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Resenha crítica - Violência Contra a Mulher e Políticas Públicas

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RESENHA CRÍTICA 
Violência contra a mulher e políticas públicas, Eva Alterman Blay -https://doi.org/10.1590/S0103-
40142003000300006 
 
Eva Alterman Blay, nascida em São Paulo, no dia 4 de junho de 1937, é 
uma socióloga e professora universitária brasileira, filiada ao Partido da Social 
Democracia Brasileira (PSDB). É uma das pioneiras no estudo do direito das 
mulheres no Brasil, e foi a fundadora do Centro de Estudos de Gênero e dos 
Direitos da Mulher da Universidade de São Paulo. Se especializou em relações 
de gênero, violência, identidades étnicas; e imigração judaica. Autora do artigo 
“Violência contra a mulher e políticas públicas”. 
O artigo, publicado em 17 de fevereiro de 2004, fala sobre a violência contra a 
mulher ao longo dos anos e como essa violência vem sendo tratada por meio 
das entidades governamentais, políticas públicas e meios de comunicação. Esta 
pesquisa também busca investigar não apenas a chamada violência doméstica, 
mas os vários tipos de homicídio tentativa ou consumação de mulheres de todas 
as faixas etárias, e seus índice. Assim como as políticas públicas criadas para 
tratar desse tema. 
 
 
Agredir, matar, estuprar uma mulher ou uma menina são fatos que têm 
acontecido ao longo da história em praticamente todos os países. 
No Brasil, sob o pretexto do adultério, o assassinato de mulheres era legítimo 
antes da República, onde permitia que o marido matasse a ambos. 
Posteriormente, o Código Civil (1916) alterou estas disposições. Entretanto, 
alterar a lei não modificou o costume de matar a esposa ou companheira. 
Desde a metade do século XIX o panorama mudou. A industrialização e a 
urbanização alteraram a vida cotidiana das mulheres, que passaram a, cada vez 
mais, ocupar o espaço das ruas e trabalhar fora de casa. Essas mudanças 
passaram a ser confrontados com os costumes patriarcais ainda vigentes. 
Mulheres das classes média e alta, graças à educação e ao trabalho 
remunerado, adquiriram maior "poder social e econômico" e passaram a 
protestar contra a "tirania dos homens". 
Naquela época, como hoje, afirmava-se que o trabalho feminino fora de casa 
provocava a desagregação da família. Daí foi incluído no Código Civil (1916), 
que a mulher deveria ter autorização do marido para poder trabalhar. 
Os crimes passionais, um dos mais graves problemas da época, constituíam 
uma verdadeira "epidemia" para algumas feministas. Promotores Públicos 
fundaram o Conselho Brasileiro de Higiene Social. Pretendiam coibir e punir os 
crimes passionais então tolerados pela sociedade e pela Justiça. O movimento 
alcançou êxito relativo, embora o assassinato por amor continuasse a ocorrer e 
os assassinos a serem absolvidos. 
Um forte movimento pela defesa da vida das mulheres e pela punição dos 
assassinos voltou a ocorrer na década de 1970, quando Ângela Diniz foi morta 
por Doca Street, de quem ela desejava se separar. 
A morte de Ângela e a libertação de seu assassino levantaram um forte clamor 
das mulheres que se organizaram em torno do lema: "quem ama não mata". Os 
prestigiados jornalistas e o advogado consideraram ilegítima a pressão da 
https://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Paulo_(cidade)
https://pt.wikipedia.org/wiki/4_de_junho
https://pt.wikipedia.org/wiki/1937
https://pt.wikipedia.org/wiki/Soci%C3%B3loga
https://pt.wikipedia.org/wiki/Brasil
https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_da_Social_Democracia_Brasileira
https://pt.wikipedia.org/wiki/Partido_da_Social_Democracia_Brasileira
https://pt.wikipedia.org/wiki/Universidade_de_S%C3%A3o_Paulo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Juda%C3%ADsmo_no_Brasil
opinião pública nestes crimes contra mulheres justificados pelo amor. Ensinando 
a defender os que matavam "por amor". 
Ao longo das décadas de 1960 e 1970, formou-se o movimento feminista atuou 
cotidianamente a favor das melhores condições de vida, e pela igualdade de 
direitos entre homens e mulheres. Agora as denúncias destes crimes escondidos 
se tornaram-se públicos e aos poucos foram reconhecidos. 
Em 1983, o primeiro Conselho Estadual da Condição Feminina em São Paulo. 
Em 1985, criou-se a primeira Delegacia de Defesa da Mulher, órgão 
eminentemente voltado para reprimir a violência contra a mulher. O serviço era 
e é prestado por mulheres, mas isto não bastava, pois muitas destas 
profissionais tinham sido socializadas numa cultura machista. Foi necessário 
muito treinamento e conscientização para formar profissionais que entendessem 
que meninas e mulheres tinham o direito de não aceitar a violência cometida 
pelos homens. 
 
Em 1995, foi dado início à pesquisa sobre homicídio de mulheres para verificar 
como este crime era tratado. 
Entre os resultados alcançados verificou-se: 
• Matam-se pessoas do sexo feminino de todas as idades, desde bebês até 
mulheres com mais de setenta anos. 
• 22% dos crimes eram motivados por tentativas de separação, ciúme, ou 
suspeita de adultério. 
• Até a década de 1980 as vítimas eram apresentadas como causadoras 
de sua própria morte e havia um visível apoio aos assassinos, na última 
década do século XX o noticiário se tornou mais investigativo e 
relativamente neutro. 
 
Contraditoriamente, o rádio e a televisão continuam a reproduzir em seus 
programas em que o homem mata a mulher que não mais quer. Assim, o 
noticiário mostra um processo contraditório de mudança: ao mesmo tempo em 
que não mais se aceita o "matei por amor" noticia-se justificativas. 
 
A análise dos BOs mostrou que, na metade das ocorrências, o(a) agressor(a) é 
desconhecido. Entre os identificados, quando a vítima é mulher, 90% dos autores 
são homens. Observou-se que cinco em cada dez homicídios são cometidos 
pelo esposo, namorado, noivo, companheiro, "amante". Se incluirmos ex-
parceiros, este número cresce. 
 
Homicídios de mulheres fazem parte da realidade e do imaginário brasileiro há 
séculos. Depreende-se que essa contradição perdura por várias razões, tais 
como: a persistente cultura de subordinação da mulher ao homem. Para 
enfrentar esta cultura machista e patriarcal são necessárias políticas públicas 
transversais que atuem visando a equidade entre homens e mulheres, 
modificando a discriminação e a incompreensão. A Secretaria dos Direitos da 
Mulher pode desempenhar este papel articulador, associando-se aos Conselhos 
ou Secretarias da Mulher em todos os Estados. 
 
 
 
O autor do artigo chama a atenção para o problema acerca da violência contra 
a mulher vinda de várias décadas diante de uma justificativa cultural e patriarcal. 
É destacado principalmente a forma como o assassino é defendido diante de 
vários fundamentos insustentáveis, como a mulher no cenário da culpa, e o 
homem inocentado pela romantização do amor abusivo. 
O artigo é bem expositivo, usando sempre de dados reais e índices percentuais, 
coletados de jornais e da própria delegacia da mulher para chegar em suas 
conclusões de como a violência contra a mulher se apresenta ao longo das 
épocas. 
Entretanto, o artigo carece de dados e exemplos internacionais, sobre como os 
outros países lidam com o tema, assim como embasamentos da taxa de 
feminicídio e violência fora do Brasil. Por fim o autor acaba concluindo que a 
violência acaba acontecendo principalmente pela persistente cultura de 
subordinação da mulher ao homem. Para que esse cenário seja alterado faz-se 
necessário o planejamento de políticas públicas, além das já existentes, que 
atuem defendendo a equidade e a inclusão da dimensão de gênero desde cedo. 
 
 
Alunos: Édria Pimentel Andrade e Heloísa Cavati Marteli 
Turma: A 
Semestre: 1/2021

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