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Formulário de Metologia e Prática do Ensino da Geografia I

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ-UECE
 CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIAS-CCT
 CURSO DE GEOGRAFIA LICENCIATURA
 METODOLOGIA E PRÁTICA DO ENSINO DA GEOGRAFIA I
 PROF.ª DEBORA MARQUES DA SILVA
 
 SUELLEN INGRID PEREIRA LIMA
 
 FORMULÁRIO 
 FORTALEZA-CEARÁ
 2020
 1° Questão
Durante os mais de duzentos anos de monopólio da educação jesuítica no Brasil a Geografia não teve assento nas escolas enquanto disciplina escolar. Não existiram, também, cursos de formação de professores(as) para atuar com o ensino desses saberes (ROCHA, 2000, p.131). Explique: a inserção da Geografia como disciplina escolar e a formação de professores no Brasil. 
- ROCHA, Genylton Odilon Rêgo da. Uma breve história da formação do(a) professor(a) de Geografia no Brasil. Terra Livre, São Paulo, n. 15, p. 129-144, 2000.
 Os conhecimentos geográficos, por serem de grande interesse do Estado, eram bem pouco vulgarizados nas salas de aulas, essas aulas eram ministradas pelos jesuítas, antes de serem ministradas por professores. Foi somente no século XIX que o ensino da geografia adquiriu maior importância na educação formal existente no país. Com a criação do Imperial Colégio de Pedro II, localizado na antiga Corte, a disciplina Geografia passa a ter um novo status no currículo escolar. Influenciado pelo modelo curricular francês, no novo estabelecimento de ensino predominavam os estudos literários, mas, apesar de não serem a parte mais importante daquele currículo.
 Durante quase todo o período imperial, o ensino da geografia manteve-se quase que inalterado em suas características principais, tendo sofrido poucas alterações no que diz respeito ao conteúdo ensinado ou mesmo na forma de se ensinar. Praticou-se, durante todo o período, a geografia escolar nítida orientação clássica, ou seja, a geografia descritiva, mnemônica, enciclopédica, distante da realidade do(a) aluno(a). 
 Os(as) docentes que atuavam no ensino desta disciplina eram oriundos(as) ou de outras profissões (advogados, sacerdotes, políticos etc.), ou então eram autodidatas, isto quando não eram profissionais em início de carreira que exerciam o magistério até encontrar uma boa posição nas suas profissões de origem. Como não possuíam professores formados em geografia, as universidades traziam professores estrangeiros, e esses professores eram polivalentes, além de geografia, eles também poderiam dá aulas em outras disciplinas.
 
 2° Questão
Uma disciplina maçante, mas antes de tudo simplória, pois como qualquer um sabe, “em geografia nada há para entender, mas é preciso ter memória...” De qualquer forma, após alguns anos, os alunos não querem mais ouvir falar dessas aulas que enumeram, para cada região ou para cada país, o relevo – clima – vegetação – população – agricultura – cidades – indústrias (LACOSTE, 1958, p. 21). Considerando esse trecho do livro “A Geografia – isso serve em primeiro lugar para fazer a guerra,” disserte sobre a contraposição do autor à essa Geografia e o discurso dele (Geografia dos Estados Maiores e a Geografia dos Professores) como contribuição para uma nova Geografia.
- LACOSTE, Yves. A Geografia - isso serve, em primeiro lugar, para fazer a guerra. Campinas: Papirus, 1988. 
 Colocar como ponto de partida que a geografia serve, primeiro, para fazer a guerra não implica afirmar que ela só serve para conduzir operações militares; ela serve também para organizar territórios, são somente como previsão das batalhas que é preciso mover contra este ou aquele adversário, mas também para melhor controlar o homem sobre os quais o aparelho do Estado exerce sua autoridade. A geografia é, de início, um saber estratégico estreitamente ligado a um conjunto de práticas políticas e militares e são tais práticas que exigem o conjunto articulado de informações extremamente variadas, heteróclitas à primeira vista, das quais não se pode compreender a razão de ser e a importância, se não se enquadra no bem fundamentado das abordagens do Saber pelo Saber.
 Uma origem antiga, a geografia dos Estados-maiores, é um conjunto de representações cartográficas e de conhecimento variados referente ao espaço; esse saber sincrético é claramente percebido como eminentemente estratégico pelas minorias dirigentes que o utilizam como instrumento do poder. A outra geografia, a dos professores, que apareceu há menos de um século, se tornou um discurso ideológico no qual uma das funções inconsciente, é a de mascarar a importância estratégica dos raciocínios centrados no espaço.
 A geografia dos professores funciona, até certo ponto, como uma tela de fumaça que permite dissimular, aos olhos de todos, a eficácia das estratégias políticas, militares, mas também estratégias econômicas e sociais que uma outra geografia permite a alguns elaborar. A diferença fundamental entre essa geografia dos estados-maiores e a dos professores não consiste na gama dos elementos do conhecimento que elas utilizam. A primeira recorre, hoje como outrora, aos resultados das pesquisas científicas feitas pelos universitários, quer se trate de pesquisa “desinteressada” ou da dita geografia “aplicada”. É preciso assinalar que a geografia dos professores não é o único pará-vento ideológico permitindo dissimular que o saber referente ao espaço é um temível instrumento de poder.
 3° Questão
Sem dúvida alguma, essa metamorfose do território em uma ideia de união nacional só poderia se realizar se pudesse contar com o concurso da educação da população, algo que foi negligenciado pela política imperial (VLACH, 2014, p. 38). Partindo dessa citação, comente como ocorreu a disseminação da ideologia do nacionalismo patriótico e a construção da identidade nacional no Brasil, sobretudo no Ceará.
- VLACH, Vânia Rubia Farias. Identidade nacional: entre o ato de ensinar geografia e o enunciar a geopolítica. In: DEL GAUDIO, Rogata Soares; PEREIRA, Doralice Barros (Orgs.). Geografias e ideologias: submeter e qualificar. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2014, p. 88 -114. 
 A construção de uma identidade nacional era o ponto comum entre eles; na verdade, essa era a questão em pauta, ele vinha ganhando maior relevância pelos menos desde a década de 1880. A educação, por sua vez, era entendida como o instrumento por excelência para se atingir esse objetivo. Entre as décadas de 1880 e 1930, aproximadamente, a construção da identidade nacional se faz no seio de um debate que opôs, por um lado, aqueles que indagavam ser conquista dos atributos da civilização era algo possível em que um país tropical habitado por mestiços e por outros, aqueles que criticavam o “determinismo geográfico”. Alguns, em busca de “alternativas” para a mestiçagem, consideravam que a imigração europeia permitiria, ao longo do tempo, o “embranquecimento” da população brasileira.
 Uma conclusão perfeita: a metamorfose de um território vasto na nação brasileira, cujos grupos sociais desconhecem qualquer antagonismo. É hoje o que foi- geográfica, compacta, solidamente unido. Importa, sem dúvida, esse fato um relevante elemento de excelência e primazia. Isso ocorreu porque no século XIX, a contribuição da história à causa do nacionalismo patriótico era maior. E, no mesmo período, a ênfase que a “geografia dava aos elementos físicos fez dela uma auxiliar da história” também no Brasil. 
 
 4° Questão
Disserte sobre a Geografia escolar realizada no Ceará, no período de 1840 a 1947, tema discutido em sala de aula fundamentado no artigo “A Geografia escolar: uma breve história” da autora EluzianeGonzaga Mendes. 
- MENDES, Eluziane Gonzaga. A Geografia escolar: uma breve história. Geosaberes, Fortaleza, v. 6, número especial (2), p. 02-16, novembro, 2015.
 A história da Geografia como disciplina escolar apresenta longa trajetória. Seguiu o desenvolvimento dos currículos escolares, expansão das escolas e institucionalização da instrução pública do Estado do Ceará. O período analisado da pesquisa se desenrolou a partir de 1840, momento da instalação do Liceu do Ceará, centro de referência para as demais instituições escolares, até o surgimento do primeiro curso superior de formação de professores, a Faculdade Católica de Filosofia do Ceará- FAFICE, datada de 1947.
 A Geografia no Ceará passou de ensino, meramente descritivo 3 catalográfico, para uma ciência capaz de racionalizar o conhecimento sobre as potencialidades da natureza e das mudanças sociais. Professores que a princípio, não tiveram formação superior em Geografia foram responsáveis pela produção dos saberes sistematizados sobre o Ceará. A primeira fase da geografia escolar cearense constitui-se pela relação entre a geografia científica e a geografia escolar.
 Na caracterização dos primórdios da geografia escolar do século XX, tivemos, de fato, uma geografia puramente descritiva, enumerativa, conceitual, livresca e mnemônica. A geografia cearense, até meados do século XX, ainda não era crítica, tendo na descrição seu fundamento metodológico principal, a geografia escolar constituída no Ceará seguir passos similares ao contexto nacional, a construção da geografia escolar cearense, resultou da criação da própria ciência em âmbito local.

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