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Weber: conceito de poder, os três tipos de dominação e o caráter central da política - PODER POLÍTICO Weber considera a busca pelo poder como a atividade central da política. Ele caracteriza como poder a possibilidade de impor sua própria vontade numa relação social, mesmo contra a vontade dos outros. - OS TRÊS TIPOS DE DOMINAÇÃO: O Estado é uma relação de dominação de um homem sobre outro homem que é legitimado através de três fundamentos: 1. Poder tradicional: poder de dominação exercido pelo patriarca ou senhor de terras, caracterizado pelo dominado possuir uma fidelidade e obediência tradicional ao seu governante ou senhor, devido à tradição e aos costumes considerado sagrados por sua validez imemorial e pelo hábito, enraizado nos homens de respeitar tais costumes. 2. Poder carismático: autoridade fundamentada em devoção a um indivíduo devido a suas qualidades pessoais como o carisma, características heróicas ou por quaisquer outras qualidades exemplares que o torna como líder. Seus dominados depositam a ele uma devoção e confiança estritamente pessoais. Tal poder é exercido pelo profeta ou em domínio político pelo dirigente guerreiro eleito, pelo soberano escolhido através de plebiscito, pelo grande demagogo ou pelo dirigente de um partido político. 3. Poder racional legal: autoridade que se impõe em razão da “legalidade”, baseada na crença de que é correto obedecer a lei em razão na validez de um estatuto legal, fundada em regras racionalmente estabelecidas ou em outros termos, a autoridade é fundada na obediência, não porque a lei seja inspirada por ordem ou na crença divina ou porque se concorde com ela. As pessoas a obedecem pelo simples fato de reconhecerem suas obrigações conforme ao estatuto legal já estabelecido. Segundo Weber, na realidade raramente encontraremos esses 3 tipos puros de dominação. Dentre estas três ideias, a que mais serve para explicar a vocação para a política é a dominação carismática, pois, é o carisma de um chefe ou profeta que faz com que outros homens o sigam, não por obediência ou por costume, mas pela fé. E caso, este líder esteja realmente comprometido, irá viver para seu trabalho e realizará uma grande obra. Um grande representante desta concepção seria o demagogo, aquele que tem o poder de conduzir o povo, trinfou no ocidente onde se tem predomínio dos Estados constitucionais, e se apresenta sob o aspecto de chefe de um partido parlamentar. Esse tipo de homem político “por vocação” não constitui o monopólio dos processos políticos e da luta pelo poder. - CARÁTER CENTRAL DA POLÍTICA Segundo Weber há duas maneiras de fazer política: se vive “para” política e “da” viver política. Ambas maneiras podem ser exercidas ao mesmo tempo, tanto idealmente quanto na prática. Quem vive “para “a política a transforma em um fim de sua vida, ou seja, trabalha para a política ora porque gosta do poder, ora porque encontrou um equilíbrio pessoal em favor de uma “causa” que dá significado à sua vida. A principal distinção levada pelo autor seria o aspecto econômico, pois supõe-se que quem vive para a politica já está estabilizado financeiramente. Aquele que depende da remuneração pelos seus trabalhos vive da política e aquele que não depende viva para a política. Para que um homem possa viver “da” política em um regime que se funde na propriedade privada é necessário certas condições para que um homem possa viver para a política como: o homem político deve, em condições normais, ser economicamente independente das vantagens que a atividade política pode lhe proporcionar, não ser possuidor de fortunas pessoais e ser economicamente disponível, ou seja, ele não deve ser obrigado a dedicar toda a sua capacidade de trabalho e de pensamento para a obtenção da própria subsistência. O autor menciona que tanto o homem de negócios e sobretudo o grande homem de negócio não estariam aptos para viver da política por ele não se encontrar disponível por se dedicar majoritariamente a sua empresa no sentindo por ele apresentado. Tanto o Estado quanto um partido político são liderados por homens, que no sentido econômico vivam para a política, significa que necessariamente, que o homem que irá dirigir tal Estado ou parlamento será recrutado usando critério plutocrático, aquele com maior poder aquisitivo. Entretanto, com essa afirmação categórica o autor não pretende dizer que a direção plutocrática não busque tirar vantagem de sua situação dominante, com o objetivo de também viver “da” política, explorando essa posição em benefício de seus interesses econômicos. Contudo, nem sempre os homens políticos profissionais se veem compelidos a reclamar pagamento pelos serviços prestados, enquanto, os indivíduos desprovidos de fortuna estarão sempre obrigados a reclamar tal pagamento mas não quer dizer que ele só se preocupe somente no aspecto econômico e não considere a causa a que se dedicaram. O desenvolvimento moderno da função pública exige um corpo de funcionários intelectuais especializados e altamente capacitados. Em princípio, tal corpo estava sob a proteção do príncipe, e eram possuidores de grande autoridade, porém, o único a tomar decisões era o príncipe. Através desse sistema, começaram a surgir as propostas, contrapropostas e votações seguindo o princípio da maioria em relação aos assuntos políticos pertinentes ao reino e começando uma luta latente entre funcionários especializados e a autocracia do príncipe. Esse estado só se alterou com o surgir de parlamentos e das pretensões políticas dos chefes parlamentares. Embora as condições desse novo desenvolvimento fossem diferentes em país, o resultado foi aparentemente idêntico, mas com algumas peculiaridades de um país para outro. Os funcionários especializados e o príncipe, que de certa forma lutavam entre si pela dominação do poder, uniram-se contra o parlamento, na Alemanha que tinha por objetivo obter o poder. Em alguns países, como na Grã-Bretanha, o Parlamento conseguiu seu objetivo e ascendeu ao poder. O líder do partido dominante tornava-se o chefe do gabinete. Já nos Estados Unidos o chefe supremo é escolhido através de sufrágio universal e direto, e é este chefe quem nomeia todo o conjunto de funcionários; neste caso, depende do Parlamento apenas para assuntos relativos a orçamento e legislação. A evolução, que transformava a política em uma “empresa” e também ia exigindo formação especial daqueles que participavam da luta pelo poder e que aplicavam os métodos políticos, tendo em vista os princípios do partido moderno. Assim, surgiu uma divisão dos funcionários em duas novas categorias: os funcionários de carreira e a dos “funcionários políticos”. Os chamados funcionários “políticos” caracterizam-se pela sua disponibilidade, ou seja, poder deslocá-los à vontade. Já os funcionários de carreira não podem ser movidos. Outro aspecto do funcionário político é que ele pode perder seu emprego quando da mudança da maioria parlamentar, ou na mudança de um governo a outro. O funcionário político não deve fazer política: deve administrar de forma não partidária, deixando a política, o tomar partido, a luta e a paixão para o homem político, o chefe político. A este cabe responsabilizar-se pessoalmente pelo que faz. Isto é o que garantirá a eficácia política. Ao longo do processo de monopólio empreendido pelo estado moderno surgiu uma nova categoria advinda da luta dos que se opunham às “ordens” dos príncipes: os “políticos profissionais”. Eram pessoas dispostas não a ser senhores, mas sim a influenciar estes mesmos senhores.
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