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Engenharia Sanitária e Ambiental Atena Editora 2019 Helenton Carlos Da Silva (Organizador) 2019 by Atena Editora Copyright © Atena Editora Copyright do Texto © 2019 Os Autores Copyright da Edição © 2019 Atena Editora Editora Executiva: Profª Drª Antonella Carvalho de Oliveira Diagramação: Karine de Lima Edição de Arte: Lorena Prestes Revisão: Os Autores O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Conselho Editorial Ciências Humanas e Sociais Aplicadas Prof. Dr. Álvaro Augusto de Borba Barreto – Universidade Federal de Pelotas Prof. Dr. Antonio Carlos Frasson – Universidade Tecnológica Federal do Paraná Prof. Dr. Antonio Isidro-Filho – Universidade de Brasília Prof. Dr. Constantino Ribeiro de Oliveira Junior – Universidade Estadual de Ponta Grossa Profª Drª Cristina Gaio – Universidade de Lisboa Prof. Dr. Deyvison de Lima Oliveira – Universidade Federal de Rondônia Prof. Dr. Gilmei Fleck – Universidade Estadual do Oeste do Paraná Profª Drª Ivone Goulart Lopes – Istituto Internazionele delle Figlie de Maria Ausiliatrice Prof. Dr. Julio Candido de Meirelles Junior – Universidade Federal Fluminense Profª Drª Lina Maria Gonçalves – Universidade Federal do Tocantins Profª Drª Natiéli Piovesan – Instituto Federal do Rio Grande do Norte Profª Drª Paola Andressa Scortegagna – Universidade Estadual de Ponta Grossa Prof. Dr. Urandi João Rodrigues Junior – Universidade Federal do Oeste do Pará Profª Drª Vanessa Bordin Viera – Universidade Federal de Campina Grande Prof. Dr. Willian Douglas Guilherme – Universidade Federal do Tocantins Ciências Agrárias e Multidisciplinar Prof. Dr. Alan Mario Zuffo – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Prof. Dr. Alexandre Igor Azevedo Pereira – Instituto Federal Goiano Profª Drª Daiane Garabeli Trojan – Universidade Norte do Paraná Prof. Dr. Darllan Collins da Cunha e Silva – Universidade Estadual Paulista Prof. Dr. Fábio Steiner – Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul Profª Drª Girlene Santos de Souza – Universidade Federal do Recôncavo da Bahia Prof. Dr. Jorge González Aguilera – Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Prof. Dr. Ronilson Freitas de Souza – Universidade do Estado do Pará Prof. Dr. Valdemar Antonio Paffaro Junior – Universidade Federal de Alfenas Ciências Biológicas e da Saúde Prof. Dr. Benedito Rodrigues da Silva Neto – Universidade Federal de Goiás Prof.ª Dr.ª Elane Schwinden Prudêncio – Universidade Federal de Santa Catarina Prof. Dr. Gianfábio Pimentel Franco – Universidade Federal de Santa Maria Prof. Dr. José Max Barbosa de Oliveira Junior – Universidade Federal do Oeste do Pará Profª Drª Natiéli Piovesan – Instituto Federal do Rio Grande do Norte Profª Drª Raissa Rachel Salustriano da Silva Matos – Universidade Federal do Maranhão Profª Drª Vanessa Lima Gonçalves – Universidade Estadual de Ponta Grossa Profª Drª Vanessa Bordin Viera – Universidade Federal de Campina Grande Ciências Exatas e da Terra e Engenharias Prof. Dr. Adélio Alcino Sampaio Castro Machado – Universidade do Porto Prof. Dr. Eloi Rufato Junior – Universidade Tecnológica Federal do Paraná Prof. Dr. Fabrício Menezes Ramos – Instituto Federal do Pará Profª Drª Natiéli Piovesan – Instituto Federal do Rio Grande do Norte Prof. Dr. Takeshy Tachizawa – Faculdade de Campo Limpo Paulista Conselho Técnico Científico Prof. Msc. Abrãao Carvalho Nogueira – Universidade Federal do Espírito Santo Prof. Dr. Adaylson Wagner Sousa de Vasconcelos – Ordem dos Advogados do Brasil/Seccional Paraíba Prof. Msc. André Flávio Gonçalves Silva – Universidade Federal do Maranhão Prof.ª Drª Andreza Lopes – Instituto de Pesquisa e Desenvolvimento Acadêmico Prof. Msc. Carlos Antônio dos Santos – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Prof. Msc. Daniel da Silva Miranda – Universidade Federal do Pará Prof. Msc. Eliel Constantino da Silva – Universidade Estadual Paulista Prof.ª Msc. Jaqueline Oliveira Rezende – Universidade Federal de Uberlândia Prof. Msc. Leonardo Tullio – Universidade Estadual de Ponta Grossa Prof.ª Msc. Renata Luciane Polsaque Young Blood – UniSecal Prof. Dr. Welleson Feitosa Gazel – Universidade Paulista Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG) E57 Engenharia sanitária e ambiental [recurso eletrônico] / Organizador Helenton Carlos da Silva. – Ponta Grossa, PR: Atena Editora, 2019. Formato: PDF Requisitos de sistema: Adobe Acrobat Reader Modo de acesso: World Wide Web Inclui bibliografia ISBN 978-85-7247-500-6 DOI 10.22533/at.ed.006192407 1. Engenharia sanitária. 2. Engenharia ambiental. 3. Meio ambiente. 4. Saneamento. I. Silva, Helenton Carlos da. CDD 363.7 Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422 Atena Editora Ponta Grossa – Paraná - Brasil www.atenaeditora.com.br contato@atenaeditora.com.br APRESENTAÇÃO A obra “Engenharia Sanitária e Ambiental” publicada pela Atena Editora apresenta, em seus 22 capítulos, discussões de diversas abordagens acerca do saneamento ambiental. Resíduos Sólidos são produtos de qualquer atividade humana, seja ela de pequeno ou grande porte. Estes podem se tornar uma problemática quando, dentro de um contexto operacional, a sua gestão não é correspondida de maneira absoluta, na qual venha garantir o controle do seu volume de geração. Desta forma, faz-se uma importante ferramenta de estudo, uma vez que invoca a necessidade de investigação que levem a resultados que garantam a aplicação de novas técnicas que minimizem ou abortem as problemáticas dos resíduos sólidos gerados que afetam a tríplice ambiental, social e econômica. Os resíduos sólidos, por sua vez, se não manejados, segregados e destinados corretamente, podem contribuir com a poluição do solo e da água. As estratégias de gestão de resíduos sólidos direcionam para a minimização da produção de resíduos; o emprego de sistemas de reaproveitamento, reciclagem e tratamento para os resíduos gerados, e a disposição final em aterros sanitários. Dentro deste contexto, as atividades de educação ambiental, visando à conscientização da população para a minimização da geração de resíduos, e os processos de reciclagem surgem, dentro de um sistema integrado de gestão de resíduos, como importantes etapas, por constituírem processos pautados em princípios ecológicos de preservação ambiental e participação social. Neste sentido, este livro é dedicado aos trabalhos relacionados ao saneamento ambiental, compreendendo a gestão de resíduos sólidos, ao tratamento de efluentes e a gestão hídrica, além do sensoriamento remoto ambiental. A importância dos estudos dessa vertente é notada no cerne da produção do conhecimento, tendo em vista o volume de artigos publicados. Nota-se também uma preocupação dos profissionais de áreas afins em contribuir para o desenvolvimento e disseminação do conhecimento. Os organizadores da Atena Editora agradecem especialmente os autores dos diversos capítulos apresentados, parabenizam a dedicação e esforço de cada um, os quais viabilizaram a construção dessa obra no viés da temática apresentada. Por fim, desejamos que esta obra, fruto do esforço de muitos, seja seminal para todos que vierem a utilizá-la. Helenton Carlos da Silva SUMÁRIO CAPÍTULO 1 ................................................................................................................ 1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ENCONTRADOS NA REDE DE DRENAGEM DA ÁREA CENTRAL DO MUNÍCIPIO DE CONCÓRDIA EM SANTA CATARINA Julio Cesar Rech Ana Paula Gasperin Susane Deparis Mariana Pereira Luana Aparecida Paganini Ediana Dianei de Oliveira Patrique Savi Aline Schuk Rech DOI 10.22533/at.ed.0061924071 CAPÍTULO2 .............................................................................................................. 15 AVALIAÇÃO DA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E LÍQUIDOS DE UM LATICÍNIO DO NORTE DO PARANÁ Ana Paula Jambers Scandelai Danielly Cruz Campos Martins Luiz Roberto Taboni Junior Murilo Keith Umada Fernanda de Oliveira Tavares Cristhiane Michiko Passos Okawa DOI 10.22533/at.ed.0061924072 CAPÍTULO 3 .............................................................................................................. 27 DEPOSIÇÃO DE RESÍDUOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS EM ÁREA URBANO-INDUSTRIAL E ALTERAÇÕES NA QUALIDADE DA ÁGUA Mirna A. Neves Eduardo B. Duarte Valerio Raymundo Fabricia B. Oliveira DOI 10.22533/at.ed.0061924073 CAPÍTULO 4 .............................................................................................................. 37 PROBLEMÁTICA DA GERAÇÃO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS EM UMA INSTITUIÇÃO DE ENSINO Lara Rita Albuquerque Câmara Darlann Weskley Sousa Silva, Marília da Cruz dos Santos Joicy Araujo Soares George Vinicius Oliveira Gonçalves DOI 10.22533/at.ed.0061924074 CAPÍTULO 5 .............................................................................................................. 52 IMPLEMENTAÇÃO DA COLETA SELETIVA DE PAPEL NO CAMPUS UFSCAR LAGOA DO SINO Anne Alessandra Cardoso Neves Ubaldo Martins das Neves Isabella Christina Athayde Sfair DOI 10.22533/at.ed.0061924075 SUMÁRIO CAPÍTULO 6 .............................................................................................................. 60 MODELAGEM FUZZY COMO FERRAMENTA DE APOIO À DECISÃO NO GERENCIAMENTO DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NO AMAZONAS Benone Otávio Souza de Oliveira Ediléa Cristina Barros Michel José Arnaldo Frutuoso Roveda Sandra Regina Monteiro Masalskiene Roveda DOI 10.22533/at.ed.0061924076 CAPÍTULO 7 .............................................................................................................. 71 MODELAGEM DE TAXAS DE EROSÃO DE ESTRADA NÃO PAVIMENTADA DA REGIÃO METROPOLITANA DE FORTALEZA-CE Mayara da Silva Lima Teresa Raquel Lima Farias Waleska Martins Eloi Mariano da Franca Alencar Neto Francisco das Chagas Soares DOI 10.22533/at.ed.0061924077 CAPÍTULO 8 .............................................................................................................. 85 ABORDAGEM COMPARATIVA DE DRAGAS MECÂNICAS E HIDRÁULICAS PARA REMOÇÃO DE DIFERENTES TIPOS DE SEDIMENTOS EM ÁREAS PORTUÁRIAS Marcio Pagano Aragona Celso Elias Corradi DOI 10.22533/at.ed.0061924078 CAPÍTULO 9 .............................................................................................................. 93 ESTUDO GEOQUÍMICO DE ÁGUAS E SEDIMENTOS PROVENIENTES DE PROCESSOS DE LAVRA DE CALCÁRIO Anelise Marlene Schmidt Cristiane Heredia Gomes Joseane Kolzer Schroeder Guilherme Pacheco Casa Nova Bruno Acosta Flores DOI 10.22533/at.ed.0061924079 CAPÍTULO 10 .......................................................................................................... 101 AVALIAÇÃO DO ESTÁGIO DO SANEAMENTO COM BASE NO EMPREGO DE INDICADORES: ESTUDO DE CASO EM MUNICÍPIOS DA REGIÃO HIDROGRÁFICA III – MÉDIO PARAÍBA DO SUL Marcelo Obraczka Carine Ferreira Marques Sofya de Oliveira Machado Pinto Alfredo Akira Ohnuma Jr Kelly de Oliveira Bruno Cabral Muricy DOI 10.22533/at.ed.00619240710 SUMÁRIO CAPÍTULO 11 .......................................................................................................... 115 GESTÃO PARTICIPATIVA COMO ELEMENTO NORTEADOR NA ELABORAÇÃO DE TERMOS DE REFERÊNCIA PARA PROJETOS HIDROAMBIENTAIS NA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DAS VELHAS Thais Cristina Pereira da Silva Fabiana de Cerqueira Martins Lívia Cristina da Silva Lobato Raissa Vitareli Assunção Dias DOI 10.22533/at.ed.00619240711 CAPÍTULO 12 .......................................................................................................... 126 INDICADORES DE GESTÃO HÍDRICA PARA A REGIÃO HIDROGRÁFICA GUANDU (RH II), RJ Amparo de Jesus Barros Damasceno Cavalcante DOI 10.22533/at.ed.00619240712 CAPÍTULO 13 .......................................................................................................... 140 SANEAMENTO, MOBILIZAÇÃO SOCIAL E EDUCAÇÃO AMBIENTAL: RELATO DE EXPERIÊNCIA NA COMUNIDADE RURAL DE MOCAMBO (SEABRA-BA) Renavan Andrade Sobrinho Gabriela Marques de Oliveira Vieira Gislene Esquivel de Siqueira Ravine Trindade Galliza Luana Karina dos Santos Pereira DOI 10.22533/at.ed.00619240713 CAPÍTULO 14 .......................................................................................................... 151 AVALIAÇÃO DA EFICIÊNCIA DO COMPOSTO RESIDUAL DA PRODUÇÃO DE FUNGO PLEUROTUS OSTREATUS NA REMOÇÃO DE CORANTES EM EFLUENTES TÊXTEIS André Aguiar Battistelli Luigi Luckner Bogoni Rodrigo Felipe Bedim Godoy Maria Eliza Nagel Hassemer Flávio Rubens Lapolli DOI 10.22533/at.ed.00619240714 CAPÍTULO 15 .......................................................................................................... 164 ANÁLISE DO USO DE FÔRMAS GEOTÊXTEIS PARA A CONTENÇÃO DA EROSÃO NA MARGEM DO RIO MADEIRA Emanuele Correia Barros Suelen Ferreira de Souza Ana Cristina Santos Strava Correa DOI 10.22533/at.ed.00619240715 CAPÍTULO 16 .......................................................................................................... 173 AVALIAÇÃO DE DEGRADAÇÃO E FITOSSANIDADE DE PASTAGENS USANDO SÉRIES TEMPORAIS DE IMAGENS DE SATÉLITE Marcos Cicarini Hott Ricardo Guimarães Andrade Walter Coelho Pereira de Magalhães Junior DOI 10.22533/at.ed.00619240716 SUMÁRIO CAPÍTULO 17 .......................................................................................................... 183 COMPOSTAGEM DE LODO DE ETA Regina Teresa Rosim Monteiro Elaine Contiero Ribeiro Gabriel Teodoro Batista Patrick Oliveira Nunes da Silva Cassia Conrado Souto DOI 10.22533/at.ed.00619240717 CAPÍTULO 18 .......................................................................................................... 192 EFEITOS DA DISPOSIÇÃO DE LODO DE ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA (ETA) SOBRE ÁGUAS SUPERFICIAIS: UMA ABORDAGEM TEÓRICA Luiz Roberto Taboni Junior Ana Paula Jambers Scandelai Bruna Schmitt Schuster Aline Naiara Zito Hugo Gabriel Fernandes Viotto DOI 10.22533/at.ed.00619240718 CAPÍTULO 19 .......................................................................................................... 202 LEVANTAMENTO DE MATERIAIS COMPATÍVEIS PARA APLICAÇÃO EM ACESSÓRIOS DE UM BIODIGESTOR Matheus Von Biveniczko Tomio Vanessa Aparecida de Sá Machado Ana Carolina Tedeschi Gomes Abrantes DOI 10.22533/at.ed.00619240719 CAPÍTULO 20 .......................................................................................................... 213 AVALIAÇÃO DO BIOGÁS PRODUZIDO EM REATORES UASB EM ETE Carolina Bayer Gomes Cabral Christoph Julius Platzer Carlos Augusto de Lemos Chernicharo Paulo Belli Filho Heike Hoffmann DOI 10.22533/at.ed.00619240720 CAPÍTULO 21 .......................................................................................................... 225 USO DE VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO (VANT) NO MONITORAMENTO DOS ESTÁDIOS DE DESENVOLVIMENTO DA CULTURA DO MILHO Ricardo Guimarães Andrade Marcos Cicarini Hott Walter Coelho Pereira de Magalhães Junior Pérsio Sandir D’Oliveira Jackson Silva e Oliveira DOI 10.22533/at.ed.00619240721 SUMÁRIO CAPÍTULO 22 .......................................................................................................... 235 USO DE VEÍCULO AÉREO NÃO TRIPULADO (VANT) PARA ESTIMATIVA DE VIGOR E DE CORRELAÇÕES AGRONÔMICAS EM GENÓTIPOS DE CAPIM CYNODON Marcos Cicarini Hott Ricardo Guimarães Andrade Walter Coelho Pereira de Magalhães Junior Flávio Rodrigo Gandolfi Benites DOI 10.22533/at.ed.00619240722 SOBRE O ORGANIZADOR ..................................................................................... 245 ÍNDICE REMISSIVO ................................................................................................ 246SUMÁRIO Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 1 1 CAPÍTULO 1 RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS ENCONTRADOS NA REDE DE DRENAGEM DA ÁREA CENTRAL DO MUNÍCIPIO DE CONCÓRDIA EM SANTA CATARINA Julio Cesar Rech Universidade do Contestado, curso de Engenharia Civil Concórdia – Santa Catarina Ana Paula Gasperin Universidade do Contestado, curso de Engenharia Civil Concórdia – Santa Catarina Susane Deparis Universidade do Contestado, curso de Engenharia Civil Concórdia – Santa Catarina Mariana Pereira Universidade do Contestado, curso de Engenharia Ambiental e Sanitária Concórdia – Santa Catarina Luana Aparecida Paganini Universidade do Contestado, curso de Engenharia Ambiental e Sanitária Concórdia – Santa Catarina Ediana Dianei de Oliveira Universidade do Contestado, curso de Engenharia Ambiental e Sanitária Concórdia – Santa Catarina Patrique Savi Universidade do Contestado, curso de Engenharia Ambiental e Sanitária Concórdia – Santa Catarina Aline Schuk Rech Universidade do Contestado, curso de Engenharia Ambiental e Sanitária Concórdia – Santa Catarina RESUMO: Algumas cidades brasileiras se desenvolveram próximo ou muito próximo de cursos hídricos, desta forma, em períodos de intensa precipitação ocorrem problemas de alagamentos e enchentes. As redes de drenagem existentes, muitas vezes não são projetadas adequadamente, sendo subdimensionadas e também se tornam pontos de acúmulo de resíduos urbanos descartados inadequadamente. Muitas dessas características estão presentes na área de estudo desta pesquisa. O município de Concórdia se desenvolveu nas margens de rios e córregos, com planejamento urbano desordenado e possui topografia irregular, resultando em constantes casos de alagamentos e enchentes. Algumas medidas podem ser adotadas para minimização desses impactos e garantir que as redes de drenagem operem em sua capacidade efetiva. Essas medidas sugeridas envolvem o impedimento da entrada dos resíduos nas estruturas de drenagem. Partindo deste contexto, o objetivo desse artigo é identificar os resíduos sólidos carreados pelo escoamento pluvial para o sistema de drenagem no município. Para isso, foram instalados filtros de malha de aço maleável em três bocas de lobo na região central. A escolha Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 1 2 das bocas de lobo é em virtude do local ter incidência de inundações e o filtro é devido a falta de padronização no tamanho das bocas de lobo. Após determinado tempo de permanência dos filtros nas estruturas pode-se identificar a presença predominante de matéria orgânica (folhas e solos) resultante da ineficiência dos serviços de poda e varrição no local. Esse material obstrutivo precisa ser removido com frequência das tubulações, assim garante a funcionalidade da estrutura. Há necessidade também de aplicar um conjunto de medidas envolvendo a educação ambiental, cronograma anual de manutenção e cuidados com a execução de determinados serviços, a exemplo da varrição e podas com o recolhimento imediato dos resíduos. Os resíduos encontrados nas bocas de lobo somado ao alto índice de impermeabilização central, e o relevo acidentado são fatores agravantes para aumento de inundações no município de Concórdia. PALAVRAS-CHAVE: Urbanização. Drenagem urbana. Resíduos. Alagamentos. ABSTRACT: In Brazil, cities grew near rivers. Problems with flooding are frequent and are aggravated by the irregular disposition of urban solid waste. Solid urban waste obstructs the drainage network. These characteristics are present in the study area of this research. The municipality of Concordia is next to rivers and streams, has disorderly urban planning and irregular topography, resulting in constant flooding. Some measures can be taken to minimize these impacts and ensure that drainage networks operate at their effective capacity. These suggested measures involve preventing the entry of waste into drainage structures. The objective of this article is to identify the solid wastes carried by the rainwater to the drainage system in the municipality. For this, filters of malleable steel mesh were installed in three storm drain in the central region. The storm drain are located in flood area and the filter is due to lack of standardization in the size of the storm drain. After a time of residence of the filters in the structures it is possible to identify the predominant presence of organic matter (leaves and soils) resulting from the inefficiency of pruning and sweeping services at the site. This obstructive material needs to be frequently removed from the piping, thus ensuring the functionality of the structure. There is also a need to apply a set of measures involving environmental education, annual maintenance and care with the execution of certain services, such as sweeping and pruning with the immediate collection of waste. The residues found in the mouths of storm drain added to the high index of central waterproofing, and the rugged relief are aggravating factors for flood increase in the municipality of Concordia. KEYWORDS: Urbanization. Urban drainage. Solid waste. Flooding. 1 | INTRODUÇÃO A drenagem urbana quando realizada de forma tradicional, sem integrar soluções ambientais com as tecnológicas, conduz o problema de acúmulo de água para a jusante, visto que somente propõe-se a realizar o escoamento rápido das águas priorizando a melhoria do fluxo. A melhor solução é conciliar as tecnologias Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 1 3 eficientes e de menor custo levando em consideração o ciclo hidrológico local, a gestão correta da água no meio urbano, a educação ambiental, a participação ativa da sociedade e a regulamentação adequada do zoneamento urbano (POMPÊO, 2000). A urbanização acelerada em determinadas regiões urbanas nos últimos anos, trouxe problemas executivos e de manutenção nos sistemas de drenagem pluviais. Estes fatores são agravados quando relacionados com a localização das cidades na bacia hidrográfica. Inúmeras cidades brasileiras foram construídas nas proximidades de margens de rios e sofrem constantemente com alagamentos, perdas financeiras e conforme a intensidade pode haver perda de vidas humanas. O município de Concórdia possui alta taxa de impermeabilização do solo, especialmente nas proximidades de margens de rios e córregos (DEPARIS, 2014). A impermeabilização está relacionada à falta de planejamento ocorrido no início da formação do município, à fragmentação da vegetação, além do descumprimento das leis municipais em relação ao surgimento de novas edificações, favorecendo a abertura de ruas e construções de residências e prédios. Outra relação abordada refere-se às características físicas do relevo, que favorece a resposta rápida ao tempo de concentração na bacia hidrográfica (VICENTE JUNIOR, 2014). Além da urbanização, existem outros fatores que auxiliam no agravamento das inundações em algumas regiões, sendo eles, o acondicionamento inadequado dos resíduos urbanos, incluindo resíduos domiciliares, de poda, varrição e resíduos da construção civil, etc., e as ligações clandestinas de esgoto nas redes, aumentando a vazão e reduzindo a capacidade de drenagem. Apesar de todos os trabalhos voltados para a educação ambiental ressaltando a importância da disposição e armazenamento adequado, estes resíduos são comumente encontrados nas redes de drenagem. Em períodos de elevadas precipitações, tais resíduos são carreados e retidos nos sistemas de microdrenagem, fazendo-se necessária a limpeza periódica do material acumulado, à medida que aumenta a concentração de resíduos nos componentes estruturais. A manutenção dos sistemas de micro e macrodrenagem são de responsabilidade dos órgãos públicos. No entanto, as secretarias de obras municipais estão sobrecarregadas de tarefas, sendo a realização da desobstrução das redes de drenagem realizada de acordo com a urgência e roteiros, prejudicando o funcionamento do sistema.Além destes fatores interferentes, a grave situação do saneamento básico, principalmente em relação à drenagem e manejo das águas pluviais e esgotamento sanitário, soma-se à disposição inadequada dos resíduos, e falta de manutenção e limpeza da rede, provocando perdas materiais para a população (VICENTE JUNIOR, 2014). A problemática desta pesquisa envolve o acondicionamento inadequado dos resíduos sólidos urbanos pela população, somado a ineficiência dos serviços de manutenção e desobstrução dos sistemas de drenagem pelos órgãos gestores, Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 1 4 causando a deficiência no funcionamento das tubulações. O município de Concórdia está localizado em torno do rio dos Queimados, sendo a área central urbanizada, sofrendo com constantes alagamentos setoriais quando da ocorrência de precipitações elevadas na bacia hidrográfica. Desta forma, esta pesquisa buscou através da instalação de filtros em bocas de lobo coletar os resíduos para posterior caracterização e avaliar as fontes dos resíduos capturados, e propor medidas mitigadoras de controle, seja elas estruturais ou não estruturais. 2 | DRENAGEM URBANA A drenagem urbana é um dos eixos do saneamento básico promulgado pela Lei 11.445/2007 sendo um direito adquirido pela população. O termo drenagem refere-se ao ato de escoar as águas por meio de canais presentes em rodovias, áreas rurais ou urbanas. Por muitos anos, as estruturas convencionais não levavam em consideração o ciclo hidrológico, transferindo o problema para a jusante que frequentemente sofre com problemas de inundação (DIAS e ANTUNES, 2010). O sistema de drenagem recebe resíduos de diferentes fontes (BARRASS, 1977). Os poluentes frequentemente transportados pelo escoamento são: sedimentos, nutrientes, substâncias que consomem oxigênio, metais pesados, hidrocarbonetos do petróleo, bactérias e vírus patogênicos (TUCCI, 2008). Este tipo de poluição é classificado como difusa, sendo que é proveniente de diversas atividades distribuídas ao longo da bacia hidrográfica (GAVA & FINOTTI, 2012). Os sistemas de drenagem podem ser definidos em microdrenagem e macrodrenagem. Os sistemas de microdrenagem são os sistemas primários que realizam a coleta e condução das águas. São compostos por pavimentos de ruas, bocas de lobo, sarjetas, guias, galerias, usualmente enterradas, com um período de retorno de 2 a 10 anos (BAPTISTA et al., 2005; DIAS e ANTUNES, 2010). Sistemas de macrodrenagem estão relacionados a canais, rios, galerias, etc. Na figura 1 são ilustrados de forma clara alguns componentes básicos de microdrenagem. Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 1 5 Figura 1 - Componentes do sistema de micro drenagem. Fonte: A autora (2016). No Brasil as obras de macrodrenagem geralmente são do tipo canal aberto coberto pelo sistema viário e edificações, porém, essas implantações demandam maior tempo e custos elevados, assim como a necessidade de vastas áreas livres, resultando em diversos problemas, como dificuldade de manutenção, alta impermeabilização do solo, recorrentes inundações e escoamento extremamente rápido (TUCCI, 2000; PHILIPP JUNIOR; ARLINDO, 2005). Na figura 2 ilustra um trecho canalizado do rio Queimados, localizado no centro de Concórdia. Figura 2 - Canalização do rio Queimados em Concórdia coberto por edificações. Fonte: A autora (2016). Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 1 6 O município de Concórdia há tempos vem sofrendo com a alta taxa de impermeabilização do solo e falta de planejamento das áreas urbanizadas, acarretando problemas quanto ao escoamento das águas, favorecendo constantes casos de enchentes e inundações (PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO DE CONCÓRDIA, 2013). 3 | SISTEMAS ALTERNATIVOS PARA CAPTURA DE RESÍDUOS Cruz, Souza & Tucci (1997) definem como sistemas de drenagem sustentáveis, as alternativas que busquem minimizar os efeitos negativos infligidos aos processos naturais e sociais, assim como os problemas causados ao município em relação à manutenção dos sistemas e ampliação das infraestruturas. De acordo com Tucci (2002) as soluções sustentáveis frequentemente são constituídas por medidas não estruturais. O papel da educação ambiental é essencial para a conscientização da população e auxiliam na conservação dos sistemas de drenagem, muitos municípios utilizam dessa ferramenta para evitar o lançamento de lixos e entulhos em vias públicas, corpos d’água, lotes e demais localidades, incentivando o respeito aos dias e horários da coleta do lixo (SCHUCK et al., 2015). Na figura 3 é ilustrado o folder distribuído pela prefeitura de Concórdia para os munícipes buscando a conscientização ambiental, voltado à coleta, armazenamento e disposição de resíduos sólidos. Figura 3 – Folder de incentivo do município à educação ambiental. Fonte: Prefeitura Municipal de Concórdia (2016). Uma alternativa viável e de baixo custo, é a instalação de filtros nas entradas das bocas de lobo para retenção dos materiais sólidos antes que os mesmos cheguem às redes de macro drenagem. Os filtros geralmente com diâmetro de 5 a 20 mm são colocados abaixo das grelhas e permitem a passagem da água. O material retido deve ser retirado periodicamente a cada 4 ou 6 semanas por uma equipe de manutenção, Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 1 7 sendo que o tempo para a manutenção do equipamento deve ser estimado de acordo com o tamanho da malha e a natureza do resíduo, visto que quanto menor o diâmetro, maior o número de partículas e materiais retidos, aumentando a chance de bloquear a passagem da água, tornando o sistema ineficiente (ALLISON et al., 1998). A importância dos investimentos na manutenção dos equipamentos, realização de obras, reparos, limpezas, vistorias e constantes fiscalizações, deve ser ressaltada e deverão ser realizadas periodicamente para garantir a eficiência e vida útil das estruturas (SCHUCK et al., 2015). No estudo realizado por Schuck et al. (2015) foi realizada a análise de bocas de lobo em dois loteamentos no município de Concórdia, onde foram encontrados plásticos e papéis, que provavelmente foram carreados durante os eventos de precipitação. Ainda de acordo com os autores, tais resíduos são predominantes nas redes de micro e macro drenagem, aumentando nos períodos de precipitações intensas, sendo sua origem possivelmente do acondicionamento e disposição inadequados nas vias públicas. Devido à alta exigência de manutenção dos filtros e a grande quantidade de bocas de lobo, a instalação somente é recomendada em áreas comerciais e industriais. Os modelos de filtros podem diferenciar, sendo de plástico ou aço, com tamanhos de poros distintos e técnicas de limpeza manuais ou automatizadas. Os filtros de plástico possuem limpeza facilitada e menor tendência de emaranhamento da malha, porém, a limpeza exige um aspirador especial (ALLISON et al., 1998). As bocas de lobo devem ser limpas periodicamente, sendo que a limpeza pode ser realizada de forma manual ou mecânica consistindo na remoção de resíduos que se acumulam nas caixas. Os materiais procedentes devem ser dispostos em um local adequado e em seguida encaminhados ao aterro sanitário, para verificar se podem se enquadrar na categoria de resíduos ou rejeitos, sendo que alguns elementos podem virar insumos e voltar a ser reutilizados (SCHUCK et al., 2015). De acordo com o Plano Municipal de Saneamento (PMS) de Concórdia (2013), não existe um cronograma que determine a frequência da limpeza e desobstrução das galerias de águas pluviais, o procedimento é apenas realizado quando os problemas se tornam evidentes e de forma pontual. 4 | APLICAÇÃO DOS COLETORES DE RESÍDUOS Esta pesquisa foi conduzida no município de Concórdia que está localizado na região oeste do estado de Santa Catarina. De acordo com o IBGE (2016) está localizado entre as coordenadas de 27º13’55’’ Latitude e 52º00’26’’ Longitude, com população estimada de 74.106 habitantes, área de 799,194 km²,precipitação média entre 1413 a 2000 mm ano, altitude 550 metros acima do nível do mar, IDH de 0,800 e um PIB per capita de R$ 39.910,16. O município pertence a região da AMAUC – Associação dos Municípios do Alto Uruguai Catarinense (Figura 4). Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 1 8 O município é banhado pelos rios dos Queimados, Uruguai, Jacutinga, Rancho Grande, Suruvi e contribuições independentes. A maior parte de sua área urbanizada está localizada na Bacia do Rio dos Queimados, sendo o principal corpo hídrico dos sistemas de microdrenagem. O rio dos Queimados nasce e deságua dentro do município, com a nascente localizada na comunidade de Linha São José e deságue no Rio Uruguai, o seu leito se desenvolveu sinuosamente pela malha urbana. Figura 4 – Municípios da AMAUC. Fonte: GEDEQ (2018). Na região em que o rio dos Queimados passa pela cidade, existe um histórico de inundações, onde cheias provocaram danos aos comerciantes e moradores. Há relatos de inundações nos seguintes meses e anos: agosto de 1982, maio e julho de 1983, agosto de 1984, maio de 1987, janeiro de 1988, maio de 1992, junho de 1998, setembro de 2000, julho de 2007 e 25 de abril de 2010 (PMS, 2013). Devido esse histórico de inundações e pelo município estar localizado próximo às margens de um Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 1 9 importante curso hídrico para a região, tornou-se indagatório qual a quantidade de resíduos em área urbana é disposta nos sistemas de drenagem e esta chegando a estas fontes hídricas. Desta forma, foi delimitada a área de estudo considerando as seguintes características: área com alto índice de registro de inundações, ruas com intenso movimento de veículos e pedestres, bocas de lobo que permita a instalação dos filtros, permanência dos filtros instalados no mínimo uma semana. Após aplicação foram definidas 3 bocas de lobos para a aplicação dos filtros. Essas bocas de lobo estão ilustradas na figura 5. Figura 5. Localização das três bocas de lobo com a instalação do filtro. 1ª boca de lobo monitorada; 2ª boca de lobo monitorada; 3ª boca de lobo monitorada. Fonte: Autor (2016). Os resíduos retidos na malha foram recolhidos e transportados até o Laboratório de Engenharia Civil da Universidade do Contestado – UnC. O material retido foi separado, classificado e pesado em equipamentos calibrados após secagem em estufa por 24 horas a 105ºC. A coleta foi realizada após a permanência de no mínimo uma semana nas bocas de lobo no período de agosto à outubro de 2016. Após a quantificação dos resíduos encontrados, foram analisadas a funcionalidade dos filtros, e a real situação do volume carreado para o rio dos Queimados. Para as coletas de dados foram realizadas visitas aos locais aonde se encontram as bocas de lobo com maior incidência de inundações no município, Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 1 10 para isso foram realizadas observações diretas e registros fotográficos. Após a verificação da característica da construção do dispositivo, analisou-se quais seriam os mecanismos que poderiam ser instalados a fim de reter os resíduos sólidos dispostos irregularmente nas vias públicas. Devido às bocas de lobo não possuírem formato padronizado e estarem com o sistema de grelhas (grades) concretado, a melhor escolha adaptada foi a instalação de filtros maleáveis. O filtro consiste em uma malha de polímero plástico que servirá para retenção tornando-se possível realizar o monitoramento dos resíduos sólidos drenados junto com o escoamento pelas bocas de lobo. Primeiramente foram definidas ruas com alto índice de inundação na região central do município. Dentre elas, selecionaram-se três ruas de maior trafegabilidade e frequência de casos de inundações que possuem características semelhantes às demais. Em seguida, houve a instalação do primeiro filtro em uma boca de lobo localizada na Rua Adolfo Konder em frente a um colégio com grande movimentação de transeuntes. A localização da boca de lobo está nas coordenadas E 398633.45 m S 6987735.43 m. Esse filtro foi identificado nesta pesquisa como ponto de monitoramento nº 1 (figura 6). Figura 6 - Boca de lobo identificada como ponto de monitoramento nº 1. *Área circundada em branco na imagem é a localização da boca de lobo. Fonte: Autor (2016). A segunda boca de lobo escolhida para a instalação do filtro está localizada na Rua Doutor Maruri, a qual conta com grande movimentação de pessoas e carros, região de constantes alagamentos que está inserida nas coordenadas E 398435.27m S 6987449.17m (figura 7). Esse filtro foi identificado como ponto de monitoramento nº 2. Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 1 11 Figura 7 - Boca de lobo identificado como ponto de monitoramento nº 2. *Área circundada em branco na imagem é a localização da boca de lobo. Fonte: Autor (2016). A terceira e última boca de lobo encontra-se localizada na Rua Guilherme Hemult Arendt e é descarregada diretamente no sistema de macrodrenagem (rio dos Queimados) localizada nas coordenadas E 398721.02 m S 6987827.77 m. A figura 8 ilustra a boca de lobo, identificada como o ponto de monitoramento nº 3. Figura 8 - Boca de lobo identificado como ponto de monitoramento nº 3. Fonte: Autor (2016). Foram obtidas informações de três períodos distintos, denominados de amostragem 1, 2 e 3. Em cada amostragem houve um tempo de permeância dos filtros e foram coletados diferentes resíduos. A seguir serão apresentados os resultados obtidos nesses monitoramentos. - Amostragem nº1: Os filtros permaneceram instalados nas três bocas de lobo por dez dias no mês de Julho de 2016. O total acumulado de precipitação é de 34 mm, disposto em três dias chuvosos. - Amostragem nº2: A segunda instalação dos filtros aconteceu também no Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 1 12 mês de julho permanecendo instalado por dez dias. Nesse período foram registrados 06 eventos consideráveis com precipitação acumulada de 136 mm. - Amostragem nº3: Na terceira instalação dos filtros, o período de permanência foi de dez dias no mês de outubro, totalizando 07 eventos de precipitação com precipitação acumulada de 158 mm. Os resultados sobre os resíduos retidos no filtro instalado nas três bocas de lobo, durante três períodos de amostragem estão ilustrados na tabela 4. Amostragem Precipitação acum. (mm) Monitoramento/ boca de lobo Material preso no filtro úmido Orgânico (kg) Plástico (kg) Vidro (kg) 1ª 34 1 5,780 0,000 0,000 2 2,520 0,000 0,000 3 2,230 0,000 0,000 2ª 136 1 2,080 0,360 0,340 2 2,180 0,040 0,000 3 0,880 0,000 0,000 3ª 158 1 2,710 0,093 0,000 2 6,870 0,000 0,000 3 1,150 0,150 0,000 Tabela 4- Registro de temperatura e precipitação durante na 3ª amostragem. Fonte: Autor (2016). O material orgânico descrito neste artigo esta relacionado a folhas, solo, galhadas, papel e bituca de cigarro. O plástico refere-se à plástico em geral, sacola plásticas, plástico de doces, salgadinhos, etc. As bocas de lobos nº1 e nº2 apresentaram maior retenção de resíduos sólidos em relação à boca de lobo nº3. O peso total recolhido na boca de lobo nº1 é 10,570kg, boca de lobo nº2 é 11,570kg e a boca de lobo nº3 é 4,260kg. A matéria orgânica foi o resíduo predominante em todas as coletas. Estes valores podem ser justificados devido à presença de árvores, movimentação frequente de veículos e transeuntes, disposição incorreta de resíduos de poda e varrição ou tais serviços realizados de forma ineficiente. Já a boca de lobo 3 apresentou retenção de apenas 4,260 kg de material úmido, sendo justificado devido à menor movimentação de transeuntes e veículos e ausência de árvores próxima à essa boca de lobo. A disposição inadequada dos resíduos afeta diretamente a qualidade e escoamento da água, exigindo esforços em conjunto com a população e poder público, sendo a Prefeitura Municipal a detentora da maior responsabilidade, devendo garantir a limpeza das vias e manutenção dos sistemas de drenagem. A geraçãode resíduos é interligada ao estilo de vida levado pela população e características do Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 1 13 zoneamento do local. 5 | CONCLUSÃO Os resíduos capturados pelos filtros são principalmente material orgânico, mesmo com os serviços de varrição sendo realizados diariamente nas regiões centrais. O volume de resíduos que chega as bocas de lobo aumenta a incidência de obstruções podendo sedimentar no fundo dos canais dificultando o escoamento, tornando indispensável a limpeza e manutenção dos sistemas de drenagem. A quantidade de resíduos (plástico e vidro) capturados nas bocas de lobo é praticamente inexistente, porém através de constatação visual realizada nas galerias observou-se quantidade considerável de materiais rejeitados pela população. Portanto constata-se que a coleta de lixo e os serviços de poda e varrição que são de responsabilidade dos órgãos públicos estão sendo ineficientes, devendo haver uma maior conscientização dos funcionários, neste caso a educação ambiental enquadra-se como uma medida não estrutural altamente eficaz e de baixo custo. A melhor solução para o município é um conjunto de medidas de controle, alternando entre estruturais e não estruturais, a princípio alterando o dispositivo de drenagem que são compostos por grades fixas, para grades semi fixas facilitando a limpeza, aumentando também a frequência e eficiência das manutenções, para evitar problemas no futuro. A educação ambiental deve ser realizada com os funcionários e população no geral, sendo uma ferramenta imprescindível para a conservação do meio. REFERÊNCIAS BAPTISTA, Márcio Benedito; NASCIMENTO, Nilo; BARRAUD, Sylvie. Técnicas Compensatórias em Drenagem Urbana. 2. ed. Porto Alegre: Abrh, 2011. 318 p. BARRASS, Robert. Alimento, Biologia e Povo. São Paulo: Melhoramentos, 1977. 243 p. BRASIL (a). Lei Federal nº 11.445, de 05 de Janeiro de 2007. Estabelece diretrizes nacionais para o saneamento básico. Brasília, DF 2007. DEPARIS, Simone. IMPLICAÇÕES NO MEIO AMBIENTE DECORRENTES DA OCUPAÇÃO DESORDENADA NA ÁREA URBANA DO MUNICÍPIO DE CONCORDIA/SC. 2014. 40 f. Monografia (Especialização) - Curso de Gestão Ambiental em Municípios, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2014. GAVA, Taiana; FINOTTI, Alexandra Rodrigues. RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS NA REDE DE DRENAGEM DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO DO MEIO, FLORIANÓPOLIS. Geas - Revista de Gestão Ambiental e Sustentabilidade, São Paulo, v. 1, n. 2, p.79-101, jul. 2012. PHILIPPI JÚNIOR, Arlindo; GALVÃO JÚNIOR, Alceu de Castro (Ed.). Gestão do Saneamento Básico: Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário. Barueri: Manole, 2012. (Coleção Ambiental). Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 1 14 PLANO MUNICIPAL DE SANEAMENTO BÁSICO DE CONCÓRDIA. Governo do Estado de Santa Catarina, Prefeitura do Município de Concórdia, DRZ GEOTECNOLOGIA E CONSULTORIA S/S LTDA. Concórdia/SC. Fev.2013. POMPÊO, Cesar Augusto. DRENAGEM URBANA SUSTENTÁVEL. Revista Brasileira de Recursos Hídricos / Associação Brasileira de Recursos Hídricos, Porto Alegre, v. 5, p.15-23, 2000. TUCCI, Carlos E. M.. GERENCIAMENTO INTEGRADO DAS INUNDAÇÕES URBANAS NO BRASIL. Vitacura: Tiempo Novo, 2000. 23 p. TUCCI, Carlos E. M.; NEVES, Marllus Gustavo Ferreira Passos das. Resíduos Sólidos na Drenagem Urbana: Aspectos Conceituais. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v. 13, n. 3, p.1- 11, jul. 2008. VICENTE JUNIOR, Osmani Jurandyr. UMA ANÁLISE DO PLANO DIRETOR MUNICIPAL DE CONCÓRDIA/SC E SUAS PROPOSIÇÕES AMBIENTAIS. 2014. 57 f. Monografia (Especialização) - Curso de M Gestão Ambiental em Municípios, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Medianeira, 2014. Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 2 15 CAPÍTULO 2 AVALIAÇÃO DA GESTÃO DE RESÍDUOS SÓLIDOS E LÍQUIDOS DE UM LATICÍNIO DO NORTE DO PARANÁ Ana Paula Jambers Scandelai Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Engenharia Química Maringá – Paraná Danielly Cruz Campos Martins Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Engenharia Química Maringá – Paraná Luiz Roberto Taboni Junior Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Engenharia Civil Maringá – Paraná Murilo Keith Umada Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Engenharia Civil Maringá – Paraná Fernanda de Oliveira Tavares Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Engenharia Química Maringá – Paraná Cristhiane Michiko Passos Okawa Universidade Estadual de Maringá, Departamento de Engenharia Civil Maringá – Paraná RESUMO: O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de leite, tendo produzido em 2017 mais de 35 bilhões de litros, sendo o sul do país, a região mais produtora, responsável por 37% da produção nacional de leite em 2016. Como consequência dessa produção, surgem os problemas relacionados à poluição ambiental, sendo os principais impactos ambientais causados por este setor os referentes ao lançamento dos efluentes, à geração de resíduos sólidos e às emissões atmosféricas. Diante do exposto, o objetivo deste estudo foi identificar os resíduos sólidos e líquidos inerentes à produção de leite um laticínio de grande porte, localizado no norte do estado do Paraná. Foi realizada uma avaliação do atual sistema de gestão, tratamento e/ou destinação destes resíduos. Também foi efetuado o levantamento e a descrição dos processos de tratamento de efluente adotado pela empresa, bem como uma análise da qualidade do efluente antes e após o seu tratamento. Por fim, foram identificados pontos de melhorias e medidas foram propostas para a progressão na gestão dos resíduos sólidos e líquidos, com a finalidade de reduzir os poluentes e o impacto ambiental provocado pela produção de leite. Os dados mostraram que a organização tem cumprido os requisitos impostos pelas legislações ambientais, resultando em um efluente tratado com parâmetros físico-químicos dentro dos padrões estabelecidos. A gestão dos resíduos sólidos também se apresentou eficaz, sendo feita a destinação adequada dos mesmos. Visando à maior qualidade ambiental, medidas de melhorias foram propostas, em relação, Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 2 16 principalmente, à gestão do lodo gerado durante o tratamento terciário de efluentes, bem como da gestão da água potável. PALAVRAS-CHAVE: Efluente Lácteo, Tratamento de Efluentes, Monitoramento de Resíduos, Redução de Impacto Ambiental, Medidas de Melhorias. EVALUATION OF SOLID AND LIQUID WASTE MANAGEMENT IN A DAIRY FROM THE NORTH OF PARANÁ ABSTRACT: Brazil is one of the world’s largest producers of milk, having produced in 2017 more than 35 billion liters. The south of the country is the most productive region, responsible for 37% of the milk production in 2016. As a consequence of this production problems related to environmental pollution emerge. The main environmental impacts caused by this sector are related to wastewater discharge, solid waste generation and atmospheric emissions. In view of this, this study aimed to identify the solid and liquid residues inherent to milk production in a large dairy located in the north of Paraná state. An evaluation of the current system of management, treatment and/or disposal of these wastes was carried out. It was also accomplished a survey and a description of the wastewater treatment processes adopted by the company, as well as an analysis of the wastewater quality before and after its treatment. Finally, improvement points were identified and measures were proposed for solid and liquid waste advancement, in order to reduce pollutants and the environmental impact caused by milk production. The data showed that the organization has met the requirements imposed by environmental legislation, resulting in a treated wastewater with physicochemical parameters below the established standards. The solid waste management was also effective, with its proper destination being made. Aiming the highest environmental quality,improvement measures were proposed, mainly in relation to the drinking water and the wastewater treatment sludge management. KEYWORDS: Dairy Wastewater, Wastewater Treatment, Waste Monitoring, Environmental Impact Reduction, Improvement Measures. 1 | INTRODUÇÃO A indústria de laticínios representa um importante setor para o Brasil, não somente pelo seu valor econômico, com elevados faturamentos, geração de empregos e interação econômica entre os setores rural e industrial, como também pelo suprimento de produtos de elevado valor nutricional (LIMA; PEREZ; CHAVES, 2017). O Brasil é um dos maiores produtores mundiais de leite, produzindo nos anos de 2016 e 2017, 33 e 35,1 bilhões de litros, respectivamente, dos quais 70,4% foram destinados ao processamento nas fábricas de laticínio registradas. Tamanha a versatilidade dos produtos derivados de leite, em 2017 esse setor industrial faturou R$ 70,2 bilhões de reais, ficando apenas atrás do segmento de derivados de carne (COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO, 2017; EMBRAPA, 2018). Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 2 17 Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2016), a região sul do país foi a maior produtora de leite em 2016, responsável por 37% da produção nacional, seguida pelas regiões sudeste, centro-oeste, nordeste e norte. Na cidade em que se localiza o laticínio investigado neste estudo, foram produzidos mais de 2,3 milhões de litros de leite em 2016. Devido à indústria de laticínios ser um setor de grande importância e com crescente produção, surgem também problemas relativos à poluição ambiental. Nesse sentido, Matos (2005), aborda que as atividades agropecuárias e de processamento de produtos agropecuários, como é o caso das indústrias de processamento de leite, têm promovido sérios problemas de poluição não somente no solo como também nas águas superficiais e subterrâneas. Os principais impactos ambientais causados pelas fábricas de laticínios estão relacionados, sequencialmente, ao lançamento dos efluentes, à geração de resíduos sólidos e às emissões atmosféricas que, em muitos casos, ocorre sem nenhum tipo de controle ou tratamento (BARBOSA et al., 2009; SARAIVA; MEDONÇA; PEREIRA, 2009). Todos esses resíduos produzidos indicam a necessidade de atenção a esse setor produtivo. A crescente preocupação com o recurso natural água ocorre em função de seu comprometimento tanto em quantidade, sendo escasso em algumas regiões do país, quanto em qualidade. Neste panorama, o setor de alimentos se destaca pelo elevado consumo de água em seus processos produtivos e, consequentemente, pela geração de grandes volumes de efluentes, além da elevada geração de lodo nas estações que utilizam processos de tratamento biológicos. Segundo Buss e Henkes (2015), os efluentes líquidos são os principais responsáveis pela poluição causada pela indústria de laticínios. Esses abrangem as águas de limpeza e higienização de equipamentos e pisos, as quais carreiam resíduos de leite e seus derivados, assim como resíduos líquidos inerentes ao processo de produção, como o soro do leite, o qual apresenta elevada carga orgânica (SILVA; SIQUEIRA; NOGUEIRA, 2018). Já os resíduos sólidos gerados em laticínios, de acordo com Jerônimo et al. (2012), se constituem de sobras do processo, embalagens plásticas e de papel, cinzas de caldeira, gorduras e resíduos provenientes de pátios e refeitórios. Dadas às características e os grandes volumes dos resíduos gerados nas indústrias de laticínios, é necessário que haja um correto gerenciamento dos mesmos, a fim de mitigar a severidade dos impactos ambientais. Os efluentes, por possuírem elevado teor de matéria orgânica, se lançados aos corpos receptores sem tratamento prévio adequado, podem alterar a qualidade de suas águas, impactando todo o ecossistema aquático e inviabilizando seu múltiplo uso à jusante do lançamento (AZZOLINI; FABRO, 2013). Devido a isso, os efluentes necessitam ser tratados antes de lançados nos corpos hídricos, de forma a atender a Resolução CONAMA nº 430/2011 (BRASIL, 2011), a qual dispõe de condições e Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 2 18 padrões de seu lançamento. Os resíduos sólidos, por sua vez, se não manejados, segregados e destinados corretamente, podem contribuir com a poluição do solo e da água e, por esse motivo, devem atender às especificações da Lei nº 12.305/2010 (BRASIL, 2010), a qual estabelece diretrizes para sua correta destinação. Diante do exposto, o presente trabalho objetivou identificar os resíduos sólidos e líquidos gerados em um laticínio de grande porte, localizado no norte do estado do Paraná, bem como realizar a avaliação da atual situação da gestão, tratamento e/ou destinação destes resíduos. 2 | MATERIAIS E MÉTODOS 2.1 Local de estudo A presente pesquisa foi conduzida em uma indústria de laticínios, localizada no norte do estado do Paraná, a qual possui, aproximadamente, 400 colaboradores. Além desta unidade, a empresa possui filial nos estados de Espírito Santo, Minas Gerais e São Paulo. A unidade investigada fabrica e comercializa as seguintes bebidas ultra high temperature (UHT): leite (desnatado, semidesnatado, integral e zero lactose), bebida láctea (de aveia, achocolatado e vitaminada), sucos e leite com soja, néctar (sabores diversos), além do creme de leite. Diariamente, são produzidos, aproximadamente, 40 mil litros de leite UHT, principal produto da unidade, os quais são industrializados por meio dos processos sequenciais de: recepção, controle analítico, resfriamento e estocagem, pasteurização, centrifugação, ultrapasteurização, esterilização, empacotamento e estocagem. 2.2 Coleta de dados Foi realizado o levantamento in loco dos principais resíduos sólidos gerados pela organização, associando-os às suas atividades geradoras, bem como a sua quantificação e informações relacionadas ao seu armazenamento e destinação final, mediante o monitoramento do setor de triagem de resíduos sólidos. A fim de avaliar as características físico-químicas do efluente produzido pela organização, foi realizado o levantamento e a descrição dos processos de tratamento utilizados, assim como a análise da qualidade do efluente antes e após o seu tratamento. A partir dos dados levantados, foram identificados os pontos de melhorias e medidas foram propostas para a progressão na gestão dos resíduos sólidos e líquidos, com o intuito de reduzir os poluentes e o impacto ambiental provocado pela organização. Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 2 19 3 | RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 Resíduos líquidos Foi verificado que as águas residuais geradas na indústria estudada são compostas por sobras do processo produtivo, como o leite e seus derivados, açúcar, pedaços de frutas, essências e águas de lavagem de equipamentos, tubulações, pisos e demais instalações, as quais carreiam areia, lubrificantes; detergentes e desinfetantes. A cada litro de leite processado são gerados, em média, três litros de efluente. As etapas identificadas como menores geradoras de efluente foram a pasteurização e a ultrapasteurização, em decorrência desses processos ocorrerem em circuito fechado, permitindo que a água seja ciclicamente utilizada tanto no aquecimento quanto no resfriamento do processo. Por outro lado, a etapa de centrifugação do leite foi identificada como o processo de maior geração de efluente. Nessa etapa, a cada 10 mil litros de leite produzido, são gerados entre oito e 12 litros de efluente, decorrentes de uma descarga realizada a cada 40 minutos. Na Figura 1 são apresentados os processos utilizados pela organização para tratamento do efluente líquido gerado em seus processos produtivos. Figura 1: Etapas do processo de tratamento do efluente Nota: PAC = policloreto de alumínio (coagulante) e PC = polímero catiônico (floculante). O sistema de tratamento de efluente utilizado pelo laticínio é composto por métodos convencionais, isto é, físico-químicose biológicos. Estes compreendem os seguintes processos sequenciais: tratamento preliminar (desengordurador e tanque de equalização), tratamento secundário (lagoas de estabilização anaeróbia e facultativas) e polimento físico-químico (coagulação-floculação-sedimentação). O tratamento secundário, principal etapa do sistema, é composto por três lagoas de tratamento, sendo, sequencialmente, uma anaeróbia e duas facultativas. A primeira é revestida de geomembrana de polietileno de alta densidade (PEAD) para proteção do solo e de águas subterrâneas. Possui comprimento, largura e profundidade de 100 m, 25 m e 4 m, respectivamente; e degrada o efluente por meio Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 2 20 da ação de microrganismos anaeróbios. A segunda lagoa (facultativa) possui 100 m de comprimento, 25 m de largura e 3 m de profundidade e a sua ação se dá por meio das algas, as quais se proliferam em função da sua maior taxa fotossintética, contribuindo com a redução da matéria orgânica do efluente parcialmente degradado. A terceira e última lagoa (facultativa) tem a finalidade de aumentar a fotossíntese e, consequentemente, melhorar a degradação do efluente. Possui comprimento, largura e profundidade de 100 m, 18 m e 2 m, respectivamente. Para se adequar à legislação ambiental, a organização adota o tratamento físico-químico como processo de polimento. Na coagulação, adiciona-se coagulante químico com o fim de neutralizar as cargas elétricas que mantém as partículas em suspensão afastadas umas das outras. Na floculação, por sua vez, promove-se a colisão dessas partículas já neutralizadas, formando flocos passíveis de separação por sedimentação. Nesse processo de tratamento são adicionados policloreto de alumínio (coagulante) e polímero catiônico (floculante). A coagulação-floculação, dentro da estação em estudo, ocorre mediante agitação mecânica e por passagem do efluente em uma série de obstáculos existentes nas paredes da caneleta, que obrigam o líquido a mudar constantemente de direção, descrevendo uma trajetória em ziguezague. A reação dos químicos com o efluente promove a aglutinação das partículas em suspensão ou em dispersão coloidal, facilitando a sua disposição em forma de flocos densos. Em seguida, o efluente coagulado e floculado segue lentamente para o tanque de sedimentação, onde permanece por aproximadamente quatro horas, tempo este suficiente para que os flocos decantem. O material sedimentado no fundo do tanque (lodo gelatinoso) é periodicamente removido por uma bomba, para que não comprometa a boa qualidade do efluente final, sendo direcionado para a primeira lagoa, visto que a mesma possui proteção, permitindo que o material biológico seja reaproveitado no processo. Com o intuito de avaliar a eficiência do sistema de tratamento presente na indústria de laticínio, os parâmetros de demanda química de oxigênio (DQO), demanda bioquímica de oxigênio (DBO), ambos representantes da matéria orgânica presente no efluente, pH e temperatura foram avaliados de acordo com o Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (APHA/AWWA/WEF, 1998). As características físico-químicas do efluente bruto e após tratamento estão apresentados na Tabela 1. T (°C) pH DQO (mg L-1) DBO (mg L-1) Efluente bruto 32 10,1 2000 1000 1ª Lagoa (Anaeróbia) 25 7,6 500 300 2ª Lagoa (Facultativa) 23 7,3 200 100 3ª Lagoa (Facultativa) 21 8,1 110 50 Lagoa de Polimento 25 7,0 36 23 Limite Permitido1 <40a 5,0-9,0a 75b 30b Tabela 1: Características físico-químicas do efluente lácteo bruto e após cada processo de tratamento Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 2 21 Notas: DQO = demanda química de oxigênio; DBO = demanda bioquímica de oxigênio; pH = potencial hidrogeniônico; (1) Limite estabelecido como permissível pela (a) Portaria IAP n° 256/2013 (PARANÁ, 2013) e (b) Resolução CONAMA n° 430/2011 (BRASIL, 2011). A partir da Tabela 1 é possível verificar que a água residual gerada no laticínio estudado é composta de alta carga orgânica (DQO e DBO), em decorrência da presença de resíduos do leite e seus derivados. A degradação da matéria orgânica do efluente do laticínio ocorre, inicialmente e majoritariamente, por algas e microrganismos anaeróbios, os quais foram capazes de reduzir a concentração de DQO e DBO em 75% e 70%, respectivamente. Na segunda lagoa (facultativa) ocorre a proliferação das algas e microrganismos, auxiliando na redução das concentrações dos compostos orgânicos, resultando em uma eficiência de 90% para ambos os parâmetros. A terceira lagoa (facultativa), por sua vez, por ser mais rasa que as anteriores, promove maior eficiência no processo fotossintético, resultando em uma degradação complementar do efluente. Dessa forma, o conjunto dos processos biológicos promovem reduções cumulativas de DQO e DBO de 95%. Apesar das elevadas reduções do material orgânico inicialmente presente no efluente lácteo, os processos biológicos não são suficientes para produzir um efluente cuja qualidade atenda aos limites de lançamento em corpo receptor estabelecidos pelas legislações brasileiras (BRASIL, 2011; PARANÁ, 2013). Em vista disso, se faz necessário a utilização do tratamento terciário, o qual consiste em um tratamento de polimento físico-químico. O sistema de tratamento como um todo resultou em um efluente final com concentração de DQO e DBO de 98,2% e 97,7% menores que aquelas inicialmente presentes no efluente bruto, fazendo-se então cumprir com os limites estabelecidos pela legislação. As atividades poluidoras, para fins de auto monitoramento, são classificadas pela Portaria IAP n° 256/2013 (PARANÁ, 2013) em função da vazão do efluente final (m3 dia-1) e da carga orgânica poluidora (kg DBO dia-1), considerando a atividade ou tipologia industrial. Segundo a referida portaria, a atividade desenvolvida pela empresa em estudo é pertencente à “Classe E”, a qual se enquadram as atividades (industriais, agropecuárias, serviços, aterros para resíduos industriais e urbanos) lançadoras de efluente com vazões de 501 a 1000 m³ dia-1. Dessa forma, segundo a referida portaria, torna-se necessário o monitoramento mensal dos parâmetros avaliados neste trabalho (pH, DBO, DQO e temperatura), além da vazão, concentração de sólidos totais suspensos e sedimentáveis, nitrogênio amoniacal, fósforo e outras substâncias passíveis de estarem presentes no efluente ou serem formadas no processo produtivo, bem como análise bimestral da toxicidade do efluente. Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 2 22 3.2 Resíduos sólidos A partir da investigação da gestão de resíduos sólidos gerados pela empresa, foi verificado que os mesmos são constituídos, em sua maior parte, por materiais recicláveis. São gerados, como resíduos: embalagens diversas (embalagem longa vida, papel de escritório, caixas e tubos de papelão (tubetes), sacarias, plásticos (tambores, galões, contêineres), pallets de madeira e sucatas de ferro), os quais são prensados, ou não, e vendidos a parceiros licenciados pelo Instituto Ambiental do Paraná (IAP) para a reciclagem. Anualmente, são comercializados, em média, 200 toneladas de resíduos passíveis de reciclagem. Na Tabela 2 estão apresentadas as quantidades médias, em toneladas, de materiais comercializados para as empresas de reciclagem licenciadas. A comercialização de materiais passíveis de reciclagem, além de contribuir com a destinação correta dos mesmos, reduz a extração de recursos naturais em decorrência do reaproveitamento dos mesmos e, ainda, gera renda para a empresa, mediante a valorização destes resíduos. Tipo de resíduo Peso comercializado (t) Papelão 72,2 Embalagem longa vida 51,2 Tubos de papelão 46,8 Plástico 27,6 Papel misto 10,2 Total 208,0 Tabela 2: Média anual dos principais materiais enviados para a reciclagem Além desses, são coletados resíduos orgânicos gerados no refeitório, resíduos oriundos da limpeza externa e do descarte de equipamentos de proteção individual, osquais são encaminhados para o aterro municipal. As cinzas geradas na caldeira são distribuídas a produtores rurais, os quais as utilizam como fertilizante na pastagem. Ainda, há a geração de resíduos que ainda não possuem destinação final, como vidrarias e resíduos sólidos perigosos (RSP) (baterias, pilhas e lâmpadas), os quais são armazenados na própria empresa. Cabe ressaltar que os RSP, como pilhas, lâmpadas, baterias, pneus e óleo usado são resíduos obrigatórios de logística reversa, a partir da criação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (BRASIL, 2010). Alguns resíduos sólidos também são gerados no sistema de tratamento de efluentes. Na etapa inicial, de remoção de gorduras, é gerado um resíduo composto, basicamente, por matéria oleosa, o qual é recolhido e disposto no aterro municipal. O processo terciário, por sua vez, gera um subproduto sólido gelatinoso (lodo), o qual é recirculado, a cada três dias, para o início do processo biológico (lagoa Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 2 23 anaeróbia) para não comprometer a qualidade do efluente final. Embora este lodo contenha microrganismos biológicos ativos, cabe ressaltar que, devido à utilização do coagulante PAC, o mesmo contém traços residuais de alumínio, o que inviabiliza seu uso para outros fins, como aplicação na agricultura ou em pastagens. Ambos os subprodutos, sólidos e semissólidos, gerados no sistema de tratamento de efluente, são classificados como resíduo sólido classe II – não perigoso, conforme a Associação Brasileira de Normas Técnicas (2004). Constatou-se ainda que, para os resíduos sólidos, óleos e lodo da estação de tratamento de efluentes, há a obrigatoriedade da elaboração anual do Inventário Estadual de Resíduos Sólidos Industriais e posterior apresentação ao Instituto Ambiental do Paraná (IAP), devendo conter o tipo e quantidade de resíduo gerado, bem como a sua destinação externa (tratamento, reutilização, reciclagem ou disposição final). Este procedimento acorda com a Resolução CONAMA n° 313/2002 (BRASIL, 2002), a qual estabelece a obrigatoriedade da realização deste inventário estadual para compor o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos Industriais, e tem sido cumprido pela empresa. Durante o acompanhamento à organização, foram visualizadas diversas lixeiras de separação de resíduos, devidamente identificadas (papel, plástico, vidro, metal e orgânico) e dispostas em toda a agroindústria, ação esta que induz a colaboração dos funcionários e facilita à separação dos seus resíduos. No entanto, não são realizadas campanhas de educação ambiental com os colaboradores da unidade, o que reduz a eficácia da coleta seletiva. 4 | CONCLUSÕES Foi possível observar que a organização estudada demonstrou estar não apenas preocupada com a legislação vigente, mas também com a qualidade ambiental, contando, assim, com um eficaz tratamento de seu efluente líquido resultante do seu processo produtivo e boa gestão dos resíduos sólidos por ela produzidos. No entanto, visando à maior qualidade ambiental, medidas de melhorias são propostas em relação, principalmente, à gestão do lodo gerado durante o tratamento terciário de efluentes, bem como da gestão da água potável. Devido à eficiência do seu processo de tratamento de efluente, fazendo-se cumprir os limites permitidos pelas legislações ambientais, propõe-se como medida mitigadora ao consumo de água potável, a adoção da prática de reuso nas instalações da organização que exigem fins menos nobres, como o reuso de águas pluviais e do efluente tratado para irrigação de jardins, limpeza de áreas externas, descargas em vasos sanitários e uso em torres de resfriamento. Apesar de não existir uma legislação para os limites dos parâmetros físico-químicos e biológicos em águas de reuso, para os usos mencionados, existem recomendações nacionais que podem ser seguidas, como o guia da ANA/FIESP/SINDUSCON (2005) e a NBR 13969:1997 da Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 2 24 Associação Brasileira de Normas Técnicas (1997) e o guia “Conservação e Reuso da Água em Edificações” elaborado pela Agência Nacional das Águas/Federação das Indústrias do Estado de São Paulo/Sindicato da Indústria de Construção do Estado de São Paulo (2005), os quais apresentam os limites para alguns parâmetros, de acordo com os tipos de reuso pretendido. Caso a opção seja o reuso do efluente tratado para fins agrícolas devem- se considerar as características físico-químicas do efluente. No caso de efluente lácteo, devem ser considerados os seus teores de nitrogênio e fósforo e estes serem associados às necessidades das nutricionais das culturas sugeridas. Em ambos os casos, apesar de a organização cumprir com a frequência de monitoramento analítico dos parâmetros estabelecidos pelo órgão ambiental estadual, é recomendável que se realize uma avaliação físico-química, biológica e toxicológica mais afunda e frequente do efluente tratado. A atual recirculação do lodo produzido é considerada fácil e eficaz em curto prazo; porém, levando-se em consideração o aumento na sua produção, em médio prazo, esse processo poderá não ser o suficiente, visto a maior quantidade de lodo armazenado na lagoa anaeróbia, podendo interferir na eficiência de todo sistema de tratamento. Assim, se torna necessária a adoção de uma alternativa para este resíduo, que seja viável tanto para a empresa quanto para o ambiente. Uma vez que, devido à presença do alumínio, o lodo gerado na empresa em estudo não é passível de reuso agrícola, sugere-se a possibilidade de substituição do coagulante químico por outros de origem natural, como Moringa oleifera Lam, quiabo, mandioca, entre outros. Apesar da boa gestão dos resíduos sólidos realizada pela organização, ainda há melhorias a serem implantadas. Recomenda-se a destinação adequada aos resíduos sólidos perigosos, bem como a minimização da geração dos resíduos, pelo controle do processo produtivo, principalmente do empacotamento. Também se recomenda que sejam realizadas campanhas de educação ambiental com os colaboradores quanto à redução de resíduos no setor administrativo, como proceder a correta segregação dos materiais recicláveis, bem como evitar o desperdício de alimentos no refeitório. Tais medidas objetivam reduzir tanto o impacto ambiental gerado pela empresa quanto os custos com tratamento e disposição final destes resíduos. REFERÊNCIAS ANA (AGÊNCIA NACIONAL DAS ÁGUAS), FIESP (FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO ESTADO DE SÃO PAULO), SINDUSCON (SINDICATO DA INDÚSTRIA DE CONSTRUÇÃO DO ESTADO DE SÃO PAULO). Conservação e reuso da água em edificações. São Paulo: Prol Editora Gráfica, 2005. APHA (AMERICAN PUBLIC HEALTH ASSOCIATION), AWWA (AMERICAN WATER WORKS ASSOCIATION), WEF (WATER ENVIRONMENT FEDERATION). Standard methods for the examination of water and wastewater. 20th ed. USA: APHA, 1998. Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 2 25 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10.004: Resíduos sólidos: classificação. Rio de Janeiro, RJ, 2004. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13969: Tanques sépticos - Unidades de tratamento complementar e disposição final dos efluentes líquidos - Projeto, construção e operação. Rio de Janeiro, RJ, 1997. AZZOLINI, J. C.; FABRO, L. F. Monitoramento da eficiência do sistema de tratamento de efluentes de um laticínio da região meio-oeste de Santa Catarina. 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Dispõe sobre as condições e padrões de lançamento de efluentes, complementa e altera a Resolução nº 357, de 17 de março de 2005, do Conselho Nacional do Meio Ambiente-CONAMA. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília, DF, DOU nº 92, de 16 maio 2011. BUSS, D. A.; HENKES, J. A. Estudo dos impactos ambientais causados por laticínios com foco no reaproveitamento dos resíduos gerados. Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, v. 3, n. 2, p. 384-395, 2015. COMPANHIA NACIONAL DE ABASTECIMENTO. Leite e derivados. Conjuntura Mensal Especial, Brasília, DF, 2017. EMBRAPA. Anuário leite 2018: Indicadores, tendências e oportunidades para quem vive no setor leiteiro. Pinheiros: Embrapa gado de leite, Texto comunicação corporativa, 2018. JERÔNIMO, C. E. M. et al. Qualidade ambiental e sanitária das indústrias de laticínios do município de Mossoró-RN. Revista Eletrônica em Gestão, Educação e Tecnologia Ambiental, v. 7, n. 7, p. 1349-1356, 2012. LIMA, L. P.; PEREZ, R.; CHAVES, J. 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Impactos ambientais de efluentes de laticínios em curso d’água na Bacia do Rio Pomba. Engenharia Sanitária e Ambiental, v. 23, n. 2, p. 217-228, 2018. Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 3 27 CAPÍTULO 3 DEPOSIÇÃO DE RESÍDUOS DE ROCHAS ORNAMENTAIS EM ÁREA URBANO-INDUSTRIAL E ALTERAÇÕES NA QUALIDADE DA ÁGUA Mirna A. Neves Universidade Federal do Espírito Santo - UFES, Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde, Departamento de Geologia Alegre - ES Eduardo B. Duarte Universidade Federal do Espírito Santo - UFES, Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde, Curso de Pós-Graduação em Agroquímica Alegre - ES Valerio Raymundo Associação de Desenvolvimento Ambiental do Mármore e Granito - ADAMAG Cachoeiro de Itapemirim - ES Fabricia B. Oliveira Universidade Federal do Espírito Santo - UFES, Centro de Ciências Exatas, Naturais e da Saúde, Departamento de Geologia Alegre - ES RESUMO: O Brasil possui posição de destaque no mercado internacional de rochas ornamentais e o estado do Espírito Santo é o principal produtor brasileiro. O processamento dessas rochas gera grande quantidade de resíduos, a maioria deles compostos por uma mistura de água, fragmentos de granalha de aço, cal e outros compostos químicos, tais como abrasivos e resinas fenólicas. O armazenamento desses materiais tem sido, por longo tempo, feito sem medidas de proteção ambiental, em contato com a água e o solo. Essas áreas são passivos ambientais da indústria de rochas ornamentais e ainda não foram estudadas em detalhe, o que motivou o desenvolvimento desse trabalho. O objetivo dessa pesquisa foi o monitoramento da água superficial e subterrânea no entorno de um depósito de resíduos de rochas ornamentais abandonado no município de Cachoeiro de Itapemirim, Sul do estado do Espírito Santo. Foram analisados: o potencial hidrogeniônico (pH), condutividade elétrica (CE), sólidos totais dissolvidos (STD), alcalinidade, fenóis, cloretos e metais. O estudo mostrou que o depósito de resíduos, situado em uma área urbano- industrial com lançamento de esgotos sem tratamento, interfere de forma secundária na qualidade da água subterrânea, mas o efluente urbano é o principal fator que contribui para alteração da qualidade das águas superficiais e subterrâneas. PALAVRAS-CHAVE: mármore e granito, lama abrasiva, Espírito Santo. DIMENSION STONE WASTE DEPOSITION IN URBAN-INDUSTRIAL AREA AND CHANGES IN WATER QUALITY ABSTRACT: Brazil has high position in the dimension stone international market, and the State of Espírito Santo is the main Brazilian Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 3 28 producer. The processing of these rocks generates great amount of wastes, the major part composed by a mixture of water, steel fragments, lime and other chemical compounds, such as abrasives and phenolic resins. The storage of these materials was, for a long time, made without environmental protection measures, in contact with water and soil. These areas are environmental liabilities of the dimension stone industry and were not still incisively studied, what motivated the development of this work. This research aimed the monitoring of surficial water and groundwater around an abandoned deposit of dimension stone waste in the Cachoeiro de Itapemirim County, South of Espírito Santo State. The hydrogen potential (pH), electrical conductivity (CE), total dissolved solids (TDS), alkalinity, phenol, chloride and metals were analyzed. The study showed that the waste deposit, located at an urban-industrial area with sewage discharge without treatment, interfere secondarily on water quality, but the urban effluent is the main factor that contributes for altering the quality of the surficial and groundwater. KEYWORDS: granite and marble, abrasive slurry, Espírito Santo. 1 | INTRODUÇÃO As rochas ornamentais brasileiras, principalmente mármores e granitos usados na construção civil, têm destaque no mercado internacional, sendo que o estado do Espírito Santo é responsável por cerca de 82% das exportações (ABIROCHAS, 2018). A importante contribuição econômica do setor traz consigo o ônus dos impactos ambientais negativos, onde se destaca a produção de resíduos. A serragem de blocos rochosos para produção de chapas de revestimento é feita em teares que usam fios diamantados ou lâminas de aço. Estes últimos, também chamados teares convencionais, ainda são os mais utilizados, embora a tendência moderna seja sua substituição pelos teares multifios. Nos teares convencionais, utiliza-se uma mistura de água, granalha de aço e cal que propicia o atrito entre as lâminas e o bloco. Esta polpa de serragem, também chamada “lama abrasiva” é descartada após o desgaste, gerando um resíduo fino que contém, além dos insumos utilizados, o pó da rocha serrada, que é agregado à lama. Após a serragem, procede-se ao polimento das chapas brutas para lhes conferir brilho; esse processo também gera um resíduo fino composto por água e abrasivos, podendo conter resinas fenólicas e outros insumos. Os resíduos gerados são armazenados em lagoas de secagem ou em aterros, que podem oferecer riscos de contaminação ambiental (BRAGA et al., 2010). Alguns trabalhos mostram que é possível o uso destes resíduos como matéria- prima em outros processos produtivos (por exemplo, MENEZES et al., 2005; ACCHAR et al., 2006; ALMEIDA et al., 2007; MOURA e LEITE, 2011; KABAS et al., 2012; TAGUCHI et al., 2012), o que poderia minimizar impactos ambientais além de gerar renda. Porém, esses procedimentos ainda não foram incorporados pelas empresas, Engenharia Sanitária e Ambiental Capítulo 3 29 que não assimilaram as vantagens que poderiam advir do aproveitamento desses materiais.
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