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04 - Os Pais da Igreja

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Os Pais da Igreja 
 
Introdução 
 
A partir do ano 95 d.C., os líderes ou bispos, começaram a ser chamados 
de "Pais da Igreja", como uma forma carinhosa, por sua lealdade. O 
nome ―Heróis da Fé‖ foi usado mais amplamente a partir do terceiro 
século para descrever os campeões ortodoxos da Igreja e os expoentes 
de sua fé. 
 
O termo ―Pai‖ era atribuído pelos fiéis aos mestres e bispos da Igreja 
Primitiva. Historicamente falando, surgiu devido à reverência e amor que 
muitos cristãos tinham pelos seus líderes religiosos dos primeiros 
séculos. Eram assim chamados carinhosamente devido ao amor e zelo 
que tinham pela igreja. Mais tarde, o termo é atribuído particularmente 
aos bispos do concílio de Nicéia, e posteriormente Gregório VII 
reivindicou com exclusividade o termo ―papa‖, ou seja, "pai dos pais‖. 
 
Com a morte do último apóstolo, João em Éfeso, termina a era 
apostólica, porém Deus já havia capacitado homens para cuidar de sua 
Igreja, e começou uma nova era para o cristianismo. Assim, a obra que 
os apóstolos receberam do Senhor Jesus e a desenvolveram tão 
arduamente acha-se agora nas mãos de novos líderes que tinham a 
incumbência de desenvolver a vida litúrgica da Igreja como fizeram os 
apóstolos. 
O período que comumente é chamado de pós-apostólico é de intenso 
http://www.blogfiladelfia.com/2011/04/os-pais-da-igreja.html
http://3.bp.blogspot.com/-h-RWuRXyBK8/TZet7JGR2eI/AAAAAAAAKo0/qcrdXBiqHX8/s1600/Os+Pais+da+Igreja.bmp
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desenvolvimento do pensamento cristão. Seu trabalho e influência 
garantiram a unidade da Igreja. Para um assunto tão importante, a Igreja 
convocou grandes assembléias conciliares, os chamados Concílios 
Ecumênicos, dos quais participavam todos os bispos, que no final 
promulgavam suas declarações de fé. 
 
Para uma melhor compreensão, podemos dividir os Pais da Igreja 
em quatro grandes grupos: 
 
- Os Pais Apostólicos 
- Os Apologistas ou Ante-Nicenos 
- Os Polemistas ou Nicenos 
- Os Teólogos Científicos ou Pós-Nicenos 
 
Os Pais Apostólicos são caracterizados pela edificação e fortalecimento 
dos crentes na fé; os Apologistas, pela sua defesa aos ataques contra o 
Cristianismo; os Polemistas, pela defesa contra heresias dentro da Igreja; 
e os Teólogos, pela aplicação da Teologia em áreas filosóficas e 
científicas. 
 
Os Pais Apostólicos 
 
Data: Primeiro Século (30 - 100). 
Objetivo: Exortar e edificar a Igreja. 
Preeminentes no Ocidente: Clemente de Roma. 
Preeminentes no Oriente: Inácio, Policarpo, Barnabé, Papias, Hermas e 
Didaquê. 
 
Os Apologistas 
 
Data: Segundo Século (120 - 220). 
Objetivo: Defender o Cristianismo. 
Preeminentes no Ocidente: Tertuliano. 
Preeminentes no Oriente: Justino, o Mártir, Taciano, Teófilo, Aristides e 
Atenágoras. 
 
Os Polemistas 
 
Data: Terceiro Século (180 - 250). 
Objetivo: Lutar contra as falsas doutrinas. 
Preeminentes no Ocidente: Irineu, Tertuliano e Cipriano. 
Preeminentes no Oriente: Panteno, Clemente, Orígenes e Hipólito. 
Os Teológos Científicos 
 
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Data: Quarto Século (325 - 460). 
Objetivo: Aplicar métodos científicos na interpretação bíblica. 
Preeminentes no Ocidente: Jerônimo, Ambrósio e Agostinho. 
Preeminentes no Oriente: Crisóstomo e Teodoro. 
Preeminentes no Alexandria: Atanásio, Basílio de Cesaréia e Cirilo. 
 
A biografia que passaremos a estudar, sobre alguns destes Pais da 
Igreja, é um resumo daquilo que realmente viveram em suas épocas. 
Que possamos tomar o exemplo de fé, amor pelas almas e ousadia 
destes homens; e saber que na época em que vivemos hoje, ainda 
podemos ser ―Heróis da Fé‖. Possamos através da graça de Deus, pagar 
o preço que nos é proposto, a fim de manter a Igreja edificada, a defesa 
do Evangelho e a luta contra todo espírito que queira corromper as 
doutrinas da infalível Palavra de Deus. 
 
Biografias dos Pais da Igreja 
 
- Clemente: Escritor de Alexandria, 155-220. 
 
- Inácio, bispo e mártir: Bispo de Antioquia na Síria, I e II século. 
 
- Policarpo: Bispo de Esmirna, 70-155. 
 
- Justino, o Mártir: Apologista de Samaria, 100-165. 
 
- Irineu: Polemista anti-gnóstico de Esmirna, 130-200. 
 
- Tertuliano: Escritor e Apologista de Cartago, 160-230. 
 
- Orígenes: Escritor e Teólogo de Alexandria, 185-254. 
 
- Cipriano: Polemista anti-novaciano de Cartago, 246-258. 
 
- Eusébio de Cesaréia: Historiador da Igreja, 265-339. 
 
- Jerônimo: Tradutor da Bíblia para o Latim, a Vulgata, 325-378. 
 
- Crisóstomo: Expositor e Orador de Antioquia, 347-407. 
 
- Agostinho: Filósofo e Teólogo de Hipona, Norte da África, 354-430. 
 
- John Wycliff: Reformador e Tradutor da Bíblia para o Inglês, 1328-1384. 
 
- Jan Hus: Professor e Reformador da Boêmia, 1372-1415. 
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-clemente.html
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-inacio-bispo-e-martir.html
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2011/04/biografia-de-policarpo.html
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-justino-o-martir.html
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-ireneu.html
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-tertuliano.html
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-origenes.html
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-cipriano.html
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-eusebio.html
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2011/04/biografia-de-jeronimo.html
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-crisostomo.html
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-agostinho-de-hipona.html
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-john-wycliffe.html
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2011/04/biografia-de-jan-hus.html
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- William Tyndale: Reformador e Tradutor do Novo Testamento, 1494-
1536. 
 
- Martinho Lutero: Reformador da Alemanha, 1483-1546. 
 
- João Ferreira de Almeida: Tradutor da Bíblia para o Português, 1691. 
 
Biografia de Clemente 
 
Clemente de Alexandria ou Tito Flávio Clemente (Atenas (?), c. 150 - 
Palestina, 215) foi um escritor, teólogo, apologista e mitógrafo cristão 
grego nascido em Atenas. 
 
Pesquisou as lendas menos compatíveis com os valores cristãos. Sua 
abertura a fontes familiares aos não cristãos ajudou a tornar o 
cristianismo mais aceitável para muitos deles. 
Clemente foi um erudito numa época em que os cristãos eram 
geralmente pouco letrados e abertamente hostis a intelectuais. Não 
obstante, foi capaz de construir argumentos lógicos convincentes, 
baseados nas escrituras e na filosofia, a favor do cristianismo e contra os 
gnósticos de Valentim, que, baseados em Alexandria - o mais importante 
centro de atividade intelectual da época - estavam em plena expansão. 
Pacifista, defendeu a fraternidade e a repartição das riquezas entre os 
homens: 
“Deus criou o gênero humano para a comunicação e a comunhão de uns 
com os outros, como ele, que começou a repartir do seu e a todos os 
homens proveu seu Logos comum, e tudo fez por todos. Logo tudo é 
comum, e não pretendan os ricos ter mais que os outros". Da homilia 
Quis dives salvetur? ("Que rico se salvará?"), baseada em Marcos 10:17-
31. 
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2011/03/biografia-de-william-tyndale.html
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-martinho-lutero.html
http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-joao-ferreira-de-almeida.html
http://www.blogfiladelfia.com/2008/10/biografia-de-clemente.html
http://3.bp.blogspot.com/-nQ0kBHvtrMc/TZelBCepuzI/AAAAAAAAKos/ekUrjax36ek/s1600/Biografia+de+Clemente+de+Alexandria.jpg
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"De sorte que não é rico aquele que possui e guarda mas aquele que dá; 
e este dar, não o possuir, faz o homem feliz.Portanto, o fruto da alma é 
essa prontidão em dar. Logo na alma está o ser rico." (Pedagogo 3, 6). 
 
O historiador Eusébio de Cesareia considerava Clemente um 
incomparável mestre da filosofia e, para São Jerônimo, Clemente foi o 
mais erudito dos Padres da Igreja. 
 
Vida 
 
Nascido provavelmente em Atenas, de pais pagãos, foi instruído 
profundamente na filosofia neoplatônica. 
 
Já adulto, decidiu voltar-se ao cristianismo. Depois de convertido, viajou, 
buscando instruir-se, ligando-se a diversos mestres - na Ionia, Magna 
Grécia, Síria, Egito, Assíria e na Palestina. Finalmente, por volta de 175 - 
180, na Escola de teologia de Alexandria (Didaskaleion), encontrou o 
filósofo patrístico Panteno (século II) e nos seus ensinamentos, 
"encontrou a paz", sucedendo-o por volta de 189, como líder espiritual da 
comunidade cristã de Alexandria. Ali permaneceu durante vinte anos, 
tornando-se um dos mais ilustrados padres primitivos. 
 
No período pré-nicênico de formação da patrística, combateu os hereges 
gnósticos. Estabeleceu o programa educativo da escola catequética 
alexandrina, o qual, séculos mais tarde, serviria de base ao trivium e ao 
quadrivium, grupos de disciplinas que constituíam as artes liberais na 
Idade Média. 
Entre suas obras de ética, teologia e comentários bíblicos destaca-se a 
trilogia formada por Exortação, Pedagogo e Miscelâneas. 
 
Clemente defendeu a teoria da causa justa para a rebelião contra o 
governante que escravizasse seu povo. Em O Discurso escreveu sobre a 
salvação dos ricos e sobre temas como o bem-estar, a felicidade e a 
caridade cristã 
Clemente de Alexandria teve um papel importantíssimo na história da 
hermenêutica entre os judeus e os cristãos no período patrístico. 
 
Em Alexandria, no período helenístico, a religião judaica e a filosofia 
grega se encontraram e se influenciaram mutuamente, ali surgindo a 
escola que, influenciada pela filosofia platônica, encontrou um método 
natural de harmonizar religião e filosofia na interpretação alegórica da 
Bíblia. Clemente de Alexandria foi o primeiro a aplicar essa abordagem à 
interpretação do Antigo Testamento, em substituição à interpretação 
literal. 
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Datam também da época helenística as primeiras aproximações do 
budismo com o mundo ocidental. Mercadores indianos que viviam em 
Alexandria propagaram sua fé budista pela região. Clemente de 
Alexandria foi o primeiro autor ocidental a citar em suas obras o nome de 
Buda. 
 
Durante a perseguição aos cristãos (201-202), pelo imperador romano 
Sétimo Severo, Clemente transferiu seu cargo na escola catequética ao 
discípulo Orígenes e refugiou-se na Palestina, junto a um antigo aluno, 
Alexandre, bispo de Jerusalém, lá permanecendo até sua morte. 
 
Obras 
• Exortação aos gregos (Protreptikos pros Ellenas) 
• Disposições (Hypotyposeis) 
• Pedagogo (Paidagogos) 
• Miscelânia (Stromateis) 
 
Biografia de Inácio, bispo e mártir 
 
Inácio (35 - 110 d.C.) foi Bispo de Antioquia da Síria, discípulo do 
apóstolo João, também conheceu São Paulo e foi sucessor de São 
Pedro na igreja em Antioquia fundada pelo próprio apóstolo. Segundo 
Eusébio de Cesaréia, Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia da Síria e 
segundo Orígenes teria sido o segundo bispo da cidade. Santo Inácio foi 
detido pelas autoridades e transportado para Roma, onde foi condenado 
à morte no Coliseu, e foi martirizado por leões. 
 
Vida 
 
Antioquia, à margem do Orontes, a capital da província romana da Síria, 
terceira cidade do Império depois de Roma e Alexandria ocupa um 
importante lugar na história do Cristianismo. Foi aqui que Paulo de Tarso 
http://www.blogfiladelfia.com/2008/10/biografia-de-inacio-bispo-e-martir.html
http://1.bp.blogspot.com/-6lusZIJgg34/TZeBsFoXdlI/AAAAAAAAKok/XpyjEjsuNt0/s1600/Biografia+de+Inacio+da+Antioquia.jpg
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pregou o seu primeiro sermão cristão (numa sinagoga), e foi aqui que os 
seguidores de Jesus foram chamados pela primeira vez de cristãos. 
 
Foi preso por ordem do imperador Trajano (98 - 117 d.C) e condenado a 
ser lançado aos leões no Coliseu em Roma, as autoridades romanas 
esperavam fazer dele um exemplo e, assim, desencorajar o cristianismo, 
porém sua viagem a Roma ofereceu-lhe a oportunidade de conhecer e 
ensinar os conceitos cristãos, e no seu percurso, Inácio escreveu seis 
cartas para as igrejas da região e uma para um colega bispo. Ao falar 
sobre sua execução, Inácio disse a famosa expressão: "trigo de Cristo, 
moído nos dentes das feras". E na iminência do martírio prometeu aos 
cristãos que mesmo depois da morte continuaria a orar por eles junto de 
Deus: 
 
"Meu espírito se sacrifica por vós, não somente agora, mas também 
quando eu chegar a Deus. Eu ainda estou exposto ao perigo, mas o Pai 
é fiel, em Jesus Cristo, para atender minha oração e a vossa. Que sejais 
encontrados nele sem reprovação" — Inácio 
 
Obra 
 
Santo Inácio escreveu sete cartas, as chamadas Epístolas de Inácio, 
preservadas no Codex Hierosolymitanus: 
 
• Epístola a Policarpo de Esmirna 
• Epístola aos Efésios 
• Epístola aos Esmirniotas 
• Epístola aos Filadélfos 
• Epístola aos Magnésios 
• Epístola aos Romanos 
• Epístola aos Tráli 
Epístolas de Pseudo-Inácio 
 
Epístolas que foram atribuídas à Inácio, mas de origem espúria, incluem: 
 
• Epístola aos Tarsos 
• Epístola aos Antióquios 
• Epístola a Hero, um diácono de Antioquia 
• Epístola aos Filipenses 
• Epístola de Maria, a prosélita, para Inácio 
• Epístola para Maria de Neápolis (em Zarbo) 
• Primeira Epístola para São João 
• Segunda Epístola para São João 
• A Epístola de Inácio para Virgem Maria 
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Temas 
 
Unidade da Igreja 
 
Santo Inácio enfatiza nas suas cartas para que se preserve a unidade da 
Igreja de Cristo: 
 
"Convém estardes sempre de acordo com o modo de pensar do vosso 
Bispo. Por outro lado, já o estais, pois o vosso presbitério, famoso 
justamente por isto e digno de Deus, sintoniza com o Bispo da mesma 
forma que as cordas de uma harpa. Com vossos sentimentos unânimes, 
e na harmonia da caridade, constituís um canto a Jesus Cristo. Mas 
também cada um deve formar juntamente com os outros, um coro. A 
concórdia fará com que sejais uníssonos. A unidade vos fará tomar o 
dom de Deus, e podereis cantar a uma só voz ao Pai por Jesus Cristo. 
Também ele, então, escutar´vos´á e reconhecerá pelas obras que sois 
membros do seu Filho. Importante, por conseguinte, vivermos numa 
irrepreensível unidade. Assim poderemos participar constantemente da 
união com Deus". 
 
Pois assim, unidos numa mesma Fé tanto será mais forte a oração. A 
caridade esta diretamente ligada a unidade da Igreja, por isso Inácio 
chama de orgulhoso aquele que não guarda a unidade da Igreja junto 
com o Bispo: 
 
"Se a oração de duas pessoas juntas tem tal força, quanto mais a do 
bispo e de toda a Igreja! Aquele que não participa da reunião é orgulhoso 
e já está por si mesmo julgado, pois está escrito: "Deus resiste aos 
orgulhosos." Tenhamos cuidado, por tanto, para não resistirmos ao 
Bispo, a fim de estarmos submetidos a Deus. 
Primazia da Sé de Roma 
 
Os discípulos de Jesus eram chamados de nazarenos vistos como uma 
seita dentro do judaísmo, posteriormente como vimos acima os 
discípulos de Jesus então são conhecidos como cristãos, como 
registrado nos Atos dos Apóstolos. Isso é um fato muito significativo, pois 
os discípulos de Jesus Cristo não são reduzidos a serem meramente 
mais uma seita do judaísmo, mas são os discípulos do Messias 
prometido a humanidade, e, portanto, a obra da salvação atinge sua 
plenitude em Cristo tornando-se universal, daí dos cristãos serem 
chamados de católicos, pois pertencem a Igreja Católica (Universal): 
 
"Onde estáCristo Jesus, está a Igreja Católica." 
 
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"Segui ao Bispo, vós todos, como Jesus Cristo ao Pai. Segui ao 
presbítero como aos Apóstolos. Respeitai os diáconos como ao preceito 
de Deus. Ninguém ouse fazer sem o Bispo coisa alguma concernente à 
Igreja. Como válida só se tenha a Eucaristia celebrada sob a presidência 
do bispo ou de um delegado seu. A comunidade se reúne onde estiver o 
Bispo e onde está Jesus Cristo está a Igreja católica. Sem a união do 
Bispo não é lícito Batizar nem celebrar a Eucaristia; só o que tiver a sua 
aprovação será do agrado de Deus e assim será firme e seguro o que 
fizerdes". 
 
Inácio também afirma em sua carta à igreja de Roma que ela "preside à 
irmandade de amor" (Carta aos Romanos [Prólogo]). 
 
Jesus Cristo 
 
Inácio revela-se conhecedor das processões divinas em Deus, ao 
reconhecer no Cristo a processão intelectiva de Deus: "De fato, Jesus 
Cristo, nossa vida inseparável, é o pensamento do Pai", o que seria mais 
tarde explicado à luz da filosofia por São Tomás de Aquino. 
É interessante constatar como as comunidades cristãs no século I tinham 
um conhecimento aprofundado da natureza de Deus, Jesus Cristo é: 
"gerado e não criado, Deus feito carne". Gerado e não criado (ingênito). 
 
Com este testemunho, Inácio trouxe para a construção do Dogma, 
pedras sólidas que ajudaram o Concílio de Nicéia (325 d.C.) a fixar no 
Credo o genitum non factum, isto é, gerado e não criado. Embora Inácio 
ainda não tivesse esta precisão, Atanásio que colaborou na elaboração 
do vocábulo, reconheceu a perfeita ortodoxia no texto desta carta. 
Inácio reconhecia a autoridade da igreja de Roma sobre as demais 
igrejas. Para ele, Pedro e Paulo teriam pregado naquela cidade. 
 
Santíssima Trindade 
"Procurai manter-vos firmes nos ensinamentos do Senhor e dos 
apóstolos, para que prospere tudo o que fizerdes na carne e no espírito, 
na fé e no amor, no Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, 
unidos ao vosso digníssimo bispo e à preciosa coroa espiritual formada 
pelos vossos presbíteros e diáconos segundo Deus. Sejam submissos ao 
bispo e também uns aos outros, assim como Jesus Cristo se submeteu, 
na carne, ao Pai, e os apóstolos se submeteram a Cristo, ao Pai e ao 
Espírito, a fim de que haja união, tanto física como espiritual". 
 
Maria no cristianismo 
 
Inácio além de afirmar a Divindade de Cristo também afirma a virgindade 
Amado
Realce
de Maria e sua descendencia do rei Davi: 
 
"E permaneceram ocultos ao príncipe desse mundo a virgindade de 
Maria e seu parto, bem como a morte do Senhor: três mistérios de 
clamor, realizados no silêncio de Deus". 
 
"A verdade é que o nosso Deus, Jesus, o Ungido, foi concebido de Maria 
segundo a economia divina; nasceu da estirpe de Daví, mas também do 
Espírito Santo". 
 
O culto dos cristãos 
 
Os cristãos se vêm confrontados com uma corrente de pensamento 
chamada docetismo, que vai negar que "o Verbo Se fez carne", ou seja, 
vão negar que Jesus Cristo tenha assumido a natureza humana. Uma 
das consequências de tal doutrina é que vão considerar impossível de 
que no culto que Cristo instituiu na Santa Ceia, e pediu, ordenou que 
fizesse em Sua memória o Pão seja o Corpo de Cristo e o Vinho seja o 
Sangue de Cristo: 
 
"Ficam longe da Eucaristia e da oração, porque não querem reconhecer 
que a Eucaristia é a Carne do nosso Salvador, Jesus Cristo, a qual 
padeceu pelos nossos pecados e a qual o Pai, na Sua bondade, 
ressuscitou. Estes, que negam o dom de Deus, encontram a morte na 
mesma contestação deles. Seria melhor para eles que praticassem a 
caridade, para depois ressuscitar." 
 
E o mesmo Inácio, na epístola aos Filadelfos, diz: 
"Assegurem, portanto, que se observe uma Eucaristia comum; pois há 
apenas um Corpo de Nosso Senhor, e apenas um cálice de união com 
Seu Sangue, e apenas um altar de sacrifício - assim como há um bispo, 
um clérigo, e meus caros servidores, os diáconos. Isto irá assegurar que 
todo o seu proceder está de acordo com a vontade de Deus." 
Assim essa corrente de pensamento motivou testemunhos preciosos das 
comunidades cristãs a respeito de sua Fé na presença real (Corpo, 
Sangue, Alma e Divindade) de Cristo na Eucaristia. 
 
O dia em que os cristãos se reuniam 
 
Inácio também declara que os cristãos herdeiros da Nova Aliança não 
guardam mais o sábado, mas se reúnem no dia do Senhor (o domingo): 
 
"Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova 
esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, em 
Amado
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que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte. Alguns 
negam isso, mas é por meio desse mistério que recebemos a fé e no 
qual perseveramos para ser discípulos de Jesus Cristo, nosso único 
Mestre". 
 
Biografia de Policarpo 
 
Policarpo de Esmirna (c. 69 — c. 155) foi um bispo de Esmirna 
(atualmente na Turquia) no segundo século. Morreu como um mártir, 
vítima da perseguição romana, aos oitenta e seis anos. É reconhecido 
como santo tanto pela Igreja Católica Romana quanto pelas Igrejas 
Ortodoxas Orientais. 
É um dos grandes Pastores Apostólicos, ou seja, pertencia ao número 
daqueles que conviveram com os primeiros apóstolos e serviram de elo 
entre a Igreja primitiva e a igreja do mundo greco-romano. 
 
Vida e obras 
Policarpo foi ordenado bispo de Esmirna pelo próprio João 
Evangelista[1]. De caráter reto, de alto saber, amor a Igreja e fiel à 
ortodoxia da fé, era respeitado por todos no Oriente. Com a perseguição, 
o Santo bispo de 86 anos, escondeu-se até ser preso e assim foi levado 
para o governador, que pretendia convencê-lo de negar a Cristo. 
Policarpo, porém, proferiu estas palavras: "Há oitenta e seis anos sirvo a 
Cristo e nenhum mal tenho recebido Dele. Como poderei negar Aquele a 
quem prestei culto e rejeitar o meu Salvador?". 
 
Nascido em uma família cristã por volta dos anos 70, na Ásia Menor 
(atual Turquia), Policarpo dizia ser discípulo do Apóstolo João. Em sua 
juventude costumava se sentar aos pés do Apóstolo do amor. Também 
http://www.blogfiladelfia.com/2011/04/biografia-de-policarpo.html
http://2.bp.blogspot.com/-wfKC4IWgUs8/TZd6KFDo2tI/AAAAAAAAKoc/S-hiQR2IZiY/s1600/Biografia+de+Pilicarpo.jpg
Amado
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teve a oportunidade de conhecer Ireneu, o mais importante erudito 
cristão do final do segundo século. Inácio de Antioquia, em seu trajeto 
para o martírio romano em 116, escreveu cartas para Policarpo e para a 
igreja de Esmirna. 
 
Nos dias do Papa Aniceto, Policarpo visitou Roma, a fim de representar 
as igrejas da Ásia Menor que observavam a Páscoa no dia 14 do mês de 
Nisan. Apesar de não chegar a um acordo com o papa sobre este 
assunto, ambos mantiveram uma amizade. Ainda estando em Roma, 
Policarpo conheceu alguns hereges da seita dos Valentianos (inclusive 
Valentim), e encontrou-se com Marcião, o qual Policarpo denominava de 
―primogênito de Satanás‖. 
 
A Carta de Policarpo 
 
Apesar de escrever várias cartas, a única preservada até a data, foi a 
endereçada aos filipenses no ano 110. 
 
O Martírio de Policarpo 
 
O martírio de Policarpo é descrito um ano depois de sua morte, em uma 
carta enviada pela Igreja de Esmirna à Igreja de Filomélio. Este registro é 
o mais antigo martirológio cristão existente. Diz a história que o procônsul 
romano, Antonino Pio, e as autoridades civis tentaram persuadí-lo a 
abandonar sua fé em sua avançada idade, a fim de alcançar sua 
liberdade. Ele entretanto, respondeu com autoridade: ―Eu tenho servido 
Cristo por 86 anos e ele nunca me fez nada de mal. Como posso 
blasfemar contra meu Rei que me salvou? Eu sou um crente‖! 
 
No ano 155, em Esmirna, Policarpo é colocado na fogueira[1]. 
Milagrosamente as chamas não o queimaram. Seus inimigos, então, o 
apunhalaram até a morte e depois queimaram o seu corpo numa estaca.Depois de tudo terminado, seus discípulos tomaram o restante de seus 
ossos e o colocaram em uma sepultura apropriada. Segundo a história, 
os judeus estavam tão ávidos pela morte de Policarpo quanto os pagãos, 
por causa de sua defesa contra as heresias. 
 
Oração de Policarpo 
 
Este artigo ou secção possui passagens que não respeitam o 
princípio da imparcialidade. 
 
Tenha algum cuidado ao ler as informações contidas nele. Se puder, 
tente tornar o artigo mais imparcial. 
Amado
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Amado
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Amado
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Amado
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Amado
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Amado
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A história do martírio de Policarpo foi publicada para as igrejas de todos 
os lugares, dando conta da forma resoluta e humilde com que este 
notável servo de Deus entregou sua vida. Trancrevo aqui sua oração 
final, proferida quando estava já atado em meio à lenha para ser 
queimado: Senhor, Deus Onipotente, Pai de Jesus Cristo, teu filho 
predileto e abençoado, por cujo ministério te conhecemos; Deus dos 
anjos e dos poderes; Deus da criação universal e de toda família dos 
justos que vivem em tua presença; eu te louvo porque me julgaste digno 
deste dia e desta hora; digno de ser contado entre teus mártires, e de 
compartilhar do cálice de teu Cristo, para ressuscitar á vida eterna da 
alma e do corpo na incorruptibilidade do Espírito Santo. Possa eu hoje 
ser recebido na tua presença como uma oblação preciosa e aceitável, 
preparada e formada por ti. Tu és fiel às tuas promessas, Deus fiel e 
verdadeiro. Por esta graça e por todas as coisas eu te louvo, bendigo e 
glorifico, em nome de Jesus Cristo, eterno e sumo sacerdote, teu filho 
amado. Por Ele, que está contigo, e o Espiríto Santo, glória te seja agora 
e nos séculos vindouros. "Sede bendito para sempre, ó Senhor; que o 
Vosso nome adorável seja glorificado por todos os séculos". Amém!" 
 
Biografia de Justino, o mártir 
Justino (em latim: Flavius Iustinus ou Iustinus Martir), também conhecido 
como Justino Mártir ou Justino de Nablus (100 - 165 d.C.) foi um teólogo 
do século II. 
 
Biografia 
 
Seu lugar de nascimento foi Flávia Neápolis (atual Nablus), na Síria 
Palestina ou Samaria. A educação infantil de Justino incluiu retórica, 
poesia e história. Como jovem adulto mostrou interesse por filosofia e 
estudou primeiro estoicismo e platonismo. 
 
Justino foi introduzido na fé diretamente por um velho homem que o 
envolveu numa discussão sobre problemas filosóficos e então lhe falou 
http://www.blogfiladelfia.com/2008/10/biografia-de-justino-o-martir.html
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Amado
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sobre Jesus. Ele falou a Justino sobre os profetas que vieram antes dos 
filósofos, ele disse, e que falou "como confiável testemunha da verdade". 
Eles profetizaram a vinda de Cristo e suas profecias se cumpriram em 
Jesus. Justino disse depois que "meu espírito foi imediatamente posto no 
fogo e uma afeição pelos profetas e para aqueles que são amigos de 
Cristo, tomaram conta de mim; enquanto ponderava nestas palavras, 
descobri que a sua era a única filosofia segura e útil". Justino "se 
consagrou totalmente a expansão e defesa da religião cristã." 
 
Justino continuou usando a capa que o identificava como filósofo e 
ensinou estudantes em Éfeso e depois em Roma. Os trabalhos que 
escreveu inclui: 2 apologias em defesa dos cristãos e sua terceira obra 
foi Diálogo com Trifão. 
 
A convicção de Justino da verdade do Cristo era tão completa que ele 
teve morte de mártir sendo decapitado no ano 165 d.C.. 
Participação das criaturas racionais no Logos 
 
O ponto central da apologética de Justino consiste em demonstrar que 
Jesus Cristo é o Logos do qual todos os filósofos falaram, e, portanto, a 
medida que participam do Logos chegando a expressar uma verdade 
parcial - vendo a verdade de modo obscuro - graças à semente do Logos 
que neles foi depositada podem dizer-se cristãos. Mas uma coisa é 
possuir uma semente e outra é o próprio Logos: 
 
“Aprendemos que Cristo é o primogênito de Deus e que é o Logos, do 
qual participa todo o gênero humano” (Justino - Apol. Prima, 46). 
 
“Consequentemente, aqueles que viveram antes de Cristo, mas não 
segundo o Logos, foram maus, inimigos de Cristo (...) ao contrário 
aqueles que viveram e vivem conforme o Logos são cristãos, e não estão 
sujeitos a medos e perturbações” (Justino – I Apologia). 
 
Toda pessoa, criada como ser racional, participa do Logos, que leva 
desde a gestação e pode, portanto perceber a luz da verdade. 
 
Justino, convencido de que a filosofia grega tende para Cristo, "acredita 
que os cristãos podem servir-se dela com confiança" e em conjunto, a 
figura e a obra do apologista "assinalam a decidida opção da Igreja 
antiga em favor da filosofia, em vez de ser a favor da religião dos 
pagãos", com a qual os primeiros cristãos "rechaçaram com força 
qualquer compromisso". 
Justino, em particular, notadamente em sua primeira Apologia, conduziu 
uma crítica implacável com relação à religião pagã e a seus mitos, que 
Amado
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ele considerava como «caminhos falsos» diabólicos no caminho da 
verdade. 
Assim, Justino, e com ele os outros apologistas, marcaram a tomada de 
posição nítida da fé cristã pelo Deus dos filósofos contra os falsos 
deuses da religião pagã. Era a escolha pela verdade do ser, contra o 
mito do costume. 
 
Pensamento teológico 
 
Sobre o batismo 
 
“Vamos expor de que modo, renovados por Cristo, nos consagramos a 
Deus. Todos os que estiverem convencidos e acreditarem no que nós 
ensinamos e proclamamos, e prometerem viver de acordo com essas 
verdades, exortamo-los a pedir a Deus o perdão dos pecados, com 
orações e jejuns; e também nós rezaremos e jejuaremos unidos a eles. 
Em seguida, levamo-los ao lugar onde se encontra água; ali renascem do 
mesmo modo que nós também renascemos: recebem o batismo da água 
em nome do Senhor Deus Criador de todas as coisas, de nosso Salvador 
Jesus Cristo e do Espírito Santo. Com efeito, foi o próprio Jesus Cristo 
que afirmou: Se não renascerdes, não entrareis no reino dos céus (cf. Jô 
3,3.5). É evidente que não se trata, uma vez nascidos, de entrar 
novamente no seio materno”. (Justino – I Apologia Cap. 61 : PG 6,419 - 
422) 
 
"Os que são batizados por nós são levados para um lugar onde haja 
água e são regenerados da mesma forma como nós o fomos. É em 
nome do Pai de todos e Senhor Deus, e de Nosso Senhor Jesus Cristo, e 
do Espírito Santo que recebem a loção na água. Este rito foi-nos 
entregue pelos apóstolos" (Justino, ano 151 d.C., I Apologia 61). 
O culto perpétuo dos cristãos 
 
―Os apóstolos em suas memórias que chamamos evangelhos, nos 
transmitiram a recomendação que Jesus lhes fizera. Tendo ele tomado o 
pão e dado graças, disse: Fazei isto em memória de Mim. Isto é o Meu 
Corpo [Lc 22,19 ; Mc 14,22]; e tomando igualmente o cálice e dando 
graças, disse: Este é o Meu Sangue [Mc 14,24], e os deu somente a 
eles. Desde então, nunca mais deixamos de recordar estas coisas entre 
nós‖ (Justino – I Apologia Cap. 66-67 : PG 6,427 - 431). 
 
O Dia do culto dos cristãos 
 
Justino afirma que os cristãos guardavam como dia sagrado a Deus o 
Domingo, pois foi neste dia que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos: 
Amado
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―Reunimo-nos todos no dia do Sol [o primeiro dia da semana era 
denominado de dia de Sol no Império Romano até o século IV], não só 
porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a 
matéria, criou o mundo, mas também porque neste mesmo dia Jesus 
Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Crucificaram-no na 
véspera do dia de Saturno; e no dia seguinte a este, ou seja, no dia do 
Sol, aparecendo aos seus apóstolos e discípulos, ensinou-lhes tudo o 
que também nós vos propusemos como digno de consideração‖ (Justino 
I – Apologia Cap. 66-67 : PG 6,427 - 431).Descrição do culto dos cristãos 
 
“No chamado dia do Sol, reúnem-se em um mesmo lugar todos os que 
moram nas cidades ou nos campos. Lêem-se as memórias dos apóstolos 
ou os escritos dos profetas, na medida em que o tempo permite. 
Terminada a leitura, aquele que preside toma a palavra para aconselhar 
e exortar os presentes à imitação de tão sublimes ensinamentos. 
 
Depois, levantamo-nos todos juntos e elevamos as nossas preces; como 
já dissemos acima, ao acabarmos de rezar, apresentam-se pão, vinho e 
água. Então o que preside eleva ao céu, com todo o seu fervor, preces e 
ações de graças, e o povo aclama: Amém. Em seguida, faz-se entre os 
presentes a distribuição e a partilha dos alimentos que foram 
eucaristizados, que são também enviados aos ausentes por meio dos 
diáconos. 
 
Os que possuem muitos bens dão livremente o que lhes agrada. O que 
se recolhe é colocado à disposição do que preside. Este socorre os 
órfãos, as viúvas e os que, por doença ou qualquer outro motivo se 
acham em dificuldade, bem como os prisioneiros e os hóspedes que 
chegam de viagem; numa palavra, ele assume o encargo de todos os 
necessitados” (Justino - I Apologia Cap. 66-67 : PG 6,427 - 431). 
 
Eucaristia 
 
A Fé dos cristãos primitivos na eucaristia: Corpo e Sangue de Cristo: 
 
"Designamos este alimento eucaristia. A ninguém é permitido dele 
participar, sem que creia na verdade de nossa doutrina, que já tenha 
recebido o batismo de remissão dos pecados e do novo nascimento, e 
viva conforme os ensinamentos de Cristo. Pois não tomamos estas 
coisas como pão ou bebida comuns; senão, que assim como Jesus 
Cristo, feito carne pela palavra de Deus, teve carne e sangue para 
salvar-nos, assim também o alimento feito eucaristia (...) é a Carne e o 
Sangue de Jesus encarnado. Assim nos ensinaram." (Primeiro livro das 
Apologias de Justino, pag. 65-67.) 
 
Maria 
 
Justino afirma que Jesus nasceu de uma Virgem (Maria) e também que 
Maria é descendente do rei Davi: 
 
"Dizia-se [Jesus] portanto, filho do homem, seja em razão de seu 
nascimento de uma Virgem que, como assinalei, era da raça de Daví, de 
Jacó, de Isaac e de Abraão, etc..." (Justino, mártir, Diálogo com Trifão, 
cap.94-100, PG VI, 701ss). 
 
Os evangelhos canônicos 
 
Justino freqüentemente cita os evangelhos: de Mateus, de Marcos, de 
Lucas e possivelmente de João, contudo não cita sob o nome de Mateus, 
de Marcos, de Lucas, e sim de ―Memória dos apóstolos‖. Por isso 
chegou-se afirmar que Justino desconhecia a divisão em quatro 
evangelhos, afirmada, por exemplo, fortemente por Ireneu mais ou 
menos 30 anos mais tarde. 
 
Portanto, é provável que os 4 evangelhos andassem juntos desde o inicio 
do século II d.C. e referia-se a esses 4 evangelhos com um nome 
genérico, como ―Memória dos apóstolos‖. Ou, também, que já no inicio 
do II século se conhecia a distinção dos 4 evangelhos, mas de acordo 
com o testemunho de Justino era mais comum citá - los com um único 
nome. 
Biografia de Ireneu 
http://www.blogfiladelfia.com/2008/10/biografia-de-ireneu.html
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Amado
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Amado
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Santo Ireneu de Lião, em grego Εἰρηναῖος [pacífico], em latim Irenaeus, 
(ca. 130 — 202) foi um Padre grego, teólogo e escritor cristão que 
nasceu, segundo se crê, na província romana da Ásia Menor Proconsular 
- a parte mais ocidental da actual Turquia - provavelmente Esmirna (atual 
Izmir, na Turquia). 
 
O livro mais famoso de Ireneu, Sobre a detecção e refutação da 
chamada Gnosis, também conhecido como "Contra Heresias" ou 
Adversus Haereses (ca. 180 dC) é um ataque minuciosos ao 
Gnosticismo, que era então uma séria ameaça à Igreja primitiva e, 
especialmente, ao sistema proposto pelo gnóstico Valentim. Como um 
dos primeiros grandes teólogos cristãos, ele enfatizava os elementos da 
Igreja, especialmente o episcopado, as Escrituras e a tradição. Ireneu 
escreveu que a única forma de os cristãos se manterem unidos era 
aceitarem humildemente uma autoridade doutrinária dos concílios 
episcopais. 
 
Seus escritos, assim como os de Clemente e Inácio, são tidos como 
evidências iniciais da primazia papal. Ireneu foi também a testemunha 
mais antiga do reconhecimento do caráter canônico dos quatro 
evangelhos. 
 
A Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa consideram-no santo, comemorado, 
pela primeira, a 28 de Junho e pela última a 23 de Agosto. 
 
Biografia 
 
Há escassa informação sobre sua vida e muitas coisas são pouco 
exatas. Teria nascido na Asia proconsular, pelo menos em alguma 
província em seu limite, na primeira metade do século II. Não se sabe a 
data certa de seu nascimento. Está entre os anos 115 e 125, ou entre 
130 e 142 segundo outros autores. 
 
O que é certo é que, ainda muito jovem, tinha visto e escutado em 
Esmirna o bispo São Policarpo (?-155) o qual, que, por sua vez, segundo 
uma tradição atestada por Papias, fora discípulo de João Evangelista. 
Durante a perseguição ordenada por Marco Aurélio, Ireneu era sacerdote 
na igreja de Lyon naquela época chamada Lugdunum, na Gália. O clero 
da cidade, muitos dos quais presos por testemunharem sua Fé, o enviou 
(em 177 ou 178) a Roma, com carta ao papa Eleutério sobre o 
Montanismo, testemunhando de seus muitos méritos. De retorno à Gália, 
Ireneu sucedeu o mártir São Potínio como bispo de Lyon. 
 
Durante a trégua religiosa subsequente à perseguição de Marco Aurélio, 
o novo bispo dividiu seu tempo entre deveres como pastor e missionário 
(do que temos poucas e incertas informações) e os seus escritos, quase 
todos dirigidos contra a heresia do Gnosticismo, que começava a se 
espalhar pela Gália. Neste sentido, sua obra mais famosa é chamada de 
Contra Heresias (Adversus haereses). Em 190 ou 191, intercedeu junto 
ao Papa Vitor para suspender a sentença de excomunhão imposta sobre 
as comunidades de cristãos na Ásia Menor, que continuavam as práticas 
dos quartodecimanos - que desejavam celebrar a Páscoa segundo a 
tradição judaica. 
 
Ignora-se a data de sua morte, que deve ter ocorrido no fim do século II 
ou início do século III. Apesar de alguns testemunhos isolados e tardios 
nesse sentido, é improvável que tenha terminado sua vida num martírio. 
Ele morreu por volta de 202 d.C. quando do reinado de Setímio Severo 
ou nas mãos de hereges. Ele foi enterrado sob a igreja de São João em 
Lyon, que foi posteriormente renomeada "Santo Ireneu" em sua 
homenagem. Porém, o túmulo e seus restos foram completamente 
destruídos em 1562 pelos huguenotes. 
 
A Obra Teológica 
 
Ireneu escreveu em grego a sua obra, que lhe assegurou lugar de 
prestígio excepcional na literatura cristã devido, não só, às questões 
religiosas controversas de importância capital que abordou, bem como 
por mostrar o testemunho de um contemporâneo das primeiras gerações 
cristãs. Nada do que escreveu chegou a nós no texto original, mas 
muitos fragmentos existem e citações em escritores posteriores como 
Hipólito de Roma e Eusébio de Cesareia. 
 
Duas de suas principais obras chegaram até aos dias de hoje em suas 
versões latinas e arménias: a primeira é a "Exposição e refutação do 
pretenso conhecimento", em português conhecida como "Contra 
Heresias" por ser frequentemente conhecida e citada pelo seu nome 
latino de "Adversus Haereses". 
 
É uma obra para combater o Gnosticismo. Em seus cinco livros, expõe 
de início as doutrinas gnósticas, com referências às suas distintas seitas 
e escolas nascidas nas comunidades cristãs. Ao refutar as versões mais 
importantes (de Valentim, de Basilides e de Marcião) Ireneu 
frequentemente opõe a elas a verdadeira doutrina da Igreja da sua 
época, dando-nos, deste modo - pelo seu recurso à razão, à doutrina da 
Igreja e à Bíblia -, testemunhos indirectose directos relevantes acerca do 
que então era tido como a "doutrina eclesiástica" pois . Aborda, ainda, 
passagens muito comentadas pelos teólogos que dizem respeito ao 
Evangelho de João, à Eucaristia e à primazia da Igreja Romana. Ireneu 
termina esta obra defendendo a ressurreição da carne, escândalo 
máximo para os gnósticos. Dos originais restaram fragmentos, e há 
traduções latinas e armênias. No livro I, Ireneu fala sobre os valentianos 
e seus precursores, cujas raízes vão até Simão Mago. No segundo livro, 
ele tenta provar que o valentianismo não tem mérito algum em suas 
doutrinas. Já no terceiro livro, Ireneu propõe que essas doutrinas são 
falsas com base em evidências obtidas dos Evangelhos. No livro quarto, 
Ireneu reforça a união do Antigo Testamento e os Evangelhos ao mesmo 
tempo que fornece um conjunto de ditos de Jesus. No último livro, ele se 
concentra em mais ditos de Jesus e também em cartas de Paulo de 
Tarso. 
 
Até a descoberta, em 1945, da chamada Biblioteca de Nag Hammadi, 
esta obra de Ireneu era a melhor descrição das correntes gnosticas do 
início da era cristã. De acordo com alguns estudiosos bíblicos, os 
achados de Nag Hammadi demonstraram que as descrições de Ireneu 
sobre o Gnosticismo são muito incorretas e polêmicas em sua natureza. 
Embora correto em alguns detalhes sobre as crenças dos diversos 
grupos, o principal objetivo de Ireneu era advertir os cristãos contra o 
Gnosticismo ao invés de descrever corretamente suas crenças. Ele 
descreveu os grupos gnósticos como libertinos, por exemplo, quando 
algumas de suas próprias obras advogavam a castidade com mais fervor 
do que as ortodoxas. Porém, pelo menos um estudioso, Rodney Stark, 
alega que a mesma Biblioteca de Nag Hammadi prova que Ireneu estava 
correto. 
 
Parece que a crítica de Ireneu contra os gnósticos era exagerada, o que 
provocou sua rejeição pelos estudiosos por um longo tempo. Como 
exemplo, ele escreveu: {{citação2| Eles declaram que Judas, o traidor, 
era perfeitamente familiar com estas coisas e que, ele, sozinho, sabendo 
da verdade como ninguém mais, realizou o mistério da traição. Através 
dele todas as coisas foram então atiradas em confusão. Eles então 
produziram uma história fictícia deste tipo, que chamaram de Evangelho 
de Judas. Estas alegações se mostraram verdadeiras no texto do 
Evangelho de Judas, onde Jesus pediu à Judas o traísse. Sobre as 
incorreções de Ireneu sobre as libertinagens sexuais entre os gnósticos, 
é claro que eles não eram um grupo coeso, mas um conjunto de seitas. 
Alguns eram realmente libertinos, considerando a existência corporal 
como sem nenhum sentido. Outros, pelo mesmo motivo, prezavam a 
castidade ainda mais fortemente que a cristandade, chegando ao ponto 
de banir o casamento e toda atividade sexual. 
 
A sua segunda obra é a "Exposição ou Prova do Ensinamento 
Apostólico", breve texto, cujo conteúdo corresponde na perfeição ao seu 
título. Há dela uma muito antiga tradução, literal, em ]]língua 
armênia|armênio]] descoberta em 1904. Ireneu não quer nela refutar as 
heresias, mas confirmar aos fiéis a exposição da doutrina cristã, 
sobretudo ao demonstrar a verdade do Evangelho por meio de profecias 
do Velho Testamento. Embora não contenha nada do que já não tenha 
sido dito em "Adversus Haereses", é um documento de grande interesse 
e magnífico testemunho da fé profunda e viva de Ireneu. 
 
Do restante da sua obra seguinte, apenas existem fragmentos 
espalhados. Muitos só se conhecem por menção a eles feita por outros 
escritores. São eles: 
 
• um tratado contra os gregos, intitulado "Sobre o Conhecimento", 
mencionado por Eusébio de Cesareia 
• um documento dirigido ao sacerdote romano Florinus "Sobre a 
Monarquia, ou como Deus não é a causa do Mal" com fragmento na 
"História Eclesiástica" de Eusébio 
• um documento "Sobre Ogdoad", provavelmente contra a "Ogdóade" do 
gnóstico Valetim escrito para o mesmo supra-citado sacerdote Florinus, 
que aderira à seita dos valentianos do qual há fragmento em Eusébio 
• um tratado sobre o cisma dirigido a Blastus (mencionado por Eusébio) 
• uma carta ao Papa Vítor contra o sacerdote romano Florinus (fragmento 
em siríaco) 
• outra carta ao mesmo papa sobre a controvérsia pascal (da qual há 
trechos em Eusébio) 
• cartas a vários correspondentes sobre o mesmo tema (mencionadas 
por Eusébio; fragmento preservado em siríaco) 
• um livro com numerosos discursos, provavelmente uma coleção de 
homilias (mencionado por Eusébio) 
 
Escrituras 
 
Ireneu aponta para as Escrituras como prova de um Cristianismo 
ortodoxo contra as heresias, classificando como "Escrituras" não 
somente o Antigo Testamento, mas também os livros hoje conhecidos 
como Novo Testamento e, ao mesmo tempo, excluindo uma grande 
quantidade de obras de autores gnósticos que floresciam no século II dC 
e que alegavam autoridade de Escritura. Antes dele, os cristãos diferiam 
entre si sobre quais evangelhos eles preferiam. Os da Ásia Menor 
utilizavam muito o Evangelho de João e o Evangelho de Mateus era o 
mais popular no geral. Ireneu afirmou que quatro evangelhos, o de 
Mateus, Marcos, Lucas e João eram os canônicos. Logo, Ireneu nos deu 
um dos primeiros testemunhos da afirmação dos quatro evangelhos 
canônicos, possivelmente como uma reação a uma versão editada por 
Marcião do Evangelho de Lucas (o Evangelho de Marcião), que ele 
afirmava ser o único verdadeiro evangelho. 
 
Baseado nos argumentos de Ireneu apoiando a existência de apenas 
quatro evangelhos autênticos, alguns intérpretes deduzem que este 
conceito deveria ser ainda muito novo no tempo Ireneu. Em "Contra 
Heresias" (3.11.7), ele concorda que muitos cristãos heterodoxos 
utilizavam apenas um evangelho, enquanto em 3.11.9 ele afirma que 
outros utilizavam mais do que quatro. O sucesso do Diatessarão de 
Tatiano no mesmo período é "... uma poderosa indicação de que os 
'quatro evangelhos' patrocinados na época por Ireneu não eram 
amplamente - muito menos universalmente - reconhecidos". Ireneu 
também foi o primeiro a atestar (numa fonte que sobreviveu até hoje) que 
o Evangelho de João foi de fato escrito pelo apóstolo e que o Evangelho 
de Lucas foi escrito pelo mesmo Lucas que era companheiro de Paulo. 
 
O apologista e ascético Tatiano já tinha antes harmonizado os quatro 
evangelhos numa única narrativa, o Diatessarão (ca. 150 dC]]. 
 
Estudiosos afirmam que Ireneu cita pelo menos 21 dos 27 textos do 
Novo Testamento: 
 
Os itens marcados como ** são os que é incerto se Ireneu citou ou 
não evangelho. 
 
• Livro I 
• Prefácio: Primeira Epístola a Timóteo 
• Capítulo 3: Epístola aos Colossenses e Primeira Epístola aos Coríntios 
• Capítulo 16: Segunda Epístola de João 
 
• Livro II 
 
• Capítulo 30: Epístola aos Hebreus** 
 
• Livro III 
 
• Capítulo 3: Epístola a Tito 
• Capítulo 7: Segunda Epístola aos Coríntios 
• Capítulo 10: Marcos 
• Capítulo 11: João 
• Capítulo 14: Lucas, Atos dos Apóstolos e Segunda Epístola a Timóteo 
• Capítulo 16: Mateus, Primeira Epístola de João e Epístola aos 
Romanos 
• Capítulo 22: Epístola aos Gálatas 
 
• Livro IV 
 
• Capítulo 9: Primeira Epístola de Pedro 
• Capítulo 16: Epístola a Tiago** 
• Capítulo 18: Epístola aos aos Filipenses 
• Capítulo 20: Apocalipse 
 
• Livro V 
 
• Capítulo 2: Epístola aos Efésios 
• Capítulo 6: Primeira Epístola aos Tessalonicenses 
• Capítulo 25: Segunda Epístola aos Tessalonicenses 
• Capítulo 28: Segunda Epístola de Pedro ** 
 
Ele não cita as Epístolas à Filêmon, Judas e nem a Terceira Epístola de 
Pedro. 
 
Autoridade Apostólica 
 
Em seus escritos contra os gnósticos, que alegavam possuir uma 
tradição oral secreta vinda do próprio Jesus, Ireneu defendia que os 
bispos em diferentes cidades são conhecidos desde o tempo dos 
Apóstolos - e nenhum deles era gnóstico - e que os bispos proviam o 
único guia seguro para a interpretaçãodas Escrituras. Ele enfatizava a 
posição de autoridade única que detinha o bispo de Roma. 
Com as listas de bispos a que Ireneu se referiu, a doutrina posterior de 
sucessão apostólica dos bispos pode ser relacionada. Esta sucessão foi 
importante para estabelecer uma linha de custódia da ortodoxia. O ponto 
de vista de Ireneu quando refutando os gnósticos foi de que todas as 
igrejas apostólicas preservaram as mesmas tradições e ensinamentos 
em diversas correntes independentes. Foi um acordo unânime entre 
estas muitas correntes independentes de transmissão que provaram a fé 
ortodoxa, corrente naquelas igrejas, ser a verdadeira. Se algum erro 
tivesse sido absorvido, o acordo seria imediatamente destruído. Os 
gnósticos não tinham nem esta sucessão e nem um acordo entre eles. 
 
Traços de um pensamento 
 
Para Ireneu, na senda do progresso constante na Revelação contida na 
Bíblia, há somente um Deus (Théos) e não um Deus e um demiurgo ou 
"ser divino" (theios) como era propagado pelas correntes gnósticas. Para 
estas, de facto, a Criação é obra do demiurgo - δημιοσργός em grego, 
demiurgus em latim - pois, fruto do seu pessimismo diante da matéria 
criada, não concebiam que a Divindade pudesse contactar com a mesma 
(Adversus Haereses I, 5, 1-6). Ireneu sublinha não só a identidade entre 
Deus e o Criador (Adversus Haereses V, II, 1, 1; IV, 5, 2-4) e que, assim, 
todo o Universo provém do bem e tem em vista o bem, mas igualmente 
que a Criação não era, como diziam os gnósticos, fruto de um erro de 
concepção inicial: «neque per apostasiam et defectionem et ignoratiam» 
(Adversus Haereses II, 3, 2) 
O núcleo de um pensamento: 
 
«A glória de Deus é o Homem vivo, e a vida do Homem consiste em ver 
a Deus. Pois se a manifestação de Deus que é feita por meio da criação, 
permite a vida de todos os seres vivos na Terra, muito mais a revelação 
do Pai que nos é comunicada pelo Verbo, comunica a vida àqueles que 
amam a Deus» — Adversus Haereses IV, 20, 7, Ireneu de Lyon 
 
A sua antropologia parte da afirmação de que o Homem - entenda-se: a 
unidade inseparável de corpo e alma (Adversus Haereses V, 6, 1) -, 
sendo criado por Deus, é bom. Contudo, por ser uma criatura, o Homem 
não é perfeito e, assim, está propenso a ir contra sua natureza e optar 
livremente por decair, sem, contudo, que tal faça destruir a sua natureza 
(Adversus Haereses IV, 37, 5). Para Ireneu é o livre-arbítrio que torna o 
Homem semelhante a Deus: «liberae sententiae ab initio est homo, et 
liberae sententiae est Deus, cui similitudinem factus est» (Adversus 
Haereses IV, 37, 4). Deste modo, sendo todo o Homem livre em seus 
actos é, igualmente, responsável pelos mesmos. O mal que pode ser 
deslindado no Mundo, assim, não é da responsabilidade de Deus, mas 
das opções desordenadas do Homem. 
 
Santíssima Trindade 
 
"Já temos mostrado que o Verbo, isto é, o Filho esteve sempre com o 
Pai. Mas também a Sabedoria, o Espírito estava igualmente junto dele 
antes de toda a criação" (Contra as Heresias IV,20,4). 
Irineu afirma a igualdade de essência e dignidade entre o Pai e o Filho e 
o Espírito Santo (Adv. Haeres., II, 13, 8). 
 
Batismo trinitário 
 
―Ao dar a Seus discípulos poder para que fizessem os homens renascer 
de Deus, o Senhor lhes disse: Ide e fazei discípulos Meus todos os 
povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo‖. (Mt 
28,19) 
(Do Tratado Contra as heresias – Lib. 3,17,1-3 : SCh 34, 302-306) 
Eucaristia e ressurreição da carne. 
 
No Tratado contra as heresias Irineu redige a doutrina da Eucaristia: 
Corpo e Sangue de Cristo e a ressurreição da carne: 
 
Se não há salvação para a carne, também o Senhor não nos redimiu 
com o Seu Sangue. Portanto, quando o cálice de vinho misturado com a 
água e o pão natural recebem a Palavra de Deus, transformam-se na 
eucaristia do Sangue e do Corpo de Cristo. Recebendo a palavra de 
Deus, tornam-se a eucaristia, isto é, o Corpo e o Sangue de Cristo. 
Assim também os nossos corpos, alimentados pela eucaristia, 
depositados na terra e nela desintegrados, ressuscitarão a seu tempo, 
quando o Verbo de Deus lhes conceder a ressurreição para a glória do 
Pai. É ele que reveste com sua imortalidade o corpo mortal e dá 
gratuitamente a incorruptibilidade a carne corruptível. Porque é na 
fraqueza que se manifesta o poder de Deus. 
 
(Lib. 5,2,2-3 : SCh 153,30-38) 
 
Irineu afirma também o caráter propiciatório da Eucaristia em seu 
monumental "Contra as heresias": 
 
"(Nosso Senhor) nos ensinou também que há um novo sacrifício da Nova 
Aliança, sacrifício que a Igreja recebeu dos Apóstolos, e que se oferece 
em todos os lugares da terra ao Deus que se nos dá em alimento como 
primícia dos favores que Ele nos concede no Novo Testamento. Já o 
havia prefigurado Malaquias ao dizer: Porque desde o nascer do sol, (...) 
(Malaquias, I, 11). O que equivale dizer com toda clareza que o povo 
primeiramente eleito (os judeus) não havia mais de oferecer sacrifícios, 
senão que em todo lugar se ofereceria um sacrifício puro e que seu 
nome seria glorificado entre as nações." 
 
Virgem Maria 
 
De importância singular é, também, o pensamento de Ireneu sobre 
Maria, considerando-a como perpetuamente virgem e como Co-
Redentora. Irineu desenvolve um paralelismo antitético, dentro do quadro 
da Redenção operada por Cristo, entre a mãe de Jesus - figura da 
obediência e da humildade - e Eva - tipo daquela e imagem da 
desobediência e do orgulho - : 
 
"Mesmo Eva tendo Adão como marido, ela ainda era virgem ... Ao 
desobedecer, Eva tornou-se a causa da morte para si e para toda a raça 
humana. Da mesma forma que Maria, embora tivesse um marido, ainda 
era virgem, e obedecendo, ela tornou-se causa de salvação para si e 
para toda a raça humana" (Adversus haereses 3:22) 
 
"A Virgem Maria... sendo obediente à sua palavra, recebeu do anjo a boa 
nova de que ela daria à luz Deus". (Contra as Heresias V, 19,1) 
 
Primado do Bispo de Roma 
 
Depois de afirmar a primazia da Sé de Roma enumera os Bispos de 
Roma que governaram a Igreja até então: 
 
"Para a maior e mais antiga a mais famosa Igreja, fundada pelos dois 
mais gloriosos Apóstolos, Pedro e Paulo." e depois "Os bem-aventurados 
Apóstolos portanto, fundando e instituindo a Igreja, entregaram a Lino o 
cargo de administrá-la como Bispo; a este sucedeu Anacleto; depois 
dele, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, Clemente recebeu o 
episcopado." 
 
(Contra as heresias - 1.III, 1,12; 2,1´2; 3.1´3; 4,1; P.G. 7, 844ss; S.C.34) 
 
Evangelhos canônicos 
 
Irineu afirma claramente a divisão em quatro evangelhos (Mateus, 
Marcos, Lucas e João), fazendo numerosas citações desses evangelhos, 
únicos evangelhos reconhecidos como autênticos e lidos na Igreja atesta 
Irineu: 
´Mateus compôs o Evangelho para os hebreus na sua língua, enquanto 
Pedro e Paulo em Roma pregavam o Evangelho e fundavam a Igreja.´ 
(Adv. Haereses II, 1,1) ‗Depois de sua morte, Marcos, o discípulo e 
intérprete de Pedro, nos transmitiu também por escrito o que Pedro tinha 
pregado. Assim mesmo Lucas, o companheiro de Paulo, consignou num 
livro o evangelho pregado por este. ´Enfim, João, o discípulo do Senhor, 
o mesmo que reclinou sobre o seu peito, publicou também o Evangelho 
quando de sua estadia em Éfeso. Ora, todos esses homens legaram a 
seguinte doutrina: Quem não lhes dá assentimento despreza os que 
tiveram parte com o Senhor, despreza o próprio Senhor, despreza enfim 
o Pai; e assim se condena a si mesmo, pois resiste e se opõe à sua 
salvação – e é o que fazem todos os hereges‘. (Contra as heresias) 
 
Ireneu em sua obra também faz referência aos Livros Sagrados 
chamados deuterocanônicos referindo-se à Sabedoria, à História de 
Susana, Bel e o dragão (Adições em Daniel) e Baruque. 
 
Apontamentos acerca da sua refutação do Evangelho de Judas 
A sua extensa e completa refutação das diferentesdoutrinas gnósticas 
vem sendo recordada por ocasião do redescobrimento do texto pseudo-
epigrafo conhecido como o Evangelho de Judas. Acerca deste texto, 
Ireneu disse que era utilizado por um grupo gnóstico auto-denominado 
cainitas, os quais: 
 
«dizem que Caim nasceu de uma Potestate superior, e se professam 
irmãos de Esaú, Coré, os sodomitas e todos os seus semelhantes. Por 
isto, o Criador os atacou, mas a nenhum deles pôde-se fazer mal. Pois, a 
Sabedoria tomava para si mesma o que deles havia nascido dela. E 
dizem que Judas, o traidor, foi o único que conheceu todas estas coisas 
exatamente, porque somente ele entre todos conheceu a verdade para 
levar em frente o mistério da traição (...). Para isto, mostram um livro de 
sua invenção, que chamam o "Evangelho de Judas".» (Adversus 
Haereses, I, 31, 1) 
 
Na continuação, Ireneu, desmascarando o louvor que os cainitas faziam 
de Judas por este ter entregue Jesus, e assim, segundo estes, ousado 
experimentar a realização da mais cruel traição como caminho para a 
realização de um número maior de "experiências" gnósticas, faz notar, 
não sem uma ironia fina, que 
 
«Estes (os cainitas) chamam de Hystera a este criador do céu e da terra 
e dizem, como Carpocrates, que o Homem não pode ser salvo se não 
passar por todo o tipo de experiências. Um anjo, segundo eles, está 
continuamente à espera de todos os seus actos, incentivando-os para 
todo o tipo de actos pecaminosos e abomináveis (...). Seja qual for a 
natureza de tais acções, eles declaram que as fazem em nome de tal 
anjo, dizendo: "Ó anjo, eu usei o teu trabalho; o teu poder, eu realizei 
esta acção!" E advogam que isto é o "conhecimento perfeito."» (Adversus 
Haereses I, 31, 2) 
 
Adiante, faz reparar a inconsistência da argumentação daqueles que 
seguiam os ensinamentos também contidos no "Evangelho de Judas", ao 
expôr a incongruência das sua posições: 
 
«Dizem eles que a paixão do decimo segundo Aeon é demonstrada pela 
morte de Judas. Contudo, ainda segundo eles, tal Aeon, cujo tipo 
declaram ser Judas, depois de ser separado de Enthymesis, foi 
restaurado e retomou a sua posição antiga; contudo Judas foi retirado 
(do seu cargo), expulso, e Matias foi escolhido em seu lugar, de acordo 
com o que está escrito.» (Adversus Haereses II, 20, 2) 
 
Biografia de Tertuliano 
 
Quintus Septimius Florens Tertullianus, conhecido como Tertuliano 
(ca. 160 - ca. 220 dC) foi um prolífico autor das primeiras fases do 
Cristianismo, nascido em Cartago na província romana da África. Ele foi 
um primeiro autor cristão a produzir uma obra literária (corpus) em latim. 
Ele também foi um notável apologista cristão e um polemista contra a 
heresia. 
 
Embora conservador, ele organizou e avançou a nova teologia da Igreja 
antiga. Ele é talvez mais famoso por ser o autor mais antigo cuja obra 
sobreviveu a utilizar o termo "Trindade" (em latim: Trinitas) e por nos dar 
a mais antiga exposição formal ainda existente sobre a teologia trinitária. 
É um dos Padres latinos. 
Algumas das idéias de Tertuliano não eram aceitáveis para os ortodoxos 
e, no fim de sua vida, ele se tornou um montanista. 
 
Vida 
 
Pouquíssima informação confiável existe para nos informar sobre a vida 
de Tertuliano. A maior parte do que sabemos sobre ele vem seus 
próprios escritos. 
De acordo com a tradição, ele foi criado em Cartago e acreditava ser o 
filho de um centurião romano, um advogado treinado e um padre 
ordenado. Estas assertivas se baseiam principalmente em Eusébio de 
Cesareia na sua História Eclesiástica (livro II, cap 2) e em São Jerônimo, 
em De Viris Illustribus (cap. 53). Jerônimo alegou que o pai de Tertuliano 
tina a posição de centurio proconsularis no exército romano na África. 
Porém, não está claro se esta posição sequer existiu nas forças militares 
romanas. 
 
Adicionalmente, acredita-se que Tertuliano foi um advogado por causa 
http://www.blogfiladelfia.com/2008/10/biografia-de-tertuliano.html
http://4.bp.blogspot.com/-AxzEZEEUddw/TZdosEVq51I/AAAAAAAAKoE/rv_iyUwRq7U/s1600/Biografia+de+Tertuliano.jpg
do uso que ele faz de analogias legais e de uma identificação dele com o 
jurista Tertulianus, que foi citado no "Digesta seu Pandectae". Embora 
Tertuliano utilize conhecimentos da lei romana em seus escritos, seu 
conhecimento legal não é - de forma demonstrável - superior ao que se 
esperaria de um romano com educação suficiente. Dos escritos de 
Tertulianus, um advogado com o mesmo cognome, existem apenas 
fragmentos e eles não demonstram uma autoria cristã. E Tertulianus só 
foi confundido com Tertuliano muito depois, por historiadores cristãos. 
Finalmente, também é questionável se ele era ou não um padre. Em 
suas obras sobreviventes, ele jamais se descreve como ordenado pela 
Igreja e parece se colocar como leigo em trechos de "Exortação à 
Castidade" (7.3) e "Sobre a Monogamia" (12.2). 
 
A África era famosa por ser terra de oradores. Esta influência pode ser 
percebida no estilo de Tertuliano, permeado de arcaísmos e 
provincialismos, suas imagens brilhantes e o seu temperamento 
apaixonado. Ele era um estudioso de grande erudição, tendo escrito pelo 
menos dois livros em grego. Neles, ele se refere a si mesmo, mas 
nenhum sobreviveu até hoje. Sua principal área de estudo era a 
jurisprudência e sua forma de raciocinar revela algumas marcas de um 
treinamento jurídico mais formal. 
 
Conversão 
 
Sua conversão ao Cristianismo aconteceu por volta de 197-198 (de 
acordo com Adolf Harnack, Bonwetsch e outros), mas seus antecedentes 
imediatos são desconhecidos, exceto o que pode ser conjecturado a 
partir de seus escritos. O evento deve ter sido repentino e decisivo, 
transformando de uma vez sua própria personalidade. Ele escreveu que 
não podia imaginar uma vida verdadeiramente cristã sem um ato 
consciente e radical de conversão: 
 
“Nós somos da mesma laia e natureza: cristãos são feitos e não 
nascidos” — Apologia, Tertuliano 
 
Dois livros endereçados à sua esposa confirmam que ele foi casado com 
cristã. 
 
No meio de sua vida (por volta de 207 dC), ele foi atraído pela "Nova 
profecia" do Montanismo e parece ter deixado o ramo principal da Igreja. 
No tempo de Santo Agostinho, um grupo de "tertulianistas" ainda tinham 
uma basílica em Cartago que, nesta mesma época, passou para a Igreja. 
Não sabemos se esta é apenas uma outra denominação para os 
montanistas e se significa que Tertuliano rompeu também com os 
montanistas e fundou seu próprio grupo. Tertuliano tinha um 
temperamento violento e enérgico, quase fanático, lutador empedernido 
e muitos dos seus escritos são polémicos. Este temperamento, 
impressionado com o exemplo dos mártires, que o levou à conversão, 
permite compreender a sua passagem ao montanismo. 
 
Jerônimo diz que Tertuliano morreu com idade bastante avançada, mas 
não há outra fonte confiável que ateste sua sobrevivência além do ano 
estimado de 220 dC. À despeito de seu cisma com a ortodoxia da Igreja, 
ele continuou a escrever contra as heresias, especialmente o 
Gnosticismo. Assim, através de suas obras doutrinárias que publicou, 
Tertuliano se tornou professor de Cipriano de Cartago e o predecessor 
de Santo Agostinho que, por sua vez, se tornou o principal fundador da 
teologia latina. 
 
Obras 
 
Podemos dividir o conjunto das suas obras em três grandes grupos: 
 
• Escritos apologéticos (de defesa da fé contra os opositores): Aos 
pagãos, Apologeticum (a sua obra mas conhecida), O testemunho da 
alma, Contra Escápula, Contra os judeus. 
• Escritos polémicos: A prescrição dos hereges, Contra Marcião, Contra 
Hermógenes, Contra os valentinianos, O baptismo, Scorpiace, A carne 
de Cristo, A ressurreição da carne, Contra Práxeas, A alma. 
• Escritos disciplinares, morais e ascéticos: Aos mártires, Os 
espectáculos, O vestido das mulheres, A oração, A paciência, A 
penitência, À esposa, A exortação da castidade, A monogamia,O véu 
das virgens, A coroa, A fuga na perseguição, A idolatria, O jejum, A 
pudicícia, O manto. 
 
Teologia 
 
Apesar de ser considerado por muitos o fundador da teologia ocidental, a 
verdade é que tal designação é exagerada, porque Tertuliano não tem 
propriamente um sistema teológico. De facto, para isso faltou-lhe o 
equilíbrio necessário para organizar os vários artigos da fé, assim como a 
preocupação pela coerência, pois não era do seu interesse conciliar a fé 
com a razão humana. 
 
A Fé e a Filosofia 
Para Tertuliano, a questão das relações entre a fé e a filosofia nem 
sequer se colocavam, pois entre ambas nada existia de comum. A 
filosofia era vista como adversária da fé, e os filósofos antigos como 
patriarcas dos hereges. Para ele, de facto, fé e razão opõem-se, e 
podemos encontrar na filosofia a origem de todos os desvios da fé. No 
entanto, é forçado a reconhecer que algumas vezes os filósofos 
pensaram como os cristãos, e denuncia algumas influências de correntes 
filosóficas antigas, nomeadamente do Estoicismo. É bem conhecida a 
frase credo quia absurdum. Apesar de ela não se encontrar nos escritos 
de Tertuliano, mas apenas algumas semelhantes, ela condensa bem o 
seu pensamento acerca da razão. Note-se que o seu significado é não 
apenas "creio embora seja absurdo", mas sim "creio porque é absurdo". 
A verdadeira fé tem de se opor à razão. 
 
A teologia e o direito 
 
Tertuliano era jurista, advogado, e isso se reflectiu em sua teologia e em 
seus escritos de duas maneiras: 
 
• quanto ao método argumentação: 
Nascia na Igreja a procura de uma argumentação precisa e cerrada, sem 
falhas, à imagem daquela usada nos tribunais. Foi Tertuliano que usou 
contra os hereges o argumento da prescriptio, que mostrava que apenas 
a Igreja unida a Roma provinha das origens, enquanto todos os outros 
teriam surgido depois e seriam, por isso, falsificadores; 
 
• quanto à linguagem: 
Tertuliano introduziu na teologia latina, e na da Igreja em geral, uma série 
de termos e conceitos provenientes do direito. Concebeu a vida cristã e a 
salvação à semelhança de um processo penal, em que Deus é o 
legislador, o Evangelho a lei, quem obedece recebe a compensação, 
quem desobedece torna-se culpado e é castigado. Tertuliano introduziu 
ou consagrou algumas distinções importantes, como por exemplo a de 
preceito e conselho evangélico. 
 
A regra da fé 
 
Para Tertuliano, a regra da fé constitui-se como lei da fé. Nos seus 
escritos encontramos fórmulas de dois elementos, com menção do Pai e 
do Filho, e outras de três, que acrescentam o Espírito Santo. As várias 
fórmulas apresentadas por Tertuliano, semelhantes entre si na forma e 
no conteúdo, mostram a existência dum resumo da fé próximo do 
símbolo baptismal. 
 
A Trindade 
 
O maior contributo de Tertuliano para a teologia foi a sua reflexão acerca 
do mistério trinitário. Criou um vocabulário que passou a fazer parte da 
linguagem oficial da teologia cristã. Foi ele que introduziu a palavra 
―Trinitas‖, como complemento da ―Unitas‖. Segundo Tertuliano, Pai, Filho 
e Espírito Santo são um só Deus porque uma só é a substância, um só 
estado (status) e um só poder. Mas, por outro lado, distinguem-se, sem 
separação, pelo grau, pela forma e pela espécie (manifestação). 
Tertuliano introduz assim o termo ―pessoa‖, (persona), para significar 
cada um dos três, considerado individualmente. Este vocabulário passou 
a vigorar, até hoje, para referir as realidades trinitárias. No entanto, 
Tertuliano deixa transparecer alguma influência subordinacionista. Ao 
falar da geração do Filho, sem querer comprometer a sua divindade, 
admite uma certa gradação, desde uma fase anterior à criação, em que o 
Logos de Deus se contempla a Si mesmo, para passar a contemplar a 
economia salvífica, e é engendrado de forma imanente em Deus, até à 
criação, em que a Palavra se realiza como tal ao ser proferida. Cristo é, 
assim, o primogénito do Pai, gerado antes de todas as coisas, mas não é 
eterno. O Filho é como que uma porção ou emanação do Pai. 
Tertuliano, apesar de ter dotado a teologia trinitária dum vocabulário 
preciso, e de ter procurado a exactidão, não se livrou dalgumas 
ambiguidades e deficiências. 
 
Cristologia 
 
Tertuliano formulou algumas doutrinas relativas à pessoa de Cristo, que 
haviam de ser reconhecidas mais tarde em Concílios, de tal modo que 
podemos dizer que a sua cristologia tem os méritos da sua teologia 
trinitária, sem os seus defeitos. Tertuliano afirma com clareza as duas 
naturezas de Cristo, sem confusão entre as duas, nem redução de 
alguma delas. Nisso, proclama já o que mais tarde havia de ser 
solenemente afirmado no Concílio de Calcedónia (451). 
 
Mariologia 
 
Na sequência da sua cristologia, Tertuliano acentua que Maria deu 
realmente à luz o Verbo Encarnado. Reconhece que ela era virgem 
quando concebeu mas, para lutar contra a cristologia doceta, que 
defendia que o nascimento de Jesus tinha sido apenas aparente, nega a 
virgindade de Maria no parto e após o parto (pois isso parecia-lhe dar 
argumentos ao adversário). Do mesmo modo, entende que os ―irmãos de 
Jesus‖ são filhos de Maria. 
Apesar de tudo, Tertuliano proclama Maria como a nova Eva. 
 
Eclesiologia 
Tertuliano considera a Igreja como Mãe, numa expressão de extremo 
respeito e veneração. Tal como Eva foi formada da costela de Adão, 
também a Igreja teve a sua origem na chaga do lado de Cristo. A Igreja é 
guardiã de Fé e da Revelação. Assim, as Escrituras pertencem-lhe, e só 
ela mantém o ensinamento dos Apóstolos e pode transmiti-lo. Esta 
concepção, do período católico de Tertuliano, é ortodoxa, e semelhante à 
defendida por Ireneu de Lyon. Na sua fase montanista, porém, torna-se 
visivelmente herege, concebendo a Igreja como um corpo puramente 
espiritual, de tal modo que bastam dois ou três cristãos para que se 
possa dizer que se manifesta a totalidade da Igreja una. Essa seria a 
Igreja do Espírito, oposta à ―Igreja dos bispos‖. É por esta teoria que 
Tertuliano, já herege, substitui a da sucessão apostólica. 
 
A penitência 
 
Tertuliano fornece-nos pormenores importantes acerca da disciplina 
penitencial da Igreja, mas a sua teologia da penitência sofre das mesmas 
contradições e insuficiências da sua eclesiologia. Mas é o primeiro a 
descrever concretamente com clareza o processo e as formas da 
penitência. Há possibilidade duma nova conversão após o baptismo, 
conseguida na sequência duma confissão pública do pecado. Ao pedir 
perdão, o pecador usufrui da intercessão da Igreja e recebe a absolvição 
final pela pessoa do bispo. Na sua fase católica, Tertuliano mostra 
considerar que todo o pecador, por maior que fosse, tinha direito a esta 
penitência. Distinção entre pecados, só entre corporais e espirituais, 
consumados ou de desejo, mas todos eles podendo ser perdoados 
através da Igreja. Quando se torna montanista, porém, passa a 
considerar alguns pecados irremissíveis, tais como a fornicação, a 
idolatria e o homicídio. Isto é um dado novo, sem precedentes na 
disciplina primitiva, e testemunha o aparecimento duma facção rigorista, 
sob a influência do montanismo. Os católicos argumentavam com a 
Escritura, mostrando que Cristo perdoou todos os pecados, mesmo os 
―irremissíveis‖. Tertuliano responde a isto dizendo que perdoar tais 
pecados era um poder pessoal e exclusivo do Salvador, não transmitido 
à Igreja. Para Tertuliano, por conseguinte, só Deus perdoa os pecados. 
Confrontado com a passagem do Evangelho em que Cristo concede o 
poder de ligar e desligar, Tertuliano nega que assim a Igreja detenha o 
poder das chaves, pois tal poder foi dado pessoalmente só a São Pedro, 
não a todos os bispos. Quando muito, para o Tertuliano montanista, o 
poder de perdoar os pecados pertence a ―homens espirituais‖, não aos 
bispos. 
 
A Eucaristia 
 
Tertuliano emprega vários nomes para referir a Eucaristia.São contudo 
poucas as suas referências explícitas a esse mistério. Ao falar dos 
sacramentos da iniciação cristã, diz que ―a carne é alimentada com o 
Corpo e Sangue de Cristo, para que a alma seja saciada de Deus (De 
resurrectione mortuorum, 8). Isto manifesta a sua fé na presença real de 
Cristo na Eucaristia. O mesmo se torna patente quando manifesta a sua 
indignação por alguns se aproximarem indignamente do Corpo do 
Senhor. Tertuliano testemunha também o carácter sacrificial da 
Eucaristia. Fá-lo ao referir o temor que alguns tinham de quebrar o jejum 
ao receberem o pão eucarístico. Tertuliano refere o costume de levar a 
espécie eucarística para casa e tomá-la privadamente. É esta uma das 
mais antigas alusões à reserva eucarística. Apesar de algumas palavras 
ambíguas, Tertuliano manifesta a fé na presença real, que acontece 
mediante as palavras da instituição, mas salvaguarda a sua natureza 
sacramental pois refere as espécies como sinal e representação (no 
sentido de tornar presente). A fé nessa presença real exprime-se ainda 
na condenação daqueles que negam a realidade do corpo crucificado de 
Cristo, mas celebram a Eucaristia: tal comportamento é absurdo, pois 
tratam-se da mesma coisa. 
 
Escatologia 
 
Tertuliano admite a ideia duma penitência da alma após a morte. 
Somente os mártires escapam a ela. Todos os outros têm um tempo de 
espera até ao juízo final, e só a intercessão dos vivos lhes pode valer. 
Tal como os milenaristas, Tertuliano considera que, no fim, os justos, 
ressuscitados, reinarão durante mil anos com Cristo. Depois do juízo 
final, os justos estarão com Deus, enquanto que os ímpios irão para o 
fogo eterno. 
 
Notas 
 
"Trinitas" por sua vez é uma latinização do grego "HE TRIAS" (A Tríade), 
um termo que foi utilizado antes de Tertuliano por Teófilo de Antioquia 
em sua obra Ad Autolycum 2.15 para se referir à Deus, o Logos de Deus 
(Jesus) e a Sofia de Deus (Espírito Santo). 
A passagem de Agostinho descrevendo os tertulianistas sugere que este 
deve ter sido o caso, pois um padre tertulianista obteve a permissão de 
uso de uma igreja sob alegação de que os mártires a quem ela teria sido 
dedicada eram montanistas. Porém, esta passagem é considerada muito 
condensada e bastante ambígua. 
 
Biografia de Orígenes 
 
Orígenes (em grego Ὠριγένης), cognominado Orígenes de Alexandria ou 
Orígenes de Cesaréia ou ainda Orígenes o Cristão (Alexandria, Egipto, c. 
185 — Cesareia, ou, mais provavelmente, Tiro, 253), foi um teólogo, 
filósofo neoplatônico patrístico e é um dos Padres gregos. 
 
Um dos mais distintos pupilos de Amônio de Alexandria, Orígenes foi um 
prolífico escritor cristão, de grande erudição, ligado à Escola Catequética 
de Alexandria, no período pré-niceno. 
 
Inspirados em Orígenes e na Escola de Alexandria, muitos escritores 
cristãos desenvolveram suas obras: Sexto Júlio Africano, Dionísio de 
Alexandria, o Grande, Gregório Taumaturgo, Firmiliano, bispo de 
Cesareia (Capadócia), Teognosto, Pedro de Alexandria, Pânfilo e 
Hesíquio. 
Orígenes de Alexandria não deve ser confundido com o filósofo 
Orígenes, o Pagão (210-280), mais jovem e também integrante da 
Escola de Alexandria, porém discípulo de Plotino. 
 
Biografia 
 
O maior erudito da Igreja antiga - segundo J. Quasten - nasceu de uma 
família cristã egípcia e teve como mestre Clemente de Alexandria. 
Assumiu, em 203, a direcção da escola catequética de Alexandria - 
fundada por um estóico chamado Panteno, que se havia convertido à 
mensagem de Cristo - atraindo muitos jovens estudantes pelo seu 
carisma, conhecimento e virtudes pessoais. 
Depois de ter também frequentado, desde 205, a escola de Amônio 
Sacas, fundador do neo-platonismo e mestre de Plotino, apercebeu-se 
da necessidade do conhecimento apurado dos grandes filósofos. 
No decurso de uma viagem à Grécia, no ano de 230, foi ordenado 
sacerdote na Palestina pelos bispos Alexandre de Jerusalém e Teoctisto 
de Cesaréia. 
http://www.blogfiladelfia.com/2008/10/biografia-de-origenes.html
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Em 231, Orígenes foi forçado a abandonar Alexandria devido à 
animosidade que o bispo Demétrio lhe devotava pelo facto de se ter 
castrado e convocou o Concílio de Alexandria (231) com esta finalidade. 
Também, contribui para esse facto o de Orígenes ter levado ao extremo 
a apropriação da filosofia platónica, tendo sido considerado herético. 
Orígenes, então, passou a morar num lugar onde Jesus havia muitas 
vezes estado: Cesareia, na Palestina, onde prosseguiu suas actividades 
com grande sucesso, abrindo a chamada Escola de Cesaréia. Na 
sequência da onda de perseguição aos cristãos, ordenada por Décio, 
Orígenes foi preso e torturado, o que lhe causou a morte, por volta de 
253. 
 
Os seus ensinos foram condenados ainda pelo Concílio de Alexandria de 
400 d.C. e pelo Segundo Concílio de Constantinopla, em 533, o que 
demonstra terem perdurado até ao século VI. 
 
A produção teológica 
 
Orígenes escreveu - diz-nos São Jerónimo em De Viris Illustribus - nada 
menos que 600 obras, entre as quais as mais conhecidas são: De 
Princippis; Contra Celso e a Hexapla. Entre os seus numerosos 
comentários bíblicos devem ser realçados: Comentário ao Evangelho de 
Mateus e Comentário ao Evangelho de João. O número das suas 
homílias que chegaram até aos dias de hoje ultrapassam largamente a 
centena. 
 
Traços de um pensamento 
Orígenes, além dos seus trabalhos teológicos, dedicou-se ao estudo e à 
discussão da filosofia, em especial Platão e os filósofos estóicos. 
No seu pensamento, podemos referir a tese da pré-existência da alma e 
a doutrina da "apocatastase", ou seja, da restauração universal 
(palingenesia), ambas posteriormente condenadas no Segundo Concílio 
de Constantinopla, realizado em 553, por serem formalmente contrárias 
ao núcleo irredutível do ensinamento bíblico -, embora estudiosos 
modernos e contemporâneos reconheçam inequivocamente que a 
primeira era mais «atribuída a Orígenes (por outros) do que propriamente 
defendida por ele». 
Segundo o renomado livro sobre a História da Filosofia, de Reale e 
Antiseri, a condenação de algumas doutrinas de Orígenes se deu muito 
pelos exageros cometidos pelos seus discípulos, os origenistas. 
 
Ao contrário do que afirmam certos teosofistas - como, por exemplo 
Geddes MacGregor no seu livro de 1978 "Reincarnation in Christianity: A 
New Vision of the Role of Rebirth in Christian Thought" -, Orígenes era 
totalmente contrário à doutrina da metempsicose (renascimento do ser 
humano em animais). Profundo conhecedor deste conceito a partir da 
filosofia grega, afirma que a metempsicose (transmigracão) «é totalmente 
alheia à Igreja de Deus, não ensinada pelos Apóstolos e não sustentada 
pela Escritura» ("Comentário ao Evangelho de Mateus" XIII, 1, 46–53). 
 
Orígines, embora não duvidando de que o texto sagrado seja 
invariavelmente verdadeiro, insiste na necessidade da sua correcta 
interpretação. Assim, teve a suficiente percepção para distinguir três 
níveis de leitura das escrituras: 1- o Literal 2- o Moral; 3- o Espíritual, que 
é o mais importante e também o mais difícil. Segundo Orígenes, cada um 
destes níveis indica um estado de consciência e amadureciamento 
espiritual e psicológico. 
 
Santíssima Trindade 
 
Orígenes como é comum nos escritores cristãos influenciados pelas 
doutrinas derivadas de Platão coloca as Idéias platônicas na Mente 
Divina, na Sabedoria de Deus. O Filho de Deus, Segunda Pessoa da 
Trindade, é a Sabedoria biblica: Mente de Deus, substancialmente 
subsistente: 
 
[…] Deus sempre foi Pai, e sempre teve o Filho unigênito, que, conforme 
tudo o que expusemos acima, é chamado também de sabedoria (…) 
nesta sabedoria que sempre estava com o Pai, estava sempre contida, 
preordenada sob a forma de idéias, a criação, de modo que não houve 
momento em que a idéia daquilo que teria sido criado

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