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Competências - Competência Interna

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COMPETÊNCIA INTERNA: 
Introdução: Diz respeito as causas para as quais a justiça brasileira tem jurisdição, devendo processar e julgar determinada ação. 
Noções sobre a estrutura do Poder Judiciário: A Constituição indica quais são os órgãos judicias e a suas devidas competências. Ao Poder Judiciário cabe o exercício de sua função jurisdicional. Seus integrantes são a magistratura e os seus órgãos os juízos e tribunais. A Constituição também estabelece a distinção entre a justiça comum e especial: trabalhista (art. 111), eleitoral (art. 118 e ss) e militar (art. 122). 
A competência da justiça especial é apurada de acordo com a matéria em questão (ratione materiae), já a competência da justiça comum abrange todas as causas que não pertencem a justiça especial (supletiva). A justiça comum pode ser federal ou estadual. A Justiça Federal (composta por juízes e Tribunais Regionais Federais) terá participação de natureza ratione personae (art. 109, I, CF) no processo, como parte ou interveniente, ou de natureza ratione materiae, pois o art. 109 enumera temas pertinentes à Justiça Federal. 
Supletivamente, os temas não pertinentes aos tribunais especiais e federais serão atribuídos à Justiça Estadual. Respeitando os dispositivos constitucionais, cada Estado irá organizar sua respectiva justiça. As Justiças Federal e Estadual terão os seus respectivos juizados especiais e colégios recursais. O Superior Tribunal de Justiça tem o dever de resguardar a lei federal infraconstitucional, sobrepairando aos órgãos de primeiro e segundo grau de jurisdição (art. 104 e ss). O Supremo Tribunal Federal está acima de todos como guardião máximo da Constituição Federal (art. 102). 
Conceito de foro e juízo: Conceito utilizado para formular as regras de competência. Indica a base territorial sobre a qual certo órgão judiciário exerce a sua competência. O STF, STJ e todos os Tribunais Superiores tem foro sobre todo o território nacional; os Tribunais Federais Regionais sobre toda a região que lhe afeta e; os Tribunais de Justiça sobre os Estado que estão inseridos. Perante a Justiça Estadual, foro é sinônimo de comarca, com os Estados divididos em Comarca, onde os juízes de 1º grau exercem sua função. Na Justiça Federal, não existe propriamente uma divisão de Comarcas, cada Vara Federal abrange toda uma região, ou seja, o foro federal pode incluir várias comarcas. 
O que o CPC entende por foro[footnoteRef:1] corresponde a toda Comarca da Capital. Foro não se confundem com juízos (unidades judiciárias integradas pelo juiz e seus auxiliares), já que esse conceito coincide com o de varas, e uma comarca pode ter numerosas varas (juízos). A comarca onde determinada demanda deverá ser proposta é o foro competente, e a vara em que a demanda deverá ser aforada é o juízo competente. [1: Entendimento esse que difere daquele da Lei Estadual de Organização Judiciária. ] 
A competência de foro e juízo: A CF elenca normas que permitem identificar se determinada demanda deve ser proposta perante a justiça comum, estadual, federal ou uma das especiais. Se a jurisdição for civil, é o CPC que formula as regras gerais de apuração do foro competente. Para identificar o juízo competente dentro da comarca, é indispensável consultar a Lei Estadual de Organização Judiciária. 
Competência absoluta e relativa: As regras de competência formuladas pelas leis federais podem ser divididas em absolutas e relativas. Há normas de competência de ordem pública e há as normas instituídas tão somente no interesse das partes. O legislador estabelece critérios para identificar ambas. Antes de adentrar nesses critérios, é importante destacar duas coisas: 
a) Somente as normas de competência relativa estão sujeitas à modificação pelas partes, sendo as causas de modificação a prorrogação, a derrogação pela eleição do foro, a conexão e a continência; 
b) Somente a incompetência absoluta pode ser reconhecida pelo juiz de ofício, constitui objeção processual, matéria de ordem pública que pode ser reconhecida pelo juiz ou alegada pela parte em qualquer momento, porém, não se pode alegar em recurso especial ou extraordinário). A incompetência relativa não pode ser reconhecida pelo juiz (Súmula 33 do STJ), salvo caso na hipótese do art. 63, §3º do CPC. Em caso de incompetência absoluta, o juiz remete os autos ao juízo competente, e mesmo que a sentença transite em julgado, a incompetência absoluta resultará em ajuizamento de ação rescisória.
c) A incompetência relativa deve ser arguida como preliminar em contestação (art. 337, II) sob pena de preclusão. O juiz não pede reconhecer de ofício, ou o réu alega (ou o MP, conforme o art. 65, parágrafo único) e assim o juiz reconhece, ou não, e a matéria preclui. A incompetência relativa não gera nulidade da sentença nem ação rescisória. 
Perpetuação de competência (perpetuatio jurisdictionis): Tem previsão legal no art. 43 do CPC. É um processo de sucessão de atos que se desenvolvem no tempo. O processo pode durar por muitos anos, ocorrendo uma série de modificações fáticas (as partes podem mudar de domicílio, ou o bem disputado venha a ter o seu valor alterado consideravelmente). Nessa situação, a competência é determinada no momento de registro ou distribuição da petição inicial. Caso haja supressão de órgão jurisdicional, os processos tramitados por este serão remetidos a outro órgão. Caso haja alteração de competência absoluta, ela será aplicada aos processos em andamento. 
Desmembramento de Comarca: O que ocorre com os processos após o desmembramento[footnoteRef:2] de uma Comarca é uma matéria muito discutida e controversa. Existe decisões do STJ que determinaram a remessa dos autos à nova comarca que resultou do desmembramento. Entretanto, o entendimento da doutrina majoritária é de que deverá prevalecer a perpetuação de competência, ou seja, os processos permanecem em andamento na comarca originária. [2: Uma comarca X, que abrangia dois municípios, passa por um processo de desmembramento, resultando em duas comarcas X e Y.
] 
Critérios para fixação de competência: A doutrina de Giuseppe Chiovenda agrupou os critérios que devem ser utilizados pelo legislador em:
1) Critério objetivo;
2) Critério funcional;
3) Critério territorial. 
Esses critérios foram adotados pelo legislador nos arts. 62 e 63 do CPC. 
Critério objetivo: Adotado quando a competência for determinada pelo valor atribuído a causa, ou pela matéria discutida durante o processo. Apenas as Leis de Organização Judiciária se utilizam desse critério para indicar qual o juízo competente dentro das Comarcas. A Lei de Organização Judiciária no Estado de São Paulo, por exemplo, usa o critério do valor da causa para determinar se a demanda deve ser apreciada nos juízos centrais ou nos juízos regionais. A CF utiliza essa matéria para determinar se a demanda correrá perante a justiça comum ou especial (trabalhista, militar, eleitoral). 
Critério funcional: Abrange a competência hierárquica que identifica a competência dos tribunais e os casos em que a demanda deve ser atribuída a certo juízo, pois mantém ligação com outro processo previamente atribuído a esse mesmo juízo.
Critério territorial: O CPC utiliza-se desse critério para indicação do foro competente, enquanto as Leis de Organização Judiciária para indicação do juízo competente. É considerado localização territorial (do domicílio dos litigantes ou da situação do imóvel disputado por eles). Esses critérios são utilizados nos arts. 46[footnoteRef:3] e 47[footnoteRef:4] do CPC. Apurado o foro competente, falta apurar o juízo. Para tal, se observam as normas de organização judiciária. Caso uma comarca esteja dividida em regiões, tais normas estabelecerão de quem é a competência dentro da Comarca, conforme o domicílio dos litigantes ou a situação do imóvel. [3:  Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu.] [4:  Art. 47. Para as ações fundadas em direito real sobre imóveis é competente o foro de situação da coisa.]Crítica a visão tripartida de critérios de competência: Chiovenda não inclui na sua tripartição de critérios a qualidade das pessoas que participam do processo, apesar de isso influir na competência (por exemplo, se uma das partes do processo for a União, a competência passa a ser da Justiça Federal). Também pode ser relevante os fundamentos em que se embasa o pedido (por exemplo, em ação indenizatória, se o fundamento é acidente de trânsito, a competência será determinada pelo art. 53, V do CPC). 
Necessidade de conjugar mais de um critério (em certos casos): A Lei de Organização do Estado de São Paulo divide a capital em juízo central e juízo regional. Ao formular as regras de competência para ações pessoais, se utilizam dois fatores: o valor da causa (critério objetivo), determinando então se a demanda é de competência exclusiva do “foro central”[footnoteRef:5], e caso não seja, será considerado o domicílio do réu (critério territorial). [5: Termo informal que se refere ao juízo central. ] 
Identificando se uma regra é de competência absoluta ou relativa: As regras de competência fixadas pela CF são sempre absolutas, seja qual for o critério utilizado. O CPC e outras leis federais elaboram regras para apuração do foro competente, através do critério funcional e territorial. O critério objetivo (matéria e valor da causa) é utilizado para apuração do juízo competente, e é fixado nas normas de organização judiciária. Todas as normas do CPC que usam o critério funcional são de competência absoluta. As normas do CPC que utilizam o critério territorial são de competência relativa, salvo as exceções previstas no art. 47. 
Sobre as leis de organização judiciária, não há consenso de opiniões. Quando a questão é o critério matéria e pessoa, a competência absoluta do juízo é incontroverso. A controvérsia existe quando a questão é o critério territorial e o valor da causa. Cândido Dinamarco entende que a competência do juízo será absoluta quando fundada na matéria e pessoa, mas relativa quando fundada no valor da causa. Prevalece no entendimento doutrinário, entretanto, que a competência do juízo é sempre absoluta, não apenas quando a norma é fixada no critério matéria ou pessoa, isso também vale para quando é fixada no critério do valor causa ou território. Mesmo que se proponha uma ação de pequeno valor ao foro central (que deveria ser proposta ao foro regional), entende-se que a incompetência resultante é sempre absoluta, o que permite o juízo o seu reconhecimento de ofício. 
Regras gerais para apuração de competência[footnoteRef:6]: [6: Regras sugeridas por Nelson Nery Júnior. ] 
a) Se a ação pode ou não ser proposta perante a justiça brasileira (arts. 21, 22 e 23 do CPC);
b) Caso seja da justiça brasileira, se não se trata de competência originária do STF ou do STJ (arts. 102, I e 105, I da CF); 
c) Se a competência não é de uma das justiças especiais (arts. 114, 121 e 124 da CF); 
d) Caso não pertença a justiça especial, verificar se a competência é da justiça comum federal (nas hipóteses do art. 109 da CF) ou estadual;
e) Determinar qual o foro competente (CPC e leis federais);
f) Determinar qual o juízo competente (normas estaduais de organização judiciária).
Exame dos elementos da ação: É indispensável conhecer os elementos da ação indicados na petição inicial (devem ser considerados in statu assertionis). O juiz que realiza o exame de competência identifica quais são (e não quais deveriam ser) os elementos da ação fixados pelo autor na demanda inicial, sem determinar se foram escolhidos corretamente ou não. 
Para apurar onde determinada demanda deverá ser proposta, o exame de todos os elementos da ação é imprescindível. É preciso verificar quem são as partes e qual a causa de pedir. “Por fim, o pedido também poderá ser determinante. Por exemplo: o de
reivindicação de um imóvel, fundada no direito de propriedade, determinará a competência do foro de situação; o de bem móvel, o do domicílio do réu, o que mostra que o bem da vida (pedido mediato) e o tipo de provimento (pedido imediato) podem ser determinantes” (p. 222, GONÇALVES. Direito processual civil, 2021).

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