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Os Pais da Igreja Introdução A partir do ano 95 d.C., os líderes ou bispos, começaram a ser chamados de "Pais da Igreja", como uma forma carinhosa, por sua lealdade. O nome ―Heróis da Fé‖ foi usado mais amplamente a partir do terceiro século para descrever os campeões ortodoxos da Igreja e os expoentes de sua fé. O termo ―Pai‖ era atribuído pelos fiéis aos mestres e bispos da Igreja Primitiva. Historicamente falando, surgiu devido à reverência e amor que muitos cristãos tinham pelos seus líderes religiosos dos primeiros séculos. Eram assim chamados carinhosamente devido ao amor e zelo que tinham pela igreja. Mais tarde, o termo é atribuído particularmente aos bispos do concílio de Nicéia, e posteriormente Gregório VII reivindicou com exclusividade o termo ―papa‖, ou seja, "pai dos pais‖. Com a morte do último apóstolo, João em Éfeso, termina a era apostólica, porém Deus já havia capacitado homens para cuidar de sua Igreja, e começou uma nova era para o cristianismo. Assim, a obra que os apóstolos receberam do Senhor Jesus e a desenvolveram tão arduamente acha-se agora nas mãos de novos líderes que tinham a incumbência de desenvolver a vida litúrgica da Igreja como fizeram os apóstolos. O período que comumente é chamado de pós-apostólico é de intenso http://www.blogfiladelfia.com/2011/04/os-pais-da-igreja.html http://3.bp.blogspot.com/-h-RWuRXyBK8/TZet7JGR2eI/AAAAAAAAKo0/qcrdXBiqHX8/s1600/Os+Pais+da+Igreja.bmp Amado Realce Amado Realce Amado Realce desenvolvimento do pensamento cristão. Seu trabalho e influência garantiram a unidade da Igreja. Para um assunto tão importante, a Igreja convocou grandes assembléias conciliares, os chamados Concílios Ecumênicos, dos quais participavam todos os bispos, que no final promulgavam suas declarações de fé. Para uma melhor compreensão, podemos dividir os Pais da Igreja em quatro grandes grupos: - Os Pais Apostólicos - Os Apologistas ou Ante-Nicenos - Os Polemistas ou Nicenos - Os Teólogos Científicos ou Pós-Nicenos Os Pais Apostólicos são caracterizados pela edificação e fortalecimento dos crentes na fé; os Apologistas, pela sua defesa aos ataques contra o Cristianismo; os Polemistas, pela defesa contra heresias dentro da Igreja; e os Teólogos, pela aplicação da Teologia em áreas filosóficas e científicas. Os Pais Apostólicos Data: Primeiro Século (30 - 100). Objetivo: Exortar e edificar a Igreja. Preeminentes no Ocidente: Clemente de Roma. Preeminentes no Oriente: Inácio, Policarpo, Barnabé, Papias, Hermas e Didaquê. Os Apologistas Data: Segundo Século (120 - 220). Objetivo: Defender o Cristianismo. Preeminentes no Ocidente: Tertuliano. Preeminentes no Oriente: Justino, o Mártir, Taciano, Teófilo, Aristides e Atenágoras. Os Polemistas Data: Terceiro Século (180 - 250). Objetivo: Lutar contra as falsas doutrinas. Preeminentes no Ocidente: Irineu, Tertuliano e Cipriano. Preeminentes no Oriente: Panteno, Clemente, Orígenes e Hipólito. Os Teológos Científicos Amado Realce Amado Realce Amado Realce Amado Realce Amado Realce Amado Realce Data: Quarto Século (325 - 460). Objetivo: Aplicar métodos científicos na interpretação bíblica. Preeminentes no Ocidente: Jerônimo, Ambrósio e Agostinho. Preeminentes no Oriente: Crisóstomo e Teodoro. Preeminentes no Alexandria: Atanásio, Basílio de Cesaréia e Cirilo. A biografia que passaremos a estudar, sobre alguns destes Pais da Igreja, é um resumo daquilo que realmente viveram em suas épocas. Que possamos tomar o exemplo de fé, amor pelas almas e ousadia destes homens; e saber que na época em que vivemos hoje, ainda podemos ser ―Heróis da Fé‖. Possamos através da graça de Deus, pagar o preço que nos é proposto, a fim de manter a Igreja edificada, a defesa do Evangelho e a luta contra todo espírito que queira corromper as doutrinas da infalível Palavra de Deus. Biografias dos Pais da Igreja - Clemente: Escritor de Alexandria, 155-220. - Inácio, bispo e mártir: Bispo de Antioquia na Síria, I e II século. - Policarpo: Bispo de Esmirna, 70-155. - Justino, o Mártir: Apologista de Samaria, 100-165. - Irineu: Polemista anti-gnóstico de Esmirna, 130-200. - Tertuliano: Escritor e Apologista de Cartago, 160-230. - Orígenes: Escritor e Teólogo de Alexandria, 185-254. - Cipriano: Polemista anti-novaciano de Cartago, 246-258. - Eusébio de Cesaréia: Historiador da Igreja, 265-339. - Jerônimo: Tradutor da Bíblia para o Latim, a Vulgata, 325-378. - Crisóstomo: Expositor e Orador de Antioquia, 347-407. - Agostinho: Filósofo e Teólogo de Hipona, Norte da África, 354-430. - John Wycliff: Reformador e Tradutor da Bíblia para o Inglês, 1328-1384. - Jan Hus: Professor e Reformador da Boêmia, 1372-1415. http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-clemente.html http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-inacio-bispo-e-martir.html http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2011/04/biografia-de-policarpo.html http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-justino-o-martir.html http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-ireneu.html http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-tertuliano.html http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-origenes.html http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-cipriano.html http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-eusebio.html http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2011/04/biografia-de-jeronimo.html http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-crisostomo.html http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-agostinho-de-hipona.html http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-john-wycliffe.html http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2011/04/biografia-de-jan-hus.html Amado Realce Amado Realce - William Tyndale: Reformador e Tradutor do Novo Testamento, 1494- 1536. - Martinho Lutero: Reformador da Alemanha, 1483-1546. - João Ferreira de Almeida: Tradutor da Bíblia para o Português, 1691. Biografia de Clemente Clemente de Alexandria ou Tito Flávio Clemente (Atenas (?), c. 150 - Palestina, 215) foi um escritor, teólogo, apologista e mitógrafo cristão grego nascido em Atenas. Pesquisou as lendas menos compatíveis com os valores cristãos. Sua abertura a fontes familiares aos não cristãos ajudou a tornar o cristianismo mais aceitável para muitos deles. Clemente foi um erudito numa época em que os cristãos eram geralmente pouco letrados e abertamente hostis a intelectuais. Não obstante, foi capaz de construir argumentos lógicos convincentes, baseados nas escrituras e na filosofia, a favor do cristianismo e contra os gnósticos de Valentim, que, baseados em Alexandria - o mais importante centro de atividade intelectual da época - estavam em plena expansão. Pacifista, defendeu a fraternidade e a repartição das riquezas entre os homens: “Deus criou o gênero humano para a comunicação e a comunhão de uns com os outros, como ele, que começou a repartir do seu e a todos os homens proveu seu Logos comum, e tudo fez por todos. Logo tudo é comum, e não pretendan os ricos ter mais que os outros". Da homilia Quis dives salvetur? ("Que rico se salvará?"), baseada em Marcos 10:17- 31. http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2011/03/biografia-de-william-tyndale.html http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-martinho-lutero.html http://filadelfiaaigreja.blogspot.com/2008/10/biografia-de-joao-ferreira-de-almeida.html http://www.blogfiladelfia.com/2008/10/biografia-de-clemente.html http://3.bp.blogspot.com/-nQ0kBHvtrMc/TZelBCepuzI/AAAAAAAAKos/ekUrjax36ek/s1600/Biografia+de+Clemente+de+Alexandria.jpg Amado Realce Amado Realce "De sorte que não é rico aquele que possui e guarda mas aquele que dá; e este dar, não o possuir, faz o homem feliz.Portanto, o fruto da alma é essa prontidão em dar. Logo na alma está o ser rico." (Pedagogo 3, 6). O historiador Eusébio de Cesareia considerava Clemente um incomparável mestre da filosofia e, para São Jerônimo, Clemente foi o mais erudito dos Padres da Igreja. Vida Nascido provavelmente em Atenas, de pais pagãos, foi instruído profundamente na filosofia neoplatônica. Já adulto, decidiu voltar-se ao cristianismo. Depois de convertido, viajou, buscando instruir-se, ligando-se a diversos mestres - na Ionia, Magna Grécia, Síria, Egito, Assíria e na Palestina. Finalmente, por volta de 175 - 180, na Escola de teologia de Alexandria (Didaskaleion), encontrou o filósofo patrístico Panteno (século II) e nos seus ensinamentos, "encontrou a paz", sucedendo-o por volta de 189, como líder espiritual da comunidade cristã de Alexandria. Ali permaneceu durante vinte anos, tornando-se um dos mais ilustrados padres primitivos. No período pré-nicênico de formação da patrística, combateu os hereges gnósticos. Estabeleceu o programa educativo da escola catequética alexandrina, o qual, séculos mais tarde, serviria de base ao trivium e ao quadrivium, grupos de disciplinas que constituíam as artes liberais na Idade Média. Entre suas obras de ética, teologia e comentários bíblicos destaca-se a trilogia formada por Exortação, Pedagogo e Miscelâneas. Clemente defendeu a teoria da causa justa para a rebelião contra o governante que escravizasse seu povo. Em O Discurso escreveu sobre a salvação dos ricos e sobre temas como o bem-estar, a felicidade e a caridade cristã Clemente de Alexandria teve um papel importantíssimo na história da hermenêutica entre os judeus e os cristãos no período patrístico. Em Alexandria, no período helenístico, a religião judaica e a filosofia grega se encontraram e se influenciaram mutuamente, ali surgindo a escola que, influenciada pela filosofia platônica, encontrou um método natural de harmonizar religião e filosofia na interpretação alegórica da Bíblia. Clemente de Alexandria foi o primeiro a aplicar essa abordagem à interpretação do Antigo Testamento, em substituição à interpretação literal. Amado Realce Amado Realce Amado Realce Amado Realce Amado Realce Datam também da época helenística as primeiras aproximações do budismo com o mundo ocidental. Mercadores indianos que viviam em Alexandria propagaram sua fé budista pela região. Clemente de Alexandria foi o primeiro autor ocidental a citar em suas obras o nome de Buda. Durante a perseguição aos cristãos (201-202), pelo imperador romano Sétimo Severo, Clemente transferiu seu cargo na escola catequética ao discípulo Orígenes e refugiou-se na Palestina, junto a um antigo aluno, Alexandre, bispo de Jerusalém, lá permanecendo até sua morte. Obras • Exortação aos gregos (Protreptikos pros Ellenas) • Disposições (Hypotyposeis) • Pedagogo (Paidagogos) • Miscelânia (Stromateis) Biografia de Inácio, bispo e mártir Inácio (35 - 110 d.C.) foi Bispo de Antioquia da Síria, discípulo do apóstolo João, também conheceu São Paulo e foi sucessor de São Pedro na igreja em Antioquia fundada pelo próprio apóstolo. Segundo Eusébio de Cesaréia, Inácio foi o terceiro bispo de Antioquia da Síria e segundo Orígenes teria sido o segundo bispo da cidade. Santo Inácio foi detido pelas autoridades e transportado para Roma, onde foi condenado à morte no Coliseu, e foi martirizado por leões. Vida Antioquia, à margem do Orontes, a capital da província romana da Síria, terceira cidade do Império depois de Roma e Alexandria ocupa um importante lugar na história do Cristianismo. Foi aqui que Paulo de Tarso http://www.blogfiladelfia.com/2008/10/biografia-de-inacio-bispo-e-martir.html http://1.bp.blogspot.com/-6lusZIJgg34/TZeBsFoXdlI/AAAAAAAAKok/XpyjEjsuNt0/s1600/Biografia+de+Inacio+da+Antioquia.jpg Amado Realce Amado Realce Amado Realce Amado Realce Amado Realce Amado Realce pregou o seu primeiro sermão cristão (numa sinagoga), e foi aqui que os seguidores de Jesus foram chamados pela primeira vez de cristãos. Foi preso por ordem do imperador Trajano (98 - 117 d.C) e condenado a ser lançado aos leões no Coliseu em Roma, as autoridades romanas esperavam fazer dele um exemplo e, assim, desencorajar o cristianismo, porém sua viagem a Roma ofereceu-lhe a oportunidade de conhecer e ensinar os conceitos cristãos, e no seu percurso, Inácio escreveu seis cartas para as igrejas da região e uma para um colega bispo. Ao falar sobre sua execução, Inácio disse a famosa expressão: "trigo de Cristo, moído nos dentes das feras". E na iminência do martírio prometeu aos cristãos que mesmo depois da morte continuaria a orar por eles junto de Deus: "Meu espírito se sacrifica por vós, não somente agora, mas também quando eu chegar a Deus. Eu ainda estou exposto ao perigo, mas o Pai é fiel, em Jesus Cristo, para atender minha oração e a vossa. Que sejais encontrados nele sem reprovação" — Inácio Obra Santo Inácio escreveu sete cartas, as chamadas Epístolas de Inácio, preservadas no Codex Hierosolymitanus: • Epístola a Policarpo de Esmirna • Epístola aos Efésios • Epístola aos Esmirniotas • Epístola aos Filadélfos • Epístola aos Magnésios • Epístola aos Romanos • Epístola aos Tráli Epístolas de Pseudo-Inácio Epístolas que foram atribuídas à Inácio, mas de origem espúria, incluem: • Epístola aos Tarsos • Epístola aos Antióquios • Epístola a Hero, um diácono de Antioquia • Epístola aos Filipenses • Epístola de Maria, a prosélita, para Inácio • Epístola para Maria de Neápolis (em Zarbo) • Primeira Epístola para São João • Segunda Epístola para São João • A Epístola de Inácio para Virgem Maria Amado Realce Amado Realce Amado Realce Amado Realce Temas Unidade da Igreja Santo Inácio enfatiza nas suas cartas para que se preserve a unidade da Igreja de Cristo: "Convém estardes sempre de acordo com o modo de pensar do vosso Bispo. Por outro lado, já o estais, pois o vosso presbitério, famoso justamente por isto e digno de Deus, sintoniza com o Bispo da mesma forma que as cordas de uma harpa. Com vossos sentimentos unânimes, e na harmonia da caridade, constituís um canto a Jesus Cristo. Mas também cada um deve formar juntamente com os outros, um coro. A concórdia fará com que sejais uníssonos. A unidade vos fará tomar o dom de Deus, e podereis cantar a uma só voz ao Pai por Jesus Cristo. Também ele, então, escutar´vos´á e reconhecerá pelas obras que sois membros do seu Filho. Importante, por conseguinte, vivermos numa irrepreensível unidade. Assim poderemos participar constantemente da união com Deus". Pois assim, unidos numa mesma Fé tanto será mais forte a oração. A caridade esta diretamente ligada a unidade da Igreja, por isso Inácio chama de orgulhoso aquele que não guarda a unidade da Igreja junto com o Bispo: "Se a oração de duas pessoas juntas tem tal força, quanto mais a do bispo e de toda a Igreja! Aquele que não participa da reunião é orgulhoso e já está por si mesmo julgado, pois está escrito: "Deus resiste aos orgulhosos." Tenhamos cuidado, por tanto, para não resistirmos ao Bispo, a fim de estarmos submetidos a Deus. Primazia da Sé de Roma Os discípulos de Jesus eram chamados de nazarenos vistos como uma seita dentro do judaísmo, posteriormente como vimos acima os discípulos de Jesus então são conhecidos como cristãos, como registrado nos Atos dos Apóstolos. Isso é um fato muito significativo, pois os discípulos de Jesus Cristo não são reduzidos a serem meramente mais uma seita do judaísmo, mas são os discípulos do Messias prometido a humanidade, e, portanto, a obra da salvação atinge sua plenitude em Cristo tornando-se universal, daí dos cristãos serem chamados de católicos, pois pertencem a Igreja Católica (Universal): "Onde estáCristo Jesus, está a Igreja Católica." Amado Realce Amado Realce Amado Realce "Segui ao Bispo, vós todos, como Jesus Cristo ao Pai. Segui ao presbítero como aos Apóstolos. Respeitai os diáconos como ao preceito de Deus. Ninguém ouse fazer sem o Bispo coisa alguma concernente à Igreja. Como válida só se tenha a Eucaristia celebrada sob a presidência do bispo ou de um delegado seu. A comunidade se reúne onde estiver o Bispo e onde está Jesus Cristo está a Igreja católica. Sem a união do Bispo não é lícito Batizar nem celebrar a Eucaristia; só o que tiver a sua aprovação será do agrado de Deus e assim será firme e seguro o que fizerdes". Inácio também afirma em sua carta à igreja de Roma que ela "preside à irmandade de amor" (Carta aos Romanos [Prólogo]). Jesus Cristo Inácio revela-se conhecedor das processões divinas em Deus, ao reconhecer no Cristo a processão intelectiva de Deus: "De fato, Jesus Cristo, nossa vida inseparável, é o pensamento do Pai", o que seria mais tarde explicado à luz da filosofia por São Tomás de Aquino. É interessante constatar como as comunidades cristãs no século I tinham um conhecimento aprofundado da natureza de Deus, Jesus Cristo é: "gerado e não criado, Deus feito carne". Gerado e não criado (ingênito). Com este testemunho, Inácio trouxe para a construção do Dogma, pedras sólidas que ajudaram o Concílio de Nicéia (325 d.C.) a fixar no Credo o genitum non factum, isto é, gerado e não criado. Embora Inácio ainda não tivesse esta precisão, Atanásio que colaborou na elaboração do vocábulo, reconheceu a perfeita ortodoxia no texto desta carta. Inácio reconhecia a autoridade da igreja de Roma sobre as demais igrejas. Para ele, Pedro e Paulo teriam pregado naquela cidade. Santíssima Trindade "Procurai manter-vos firmes nos ensinamentos do Senhor e dos apóstolos, para que prospere tudo o que fizerdes na carne e no espírito, na fé e no amor, no Filho, no Pai e no Espírito, no princípio e no fim, unidos ao vosso digníssimo bispo e à preciosa coroa espiritual formada pelos vossos presbíteros e diáconos segundo Deus. Sejam submissos ao bispo e também uns aos outros, assim como Jesus Cristo se submeteu, na carne, ao Pai, e os apóstolos se submeteram a Cristo, ao Pai e ao Espírito, a fim de que haja união, tanto física como espiritual". Maria no cristianismo Inácio além de afirmar a Divindade de Cristo também afirma a virgindade Amado Realce de Maria e sua descendencia do rei Davi: "E permaneceram ocultos ao príncipe desse mundo a virgindade de Maria e seu parto, bem como a morte do Senhor: três mistérios de clamor, realizados no silêncio de Deus". "A verdade é que o nosso Deus, Jesus, o Ungido, foi concebido de Maria segundo a economia divina; nasceu da estirpe de Daví, mas também do Espírito Santo". O culto dos cristãos Os cristãos se vêm confrontados com uma corrente de pensamento chamada docetismo, que vai negar que "o Verbo Se fez carne", ou seja, vão negar que Jesus Cristo tenha assumido a natureza humana. Uma das consequências de tal doutrina é que vão considerar impossível de que no culto que Cristo instituiu na Santa Ceia, e pediu, ordenou que fizesse em Sua memória o Pão seja o Corpo de Cristo e o Vinho seja o Sangue de Cristo: "Ficam longe da Eucaristia e da oração, porque não querem reconhecer que a Eucaristia é a Carne do nosso Salvador, Jesus Cristo, a qual padeceu pelos nossos pecados e a qual o Pai, na Sua bondade, ressuscitou. Estes, que negam o dom de Deus, encontram a morte na mesma contestação deles. Seria melhor para eles que praticassem a caridade, para depois ressuscitar." E o mesmo Inácio, na epístola aos Filadelfos, diz: "Assegurem, portanto, que se observe uma Eucaristia comum; pois há apenas um Corpo de Nosso Senhor, e apenas um cálice de união com Seu Sangue, e apenas um altar de sacrifício - assim como há um bispo, um clérigo, e meus caros servidores, os diáconos. Isto irá assegurar que todo o seu proceder está de acordo com a vontade de Deus." Assim essa corrente de pensamento motivou testemunhos preciosos das comunidades cristãs a respeito de sua Fé na presença real (Corpo, Sangue, Alma e Divindade) de Cristo na Eucaristia. O dia em que os cristãos se reuniam Inácio também declara que os cristãos herdeiros da Nova Aliança não guardam mais o sábado, mas se reúnem no dia do Senhor (o domingo): "Aqueles que viviam na antiga ordem de coisas chegaram à nova esperança, e não observam mais o sábado, mas o dia do Senhor, em Amado Realce Amado Realce que a nossa vida se levantou por meio dele e da sua morte. Alguns negam isso, mas é por meio desse mistério que recebemos a fé e no qual perseveramos para ser discípulos de Jesus Cristo, nosso único Mestre". Biografia de Policarpo Policarpo de Esmirna (c. 69 — c. 155) foi um bispo de Esmirna (atualmente na Turquia) no segundo século. Morreu como um mártir, vítima da perseguição romana, aos oitenta e seis anos. É reconhecido como santo tanto pela Igreja Católica Romana quanto pelas Igrejas Ortodoxas Orientais. É um dos grandes Pastores Apostólicos, ou seja, pertencia ao número daqueles que conviveram com os primeiros apóstolos e serviram de elo entre a Igreja primitiva e a igreja do mundo greco-romano. Vida e obras Policarpo foi ordenado bispo de Esmirna pelo próprio João Evangelista[1]. De caráter reto, de alto saber, amor a Igreja e fiel à ortodoxia da fé, era respeitado por todos no Oriente. Com a perseguição, o Santo bispo de 86 anos, escondeu-se até ser preso e assim foi levado para o governador, que pretendia convencê-lo de negar a Cristo. Policarpo, porém, proferiu estas palavras: "Há oitenta e seis anos sirvo a Cristo e nenhum mal tenho recebido Dele. Como poderei negar Aquele a quem prestei culto e rejeitar o meu Salvador?". Nascido em uma família cristã por volta dos anos 70, na Ásia Menor (atual Turquia), Policarpo dizia ser discípulo do Apóstolo João. Em sua juventude costumava se sentar aos pés do Apóstolo do amor. Também http://www.blogfiladelfia.com/2011/04/biografia-de-policarpo.html http://2.bp.blogspot.com/-wfKC4IWgUs8/TZd6KFDo2tI/AAAAAAAAKoc/S-hiQR2IZiY/s1600/Biografia+de+Pilicarpo.jpg Amado Realce Amado Realce Amado Realce teve a oportunidade de conhecer Ireneu, o mais importante erudito cristão do final do segundo século. Inácio de Antioquia, em seu trajeto para o martírio romano em 116, escreveu cartas para Policarpo e para a igreja de Esmirna. Nos dias do Papa Aniceto, Policarpo visitou Roma, a fim de representar as igrejas da Ásia Menor que observavam a Páscoa no dia 14 do mês de Nisan. Apesar de não chegar a um acordo com o papa sobre este assunto, ambos mantiveram uma amizade. Ainda estando em Roma, Policarpo conheceu alguns hereges da seita dos Valentianos (inclusive Valentim), e encontrou-se com Marcião, o qual Policarpo denominava de ―primogênito de Satanás‖. A Carta de Policarpo Apesar de escrever várias cartas, a única preservada até a data, foi a endereçada aos filipenses no ano 110. O Martírio de Policarpo O martírio de Policarpo é descrito um ano depois de sua morte, em uma carta enviada pela Igreja de Esmirna à Igreja de Filomélio. Este registro é o mais antigo martirológio cristão existente. Diz a história que o procônsul romano, Antonino Pio, e as autoridades civis tentaram persuadí-lo a abandonar sua fé em sua avançada idade, a fim de alcançar sua liberdade. Ele entretanto, respondeu com autoridade: ―Eu tenho servido Cristo por 86 anos e ele nunca me fez nada de mal. Como posso blasfemar contra meu Rei que me salvou? Eu sou um crente‖! No ano 155, em Esmirna, Policarpo é colocado na fogueira[1]. Milagrosamente as chamas não o queimaram. Seus inimigos, então, o apunhalaram até a morte e depois queimaram o seu corpo numa estaca.Depois de tudo terminado, seus discípulos tomaram o restante de seus ossos e o colocaram em uma sepultura apropriada. Segundo a história, os judeus estavam tão ávidos pela morte de Policarpo quanto os pagãos, por causa de sua defesa contra as heresias. Oração de Policarpo Este artigo ou secção possui passagens que não respeitam o princípio da imparcialidade. Tenha algum cuidado ao ler as informações contidas nele. Se puder, tente tornar o artigo mais imparcial. Amado Realce Amado Realce Amado Realce Amado Realce Amado Realce Amado Realce A história do martírio de Policarpo foi publicada para as igrejas de todos os lugares, dando conta da forma resoluta e humilde com que este notável servo de Deus entregou sua vida. Trancrevo aqui sua oração final, proferida quando estava já atado em meio à lenha para ser queimado: Senhor, Deus Onipotente, Pai de Jesus Cristo, teu filho predileto e abençoado, por cujo ministério te conhecemos; Deus dos anjos e dos poderes; Deus da criação universal e de toda família dos justos que vivem em tua presença; eu te louvo porque me julgaste digno deste dia e desta hora; digno de ser contado entre teus mártires, e de compartilhar do cálice de teu Cristo, para ressuscitar á vida eterna da alma e do corpo na incorruptibilidade do Espírito Santo. Possa eu hoje ser recebido na tua presença como uma oblação preciosa e aceitável, preparada e formada por ti. Tu és fiel às tuas promessas, Deus fiel e verdadeiro. Por esta graça e por todas as coisas eu te louvo, bendigo e glorifico, em nome de Jesus Cristo, eterno e sumo sacerdote, teu filho amado. Por Ele, que está contigo, e o Espiríto Santo, glória te seja agora e nos séculos vindouros. "Sede bendito para sempre, ó Senhor; que o Vosso nome adorável seja glorificado por todos os séculos". Amém!" Biografia de Justino, o mártir Justino (em latim: Flavius Iustinus ou Iustinus Martir), também conhecido como Justino Mártir ou Justino de Nablus (100 - 165 d.C.) foi um teólogo do século II. Biografia Seu lugar de nascimento foi Flávia Neápolis (atual Nablus), na Síria Palestina ou Samaria. A educação infantil de Justino incluiu retórica, poesia e história. Como jovem adulto mostrou interesse por filosofia e estudou primeiro estoicismo e platonismo. Justino foi introduzido na fé diretamente por um velho homem que o envolveu numa discussão sobre problemas filosóficos e então lhe falou http://www.blogfiladelfia.com/2008/10/biografia-de-justino-o-martir.html http://3.bp.blogspot.com/-0Cy5eQy5_fs/TZd3prG7ajI/AAAAAAAAKoU/zmuaQgzLzOE/s1600/Biografia+de+Justino,+o+Martir.jpg Amado Realce Amado Realce sobre Jesus. Ele falou a Justino sobre os profetas que vieram antes dos filósofos, ele disse, e que falou "como confiável testemunha da verdade". Eles profetizaram a vinda de Cristo e suas profecias se cumpriram em Jesus. Justino disse depois que "meu espírito foi imediatamente posto no fogo e uma afeição pelos profetas e para aqueles que são amigos de Cristo, tomaram conta de mim; enquanto ponderava nestas palavras, descobri que a sua era a única filosofia segura e útil". Justino "se consagrou totalmente a expansão e defesa da religião cristã." Justino continuou usando a capa que o identificava como filósofo e ensinou estudantes em Éfeso e depois em Roma. Os trabalhos que escreveu inclui: 2 apologias em defesa dos cristãos e sua terceira obra foi Diálogo com Trifão. A convicção de Justino da verdade do Cristo era tão completa que ele teve morte de mártir sendo decapitado no ano 165 d.C.. Participação das criaturas racionais no Logos O ponto central da apologética de Justino consiste em demonstrar que Jesus Cristo é o Logos do qual todos os filósofos falaram, e, portanto, a medida que participam do Logos chegando a expressar uma verdade parcial - vendo a verdade de modo obscuro - graças à semente do Logos que neles foi depositada podem dizer-se cristãos. Mas uma coisa é possuir uma semente e outra é o próprio Logos: “Aprendemos que Cristo é o primogênito de Deus e que é o Logos, do qual participa todo o gênero humano” (Justino - Apol. Prima, 46). “Consequentemente, aqueles que viveram antes de Cristo, mas não segundo o Logos, foram maus, inimigos de Cristo (...) ao contrário aqueles que viveram e vivem conforme o Logos são cristãos, e não estão sujeitos a medos e perturbações” (Justino – I Apologia). Toda pessoa, criada como ser racional, participa do Logos, que leva desde a gestação e pode, portanto perceber a luz da verdade. Justino, convencido de que a filosofia grega tende para Cristo, "acredita que os cristãos podem servir-se dela com confiança" e em conjunto, a figura e a obra do apologista "assinalam a decidida opção da Igreja antiga em favor da filosofia, em vez de ser a favor da religião dos pagãos", com a qual os primeiros cristãos "rechaçaram com força qualquer compromisso". Justino, em particular, notadamente em sua primeira Apologia, conduziu uma crítica implacável com relação à religião pagã e a seus mitos, que Amado Realce Amado Realce ele considerava como «caminhos falsos» diabólicos no caminho da verdade. Assim, Justino, e com ele os outros apologistas, marcaram a tomada de posição nítida da fé cristã pelo Deus dos filósofos contra os falsos deuses da religião pagã. Era a escolha pela verdade do ser, contra o mito do costume. Pensamento teológico Sobre o batismo “Vamos expor de que modo, renovados por Cristo, nos consagramos a Deus. Todos os que estiverem convencidos e acreditarem no que nós ensinamos e proclamamos, e prometerem viver de acordo com essas verdades, exortamo-los a pedir a Deus o perdão dos pecados, com orações e jejuns; e também nós rezaremos e jejuaremos unidos a eles. Em seguida, levamo-los ao lugar onde se encontra água; ali renascem do mesmo modo que nós também renascemos: recebem o batismo da água em nome do Senhor Deus Criador de todas as coisas, de nosso Salvador Jesus Cristo e do Espírito Santo. Com efeito, foi o próprio Jesus Cristo que afirmou: Se não renascerdes, não entrareis no reino dos céus (cf. Jô 3,3.5). É evidente que não se trata, uma vez nascidos, de entrar novamente no seio materno”. (Justino – I Apologia Cap. 61 : PG 6,419 - 422) "Os que são batizados por nós são levados para um lugar onde haja água e são regenerados da mesma forma como nós o fomos. É em nome do Pai de todos e Senhor Deus, e de Nosso Senhor Jesus Cristo, e do Espírito Santo que recebem a loção na água. Este rito foi-nos entregue pelos apóstolos" (Justino, ano 151 d.C., I Apologia 61). O culto perpétuo dos cristãos ―Os apóstolos em suas memórias que chamamos evangelhos, nos transmitiram a recomendação que Jesus lhes fizera. Tendo ele tomado o pão e dado graças, disse: Fazei isto em memória de Mim. Isto é o Meu Corpo [Lc 22,19 ; Mc 14,22]; e tomando igualmente o cálice e dando graças, disse: Este é o Meu Sangue [Mc 14,24], e os deu somente a eles. Desde então, nunca mais deixamos de recordar estas coisas entre nós‖ (Justino – I Apologia Cap. 66-67 : PG 6,427 - 431). O Dia do culto dos cristãos Justino afirma que os cristãos guardavam como dia sagrado a Deus o Domingo, pois foi neste dia que Jesus Cristo ressuscitou dos mortos: Amado Realce ―Reunimo-nos todos no dia do Sol [o primeiro dia da semana era denominado de dia de Sol no Império Romano até o século IV], não só porque foi o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas e a matéria, criou o mundo, mas também porque neste mesmo dia Jesus Cristo, nosso Salvador, ressuscitou dos mortos. Crucificaram-no na véspera do dia de Saturno; e no dia seguinte a este, ou seja, no dia do Sol, aparecendo aos seus apóstolos e discípulos, ensinou-lhes tudo o que também nós vos propusemos como digno de consideração‖ (Justino I – Apologia Cap. 66-67 : PG 6,427 - 431).Descrição do culto dos cristãos “No chamado dia do Sol, reúnem-se em um mesmo lugar todos os que moram nas cidades ou nos campos. Lêem-se as memórias dos apóstolos ou os escritos dos profetas, na medida em que o tempo permite. Terminada a leitura, aquele que preside toma a palavra para aconselhar e exortar os presentes à imitação de tão sublimes ensinamentos. Depois, levantamo-nos todos juntos e elevamos as nossas preces; como já dissemos acima, ao acabarmos de rezar, apresentam-se pão, vinho e água. Então o que preside eleva ao céu, com todo o seu fervor, preces e ações de graças, e o povo aclama: Amém. Em seguida, faz-se entre os presentes a distribuição e a partilha dos alimentos que foram eucaristizados, que são também enviados aos ausentes por meio dos diáconos. Os que possuem muitos bens dão livremente o que lhes agrada. O que se recolhe é colocado à disposição do que preside. Este socorre os órfãos, as viúvas e os que, por doença ou qualquer outro motivo se acham em dificuldade, bem como os prisioneiros e os hóspedes que chegam de viagem; numa palavra, ele assume o encargo de todos os necessitados” (Justino - I Apologia Cap. 66-67 : PG 6,427 - 431). Eucaristia A Fé dos cristãos primitivos na eucaristia: Corpo e Sangue de Cristo: "Designamos este alimento eucaristia. A ninguém é permitido dele participar, sem que creia na verdade de nossa doutrina, que já tenha recebido o batismo de remissão dos pecados e do novo nascimento, e viva conforme os ensinamentos de Cristo. Pois não tomamos estas coisas como pão ou bebida comuns; senão, que assim como Jesus Cristo, feito carne pela palavra de Deus, teve carne e sangue para salvar-nos, assim também o alimento feito eucaristia (...) é a Carne e o Sangue de Jesus encarnado. Assim nos ensinaram." (Primeiro livro das Apologias de Justino, pag. 65-67.) Maria Justino afirma que Jesus nasceu de uma Virgem (Maria) e também que Maria é descendente do rei Davi: "Dizia-se [Jesus] portanto, filho do homem, seja em razão de seu nascimento de uma Virgem que, como assinalei, era da raça de Daví, de Jacó, de Isaac e de Abraão, etc..." (Justino, mártir, Diálogo com Trifão, cap.94-100, PG VI, 701ss). Os evangelhos canônicos Justino freqüentemente cita os evangelhos: de Mateus, de Marcos, de Lucas e possivelmente de João, contudo não cita sob o nome de Mateus, de Marcos, de Lucas, e sim de ―Memória dos apóstolos‖. Por isso chegou-se afirmar que Justino desconhecia a divisão em quatro evangelhos, afirmada, por exemplo, fortemente por Ireneu mais ou menos 30 anos mais tarde. Portanto, é provável que os 4 evangelhos andassem juntos desde o inicio do século II d.C. e referia-se a esses 4 evangelhos com um nome genérico, como ―Memória dos apóstolos‖. Ou, também, que já no inicio do II século se conhecia a distinção dos 4 evangelhos, mas de acordo com o testemunho de Justino era mais comum citá - los com um único nome. Biografia de Ireneu http://www.blogfiladelfia.com/2008/10/biografia-de-ireneu.html http://2.bp.blogspot.com/-IDB0DMluY9U/TZdwdnhCwJI/AAAAAAAAKoM/s3X_iEKmzBY/s1600/Biografia+de++Ireneu+de+Lyon.jpg Amado Realce Amado Realce Santo Ireneu de Lião, em grego Εἰρηναῖος [pacífico], em latim Irenaeus, (ca. 130 — 202) foi um Padre grego, teólogo e escritor cristão que nasceu, segundo se crê, na província romana da Ásia Menor Proconsular - a parte mais ocidental da actual Turquia - provavelmente Esmirna (atual Izmir, na Turquia). O livro mais famoso de Ireneu, Sobre a detecção e refutação da chamada Gnosis, também conhecido como "Contra Heresias" ou Adversus Haereses (ca. 180 dC) é um ataque minuciosos ao Gnosticismo, que era então uma séria ameaça à Igreja primitiva e, especialmente, ao sistema proposto pelo gnóstico Valentim. Como um dos primeiros grandes teólogos cristãos, ele enfatizava os elementos da Igreja, especialmente o episcopado, as Escrituras e a tradição. Ireneu escreveu que a única forma de os cristãos se manterem unidos era aceitarem humildemente uma autoridade doutrinária dos concílios episcopais. Seus escritos, assim como os de Clemente e Inácio, são tidos como evidências iniciais da primazia papal. Ireneu foi também a testemunha mais antiga do reconhecimento do caráter canônico dos quatro evangelhos. A Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa consideram-no santo, comemorado, pela primeira, a 28 de Junho e pela última a 23 de Agosto. Biografia Há escassa informação sobre sua vida e muitas coisas são pouco exatas. Teria nascido na Asia proconsular, pelo menos em alguma província em seu limite, na primeira metade do século II. Não se sabe a data certa de seu nascimento. Está entre os anos 115 e 125, ou entre 130 e 142 segundo outros autores. O que é certo é que, ainda muito jovem, tinha visto e escutado em Esmirna o bispo São Policarpo (?-155) o qual, que, por sua vez, segundo uma tradição atestada por Papias, fora discípulo de João Evangelista. Durante a perseguição ordenada por Marco Aurélio, Ireneu era sacerdote na igreja de Lyon naquela época chamada Lugdunum, na Gália. O clero da cidade, muitos dos quais presos por testemunharem sua Fé, o enviou (em 177 ou 178) a Roma, com carta ao papa Eleutério sobre o Montanismo, testemunhando de seus muitos méritos. De retorno à Gália, Ireneu sucedeu o mártir São Potínio como bispo de Lyon. Durante a trégua religiosa subsequente à perseguição de Marco Aurélio, o novo bispo dividiu seu tempo entre deveres como pastor e missionário (do que temos poucas e incertas informações) e os seus escritos, quase todos dirigidos contra a heresia do Gnosticismo, que começava a se espalhar pela Gália. Neste sentido, sua obra mais famosa é chamada de Contra Heresias (Adversus haereses). Em 190 ou 191, intercedeu junto ao Papa Vitor para suspender a sentença de excomunhão imposta sobre as comunidades de cristãos na Ásia Menor, que continuavam as práticas dos quartodecimanos - que desejavam celebrar a Páscoa segundo a tradição judaica. Ignora-se a data de sua morte, que deve ter ocorrido no fim do século II ou início do século III. Apesar de alguns testemunhos isolados e tardios nesse sentido, é improvável que tenha terminado sua vida num martírio. Ele morreu por volta de 202 d.C. quando do reinado de Setímio Severo ou nas mãos de hereges. Ele foi enterrado sob a igreja de São João em Lyon, que foi posteriormente renomeada "Santo Ireneu" em sua homenagem. Porém, o túmulo e seus restos foram completamente destruídos em 1562 pelos huguenotes. A Obra Teológica Ireneu escreveu em grego a sua obra, que lhe assegurou lugar de prestígio excepcional na literatura cristã devido, não só, às questões religiosas controversas de importância capital que abordou, bem como por mostrar o testemunho de um contemporâneo das primeiras gerações cristãs. Nada do que escreveu chegou a nós no texto original, mas muitos fragmentos existem e citações em escritores posteriores como Hipólito de Roma e Eusébio de Cesareia. Duas de suas principais obras chegaram até aos dias de hoje em suas versões latinas e arménias: a primeira é a "Exposição e refutação do pretenso conhecimento", em português conhecida como "Contra Heresias" por ser frequentemente conhecida e citada pelo seu nome latino de "Adversus Haereses". É uma obra para combater o Gnosticismo. Em seus cinco livros, expõe de início as doutrinas gnósticas, com referências às suas distintas seitas e escolas nascidas nas comunidades cristãs. Ao refutar as versões mais importantes (de Valentim, de Basilides e de Marcião) Ireneu frequentemente opõe a elas a verdadeira doutrina da Igreja da sua época, dando-nos, deste modo - pelo seu recurso à razão, à doutrina da Igreja e à Bíblia -, testemunhos indirectose directos relevantes acerca do que então era tido como a "doutrina eclesiástica" pois . Aborda, ainda, passagens muito comentadas pelos teólogos que dizem respeito ao Evangelho de João, à Eucaristia e à primazia da Igreja Romana. Ireneu termina esta obra defendendo a ressurreição da carne, escândalo máximo para os gnósticos. Dos originais restaram fragmentos, e há traduções latinas e armênias. No livro I, Ireneu fala sobre os valentianos e seus precursores, cujas raízes vão até Simão Mago. No segundo livro, ele tenta provar que o valentianismo não tem mérito algum em suas doutrinas. Já no terceiro livro, Ireneu propõe que essas doutrinas são falsas com base em evidências obtidas dos Evangelhos. No livro quarto, Ireneu reforça a união do Antigo Testamento e os Evangelhos ao mesmo tempo que fornece um conjunto de ditos de Jesus. No último livro, ele se concentra em mais ditos de Jesus e também em cartas de Paulo de Tarso. Até a descoberta, em 1945, da chamada Biblioteca de Nag Hammadi, esta obra de Ireneu era a melhor descrição das correntes gnosticas do início da era cristã. De acordo com alguns estudiosos bíblicos, os achados de Nag Hammadi demonstraram que as descrições de Ireneu sobre o Gnosticismo são muito incorretas e polêmicas em sua natureza. Embora correto em alguns detalhes sobre as crenças dos diversos grupos, o principal objetivo de Ireneu era advertir os cristãos contra o Gnosticismo ao invés de descrever corretamente suas crenças. Ele descreveu os grupos gnósticos como libertinos, por exemplo, quando algumas de suas próprias obras advogavam a castidade com mais fervor do que as ortodoxas. Porém, pelo menos um estudioso, Rodney Stark, alega que a mesma Biblioteca de Nag Hammadi prova que Ireneu estava correto. Parece que a crítica de Ireneu contra os gnósticos era exagerada, o que provocou sua rejeição pelos estudiosos por um longo tempo. Como exemplo, ele escreveu: {{citação2| Eles declaram que Judas, o traidor, era perfeitamente familiar com estas coisas e que, ele, sozinho, sabendo da verdade como ninguém mais, realizou o mistério da traição. Através dele todas as coisas foram então atiradas em confusão. Eles então produziram uma história fictícia deste tipo, que chamaram de Evangelho de Judas. Estas alegações se mostraram verdadeiras no texto do Evangelho de Judas, onde Jesus pediu à Judas o traísse. Sobre as incorreções de Ireneu sobre as libertinagens sexuais entre os gnósticos, é claro que eles não eram um grupo coeso, mas um conjunto de seitas. Alguns eram realmente libertinos, considerando a existência corporal como sem nenhum sentido. Outros, pelo mesmo motivo, prezavam a castidade ainda mais fortemente que a cristandade, chegando ao ponto de banir o casamento e toda atividade sexual. A sua segunda obra é a "Exposição ou Prova do Ensinamento Apostólico", breve texto, cujo conteúdo corresponde na perfeição ao seu título. Há dela uma muito antiga tradução, literal, em ]]língua armênia|armênio]] descoberta em 1904. Ireneu não quer nela refutar as heresias, mas confirmar aos fiéis a exposição da doutrina cristã, sobretudo ao demonstrar a verdade do Evangelho por meio de profecias do Velho Testamento. Embora não contenha nada do que já não tenha sido dito em "Adversus Haereses", é um documento de grande interesse e magnífico testemunho da fé profunda e viva de Ireneu. Do restante da sua obra seguinte, apenas existem fragmentos espalhados. Muitos só se conhecem por menção a eles feita por outros escritores. São eles: • um tratado contra os gregos, intitulado "Sobre o Conhecimento", mencionado por Eusébio de Cesareia • um documento dirigido ao sacerdote romano Florinus "Sobre a Monarquia, ou como Deus não é a causa do Mal" com fragmento na "História Eclesiástica" de Eusébio • um documento "Sobre Ogdoad", provavelmente contra a "Ogdóade" do gnóstico Valetim escrito para o mesmo supra-citado sacerdote Florinus, que aderira à seita dos valentianos do qual há fragmento em Eusébio • um tratado sobre o cisma dirigido a Blastus (mencionado por Eusébio) • uma carta ao Papa Vítor contra o sacerdote romano Florinus (fragmento em siríaco) • outra carta ao mesmo papa sobre a controvérsia pascal (da qual há trechos em Eusébio) • cartas a vários correspondentes sobre o mesmo tema (mencionadas por Eusébio; fragmento preservado em siríaco) • um livro com numerosos discursos, provavelmente uma coleção de homilias (mencionado por Eusébio) Escrituras Ireneu aponta para as Escrituras como prova de um Cristianismo ortodoxo contra as heresias, classificando como "Escrituras" não somente o Antigo Testamento, mas também os livros hoje conhecidos como Novo Testamento e, ao mesmo tempo, excluindo uma grande quantidade de obras de autores gnósticos que floresciam no século II dC e que alegavam autoridade de Escritura. Antes dele, os cristãos diferiam entre si sobre quais evangelhos eles preferiam. Os da Ásia Menor utilizavam muito o Evangelho de João e o Evangelho de Mateus era o mais popular no geral. Ireneu afirmou que quatro evangelhos, o de Mateus, Marcos, Lucas e João eram os canônicos. Logo, Ireneu nos deu um dos primeiros testemunhos da afirmação dos quatro evangelhos canônicos, possivelmente como uma reação a uma versão editada por Marcião do Evangelho de Lucas (o Evangelho de Marcião), que ele afirmava ser o único verdadeiro evangelho. Baseado nos argumentos de Ireneu apoiando a existência de apenas quatro evangelhos autênticos, alguns intérpretes deduzem que este conceito deveria ser ainda muito novo no tempo Ireneu. Em "Contra Heresias" (3.11.7), ele concorda que muitos cristãos heterodoxos utilizavam apenas um evangelho, enquanto em 3.11.9 ele afirma que outros utilizavam mais do que quatro. O sucesso do Diatessarão de Tatiano no mesmo período é "... uma poderosa indicação de que os 'quatro evangelhos' patrocinados na época por Ireneu não eram amplamente - muito menos universalmente - reconhecidos". Ireneu também foi o primeiro a atestar (numa fonte que sobreviveu até hoje) que o Evangelho de João foi de fato escrito pelo apóstolo e que o Evangelho de Lucas foi escrito pelo mesmo Lucas que era companheiro de Paulo. O apologista e ascético Tatiano já tinha antes harmonizado os quatro evangelhos numa única narrativa, o Diatessarão (ca. 150 dC]]. Estudiosos afirmam que Ireneu cita pelo menos 21 dos 27 textos do Novo Testamento: Os itens marcados como ** são os que é incerto se Ireneu citou ou não evangelho. • Livro I • Prefácio: Primeira Epístola a Timóteo • Capítulo 3: Epístola aos Colossenses e Primeira Epístola aos Coríntios • Capítulo 16: Segunda Epístola de João • Livro II • Capítulo 30: Epístola aos Hebreus** • Livro III • Capítulo 3: Epístola a Tito • Capítulo 7: Segunda Epístola aos Coríntios • Capítulo 10: Marcos • Capítulo 11: João • Capítulo 14: Lucas, Atos dos Apóstolos e Segunda Epístola a Timóteo • Capítulo 16: Mateus, Primeira Epístola de João e Epístola aos Romanos • Capítulo 22: Epístola aos Gálatas • Livro IV • Capítulo 9: Primeira Epístola de Pedro • Capítulo 16: Epístola a Tiago** • Capítulo 18: Epístola aos aos Filipenses • Capítulo 20: Apocalipse • Livro V • Capítulo 2: Epístola aos Efésios • Capítulo 6: Primeira Epístola aos Tessalonicenses • Capítulo 25: Segunda Epístola aos Tessalonicenses • Capítulo 28: Segunda Epístola de Pedro ** Ele não cita as Epístolas à Filêmon, Judas e nem a Terceira Epístola de Pedro. Autoridade Apostólica Em seus escritos contra os gnósticos, que alegavam possuir uma tradição oral secreta vinda do próprio Jesus, Ireneu defendia que os bispos em diferentes cidades são conhecidos desde o tempo dos Apóstolos - e nenhum deles era gnóstico - e que os bispos proviam o único guia seguro para a interpretaçãodas Escrituras. Ele enfatizava a posição de autoridade única que detinha o bispo de Roma. Com as listas de bispos a que Ireneu se referiu, a doutrina posterior de sucessão apostólica dos bispos pode ser relacionada. Esta sucessão foi importante para estabelecer uma linha de custódia da ortodoxia. O ponto de vista de Ireneu quando refutando os gnósticos foi de que todas as igrejas apostólicas preservaram as mesmas tradições e ensinamentos em diversas correntes independentes. Foi um acordo unânime entre estas muitas correntes independentes de transmissão que provaram a fé ortodoxa, corrente naquelas igrejas, ser a verdadeira. Se algum erro tivesse sido absorvido, o acordo seria imediatamente destruído. Os gnósticos não tinham nem esta sucessão e nem um acordo entre eles. Traços de um pensamento Para Ireneu, na senda do progresso constante na Revelação contida na Bíblia, há somente um Deus (Théos) e não um Deus e um demiurgo ou "ser divino" (theios) como era propagado pelas correntes gnósticas. Para estas, de facto, a Criação é obra do demiurgo - δημιοσργός em grego, demiurgus em latim - pois, fruto do seu pessimismo diante da matéria criada, não concebiam que a Divindade pudesse contactar com a mesma (Adversus Haereses I, 5, 1-6). Ireneu sublinha não só a identidade entre Deus e o Criador (Adversus Haereses V, II, 1, 1; IV, 5, 2-4) e que, assim, todo o Universo provém do bem e tem em vista o bem, mas igualmente que a Criação não era, como diziam os gnósticos, fruto de um erro de concepção inicial: «neque per apostasiam et defectionem et ignoratiam» (Adversus Haereses II, 3, 2) O núcleo de um pensamento: «A glória de Deus é o Homem vivo, e a vida do Homem consiste em ver a Deus. Pois se a manifestação de Deus que é feita por meio da criação, permite a vida de todos os seres vivos na Terra, muito mais a revelação do Pai que nos é comunicada pelo Verbo, comunica a vida àqueles que amam a Deus» — Adversus Haereses IV, 20, 7, Ireneu de Lyon A sua antropologia parte da afirmação de que o Homem - entenda-se: a unidade inseparável de corpo e alma (Adversus Haereses V, 6, 1) -, sendo criado por Deus, é bom. Contudo, por ser uma criatura, o Homem não é perfeito e, assim, está propenso a ir contra sua natureza e optar livremente por decair, sem, contudo, que tal faça destruir a sua natureza (Adversus Haereses IV, 37, 5). Para Ireneu é o livre-arbítrio que torna o Homem semelhante a Deus: «liberae sententiae ab initio est homo, et liberae sententiae est Deus, cui similitudinem factus est» (Adversus Haereses IV, 37, 4). Deste modo, sendo todo o Homem livre em seus actos é, igualmente, responsável pelos mesmos. O mal que pode ser deslindado no Mundo, assim, não é da responsabilidade de Deus, mas das opções desordenadas do Homem. Santíssima Trindade "Já temos mostrado que o Verbo, isto é, o Filho esteve sempre com o Pai. Mas também a Sabedoria, o Espírito estava igualmente junto dele antes de toda a criação" (Contra as Heresias IV,20,4). Irineu afirma a igualdade de essência e dignidade entre o Pai e o Filho e o Espírito Santo (Adv. Haeres., II, 13, 8). Batismo trinitário ―Ao dar a Seus discípulos poder para que fizessem os homens renascer de Deus, o Senhor lhes disse: Ide e fazei discípulos Meus todos os povos, batizando-os em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo‖. (Mt 28,19) (Do Tratado Contra as heresias – Lib. 3,17,1-3 : SCh 34, 302-306) Eucaristia e ressurreição da carne. No Tratado contra as heresias Irineu redige a doutrina da Eucaristia: Corpo e Sangue de Cristo e a ressurreição da carne: Se não há salvação para a carne, também o Senhor não nos redimiu com o Seu Sangue. Portanto, quando o cálice de vinho misturado com a água e o pão natural recebem a Palavra de Deus, transformam-se na eucaristia do Sangue e do Corpo de Cristo. Recebendo a palavra de Deus, tornam-se a eucaristia, isto é, o Corpo e o Sangue de Cristo. Assim também os nossos corpos, alimentados pela eucaristia, depositados na terra e nela desintegrados, ressuscitarão a seu tempo, quando o Verbo de Deus lhes conceder a ressurreição para a glória do Pai. É ele que reveste com sua imortalidade o corpo mortal e dá gratuitamente a incorruptibilidade a carne corruptível. Porque é na fraqueza que se manifesta o poder de Deus. (Lib. 5,2,2-3 : SCh 153,30-38) Irineu afirma também o caráter propiciatório da Eucaristia em seu monumental "Contra as heresias": "(Nosso Senhor) nos ensinou também que há um novo sacrifício da Nova Aliança, sacrifício que a Igreja recebeu dos Apóstolos, e que se oferece em todos os lugares da terra ao Deus que se nos dá em alimento como primícia dos favores que Ele nos concede no Novo Testamento. Já o havia prefigurado Malaquias ao dizer: Porque desde o nascer do sol, (...) (Malaquias, I, 11). O que equivale dizer com toda clareza que o povo primeiramente eleito (os judeus) não havia mais de oferecer sacrifícios, senão que em todo lugar se ofereceria um sacrifício puro e que seu nome seria glorificado entre as nações." Virgem Maria De importância singular é, também, o pensamento de Ireneu sobre Maria, considerando-a como perpetuamente virgem e como Co- Redentora. Irineu desenvolve um paralelismo antitético, dentro do quadro da Redenção operada por Cristo, entre a mãe de Jesus - figura da obediência e da humildade - e Eva - tipo daquela e imagem da desobediência e do orgulho - : "Mesmo Eva tendo Adão como marido, ela ainda era virgem ... Ao desobedecer, Eva tornou-se a causa da morte para si e para toda a raça humana. Da mesma forma que Maria, embora tivesse um marido, ainda era virgem, e obedecendo, ela tornou-se causa de salvação para si e para toda a raça humana" (Adversus haereses 3:22) "A Virgem Maria... sendo obediente à sua palavra, recebeu do anjo a boa nova de que ela daria à luz Deus". (Contra as Heresias V, 19,1) Primado do Bispo de Roma Depois de afirmar a primazia da Sé de Roma enumera os Bispos de Roma que governaram a Igreja até então: "Para a maior e mais antiga a mais famosa Igreja, fundada pelos dois mais gloriosos Apóstolos, Pedro e Paulo." e depois "Os bem-aventurados Apóstolos portanto, fundando e instituindo a Igreja, entregaram a Lino o cargo de administrá-la como Bispo; a este sucedeu Anacleto; depois dele, em terceiro lugar a partir dos Apóstolos, Clemente recebeu o episcopado." (Contra as heresias - 1.III, 1,12; 2,1´2; 3.1´3; 4,1; P.G. 7, 844ss; S.C.34) Evangelhos canônicos Irineu afirma claramente a divisão em quatro evangelhos (Mateus, Marcos, Lucas e João), fazendo numerosas citações desses evangelhos, únicos evangelhos reconhecidos como autênticos e lidos na Igreja atesta Irineu: ´Mateus compôs o Evangelho para os hebreus na sua língua, enquanto Pedro e Paulo em Roma pregavam o Evangelho e fundavam a Igreja.´ (Adv. Haereses II, 1,1) ‗Depois de sua morte, Marcos, o discípulo e intérprete de Pedro, nos transmitiu também por escrito o que Pedro tinha pregado. Assim mesmo Lucas, o companheiro de Paulo, consignou num livro o evangelho pregado por este. ´Enfim, João, o discípulo do Senhor, o mesmo que reclinou sobre o seu peito, publicou também o Evangelho quando de sua estadia em Éfeso. Ora, todos esses homens legaram a seguinte doutrina: Quem não lhes dá assentimento despreza os que tiveram parte com o Senhor, despreza o próprio Senhor, despreza enfim o Pai; e assim se condena a si mesmo, pois resiste e se opõe à sua salvação – e é o que fazem todos os hereges‘. (Contra as heresias) Ireneu em sua obra também faz referência aos Livros Sagrados chamados deuterocanônicos referindo-se à Sabedoria, à História de Susana, Bel e o dragão (Adições em Daniel) e Baruque. Apontamentos acerca da sua refutação do Evangelho de Judas A sua extensa e completa refutação das diferentesdoutrinas gnósticas vem sendo recordada por ocasião do redescobrimento do texto pseudo- epigrafo conhecido como o Evangelho de Judas. Acerca deste texto, Ireneu disse que era utilizado por um grupo gnóstico auto-denominado cainitas, os quais: «dizem que Caim nasceu de uma Potestate superior, e se professam irmãos de Esaú, Coré, os sodomitas e todos os seus semelhantes. Por isto, o Criador os atacou, mas a nenhum deles pôde-se fazer mal. Pois, a Sabedoria tomava para si mesma o que deles havia nascido dela. E dizem que Judas, o traidor, foi o único que conheceu todas estas coisas exatamente, porque somente ele entre todos conheceu a verdade para levar em frente o mistério da traição (...). Para isto, mostram um livro de sua invenção, que chamam o "Evangelho de Judas".» (Adversus Haereses, I, 31, 1) Na continuação, Ireneu, desmascarando o louvor que os cainitas faziam de Judas por este ter entregue Jesus, e assim, segundo estes, ousado experimentar a realização da mais cruel traição como caminho para a realização de um número maior de "experiências" gnósticas, faz notar, não sem uma ironia fina, que «Estes (os cainitas) chamam de Hystera a este criador do céu e da terra e dizem, como Carpocrates, que o Homem não pode ser salvo se não passar por todo o tipo de experiências. Um anjo, segundo eles, está continuamente à espera de todos os seus actos, incentivando-os para todo o tipo de actos pecaminosos e abomináveis (...). Seja qual for a natureza de tais acções, eles declaram que as fazem em nome de tal anjo, dizendo: "Ó anjo, eu usei o teu trabalho; o teu poder, eu realizei esta acção!" E advogam que isto é o "conhecimento perfeito."» (Adversus Haereses I, 31, 2) Adiante, faz reparar a inconsistência da argumentação daqueles que seguiam os ensinamentos também contidos no "Evangelho de Judas", ao expôr a incongruência das sua posições: «Dizem eles que a paixão do decimo segundo Aeon é demonstrada pela morte de Judas. Contudo, ainda segundo eles, tal Aeon, cujo tipo declaram ser Judas, depois de ser separado de Enthymesis, foi restaurado e retomou a sua posição antiga; contudo Judas foi retirado (do seu cargo), expulso, e Matias foi escolhido em seu lugar, de acordo com o que está escrito.» (Adversus Haereses II, 20, 2) Biografia de Tertuliano Quintus Septimius Florens Tertullianus, conhecido como Tertuliano (ca. 160 - ca. 220 dC) foi um prolífico autor das primeiras fases do Cristianismo, nascido em Cartago na província romana da África. Ele foi um primeiro autor cristão a produzir uma obra literária (corpus) em latim. Ele também foi um notável apologista cristão e um polemista contra a heresia. Embora conservador, ele organizou e avançou a nova teologia da Igreja antiga. Ele é talvez mais famoso por ser o autor mais antigo cuja obra sobreviveu a utilizar o termo "Trindade" (em latim: Trinitas) e por nos dar a mais antiga exposição formal ainda existente sobre a teologia trinitária. É um dos Padres latinos. Algumas das idéias de Tertuliano não eram aceitáveis para os ortodoxos e, no fim de sua vida, ele se tornou um montanista. Vida Pouquíssima informação confiável existe para nos informar sobre a vida de Tertuliano. A maior parte do que sabemos sobre ele vem seus próprios escritos. De acordo com a tradição, ele foi criado em Cartago e acreditava ser o filho de um centurião romano, um advogado treinado e um padre ordenado. Estas assertivas se baseiam principalmente em Eusébio de Cesareia na sua História Eclesiástica (livro II, cap 2) e em São Jerônimo, em De Viris Illustribus (cap. 53). Jerônimo alegou que o pai de Tertuliano tina a posição de centurio proconsularis no exército romano na África. Porém, não está claro se esta posição sequer existiu nas forças militares romanas. Adicionalmente, acredita-se que Tertuliano foi um advogado por causa http://www.blogfiladelfia.com/2008/10/biografia-de-tertuliano.html http://4.bp.blogspot.com/-AxzEZEEUddw/TZdosEVq51I/AAAAAAAAKoE/rv_iyUwRq7U/s1600/Biografia+de+Tertuliano.jpg do uso que ele faz de analogias legais e de uma identificação dele com o jurista Tertulianus, que foi citado no "Digesta seu Pandectae". Embora Tertuliano utilize conhecimentos da lei romana em seus escritos, seu conhecimento legal não é - de forma demonstrável - superior ao que se esperaria de um romano com educação suficiente. Dos escritos de Tertulianus, um advogado com o mesmo cognome, existem apenas fragmentos e eles não demonstram uma autoria cristã. E Tertulianus só foi confundido com Tertuliano muito depois, por historiadores cristãos. Finalmente, também é questionável se ele era ou não um padre. Em suas obras sobreviventes, ele jamais se descreve como ordenado pela Igreja e parece se colocar como leigo em trechos de "Exortação à Castidade" (7.3) e "Sobre a Monogamia" (12.2). A África era famosa por ser terra de oradores. Esta influência pode ser percebida no estilo de Tertuliano, permeado de arcaísmos e provincialismos, suas imagens brilhantes e o seu temperamento apaixonado. Ele era um estudioso de grande erudição, tendo escrito pelo menos dois livros em grego. Neles, ele se refere a si mesmo, mas nenhum sobreviveu até hoje. Sua principal área de estudo era a jurisprudência e sua forma de raciocinar revela algumas marcas de um treinamento jurídico mais formal. Conversão Sua conversão ao Cristianismo aconteceu por volta de 197-198 (de acordo com Adolf Harnack, Bonwetsch e outros), mas seus antecedentes imediatos são desconhecidos, exceto o que pode ser conjecturado a partir de seus escritos. O evento deve ter sido repentino e decisivo, transformando de uma vez sua própria personalidade. Ele escreveu que não podia imaginar uma vida verdadeiramente cristã sem um ato consciente e radical de conversão: “Nós somos da mesma laia e natureza: cristãos são feitos e não nascidos” — Apologia, Tertuliano Dois livros endereçados à sua esposa confirmam que ele foi casado com cristã. No meio de sua vida (por volta de 207 dC), ele foi atraído pela "Nova profecia" do Montanismo e parece ter deixado o ramo principal da Igreja. No tempo de Santo Agostinho, um grupo de "tertulianistas" ainda tinham uma basílica em Cartago que, nesta mesma época, passou para a Igreja. Não sabemos se esta é apenas uma outra denominação para os montanistas e se significa que Tertuliano rompeu também com os montanistas e fundou seu próprio grupo. Tertuliano tinha um temperamento violento e enérgico, quase fanático, lutador empedernido e muitos dos seus escritos são polémicos. Este temperamento, impressionado com o exemplo dos mártires, que o levou à conversão, permite compreender a sua passagem ao montanismo. Jerônimo diz que Tertuliano morreu com idade bastante avançada, mas não há outra fonte confiável que ateste sua sobrevivência além do ano estimado de 220 dC. À despeito de seu cisma com a ortodoxia da Igreja, ele continuou a escrever contra as heresias, especialmente o Gnosticismo. Assim, através de suas obras doutrinárias que publicou, Tertuliano se tornou professor de Cipriano de Cartago e o predecessor de Santo Agostinho que, por sua vez, se tornou o principal fundador da teologia latina. Obras Podemos dividir o conjunto das suas obras em três grandes grupos: • Escritos apologéticos (de defesa da fé contra os opositores): Aos pagãos, Apologeticum (a sua obra mas conhecida), O testemunho da alma, Contra Escápula, Contra os judeus. • Escritos polémicos: A prescrição dos hereges, Contra Marcião, Contra Hermógenes, Contra os valentinianos, O baptismo, Scorpiace, A carne de Cristo, A ressurreição da carne, Contra Práxeas, A alma. • Escritos disciplinares, morais e ascéticos: Aos mártires, Os espectáculos, O vestido das mulheres, A oração, A paciência, A penitência, À esposa, A exortação da castidade, A monogamia,O véu das virgens, A coroa, A fuga na perseguição, A idolatria, O jejum, A pudicícia, O manto. Teologia Apesar de ser considerado por muitos o fundador da teologia ocidental, a verdade é que tal designação é exagerada, porque Tertuliano não tem propriamente um sistema teológico. De facto, para isso faltou-lhe o equilíbrio necessário para organizar os vários artigos da fé, assim como a preocupação pela coerência, pois não era do seu interesse conciliar a fé com a razão humana. A Fé e a Filosofia Para Tertuliano, a questão das relações entre a fé e a filosofia nem sequer se colocavam, pois entre ambas nada existia de comum. A filosofia era vista como adversária da fé, e os filósofos antigos como patriarcas dos hereges. Para ele, de facto, fé e razão opõem-se, e podemos encontrar na filosofia a origem de todos os desvios da fé. No entanto, é forçado a reconhecer que algumas vezes os filósofos pensaram como os cristãos, e denuncia algumas influências de correntes filosóficas antigas, nomeadamente do Estoicismo. É bem conhecida a frase credo quia absurdum. Apesar de ela não se encontrar nos escritos de Tertuliano, mas apenas algumas semelhantes, ela condensa bem o seu pensamento acerca da razão. Note-se que o seu significado é não apenas "creio embora seja absurdo", mas sim "creio porque é absurdo". A verdadeira fé tem de se opor à razão. A teologia e o direito Tertuliano era jurista, advogado, e isso se reflectiu em sua teologia e em seus escritos de duas maneiras: • quanto ao método argumentação: Nascia na Igreja a procura de uma argumentação precisa e cerrada, sem falhas, à imagem daquela usada nos tribunais. Foi Tertuliano que usou contra os hereges o argumento da prescriptio, que mostrava que apenas a Igreja unida a Roma provinha das origens, enquanto todos os outros teriam surgido depois e seriam, por isso, falsificadores; • quanto à linguagem: Tertuliano introduziu na teologia latina, e na da Igreja em geral, uma série de termos e conceitos provenientes do direito. Concebeu a vida cristã e a salvação à semelhança de um processo penal, em que Deus é o legislador, o Evangelho a lei, quem obedece recebe a compensação, quem desobedece torna-se culpado e é castigado. Tertuliano introduziu ou consagrou algumas distinções importantes, como por exemplo a de preceito e conselho evangélico. A regra da fé Para Tertuliano, a regra da fé constitui-se como lei da fé. Nos seus escritos encontramos fórmulas de dois elementos, com menção do Pai e do Filho, e outras de três, que acrescentam o Espírito Santo. As várias fórmulas apresentadas por Tertuliano, semelhantes entre si na forma e no conteúdo, mostram a existência dum resumo da fé próximo do símbolo baptismal. A Trindade O maior contributo de Tertuliano para a teologia foi a sua reflexão acerca do mistério trinitário. Criou um vocabulário que passou a fazer parte da linguagem oficial da teologia cristã. Foi ele que introduziu a palavra ―Trinitas‖, como complemento da ―Unitas‖. Segundo Tertuliano, Pai, Filho e Espírito Santo são um só Deus porque uma só é a substância, um só estado (status) e um só poder. Mas, por outro lado, distinguem-se, sem separação, pelo grau, pela forma e pela espécie (manifestação). Tertuliano introduz assim o termo ―pessoa‖, (persona), para significar cada um dos três, considerado individualmente. Este vocabulário passou a vigorar, até hoje, para referir as realidades trinitárias. No entanto, Tertuliano deixa transparecer alguma influência subordinacionista. Ao falar da geração do Filho, sem querer comprometer a sua divindade, admite uma certa gradação, desde uma fase anterior à criação, em que o Logos de Deus se contempla a Si mesmo, para passar a contemplar a economia salvífica, e é engendrado de forma imanente em Deus, até à criação, em que a Palavra se realiza como tal ao ser proferida. Cristo é, assim, o primogénito do Pai, gerado antes de todas as coisas, mas não é eterno. O Filho é como que uma porção ou emanação do Pai. Tertuliano, apesar de ter dotado a teologia trinitária dum vocabulário preciso, e de ter procurado a exactidão, não se livrou dalgumas ambiguidades e deficiências. Cristologia Tertuliano formulou algumas doutrinas relativas à pessoa de Cristo, que haviam de ser reconhecidas mais tarde em Concílios, de tal modo que podemos dizer que a sua cristologia tem os méritos da sua teologia trinitária, sem os seus defeitos. Tertuliano afirma com clareza as duas naturezas de Cristo, sem confusão entre as duas, nem redução de alguma delas. Nisso, proclama já o que mais tarde havia de ser solenemente afirmado no Concílio de Calcedónia (451). Mariologia Na sequência da sua cristologia, Tertuliano acentua que Maria deu realmente à luz o Verbo Encarnado. Reconhece que ela era virgem quando concebeu mas, para lutar contra a cristologia doceta, que defendia que o nascimento de Jesus tinha sido apenas aparente, nega a virgindade de Maria no parto e após o parto (pois isso parecia-lhe dar argumentos ao adversário). Do mesmo modo, entende que os ―irmãos de Jesus‖ são filhos de Maria. Apesar de tudo, Tertuliano proclama Maria como a nova Eva. Eclesiologia Tertuliano considera a Igreja como Mãe, numa expressão de extremo respeito e veneração. Tal como Eva foi formada da costela de Adão, também a Igreja teve a sua origem na chaga do lado de Cristo. A Igreja é guardiã de Fé e da Revelação. Assim, as Escrituras pertencem-lhe, e só ela mantém o ensinamento dos Apóstolos e pode transmiti-lo. Esta concepção, do período católico de Tertuliano, é ortodoxa, e semelhante à defendida por Ireneu de Lyon. Na sua fase montanista, porém, torna-se visivelmente herege, concebendo a Igreja como um corpo puramente espiritual, de tal modo que bastam dois ou três cristãos para que se possa dizer que se manifesta a totalidade da Igreja una. Essa seria a Igreja do Espírito, oposta à ―Igreja dos bispos‖. É por esta teoria que Tertuliano, já herege, substitui a da sucessão apostólica. A penitência Tertuliano fornece-nos pormenores importantes acerca da disciplina penitencial da Igreja, mas a sua teologia da penitência sofre das mesmas contradições e insuficiências da sua eclesiologia. Mas é o primeiro a descrever concretamente com clareza o processo e as formas da penitência. Há possibilidade duma nova conversão após o baptismo, conseguida na sequência duma confissão pública do pecado. Ao pedir perdão, o pecador usufrui da intercessão da Igreja e recebe a absolvição final pela pessoa do bispo. Na sua fase católica, Tertuliano mostra considerar que todo o pecador, por maior que fosse, tinha direito a esta penitência. Distinção entre pecados, só entre corporais e espirituais, consumados ou de desejo, mas todos eles podendo ser perdoados através da Igreja. Quando se torna montanista, porém, passa a considerar alguns pecados irremissíveis, tais como a fornicação, a idolatria e o homicídio. Isto é um dado novo, sem precedentes na disciplina primitiva, e testemunha o aparecimento duma facção rigorista, sob a influência do montanismo. Os católicos argumentavam com a Escritura, mostrando que Cristo perdoou todos os pecados, mesmo os ―irremissíveis‖. Tertuliano responde a isto dizendo que perdoar tais pecados era um poder pessoal e exclusivo do Salvador, não transmitido à Igreja. Para Tertuliano, por conseguinte, só Deus perdoa os pecados. Confrontado com a passagem do Evangelho em que Cristo concede o poder de ligar e desligar, Tertuliano nega que assim a Igreja detenha o poder das chaves, pois tal poder foi dado pessoalmente só a São Pedro, não a todos os bispos. Quando muito, para o Tertuliano montanista, o poder de perdoar os pecados pertence a ―homens espirituais‖, não aos bispos. A Eucaristia Tertuliano emprega vários nomes para referir a Eucaristia.São contudo poucas as suas referências explícitas a esse mistério. Ao falar dos sacramentos da iniciação cristã, diz que ―a carne é alimentada com o Corpo e Sangue de Cristo, para que a alma seja saciada de Deus (De resurrectione mortuorum, 8). Isto manifesta a sua fé na presença real de Cristo na Eucaristia. O mesmo se torna patente quando manifesta a sua indignação por alguns se aproximarem indignamente do Corpo do Senhor. Tertuliano testemunha também o carácter sacrificial da Eucaristia. Fá-lo ao referir o temor que alguns tinham de quebrar o jejum ao receberem o pão eucarístico. Tertuliano refere o costume de levar a espécie eucarística para casa e tomá-la privadamente. É esta uma das mais antigas alusões à reserva eucarística. Apesar de algumas palavras ambíguas, Tertuliano manifesta a fé na presença real, que acontece mediante as palavras da instituição, mas salvaguarda a sua natureza sacramental pois refere as espécies como sinal e representação (no sentido de tornar presente). A fé nessa presença real exprime-se ainda na condenação daqueles que negam a realidade do corpo crucificado de Cristo, mas celebram a Eucaristia: tal comportamento é absurdo, pois tratam-se da mesma coisa. Escatologia Tertuliano admite a ideia duma penitência da alma após a morte. Somente os mártires escapam a ela. Todos os outros têm um tempo de espera até ao juízo final, e só a intercessão dos vivos lhes pode valer. Tal como os milenaristas, Tertuliano considera que, no fim, os justos, ressuscitados, reinarão durante mil anos com Cristo. Depois do juízo final, os justos estarão com Deus, enquanto que os ímpios irão para o fogo eterno. Notas "Trinitas" por sua vez é uma latinização do grego "HE TRIAS" (A Tríade), um termo que foi utilizado antes de Tertuliano por Teófilo de Antioquia em sua obra Ad Autolycum 2.15 para se referir à Deus, o Logos de Deus (Jesus) e a Sofia de Deus (Espírito Santo). A passagem de Agostinho descrevendo os tertulianistas sugere que este deve ter sido o caso, pois um padre tertulianista obteve a permissão de uso de uma igreja sob alegação de que os mártires a quem ela teria sido dedicada eram montanistas. Porém, esta passagem é considerada muito condensada e bastante ambígua. Biografia de Orígenes Orígenes (em grego Ὠριγένης), cognominado Orígenes de Alexandria ou Orígenes de Cesaréia ou ainda Orígenes o Cristão (Alexandria, Egipto, c. 185 — Cesareia, ou, mais provavelmente, Tiro, 253), foi um teólogo, filósofo neoplatônico patrístico e é um dos Padres gregos. Um dos mais distintos pupilos de Amônio de Alexandria, Orígenes foi um prolífico escritor cristão, de grande erudição, ligado à Escola Catequética de Alexandria, no período pré-niceno. Inspirados em Orígenes e na Escola de Alexandria, muitos escritores cristãos desenvolveram suas obras: Sexto Júlio Africano, Dionísio de Alexandria, o Grande, Gregório Taumaturgo, Firmiliano, bispo de Cesareia (Capadócia), Teognosto, Pedro de Alexandria, Pânfilo e Hesíquio. Orígenes de Alexandria não deve ser confundido com o filósofo Orígenes, o Pagão (210-280), mais jovem e também integrante da Escola de Alexandria, porém discípulo de Plotino. Biografia O maior erudito da Igreja antiga - segundo J. Quasten - nasceu de uma família cristã egípcia e teve como mestre Clemente de Alexandria. Assumiu, em 203, a direcção da escola catequética de Alexandria - fundada por um estóico chamado Panteno, que se havia convertido à mensagem de Cristo - atraindo muitos jovens estudantes pelo seu carisma, conhecimento e virtudes pessoais. Depois de ter também frequentado, desde 205, a escola de Amônio Sacas, fundador do neo-platonismo e mestre de Plotino, apercebeu-se da necessidade do conhecimento apurado dos grandes filósofos. No decurso de uma viagem à Grécia, no ano de 230, foi ordenado sacerdote na Palestina pelos bispos Alexandre de Jerusalém e Teoctisto de Cesaréia. http://www.blogfiladelfia.com/2008/10/biografia-de-origenes.html http://4.bp.blogspot.com/-gostzbA4UKE/TZdj3HWqHUI/AAAAAAAAKn8/hkP96r4n6dU/s1600/Biografia+de+Origenes.jpg Em 231, Orígenes foi forçado a abandonar Alexandria devido à animosidade que o bispo Demétrio lhe devotava pelo facto de se ter castrado e convocou o Concílio de Alexandria (231) com esta finalidade. Também, contribui para esse facto o de Orígenes ter levado ao extremo a apropriação da filosofia platónica, tendo sido considerado herético. Orígenes, então, passou a morar num lugar onde Jesus havia muitas vezes estado: Cesareia, na Palestina, onde prosseguiu suas actividades com grande sucesso, abrindo a chamada Escola de Cesaréia. Na sequência da onda de perseguição aos cristãos, ordenada por Décio, Orígenes foi preso e torturado, o que lhe causou a morte, por volta de 253. Os seus ensinos foram condenados ainda pelo Concílio de Alexandria de 400 d.C. e pelo Segundo Concílio de Constantinopla, em 533, o que demonstra terem perdurado até ao século VI. A produção teológica Orígenes escreveu - diz-nos São Jerónimo em De Viris Illustribus - nada menos que 600 obras, entre as quais as mais conhecidas são: De Princippis; Contra Celso e a Hexapla. Entre os seus numerosos comentários bíblicos devem ser realçados: Comentário ao Evangelho de Mateus e Comentário ao Evangelho de João. O número das suas homílias que chegaram até aos dias de hoje ultrapassam largamente a centena. Traços de um pensamento Orígenes, além dos seus trabalhos teológicos, dedicou-se ao estudo e à discussão da filosofia, em especial Platão e os filósofos estóicos. No seu pensamento, podemos referir a tese da pré-existência da alma e a doutrina da "apocatastase", ou seja, da restauração universal (palingenesia), ambas posteriormente condenadas no Segundo Concílio de Constantinopla, realizado em 553, por serem formalmente contrárias ao núcleo irredutível do ensinamento bíblico -, embora estudiosos modernos e contemporâneos reconheçam inequivocamente que a primeira era mais «atribuída a Orígenes (por outros) do que propriamente defendida por ele». Segundo o renomado livro sobre a História da Filosofia, de Reale e Antiseri, a condenação de algumas doutrinas de Orígenes se deu muito pelos exageros cometidos pelos seus discípulos, os origenistas. Ao contrário do que afirmam certos teosofistas - como, por exemplo Geddes MacGregor no seu livro de 1978 "Reincarnation in Christianity: A New Vision of the Role of Rebirth in Christian Thought" -, Orígenes era totalmente contrário à doutrina da metempsicose (renascimento do ser humano em animais). Profundo conhecedor deste conceito a partir da filosofia grega, afirma que a metempsicose (transmigracão) «é totalmente alheia à Igreja de Deus, não ensinada pelos Apóstolos e não sustentada pela Escritura» ("Comentário ao Evangelho de Mateus" XIII, 1, 46–53). Orígines, embora não duvidando de que o texto sagrado seja invariavelmente verdadeiro, insiste na necessidade da sua correcta interpretação. Assim, teve a suficiente percepção para distinguir três níveis de leitura das escrituras: 1- o Literal 2- o Moral; 3- o Espíritual, que é o mais importante e também o mais difícil. Segundo Orígenes, cada um destes níveis indica um estado de consciência e amadureciamento espiritual e psicológico. Santíssima Trindade Orígenes como é comum nos escritores cristãos influenciados pelas doutrinas derivadas de Platão coloca as Idéias platônicas na Mente Divina, na Sabedoria de Deus. O Filho de Deus, Segunda Pessoa da Trindade, é a Sabedoria biblica: Mente de Deus, substancialmente subsistente: […] Deus sempre foi Pai, e sempre teve o Filho unigênito, que, conforme tudo o que expusemos acima, é chamado também de sabedoria (…) nesta sabedoria que sempre estava com o Pai, estava sempre contida, preordenada sob a forma de idéias, a criação, de modo que não houve momento em que a idéia daquilo que teria sido criado
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