde; PSE; Melhor em Casa.
· Atenção Especializada: Estabelecimentos de saúde habilitados em apenas uma das modalidades de reabilitação; os Centros Especializados em Reabilitação (CER); Oficinas Ortopédicas e Centros de Especialidades Odontológicas (CEO).
· Centro Especializado em Reabilitação (CER): É um ponto de atenção ambulatorial, especializado em reabilitação, que realiza diagnóstico, tratamento, concessão, adaptação e manutenção de tecnologia assistiva, constituindo-se em referência para a Rede de Atenção à Saúde no território. Com 4 modalidades diferentes – física, intelectual, auditiva e visual – que indicam o porte do CER, tipo II, III ou IV, classificado a depender do número de modalidades que atende.
· Oficina Ortopédica: Constitui serviço de dispensação, confecção, adaptação e manutenção de órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção (OPM), e têm como referência um serviço habilitado em reabilitação física integrando a Rede de Cuidados da Pessoa com Deficiência no Estado.
· Centro Especializado em Odontologia (CEO): É o estabelecimento de saúde que oferta atendimento especializado odontológico e ao integrar a Rede PCD recebe qualificação para o atendimento da pessoa com deficiência.
Saúde da Criança na Rede de Atenção Psicossocial – Raps
Raps tem por finalidade promover cuidado em saúde às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, mediante a criação, ampliação e articulação de pontos de atenção à saúde no âmbito SUS. A rede destaca como um dos objetivos essenciais a promoção do cuidado para grupos mais vulneráveis, especialmente crianças adolescentes, jovens, pessoas em situação de rua e populações indígenas, com sofrimento ou transtorno mental e crianças que sofreram violências.
Saúde da Criança na Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas
A garantia da integralidade da atenção, almejada pela PNAISC, tem nas doenças crônicas um dos maiores desafios, pela variedade e complexidade de patologias e agravos crônicos que hoje afetam as crianças que a cada dia morrem menos de agravos agudos e, por outro lado, a exigência que estas trazem à gestão e à atenção do SUS, de articulação em rede, da ampla gama de serviços e profissionais necessários para seu cuidado integral.
objetivo dessa rede é fomentar a mudança do modelo de atenção, com fortalecimento da Atenção Básica, por meio da qualificação da atenção integral às crianças com doenças crônicas e da ampliação das estratégias para promoção da saúde e para prevenção do desenvolvimento dessas doenças e suas complicações, entre elas o câncer, que dispõe de uma Política Nacional de Prevenção e Controle do Câncer, segundo a Portaria n.º 874, de 16 de maio de 2013.
A Organização dos Pontos de Atenção para o Cuidado de Crianças na Rede
A Atenção Básica (AB) deve dar respostas às necessidades que as crianças com doenças crônicas apresentam na vida familiar, social e escolar. Tem papelchave como coordenadora do cuidado, com a responsabilidade de realizar aatenção integral e contínua e de ser a porta de entrada prioritária. A AB deve realizar ações de promoção à saúde, de prevenção de agravos e também articular com a atenção especializada a oferta do diagnóstico, do tratamento e da reabilitação para que a atenção seja resolutiva no cuidado às crianças com doenças crônicas, tais como as respiratórias, as endócrinas, as cardiovasculares e as oncológicas, sendo que muitos se beneficiam de um seguimento compartilhado entre AB e os serviços especializados.
· Ambulatorial: Serviço especializado com ações eletivas de média e alta complexidade.
· Hospitalar: Ponto de atenção estratégico voltado para as internações eletivas e/ou de urgência de pacientes agudos ou crônicos agudizados.
· Urgência/Emergência: Ponto de atenção com ações voltadas aos usuários que necessitam de cuidados imediatos em caráter de urgência, inclusive pacientes com agudização das condições crônicas.
CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO INFANTIL
Fatores Intrínsecos e Extrínsecos
Os fatores intrínsecos ou internos são aqueles relacionados às determinações genéticas ou à herança que as crianças recebem de seus antepassados. Esse potencial genético pode ou não ser atingido em plenitude, desde que as influências do meio ambiente onde a criança vive possam contribuir para tal.
Os fatores extrínsecos, como alimentação deficiente, baixa renda familiar, baixo grau de escolaridade dos pais, condições precárias de saneamento básico, doenças recorrentes na infância.
Crescimento Intrauterino É importante para o enfermeiro conhecer as condições de vida que podem interferir negativamente no peso de nascimento. Na sua área de abrangência, provavelmente existem mulheres gestantes nestas condições:
· Doenças maternas infecciosas
· Doenças sexualmente transmissíveis
· Hipertensão arterial na gestação
· Baixo peso ou sobrepeso
· Menores de 15 e maiores que 35 anos
· Com altura materna inferior a 1.50
· Usuárias de drogas licitas e ilícitas
· Fumantes 
O Crescimento Pós-neonatal
O acompanhamento do crescimento pós-neonatal faz parte da consulta de enfermagem à criança. Na vida intrauterina, a cabeça da criança é a parte do corpo que mais cresce e representa 50% do tamanho total do corpo. Já na fase pósneonatal, o desenvolvimento do tronco e das pernas é maior. Em alguns tecidos, o crescimento é contínuo, em outros, ocorre por estágios, como o da puberdade, por exemplo. O crescimento ósseo termina assim que a maturidade do esqueleto estiver completa. Uma das características da criança é que o crescimento é acelerado até os dois anos de idade e sofre desaceleração entre os dois e cinco anos.
Instrumentos de Avaliação do Crescimento Infantil
A avaliação do crescimento e desenvolvimento infantil é parte essencial da consulta de enfermagem. Para avaliar o crescimento infantil, é necessário pesar a criança, medir sua altura e registrar esses dados em gráficos, que vão mostrar se peso, altura e perímetro cefálico estão adequados para a idade.
O Desenvolvimento Infantil
Sendo assim, sustentar a cabeça, sentar-se com ou sem apoio, engatinhar, caminhar, falar, sorrir, aprender a pular com um pé só, interagir com as pessoas que a cercam, aprender a ler e escrever são exemplos atribuídos ao desenvolvimento infantil, uma vez que a criança está sempre em constante transformação e apresenta uma sequência previsível de desenvolvimento neuropsicomotor
Padrões de Desenvolvimento O desenvolvimento segue tendências direcionais, de acordo com a maturação cerebral. 
Sendo assim, podemos classificar três padrões de desenvolvimento:
Padrão céfalo-podálico: demonstra que o desenvolvimento segue o sentido cabeça para os pés. Primeiro a criança sustenta a cabeça, para depois sustentar o tronco.
Padrão proximal-distal: de perto para longe, da região proximal para a distal, ou seja, primeiro controla os ombros, para depois controlar os braços; primeiro pega um objeto com toda a mão, para depois pegar um objeto com o polegar e o indicador (movimento de pinça).
Padrão da diferenciação: das atividades mais simples para as mais complexas. Primeiro brinca sozinha, para depois socializar a brincadeira.
Avaliação do Desenvolvimento Infantil
No decorrer da avaliação, é fundamental observar se há ou não interação entre a criança e a mãe, se a criança se sente segura, se observa o ambiente onde está, ou se tenta pegar objetos que estejam ao seu alcance durante a consulta. Dessa forma, é possível conhecer um pouco sobre o seu desenvolvimento.
As perguntas devem ser amplas e bem formuladas para que não deem opção simples de resposta, como SIM ou NÃO, mas respostas que forneçam explicações com detalhes sobre o assunto questionado, no caso, abrangendo o período pré-natal e nascimento.
É importante saber se a mãe:
· Fez o mínimo de 6 consultas de pré-natal
· Fez uso drogas lícitas ou ilícitas na gestação 
· Teve alguma doença infecciosa, pressão alta (pré-eclampsia, eclampsia) durante a gestação
· Como ocorreu o parto
· Quanto tempo durou
· Em caso de parto normal: se a criança chorou logo ao nascer, qual foi o valor do ápgar, o peso de nascimento, se teve algum problema de saúde logo após o nascimento, como infecções ou icterícia, se precisou ficar internada na UTI ou berçário.
O enfermeiro é membro essencial da Equipe de Saúde da Família. Suas atribuições são complexas e demandam conhecimento científico acerca das várias interfaces que permeiam a Estratégia Saúde da Família. Diante de tantas atribuições, sejam estas comuns a todos os membros da equipe, sejam específicas do enfermeiro, sempre é necessário planejar a assistência.
O uso do SAE – Sistematização da Assistência de Enfermagem, é essencial para o desenvolvimento do trabalho do enfermeiro no acompanhamento pueril, sendo necessário, muitas vezes, recorrer às terminologias empregadas em enfermagem e sua incorporação na prática profissional.
Algumas das funções do enfermeiro – encaminhar a consulta médica, esclarecer mãe/cuidador sobre as fases de desenvolvimento de acordo com a idade da criança, estimular mãe/cuidador a demostrar carinho durante os contatos com a criança, investigar a expectativa mãe/cuidador frente ao desenvolvimento da criança em relação a idade, investigar possíveis negligencias a criança, orientação a conversar com a criança, programar monitoramento domiciliar.
ALIMENTAÇÃO DA CRIANÇA
A infância é um período em que se desenvolve grande parte das potencialidades humanas. Os distúrbios que incidem nessa época são responsáveis por graves consequências para indivíduos e comunidades.
Aleitamento materno
O aleitamento materno exclusivo nos primeiros 6 meses de vida é fator contribuinte para a redução da mortalidade infantil.
Aleitamento materno exclusivo: quando a criança recebe somente leite direto da mama ou ordenhado, ou leite humano de outra fonte, sem outros líquidos ou sólidos, com exceção de gotas ou xaropes contendo vitaminas, sais de reidratação oral, suplementos minerais ou medicamentos.
Aleitamento materno predominante: quando a criança recebe, além do Aleitamento materno predominante leite materno, água ou bebidas à base de água (água adocicada, chás, infusões), sucos de frutas e fluidos rituais
Aleitamento materno: quando a criança recebe leite materno (direto da mama Aleitamento materno ou ordenhado), independentemente de receber ou não outros alimentos.
Aleitamento materno complementado: quando a criança recebe, além Aleitamento materno complementado do leite materno, qualquer alimento sólido ou semi-sólido com a finalidade de complementá-lo, e não de substituí-lo. Nessa categoria a criança pode receber, além do leite materno, outro tipo de leite, mas este não é considerado alimento complementar.
Aleitamento materno misto ou parcial: quando a criança recebe leite Aleitamento materno misto ou parcial materno e outros tipos de leite.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Ministério da Saúde recomendam aleitamento materno exclusivo por seis meses e complementado até os dois anos ou mais. Não há vantagens em se iniciar os alimentos complementares antes dos seis meses,podendo, inclusive, haver prejuízos à saúde da criança, pois a introdução precoce de outros alimentos está associada a:
· Maior número de episódios de diarreia;
· Maior número de hospitalizações por doença respiratória;
· Risco de desnutrição se os alimentos introduzidos forem nutricionalmente inferiores ao leite materno, como, por exemplo, quando os alimentos são muito diluídos;
· Menor absorção de nutrientes importantes do leite materno, como o ferro e o zinco;
· Menor eficácia da lactação como método anticoncepcional;
· Menor duração do aleitamento materno
No segundo ano de vida, o leite materno continua sendo importante fonte de nutrientes. Estima-se que dois copos (500ml) de leite materno no segundo ano de vida fornecem 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A, 38% das de proteína e 31% do total de energia. Além disso, o leite materno continua protegendo contra doenças infecciosas. Uma análise de estudos realizados em três continentes concluiu que quando as crianças não eram amamentadas no segundo ano de vida elas tinham uma chance quase duas vezes maior de morrer por doença infecciosa quando comparadas com crianças amamentadas (APUD WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2000).
Para que a amamentação seja eficaz, é preciso que o bebê consiga a pega adequada. Caso isso não ocorra, ele não ficará saciado, e a mãe poderá apresentar várias intercorrências que podem culminar com o fim da amamentação, como por exemplo, o ingurgitamento mamário, fissura mamilar, mastite. Erros na pega podem determinar o sucesso ou insucesso na amamentação, por isso, os profissionais de saúde devem estar atentos em orientar e ajudar a mãe em relação ao posicionamento correto.
Os sinais que indicam que a pega está adequada são os que seguem:
· Boca do bebê abocanhando toda a aréola e não apenas o mamilo;
· Barriga do bebê encostada na barriga da mãe;
· Lábios bem abertos, lábio inferior voltado para fora (boca de peixinho);
· Queixo do bebê encostado no seio da mãe.
Quando a pega é correta, a amamentação transcorre sem traumas, o bebê fica saciado por mais tempo, consegue esvaziar a mama de forma adequada, consequentemente ganha peso e diminui ou anula o risco de problemas na amamentação. Na criança em aleitamento materno, o ganho de peso deve ser superior a 20 gramas/dia.
ALIMENTAÇÃO COMPLEMENTAR
São oferecidos às crianças após os seis meses de idade, uma vez que até então ela estará recebendo o leite materno. É importante que a introdução dos novos alimentos seja realizada após essa data, uma vez que a criança já terá adquirido habilidades importantes para que a aceitação desses alimentos ocorra de forma mais rápida e prazerosa. COMPLEMENTAR NÃO SUBSTITUI O LEITE MATERNO.
Quando uma criança não aceita determinado alimento, é necessário oferecê-lo até dez vezes para se ter certeza de que ela não aprova aquele sabor. Mesmo que não o aceite, é importante colocá-lo no prato, pois isso pode estimulá-la a comê-lo, principalmente se outros membros da família o fazem.
As frutas devem ser amassadas ou raspadas e não devem ter adição de açúcar. Os sucos devem ser naturais e não artificiais e não devem substituir uma refeição, mas sim atuar como um complemento. O consumo de frutas da estação deve ser estimulado, principalmente devido à facilidade de acesso em relação à disponibilidade e preço.
A refeição salgada deve conter tubérculos, cereais, verduras e carne, principalmente a vermelha. Nunca deve ser batida no liquidificador ou passada pela peneira. Os alimentos devem ser cozidos com água sufi ciente para cobri-los. Após o seu cozimento, devem ser amassados com um garfo. A consistência correta é a de purê e não de sopa.
A criança pode também, nesta idade, receber duas papas de frutas (uma no intervalo da manhã e outra no intervalo da tarde) e uma papa salgada no almoço. O leite materno deve continuar sendo oferecido no restante do período.
A partir dos sete meses a criança recebe também a papa salgada no jantar e, aos oito meses, a consistência do alimento já pode ser semelhante à dos alimentos da família para que, aos doze meses, a criança já possa se alimentar com a mesma refeição ofertada às pessoas que convivem com ela.
DESNUTRIÇÃO INFANTIL
A Desnutrição é uma doença de natureza clínico-social e multifatorial, cujas raízes se encontram na pobreza. A desnutrição grave acomete todos os órgãos da criança, tornando-se crônica e levando a óbito, caso não seja tratada adequadamente.
Entende-se que a desnutrição é multifatorial, pois não ocorre apenas devido à falta de alimento, ela pode ser causada por várias razões, como por exemplo: falta de alimentos, oferta de alimentos de baixa qualidade, doenças que dificultam a absorção, processos infecciosos de repetição, vínculo fraco entre mãe e filho. As crianças que não são adequadamente nutridas podem ter carências específicas como a hipovitaminose A e a carência de ferro. A deficiência de vitamina A pode levar a criança ao risco de cegueira (cegueira noturna, xeroftalmia ou queratomalácia). A vitamina A protege a visão, evita a diarreia e diminui o risco de sarampo. Já a deficiência de ferro é a causadora da anemia ferropriva, que acomete muitas crianças brasileiras.
Crianças com idade entre 6 a 12 meses merecem cuidado especial em relação à ingesta de alimentos que contenham ferro. Na falta deste, a criança fica vulnerável ao desenvolvimento de anemia por deficiência desse micronutriente, o que prejudica o seu crescimento e desenvolvimento. O consumo diário de carne, miúdos (no mínimo uma vez por semana) e suco de fruta natural, fonte de vitamina C, após o almoço e jantar, aumenta a absorção do ferro não heme.
A criança com desnutrição grave pode apresentar características muito peculiares, como o emagrecimento acentuado visível, quando os ossos ficam aparentes, o abdômen proeminente, os cabelos quebradiços e sem brilho e o glúteo e pernas com “sinal da calça larga”, ou seja, a gordura corporal desaparece, e a pele fica enrugada como se a criança estivesse vestindo uma calça larga. O edema também indica desnutrição grave, embora a criança possa apresentar uma aparência física de estar mais gordinha.
MARASMO
É o tipo de desnutrição mais comum no Brasil, é decorrente da falta total de alimentos, levando ao quadro de desnutrição proteico-calórico. Nesse caso a criança apresenta os sinais de emagrecimento acentuado visível. O apetite da criança é preservado
O marasmo é sinal de miséria, geralmente toda a família além da criança esteja desnutrida. 
KWASHIORKOR
É um tipo de desnutrição grave e caracteriza-se principalmente pelo edema em ambos os pés da criança. Está relacionado a deficiência proteica. 
O cabelo é fino e ralo, a pele é ressecada e a criança tem um olhar triste, conhecido como o olhar da miséria. O apetite da criança é diminuído. 
AIDPI – Atenção Integrada a Doenças Prevalente na Infância
A AIDPI tem por finalidade promover uma rápida e significativa redução da mortalidade na infância. Trata-se de uma abordagem da atenção à saúde na infância, desenvolvida originalmente pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância e a Adolescência (UNICEF), caracterizando-se pela consideração simultânea e integrada do conjunto de doenças de maior prevalência na infância, ao invés do enfoque tradicional que busca abordar cada doença isoladamente, como se ela fosse independente das demais doenças que atingem a criança e do contexto em que ela está inserida.
PNI – Programa Nacional de Imunização (CRIADO EM 1973)
O êxito das Campanhas de Vacinação contra a varíola na década dos anos sessenta, mostrou que a vacinação em massa tinha o poder de erradicar a doença. O último caso de varíola notificado no Brasil foi em 1971 e, no mundo em 1977 na Somália.
Tem como missão organizar a Política Nacional de Vacinação, contribuindo para o controle, a eliminação e/ou erradicação de doenças imunopreviníveis. Está vinculado ao Sistema Único de Saúde, sendo coordenado pelo Ministério da Saúde de forma compartilhada com as Secretarias Estaduais e Municipaisde Saúde.
Tem como missão organizar a Política Nacional de Vacinação, contribuindo para o controle, a eliminação e/ou erradicação de doenças imunopreviníveis. Está vinculado ao Sistema Único de Saúde, sendo coordenado pelo Ministério da Saúde de forma compartilhada com as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.
O PNI passou a coordenar, as atividades de imunizações desenvolvidas rotineiramente na rede de serviços e, para tanto, traçou diretrizes pautadas na experiência da Fundação de Serviços de Saúde Pública (FSESP), com a prestação de serviços integrais de saúde através de sua rede própria.
As Centrais de Rede de Frio (CRF) são as estruturas físicas que proporcionam efetivamente as condições adequadas à manutenção da Cadeia de Frio, têm foco na segurança e na qualidade dos processos de armazenamento, distribuição e transporte. Organizam-se nas três esferas, dispõem de estruturas físicas similares, com fluxos operacionais semelhantes, variando seus dimensionamentos em função do perfil epidemiológico e da consequente demanda onde se inserem.
Calendário de vacinação de 2019
	IDADE
	VACINAS
	Ao nascer
	- BCG (dose única)
- HEPATITE B
	2 meses
	- Pentavalente 1 dose (tretavalente + hepatite B 2 dose)
- Poliomielite 1 dose (VIP)
- Pneumocócica conjugada 1 dose
- Rotavirus 1 dose
	3 meses
	- Meningocócica C conjugada 1 dose
	4 meses
	- pentavalente 2 dose (tretavalente + hepatite B 2 dose)
- poliomielite 2 dose (VIP)
- pneumocócica conjugada 2 dose
- Rotavirus 2 dose
	5 meses
	- Meningocócica C conjugada 2 dose
	6 meses
	- Pentavalente 3 dose (Tetravalente + hepatite B 3 dose) 
- Poliomielite 3 dose (VIP)
- Influenza (1 a 2 doses anuais)
	9 meses
	- Febre amarela (dose única)
- Influenza (1 ou 2 doses anuais)
	12 meses
	- Pneumocócica conjugada reforço
- Meningocócica C conjugada reforço
- Tríplice viral 1 dose
- influenza (1 ou 2 doses anuais)
	15 meses
	- DTP 1º reforço (Incluída na pentavalente)
- Poliomielite 1º reforço (VOP)
- Hepatite A (1 dose de 15 meses até 5 anos)
- Tetra viral (Tríplice Viral 2ª dose + Varicela)
- Influenza (1 ou 2 doses anuais)
	4 anos
	- DTP 2º reforço (Incluída na pentavalente)
- DTP 2º reforço (Incluída na pentavalente)
- Varicela (1 dose)
- Influenza (1 ou 2 doses anuais)
	9 – 14 anos
	- HPV 2 doses ((9-14 anos meninas e 11- 14 anos meninos)
- Meningocócica C (Reforço ou dose única - meninos e meninas de 11- 14 anos)
	Adolescente, adultos e idosos. 
	- Hepatite B (3 doses a depender da situação vacinal)
- Febre Amarela (Dose única p/ não vacinados ou sem comprovante de vacinação)
- Tríplice Viral (2 doses até os 29 anos ou 1 dose em > 30 anos. Idade máxima: 49 anos)
- DT (Reforço a cada 10 anos)
- dTpa (Para gestantes a partir da 20ª semana, que perderam a oportunidade de serem vacinadas)
No mesmo ano, o governo anunciou a ampliação da vacina para meninos de 11 a 15 anos incompletos. Além da vacina contra o HPV contribuir reduzindo a incidência do câncer de colo de útero e vulva, também contribui prevenindo o câncer de pênis, ânus, verrugas genitais, boca e orofaringe (CRISTALDO, 2017).
A ATENÇÃO PSICOSSOCIAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES – SAÚDE MENTAL
Se uma criança ou um adolescente apresenta algum grau de sofrimento (com angústias, medos, conflitos intensos, por exemplo), não será possível tratar sua saúde sem considerar esse componente emocional/relacional significativo. Muitos sintomas físicos têm origem em situações de sofrimento psíquico de origens diversas (na relação com instituições, com a família e consigo mesmo, entre outras). Em muitos casos, por exemplo, o uso de álcool e outras drogas pode estar associado à tentativa pessoal de manejo de um sofrimento.
Acolhimento universal: significa que as portas dos serviços devem estar abertas a todos aqueles que chegam com alguma necessidade de saúde e de saúde mental. É bastante comum neste campo da atenção à saúde mental infanto-juvenil que os profissionais do serviço não se sintam aptos a realizar o atendimento com base na alegação de que um determinado tipo de paciente “não tem perfil” para tal serviço (sobretudo quando se trata de usuários de álcool e outras drogas e ainda mais tendo cometido algum ato infracional). O acolhimento universal não significa que os serviços de saúde e de saúde mental tenham que atender e acompanhar todos os casos que até ali chegam, mas deve fazer uma abordagem para identificar as necessidades de cada situação, propor alguma intervenção inicial e, quando couber, oferecer outras estratégias e lugares de tratamento.
Encaminhamento implicado e corresponsável: no caso de haver outro serviço que melhor se ajuste às necessidades do usuário, os profissionais que fizeram o acolhimento devem, de maneira implicada e corresponsável, promover o acompanhamento do caso até a sua inclusão e o seu atendimento em outro serviço (muito diferente de um procedimento administrativo e burocrático de preencher uma guia de encaminhamento para outro serviço). Muitas vezes, é preciso fazer um trabalho conjunto entre os serviços para o melhor atendimento do caso. Este primeiro acolhimento, aonde quer que chegue o usuário, pode ser determinante nos desdobramentos e na adesão ao tratamento.
Construção permanente da rede e da intersetorialidade: a partir da noção de clínica ampliada e da complexidade das intervenções em saúde mental, álcool e outras drogas, é fundamental a construção cotidiana de uma rede de profissionais, ações e serviços para a garantia do acesso de crianças, adolescentes e jovens aos cuidados nesta área. Neste sentido, é imprescindível a convocação dos atores intersetoriais, sem os quais não será possível uma resposta potente aos problemas de saúde mental, álcool e outras drogas apresentados pela citada população.
Trabalho no território: trata-se de um conceito que extrapola os sentidos meramente geográficos ou regionais, mas tem relação com as redes de relações e afetos e com as redes sociais daquele que é cuidado, que inclui a família, os vizinhos, a escola, a praça, o clube, os lugares de lazer etc.
Avaliação das demandas e construção compartilhada das necessidades de saúde mental: as demandas que chegam aos serviços de saúde mental (vindas do sujeito, da família, da escola e dos serviços da rede de saúde ou da rede intersetorial) devem ser discutidas e elaboradas em conjunto pelas equipes, pelos familiares e pelos usuários. No imaginário social há muitas demandas direcionadas à saúde mental, mas nem sempre elas ajudarão a construir intervenções potentes, porque não correspondem às necessidades reais dos usuários. Em algumas situações não existe nenhuma evidência de efetividade para o caso concreto.
A Rede de atenção Psicossocial (RAPS)
Instituída pela Portaria MS/GM nº 3.088, de 23/12/2011,4 a Raps prevê a criação, a ampliação e a articulação de pontos de atenção à saúde para pessoas com sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do uso de crack, álcool e outras drogas no âmbito do SUS.
A RAPS encontra-se organizada nos seguintes componentes:
Atenção básica em saúde
· Unidade básica de saúde
· Núcleo de apoio à saúde da família
· Consultório na rua
· Centro de convivência e cultura
Atenção Psicossocial
· Centro de atenção psicossocial (nas suas diferentes modalidades)
Atenção de urgência e emergência
· SAMU 192
· Sala de estabilização
· UPA 24 horas e portas hospitalares de atenção a urgência/pronto socorro, unidade básicas de saúde
Atenção residencial de caráter transitório
· Unidade de acolhimento
· Serviço de atenção em regime residencial
Atenção Hospitalar
· Enfermaria especializada em hospital geral
· Leitos de SM no hospital geral
Estratégias de Desinstitucionalização
· Serviços residenciais terapêuticos
· Programa “ de volta para casa”
Estratégias de reabilitação psicossocial
· Iniciativas de geração de trabalho e renda
· Empreendimentos solidários e cooperativas sociais
SAÚDE DO ADOLESCENTE
Adolescentes e jovens constituem um grupo populacional que exige novos modos de produzir saúde. Seu ciclo de vida particularmente saudável evidencia queos agravos em saúde decorrem, em grande medida, de modos de fazer “andar a vida”, de hábitos e comportamentos, que, em determinadas conjunturas, os vulnerabilizam.
As vulnerabilidades produzidas pelo contexto social e as desigualdades resultantes dos processos históricos de exclusão e discriminação determinam os direitos e as oportunidades de adolescentes e jovens brasileiros.
Iniciativas na Atenção Básica à Saúde devem incluir a melhoria de condições sanitárias no ambiente físico, e a atenção às necessidades nutricionais, biológicas, psicológicas e sociais em todas as etapas do desenvolvimento humano, dentro do ciclo da vida.
Definições de adolescência e juventude
Ministério da Saúde segue como definição de adolescência a prescrita pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que caracteriza o período de 10 e 19 anos e compreende como juventude a população dos 15 a 24 anos (BRASIL, 2010, p. 46 apud MNISTÉRIO DA SAÚDE, 2017). Dos 15 a 17 anos são adolescentes-jovens; dos 18 a 24 anos de jovens-jovens e entre os 25 a 29 anos são denominados jovensadultos.
Estratégia IMAN – Integração de Manejo dos adolescentes e suas necessidades
Em 2005 a Organização Pan-Americana da Saúde criou a Estratégia de Integração de Manejo dos Adolescentes e suas Necessidades (Iman). Trata-se de um conjunto de algoritmos e textos que tem por objetivo oferecer informações rápidas e concisas para que os profissionais possam prestar um atendimento integral aos adolescentes de ambos os sexos, com idades entre 10 a 19 anos. Pode ser usado em uma Unidade Básica de Saúde ou em um departamento ambulatorial hospitalar de referência.
Essa estratégia abarca assuntos técnicos selecionados pela importância ou pela prevalência para que a equipe de saúde adquira competências e habilidades para a prestação do atendimento integral a este grupo populacional.
Objetivos propostos pela estratégia do IMAN:
Perguntar: todo adolescente ou jovem, por meio da anamnese, com o próprio ou seu responsável (quando o adolescente esteja impedido de se expressar), deve ser inquirido sobre as queixas que o motivaram à vinda ao serviço de saúde e sobre 70 os antecedentes: perinatal, pessoal e familiar. Assim, será possível perceber como se encontra sua adaptação sob o ponto de vista biopsicossocial.
Observar: inclui um exame físico o mais completo possível, a determinação do estágio de desenvolvimento puberal, a obtenção de medidas antropométricas e a identificação de alguma condição patológica. Deve-se qualificar o processo de crescimento e desenvolvimento do adolescente, normal ou com algum distúrbio, e diagnosticar problemas de saúde que estejam presentes. Verificar sua relação com o grupo de pares, com a família e com adultos de referência.
Avaliar, determinar ou diagnosticar: abordar, da melhor forma possível, as questões psicossociais dos adolescentes e, se necessário, referir a serviços de maior complexidade.
Tratar: Uma vez identificada uma doença ou uma situação de risco no adolescente, é necessário iniciar o tratamento pertinente para estabilizar suas condições antes de referi-lo para outro serviço ou hospital para o prosseguimento do tratamento. No caso de não haver necessidade de referência para outro serviço, indicar-se-á o tratamento correspondente e deve-se explicar claramente em que consistem as alternativas terapêuticas. É fundamental assegurar a compreensão das medidas terapêuticas e decidir com o adolescente as alternativas mais convenientes.
Acompanhar: de acordo com a condição identificada. Se for um adolescente saudável, é conveniente uma avaliação, se possível, 2x ano.
Aconselhar ou orientar: escutar o adolescente e sua família em suas inquietações, manejando-as sem preconceitos e refletindo, em conjunto, as melhores alternativas para o melhor encaminhamento possível dos problemas apresentados e prevenção de riscos desnecessários.
Caderneta de Saúde de Adolescentes
A Caderneta de Saúde de Adolescente, masculina e feminina, contém informações a respeito do crescimento e desenvolvimento, da alimentação saudável, da prevenção de violências e promoção da cultura de paz, da saúde bucal e da saúde sexual e saúde reprodutiva desse grupo populacional. Traz ainda método e espaço para o registro antropométrico e dos estágios de maturação sexual, das intervenções odontológicas e o calendário vacinal.
Famílias com adolescentes
Com relação ao desenvolvimento das crianças e dos adolescentes, o esforço familiar será no sentido de prover as condições necessárias de alimentação, vestimenta, afetividade, educação, segurança, desapego autoestima e autonomia progressiva. O primeiro desafio familiar no cuidado de uma criança é sua constituição 72 física e esforço para promover o desenvolvimento de sua dimensão psicológica como eu.
Na adolescência, a influência da família no processo de desenvolvimento perde espaço para outras fontes de fatores de risco e fatores de proteção. Os fatores internos (condição emocional, valores, talentos, habilidades, desejos, projetos, autoestima, humor etc.) ganham força, assim como os fatores oriundos da comunidade onde está inserido o jovem.
O papel da família como parte da rede de apoio de um adolescente poderá significar mais proteção ou mais risco, dependendo do vínculo adulto provedor/cuidador com adolescente, da capacidade de comunicação entre eles, do estilo de parentalidade e da relação que as forças oriundas da comunidade e escola (grupos de amigos, relações com o desempenho escolar, segurança do bairro em que vivem, oportunidades de acesso à cultura e ao lazer etc.) intervêm no processo.
O grau de conflito entre adultos e jovens na família está relacionado em boa parte ao estilo de relação e comunicação entre eles.
Atenção Integral à Saúde de Adolescentes no Contexto da Socioeducação
Com o intuito de mudar a realidade da socioeducação no Brasil, a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República e o Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda) instituíram o Sistema Nacional de Atendimento Socioeducativo (Sinase), uma política pública que articula a “efetiva participação dos sistemas e políticas de educação, saúde, trabalho, previdência social, assistência social, cultura, esporte, lazer, segurança pública, entre outras, para a efetivação da proteção integral de que são destinatários todos adolescentes.
Articula, ainda, os três níveis de governo para o desenvolvimento dos programas de atendimento, considerando a intersetorialidade e a corresponsabilidade da família, da comunidade e do Estado.
A Atenção Básica é a responsável pela articulação e pela coordenação do cuidado dos adolescentes na Rede de Atenção à Saúde do município. Na organização da atenção integral serão contemplados os seguintes eixos: promoção da saúde e prevenção de agravos; ações de assistência e reabilitação da saúde e a educação permanente.
E, ainda, as linhas de ação:
· Acompanhamento do crescimento e do desenvolvimento físico e psicossocial
· Saúde sexual e saúde reprodutiva
· Saúde bucal
· Saúde mental
· Prevenção ao uso de álcool e outras drogas
· Prevenção e controle de agravos
· Educação em saúde
· Direito humanos, a promoção da cultura de paz e a prevenção violência e assistência as vítimas.
No âmbito do atendimento aos adolescentes em situação de privação de liberdade, a atenção integral à saúde será realizada, prioritariamente, por uma equipe da Atenção Básica. Dessa maneira, todas as unidades socioeducativas terão como referência uma dessas equipes. As equipes de referência deverão estar em consonância com as atribuições indicadas na Política Nacional da Atenção Básica (BRASIL, 2011b, p. 48 apud MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017).
Crescimento e desenvolvimento do adolescente
Desenvolvimento físico
O termo puberdade deriva do latim pubertate e significa idade fértil; a palavra pubis (lat.) é traduzida como pelo, penugem. A puberdade expressa o conjunto de transformações somáticas da adolescência, que, entre outras, englobam:
· Aceleração (estirão) e desaceleração do crescimento ponderal e estatural, que ocorremem estreita ligação com as alterações puberais.
· Modificação da composição e proporção corporal, como resultado do crescimento esquelético, muscular e redistribuição do tecido adiposo.
· Desenvolvimento de todos os sistemas do organismo, com ênfase no circulatório e respiratório.
· Maturação sexual com a emergência de caracteres sexuais secundários, em uma sequência invariável, sistematizada por Tanner (1962)
· Reorganização neuroendócrina, com integração de mecanismos genéticos e ambientais.
Crescimento
As velocidades de crescimento da criança e do adolescente normais têm um padrão linear previsível. Durante a puberdade, o adolescente cresce um total de 10 a 30 cm (média de 20 cm). A média de velocidade de crescimento máxima durante a puberdade é cerca de 10 cm/ano para o sexo masculino e 9 cm/ano para o sexo feminino.
A velocidade máxima do crescimento em altura ocorre, em média, entre 13 e 14 anos no sexo masculino e 11 e 12 no sexo feminino. Após atingir a velocidade máxima de crescimento, segue-se uma gradual desaceleração até a parada de crescimento, com duração em torno de 3 a 4 anos. Após a menarca, as meninas crescem, no máximo de 5 a 7 cm.
Idade óssea:
A idade óssea ou esquelética corresponde as alterações evolutivas da maturação óssea, que acompanham a idade cronológica no processo de crescimento, sendo considerada como um indicador da idade biológica. Ela é calculada por meio da comparação de radiografias de punho, mão e de joelho com padrões definidos de tamanhos e forma dos núcleos dessas estruturas. A idade óssea pode ser utilizada na predição da estatura final do adolescente, considerando a sua relação com a idade cronológica.
Composição e proporção corporal
Todos os órgãos do corpo participam do processo de crescimento da puberdade, exceção feita ao tecido linfoide e à gordura subcutânea que apresentam um decréscimo absoluto ou relativo. Há acúmulo de gordura desde os 8 anos até a puberdade, sendo que a diminuição deste depósito de tecido adiposo coincide com o pico de velocidade do crescimento
Desenvolvimento muscular
Na puberdade, chama atenção a hipertrofia e a hiperplasia de células musculares, mais evidentes nos meninos. Este fato justifica a maior força muscular no sexo masculino.
Medula óssea
Durante a puberdade, ocorre uma diminuição da cavidade da medula óssea, mais acentuada nas meninas. Este acontecimento explica um volume final maior da cavidade medular para os meninos, que somado à estimulação da eritropoetina pela testosterona pode representar, para o sexo masculino, um número maior de células vermelhas, maior concentração de hemoglobina e ferro sérico.
Sequência do crescimento
O crescimento estatural inicia-se pelos pés, seguindo uma ordem invariável que vai das extremidades para o tronco. Os pelos axilares aparecem, em média, dois anos após os pelos pubianos. O pelo facial, no sexo masculino, aparece ao mesmo tempo em que surge o pelo axilar. O crescimento de pelos pubianos pode corresponder, em algumas situações, às primeiras manifestações puberais.
Durante a puberdade, alterações morfológicas ocorrem na laringe; as cordas vocais tornam-se espessas e mais longas e a voz mais grave. A este momento, mais marcante nos meninos do que nas meninas, chamamos de muda vocal. Na maioria dos indivíduos a mudança completa da voz se estabelece em um prazo de aproximadamente seis meses. O crescimento dos pelos da face indica o final deste processo, quando a muda vocal deve estar completa.
Adolescentes com uma alteração na voz, que persista por mais de 15 dias, a Equipe de Saúde da Família deve procurar o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (Nasf) que dispõe de um profissional fonoaudiólogo para realizar uma interconsulta ou uma avaliação multidisciplinar entre os profissionais visando solucionar o problema em questão. É de suma importância que o profissional de saúde saiba orientar os adolescentes quanto a comportamentos nocivos a sua saúde, como o uso de tabaco.
Maturação sexual A eclosão puberal dá-se em tempo individual por mecanismos ainda não plenamente compreendidos, envolvendo o eixo hipotálamo-hipofisário-gonadal. Em fase inicial da puberdade, o córtex cerebral transmite estímulos para receptores hipotalâmicos, que, por meio de seus fatores liberadores, promovem na hipófise anterior a secreção de gonadotrofinas para a corrente sanguínea.
Problemas no Desenvolvimento Puberal
Puberdade precoce e puberdade tardia A puberdade, precoce e tardia, refere-se ao aparecimento de características sexuais secundárias em idades cronológicas que podem ser consideradas prematuras ou atrasadas para este desenvolvimento. É importante, também, observar a velocidade com que os eventos puberais estão se sucedendo.
Sexo feminino: É considerado precoce qualquer sinal de maturação sexual antes dos 8 anos de idade. No caso da puberdade atrasada, considera-se tardia a telarca e pubarca que ocorrem em idades superiores a 13 e 14 anos, respectivamente, e a menarca em idades maiores de 16 anos.
Sexo masculino: É considerada puberdade precoce, quando ocorre o aumento do volume t esticular e dos pelos pubianos antes dos 9 anos de idade. A puberdade atrasada refere-se à persistência do estágio pré-puberal após a idade cronológica de 16 anos.
Baixa estatura
Adolescentes de ambos os sexos com estatura de dois desvios padrões abaixo da média ou abaixo do 3º percentil são considerados de baixa estatura. Deste grupo, 20% têm baixa estatura patológica e os 80% restantes serão divididos entre os de baixa estatura constitucional e familiar. Aqueles com estatura de três desvios padrões abaixo da média têm baixa estatura, certamente, patológica
Hirsutismo: Trata-se do aparecimento anormal de pelos no corpo feminino, em quantidade excessiva. Assim, a presença de pelos faciais, torácicos e abdominais pode ser normal, como pode ser devida a manifestações clínicas de doenças virilizantes e estar associadas a doenças endócrinas e ovários policísticos
Conduta: Acompanhar os casos em que a experiência clínica sugere que estejam dentro dos critérios de normalidade (constitucionais). Referenciar para serviço especializado aquelas condições que exijam atenção especial.
Ginecomastia: A ginecomastia consiste no aumento visível ou palpável da glândula mamária do adolescente do sexo masculino. Pode ser uni ou bilateral, aparecendo em torno dos 13 e 14 anos, durante o estirão puberal, regredindo, naturalmente, em 12 a 18 meses. Portanto, pode ser considerada uma condição frequente e normal da puberdade, podendo ocasionar transtornos de autoimagem, com repercussões na vida social do adolescente.
Conduta: Diferenciar de obesidade e lipoma. Nas circunstâncias em que houver necessidade de se fazer um diagnóstico diferencial mais acurado, deve-se referenciar para serviço especializado.
Micropênis: Considera-se micropênis sempre que, em qualquer idade, o tamanho peniano for menor que 1,9 cm, medido da base até a ponta e esticado.
Conduta: Considerando a amplitude dos fatores etiológicos, deve-se referenciar para serviço especializado. Oferecer suporte psicológico.
Observação: Os adolescentes de ambos os sexos que, no acompanhamento por profissional de saúde, sejam constatadas dúvidas quanto ao processo de crescimento e desenvolvimento devem ser referenciados a serviços de maior complexidade para avaliação clínica e laboratorial.
Orientações:
· Orientar o adolescente a respeito da postura adequada, alimentação, exercícios permitidos etc.
· Acompanhar o crescimento periodicamente, cada 4-6 meses.
· Responder às perguntas que preocupam o adolescente a respeito de seu crescimento: Continuarei crescendo?
Inquietações dos adolescentes:
· Sou o menor de minha turma, vou ficar assim?
· Até quando vou crescer?
· Vou ficar mais alto do que meus pais?
Alimentação e Nutrição
A atenção nutricional ao adolescente deve fazer parte do cuidado integral na Rede de Atenção à Saúde (RAS) e na Atenção Básica, por sua capilaridade e capacidade de identificação das necessidades de saúde da população sob sua responsabilidade.
A alimentação insuficiente

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