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Romances TINA - (Donzelas Guerreiras 01) - Sarah Mckerrigan - A Donzela Guerreira

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1 
Sarah Mckerrigan 
A Donzela Guerreira 
Lady Danger 
 
 
 
Donzelas Guerreiras 01 
 
 
Quando o normando Pagan Cameliard vê as três donzelas de Rivenloch banhando-se em uma lagoa, 
não pode imaginar que uma dessas ninfas loiras logo estaria em cima dele… 
Com sua espada apontando para sua garganta. 
Tampouco pôde imaginar que ela, com essa espada, lhe abriria a pele por seu atrevimento e o despojaria 
de suas armas e de sua roupa antes de deixá-lo ir-se. 
Nem tampouco pôde imaginar que ela tramaria um ardil para ser a esposa que o rei David lhe tinha 
prometido.
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
2 
Disponibilização, Tradução e Revisão: Rosie 
Revisão Final: Sky 
Formatação: Clara 
PPRROOJJEETTOO RREEVVIISSOORRAASS TTRRAADDUUÇÇÕÕEESS 
 
 
 
 
Capítulo 1 
 
Escócia, zona de fronteira 
Verão 1136 
 
‚Então… Onde está a terceira moça?‛ 
Sir Pagan murmurou casualmente, sentindo-se muito longe desse ar informal enquanto 
ele e Colin du Lac agachados se escondiam detrás de uns arbustos, espiando a duas 
esplêndidas donzelas banhando-se na lagoa. 
Colin quase se afoga com sua própria incredulidade. 
‚Por Deus, olhe como que é ambicioso,‛ ele sussurrou. ‚Não se contenta em escolher 
entre este par de belezas? A maioria dos homens daria o braço com que dirige a espada por 
ter que fazer essa escolha.‛ 
Ambos os homens se congelaram quando a mulher loira, gloriosamente molhada pela 
luz do sol, levantou-se sobre as ondas da água o bastante para descobrir um par de peitos 
perfeitos. O sangue se escorreu do rosto de Pagan e se juntou no meio das pernas, fazendo-a 
doer ferozmente. Senhor, ele devia haver-se deitado com a prostituta da cidade passada antes 
de dever negociar o assunto do matrimônio. 
Isto era tão absurdo, como ir comprar provisões com um moedeiro cheio e não ter onde 
pôr a mercadoria. Mas ele pode de algum jeito soltar um grunhido indiferente, apesar do 
desejo entristecedor que irrompia em seus pensamentos e transfigurava seu corpo. 
‚Um homem nunca compra uma espada, Colin,‛ ele disse roucamente ‚sem inspecionar 
todas as espadas na loja.‛ 
‚Ah! Um homem nunca passaria seu polegar na borda da navalha de uma espada que 
lhe apresenta seu rei.‛ 
Colin tinha marcado um ponto. 
Quem era sir Pagan Cameliard para questionar um presente do rei David? Além disso, 
não foi uma arma o que ele escolheu. A não ser uma esposa. 
‚Ora. Uma mulher não é muito diferente de outra, suponho,‛ ele disse ‚Não importa 
qual delas reclame como esposa.‛ 
Colin grunhiu com desdém. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
3 
‚Isso diz agora,‛ ele sussurrou, fixando um olhar luxurioso nas banhistas, ‚agora que 
sabe que as opções são generosas.‛ 
Um assobio escapou de seus lábios quando a mais curvilínea das donzelas se afundou 
na água brilhante lhes dando uma vista de suas nádegas nuas e tentadoras. 
‚Bastardo afortunado.‛ Murmurou seu amigo 
Sim, Pagan se considerava afortunado. 
Quando o Rei David lhe ofereceu uma fortaleza escocesa e uma esposa junto com ela, ele 
tinha temido encontrar uma fortaleza ruída com uma mulher velha na torre. 
Um olhar às imponentes paredes do Rivenloch aliviou seus medos imediatamente. 
E para sua surpresa, as candidatas a noivas diante dele, eram bombons deliciosos e o rei 
as tinha servido em bandeja. Na verdade eram as mulheres mais apetecíveis que ele havia 
visto em muito tempo, ou possivelmente que jamais tivesse visto. 
Entretanto, a idéia de matrimônio perturbava a Pagan. 
‚Meu Deus, não posso decidir qual eu tomaria‛ Colin considerou, ‚A beleza com cachos 
dourados ou a curvilínea com seu enorme traseiro?‛ 
Pagan soltou um suspiro. 
‚Nenhuma,‛ Pagan murmurou. 
‚Ambas,‛ Colin decidiu. 
 
*** 
 
Deirdre de Rivenloch lançou seu comprido cabelo loiro sobre um ombro. Podia sentir os 
olhos dos intrusos nela, tinha-os sentido por certo tempo. 
Não era que a ela ou as suas irmãs importasse se eram apanhadas banhando-se. Não 
sentiam incomodas ou com vergonha. Como poderia alguém estar envergonhada ou 
orgulhosa de ter tudo o que as mulheres possuíam? Se um inoportuno moço conseguia as 
observar com equívoca luxúria, não era mais que uma tolice de sua parte. 
Deirdre passou seus dedos pelas tranças molhadas e lançou outro olhar crítico para o 
alto da colina, para a densa névoa. Os olhos cravados nela possivelmente pertencessem a um 
par de jovens curiosos que nunca tinham visto uma donzela nua. Mas não se atreveu a 
mencionar sua presença a Helena, porque sua impetuosa irmã possivelmente tiraria sua 
espada primeiro e lhes perguntaria que andavam fazendo depois. Não, Deirdre dirigiria essa 
travessura sozinha, e mais tarde. 
Porque agora ela tinha um assunto sério que discutir com Helena. E não tinha muito 
tempo. 
‚Atrasou a Miriel?‛ Ela perguntou, passando a mão cheia de sabão ao longo de seu 
braço. 
‚Escondi-lhe a adaga‛, Helena lhe confiou, ‛depois lhe disse que vi o moço do estábulo 
em sua habitação mais cedo‛. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
4 
Deirdre assentiu. Isso reteria a sua irmã ao menos por um tempo. Miriel não permitia 
que tocasse em suas valiosas armas. 
‚Escuta, Deir‛, Helena advertiu, ‛Não permitirei que Miriel se sacrifique. Não me 
importa o que Papai diga. Ela é muito jovem para casar-se. Muito jovem e muito…?‛ Ela 
suspirou exasperada. 
‚Já sei‛. 
O que ambas deixaram de dizer era o fato que sua irmã mais jovem não estava moldada 
com mesmo metal com o que elas o estavam. Deirdre e Helena eram filhas de seu pai. Seu 
sangue Viking corria por suas veias. Altas e fortes, elas possuíam vontade de ferro e 
habilidades à mesma altura. Conhecidas na zona de fronteira como as Donzelas Guerreiras de 
Rivenloch adaptaram-se ao uso da espada como um bebê ao seio de sua mãe. Seu pai as tinha 
criado para ser lutadoras, para não temer a nenhum homem. 
Miriel, entretanto, para decepção do Lorde, tinha provado ser tão delicada e dócil como 
sua falecida mãe. Qualquer gota de espírito guerreiro que tivesse sido contribuído o seu 
sangue tinha sido sufocado pelo de Lady Edwina, quem tinha rogado para que Miriel fosse 
salva do que ela denominava a perversão das outras duas irmãs. 
Depois de que sua mãe morrera, Miriel tinha tratado de agradar a seu pai a sua própria 
maneira, juntando uma impressionável coleção de armas exóticas de mercados viajantes. Mas 
não tinha desenvolvido nenhum desejo nem a força para empunhá-las. Ela se converteu, em 
poucas palavras, na humilde, dócil e obediente filha que sua mãe sempre desejou. E assim 
Deirdre e Helena tinham protegido a Miriel toda sua vida de sua própria fraqueza e da 
decepção de seu pai. 
Agora era tarefa de elas salvá-la de um matrimônio indesejável. 
Deirdre passou para sua irmã a barra de sabão. ‛Confia em mim, não tenho intenção de 
enviar o cordeiro ao matadouro‛. 
A faísca batalhadora brilhou nos olhos da Helena. ‛Desafiaremos ao noivo Normando 
então?‛ 
Deirdre franziu o cenho. Ela sabia que todos os conflitos se resolviam bem no campo de 
batalha. Ela sacudiu a cabeça. 
Helena amaldiçoou em voz baixa e decepcionada chutou a água. 
‚Por que não?‛. 
‚Desafiar ao Normando é desafiar o rei‛. 
Hel arqueou uma sobrancelha em desafio. ‛E?‛. 
O cenho franzido de Deirdre se aprofundou. Um dia a audácia da Helena seria sua 
desgraça. ‛É traição, Hel‛. 
Helena emitiu um suspiro irritado e se esfregou o braço. ‛Quase não seria traição 
quando fomos traídas pelo nosso próprio rei. O intrometido é um Normando, Deirdre! Um 
normando.‚ Pronunciou a palavra como se fosse uma enfermidade. ‛Ah! Ouvi que eles são 
tão ‘suaves’ que não podem deixar-se crescer a barba como um macho faria. E alguns dizem 
que banham até os porcos em lavanda‛. Estremeceu-se com desgosto.Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
5 
Deirdre estava de acordo com a frustração de sua irmã, e possivelmente também com 
suas afirmações. De fato, ela se havia sentido tão ultrajada quando soube que o Rei David 
tinha cedido a administração de Rivenloch, não a um escocês, a não ser a um de seus aliados 
normandos. Sim, dizia-se que o homem era um feroz guerreiro, mas certamente ele não sabia 
nada da Escócia. 
O que complicava as coisas era que seu pai não tinha protestado a decisão do rei. Mas o 
lorde de Rivenloch não tinha estado em seus cabais por meses. Deirdre freqüentemente o 
havia encontrado conversando com o ar, dirigindo-se a sua mãe morta, e sempre se perdia na 
fortaleza. Ele parecia viver um tempo idílio no passado, onde suas regras não eram 
questionadas e suas terras eram seguras. 
Mas com a coroa descansando instavelmente na cabeça do rei Stephen, ambiciosos 
barões Ingleses tinham começado a descontrolar-se na zona de fronteiras, tomando as terras 
que podiam no caos provocado por eles mesmos. 
Então pelo último ano as irmãs tinham escondido a enfermidade de seu pai tão bem 
como puderam, para acautelar a percepção de que Rivenloch era um lugar fácil. Deirdre tinha 
servido como administradora da fortaleza – e como capitão do guarda, com a Helena como 
segunda no comando, e Miriel se ocupou da casa e das contas. 
Obtiveram-no adequadamente. Mas Deirdre era o suficientemente sábia para saber que 
tal subterfúgio não podia durar para sempre. Talvez fosse essa a razão para súbita citação da 
parte do rei. Talvez os rumores da debilidade de seu pai tivessem sido espalhados. 
Deirdre tinha pensado longamente sobre o tema e finalmente aceitou a verdade. 
Enquanto os cavalheiros de Rivenloch eram valentes e habilidosos, mas não tinham 
lutado uma batalha real desde antes que ela tivesse nascido. Agora, homens guerreiros 
famintos por possuir terras ameaçavam a zona da fronteira. Só duas semanas atrás, um barão 
inglês tinha atacado uma fortaleza escocesa no Mirkloan, a pouco mais de cinqüenta milhas 
de distância. Por certo, a Rivenloch lhe serviria muito receber o conselho de um guerreiro 
experiente em combates, alguém que pudesse aconselhá-la em sua posição de comandante. 
Mas a missiva que tinha chegado à semana passada com o selo do Rei David, a carta que 
Deirdre tinha compartilhado só com a Helena, ordenava que uma das filhas de Rivenloch 
fosse dada em matrimônio ao novo administrador. Claramente o rei queria uma posição, mas 
permanente para o cavalheiro normando. 
A notícia a tinha golpeado como um soco ventre. Com a responsabilidade de dirigir o 
castelo, a última coisa que estava na mente das irmãs era o matrimônio. Que o rei casasse a 
uma delas com um estrangeiro era inconcebível. 
O rei David duvidava da lealdade do Rivenloch? Deirdre só podia rezar para que este 
matrimônio compulsivo fosse uma tentativa de manter a fortaleza – ao menos em parte em 
mãos do clã. 
Ela queria acreditar nisso, precisava acreditá-lo. De outra maneira, ela poderia sentir-se 
tentada de desembainhar sua própria espada e unir-se a sua fervorosa irmã e provocar um 
massacre Normando. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
6 
Helena se meteu debaixo da água, para esfriar sua irritação. Agora emergia subitamente, 
sacudindo a cabeça e salpicando a água como um cão. 
‚Já sei! O que te parece se emboscarmos ao noivo Normando no bosque?‛ Ela disse com 
entusiasmo. ‛Agarrá-lo despreparado. Cortá-lo em pedacinhos. E acusamos à ‘Sombra’ de 
sua morte?‛. 
Por um momento, Deirdre só pôde olhar em silêncio a sua irmã sedenta de sangue. 
Temeu que ela estivesse falando a sério. ‛Mataria a um homem tomando-o despreparado e 
acusaria a um ladrão comum de sua morte?‛ Disse repreendendo-a e tomou o sabão. ‛Não‛, 
ela decidiu,‛ninguém será morto. Uma de nós se casará com ele‛. 
‚Por que devemos fazê-lo?‛ Hel disse mal-humorada. ‛Não é suficientemente odioso 
que devamos entregar nosso lar a esse filho de puta?‛ 
Deirdre apertou o braço de sua irmã, demandando que a olhasse. ‛Não cederemos nada. 
Além disso, você sabe que se uma de nós não se casa com ele, Miriel se oferecerá, queiramos 
ou não. E Papai lhe permitirá fazê-lo. Não podemos permitir que isso aconteça‛. 
Helena se mordeu a língua para não amaldiçoar, depois murmurou ‛Normando 
estúpido. Nem sequer tem um nome decente. Quem chamaria um menino Pagan?‛. 
 Deirdre devia concordar com essa idéia, entretanto, o nome Pagan não despertava 
visões de um líder responsável. Ou de honra. Ou de piedade. Mas bem soava como o nome 
de um bárbaro selvagem. 
Helena suspirou profundamente, depois assentiu e tomou o sabão outra vez. ‛Serei eu 
então. Casarei-me com este filho de…‛ 
Mas Deirdre pôde ver um brilho assassino nos olhos da Helena que seu novo marido 
não duraria mais que a noite de bodas. E apesar de que Deirdre não choraria a morte do 
intruso normando, ela não desejava ver sua irmã arrastada à corte do rei acusada de 
assassinato. ‛Não‛, ela disse.‛É meu dever. Casarei-me com ele‛. 
‚Não seja tola‛, Hel respondeu. ‛Eu sou mais perita que você. Além disso,…‛ ela disse 
com um sorriso travesso, esfregando o sabão entre suas mãos, ‛enquanto eu entretenho ao 
bastardo, você pode reunir forças para um ataque surpresa. Tiraremos-lhe Rivenloch, 
Deirdre‛. 
‚Está louca?‛ Deirdre salpicou com água a sua temerária irmã. Ela tinha pouca 
paciência para a fúria cega da Helena. Às vezes Hel mostrava uma arrogância típica dos 
Highlanders, acreditando que toda a Inglaterra podia ser conquistada só com uma dúzia de 
bravos escoceses. 
‚É a vontade do Rei David que o Normando se case com uma de nós. O que fará 
quando seu exército venha a nos fazer cumprir a ordem do rei?‛ 
Hel silenciosamente ponderou suas palavras. 
‚Não‛, Deirdre disse antes que Hel pudesse criar outro plano de emergência. ‛Eu me 
casarei com o cretino Normando‛, ela corrigiu. 
Helena se calou por um momento, e depois tentou com outra tática, perguntando, ‛O 
que te passaria se ele me prefere? Depois de tudo, Eu tenho mais do que gosta aos homens‛. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
7 
Saiu da água para posar provocativamente e oferecer prova de suas palavras. ‛Sou mais 
jovem. Minhas pernas têm mais forma. Meus peitos são maiores‛. 
‚Sua boca é maior‛, Deirdre respondeu, sem afetar-se pelo intento de Helena de 
provocá-la. ‛A nenhum homem gosta de uma mulher com uma língua de víbora‛. 
Hel franziu o cenho. Então seus olhos se iluminaram outra vez. ‛Muito bem então. 
Brigaremos por ele‛. 
‚Brigaremos?‛ 
‚A ganhadora se casa com o normando‛. 
Deirdre mordeu o lábio, seriamente considerando o desafio. As chances de vencer Hel 
eram boas, já que ela brigava com muito mais controle que sua volátil irmã. E Deirdre estava 
suficientemente farta com a estupidez de Helena para aceitar seu desafio e arrumar o assunto 
de uma vez. 
Mas ainda restavam os espiões na colina. E a menos que ela estivesse equivocada, Miriel 
se aproximava apressadamente para elas. 
‚Shh!‛ Deirdre sussurrou. ‛Miriel vem. Não falemos mais disto por agora‛. Deirdre 
extraiu a água de seu cabelo. ‛O normando deveria chegar em um dia ou dois. Tomarei 
minha decisão antes do entardecer. Enquanto isso deve reter Miriel para cá. Tenho algo que 
fazer.‛ 
‚Os homens na colina?‛ 
Deirdre pestanejou. ‛Sabia?‛ 
Hel levantou uma sobrancelha ironicamente. ‛Como poderia não havê-lo notado? O 
som dos ofegos desses imbecis despertariam até a um morto. Está segura que não necessita 
ajuda?‛ 
‚Não podem ser mais que dois ou três‛. 
‚Dois. E eles estão muito distraídos neste momento‛. 
‚Bem. Mantenha-os distraídos com seu generoso corpo‛. 
 
* * * 
 
‚Deus seja louvado‛, Colin disse entre dentes. ‛Aqui vem a terceira‛. 
 Ele assentiuolhando a delicada figura de cabelos escuros que cruzava o campo verde e 
se dirigia à lagoa, despindo-se à medida que chegava ali. ‛Por Deus, é bonita, doce e 
pequena, como uma cereja suculenta.‛. 
Pagan tinha suspeitado que a última irmã pudesse ser renga1, ou maneta, ou que lhe 
faltariam vários dentes ou que seria uma deficiente mental. Mas apesar de que parecia frágil e 
menos imponente que suas curvilíneas irmãs, ela também, possuía um corpo que humilharia 
a uma deusa. Ele só podia sacudir sua cabeça assombrado. 
 
1
 Manca 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
8 
‚Doce Virgem Maria, Pagan‛, Colin disse com um suspiro enquanto a terceira donzela 
saltava dentro da lagoa, e começaram a chapinhar como sereias brincalhonas. ‛A quem lhe 
teve que beijar o traseiro? Ao rei? Não pode ter tanta sorte!‛ 
Pagan franziu o cenho, O que tinha feito ele para merecer a opção de escolher uma 
esposa entre semelhantes belezas? Ah sim… tinha servido ao David em diferentes batalha 
várias vezes, mas tinha visto o rei só uma vez na Escócia, em Moray mais exatamente. 
Parecia-lhe que lhe tinha caído muito bem ao rei, e Pagan tinha salvado um bom número de 
homens do rei de cair em uma emboscada nesse dia. Mas certamente não foi mais o que 
qualquer comandante tivesse feito. 
Tudo era um enigma. 
‚Algo não encaixa, algo não está bem‛. 
‚Ah se, algo não está bem‛, Colin concordou, finalmente arrancando sua atenção das 
três donzelas para focalizá-la em Pagan. ‛perdeste a cabeça‛. 
‚Parece-te? Ou deveria suspeitar poderia haver uma serpente neste jardim?‛ 
Os olhos de Colin se estreitaram picaramente. ‛A única serpente é a que se está 
levantado debaixo de seu cinturão, Pagan‛. 
‚Diga-me outra vez, o que te disse exatamente Boniface?‛ 
Pagan nunca entrava em um campo de batalha às cegas. Isso era o que o tinha mantido 
vivo ao longo das perigosas batalhas. Dois dias antes ele tinha enviado ao Boniface, seu 
confiável escudeiro, disfarçado como um histrião, a descobrir tudo o que pudesse a respeito 
de Rivenloch. 
Tinha sido Boniface quem os tinha alertado da intenção das filhas de banhar-se na lagoa 
nessa manhã. 
Colin se esfregou pensativamente seu queixo, recordando o que o escudeiro tinha 
reportado. 
‚Ele disse que o lorde está senil. Ele tem uma debilidade pelos jogos de dada, aposta 
alto, e perde bastante seguido. E… ah, sim‛, ele subitamente pareceu recordar. ‛Ele disse o 
velho não tem administrador. Ele aparentemente tem intenção de deixar o castelo para sua 
filha mais velha‛. 
‚Sua filha?‛ Isto era novidade para Pagan. 
Colin se encolheu os ombros. ‛Eles são Escoceses‛, ele disse, como se isso explicasse 
tudo. 
Pagan franziu seu cenho enquanto pensava. ‛Com o Stephen reclamando o trono 
inglês‛, 
‚Rei David necessita muitas forças para manter em ordem as terras da fronteira,‛ ele 
considerou ‛Não moças‛ 
Colin estalou seus dedos. ‛Bom, isso, então. Quem melhor para ser o líder de Rivenloch 
que o ilustre Sir Pagan? É amplamente sabido que os Cavalheiros do Cameliard não têm 
igual‛. Colin se voltou, com vontade de voltar a espiar. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
9 
Na lagoa, mais abaixo, a voluptuosa moça sacudiu a cabeça, salpicando a sua risonha 
irmã e movendo seu torso nu de um modo que fez que Pagan instantaneamente se excitasse 
sexualmente. Ao lado dele, Colin gemeu, de prazer ou dor, Pagan não estava seguro. 
Subitamente dando-se conta do significado do gemido, Pagan o golpeou no ombro. 
‚Por que me golpeia?‛ Colin sussurrou. 
‚Por olhar com luxúria a minha noiva‛. 
‚Qual é sua noiva?‛ 
Ambos voltaram seus olhares à lagoa. 
Pagan estaria para sempre arrependido por seu momentâneo lapso em seus instintos de 
guerreiro. Quando ouviu as suaves pegada atrás dele foi muito tarde para fazer algo. Colin 
nunca chegou para ouvi-las. Ele estava muito ocupado agradando seus olhos. ‛Espera. Só 
vejo duas delas agora. Onde está a loira?‛ 
Atrás dele, a feminina voz disse claramente, ‛aqui‛. 
 
 
Capítulo 2 
 
Pagan não se atreveu a dar-se volta. A espada dela pressionava firmemente contra uma 
veia que pulsava em sua garganta. Ao lado dele, Colin abriu a boca surpreso, cambaleou e 
caiu quando quis olhá-la. Se Pagan não tivesse estado furioso com ele mesmo por ter baixado 
a guarda, teria se rido com a cena. 
‚Moços, não estão um pouco grandes para andar espiando donzelas banhando-se?‛ Seu 
tom era zombador. ‛Esperava encontrar jovens imberbes aqui, não homens adultos‛. 
A moça deve ter dado a volta ao redor da base da colina, subiu até chegar pelas costas 
deles. A humilhação fez arder as orelhas de Pagan, e para piorar as coisas Colin, em vez de 
vir em sua ajuda, estava apoiado sobre seus cotovelos com uma expressão perplexa que 
comunicava ao mundo que a loira era ainda mais bela de perto. Ele se perguntou se ela seria 
ainda mais bonita nua. 
‚Vocês não são daqui‛, ela adivinhou. ‛O que estão fazendo nestas terras?‛ 
Pagan se negou a responder. Não devia à mulher nenhuma explicação. ‛Estas terras‛ 
logo pertenceriam a ele. 
Mas Colin, o traidor, estava encantado pela mulher e respondeu. ‛Não tínhamos 
intenção de ofender ou incomodar, minha lady‛, ele disse quando se recuperou de seu estado 
de choque,‛O asseguro‛. Ele sorriu, fazendo que seus olhos cor esmeralda dançassem de uma 
maneira que nunca falhava em seduzir as moças. ‛Veja, somos amigos do Boniface? O 
histrião‛. 
Enquanto Colin a mantinha entretida, Pagan ganhou vantagem de sua distração para 
deslizar sua mão lentamente pelo flanco de seu corpo e logo ao longo de sua panturrilha. 
Poderia tirar a adaga de sua bota? 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
10 
Colin levantou suas sobrancelhas em fingida inocência e seguiu falando. ‛Disseram-nos 
que ele tinha passado por aqui. Só queríamos nos encontrar com ele. Não tinha intenção de 
entrar como intrusos em suas terras‛ 
A espada subitamente se afundou na carne do pescoço de Pagan, em violento contraste 
com a voz melodiosa da mulher, que disse. ‛Espero que te esteja picando a perna e não que 
esteja tratando de tirar algo da bota‛. 
Ele apertou os punhos. Maldição! Ele era um guerreiro, o comandante de um grupo de 
cavalheiros. Ser ameaçado a ponta de espada por uma donzela! Por Deus! era humilhante. ‛O 
que quer?‛ ele grunhiu. 
‚O que quero?‛ ela repetiu. ‛Hmm. O que quero?‛ Ela baixou a espada e golpeou a coxa 
de Pagan irreverentemente com a espada. Mas antes que ele pudesse reagir, ela a moveu 
rapidamente de volta a sua garganta. ‛Sua roupa interior‛. 
Colin afogou sua risada. 
Ela sorriu brandamente em resposta. ‛As tuas também‛. 
O sorriso de Colin se congelou em sua cara. ‛Eu? Quer que eu me tire meus…?… a 
roupa interior?‛ 
‚Sim‛. 
A ira crescia em Pagan. ‛Idiota!‛ disse ao Colin, que realmente parecia estar desfrutando 
da cena. ‛Toma sua espada. Maldição, ela é só uma mulher, uma neném. Te vais ficar aí 
atirado como um…?‛ 
Colin riu. ‛Ela já não é uma neném, verdade, moça? Além disso, se a senhorita quiser 
minha roupa, Estarei encantado em obedecer‛. Colin ficou de pés, deixou cair seu cinturão, 
tirou-se suas botas, e começou a afrouxar os cordões de suas calças. ‛depois de tudo, é justo. 
Eu a espiei enquanto estava nua‛. 
O entusiasmo de Colin enquanto se tirava as calças e a roupa interior só aumentou a 
irritação de Pagan. Para sua surpresa, quando finalmente Colin se mostrava corajosamente 
ante ela, seu membro ereto estirando a túnica larga como uma carpa, a mulher permaneceu 
indiferente a sua exibição de masculinidade. 
Com a mão livre, ela recolheu o cinturão e o lançou por a colina. ‛Agora você‛, ela disse, 
cravando a Pagan a ponta de sua espada. 
Pagan considerou que não o faria.Colin podia consentir com esse jogo, sorrindo como 
um idiota só coberto por sua túnica, Mas Pagan estava certo a não lhe conceder nada a uma 
mulher. 
‚Não‛, ele disse. 
‚Vamos‛, ela o apurou. ‛É um pagamento justo por estar espiando‛. 
‚Não é um crime espiar aquilo que se exibe tão obscenamente‛, ele a repreendeu. Ela já 
tinha ferido seu orgulho de cavalheiro. Ele não ia permitir ganhar a luta de vontades também. 
A voz dela adquiriu um tom duro. ‛te tire a roupa. Já‛. 
‚Não‛, ele disse também com um tom duro. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
11 
Apesar de que a espada nunca se moveu de seu pescoço, a mulher caminhou detrás 
dele, inclinando-se para lhe sussurrar no ouvido. ‛É perigosamente arrogante‛. Seu quente 
fôlego lhe produziu um calafrio que lhe percorreu o corpo, e a essência de sua pele recém 
lavada era uma distração perigosa. Mas ele se negou a admiti-lo. 
Com o silêncio dele, ela deu a volta para enfrentá-lo cara a cara, ela se agachou para 
estar diretamente em sua linha de visão. Pagan não tinha outra opção, mas que olhá-la. O que 
viu fez que seu coração se acelerasse e que sua boca se secasse. 
Graças a Deus, ela já não estava nua, de outro modo a luxúria teria esmagado toda sua 
vontade. Ainda assim, sua fúria se derreteu instantaneamente, e era difícil para ele formar 
idéias, e muito menos emitir palavras. 
Era bela como uma manhã do verão. O cabelo dela secava-se formando suaves ondas, 
parecia grafite com luz de sol, e seus olhos brilhavam tão claros e azuis como o céu. Sua pele 
era tão dourada, parecia que seria morna ao tato, e seus lábios eram rosa claro e Pagan 
desejou pô-los mais rosas com beijos. 
Ele baixou seus olhos até o doce oco entre seus peitos. O martelo de Thor feito em prata 
pendurava em uma gargantilha ali, em brusco contraste com sua delicada pele. 
Sua voz era suave agora. ‛Realmente isto vale sua vida?‛ Havia um traço de curiosidade 
em seus olhos, como se não pudesse acreditar que ele se negasse a obedecer a suas demandas. 
Ele tragou com dificuldade. Se ela tinha planejado desarmá-lo com sua beleza, era uma 
boa idéia. E funcionou até certo ponto. Mas enquanto ele continuava olhando sua formosa e 
feminina cara, ele se deu conta de uma verdade. Significativa. Apesar de toda sua bravura e 
palavras duras, ela era uma mulher. E o coração de uma mulher sempre era terno e 
compassivo. 
A espada ameaçando sua garganta não era, mas que uma travessura. Ela nunca a usaria 
para machucá-lo. Não era mais perigosa que um gatinho. 
‚Não me cortará‛, ele disse, desafiando seu olhar. 
Ela franziu o cenho. ‛Não seria o primeiro‛. 
Pagan não lhe acreditou por um instante. 
Colin, preocupado pela séria mudança no intercâmbio de palavras, interrompeu com 
um sorriso. ‛Paz‛, amigos. Não necessitamos que isto se converta em um assunto tão grave. 
Vamos, te tire a roupa como um bom moço, sim Pagan?‛‚. 
Com suas palavras, um alarme percorreu os traços da donzela como um raio, 
desaparecendo outra vez tão rápido que Pagan se perguntou se o tinha imaginado. 
Ela ficou de pé então, e se parou ante ele como um conquistador. Colin tinha razão. Ela 
não era um neném, nem sequer uma garotinha com semelhante altura. E sua voz era tão 
cortante e impressionante como sua altura. ‛Sua roupa, sir. Agora‛. 
Pagan estreitou seus olhos ante seu quadril, que estavam rodeadas por um pesado 
cinturão de cavalheiro que servia para sustentar a espada. O cinturão ia por cima de uma 
feminina saia azul. 
‚Não‛, ele desafiou. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
12 
Um longo silêncio cresceu entre eles, carregando o ar como o vento antes de uma 
tormenta. 
E então um raspou estalou. Foi tão inesperado e tão rápido que a princípio Pagan não o 
sentiu. 
‚Santa Mãe de Deus!‛ Colin murmurou assustado. 
 Algo ardia no peito de Pagan. 
Era impossível. Impensável. 
Atônito, ele levou seus dedos ao lugar. Voltaram ensangüentados. 
A moça o tinha talhado. A moça de cara doce, de voz suave, e olhos azuis tinham 
talhado sua carne. 
Antes que ele pudesse recuperar-se para lançar um contra-ataque, ela levou a espada de 
volta a sua garganta, e ele foi forçado a agachar-se dobrado em dois como um animal ferido 
enquanto o sangue do corte superficial se escorria pela túnica rasgada. 
Ele se tinha equivocado a respeito a dela. Estava completamente equivocado. Nenhum 
remorso suavizou seu olhar tranqüilo. Nada de piedade. Nada de clemência. Poderia matá-lo 
sem pestanejar. 
Nunca tinha visto tanta força de vontade em uma mulher. E só nos mais desumanos 
guerreiros tinha visto esse tipo de fria determinação. Ele impressionava e o enfurecia. 
Dobrado em dois, desamparado, olhando-a fixamente com ira silenciosa, não podia decidir o 
que sentia por ela, admiração ou ódio. 
‚Mãe de Deus‛, Colin disse balbuciando à mulher, ‛sabe o que tem feito?‛ 
Seu olhar nunca se desviou. ‛Dava-lhe uma advertência prévia‛. 
‚OH, minha lady‛, Colin disse, sacudindo sua cabeça, ‛provocou ao urso‛. 
‚É só um arranhão‛, lhe disse, estreitando seu olhar em Pagan e adicionou, ‛para lhe 
recordar quem tem a espada aqui‛. 
‚Mas, minha lady‛, Colin pressionou, ‛sabe quem é ele?‛ 
‚Deixa-a‛, Pagan interrompeu, sem deixar de olhá-la e permitindo um sorriso malicioso, 
adicionou, ‛farei o que minha lady quer‛. 
Por agora, ele pensou. Mas em uns poucos dias, não, amanhã, ele reclamaria Rivenloch 
para si próprio. Já tinha eleito sua noiva. Casaria-se com a terceira irmã, a pequena, delicada e 
a dócil, a que parecia incapaz de matar uma mosca. Quanto a essa moça, encerraria-a por sua 
rabugice. 
Não podia esperar para ver o gelo da compostura dela quebrar-se quando lhe 
informasse que ela passaria um mês em calabouço de Rivenloch. 
O coração de Deirdre pulsava ferozmente, e desejava que seus ossos não tremessem. O 
mais leve tremor em seu olhar podia resultar mortal. Tinha chegado a tal extremo, e agora, 
sabendo a quem se enfrentava, ela não se atrevia a retroceder, menos ainda ante um 
normando que presumia que ela era. 
O tipo de mulher que ele podia intimidar. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
13 
Ainda assim, ela desejou ter lutado com seu desafio de um modo mais diplomático. 
Respondendo com semelhante golpe não era digno dela; esse tipo de reação violenta era mais 
próprio da volátil Helena. Envergonhava-lhe admitir que tinha atuado de maneira irracional. 
Mas ao ouvir o nome Pagan referindo-se ao homem ela tinha acreditado que era um 
inofensivo e travesso moço foi um grande choque. E suportar o escrutínio desses olhos 
ardentes, tão temerários, tão insolentes, tão atrevidos tinha-a perturbado completamente. 
Debaixo de semelhante pressão, ela o tinha talhado. 
Ela tinha esperado terminar com o assunto dos espiões rápida e facilmente. 
Com a primeira impressão, ela tinha adivinhado que o sorridente cavalheiro de cabelos 
escuros era inofensivo, por isso tinha apontado sua espada ao outro, que lhe tinha parecido 
mais perigoso. Mas tinha subestimado a extensão de sua periculosidade. E embora ela 
preferiria morrer antes de admiti-lo, quando finalmente pôde ver a cara de Pagan, 
estremeceu-se pelo fato de que fosse o homem mais bonito que tivesse visto. Tinha esperado 
que o normando que viria como administrador fosse muito mais… feio. E muito menos 
jovem, e menos magnífico. 
Ainda agora, era difícil olhá-lo, sem notar o tom verde cinzento de seus olhos, seu 
cabelo brilhante, o forte ângulo de seu queixo, sua boca curvada que parecia chamá-la, tentá-
la convidá-la a… 
Ela voltou a focalizar seu olhar em seus olhos. Por Deus! o que estava pensando? Não 
importava que ele fosse bonito. Ele era seu inimigo. Era o bastardo normando que tinha 
vindo a ocupar seu castelo e suas terras. Estremeceu-seao recordar que, mas ele tinha vindo a 
tomar. 
Forçou a suas sobrancelhas a franzir. Ele se deu conta de sua distração? Da vacilação de 
sua determinação? 
Uma luz sutil alterou seu olhar. Podia ser diversão. Ou satisfação. Nenhum bom 
presságio. 
Ela se endireitou e se esticou enquanto ele tirava suas botas, desabotoou seu cinturão, e 
começou a tirar suas calças, tudo com deliberada tranqüilidade. Maldição, as palmas de suas 
mãos estavam suando. O cabo da espada estava escorregadio em sua mão. Se ela não era 
cuidadosa, poderia cair. 
‚Te apresse‛, ela murmurou. 
Suas pestanas se baixaram com sugestiva insolência enquanto terminava de tirar as 
calças. ‛Paciência, minha lady,‛ ele murmurou. 
Ela desejou golpeá-lo outra vez, mas afogou esse impulso. Ele não devia descobrir como 
a provocava ou ela nunca conseguiria dobrá-lo. Nunca. 
Ainda, contra sua vontade, seu olhar permanecia fixo onde seus dedos distraidamente 
afrouxavam os cordões de sua roupa interior. Seus nódulos mostravam cicatrizes próprias de 
um guerreiro, mas suas mãos se moviam com graça e habilidade que fez que seus joelhos se 
debilitassem. 
Então, sem cerimônia e antes que ela pudesse recuperar-se, ele baixou o último objeto. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
14 
Ela se afogou. Era como se ela não tivesse visto centenas de homens nus antes. Tendo 
passado a metade de sua vida entre homens, vê-los sem roupa tinha sido inevitável. Mas o 
olhar que lançou a suas partes íntimas, expostas por um breve momento, parecia dizer o 
contrário. Pois ele parecia estar muito bem dotado. Era evidente que ele não estava nem 
comovido nem excitado com sua beleza, como a outros homens invariavelmente ocorria. 
O que significava que ela tinha uma arma a menos em seu arsenal. 
Maldição. 
Seus olhos faiscaram perigosamente. ‛E agora o que?‛ Ele perguntou 
brandamente.‛Você gostaria de ver se te cabe?‛ 
Se ele queria insultá-la, tinha falhado. Do primeiro minuto em que Deirdre tinha 
levantado sua primeira espada e usado sua primeira cota de malha, tinha sofrido a 
ridicularizarão por parte de homens e mulheres por igual. Se foi acostumando com os anos de 
insultos, ao que ela tinha aprendido a responder, ao princípio com a espada e mais tarde com 
a indiferença. 
Ela se estirou para tomar e aproximar o cinturão de Pagam. 
‚Toma, minha lady‛, disse seu companheiro, arrojando suas calças e sua roupa interior 
ao chão aos pés dela. 
‚Perdoe a meu amigo. É lento mentalmente e muito rápido com a língua. Tirou-nos 
nossas armas. Tem nossa roupa interior. Você ganhou. Rogo-lhe, deixe-nos ir em paz‛. 
Apesar de que ela realmente tinha ganho, tinha-os superado a ambos, e que estava 
exercendo sua vingança ao condená-los a uma tarde humilhante caminhado pelo campo com 
nada para cobrir-se mas que suas túnicas, Deirdre não podia sobrepor-se à idéia de que de 
algum jeito ela estava sendo refém da situação. 
O normando ainda a olhava com olhos penetrantes, e não importava que ela o estivesse 
ameaçando a ponta de espada. Não importava que ele estivesse nu debaixo de sua túnica. 
Tampouco importava que ele estivesse marcado pelo fio da espada dela. Havia um olhar de 
vitória em Pagan, e ela sabia que nunca tinha enfrentado a um inimigo mais formidável. 
Por Deus! que passaria quando ele descobrisse quem era ela? O que seria de Rivenloch 
quando esse bruto viesse reclamar seu lugar no grande hall do castelo? 
E que seria dela quando devesse reclamar seu lugar em sua cama? 
Rapidamente, antes que um tremor pudesse traí-la, ela tomou a roupa interior de Pagan 
e de seu companheiro com sua mão livre, as pondo logo sobre seu ombro. Então saudou os 
homens com uma breve sacudida de cabeça e se apressou a sair dali. Estava afastando-se 
quando Pagan a chamou. 
‚Se esqueceu de algo, dama?‛ 
Sempre em guarda, ela girou com sua espada pronta para atacar. Muito tarde. Algo 
passou assobiando perto de sua orelha e se alojou no tronco da árvore ao lado dela. A adaga 
de sua bota. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
15 
Ela se sobressaltou. A adaga não lhe tinha acertado por uns poucos centímetros. Mas 
quando ela fixou seus olhos em Pagan, parado ali em aberto desafio, soube em um segundo 
que ele tinha tido a intenção de errar. O que era ainda mais ameaçador. 
Sua mensagem era clara. Ele podia havê-la matado. Ele simplesmente escolheu não fazê-
lo. 
Suas fossas nasais abertas e alertas, ela embainhou sua espada e se afastou com toda a 
calma que pôde fingir, silenciosamente amaldiçoando ao normando em todo o trajeto de volta 
a sua casa. 
‚Maldição! O que nos passou?‛ Colin demandou quando a moça havia desaparecido. 
Pagan ainda fervia pela traição de Colin.‛Perdemos nossa roupa interior, e em parte 
graças a você‛. 
‚Nossa roupa interior? Pagan, perdeste a cabeça‚. Colin baixou com tropeções pela 
colina até o lugar onde estavam suas armas.‛sabe, se você queria escolher uma noiva por 
processo de eliminação, me poderia haver dito isso. Não era necessário matá-la. Eu estaria 
encantado de tomar a uma delas‛. 
Pagan foi atrás dele.‛Não ia matá-la.‛ 
‚Não?‛ Colin amaldiçoou enquanto pisava em algo pontudo com o pé descalço. 
‚Não‛. Pagan estreitou seus olhos.‛Tenho algo muito pior planejado para essa‛. 
‚Não brinque‛, Colin disse, saltando em um pé.‛Te vais casar com ela‛. 
‚Agora você perdeu a cabeça‛. Pagan não podia negar que o pensamento de deitar-se 
com a moça era diabolicamente tentador. A beleza dela naturalmente o tinha excitado, apesar 
de sua determinação de não demonstrá-lo. Mas havia algo mais. A maioria das moças o fazia 
sentir-se superior, forte e inteligente. Esta desafiava sua dominância. Pela primeira vez em 
sua vida, havia-se sentido de igual para igual com uma mulher, fisicamente e mentalmente, e 
a idéia de deitar ao lado dessa mulher o excitava. 
Mas em um instante, com o cruel ataque de sua espada, ela tinha mostrado a fria 
natureza de seu coração. 
‚Não‛, disse ao Colin amargamente.‛vou encadeá-la. Quebrarei seu espírito. Ensinar-
lhe o que é obediência‛. 
‚Ah sim, como disse‛, Colin respondeu,‛você vais casar com ela então‛. 
‚Vou casar-me com a tranqüila e dócil‛, ele declarou, embora a idéia lhe trouxe pouca 
alegria.‛Sem dúvidas ela provará ser uma esposa devota, agradecida e obediente, feliz de 
agradar meus pedidos. E a mais frágil das três não parece capaz de levantar uma espada, e 
muito menos de me atacar com uma‛. 
 
 
Capítulo 3 
 
‚Outra vez!‛ Deirdre levantou seu braço e ordenou a sua irmã para que atacasse uma 
vez mais. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
16 
Hel investiu com um sorriso selvagem, e suas espadas se chocaram produzindo uma 
série de faíscas. 
A violência era catártica, algo que lhe revitalizava depois do encontro perturbador da 
manhã. Deirdre não tinha falado com suas irmãs de seu encontro com o Normando, 
tampouco tinha intenção de fazê-lo. Ela preferiu carregar só com o episódio. Ao menos 
Helena e Miriel passariam suas últimas horas como as administradoras de Rivenloch com 
uma piedosa ignorância. 
O escudo da Helena chocou subitamente contra o de Deirdre, sacudindo seus ossos. 
Deirdre se equilibrou, devolvendo um golpe horizontal de sua espada que teria talhado a 
qualquer um pela metade. Mas Hel foi rápida. Saltou para trás com um grito curto, então e se 
agachou bem a tempo para ficar debaixo da espada de Deirdre. 
‚A-ha!‛ ela gritou, a ponta de sua espada sobre o queixo de Deirdre, seus olhos acesos 
com a vitória. 
Mas a alegria na cara de sua irmã, que estava poeirenta pela prática em campo, não 
diminuiu o peso do sinistro destino no qual Deirdre nem podia deixar de pensar. Ele viria. 
Talvez não esta noite. Talvez não amanhã. Mas ele viria por ela. 
Deirdretinha sabido no instante em que cruzou seus olhos com Pagan que ela devia ser 
a filha que se casaria com ele. Miriel não podia, porque desapareceria debaixo da sombra 
poderosa desse homem. Hel não podia, porque um deles terminaria morto ao final de sua 
noite de núpcias, e ela temia agora que não seria o normando. 
Não, Deirdre devia sacrificar-se. 
Seria um matrimônio infernal, ela estava segura, mas ela sobreviveria. Por Miriel. Por 
Helena. E por Rivenloch. 
Hel interrompeu seus pensamentos, aplaudindo a bochecha de Deirdre com a mão 
enluvada. 
‚Trabalha em sua velocidade, preguiçosa‛, ela provocou.‛Devemos ao menos fazer que 
o bastardo normando tenha que caçar a sua noiva‛. 
As palavras do Hel ecoaram em sua alma como sinos discordantes. Não haveria caçada 
de noiva. Não com Pagan. Ele viria e a reclamaria. Simplesmente. Rapidamente. 
Irrefutavelmente. 
Sua imagem, gravada de maneira indelével em sua mente como os desenhos no punho 
de sua adaga, assaltou-a outra vez: sua aparência orgulhosa, seu sorriso zombador, seu olhar 
desdenhoso, e seu pulso começou a acelerar-se. 
Por Deus. O que lhe passava? Ela não era uma donzela frágil que se intimidava quando 
enfrentava um perigo. Ela era Deirdre de Rivenloch. Tinha açoitado ladrões e domado feras e 
ferido bandidos. Não permitiria que o endiabrado normando a esmagasse. 
A fúria esquentou suas bochechas. Empurrou a espada de Helena a um lado com seu 
escudo.‛Outra vez!‛ 
Faíscas explodiram quando suas espadas se chocaram uma vez mais. Hel girou e saltou, 
revolvendo sua espada como se fora de brinquedo, mas o escudo de Deirdre estava sempre aí 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
17 
para responder. Enquanto Hel mostrava todos seus truques, Deirdre poderosamente 
rechaçou os golpes com sua própria espada, mantendo longe a Hel com sua força superior e 
uma crua determinação que não permitiu que fosse derrotada. 
Mas não era a sua irmã a quem ela procurava conquistar, a não ser os demônios que 
habitavam seus pensamentos. 
Esta, ela pensou, golpeando diagonalmente para baixo, é por me espiar como um 
jovenzinho libidinoso. 
E esta? Ela se equilibrou para diante, errando a Hel por centímetros, é por te burlar com 
o truque da adaga. 
Ela desviou a espada de Helena que ia para sua cabeça. 
E esta outra? Ela avançou incansavelmente, golpeando a mão direita e sinistra em 
rápida sucessão, até que Hel esteve abandonada contra a cerca. Esta é por me olhar com esses 
olhos implacáveis, sedutores, e perturbadores. 
‚Deirdre! Helena!‛ Miriel as chamou do portão, tirando Deirdre abruptamente de seus 
pensamentos. Sua irmã menor levantou suas saias para caminhar pelo campo de prática. 
Deirdre e Hel fizeram uma pausa em sua briga suficientemente longa para ver que, correndo 
servicialmente detrás dela, como sempre, estava Sung Li. Miriel tinha conseguido a criada 
anciã anos atrás, junto com várias armas do Oriente, que formavam sua extensa coleção. 
Hel usou a distração para deslizar-se por debaixo da guarda de Deirdre e debaixo dela, 
para golpear as costas de Deirdre com o anverso de sua espada. Deirdre girou e se lançou 
para diante, mas Hel a evitou com um malicioso sorriso. 
‚O que estão fazendo vocês duas?‛ Miriel demandou, suas mãos em seu quadril. Atrás 
dela, a criada imitou sua postura. 
Acostumadas à desaprovação de Miriel, Deirdre e Hel a ignoraram. Deirdre investiu aos 
joelhos da Helena. Hel limpamente saltou por sobre a espada e devolveu um golpe que se ela 
não evitava agachando-se, teria arrancado a cabeça de Deirdre. 
Miriel lançou um grunhido de desgosto.‛por que se banharam antes? Agora ambas 
estão imundas!‛ ela protestou.‛foi um desperdício de sabão‛. 
A serva estalou sua língua. 
Hel rodou, então se arqueou e saltou ficando de pé outra vez, pronta para batalhar. 
Deirdre se levantou, lançando sua trança sobre seu ombro. 
‚Parem, irmãs‛, Miriel rogou. 
Deirdre bloqueou o próximo golpe da Helena e bramou sobre seu ombro.‛Volta para 
dentro, Miriel. Sujará-te suas saias‛. 
‚Mas Papai me pediu que as venha procurar para o jantar‛. 
‚Jantar?‛ Deirdre girou, então lançou um olhar ao o sol. Estava baixo no céu. O tempo 
tinha pirado nesse dia. 
‚Sim‛, Miriel disse.‛faz-se tarde‛. 
‚Só um pouco mais‛, Hel insistiu, passando a espada à mão direita para desviar o 
avanço de Deirdre.‛Não se preocupe. Vamos em seguida‛. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
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‚Mas Papai diz que devem vir agora. O novo administrador chegou. Está aqui faz mais 
de uma hora, e vocês nem sequer estão vestidas adequadamente?‛ 
Pagan estava aqui? Já? As palavras de Miriel assombraram Deirdre, e esse instante de 
distração lhe custou um pequeno corte na bochecha da espada de Helena. Fez um gesto 
de dor, apertando os dentes. 
Miriel conteve a respiração. 
‚OH, Deirdre!‛ Hel baixou sua espada de uma vez.‛Perdão‛. 
Deirdre sacudiu a cabeça. Não era o primeiro arranhão que as irmãs se 
proporcionavam.‛Minha culpa‛. 
‚Talvez deveríamos entrar‛, Hel disse. 
‚Não faça esperar o jantar, Miriel. Lavaremo-nos e iremos em seguida‛. 
Miriel as estudou desconfiada, possivelmente perguntando-se se alguma vez 
conseguiriam lavar-se de toda essa imundície. 
‚Apurem-se então‛, instigou-as.‛Sir Pagan parece muito ansioso para as conhecer‛.Ela 
correu afastando-se, sua criada seguindo-a. 
‚Muito ansioso‛, Hel murmurou quando Miriel se foi.‛Sem dúvidas, o bastardo quer 
casamento rápido e cama rápido também‛.tirou-se suas luvas.‛Vamos então, antes que o 
velho normando comece a montar-se aos cães?‛ 
Mas Deirdre estava muito distraída para apreciar o sarcasmo de Helena. O temor enchia 
suas veias. A hora do encontro tinha chegado. 
O homem certamente não tinha desperdiçado o tempo, ela pensou. Ela tinha tido a 
esperança de ter um dia ou dois para que sua ira se esfriasse. Pagan tinha descoberto quem 
era ela? 
Mas Deirdre se negou a entregar-se a temores típicos de donzelas. Ela era uma 
guerreira, depois de tudo.‛Sim‛, fez-se pulsa,‛fixo deixando sua espada e limpando o sangue 
de sua bochecha com a manga de sua roupa. Ela se endireitou acomodando seus ombros. Era 
hora de confrontar o diabo que em pouco tempo seria seu marido‛. 
‚Está arrumado então‛, o tabelião murmurou. 
Pagan observou ao homem escrever velozmente no documento sobre a mesa ante o 
velho lorde colocasse seu jantar nele, apoiou com força o selo de cera para acentuar o escudo 
de Rivenloch. 
Lorde Gellir tinha insistido em que os papéis fossem assinados de uma vez, apesar de 
que todos estavam no meio da comida. 
O lorde sorriu vagamente, dispensando ao tabelião do grande hall ruidoso com um 
gesto de sua mão ossuda, então voltou sua atenção à carne assada no prato ante ele. 
Pagan revolvia os pedaços de carne sem comê-los. Ele não podia evitar sentir pena pelo 
velho Lorde de Rivenloch. Certamente ele tinha sido um guerreiro formidável em sua 
juventude, porque sua grande espada estava pendurada na parede por cima de uma dúzia de 
escudos conquistados pelo cavalheiro. Era de ossos compridos e largo de ombros, com dedos 
suficientemente compridos para enforcar a um homem com uma só mão. Os poucos fios que 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
19 
ficavam de seu cabelo eram claros, e seus olhos eram de um azul assombroso, 
indubitavelmente filho de Vikings. Mas o tempo o tinha deteriorado como o rio carcome a 
rocha, suavizando sua aparência e infelizmente suavizando sua mente também. 
Era penosamente claro agora que o rei tinha cedido as rédeas de Rivenloch a Pagan não 
como um presente, mas sim como uma tarefa a cumprir. Porque nas mãos de um lorde senil 
com três filhas e um grupo de cavalheiros faltosos de treinamentos pela paz em que viviam, 
Rivenloch certamente seria presafácil dos ingleses. E isso seria uma tragédia. O castelo era 
magnífico, sua localização invejável. 
Por pedido de Pagan, a filha mais jovem e sua camareira o tinham guiado pela fortaleza 
para conhecê-la. 
Ele se deu conta de que havia mudanças que se precisavam fazer. Algumas das 
construções exteriores estavam deterioradas e necessitadas de reparação. Não havia 
suficientes depósitos de armazenagem. E as muralhas que rodeavam a fortaleza e seus 
amplos jardins deviam ser fortificadas. 
Mas essas paredes encerravam tudo o que alguém necessitava para sobreviver na área 
selvagem de Escócia. Uma tosca capela de pedra se erguia no meio do jardim, flanqueado por 
uma fonte. Um extenso pomar provia maçãs, nozes, avelãs, ameixas, e cerejas, e uma grande 
variedade de vegetais. Estavam os estábulos, o posto do ferreiro, o depósito de armas e as 
cozinhas. Atrás da fortaleza se achava o lugar dos animais : os cães, os cavalos, e os falcões. E 
mas além, um extenso campo de prática. A fortaleza em si mesmo,, era um castelo que seria o 
orgulho de qualquer homem. Um prêmio, ele supôs, que valia o preço de um matrimônio. 
‚Ah sim, Está tudo arrumado,‛ o lorde repetiu, dando a Pagan um sorriso distraído 
enquanto ele carinhosamente aplaudia a mais jovem de sua filha. 
A pobre donzela estava pálida como o leite, mas Pagan não podia lhe dar um sorriso de 
segurança a ela. Sentiu-se subitamente esmagado com uma pesadez que lhe tirava o apetite. 
‚Não te arrependerá de sua decisão,‛ Colin disse gentilmente à rapariga, tratando de 
afrouxar seus medos com uma palavra amistosa e um piscou um olho.‛Apesar de que várias 
donzelas estarão tristes de saber que o coração do Sir Pagan Cameliard finalmente foi 
conquistado.‛ 
A moça tragou com dificuldade e baixou seu olhar úmido à taça de cerveja que tinha 
ante ela, a qual ela não havia tocado. 
‚A sua saúde!‛ o pai gritou, sobressaltando a pobre jovem e levantando sua taça tão 
bruscamente que a cerveja se derrubou sobre a branca toalha de linho. 
A gente do castelo, estava sentada ao longo de diversas mesas no grande salão e não 
estavam conscientes de a causa do grito do lorde, entretanto o felicitaram. 
Pagan levantou sua taça, embora seu coração, tampouco, estava para brinde. Por que ele 
estava descontente, não sabia. Depois de tudo, não tinha o que queria? O Lorde de Rivenloch 
o tinha recebido generosamente, e a noiva escolhida parecia totalmente doce. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
20 
Entretanto ele estava vacilante a respeito de reclamá-la como sua. O fato que Pagan 
virtualmente tinha vindo a usurpar a fortaleza de Lorde Gellir era um soco na cara do velho. 
Mas apropriar-se de uma de suas filhas … não era muito? 
Finalmente, Pagan tinha decidido fazer algo nobre, deixar que o pai escolhesse qual da 
donzelas desejada dar em matrimônio. 
Então, para sua surpresa, antes que o lorde pudesse fazer essa decisão, antes que as 
outras duas irmãs tivessem aparecido para jantar, a mais jovem humildemente se ofereceu a 
si mesma. 
Pagan não era tolo. Podia adivinhar instantaneamente pelo tremor em sua voz que ela se 
sacrificou não por desejo para ele, mas sim fazia certo tipo de sacrifício honorável. Era uma 
situação trágica, e entretanto não tinha podido fazer nada mais que aceitar sua oferta. Se não 
a aceitava não só a insultaria, mas sim mancharia a grandeza de seu gesto. 
 Seu pai naturalmente aprovou a união. Porque para todo lorde, a filha mais jovem era 
obviamente a mais dispensável. Era o mesmo nos lares Normandos. O primogênito era criado 
para mandar, o segundo, para brigar, mas o terceiro só podia ambicionar algum lugar na 
Igreja ou um matrimônio proveitosos. Certamente, o matrimônio com Pagan seria proveitoso 
para ela. 
Ainda, assim, não foi com felicidade que Pagan olhou à sombria moça que temia 
encontrar seus olhos, nem ao senil lorde com um bigode de espuma de cerveja por cima de 
seu lábio, nem ao grupo de Escoceses a seu redor que o olhavam com uma combinação de 
adoração e desconfiança. 
Só Colin parecia cômodo entre a gente do castelo. Mas ele sempre parecia estar cômodo 
e depravado. Seu companheiro podia cercar uma conversação tão facilmente com uma nobre 
lady como com uma serva. 
Pagan poucas vezes procurava os afetos de uma mulher. Mas seu atrativo sempre tinha 
sido a base de suas conquistas, nunca seu encanto. 
Esta vez, entretanto, seu atributo falhou em diminuir o terror dos olhos de… OH… qual 
era seu nome? Maldição, se queria diminuir o terror da dama, seria melhor que recordasse 
seu nome. 
‚Vamos,‛ Colin disse, acotovelando-o nas costelas.‛Não franza o cenho, Pagan. Ou 
assustará a Miriel.‛ 
Miriel. Era isso. Desde que se enfrentou com a loira alta essa manhã, sua mente tinha 
estado confusa e intranqüila. 
‚Além disso‛ Colin continuou,‛ele tem uma alma gentil, minha lady. Apesar de sua 
aparência severa, ele é conhecido por seu amor pela música e sua doçura com os animais 
pequenos e os bebês.‛ 
A irritação de Pagan aumentou. Que idiotices estava falando Colin agora? O único uso 
que encontrava aos pequenos animais era comer-lhe e quanto à música … ? 
‚Ah! Chegam tarde!‛ Lorde Gellir grunhiu abruptamente. 
Pagan levantou a vista da carne assada. Meu Deus!, Era hora! 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
21 
Caminhando com calculada lentidão para a mesa central, com suas caras orgulhosas e 
formosas, vinham as irmãs de Miriel. Se chegassem tarde assim para jantar quando ele fosse 
lorde, ele decidiu, deixaria-as ir dormir famintas. 
Pagan pensou que tinha gravado a cara da loira em sua mente, mas viu que sua 
memória não lhe fazia justiça. 
Ela não só era bela. Era de uma beleza que paralisava. Esbelta e elegante em um vestido 
de seda azul, deslocou-se como flutuando pelo piso de pedras com a graça de um gato. 
Sua irmã a seguia, vestida com um túnica de cor açafrão pálido, como se dada a 
apropriada provocação, estivesse pronta para saltar subitamente sobre uma das mesas. 
A conversa de Colin se diluiu enquanto as magníficas irmãs abriam caminho através do 
hall. 
Inesperadamente, o pulso Pagan se acelerou, e ele sentiu a ferida que a loira lhe havia 
infligido, latejar debaixo de sua túnica. 
Por horas, ele tinha imaginado o choque absoluto em sua cara quando ela descobrisse 
sua identidade. Gozaria ao ver sua mortificação quando ela se desse conta que tinha atacado 
a seu futuro lorde. 
Mas sua sede para ver a humilhação dela não ia ser saciada. Sua expressão calma com a 
que ela encontrou seu olhar foi tão fria como o gelo. Não só ela não parecia surpreendida por 
sua presença, mas sim luzia completamente desavergonhada. Moça atrevida! Teria sabido 
todo o tempo quem era ele? Se era assim, então suas ações tinham sido frias e calculadas. A 
bruxa o tinha provocado deliberadamente. 
Enquanto ela se aproximava, seus olhos brilhando como estrelas de gelo, a antecipação 
da deliciosa vingança acelerou seu coração. Toda a tarde, enquanto sua ferida supurava, ele 
se tinha imaginado como domar a essa moça. Ele tinha pensado em encerrá-la com nada mais 
que pão e água. Tinha ponderado a idéia de cortar uns centímetros de sua apreciada cabeleira 
dourada cada dia até que ela se rendesse a ele. E agora que sua vingança estava tão perto, 
resultava-lhe natural o desejo de saboreá-la como a um bom vinho espanhol. 
Mas de algum jeito, ele a observou aproximar-se, seu cabelo brilhando à luz das velas, 
seus peitos pressionando gentilmente contra o decote baixo de seu vestido, seus lábios cheios, 
carnudos e rosados, seus pensamentos a respeito de castigos adquiriu claramente um ar 
sensual. Abruptamente foi assaltado por visões dela mordiscando pão de seus dedos 
enquanto estava ajoelhada e encadeada na torre. Ele imaginou tremendo em sua regata 
enquanto o ventosacudia a pecaminosa transparência contra suas curvas nuas. Ele viu suas 
próprias mãos tocando suas sedosas tranças enquanto extraía uma faca para as cortar 
centímetro a centímetro. 
Amaldiçoou a seus erráticos pensamentos que estavam esquentando seu sangue. Merda! 
Havia só uma coisa pior que ser submetido por uma mulher com uma arma, ele decidiu, E 
isso era ser subjugado pela própria luxúria por ela. 
‚Minhas filhas maiores,‛ Lorde Gellir disse a modo de introdução, lhes fazendo gestos 
com um osso de cordeiro de seu prato. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
22 
Pagan brevemente encontrou o olhar da loira. Aparentemente ela não tinha intenção de 
revelar o encontro dessa manhã. 
 Ele notou que desde que a tinha visto pela última vez, ela se tinha feito um pequeno 
arranhão ao longo de sua bochecha. Ele se perguntou onde o teria feito. 
‚Perdão, papai,‛ a segunda irmã disse, tomando um assento perto de Merewyn? 
Mildryth? Meredith? Por todos os santos, por que não podia recordar o nome de sua noiva? 
‚Estávamos no campo de prática,‛ ela adicionou, lançando um olhar desafiante ao Colin 
e a ele. 
‚Ah,‛ o lorde disse, mastigando um pedaço de carne. ‚Quem ganhou?‛ 
‚Helena ganhou, pai,‛ a beleza loira respondeu, deslizando-se no banco entre suas 
irmãs.‛É obvio, deixei-a ganhar.‛ 
‚Me deixar?‛ Helena chiou.‛Claro que não … eu …‛ 
‚Helena!‛ a irmã mais jovem brandamente interveio.‛Temos convidados.‛ 
‚OH,‛ Helena disse, permitindo que seu olhar viajasse até o par de homens como se 
estivesse avaliando cavalos de guerra para um combate.‛Ah sim.‛ 
‚Este é Sir Colin du Lac,‛ a noiva de Pagan continuou,‛e este é …‛ 
 Exatamente ela não se estremeceu, mas ele podia sentir seu desgosto enquanto o 
apresentava. 
‚Este é Sir Pagan Cameliard. Sir Colin, Sir Pagan, estas são minhas irmãs, Lady Helena e 
lady Deirdre de Rivenloch.‛ 
Deirdre. Ah, ele tinha esperado que seu nome fosse de origem Viking, algo horrível 
como Grimhilde ou Gullveig. 
 Ele baixou seu olhar. A gargantilha com o martelo de Thor estava ainda aninhado na 
doce carne dela. 
Colin recuperou sua voz primeiro.‛É um prazer as conhecer.‛ 
Helena sorriu com falsa cortesia, então estendeu o guardanapo e logo a acomodou sobre 
sua saia. Acotovelou a sua irmã e murmurou,‛Sabe que sou melhor que você, Deir. Deixar 
ganhar… a mim justamente.‛ 
‚Ganhar?‛ Colin mordeu o anzol.‛Ganhar o que, minha lady?‛ 
Helena girou para ele, com sua total atenção, como se ela tivesse estado esperando essa 
chance para impactá-lo, e disse claramente,‛Briga com espada.‛ 
‚Briga com espada?‛ Colin perguntou com um sorriso desconfiado. Sem dúvida ele 
pensou que ‛Briga com espada‛ era algum tipo de jogo escocês. Pagan pensou de outra 
maneira. 
Helena lançou a Colin um sorriso travesso. Pagan franziu o cenho, preocupando-se com 
sua astúcia e seu atrevimento. Eram coisas das que ele teria que cuidar-se no futuro. 
Ao menos Deirdre, apesar do sangue-frio em suas veias, parecia honesta e direta. 
Helena girou para encarar a seu pai então, embora ela claramente falava com Colin. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
23 
‚Deveria havê-lo visto, Pai. Deirdre me veio em cima e me teria arrancado a cabeça. Mas 
a atirei a um lado, evitei seu ataque, fiz-lhe uma ameaça à esquerda e à direita, então avancei 
e a pus contra a cerca e minha espada foi direto a sua garganta.‛ 
Pela primeira vez em sua vida, Colin ficou sem fala. Mas Pagan olhou para Deirdre. Seu 
sorriso confirmava tudo. OH, sim. Era verdade. As moças eram duas guerreiras dos pés a 
cabeça. 
E agora, pela estranha tensão na nuca, ele começou a entender por que o rei lhe tinha 
devotado a ele, Sir Pagan Cameliard, capitão dos Cavalheiros de Cameliard, esse particular 
presente: o de escolher entre três bombons um como sua esposa. Estavam envenenados com 
um veneno que nenhum homem por mais forte que fosse poderia sobreviver. Só o mais 
inteligente, o mais capaz, o mais competente dos comandantes poderia ter esperança de 
domar a essas moças guerreiras. 
 
 
Capítulo 4 
 
‚Alguma vez ouviram falar as Donzelas Guerreiras de Rivenloch?‛ Helena lhes 
perguntou com a boca cheia de carne. 
Um ângulo do lábio de Pagan se levantou em um sorriso sardônico. ‚Os contos de suas 
façanhas não alcançaram o grande mundo ainda,‛ ele provocou. 
Deirdre levantou sua taça em um sutil gesto de admissão. Sua ironia tinha sido captada. 
Helena, entretanto, deixou passar o insulto. ‛Bem, nós nunca ouvimos falar dos 
Cavalheiros de Cameliard.‛ 
Colin pareceu genuinamente surpreso. ‛Não?‛ 
Pagan arqueou uma sobrancelha. ‛Rivenloch está um pouco.. isolado.‛ 
Deirdre viu o punho fechado da Helena ao redor de sua faca e apoiou sua mão para 
freá-la sobre o antebraço de sua irmã. 
Parecia que ela devia admirar ao normando. Ele era mais preparado e mais inteligente 
que a maioria. 
De fato, ela estava começando a pensar se o exército de cavalheiros dele dizia comandar 
realmente existia. 
Possivelmente consistia somente deste par de canalhas viajando através das terras, 
Chamando-se a si mesmos ‛Os Cavalheiros de Cameliard‛ e inventando lenda de 
valentes façanhas. 
Permitiu que seu olhar observasse as curiosas roupas de Pagan. O homem era 
aparentemente tão criativo como engenhoso. Ele tinha usado o que poderia considerar um 
episódio humilhante para sua vantagem. Ele e seu companheiro tinha encontrado um par de 
xales escoceses em algum lugar, os colocaram sobre seus ombros e o sujeitaram à cintura, ao 
estilo escocês, não só dissimulando sua falta de roupa interior mas também obtendo que a 
gente de Rivenloch os aceitassem com afeto pelo fato de vestir-se como eles. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
24 
Ao menos, Deirdre refletiu, casaria-se com um homem com um pouco de miolos. 
Enquanto Helena continuava torturando aos convidados, tratando horrorizá-los com 
espantosas histórias de suas batalhas, Deirdre sorveu sua cerveja, estudando ao homem que 
logo seria seu marido. 
Ele era incrivelmente bonito. Seu cabelo, de cor noz escura, pulverizava-se todo ao longo 
de seu pescoço. Sua pele torrada pareceu brilhar com a luz do fogo. Os ossos de sua cara eram 
fortes e largos, seu queixo com cicatrizes leves do que pareciam ser marcas de uma espada. 
Seus olhos, agora focalizados em Helena, recordavam aos bosques nebulosos das Highlands, 
cinza e verdes e traiçoeiros. Uma mulher poderia perder-se nesses bosques, recordou-se a si 
mesmo, separando seu olhar para concentrar-se na cerveja de sua taça. 
‚Veste-se todo de negro,‛ Hel contava a Colin du Lac, servindo uma segunda porção de 
carne. ‛A gente o chama ‘A Sombra’. Se esconde nas árvores, esperando a vítimas, e ninguém 
foi capaz de…‛ 
Deirdre deixou que seu olhar vagará novamente para o Sir Pagan Cameliard. Enquanto 
ele escutava a história de Helena sobre o bandido local, possivelmente surpreso por seu 
saudável apetite e por sua anedota, vagarosamente passava um dedo ao redor do bordo de 
sua taça. Deirdre encontrou-se a si mesma fascinada pelo movimento. Suas mãos pareciam 
brutais e pesadas, cheias de cicatrizes e calosidades, e ainda assim capazes de gestos sutis? 
Seu coração se acelerou inexplicavelmente, e ela enlaçou seus dedos ao redor de sua 
própria taça ainda tremendo. 
Enquanto Hel afundava nos detalhes do misterioso ladrão que vivia no bosque, ela viu a 
boca de Pagan torcer-se quase imperceptivelmente. Havia certa desaprovação e logo suavizou 
a expressão até a boca se curvou levemente para cima. 
Deirdre levantou seus olhos com surpresa. Por Deus!, o homem a estava olhando 
fixamente. E sorrindo. Um sorriso secreto, cúmplice, cheia de promessas e de uma evidente 
ameaça. 
Ela desviou o olhar, apertando a taça de prata com tanta forçaque sentiu que o metal 
cedia. Poderia casar-se com esse homem, mas nunca lhe deixaria acreditar que ele tinha 
algum tipo de controle sobre ela. 
Deixaria-lhe em claro que ela encontrava a idéia de casar-se com ele como algo 
completamente deplorável. 
Não, ela devia tomar as rédeas agora, antes que ele tomasse em suas próprias mãos e a 
jogasse a algum escuro calabouço para concretizar sua vingança. 
Ela respirou profundamente, para estabilizar sua respiração, deixou a taça sobre a mesa, 
e interrompeu o discurso de Hel, que estava pondo a Miriel tão branca como seu guardanapo. 
‚Então, Pai,‛ ela disse sem preâmbulos,‛já tem os documentos do matrimônio 
preparados ?‛ 
Ele assentiu. ‛OH, sim,‛ ele disse com a boca cheia, ‛preparados, acordados, e 
assinados.‛ 
Deirdre intercambiou um olhar com o Hel. ‛Acordados e?‛ 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
25 
‚Assinados?‛ Hel perguntou, quase engasgando-se com um pedaço de carne. 
‚Sim‛ ele lhes disse alegremente. ‛Não há necessidade de preocupar-se, Edwina. chamei 
ao sacerdote, e teremos o casamento amanhã.‛ 
Deirdre pestanejou quando ele a chamou pelo nome de sua mãe. ‛Amanhã? Mas não 
fomos consultadas, Pai. Qual de nós?‛ 
‚Concordei me casar com ele, ‛Miriel disse rapidamente. 
Por três segundos, Deirdre e Hel só puderam olhar a sua irmã menor. 
‚O que?‛ Deirdre finalmente conseguiu murmurar com descrença. ‛Miriel? Devia ter 
sido uma de nós duas …‛ 
Hel golpeou seu punho na mesa, fazendo tremer os pratos. ‛Não!‛ dirigiu-se a Pagan. 
‛Maldição, normando!. Não podia esperar até nos conhecer às três? por que escolher tão 
apressadamente?‛ 
Miriel apoiou seus dedos levemente no antebraço da Helena. ‛Helena, não te zangue 
com ele. Não foi sua escolha,‛ ela disse brandamente, ‛foi minha.‛ 
Outro silêncio seguiu enquanto as palavras de Miriel eram assimiladas. 
‚Sua escolha,‛ Hel finalmente ecoou com assombro. 
Deirdre não disse nada. Sentiu-se subitamente doente, como se seu mundo tivesse dado 
volta. 
Um olhar aos grandes olhos azuis de Miriel e seus lábios trementes lhe disseram a 
verdade. 
Sua irmã menor se sacrificou antes que Deirdre sequer tivesse uma possibilidade de 
salvá-la. 
Hel sussurrou a seu pai, ‛Como pôde deixá-la fazer isto ?‛ 
‚Helena!‛ Deirdre repreendeu a sua irmã. Tão irresponsável como seu pai tinha sido 
ultimamente, ainda ele era o lorde do castelo. Merecia seu respeito. 
Deirdre lhe falou tão neutralmente como pôde. ‛O matrimônio foi assinado e selado 
então?‛ 
‚OH, sim, tudo preparado,‛ seu pai respondeu alegremente, sem dar-se conta de seu 
desgosto. ‛Teremos o casamento amanhã.‛ 
Ela lançou um olhar severo a Hel, cujos olhos ardiam como brasas, e lhe disse, ‛Então o 
que está feito, está feito.‛ 
Um detestável silêncio encheu o ar, só interrompido pelo suave som das taças e os 
talheres e o bate-papo da gente comum nas mesas mais afastadas. Eles jantavam, ignorando o 
drama que estava passando entre os nobres, todos menos Sung Li, a quem, Deirdre notou, 
observava os fatos à distância com uma intensidade quase sobrenatural. 
Hel continuava contendo sua língua, como fazia Deirdre. Pagan obviamente tinha 
aprovado a união. Depois de tudo, era para seu benefício, casar-se com Miriel, a jovem que 
nunca questionaria sua autoridade. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
26 
Mas Deirdre não tinha intenção de deixar que isso acontecesse. Embora mantinha uma 
expressão serena, interiormente seus pensamentos se formavam redemoinhos furiosamente. 
Para o final do jantar, ela já tinha um plano. 
‚Não posso acreditá-lo! Não posso tolerá-lo!,‛ Helena disse arrastando as palavras, 
enquanto caía da cama de Deirdre e aterrissando no piso de madeira sua habitação. 
Deirdre resgatou a taça semi vazia de Helena antes que o vinho se derrubasse, então 
agarrou a sua irmã por debaixo de seus braços e a arrastou outra vez até a cama. 
Hel se inclinou por um momento, e logo e continuou com seu discurso. ‛Devemos fazer 
algo, Deir. Devemos nos ocupar desses miseráveis filhos … filhos de …‛ 
‚Filhos de normandos?‛ Deirdre sugeriu, preenchendo a taça da Helena. 
‚Sim,‛ disse Hel agarrando a taça e tomando outro generoso gole. 
Limpou-se a boca com sua manga. 
Deirdre se levantou com sua própria taça ainda cheia. ‛Sim, as donzelas guerreiras de 
Rivenloch sempre triunfam.‛ 
Hel assentiu, seu queixo tremendo com orgulho enquanto brindava com Deirdre. 
Beberam juntas, mas enquanto Helena esvaziava sua taça, Deirdre só tomou um 
pequeno sorvo. Ela precisa estar alerta e consciente essa noite. 
 Os olhos de Hel estavam nublados pela bebedeira, e sua taça vazia caiu ao piso. Deirdre 
esperava que sua irmã caísse em um sono profundo. Mas Hel podia beber tanto como a 
maioria dos homens. Depois de um momento, ela suspirou e começou a murmurar outra vez, 
inventando novos insultos para os normandos. 
Deirdre olhou pela janela de sua habitação. Observando a posição da lua cheia, calculou 
a hora. Ela devia apurar o processo de Helena. Não havia muito tempo. 
Encheu de novo a taça da Helena. ‛Brindemos a Miriel.‛ 
‚Pobre Miriel,‛ Hel se lamentou. ‛Digo-te, Deir, se esse degenerado alguma vez lhe 
levanta a mão … te juro … te juro …‛ 
‚Juremos juntas então.‛ Deirdre levantou sua taça. 
‚Mataremo-lo‛ Hel completou a idéia. Bebeu um generoso gole então golpeou a taça no 
baú ao pé da cama. 
Deirdre fez uma pausa, então tomou um pequeno gole. Pagan nunca tocaria a Miriel. 
Deirdre nunca lhe daria a oportunidade. 
‚OH,‛ Hel exclamou, pressionando a mão entre suas pernas, possivelmente porque 
precisava urinar. ‛Melhor eu ir.‛ 
Ela riu e se levantou da cama, cambaleou-se por um momento até que pôde estabilizar-
se, e caminhou em ziguezague para a porta. ‛Boa noite. E não se esqueça, Deirdre. Você 
também o jurou.‛ 
Quão último Deirdre viu de Helena, foi que ela se cambaleava ao passar o corredor 
caminho a sua própria habitação, onde com sorte encontraria o urinol a tempo. Depois disso 
cairia em estupor a cama e dormiria até bem avançada manhã. 
Agora Deirdre se ocuparia de sua irmã menor. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
27 
Separar a Miriel da serva intrometida seria difícil. 
A estranha donzela a seguia a todos lados. 
Mas não havia tempo a perder. Deirdre procurou uma pequena bolsa com suas 
provisões e partiu para o quarto de Miriel. Tanto como a incomodava fazer algo contra seu 
sentido da honra, Deirdre supunha que devia enganar a sua irmã menor. Posto que era para 
seu próprio bem. 
Parada ante a porta com sua mão levantada, Deirdre vacilava. Estava fazendo o correto? 
Talvez Miriel estaria contente por ter Pagan como marido. Talvez sua própria doçura faria 
surgir a decência nele. Talvez Miriel chegasse a afeiçoar-se a ele, e Pagan se renderia a sua 
natureza gentil. 
Então Deirdre recordou o sorriso malicioso que Pagan tinha enviado a ela durante o 
jantar, o sorriso com a ameaça implícita. Não, o homem era muito inteligente, muito ardiloso 
para sequer compreender esse tipo de inocência. Se ele o permitia casar-se Miriel, lhe 
romperia o coração sem piedade. 
Com resolução, ela golpeou a porta. 
Miriel ainda não estava vestida para dormir, mas, prestativamente, Sung Li estava 
estendendo sua camisola que ela sempre insistia que Miriel usasse para dormir. 
‚Deirdre, entra.‛ Miriel abriu um pouco mais a porta para entrar. 
Deirdre estava tentada de simplesmente agarrar a sua irmã pela mão e sair correndo. 
Seria tanto mais direto e honesto que toda essa armadilha. Mas Sung Li, apesar de sua boa 
educação, era capaz de armar uma gritaria pior que um galinheiro ameaçando por uma 
raposa, e a última coisa que Deirdre precisava era um batalhão de serventes caindo sobre elas. 
‚Trago uma mensagem de seu… de Sir Pagan,‛ Deirdre mentiu. ‛Ele demanda sua 
presença!‛ 
Não, isso soava muito duro. 
‚Requer sua companhia.‛ 
‚Agora?‛ Miriel disse perplexa. 
Deirdre podia sentir o olhar desconfiado de Sung Li. 
Ela nunca tinha sido muito boa mentindo. 
‚Eu devo te levar até ele.‛ 
Miriel tragou com dificuldade, obviamente reticente, reforçando assim a determinação 
de Deirdre de levar a cabo seu plano. A pobre moça estava verdadeiramente temerosa do 
administrador. Era um nobre serviço o que Deirdre estava fazendo. 
Deirdre deu um sorriso de segurança a sua irmã. 
‚Está tudo muito bem. Não fará nada mal. Talvez ele só deseje te conhecer um pouco 
melhor antes do casamento.‛ 
Miriel assentiu. Então Deirdre arriscou um olhar para Sung Li, quase esperando que a 
mulher lançasse um intenso protesto. Mas a serva curiosamente estava silenciosa, baixando 
seus olhos e passando sua mão carinhosamente sobre o tecido da camisola de Miriel. 
‚Sung Li,‛ Miriel chamou, ‛vem?‛ 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
28 
Antes que Deirdre pudesse intervir, a serva sacudiu a cabeça. ‛Muito ocupada. Muito 
ocupada. Muito que fazer para o casamento. Anda você.‛ 
Era muito estranho que Sung Li deixasse Miriel ir sem sua companhia. Deirdre estreitou 
seus olhos e olhou a donzela. Possivelmente a velha fosse o suficientemente ardilosa para 
reconhecer que a obediência de Miriel agora era basicamente para seu noivo e futuro marido. 
Com um pouco de sorte, a velha não ia questionar o fato que Miriel não voltasse para sua 
habitação essa noite. 
Em todo o caminho pela escada, Miriel falava nervosamente, fazendo a tarefa de 
Deirdre muito mais fácil, dado que não notou para onde Deirdre a estava levando. Quando 
chegaram à porta da torre, o coração de Deirdre se paralisou, por isso ela estava por fazer, 
extraiu a chave de ferro e abriu a porta. Só então Miriel franziu o cenho confundida. 
‚Ele te queria encontrar aqui‛. 
Sem esperar a resposta, Deirdre a empurrou gentilmente mas firmemente dentro da 
habitação vazia da torre, um recinto com janelas muito estreitas. 
‚Mas onde está ele?‛ Miriel perguntou.‛Onde está ?‛ 
Antes que a culpa apagasse sua determinação, Deirdre tomou sua bolsa do quarto e 
começou fechar a porta que agora se interpunha entre elas. 
‚Deirdre?‛ 
Deirdre não podia dar o luxo de sentir piedade, não nesse momento. 
 
 
Capítulo 5 
 
Pagan estava sonhando com mulheres belas, mulheres nuas banhando-se em uma lagoa, 
sorrindo e convidando-o a unir-se a elas. Ele lhes sorriu, tirou sua roupa, e se meteu na água 
morna. Uma das moças lhe acariciou o ombro, e ele se deu volta para encontrar a uma deusa 
alta com olhos azuis e largos cabelos dourados, suspirando e abrindo sua doce boca para ele. 
O pesado golpe no ventre o dobrou pela metade, arrancando-o instantaneamente de um 
sonho luminoso para a escura meia-noite. Ele gemeu com dor e instintivamente tomou sua 
espada, sempre pronta ao lado dele. 
Levou um momento para se orientar. Sabia que tinha estado dormindo em uma 
habitação de Rivenloch, mas com a luz mortiça do fogo, não podia ver o que o travava e lhe 
tirava a respiração. Pagan não podia dar nenhum golpe nem tirar de cima o peso que o 
esmagava. O forte aroma de vinho subitamente assaltou suas fossas nasais. 
‚Disse-lhe isso, Pagan!‛ a voz do Colin emergiu do pé da cama enquanto lutava para 
conter a besta que se retorcia em cima da saia de Pagan. ‛Não confie nela do momento em 
que a vi.‛ 
Ela? Pagan ouviu um afogado grito de fúria feminina enquanto Colin finalmente tirou a 
intrusa de cima dele, levando a manta de pele junto com ela. 
Sarah Mckerrigan [Donzelas Guerreiras 01] 
 
 
29 
‚Vamos ver que travessura te traz entre mãos, moça malcriada ?‛ Colin disse entre 
dentes. ‚Atiça o fogo, por favor, Pagan‛. 
Pagan, cambaleou-se para a lareira, nu, e com a espada em sua mão removeu as brasas, 
que recobraram vida. 
A vista ante ele teria sido cômica se as circunstâncias tivessem sido menos sérias. Colin 
se aferrava tenazmente ao que parecia ser uma grande besta feminina chutando e retorcendo. 
Ele afogou seus gritos de fúria com a manta, mas não pôde diminuir o fogo de puro ódio 
emanando de seus olhos. 
‚sh, sh.‛ Colin a desafiou, levava-lhe muita de sua força mantê-la contida. ‛foste uma 
moça travessa, verdade? O que é o que tem na mão?‛ 
Com a luz, agora, mais forte Pagan viu Helena, a filha do meio do lorde, bêbada como 
uma Cuba. Como Colin tinha suspeitado, sua súbita quietude no jantar depois do anúncio do 
matrimônio lhe tinha parecido estranhamente detestável, como a calma antes de uma violenta 
tempestade. Felizmente, Colin, esperava algum tipo de armadilha, e havia insistido em 
compartilhar o quarto com Pagan essa noite. 
‚Vamos‛ Colin lutou com a donzela, a pressão que aplicava a seu antebraço, fez-se mais 
forte. ‛Não me importaria te romper o braço, jovenzinha.‛ 
Depois de um longo momento, ela se dobrou evidentemente com dor, ela gritou forte e 
algo caiu sonoramente ao piso. Colin sussurrou um insulto. 
A adaga brilhou com a luz do fogo. Jesus! A diaba tinha intenção de apunhalá-lo. 
Ante semelhante idéia, o bom humor de Colin desapareceu completamente. ‛Maldita 
idiota,‛ ele murmurou. ‛Tivesse assassinado a um homem do rei?‛ Ele a sacudiu para 
castigá-la. ‚Isso é traição! Por Cristo! Poderiam te pendurar por isso. Deveria ser pendurada 
por isso.‛ 
Sua força diminuiu à medida que a possibilidade de ser executada lentamente lhe 
entrou na cabeça. 
Pagan sabia, é obvio, que o grunhido de Colin era muito pior que sua mordida. 
Executar à irmã de sua noiva, a filha de um velho lorde escocês, era um modo seguro de 
assegurar uma revolta na Escócia. 
Permaneceu quieto por um bom momento para fazer entender à mulher que não podia 
cometer um crime tão monstruoso e sair ilesa da situação. Seria melhor instigar o medo a 
Deus. 
Colin deve ter lido seus pensamentos. Deixou escapar um suspiro profundo e soprou. 
"Ocuparei-me disto,‛ disse a Pagan com severidade. 
Helena gritou em protesto e lutou dentro dos braços de Colin, mas ele a tinha segura 
firmemente agora e não seria fácil livrar-se dele por um bom tempo. 
Pagan assentiu. ‛Mas não esta noite. É melhor que a mantenha confinada até que meu 
matrimônio seja completado. Depois, poderá lutar com ela como te parece.‛ 
‚Será um prazer para mim,‛ ele murmurou. ‛O que há com a outra irmã?‛ 
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30 
Sabia que Colin se referia a Deirdre. Era óbvio que se uma irmã tinha planos para matá-
lo, a outra possivelmente também os tivesse. 
‚Pode-a dirigir?‛ Colin perguntou, olhando como Colin quase não podia conter a sua 
cativa enquanto ela lutava contra ele. 
‚Não se parece em nada a sua irmã,‛ ele disse, estreitando seu olhar irado em Helena. 
‚Se Deirdre vier a me matar, não me encontrará dormindo. Terá que me olhar aos olhos 
para fazê-lo.‛ 
Colin dirigiu sua atenção para Helena. ‛Agora, pequena diabinha, o que deveria fazer 
com você ?‛ 
Ela ficou rígida. 
‚Te encerrar, talvez, ‛ele considerou,‛ onde ninguém possa escutar seus gritos. te tirar 
essas maneiras de selvagem com o látego. te manter encadeada para me assegurar de que não 
te ocorra nenhuma outra idéia genial como esta.‛ 
Ela se retorceu em seus braços, e ele sorriu picaramente. ‛Ah, moça, se soubesse a 
revolução que está me causando na partes baixas… ?‛ 
Isso a freou. 
Enquanto isso, os pensamentos de Pagan se aceleravam. ‛Encerra-a em uma das celas 
debaixo da fortaleza.‛ 
 Apesar das sinistras ameaças de Colin, Pagan confiava em que seu homem dirigiria à 
donzela rebelde com sabedoria e paciência. Colin a vigiaria, e ela estaria segura sob seu 
cuidado. ‛Se alguém perguntasse por ela no casamento, diremos-lhes que

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