Características do conhecimento cíentifico 1

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CARACTERÍSTICAS DO CONHECIMENTO CIENTÍFICO 
 
A ciência é uma forma de conhecimento, que coexiste com outras, tais como a 
filosofia, a teologia e o próprio senso comum. Não se pode afirmar que seja 
superior às demais. Ocorre, porém, que a ciência constitui no mundo 
contemporâneo a modalidade mais prestigiada de conhecimento. Cabe, 
portanto, estabelecer a distinção entre o conhecimento científico e o não 
científico. 
Essa distinção não é fácil de ser feita, visto não haver consenso entre os 
autores que tratam do assunto. [...]. Mas é possível identificar um conjunto de 
características que de certa forma possibilitam definir com alguma clareza o 
que é ciência e também o que não é. 
Clareza e precisão. As ciências dispõem de um vocabulário que possibilita 
descrever com clareza o significado de seus termos. Por exemplo, em 
Sociologia status significa a posição que a pessoa ocupa na estrutura social, de 
acordo com o julgamento coletivo ou o consenso de opinião do grupo. Uma 
definição como essa confere clareza ao conceito, possibilitando distingui-lo de 
conceitos correlatos, como o de papel, que corresponde ao comportamento 
esperado de uma pessoa em decorrência do status que ocupa. As ciências 
dispõem também de recursos para conferir precisão aos termos. Tanto é que se 
torna possível, por exemplo, estudar cientificamente as condições de vida de 
uma população, mediante a utilização de conceitos expressos em termos como 
nível de rendimentos, já que este possibilita indicar com precisão quanto as 
pessoas auferem[1] [recebem] num determinado período de tempo. 
Método. A ciência desenvolveu-se porque há muito tempo percebeu-se que a 
observação do mundo realizada de maneira casual pode ser enganosa. A 
construção do conhecimento científico requer, pois, o concurso [o emprego] 
de métodos. O conhecimento sociológico, por sua vez, tem sido obtido 
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mediante a utilização de diversos métodos, tais como o experimental, o 
observacional, o comparativo e o estatístico. 
Objetividade. Uma das preocupações fundamentais dos pesquisadores é a de 
controlar o seu viés pessoal[2], de forma a proporcionar um conhecimento que 
seja válido para todos. Émile Durkheim, um dos pioneiros da Sociologia [que 
estudaremos aqui], definiu como a primeira regra a ser observada pelo 
sociólogo "tratar os fatos sociais como coisas". Isto significa que a 
investigação sociológica deve ser objetiva, ou seja, não deve ser influenciada 
pelos caprichos pessoais ou pela subjetividade do pesquisador. Conseguir 
objetividade na Sociologia, no entanto, não constitui tarefa das mais fáceis. 
Isto porque fica difícil para o pesquisador, ao analisar a sociedade, fazê-lo de 
maneira totalmente objetiva, posto que ele, por fazer parte da sociedade, acaba 
por analisar um objeto de que faz parte. [...] 
Verificabilidade. Os conhecimentos científicos são aceitos não em virtude da 
crença que se deposita nos cientistas, mas pelo acúmulo de provas empíricas, 
reunidas por meio dos sentidos humanos, como fruto da experimentação ou 
observação. [...] A Sociologia [...] tem a observação empírica como base de 
prova, o que significa que seus resultados constituem o produto da realização 
de cuidadosos levantamentos e da análise de dados significativos, que podem 
ser compartilhados por outras pessoas também capazes de analisá-los. 
Generalidade. Os cientistas procuram sempre ir além da situação concreta 
que pesquisam e estabelecem generalizações. A Sociologia também faz 
generalizações sobre papéis, conflitos, padrões familiares, comportamento 
religioso etc. Embora todas as pessoas sejam rigorosamente únicas, é possível 
de modo racional generalizar sobre elas. É o que a Sociologia se propõe a 
fazer. 
Caráter explicativo. A ciência não se limita a descrever os fenômenos, mas é 
capaz de esclarecer por que estes acontecem ou quais os fatores que os 
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influenciam. A Sociologia, em virtude da complexidade de seu objeto, que é o 
comportamento humano, depara com algumas dificuldades para alcançar esse 
intento. Mas isto não tem impedido a elaboração de estudos sociológicos de 
alto poder explicativo. [...]. 
Abertura. Embora o conhecimento científico seja reconhecido como 
verdadeiro e, consequentemente, inquestionável, esta não constitui a maneira 
como a comunidade científica vê a ciência. Se um conhecimento não puder 
ser refutado[3], não pertence ao domínio da ciência. É verdade que a 
investigação científica se fundamenta em princípios bastante gerais e 
aparentemente seguros. Estes, no entanto, não são evidentes por si mesmos, 
podendo, a qualquer momento, ser corrigidos ou refutados. 
(GIL, 2011, p. 3-4) 
 
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