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Técnicas Básicas do Exame Físico

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TÉCNICAS BÁSICAS DO EXAME FÍSICO 
INTRODUÇÃO 
No momento do exame físico, muitos pacientes se 
encontram ansiosos, pois se sentem expostos e 
apreensivos por receio de sentir dor, além de se sentirem 
amedrontados em relação ao que o médico possa 
encontrar. 
Deve-se ter algumas precauções para realização do exame 
físico, como: 
à As mãos devem ser lavadas antes e após o exame físico; 
à O uso de luvas deve ser estimulado na maioria dos 
pacientes, e obrigatório quando o paciente apresentar 
lesões cutâneas, assim como ao exame na cavidade bucal; 
à O uso de jaleco é indispensável. Deve-se ressaltar a 
importância do uso de calçados fechados, com solado 
antiderrapante e de fácil limpeza, para completar as 
estratégias de proteção individual; 
à O uso de EPI, como luvas, máscara, gorro, propés, 
avental com mangas longas e óculos de proteção, deve 
ocorrer quando houver possibilidade de contato com 
líquidos corporais (sangue e secreções); 
à Todos os profissionais da área da saúde que têm 
contato direto com pacientes, devem se vacinar para 
prevenir hepatite B, tétano e influenza A (H1N1). 
PONTOS-CHAVE DO EXAME FÍSICO 
Deve-se manter a sala de exame com temperatura 
agradável; respeitar a privacidade do paciente na hora do 
exame, evitando interrupções; deve-se, também, adquirir 
o hábito de prestar atenção às expressões faciais do 
paciente e perguntar se está tudo bem, enquanto 
prossegue no exame físico, pois fontes de dor e 
preocupações devem ser reveladas. Além disso, deve-se 
utilizar um avental ou lençol para cobrir o paciente e 
durante o exame, é de suma importância manter o 
paciente informado de cada passo para deixa-lo tranquilo. 
HABILIDADES NECESSÁRIAS 
Para obter os dados do exame físico, é preciso utilizar os 
sentidos, como a visão, olfato, tato e audição. Diante 
disso, as habilidades necessárias ao exame físico são: (1) 
inspeção; (2) palpação; (3) percussão; e (4) ausculta. 
Para executá-las, é fundamental treinar, repetir inúmeras 
vezes, seja na prática supervisionada em manequins, em 
pessoas saudáveis (atores e próprios colegas) e em 
pacientes. Com pacientes é necessário ser perspicaz para 
saber como se deve agir, colocando sempre em primeiro 
lugar o interesse deles. 
INSPEÇÃO 
A inspeção é a exploração feita a partir do sentido da 
visão. Nela, investigam-se a superfície corporal e as partes 
mais acessíveis das cavidades em contato com o exterior. 
A inspeção começa no momento em que se entra em 
contato com o paciente, realizando-se uma “inspeção 
inicial”, procurando vê-lo em sua totalidade e deve se 
manter atento para não deixar de ver algo que “salta à 
vista”. 
A “inspeção direcionada” pode ser panorâmica ou 
localizada, e pode ser efetuada a olho nu com auxílio de 
uma lupa. 
 
Raramente, se emprega a inspeção panorâmica com visão 
do corpo inteiro; entretanto, para o reconhecimento das 
dismorfias ou dos distúrbios do desenvolvimento físico, é 
conveniente abranger, em uma visão de conjunto, todo o 
corpo. A inspeção de segmentos corporais é a mais 
utilizada, e, a partir daí, deve-se fixar a atenção em áreas 
restritas. As lesões cutâneas tornam-se mais evidentes 
quando ampliadas por uma lupa que tenha capacidade de 
duplicar ou quadruplicar seu tamanho. 
SEMIOTÉCNICA 
A inspeção direcionada exige boa eliminação, exposição 
adequada da região a ser examinada e uso ocasional de 
determinados instrumentos (lupa, lanterna, otoscópio, 
oftalmoscópio e outros) para melhorar o campo de visão. 
É fundamental ter em mente as características normais da 
área a ser examinada, como será apresentado a seguir: 
Referência: PORTO, C.C. Semiologia Médica. 8ed. Rio de Janeiro. Guanabara, 2019. 
 
Beatriz Loureiro 
• A iluminação mais adequada é a luz natural incidindo 
obliquamente. A luz deve ser branca e de intensidade 
suficiente. Ambientes de penumbra não são adequados 
para que se vejam alterações leves da colocarão da pele e 
das mucosas; por exemplo: cianose e icterícia de grau 
moderado só são reconhecidas quando se dispõe de boa 
iluminação. 
Para a inspeção das cavidades, usa-se um foco luminoso, 
que pode ser uma lanterna comum com um bom facho de 
luz. 
• A inspeção deve ser realizada por partes, desnudando-
se somente a região a ser examinada, sempre respeitando 
a dignidade do paciente. Dessa forma, quando se vai 
examinar o tórax, o abdome permanece recoberto, e vice-
versa. O desnudamento das partes genitais sempre causa 
constrangimento ao paciente. Na verdade, a única 
recomendação a ser feita é que o examinador proceda de 
tal modo que seus menores gestos traduzam respeito pela 
pessoa que tem diante de si. 
• O conhecimento das características da superfície 
corporal, assim como da anatomia topográfica, permitirá 
ao estudante ou profissional de saúde conhecer eventuais 
anormalidades durante a inspeção. 
• Há duas maneiras fundamentais de se fazer a 
inspeção: 
à olhar frente a frente a região a ser examinada: a isso se 
designa inspeção frontal, que é o modo padrão desse 
procedimento; 
à observar a região tangencialmente: essa é a maneira 
correta para pesquisar movimentos mínimos na superfície 
corporal, tais como pulsações ou ondulações e pequenos 
abaulamentos ou depressões. 
• A posição do examinador e do paciente depende das 
condições clínicas do paciente e do segmento corporal a 
ser inspecionado. De modo geral, o paciente senta-se à 
beira do leito ou da mesa de exame, a menos que essa 
posição seja contraindicada ou impossibilitada. O 
examinador deve ficar de pé diante do paciente, 
movimentando-se de um lado para o outro, de acordo 
com a necessidade. No paciente acamado, a posição do 
paciente e a sequência do exame físico precisam ser 
adaptadas de acordo com as circunstâncias. Para 
examinar as costas e auscultar os pulmões, deve-se 
inclinar o paciente ora para um lado, ora para outro. 
• A inspeção começa durante a anamnese, desde o 
primeiro momento em que se encontra com o paciente, e 
continua durante todo o exame clínico, 
Por fim, vale a pena relembrar a máxima que diz: 
“Cometem-se mais erros por não olhar do que por não 
saber.” 
PALPAÇÃO 
Esta, frequentemente confirma pontos observados 
durante a inspeção. A palpação recolhe dados por meio do 
tato e da pressão. O tato fornece impressões sobre a parte 
mais superficial, enquanto a pressão fornece impressões 
sobre as mais partes mais profundas. Pela palpação 
percebem-se modificações de textura, temperatura, 
umidade, espessura, consistência, sensibilidade, volume, 
dureza, além da percepção de frêmito, elasticidade, 
reconhecimento de flutuação, crepitações, vibração, 
pulsação e verificação da existência de edema e vários 
outros fenômenos. 
SEMIOTÉCNICA 
A técnica da palpação deve ser sistematizada e com uma 
abordagem tranquila e gentil. O paciente fica tenso ao ser 
tocado bruscamente, dificultando o exame. É de suma 
importância explicar cada etapa do exame ao paciente e a 
maneira como ele pode cooperar. Recomenda-se que o 
examinador aqueça as mãos, friccionando uma contra a 
outra antes de iniciar qualquer palpação. A posição do 
examinador e do paciente depende das condições clínicas 
do paciente e do segmento corporal a ser palpado. 
Geralmente, o paciente fica em decúbito dorsal, e o 
examinador de pé, à direita do paciente. 
Esse procedimento apresenta muitas variantes, que 
podem ser sistematizadas da seguinte maneira: 
• Palpação com a mão espalmada, em que se usa toda a 
palma de uma ou de ambas as mãos. 
 
• Palpação com uma das mãos superpondo-se uma à 
outra. 
 
Beatriz Loureiro 
• Palpação com a mão espalmada, em que se usam apenas 
as polpas digitais e a parte ventral dos dedos. 
 
• Palpação com a borda da mão. 
 
• Palpação usando-se o polegar e o indicador, em que se 
forma uma “pinça”. 
 
• Palpação com o dorso dos dedos ou das mãos. Esse 
procedimento é específico para avaliação da temperatura. 
 
• Digitopressão, realizada com a polpa do polegar ou do 
indicador. Consistena compressão de uma área com 
diferentes objetivos: pesquisar a existência de dor, avaliar 
a circulação cutânea, detectar se há edema. 
 
• Puntipressão, que consiste em comprimir com um 
objeto pontiagudo um ponto do corpo. É usada para 
avaliar a sensibilidade dolorosa e para analisar 
telangiectasias tipo aranha vascular. 
 
• Vitropressão, realizada com o auxílio de uma lâmina de 
vidro que é comprimida contra a pele, analisando-se a 
área através da própria lâmina. Sua principal aplicação é 
na distinção entre eritema e púrpura (no caso de eritema, 
a vitropressão provoca apagamento da vermelhidão e, no 
de púrpura, permanece a mancha). 
 
• Fricção com algodão, em que, com uma mecha de 
algodão, roça-se levemente um segmento cutâneo, 
procurando ver como o paciente se sente. É utilizada para 
avaliar a sensibilidade cutânea. 
 
Beatriz Loureiro 
 
• Pesquisa de flutuação, em que se aplica o dedo indicador 
da mão esquerda sobre um lado da tumefação, enquanto 
o da outra mão, colocado no lado oposto, exerce 
sucessivas compressões perpendiculares à superfície 
cutânea. Havendo líquido, a pressão determina um leve 
rechaço do dedo da mão esquerda, ao que se denomina 
flutuação. 
• Outro tipo de palpação bimanual combinada é a que se 
faz, por exemplo, no exame das glândulas salivares, 
quando o dedo indicador da mão direita é introduzido na 
boca, enquanto as polpas digitais dos outros dedos, 
exceto o polegar da outra mão, fazem a palpação externa 
na área de projeção da glândula; outro exemplo de 
palpação bimanual é o toque ginecológico combinado 
com a palpação da região suprapúbica. 
 
PONTOS-CHAVE PARA A PALPAÇÃO 
A ansiedade torna as mãos frias e sudorentas, e é 
necessário ter o cuidado de enxugá-la antes de começar o 
exame. Além disso, as unhas, além de bem cuidadas, 
devem estar curtas. 
Deve-se identificar as regiões dolorosas e deixa-las para 
serem palpadas por último. Para palpar o abdome, deve-
se posicionar o paciente em decúbito dorsal, com a cabeça 
em um travesseiro, os membros inferiores estendidos ou 
joelhos fletidos e os membros superiores ao lado do corpo 
ou cruzados à frente do tórax, para evitar tensão da 
musculatura abdominal. Ainda ao palpar o abdome, 
devem-se utilizar métodos para distrair a atenção do 
paciente: em voz baixa e tranquila, deve-se solicitar que 
ele realize inspirações profundas para o relaxamento 
muscular ou simplesmente manter um diálogo com ele. 
Por fim, deve-se treinar o tato utilizando pequenos sacos 
de superfícies diversas (lã, linhagem, plástico, seda e etc.) 
com conteúdos também diferenciados (sementes, 
algodão e etc.). A utilização desses sacos, palpando-os de 
olhos fechados, aprimora o tato. 
PERCUSSÃO 
A percussão baseia-se no seguinte princípio: ao se golpear 
um ponto qualquer do corpo, originam-se vibrações que 
têm características próprias quanto a intensidade, timbre 
e tonalidade, dependendo da estrutura anatômica 
percutida. Para isso, deve-se observar não apenas o som 
obtido, mas também a resistência oferecida pela região 
golpeada. 
SEMIOTÉCNICA 
A técnica da percussão sofreu uma série de variações no 
decorrer dos tempos; hoje, utiliza-se basicamente a 
percussão direta e a percussão digitodigital. 
A percussão direta é realizada golpeando-se diretamente, 
com as pontas dos dedos, a região-alvo. Para tal, os dedos 
permanecem fletidos na tentativa de imitar a forma de 
martelo, e os movimentos de golpear são feitos pela 
articulação do punho. O golpe deve ser seco e rápido, não 
se descuidando de levantar, sem retardo, a mão que 
percute. Essa técnica é utilizada na percussão do tórax do 
lactente e das regiões sinusais do adulto. 
 
A percussão digitodigital é executada golpeando-se com 
a borda ungueal do dedo médio ou do indicador de uma 
das mãos a superfície dorsal da segunda falange do dedo 
médio ou do indicador da outra mão. Ao dedo que golpeia 
designa-se plexor, e o que recebe o golpe é o plexímetro. 
A mão que percute pode adotar uma das seguintes 
posições: 
Beatriz Loureiro 
Todos os dedos, exceto o dedo médio, que procura imitar 
a forma de um martelo, ficam estendidos sem nenhum 
esforço. 
 
O polegar e o indicador ficam semiestendidos, o mínimo e 
o anular são fletidos de tal modo que suas extremidades 
quase alcancem a palma da mão, enquanto o dedo médio 
procura adotar a forma de martelo. 
 
A movimentação da mão se fará apenas com a do punho. 
O cotovelo permanece fixo, fletido em ângulo de 90° e 
com o braço em semiabdução. 
 
O dedo plexímetro – médio ou indicador – é o único a 
tocar a região que está sendo examinada. Os outros e a 
palma da mão ficam suspensos rentes à superfície. Caso 
se pouse a mão, todas as vibrações são amortecidas, e o 
som torna-se abafado. 
O golpe deve ser dado com a borda ungueal, e não com a 
polpa do dedo, que cai em leve obliquidade, evitando que 
a unha atinja o dorso do dedo plexímetro. Logo às 
primeiras tentativas de percussão será observado que 
este procedimento é impossível de ser executado com 
unhas longas. A intensidade do golpe é variável, suave 
quando se trata de tórax de crianças, ou com alguma força 
no caso de pessoas adultas com paredes torácicas 
espessas. Somente com o treino, se aprenderá a dosar a 
intensidade do golpe. É aconselhável a execução de dois 
golpes seguidos, secos e rápidos, tendo-se o cuidado de 
levantar o plexor imediatamente após o segundo golpe. 
Retardar na sua retirada provoca abafamento das 
vibrações. 
A sequência de dois golpes facilita a aquisição do ritmo 
que permitirá uma secessão de golpes de intensidade 
uniforme quando se muda de uma área para outra. As 
posições do paciente e do médico variam de acordo com 
a região a ser percutida. De qualquer maneira, é 
necessário adotar uma posição correta e confortável. 
O som que se pode obter pela percussão varia de pessoa 
para pessoa. No início, é comum obter dificuldade em 
conseguir qualquer espécie de som. Aqueles que têm 
dedos grossos e curtos obtêm som mais nítido e de 
tonalidade mais alta. O segredo é o treinamento repetido 
até que os movimentos envolvidos nesse procedimento 
sejam automatizados. 
ESTRATÉGIA 
Automatizar o movimento da mão que percute. Deve-se 
partir de uma posição correta: examinador em posição 
ortostática, ombros relaxados, braços em semiabdução, 
próximos ao tórax, cotovelo fletido formando ângulo de 
90°. Passa-se, então, a executar movimentos de flexão e 
extensão da mão em velocidade progressiva. Este 
exercício visa impedir a criação de dois vícios comuns: a 
percussão com o pulso rígido e a movimentação da 
articulação do cotovelo. Na verdade, o que se procura com 
este exercício é “amolecer” a articulação do punho. 
TIPOS FUNDAMENTAIS DE SONS OBTIDOS À PERCUSSÃO 
A obtenção dos três tipos fundamentais de sons deve ser 
treinada previamente antes de se passar à percussão do 
paciente, usando-se os seguintes artifícios: 
Beatriz Loureiro 
Som maciço: é obtido percutindo-se a cabeceira da cama, 
o tampo de uma mesa, uma parede ou um bloco de 
madeira. 
Som pulmonar: é obtido ao se percutir um colchão de 
mola, uma caixa contendo pedaços de isopor ou mesmo 
um livro grosso colocado sobre a mesa. 
Som timpânico: é o que se consegue percutindo uma caixa 
vazia ou um pequeno tambor. 
à Antes de se aprofundar na semiologia dos sistemas 
digestório e respiratório, devem-se percutir diferentes 
áreas do tórax normal para obtenção do som pulmonar; a 
área de projeção do fígado para se ter som maciço; e sobre 
o abdome, para conseguir som timpânico. 
TÉCNICAS ESPECIAIS DE PERCUSSÃO 
Em situações especiais, utiliza-se a punho-percussão, a 
percussão com a borda da mão e a percussão tipo 
piparote. 
Punho-percussão: mantendo-se a mão fechada, golpeia-
se com a borda cubital a região em estudo e averigua-se 
se a manobra desperta sensação dolorosa. 
 
Percussão com a borda da mão: os dedos ficam 
estendidos e unidos, golpeando-se a região desejada com 
a borda ulnar,procurando observar se a manobra provoca 
alguma sensação dolorosa. 
 
Esses dois tipos de percussão são usados no exame físico 
dos rins. Os golpes são dados na área de projeção deste 
órgão (regiões lombares). A ocorrência de dor é sugestiva 
de lesões inflamatórias das vias urinárias altas 
(pielonefrite). É denominado sinal de Giordano. 
Percussão por piparote: com uma das mãos o examinador 
golpeia o abdome com piparotes, enquanto a outra, 
espalmada na região contralateral, procura captar ondas 
líquidas chocando-se contra a parede abdominal. A 
percussão por piparote é usada na pesquisa de ascite. 
 
TIPOS DE SONS OBTIDOS À PERCUSSÃO 
Os sons obtidos à percussão poderiam ser classificados 
quanto à intensidade, ao timbre e à tonalidade, as três 
qualidades fundamentais das vibrações sonoras. 
Som maciço: é o que se obtém ao percutir regiões 
desprovidas de ar (na coxa, no nível do fígado, do coração 
e do baço). 
Som submaciço: constitui uma variação do som maciço. A 
existência de ar em quantidade restrita lhe concede 
características peculiares. 
Som timpânico: é o que se consegue percutindo sobre os 
intestinos ou no espaço de Traube (fundo do estômago) 
ou qualquer área que contenha ar, recoberta por uma 
membrana flexível. 
Som claro pulmonar: é o que se obtém quando se golpeia 
o tórax normal. Depende da existência de ar dentro dos 
alvéolos e demais estruturas pulmonares. 
AUSCULTA 
A ausculta é um termo técnico para a escuta dos sons 
internos do corpo, com uso de um estetoscópio. 
ESTETOSCÓPIO 
Os principais componentes de um estetoscópio clássico 
são: (1) olivas auriculares; (2) armação metálica; (3) tubos 
de borracha; e (4) receptores. 
Beatriz Loureiro 
 
TIPOS DE ESTETOSCÓPIO 
Estetoscópio clássico: 
 
Estetoscópio máster: apresenta excelente sensibilidade 
acústica, por meio de um sistema de amplificação e de 
filtragem de ruídos externos, incluindo um sistema de 
dupla frequência, que possibilita ouvir sons de alta e baixa 
frequência, com o mesmo diafragma, bastando modificar 
a pressão exercida sobre o receptor. 
 
Estetoscópio digital: permite a amplificação dos sons até 
18 vezes mais que os estetoscópios tradicionais. Dispõe de 
um processador digital de sinais que possibilita gravação, 
armazenamento e reprodução de sons. 
Os sons gravados podem ser transferidos para um 
computador para serem armazenados e analisados 
posteriormente. As características desse estetoscópio 
permitem sua utilização no treinamento das habilidades 
de ausculta. 
 
Estetoscópio com amplificador: são próprios para pessoas 
com deficiência auditiva. São capazes de enviar os sons a 
fones de ouvido colocados sobre aparelhos auditivos 
intracanais ou retriauriculares. 
 
Estetoscópio eletrônico: também fornece excelente 
sensibilidade acústica. Possuem um sistema de 
purificação, amplificação e filtragem ideal com redução de 
75% dos ruídos do ambiente. 
 
Estetoscópio pediátrico: apresentam receptores com 
tamanhos reduzidos para perfeita adaptação em crianças 
e recém-nascidos. Possibilitam a ausculta de sons de baixa 
e alta frequência. 
Beatriz Loureiro 
 
Estetoscópio obstétrico: é monoauricular e constituído 
por uma campânula receptora de grande diâmetro, 
próprio para a ausculta de sons produzidos pelo feto que 
são mais dispersos do que os originados no tórax. 
 
PONTOS-CHAVE PARA AUSCULTA 
Deve-se manter a sala de exames com temperatura 
agradável. Isto porque, se o paciente tremer, as 
contrações musculares poderão abafar os sons. As olivas 
do estetoscópio devem estar bem ajustadas. Ademais, 
deve-se manter o diafragma firmemente posicionado 
contra a pele do paciente, mas apenas o suficiente para 
deixar uma discreta impressão depois de retirado. Além 
disso, nunca se deve auscultar sobre as roupas do 
paciente. Em situações especiais, pode-se colocar o 
estetoscópio sob a roupa, porém com cuidado para que o 
tecido não seja friccionado contra o estetoscópio, 
provocando sons artificiais. 
O roçar dos pelos do tórax no diafragma pode gerar sons 
semelhantes aos estertores finos, que simulam ruídos 
respiratórios anormais. Para minimizar esse problema, 
basta umedecer os pelos com um chumaço de algodão 
molhado. Ausculta é uma habilidade de difícil domínio. 
Com isso, antes de mais nada é preciso aprender a 
reconhecer os sons normais, para depois procurar 
perceber os sons anormais e os sons “extras” 
(desdobramento de bulhas, cliques, B3 e B4, estalidos de 
aberturas de valvas). 
Por fim, é necessário saber que, em algumas regiões do 
corpo, mais de um som pode ser auscultado, o que pode 
causar confusão. Exemplos: percepção na ausculta do 
tórax de ruídos respiratórios e cardíacos 
simultaneamente. 
SEMIOTÉCNICA 
Para uma boa ausculta, deve-se obedecer às seguintes 
normas: 
• Ambiente de ausculta: ambiente silencioso é condição 
indispensável. Os ruídos cardíacos e broncopulmonares 
são de pequena intensidade e, para ouvi-los, é necessário 
completo silêncio. Conversas, barulhos produzidos por 
veículos ou outras máquinas impossibilitam a realização 
de uma boa ausculta. 
• Posição do paciente e do examinador: o médico e o 
paciente devem colocar-se comodamente no momento da 
ausculta. 
A posição habitual do paciente para a ausculta do coração 
é o decúbito dorsal com a cabeça apoiada ou não em um 
travesseiro. O paciente sentado com o tórax ligeiramente 
inclinado para frente ou em decúbito lateral esquerdo são 
outras posições para se auscultar melhor sons cardíacos 
específicos. Nas três posições, o examinador fica em pé, à 
direita do paciente. Para se auscultarem os ruídos 
respiratórios, o paciente mantém-se sentado, um pouco 
inclinado para frente. O examinador posiciona-se à direita 
do paciente, durante a ausculta anterior, e à esquerda, 
durante a posterior. A posição mais frequente do paciente 
para a ausculta do abdome é o decúbito dorsal, com o 
examinador em pé, à direita. 
• Instrução do paciente de maneira adequada: as 
solicitações feitas ao paciente devem ser claras. Assim, 
quando se deseja que ele altere seu modo de respirar, isso 
deve ser feito em linguagem compreensível para ele. 
Quando se quer, por exemplo, uma expiração forçada, a 
melhor maneira de obtê-la é solicitar ao paciente que 
esvazie o peito, soprando todo o ar que for possível. 
• Escolha correta do receptor (tipo e tamanho do 
receptor): de maneira geral, deve ser usado o receptor de 
diafragma de menor diâmetro, com ele sendo efetuada 
toda a ausculta. Contudo, vale salientar algumas 
particularidades que têm valor prático. Entre elas, o fato 
de o receptor de diafragma ser mais apropriado para ouvir 
ruídos de alta frequência, enquanto a campânula capta 
melhor os de baixa frequência. 
Beatriz Loureiro 
• Aplicação correta do receptor: seja do tipo de diafragma 
ou de campânula, o receptor deve ficar levemente 
apoiado sobre a pele, procurando-se obter uma perfeita 
coaptação de suas bordas na área que está sendo 
auscultada. A aplicação correta do receptor impede a 
captação de ruídos do ambiente, que interferem na 
percepção dos sons. Uma forte compressão da campânula 
sobre a pele a transforma em um receptor de diafragma – 
a própria pele do paciente distendida fortemente pelas 
rebordas do receptor faz o papel de membrana -, 
anulando sua vantagem na ausculta de ruídos de baixa 
frequência. 
OLFATO COM RECURSO DE DIAGNÓSTICO 
O olfato não tem a mesma importância da inspeção, 
palpação, percussão e ausculta; entretanto, algumas 
vezes, a percepção de um determinado odor pode 
fornecer um indício diagnóstico. Normalmente, mesmo 
pessoas saudáveis e razoavelmente limpas exalam um 
odor levemente desagradável. Em determinadas doenças, 
no entanto, odores diferentes são eliminados em 
decorrência da secreção de certas substâncias; por 
exemplo, o hálito da pessoa que ingeriu bebida alcoólica é 
característico; os pacientes com cetoacidose diabética 
eliminam um odor que lembra o de acetona; no coma 
hepático, ohálito tem odor fétido; e nos pacientes com 
uremia, o hálito tem cheiro de urina. 
A halitose é um odor desagradável que pode ser atribuído 
a diferentes causas (má higiene bucal, cáries dentárias, 
próteses mal adaptadas, afecções periodontais, infecções 
de vias respiratórias, alterações metabólicas e algumas 
afecções do sistema digestório). 
Um dos odores mais observados, é decorrência da 
ausência de cuidados higiênicos. Trata-se do próprio odor 
desprendido da superfície corporal e que impregna as 
roupas e o próprio corpo do paciente. 
AMBIENTE ADEQUADO PARA O EXAME 
FÍSICO 
A sala de exames deve ser tranquila, confortável, bem 
iluminada, com privacidade e temperatura agradável. Se 
possível, evite ruídos que possam causar distração, como 
máquinas com barulhos contínuos, músicas ou conversas 
de pessoas que atrapalhem principalmente a ausculta dos 
ruídos corporais. 
São necessários mesa de exame ou maca, lençol ou 
avental para cobrir o paciente e mesa à beira do leito para 
colocar os instrumentos e aparelhos que serão utilizados 
durante o exame. 
INSTRUMENTOS E APARELHOS NECESSÁRIOS 
PARA O EXAME FÍSICO 
Para se realizar o exame físico, são necessários alguns 
instrumentos e aparelhos simples, como: 
• Estetoscópio à instrumento utilizado para se 
auscultarem sons cardíacos, respiratórios e abdominais; 
• Esfigmomanômetro à aparelho utilizado para mensurar 
a pressão arterial; 
• Lanterna de bolso à serve para iluminar as cavidades 
não alcançadas pela luz natural e para pesquisar reflexos 
fotomotores; 
• Abaixador de língua à utilizado para melhor 
visualização da cavidade oral. São descartáveis e podem 
ser de madeira ou plástico; 
• Fita métrica à serve para medir diâmetros corporais – 
cefálico, torácico, abdominal – ou qualquer alteração 
mensurável, como tamanho de fígado e baço; 
• Termômetro à instrumento utilizado para medir a 
temperatura corporal; 
• Lupa à lente biconvexa com capacidade de aumento de 
4 a 8 vezes o normal. Muito utilizada nos exames 
dermatológicos; 
• Martelo de reflexo à pequeno martelo de borracha 
utilizado para testar reflexos tendinosos; 
• Agulha descartável e algodão à servem para pesquisar 
sensibilidade tátil e dolorosa; 
• Diapasão à instrumento vibratório, de aço, utilizado no 
exame do ouvido e do sistema nervoso; 
• Rinoscópio à instrumento que permite a visualização 
do interior da cavidade nasal; 
• Oftalmoscópio à avalia, através da pupila, o fundo de 
olho; 
• Otoscópio à visualiza o canal auditivo e o tímpano; 
• Anuscópio à instrumento em forma de espéculo, 
utilizado para visualizar o ânus e a porção distal do reto; 
• Espéculo vaginal à instrumento que mantém as 
paredes vaginais afastadas, facilitando a visualização do 
colo do útero para o exame ginecológico; 
• Oxímetro de dedo à aparelho digital portátil que mede 
a oximetria de pulso e a frequência cardíaca; 
Beatriz Loureiro 
• Balança antropométrica à serve para determinar peso 
corporal e altura; 
• Eletrocardiógrafo portátil à mede e registra a forma de 
onda eletrocardiográfica e a frequência cardíaca; 
• Ultrassonografia ou ecografia portátil à método 
diagnóstico muito usado para visualizar órgãos internos 
do corpo humano, por meio de ondas ultrassônicas; 
• Desfibrilador automático externo (DEA) à aparelho 
eletrônico portátil que diagnostica e trata, por meio da 
desfibrilação, arritmias cardíacas potencialmente fatais; 
• Capnógrafo à aparelho eletrônico portátil muito usado 
por médicos anestesistas, que monitora o CO2 exalado 
pelo paciente; 
• Cardioversor portátil com oximetria à marca-passo, 
pressão arterial e ECG. 
Limpar o estetoscópio, a fita métrica e o termômetro com 
chumaço de algodão com álcool entre o exame de um 
paciente e outro é uma medida de controle eficaz. Os 
instrumentos para endoscopia simples, exceto os 
descartáveis, têm de ser adequadamente esterilizados. A 
miniaturização dos aparelhos eletrônicos vai permitir a 
inclusão destes equipamentos no exame físico dos 
pacientes. Além da limpeza dos instrumentos, para evitar 
transmissão de microrganismos entre pacientes ou entre 
o paciente e o examinador, é imprescindível a correta 
lavagem das mãos. 
ASPECTOS PSICOLÓGICOS DO EXAME FÍSICO 
Não se pode esquecer, durante o exame clínico, do 
significado psicológico do exame físico. Para o paciente, as 
técnicas que usamos para identificar alterações 
anatômicas ou funcionais contêm outro componente, este 
muitas vezes esquecidos pelo médico. Desse modo, na 
inspeção está incluído o ato de olhar; na palpação e na 
percussão, o de tocar, e, na ausculta, o de escutar. Se 
estivermos conscientes do significado psicológico das 
técnicas semióticas, iremos verificar que isso reforça a 
relação médico-paciente pela proximidade que se 
estabelece com o paciente. É necessário, portanto, 
compreender que inspecionar e olhar são indissociáveis, 
enquanto palpar e tocar são procedimentos que se 
completam. 
“Doutor, estou em suas mãos!”. Esta expressão tem duplo 
sentido: o paciente espera que de nossas mãos saia uma 
prescrição ou uma intervenção capaz de livrá-lo de um 
padecimento, assim como a nós está entregando sua vida, 
permitindo-nos decidir o que é melhor pra ele. 
VALISE DO MÉDICO 
O uso de uma valise contendo alguns materiais e 
instrumentos pode ser indispensável quando o médico 
atua fora do consultório ou hospital. Sugerem-se os 
seguintes materiais/instrumentos: (1) termômetro; (2) 
abaixador de língua descartável; (3) lanterna; (4) fita 
métrica; (5) estetoscópio; (6) esfigmomanômetro; e (7) 
luvas descartáveis. 
Pode ser necessário, também, um glicosímetro capilar, 
alguns medicamentos de emergência, carimbo com CRM 
e bloco de receituário, além de aparelhos de alta 
tecnologia miniaturizados. 
 
 
 
 
Beatriz Loureiro

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