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Politica-Educacional

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Política Educacional
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Universidade Federal de Minas Gerais
Reitor: Clélio Campolina Diniz
Vice-Reitora: Rocksane de Carvalho Norton
Pró-reitoria de Graduação 
Pró-Reitora: Antônia Vitória Soares Aranha
Pró-Reitor Adjunto: André Luiz dos Santos Cabral
Diretor do CAED: Fernando Fidalgo
Coordenador da UAB-UFMG: Wagner José Corradi Barbosa
Coordenador Adjunto UAG-UFMG: Hormindo Pereira de Souza Júnior
editora UFMG
Diretor: Wander Melo Miranda
Vice-Diretor: Roberto Alexandre do Carmo Said
Conselho editorial
Wander Melo Miranda (presidente)
Flavio de Lemos Carsalade
Heloisa Maria Murgel Starling
Márcio Gomes Soares
Maria das Graças Santa Bárbara
Maria Helena Damasceno e Silva Megale
Paulo Sérgio Lacerda Beirão
Roberto Alexandre do Carmo Said
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AlexAndre Borges MirAndA
Política Educacional
Belo Horizonte 
editorA UFMg 
2009
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COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO DE TEXTOS DE MATEMÁTICA Dan Avritzer
ASSISTÊNCIA EDITORIAL Eliane Sousa e Euclídia Macedo
EDITORAÇÃO DE TEXTOS Maria do Carmo Leite Ribeiro
REVISÃO E NORMALIZAÇÃO Márcia Romano
REVISÃO DE PROVAS Angelli de Castro, Danivia Wolff e Renata Passos
PROJETO GRÁFICO Eduardo Ferreira
FORMATAÇÃO E CAPA Sérgio Luz
PRODUÇÃO GRÁFICA Warren Marilac 
editora UFMG
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Campus Pampulha - 31270-901 - Belo Horizonte - MG
Tel.: + 55 31 3409-4650 - Fax: + 55 31 3409-4768 
www.editora.ufmg.br - editora@ufmg.br
© 2009, Alexandre Borges Miranda 
© 2009, Editora UFMG
Este livro ou parte dele não pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Editor.
Miranda, Alexandre Borges.
Política educacional / Alexandre Borges Miranda. – Belo Horizonte : Editora 
UFMG, 2009.
 103 p. : il. (Educação a Distância)
 
 Inclui referências.
 ISBN: 978-85-7041-802-9
 
 1. Educação. 2. Educação e Estado. I. Título. II. Série. 
 CDD: 370
 CDU: 37
M672p
Elaborada pela DITTI – Setor de Tratamento da Informação 
Biblioteca Universitária da UFMG
PrÓ-reitoria de GradUaÇÃo
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Este livro recebeu apoio financeiro da Secretaria de Educação a Distância do MEC.
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Este livro é dedicado à Júlia e à Rosimar, 
com amor.
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Os Cursos de Graduação da UFMG, modalidade a distância, foram 
concebidos tendo em vista dois princípios fundamentais. O primeiro 
se refere à democratização do acesso à educação superior; o segundo 
consiste na formação de profissionais de alto nível, comprometidos 
com o desenvolvimento do país.
A coletânea da qual este volume faz parte visa dar suporte aos estu-
dantes desses cursos. Cada volume está relacionado a um tema, eleito 
como estruturante na matriz curricular. Ele apresenta os conhecimentos 
mínimos que são considerados essenciais no estudo do tema. Isto não 
significa que o estudante deva se limitar somente ao estudo do volume. 
Ao contrário, ele é o ponto de partida na busca de um conhecimento 
mais amplo e aprofundado sobre o assunto. Nessa direção, cada volume 
apresenta uma bibliografia, com indicação de obras impressas e virtuais 
que deverão ser consultadas à medida que se fizer necessário.
Cada volume da coletânea está dividido em aulas, que consistem 
em unidades de estudo do tema tratado. Os objetivos, apresentados 
em cada início de aula, indicam as competências e habilidades que o 
estudante deve adquirir ao término de seu estudo. As aulas podem se 
constituir em apresentação, reflexões e indagações teóricas, em expe-
rimentos ou em orientações para atividades a serem realizadas pelos 
estudantes.
Para cada aula ou conjunto de aulas, foram elaboradas Atividades 
Complementares com o objetivo de levar o estudante a avaliar o seu 
progresso e a desenvolver estratégias de metacognição ao se conscien-
tizar dos diversos aspectos envolvidos em seus processos cognitivos. 
Essas atividades auxiliarão o estudante a tornar-se mais autônomo, 
responsável, crítico, capaz de desenvolver sua independência intelec-
tual. Caso elas mostrem que as competências e habilidades indicadas 
nos objetivos não foram alcançadas, o aluno deverá estudar com mais 
afinco e atenção o tema proposto, reorientar seus estudos ou buscar 
ajuda dos tutores, professores especialistas e colegas.
Agradecemos a todas as instituições que colaboraram na produção 
desta coletânea. Em particular, agradecemos às pessoas (autores, coor-
denador da produção gráfica, coordenadores de redação, desenhistas, 
diagramadores, revisores) que dedicaram seu tempo, e esforço na 
preparação desta obra que, temos certeza, em muito contribuirá para 
a educação brasileira.
Maria do Carmo Vila
Coordenadora do Centro de Apoio à Educação a Distância
UFMG
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Sumário
apresentação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11
aula 1 - Políticas sociais e educação no Brasil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
aula 2 - a educação na constituição Federal de 1988 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
aula 3 - os sistemas de ensino na ldB/96, o conselho nacional de 
Educação (cnE) e os Planos de Educação: PnE, PdE, conaE, 
Plano decenal de MG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .43
aula 4 - os níveis, as etapas e as modalidades de ensino na ldB/96 . . . . . . . . . . 59
Os níveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59
Educação infantil . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 61
Ensino fundamental . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
Ensino médio . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63
Educação de Jovens e Adultos (EJA) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65
Educação Profissional . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66
Educação Especial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 68
Educação a Distância . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Educação Indígena . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69
Educação superior . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 70
aula 5 - Situação da educação brasileira . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
Diagnósticos, tendências e perspectivas . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 77
aula 6 - as políticas de avaliação dos sistemas de ensino . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 83
aula 7 - as políticas de formação e gestão de professores para a educação básica 87
A Lei do Piso Salarial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 90
A escassez de professores no ensino médio e as ações governamentais 
para a formação de professores . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 91
aula 8 - o Projeto Político-Pedagógico e aspectos da gestão democrática 
da escola, previstos na cF/88 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 93
considerações finais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 97
Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 99
Sobre o autor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 103
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apresentação
Caro(a) aluno(a),
O objetivo deste livro didático é apresentar e desenvolver, em oito 
aulas, o conteúdo proposto pela disciplina Política Educacional, de 30 
horas, equivalente a 2 créditos, do curso de Licenciatura em Matemá-
tica, na modalidade a distância, oferecido pelo Instituto de Ciências 
Exatas da Universidade Federal de Minas Gerais (ICEX/UFMG), o qual 
está transcrito a seguir:
•	 Políticas sociais e educação no Brasil;
•	 Organização do sistema educacional brasileiro: níveis, etapas e 
modalidades de ensino;
•	 Projetos político-pedagógicos;
•	 Políticas de gestão e avaliação dos sistemas de ensino;
•	 Profissionais da educação e formação.
Na AULA 1 – Políticas sociais e educação no Brasil, partiremos das 
noções teóricas de Estado e de governo para, em seguida, discutirmos 
aspectos relativos às políticas públicas no âmbito do Estado capitalista 
e do federalismo brasileiro.
O principal objetivo desta aula inicial é fornecer-lhe alguns elementos 
teóricos que constituem um “pano de fundo” para o seu estudo de polí-
tica educacional.
Na AULA 2 – A educação na Constituição Federal de 1988, focali-
zaremos as disposições sobre educação da nossa Constituição.
Essa aula possui dois objetivos:
1º) Estudar os princípios estabelecidos pela Constituição de 1988 para 
a educação, como a gratuidade plena da educação em estabelecimentos 
públicos, a obrigatoriedade do ensino fundamental, a figura jurídica 
do direito público subjetivo, a colaboração entre os entes da federação, 
a gestão democrática da educação;
2º) estudar a vinculação estabelecida no texto original da Constituição 
e a posterior subvinculação, através de emendas à Constituição, de 
recursos orçamentários para a educação, efetivados por meio da política 
de criação de fundos contábeis obrigatórios (o Fundo de Manutenção e 
Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magis-
tério (FUNDEF), em 1996, pela Emenda nº 14, e o Fundo de Manu-
tenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos 
Profissionais da Educação (FUNDEB), em 2006, pela Emenda nº 53).
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Na AULA 3 – Os sistemas de ensino na LDB/96, o Conselho 
Nacional de Educação (CNE) e os Planos de Educação – PNE, 
PDE, CONAE, Plano Decenal de MG –, estudaremos os sistemas de 
ensino na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, o CNE e os 
Planos de Educação.
O objetivo desta aula é analisar as disposições da LDB sobre sistemas 
de ensino (Art. 8º a 20), confrontando-as com as discussões sobre um 
sistema nacional de educação, a partir do estudo dos seguintes temas:
1º) O Conselho Nacional de Educação (CNE) e o seu papel no sistema 
educacional brasileiro;
2º) o Plano Nacional de Educação (PNE), Lei nº 10.172, de 9 de janeiro 
de 2001, situando-o no âmbito das discussões atuais sobre o sistema 
nacional de educação, que ocorrem em torno da Conferência Nacional 
de Educação de 2010 (CONAE 2010) –, processo de elaboração do 
próximo plano nacional de educação;
3º) o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE), proposto pelo 
Ministério da Educação (MEC), em abril de 2007, que reúne a suas 
ações no contexto do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC);
4º) o Plano Decenal de Educação do Estado de Minas Gerais, projeto de 
lei em tramitação na Assembleia Legislativa;
Na AULA 4 – Os níveis, as etapas e as modalidades de ensino na 
LDB/96, estudaremos as disposições do Título V da Lei de Diretrizes e 
Bases da Educação Nacional, que compreende os Art. 21 a 60.
O objetivo desta aula é analisar os dispositivos da LDB para os dois 
níveis de ensino (educação básica e educação superior), focalizando 
prioritariamente o estudo das três etapas da educação básica (educação 
infantil, que compreende a creche e a pré-escola, o ensino fundamental 
e o ensino médio) e apresentando as diferentes modalidades de ensino 
(Educação de Jovens e Adultos (EJA), Educação Especial, Educação a 
Distância, Educação Profissional, Educação Indígena).
Na AULA 5 – Situação da educação brasileira: diagnósticos, 
tendências e perspectivas, discutiremos aspectos da realidade 
educacional brasileira.
O objetivo desta aula é conhecer e discutir a situação da educação 
brasileira, a partir do estudo das estatísticas do Instituto Nacional de 
Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP/MEC) – Censo 
da Educação Básica, Censo da Educação Superior e outros –, do Instituto 
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e de um relatório publicado 
recentemente pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF).
Na AULA 6 – As políticas de avaliação dos sistemas de ensino, 
abordaremos algumas noções teóricas e os principais instrumentos 
das políticas de avaliação dos sistemas de ensino no Brasil.
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Os objetivos desta aula são:
1º) Estudar alguns aspectos teóricos das políticas de avaliação no 
Estado capitalista neoliberal, discutindo a noção de “quase mercado”;
2º) conhecer o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) 
e os impactos de sua adoção, pelo MEC, no atual governo;
3º) apresentar o site do INEP, onde é possível obter informações sobre 
outros instrumentos de avaliação da educação básica e superior.
Na AULA 7 – As políticas de formação e gestão de professores 
para a educação básica, discutiremos os dispositivos da LDB/96 
sobre profissionais da educação (Art. 61 a 67 e 87, parágrafo 4º) e as 
políticas mais recentes para a formação e a carreira dos docentes da 
educação básica.
Constituem objetivos desta aula:
1º) Apresentar os dispositivos da LDB/96 sobre políticas de formação 
de professores para a educação básica (Art. 61 a 67 e 87, parágrafo 4º);
2º) conhecer a Lei do Piso Salarial para os profissionais da educação 
básica e estudar a sua implementação, que enfrenta resistências de 
prefeitos e governadores, sendo que alguns dispositivos dessa lei foram 
suspensos, provisoriamente, pelo Supremo Tribunal Federal (STF);
3º) discutir a escassez de professores no ensino médio e conhecer as 
ações governamentais para a formação de professores, tais como a 
criação da Universidade Aberta do Brasil (UAB) e da Nova Capes, e 
o recente Plano Nacional de Formação dos Professores da Educação 
Básica, em implementação pelo MEC, em 2009.
Na AULA 8 – O ProjetoPolítico-Pedagógico e aspectos da 
gestão democrática da escola, previstos na CF/88, concluindo o 
nosso curso, focalizaremos a escola, abordando projetos e programas 
voltados mais diretamente para ela.
São objetivos desta aula:
1º) Discutir a gestão democrática da escola, prevista na Constituição, e 
o papel do Projeto Político-Pedagógico (PPP) nesse processo;
2º) conhecer alguns projetos voltados para a escola, como o de fortale-
cimento do conselho escolar e o do dinheiro direto na escola.
Além da exposição da matéria, foram propostas Atividades Comple-
mentares, para aprofundamento das aulas e avaliação da aprendi-
zagem. O cronograma da disciplina, com a proposta de avaliação, 
encontra-se disponível na página do curso na internet.
Concluindo esta apresentação, importa observar que este livro não tem 
a pretensão de esgotar plenamente a abordagem de todas as temáticas 
da Política Educacional, um vasto e complexo campo de investigação, 
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mas apenas espera-se contribuir para sistematizar uma introdução 
ao seu estudo, considerando a ementa e a carga horária de apenas 30 
horas desta disciplina específica.
Espero que este material impresso contribua para organizar os seus 
estudos da disciplina Política Educacional, servindo-lhe como um guia 
didático para as aulas via internet, neste momento, mas que também 
possa vir a abrir os seus caminhos para futuras aprendizagens nesta 
área.
Um abraço do autor e sinceros votos de sucesso profissional na 
carreira do magistério!
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AULA 1
Políticas sociais e educação no Brasil
Nesta aula inicial, nosso tema central é o Estado; veremos algumas 
noções teóricas de Estado e de governo. A partir dessa análise, discu-
tiremos aspectos relativos às políticas públicas no âmbito do Estado 
capitalista e características do federalismo brasileiro e suas implica-
ções para a organização da educação.
O objetivo desta primeira aula é fornecer-lhe alguns elementos teóricos 
que constituem o que podemos chamar de “pano de fundo” para o seu 
estudo de Política Educacional. São noções básicas de ciência política 
e de direito constitucional, essenciais para a compreensão das discus-
sões mais específicas da Política Educacional.
O que você entende quando se depara com a palavra estado (não 
importa se grafada com a letra inicial maiúscula ou minúscula) em um 
texto?
Vejamos o que nos diz o Dicionário Aurélio século XXI sobre os signifi-
cados da palavra estado (do latim statu), que possui tantas acepções 
diferentes:
estado [Do lat. statu.]
S. m.
1. Modo de ser ou estar.
2. Situação ou disposição em que se acham as pessoas ou as coisas em 
um momento dado: estado de saúde; estado de espírito; estado de 
abandono; “A tudo se habitua o homem, a todo o estado se afaz” 
(Almeida Garrett, Viagens na minha terra, p. 178).
3. Modo de existir na sociedade; situação social ou profissional; 
condição: estado militar; estado eclesiástico; estado de escravidão; 
“Eu sou Lereno, / De baixo estado, / Choça nem gado / Dar poderei.” 
(Domingos Caldas Barbosa, ap. Sérgio Buarque de Holanda, Anto-
logia dos poetas brasileiros da fase colonial, I, p. 296).
4. Conjunto das condições físicas e morais de uma pessoa: No seu 
estado, a jovem só pensava no filho que ia nascer.
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5. Luxo, pompa, fausto, ostentação, magnificência: O magnata vivia 
em grande estado.
6. Lista enumerativa; inventário; registro: o estado das despesas, dos 
bens.
7. Cada uma das classes ou categorias do corpo social, especialmente 
as que se reportam à divisão tradicional adotada no antigo regime 
monárquico francês (clero, nobreza e povo). [V. estados-gerais.]
8. O conjunto dos poderes políticos de uma nação; governo: estado 
republicano; estado democrático; estado totalitário.
9. Divisão territorial de certos países: O Brasil tem 26 estados e um 
distrito federal.
10. Dir. Nação politicamente organizada. [Nesta acepç., com cap.]
11. Organismo político administrativo que, como nação soberana ou 
divisão territorial, ocupa um território determinado, é dirigido por 
governo próprio e se constitui pessoa jurídica de direito público, 
internacionalmente reconhecida.
12. Sociedade politicamente organizada.
13. Cronol. Estado absoluto de um relógio (q. v.).
14. Fís. Estado de agregação (q. v.).
15. Fís. Conjunto de valores das grandezas físicas de um sistema, 
necessário e suficiente para caracterizar univocamente a situação 
física deste sistema.
16. Grav. Cada uma das fases da execução de uma gravura, de que se 
tira prova para verificação do trabalho: primeiro estado, segundo 
estado etc.
17. Ant. Situação estacionária; parada.
18. Ant. Altura ordinária de um homem.
19. Ant. Ofício de defuntos.
Estado absoluto de um relógio. Cronol.
1. Intervalo de tempo que se deve adicionar algebricamente à hora 
marcada por um relógio para se ter a hora correta. [Tb. se diz 
apenas estado.]
Estado assistencial.
1. V. welfare State.
Estado civil.
1. Situação jurídica de uma pessoa em relação à família ou à socie-
dade, considerando-se o nascimento, filiação, sexo etc. (solteiro, 
casado, desquitado, viúvo etc.).
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aula 1
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Estado coloidal. Fís.-Quím.
1. Estado de subdivisão das partículas da fase dispersa de um coloide.
Estado de agregação. Fís.
1. Uma das formas de agregação (sólida, líquida ou gasosa) que pode 
apresentar uma substância. [Tb. se diz apenas estado.]
Estado de choque. Psiq.
1. Estado em que, de modo súbito e em consequência de emoção 
violenta, ou de acontecimento psiquicamente muito traumati-
zante, se instala depressão (9) ou perda de autodomínio.
Estado de coisas.
1. Circunstâncias, conjunturas.
Estado de coma.
1. Coma 2.
Estado de direito. Polít.
1. Estado (8) regulado por uma constituição que prevê uma plurali-
dade de órgãos dotados de competência distinta explicitamente 
determinada.
Estado de graça. Rel.
1. O de inocência, oposto ao de pecado.
Estado de inocência.
1. Desconhecimento do bem e do mal.
Estado de necessidade. Jur.
1. Situação em que se acha alguém que sacrifica direito alheio para 
salvar direito próprio ou alheio de um perigo atual, ao qual não deu 
causa, e que não pôde evitar.
Estado de sítio.
1. Suspensão temporária de certos direitos e garantias individuais.
Estado de transição. Quím.
1. Arranjo atômico que se forma no curso de uma reação, quando 
a energia chega a um valor máximo. [Tanto as ligações que se 
rompem quanto as que se formam na reação estão distendidas.]
Estado dubleto. Fís.
1. Dubleto (3).
Estado estacionário. Quím.
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1. Situação em que a concentração de uma substância não varia com 
o tempo, apesar de estar ela sendo formada e consumida simulta-
neamente.
Estado excitado. Fís.
1. Estado de um sistema em que a energia é superior à do estado 
fundamental.
Estado fundamental. Fís.
1. Em um átomo ou num grupamento de átomos, a configuração 
correspondente à energia potencial mínima.
Estado gasoso. Fís.
1. Estado de agregação de uma substância no qual as moléculas ou os 
átomos estão relativamente distantes uns dos outros e as forças 
atrativas ou repulsivas são, em média, pequenas.
Estado interessante. Pop.
1. A gravidez.
Estado ligado. Fís. Part.
1. Sistema coeso formado por duas ou mais partículas e que é mantido 
pela energia de ligação (q. v.).
Estado líquido. Fís.
1. Estado de agregação de uma substância no qual as moléculas ou 
os átomos estão, em média, muito mais próximosuns dos outros 
que no estado gasoso, havendo uma ordenação espacial local e 
transitória, e uma interação relativamente intensa das partículas 
vizinhas.
Estado metaestável.
1. Fís. Estado em que uma substância ou um sistema pode perma-
necer, apesar de não ser estável nas condições físicas em que se 
encontra.
2. Fís. Nucl. Estado excitado do núcleo ou do átomo que tem uma vida 
média apreciável.
Estado político.
1. Situação jurídica da pessoa em relação ao Estado (cidadania e 
nacionalidade).
Estado religioso.
1. Na religião católica, a ligação, mediante os três votos, de pobreza, 
castidade e obediência, com uma congregação, instituto ou ordem 
religiosa.
Estado singleto. Fís.
1. Singleto (2).
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aula 1
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Estado sólido. Fís.
1. Estado de agregação de uma substância cujas partículas consti-
tutivas (moléculas, íons, átomos) se acham arrumadas ordenada-
mente no espaço, formando uma rede cristalina, e em que há uma 
forte interação das partículas vizinhas.
Estado tripleto. Fís.
1. Tripleto (2).
Em estado de graça.
1. Estado em que se encontra quem goza ou como que goza da graça 
divina, ou por ela foi tocado.
Mudar de estado.
1. V. tomar estado (1).
No estado.
1. No estado (2) em que se encontra um objeto, sem alteração, 
melhoria ou restauração.
Terceiro estado. Hist.
1. Designação dada outrora ao povo, em relação aos outros dois 
estados, que eram o clero e a nobreza. [V. estado (7).]
Tomar estado.
1. Casar-se, matrimoniar-se; mudar de estado: “Casou-se, não por 
amor, mas para tomar estado, para casar-se, como todas.” (Mário 
Donato, A parábola das 4 cruzes, p. 71.)
2. Pôr casa.
3. Tomar um modo de vida.
4. Bras. S. Ficar em boas condições. [Us. nesta acepç. especialmente 
com relação ao cavalo de corrida ou ao galo de rinha que se tornaram 
aptos para os respectivos esportes.]
No nosso caso, estado significará, basicamente, duas coisas: o Estado 
brasileiro, “organismo político administrativo que, como nação sobe-
rana ou divisão territorial, ocupa um território determinado, é dirigido 
por governo próprio e se constitui pessoa jurídica de direito público, 
internacionalmente reconhecida” e o estado-membro, a divisão terri-
torial do país (o Brasil tem 26 estados e um distrito federal). No 
primeiro caso, o adjetivo correspondente é “estatal” e para a segunda 
acepção, “estadual”.
Desse modo, quando falamos da “política estadual” ou de um “banco 
estadual”, estamos nos referindo à ação ou a uma instituição de um 
governo de estado-membro, como Minas Gerais, por exemplo, e quando 
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usamos “estatal”, referimo-nos ao estado no seu sentido mais amplo. 
Vale observar, porém, que esse adjetivo “estatal” serve para designar, 
por exemplo, uma empresa municipal ou estadual, qualificando-a de 
“estatal”, até porque não podemos confundir “estatal” com “federal”, 
termo que diz respeito ao governo da União, já que o Estado brasi-
leiro, conforme definido pelo Art. 1º da nossa Constituição Federal 
de 1988 (CF/88), é a “República Federativa do Brasil, formada pela 
união indissolúvel dos estados e Municípios e do Distrito Federal”, 
que “constitui-se em Estado Democrático de Direito”. A organização 
político-administrativa da República, compreendendo a União, os 
estados, o Distrito Federal e os municípios, é reafirmada no Art. 18 
da CF/88. E quando falamos em “governo da União” não estamos nos 
referindo apenas ao Poder Executivo, já que esse âmbito de governo, 
assim como o dos estados-membros, compreende também os poderes 
Legislativo e Judiciário. Os municípios tecnicamente não contam com 
um “governo”, pois possuem somente os poderes Executivo (prefeito 
municipal) e Legislativo (Câmara Municipal), não existindo o Poder 
Judiciário municipal.1
ATIVIDADE COMPLEMENTAR Nº 1 
Elabore um texto, de aproximadamente duas páginas, fazendo uma 
apresentação pessoal, refletindo sobre a sua trajetória acadêmico- 
-profissional, com ênfase na discussão de sua opção pela carreira 
de professor e nas razões da escolha deste curso, comentando a sua 
experiência profissional no magistério, se houver.
ATIVIDADE COMPLEMENTAR Nº 2
Saiba mais sobre a Organização do Estado e sobre a Organização 
dos Poderes, lendo os Títulos III e IV da nossa CF/88, os quais 
compreendem os Art. 18 a 43 e 44 a 135.
Após a leitura, registre as principais características da organização 
jurídica e política do Estado brasileiro.
Dica: se você ainda não tem a Constituição, baixe o texto completo e 
atualizado, disponível em: 
<www.presidencia.gov.br/legislacao> 
ou diretamente pelo link 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.
htm>.
Aproveitando que mencionamos, anteriormente, a palavra governo, 
ao fazer referência ao governo da União e ao governo dos municípios, 
vamos agora confrontar Estado e governo, que muitas vezes aparecem 
como sinônimos, mas não são.
1 Vale lembrar que temos 
os Tribunais de Contas 
em alguns municípios, 
mas estes são órgãos de 
assessoramento do Poder 
Legislativo e, apesar do 
nome de “tribunal”, não 
integram o Judiciário.
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aula 1
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Você já sabe diferenciar o Estado brasileiro, que tem personalidade jurí-
dica internacional, do estado-membro, ou simplesmente chamado de 
estado, que é uma parte da nossa República Federativa – a UF, Unidade 
da Federação, que preenchemos nos formulários diariamente –, a qual 
possui personalidade jurídica interna.
Mas como poderemos compreender Estado e governo? É muito 
simples: pense em um condomínio de um prédio residencial que possui 
um síndico. O síndico é eleito, periodicamente, para administrar os 
recursos financeiros e gerir os problemas do condomínio desse prédio, 
por um determinado período de tempo. Podemos, para simplificar, 
entender o síndico como o “governo” e o condomínio como “Estado”. O 
condomínio é um pacto jurídico, um acordo entre pessoas, que possui 
um espaço físico delimitado (território), pode possuir funcionários 
etc., é permanente (ao menos enquanto dure, pois o prédio pode cair, 
assim como os Estados acabam, como a antiga União Soviética, por 
exemplo, e se transformam em outros Estados). O síndico é transi-
tório, tem um mandato, administra o que é comum em nome de todos 
e a estes deve prestar contas e por eles pode ser destituído.
Pois bem, a comparação acima é para ilustrar, de modo direto, a dife-
rença entre Estado e governo, certo de que, neste caso, a situação do 
Estado é mais complexa do que a de um síndico e de seu condomínio 
residencial.
O Estado possui o monopólio da “vis”, expressão latina que significa 
“força”. O Brasil não adota a pena de morte, mas alguns estados a 
utilizam como a expressão máxima de sua “força”. Entretanto, o Estado 
brasileiro pode, através de decisão fundamentada do Poder Judiciário, 
determinar a perda da liberdade, ou confiscar os bens de uma pessoa, 
ou exercer tantos outros poderes decorrentes de sua soberania.
Apenas os Estados nacionais possuem “soberania”, que, nas últimas 
décadas, vem sendo diminuída, por vontade desses Estados, para 
transferir parte dos seus poderes para uma organização regional. Por 
exemplo, podemos citar o caso dos Estados que integram a União 
Europeia e que decidiram adotar uma moeda comum, o Euro, abrindo 
mão de uma prerrogativa relevante da sua soberania, que é o poder de 
emissão da moeda circulante no seu território, e de tomarem sozinhos 
todas as decisões sobre política monetária. De modo mais tímido, 
temos aqui o Mercosul.
O Estado nacional precisa ser administrado por pessoas, que são o 
governo. No Brasil, atualmente, o governo é eleito periodicamente, de 
acordo com as regras previstas na CF/88. Nocaso do Executivo e do 
Legislativo, os governantes são eleitos para mandatos de quatro anos 
(presidente da República, governadores, deputados estaduais e fede-
rais, prefeitos e vereadores) e de oito anos (senadores). Os membros 
do Judiciário não são eleitos. A noção de governo traz consigo a ideia 
de uma bandeira ideológica, de “partido”, ou seja, de uma plataforma 
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de ações a serem implementadas naquele período de mandato em que 
essas pessoas estarão administrando o Estado. E os eleitores, que se 
identificam com essa ou com aquela proposta, levam esse grupo para o 
poder, por determinado tempo.
Essa discussão nos remete às teorias que buscam explicar o surgimento 
do Estado moderno e justificá-lo. O que funda o Estado é a soma da 
parcela da liberdade que cada cidadão renuncia. Em outras palavras: 
estabelecemos um “pacto social”, conferindo a um terceiro, o Estado, 
poderes para arbitrar os conflitos entre os cidadãos e exercer a justiça 
e o bem comum. Assim, é o Estado que garante que você possui algo, 
que lhe confere o direito de propriedade deste livro, por exemplo, ou de 
qualquer outra coisa. Outro tipo de Estado poderia, por exemplo, esta-
belecer a propriedade coletiva de todos os bens. Quando abrimos mão 
de parte de nossa liberdade e passamos a fazer ou deixar de fazer algo 
em observância da lei, é porque reconhecemos um ordenamento jurí-
dico como válido e nos submetemos a ele. De outro modo, teríamos a 
“guerra de todos contra todos”, que seria o cenário descrito por Thomas 
Hobbes como anterior ao surgimento do Estado, e, assim, todos pode-
riam matar, roubar, quebrar, estuprar etc. livremente, na ausência do 
Estado. É o Estado que diz o que é crime, como se procede à investi-
gação, que determina a punição e a reparação do dano etc. É o mesmo 
Estado que determina que você deve pagar impostos (e no Brasil são 
muitos) para financiá-lo. E o Estado vai retornar esses impostos, pagos 
por todos, em políticas públicas, ou seja, ações estatais para todos, no 
sentido de garantir os direitos civis, sociais e políticos.
Antes, porém, de abordar as noções de políticas e direitos, retorna-
remos ao conceito de Estado, para diferenciar Estado unitário de 
Estado federativo.
Como mencionado acima, por definição da nossa Constituição, o Brasil 
é uma “República Federativa”. O que isso significa? Em primeiro lugar, 
nem todo Estado se organiza como república, já que temos reinos e 
impérios. E nem toda república é federativa. E nem toda federação é 
igual, existindo Estados que são mais uma confederação, cujos estados- 
-membros gozam de mais ou de menos autonomia do que outros.
O Brasil, portanto, é hoje um Estado federativo, ou federado, para 
alguns autores. Nem sempre foi assim: no início de nossa existência 
como Estado independente, a partir de 1822, fomos reino, por curto 
período, e império. Éramos um Estado unitário, ou seja, o poder não 
era dividido em esferas administrativas (federal, estadual e municipal) 
como atualmente. Nos períodos de ditadura (Vargas, após 1937, e 
militar, a partir de 1964) vivemos, de fato, um Estado unitário, com 
o governo central (federal) controlando também as esferas estaduais 
e municipais.
Ser um Estado federativo significa que o poder é exercido por dife-
rentes instâncias de governo, que podem ser (e são, atualmente) 
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aula 1
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eleitas separadamente. Assim, temos um prefeito do partido “A”, um 
governador do partido “B”, um presidente do partido “C”, legislativos 
com maiorias de outros partidos. O que caracteriza uma federação é 
que um governo não interfere em outro governo. A cada esfera admi-
nistrativa correspondem recursos (tributos, que podem ser impostos, 
taxas e contribuições) e atribuições específicos. O presidente da Repú-
blica não pode exonerar um servidor municipal, por exemplo, nem 
decidir sobre questões relativas ao IPTU, que é um imposto municipal. 
Da mesma forma, só o Congresso Nacional pode legislar sobre deter-
minadas matérias, como direito penal, direito processual e tantas 
outras. No caso da educação, por exemplo, a CF/88 estabelece, no seu 
Art. 22, Inciso XXIV, como competência privativa da União, legislar 
sobre as diretrizes e bases da educação nacional, sendo que a União, 
os estados e o Distrito Federal podem legislar concorrentemente2 
sobre educação, conforme prevê o Art. 24, Inciso IX. Já aos municípios 
compete “suplementar a legislação federal e estadual no que couber” 
(Art. 30, II).
A própria CF/88, conforme veremos mais detalhadamente na Aula 
2, estabelece, para o caso da educação, que “A União, os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração 
seus sistemas de ensino” (caput do Art. 211), detalhando as responsa-
bilidades de cada um dos entes da federação.
Se no Estado federativo existem vários níveis de governo, com partidos 
e propostas diferenciadas, no Estado unitário o governo é um só e, 
com isso, o Estado não se debate com entraves internos, conflitos de 
legislação, necessidade de acordos, adesões, contratos, convênios, 
disputas partidárias e outras dificuldades. E aqui entram outras ques-
tões: o Estado unitário é mais autoritário que o federativo? Por ser 
mais centralizado, o Estado unitário é necessariamente um Estado 
autoritário? Por ser mais descentralizado administrativamente, o 
Estado federativo seria mais democrático que o Estado unitário? A um 
Estado federativo deve corresponder um sistema presidencialista, e a 
um Estado unitário um sistema parlamentarista?
Vamos examinar, mais adiante, essas questões. O binômio centrali-
zação/descentralização vai nos interessar para jogar luz na discussão 
sobre a municipalização do ensino fundamental, uma decorrência do 
FUNDEF, criado em 1996.
Já a questão do parlamentarismo ou presidencialismo marcou a elabo-
ração da CF/88, que foi pensada na direção do parlamentarismo, mas 
acabou adotando o presidencialismo. Nos Estados que adotam o parla-
mentarismo (monarquia ou república), há uma separação entre o chefe 
de governo e o chefe de Estado, como na Inglaterra, por exemplo, onde 
temos a rainha como chefe de Estado e um primeiro-ministro como 
chefe de governo. Nesses sistemas, há um fortalecimento dos partidos, 
e os governos podem mudar mais facilmente antes das eleições. 
2 De acordo com 
CUNHA (2002, p. 50), 
competência privativa 
é a competência 
exclusiva, ou seja, aquela 
que exclui qualquer outra 
com o mesmo conteúdo, 
e competência 
concorrente é a que se 
exerce simultaneamente 
sobre a mesma matéria, 
por mais de uma 
autoridade ou órgão.
 Dica: sempre que você 
tiver dúvidas sobre 
o significado de uma 
expressão, termo ou 
conceito, procure 
consultar um dicionário 
específico de direito ou 
de ciência política, ou um 
dicionário comum.
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Em muitos casos, o sistema eleitoral é diferente, com voto distrital ou 
distrital misto, em geral facultativo.
No Brasil, com um sistema fortemente presidencialista, encontramos 
um Poder Executivo forte, que inclusive legisla mais que o próprio 
Poder Legislativo, cuja agenda vive a reboque do primeiro.3
Retomemos a discussão sobre Estado e políticas públicas. É impres-
cindível considerar que um Estado não existe abstratamente, ou seja, 
o Estado é uma construção política, tem historicidade, determinantes 
econômicos, culturais, dentre outros. Existem diferentes tipos de 
Estado, por exemplo, o Irã, atualmente em evidência na mídia, é um 
Estado teocrático, em que as instituições do poder civil se confundem 
com as do poder religioso. De modo geral, os Estados atuais são desvin-
culados das Igrejas, são instituições civis, laicas.
No caso brasileiro,a CF/88, no seu Art. 19, I, prevê expressamente 
essa separação entre Igreja e Estado, vedando à União, aos estados, ao 
Distrito Federal e aos municípios “estabelecer cultos religiosos ou igrejas, 
subvencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com eles 
ou seus representantes relações de dependência ou aliança” (Art. 19, I).
Mas nem sempre foi assim: no Brasil, durante o Império, a Igreja e 
o Estado estavam vinculados, sendo o imperador chefe de Estado, de 
governo e também chefe da Igreja, sendo esta responsável pelo registro 
de nascimentos, casamentos e óbitos, que só a partir da Proclamação 
da República, instituída pelo golpe militar de 1889, passaram a ser de 
responsabilidade do Estado. Ainda hoje encontramos resquícios dessa 
união: símbolos da religião católica, como cruz e capelas, em escolas 
públicas, fóruns e casas legislativas.4
Além desse aspecto cultural, que também poderia ser abordado a partir 
da questão linguística, por exemplo, pretendo enfatizar os determi-
nantes econômicos, ou seja, estamos falando, no caso brasileiro, de 
um Estado inserido na economia capitalista. Foge aos objetivos desta 
aula aprofundar análises sobre o capitalismo. De qualquer modo, 
recomendo-lhes que leiam sobre o tema, procurando compreender um 
pouco mais sobre a educação no modo de produção capitalista. Sendo 
um produtor de desigualdades, e alimentando-se destas, o capitalismo 
não funciona com o pressuposto da igualdade entre as pessoas, não 
tem esse objetivo. Não falo da igualdade jurídica de todos perante a lei, 
mas da igualdade de oportunidades, de condições de acesso aos bens 
de consumo, ao trabalho, à própria educação. Dessa desigualdade, ou 
para minimizá-la, decorrem políticas de ações afirmativas, como cotas 
e bônus, por exemplo, em que o Estado assume um papel de “equali-
zador”, digamos assim, das diferenças.
E a escola pública hoje, no Brasil? Quem são os seus alunos? Qual a 
remuneração de um professor de educação infantil? Ou de ensino 
fundamental e médio? Qual o papel da escola no capitalismo? Muitas 
3 Sobre esse ponto, ver 
o livro de Rosimar de 
Fátima Oliveira, baseado 
na pesquisa da sua tese 
de doutorado na USP, em 
2005, que analisou o papel 
do Congresso Nacional 
em matéria educacional, 
após a LDB de 1996 
(OLIVEIRA, 2009).
4 Recentemente, em maio 
de 2009, na abertura 
dos trabalhos do Fórum 
sobre o Plano Decenal 
de Educação de Minas 
Gerais, por exemplo, a 
deputada que presidia a 
Comissão de Educação da 
Assembleia Legislativa do 
Estado de Minas Gerais 
rezou um Pai-nosso na 
abertura do evento.
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aula 1
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dessas questões são estudadas por outras disciplinas, como a sociologia 
da educação ou a filosofia da educação, mas devemos ter consciência 
de que, ao estudarmos Política Educacional, estamos lidando com um 
Estado concreto, específico, o Estado capitalista, e que essa condição 
é determinante de uma dada concepção de educação, condicionando a 
formulação das políticas para esse setor. É nesse sentido que Eloísa de 
Mattos Höfling inicia o seu artigo “Estado e políticas (públicas) sociais”:5 
Para além da crescente sofisticação na produção de instrumentos de 
avaliação de programas, projetos e mesmo de políticas públicas é funda-
mental se referir às chamadas “questões de fundo”, as quais informam, 
basicamente, as decisões tomadas, as escolhas feitas, os caminhos de 
implementação traçados e os modelos de avaliação aplicados, em relação a 
uma estratégia de intervenção governamental qualquer.
E uma destas relações consideradas fundamentais é a que se estabelece 
entre Estado e políticas sociais, ou melhor, entre a concepção de Estado e 
a(s) política(s) que este implementa, em uma determinada sociedade, em 
determinado período histórico.6
Logo a seguir, a autora faz a diferenciação entre Estado e governo:
Torna-se importante aqui ressaltar a diferenciação entre Estado e governo. 
Para se adotar uma compreensão sintética compatível com os objetivos 
deste texto, é possível se considerar Estado como o conjunto de institui-
ções permanentes – como órgãos legislativos, tribunais, exército e outras 
que não formam um bloco monolítico necessariamente – que possibilitam 
a ação do governo; e Governo, como o conjunto de programas e projetos 
que parte da sociedade (políticos, técnicos, organismos da sociedade civil 
e outros) propõe para a sociedade como um todo, configurando-se a orien-
tação política de um determinado governo que assume e desempenha as 
funções de Estado por um determinado período.
Políticas públicas são aqui entendidas como o “Estado em ação” (GOBERT; 
MULLER, 1987); é o Estado implantando um projeto de governo, através 
de programas, de ações voltadas para setores específicos da sociedade.7
No mesmo texto, Höfling discute características do Estado capitalista 
e das teorias liberais e neoliberais.
ATIVIDADE COMPLEMENTAR Nº 3
Leia o artigo “Estado e políticas (públicas) sociais”.8
Dica: baixe o texto, acessando a página do Portal Scielo, disponível 
em: <www.scielo.br>, 
ou diretamente pelo link: 
<http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v21n55/5539.pdf>.
Após a leitura, faça uma síntese, de aproximadamente uma página, 
dos principais conceitos trabalhados no texto pela autora.
Discutindo o Estado federativo e a descentralização das políticas 
sociais, Marta Arretche trata da distribuição da autoridade política dos 
Estados nacionais no artigo “Relações federativas nas políticas sociais”.9 
5 HÖFLING, 2001, 
p. 30-41.
6 HÖFLING, 2001, p. 31.
7 HÖFLING, 2001, p. 31.
8 HÖFLING, 2001, 
p. 30-41.
9 ARRETCHE, 2002, 
p. 25-48.
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A autora discute a municipalização da oferta de matrículas no ensino 
fundamental, ocorrida no governo Fernando Henrique, focalizando 
a educação ao lado de outras políticas sociais, como saúde, habitação 
e saneamento. Este texto e o anterior, apesar de não serem textos 
recentes, são complementares e trazem conceitos teóricos relevantes 
para o nosso estudo.
ATIVIDADE COMPLEMENTAR Nº 4
Leia o artigo “Relações federativas nas políticas sociais”.10
Dica: baixe o texto acessando a página do Portal Scielo, disponível 
em: <www.scielo.br>, 
ou diretamente no link: 
<http://www.scielo.br/pdf/es/v23n80/12922.pdf>.
Após a leitura, faça uma síntese do texto de no máximo uma página.
Outros autores, como Cleiton de Oliveira, por exemplo, também 
discutem a municipalização do ensino e nos trazem interessantes 
discussões teóricas sobre centralização e descentralização, concen-
tração e desconcentração, analisando o impacto da municipalização do 
ensino fundamental decorrente do FUNDEF.
Se você tiver interesse em ler mais sobre Estado, recomendo-lhe Os 
clássicos da política, um livro didático, em dois volumes, organizado por 
Francisco Carlos Weffort, que traz fragmentos de textos e comentários 
sobre a vida e a obra de autores clássicos (Maquiavel, Hobbes, Locke, 
Montesquieu, Rousseau e O federalista, no vol. 1, e Burke, Kant, Hegel, 
Tocqueville, Stuart Mill e Marx, no vol. 2).
Outra indicação que não pode faltar é a do Dicionário de política, orga-
nizado por Norberto Bobbio e outros, em dois volumes. Leia especial-
mente os verbetes estado contemporâneo e governo, ambos no vol. 1.
Concluindo esta aula, faça uma revisão dessas “questões de fundo” rela-
tivas a Estado e políticas sociais, lendo outro artigo de Marta Arretche 
sobre políticas sociais e federalismo, conforme indicado a seguir.
ATIVIDADE COMPLEMENTAR Nº 5
“Federalismo e políticas sociais no Brasil: problemas de coordenação 
e autonomia”.11
Dica: baixe o texto, acessando a página do Portal Scielo, disponível 
em: <www.scielo.br>, 
ou diretamente no link 
<http://www.scielo.br/pdf/spp/v18n2/a03v18n2.pdf>.10 ARRETCHE, 2002, 
p. 25-48.
11 ARRETCHE, 2004, 
p. 17-26.
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aula 1
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Na próxima aula, iremos estudar as disposições sobre educação na 
Constituição de 1988.
ATIVIDADE COMPLEMENTAR Nº 6
Com relação ao artigo “Relações federativas nas políticas sociais”, 12 
responda as seguintes questões:
1. Discutir as relações entre centralização e autoritarismo, 
comentando a situação do Brasil, conforme apontado pela 
autora, fazendo as distinções entre Estados unitários e 
Estados federativos.
2. “Entre 1997 e 2000, ocorreu no Brasil uma significativa redis-
tribuição das matrículas no nível fundamental de ensino” (p. 
38). Discutir esse processo de municipalização, com base no 
texto.
3. Comentar as conclusões da autora sobre a “capacidade de veto 
dos governos locais” em relação à implementação de políticas 
de descentralização.
4. Expressar a sua opinião em relação às políticas de descentra-
lização, mais especificamente em educação (p. 31 e p. 48, na 
última linha do texto).
12 ARRETCHE, 2002, 
p. 25-48.
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AULA 2
a educação na constituição 
Federal de 1988
Nesta aula, focalizaremos as disposições sobre educação da nossa 
Constituição, procurando desenvolver dois objetivos:
1º) Estudar os princípios estabelecidos pela Constituição Federal de 
1988 (CF/88) para a educação, como a gratuidade plena da educação 
em estabelecimentos públicos, a obrigatoriedade para o ensino funda-
mental, a figura jurídica do direito público subjetivo, a colaboração 
entre os entes da federação, a gestão democrática da educação;
2º) estudar a vinculação, no texto original, e a posterior subvincu-
lação, através de emendas à Constituição, de recursos orçamentários 
para a educação, efetivados por meio da política de criação de fundos 
contábeis obrigatórios (o FUNDEF, em 1996, pela Emenda nº 14, e o 
FUNDEB, em 2006, pela Emenda nº 53).
A CF/88 dedicou a primeira Seção do terceiro Capítulo do seu Título 
VIII para a educação, que compreende os Art. 205 a 217. No seu Ato 
das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT), a Constituição 
de 1988 dedica um importante dispositivo para a educação, o Art. 60 
do ADCT, cuja redação foi alterada em 1996 e em 2006, pelas Emendas 
à Constituição nº 14 e nº 53, respectivamente, que criaram o FUNDEF 
e o FUNDEB. Além desses artigos acima mencionados e transcritos a 
seguir, muitos outros dispositivos da CF/88 tratam da educação, ao 
longo do seu texto.
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ATIVIDADE COMPLEMENTAR Nº 7
Leia com atenção os Art. 205 a 214 da Seção da Educação e o Art. 
60 do ADCT da CF/88. Faça uma síntese de como a Constituição de 
1988 traça as linhas gerais para a organização da educação brasileira.
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988
TÍTULO VIII – Da Ordem Social
CAPÍTULO III – DA EDUCAÇÃO, DA CULTURA E DO DESPORTO 
Seção I – DA EDUCAÇÃO
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, 
será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando 
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da 
cidadania e sua qualificação para o trabalho.
Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:
I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, 
a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas, e coexistência de 
instituições públicas e privadas de ensino;
IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, 
na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por 
concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei;
VII - garantia de padrão de qualidade;
VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação 
escolar pública, nos termos de lei federal. (Incluído pela Emenda Consti­
tucional nº 53, de 2006)
Parágrafo único. A lei disporá sobre as categorias de trabalhadores 
considerados profissionais da educação básica e sobre a fixação de prazo 
para a elaboração ou adequação de seus planos de carreira, no âmbito 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios. (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
Art. 207. As universidades gozam de autonomia didático-científica, 
administrativa e de gestão financeira e patrimonial, e obedecerão ao 
princípio de indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão.
§ 1º - É facultado às universidades admitir professores, técnicos e 
cientistas estrangeiros, na forma da lei. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 11, de 1996)
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aula 2
31
§ 2º - O disposto neste artigo aplica-se às instituições de pesquisa 
científica e tecnológica. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 11, 
de 1996)
Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a 
garantia de:
I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, 
sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade 
própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação 
dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
III - atendimento educacional especializado aos portadores de defi-
ciência, preferencialmente na rede regular de ensino;
IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) 
anos de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 
2006)
V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação 
artística, segundo a capacidade de cada um;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando;
VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de 
programas suplementares de material didático-escolar, transporte, 
alimentação e assistência à saúde.
§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público 
subjetivo.
§ 2º - O não oferecimento do ensino obrigatório pelo Poder Público, 
ou sua oferta irregular, importa responsabilidade da autoridade 
competente.
§ 3º - Compete ao Poder Público recensear os educandos no ensino 
fundamental, fazer-lhes a chamada e zelar, junto aos pais ou respon-
sáveis, pela frequência à escola.
Art. 209. O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as seguintes 
condições:
I - cumprimento das normas gerais da educação nacional;
II - autorização e avaliação de qualidade pelo Poder Público.
Art. 210. Serão fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, 
de maneira a assegurar formação básica comum e respeito aos valores 
culturais e artísticos, nacionais e regionais.
§ 1º - O ensino religioso, de matrícula facultativa, constituirá disciplina 
dos horários normais das escolas públicas de ensino fundamental.
§ 2º - O ensino fundamental regular será ministrado em língua 
portuguesa, assegurada às comunidades indígenas também a utilização 
de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem.
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Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino.
§ 1º - A União organizará o sistema federal de ensino e o dos territórios, 
financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em 
matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a 
garantir equalizaçãode oportunidades educacionais e padrão mínimo 
de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos 
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 14, de 1996)
§ 2º - Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental 
e na educação infantil. (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 14, de 1996)
§ 3º - Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no 
ensino fundamental e médio. (Incluído pela Emenda Constitucional 
nº 14, de 1996)
§ 4º - Na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os 
Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar 
a universalização do ensino obrigatório. (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 14, de 1996)
§ 5º - A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino 
regular. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no 
mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente 
de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
§ 1º - A parcela da arrecadação de impostos transferida pela União 
aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, ou pelos Estados 
aos respectivos Municípios, não é considerada, para efeito do cálculo 
previsto neste artigo, receita do governo que a transferir.
§ 2º - Para efeito do cumprimento do disposto no caput deste artigo, 
serão considerados os sistemas de ensino federal, estadual e municipal 
e os recursos aplicados na forma do art. 213.
§ 3º - A distribuição dos recursos públicos assegurará prioridade ao 
atendimento das necessidades do ensino obrigatório, nos termos do 
plano nacional de educação.
§ 4º - Os programas suplementares de alimentação e assistência à saúde 
previstos no art. 208, VII, serão financiados com recursos provenientes 
de contribuições sociais e outros recursos orçamentários.
§ 5º - A educação básica pública terá como fonte adicional de finan-
ciamento a contribuição social do salário-educação, recolhida pelas 
empresas na forma da lei. (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 53, de 2006) (Vide Decreto nº 6.003, de 2006)
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§ 6º - As cotas estaduais e municipais da arrecadação da contribuição 
social do salário-educação serão distribuídas proporcionalmente ao 
número de alunos matriculados na educação básica nas respectivas 
redes públicas de ensino. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, 
de 2006)
Art. 213. Os recursos públicos serão destinados às escolas públicas, 
podendo ser dirigidos a escolas comunitárias, confessionais ou 
filantrópicas, definidas em lei, que:
I - comprovem finalidade não lucrativa e apliquem seus excedentes 
financeiros em educação;
II - assegurem a destinação de seu patrimônio a outra escola comu-
nitária, filantrópica ou confessional, ou ao Poder Público, no caso de 
encerramento de suas atividades.
§ 1º - Os recursos de que trata este artigo poderão ser destinados a bolsas 
de estudo para o ensino fundamental e médio, na forma da lei, para os 
que demonstrarem insuficiência de recursos, quando houver falta de 
vagas e cursos regulares da rede pública na localidade da residência do 
educando, ficando o Poder Público obrigado a investir prioritariamente 
na expansão de sua rede na localidade.
§ 2º - As atividades universitárias de pesquisa e extensão poderão 
receber apoio financeiro do Poder Público.
Art. 214. A lei estabelecerá o plano nacional de educação, de duração 
plurianual, visando à articulação e ao desenvolvimento do ensino em 
seus diversos níveis e à integração das ações do Poder Público que 
conduzam à:
I - erradicação do analfabetismo;
II - universalização do atendimento escolar;
III - melhoria da qualidade do ensino;
IV - formação para o trabalho;
V - promoção humanística, científica e tecnológica do País.
TÍTULO X - Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
Art. 60. Até o 14º (décimo quarto) ano a partir da promulgação desta 
Emenda Constitucional, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
destinarão parte dos recursos a que se refere o caput do art. 212 da 
Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento da educação 
básica e à remuneração condigna dos trabalhadores da educação, 
respeitadas as seguintes disposições: (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 53, de 2006)
I - a distribuição dos recursos e de responsabilidades entre o Distrito 
Federal, os Estados e seus Municípios é assegurada mediante a criação, 
no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de um Fundo de 
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Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização 
dos Profissionais da Educação (FUNDEB), de natureza contábil; 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
II - os Fundos referidos no inciso I do caput deste artigo serão 
constituídos por 20% (vinte por cento) dos recursos a que se referem os 
incisos I, II e III do art. 155; o inciso II do caput do art. 157; os incisos 
II, III e IV do caput do art. 158; e as alíneas a e b do inciso I e o inciso 
II do caput do art. 159, todos da Constituição Federal, e distribuídos 
entre cada Estado e seus Municípios, proporcionalmente ao número de 
alunos das diversas etapas e modalidades da educação básica presencial, 
matriculados nas respectivas redes, nos respectivos âmbitos de atuação 
prioritária estabelecidos nos §§ 2º e 3º do art. 211 da Constituição 
Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
III - observadas as garantias estabelecidas nos incisos I, II, III e IV do 
caput do art. 208 da Constituição Federal e as metas de universalização 
da educação básica estabelecidas no Plano Nacional de Educação, a lei 
disporá sobre: (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
a) a organização dos Fundos, a distribuição proporcional de seus 
recursos, as diferenças e as ponderações quanto ao valor anual por 
aluno entre etapas e modalidades da educação básica e tipos de 
estabelecimento de ensino; (Incluído pela Emenda Constitucional 
nº 53, de 2006)
b) a forma de cálculo do valor anual mínimo por aluno; (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
c) os percentuais máximos de apropriação dos recursos dos Fundos 
pelas diversas etapas e modalidades da educação básica, observados os 
arts. 208 e 214 da Constituição Federal, bem como as metas do Plano 
Nacional de Educação; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, 
de 2006)
d) a fiscalização e o controle dos Fundos; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 53, de 2006)
e) prazo para fixar, em lei específica, piso salarial profissional nacional 
para os profissionais do magistério público da educação básica; (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
IV - os recursos recebidos à conta dos Fundos instituídos nos termos do 
inciso I do caput deste artigo serão aplicados pelos Estados e Municípios 
exclusivamente nos respectivos âmbitos de atuação prioritária, 
conforme estabelecido nos §§ 2º e 3º do art. 211 da Constituição 
Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
V - a União complementará os recursos dos Fundos a que se refere o inciso 
II do caput deste artigo sempre que, no Distrito Federal e em cada Estado, 
o valor por aluno não alcançar o mínimo definido nacionalmente, fixado 
em observância ao disposto no inciso VII do caput deste artigo, vedada a 
utilização dos recursos a que se refere o § 5º do art. 212 da Constituição 
Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
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VI - até 10% (dez por cento) da complementação da União prevista no 
inciso V do caputdeste artigo poderá ser distribuída para os Fundos 
por meio de programas direcionados para a melhoria da qualidade da 
educação, na forma da lei a que se refere o inciso III do caput deste 
artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VII - a complementação da União de que trata o inciso V do caput deste 
artigo será de, no mínimo: (Incluído pela Emenda Constitucional 
nº 53, de 2006)
a) R$ 2.000.000.000,00 (dois bilhões de reais), no primeiro ano de 
vigência dos Fundos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 
2006)
b) R$ 3.000.000.000,00 (três bilhões de reais), no segundo ano de 
vigência dos Fundos; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 
2006)
c) R$ 4.500.000.000,00 (quatro bilhões e quinhentos milhões de 
reais), no terceiro ano de vigência dos Fundos; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 53, de 2006)
d) 10% (dez por cento) do total dos recursos a que se refere o inciso II 
do caput deste artigo, a partir do quarto ano de vigência dos Fundos; 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
VIII - a vinculação de recursos à manutenção e desenvolvimento do 
ensino estabelecida no art. 212 da Constituição Federal suportará, 
no máximo, 30% (trinta por cento) da complementação da União, 
considerando-se para os fins deste inciso os valores previstos no inciso 
VII do caput deste artigo; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, 
de 2006)
IX - os valores a que se referem as alíneas a, b e c do inciso (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) VII do caput deste 
artigo serão atualizados, anualmente, a partir da promulgação desta 
Emenda Constitucional, de forma a preservar, em caráter permanente, 
o valor real da complementação da União; (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 53, de 2006)
X - aplica-se à complementação da União o disposto no art. 160 da 
Constituição Federal; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 
2006)
XI - o não cumprimento do disposto nos incisos V e VII do caput deste 
artigo importará crime de responsabilidade da autoridade competente; 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
XII - proporção não inferior a 60% (sessenta por cento) de cada Fundo 
referido no inciso I do caput deste artigo será destinada ao pagamento 
dos profissionais do magistério da educação básica em efetivo exercício. 
(Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
§ 1º - A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão 
assegurar, no financiamento da educação básica, a melhoria da qualidade 
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de ensino, de forma a garantir padrão mínimo definido nacionalmente. 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
§ 2º - O valor por aluno do ensino fundamental, no Fundo de cada Estado 
e do Distrito Federal, não poderá ser inferior ao praticado no âmbito do 
Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de 
Valorização do Magistério (FUNDEF), no ano anterior à vigência desta 
Emenda Constitucional. (Redação dada pela Emenda Constitucional 
nº 53, de 2006)
§ 3º - O valor anual mínimo por aluno do ensino fundamental, no âmbito 
do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de 
Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), não poderá ser 
inferior ao valor mínimo fixado nacionalmente no ano anterior ao da 
vigência desta Emenda Constitucional. (Redação dada pela Emenda 
Constitucional nº 53, de 2006)
§ 4º - Para efeito de distribuição de recursos dos Fundos a que se refere 
o inciso I do caput deste artigo, levar-se-á em conta a totalidade das 
matrículas no ensino fundamental e considerar-se-á para a educação 
infantil, para o ensino médio e para a educação de jovens e adultos 1/3 
(um terço) das matrículas no primeiro ano, 2/3 (dois terços) no segundo 
ano e sua totalidade a partir do terceiro ano. (Redação dada pela 
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
§ 5º - A porcentagem dos recursos de constituição dos Fundos, conforme 
o inciso II do caput deste artigo, será alcançada gradativamente nos 
primeiros 3 (três) anos de vigência dos Fundos, da seguinte forma: 
(Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
I - no caso dos impostos e transferências constantes do inciso II do caput 
do art. 155; do inciso IV do caput do art. 158; e das alíneas a e b do inciso 
I e do inciso II do caput do art. 159 da Constituição Federal: (Incluído 
pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
a) 16,66% (dezesseis inteiros e sessenta e seis centésimos por 
cento), no primeiro ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, 
de 2006)
b) 18,33% (dezoito inteiros e trinta e três centésimos por cento), no 
segundo ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
c) 20% (vinte por cento), a partir do terceiro ano; (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
II - no caso dos impostos e transferências constantes dos incisos I e III 
do caput do art. 155; do inciso II do caput do art. 157; e dos incisos II e 
III do caput do art. 158 da Constituição Federal: (Incluído pela Emenda 
Constitucional nº 53, de 2006)
a) 6,66% (seis inteiros e sessenta e seis centésimos por cento), no 
primeiro ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
b) 13,33% (treze inteiros e trinta e três centésimos por cento), no 
segundo ano; (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
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c) 20% (vinte por cento), a partir do terceiro ano. (Incluído pela 
Emenda Constitucional nº 53, de 2006)
§ 6º - (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, 
de 2006)
§ 7º - (Revogado). (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, 
de 2006)
Dica: se você ainda não tem a Constituição, baixe o texto completo 
e atualizado, que está disponível em: <www.presidencia.gov.br/
legislacao>.
Ou diretamente pelo link 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>.
Observação: nessa página da Presidência você acessa o texto atualizado 
que vem acompanhado das versões anteriores, já revogadas (trecho 
riscado). Essa leitura dos textos revogados muitas vezes é interessante 
no nosso estudo de política educacional, para situarmos em que 
momento uma determinada política foi implementada, verificando se 
vem da redação original de 1988, ou se foi inserida na Constituição, 
por exemplo, no governo Fernando Henrique, ou no governo Lula. Além 
disso, podemos observar o conteúdo das alterações na legislação, se 
reduzem ou se ampliam determinados direitos, por exemplo.
De acordo com Evaldo Vieira, no artigo “A política e as bases do direito 
educacional”, as disposições sobre educação da CF/88 formam o que 
denominou “regime jurídico da educação”. Segundo esse autor,
Constitucionalmente, a educação brasileira deve ser direito de todos e 
obrigação do Estado; deve acontecer em escolas; deve seguir determi-
nados princípios; deve ratificar a autonomia universitária; deve conservar 
a liberdade de ensino; e principalmente deve converter-se em direito 
público subjetivo, com a possibilidade de responsabilizar-se a autoridade 
competente.1
Nesse texto, Vieira trata da “relação entre sociedade, estado e direito, 
tendo como elemento mediador a educação”,2 comentando três 
momentos marcantes da política social no século XX, no Brasil, procu-
rando demonstrar que “o Direito Educacional não se limita à simples 
exposição da legislação do ensino, pois a educação é um bem jurídico, 
individual e coletivo, embora as determinações constitucionais nem 
sempre sejam cumpridas”.3 Um dos conceitos abordados pelo autor é 
o do direito público subjetivo, previsto no Art. 208, Inciso I, combi-
nado com o parágrafo 1º, da CF/88:
CF/88 – Art. 208:
§ 1º - O acesso ao ensino obrigatório e gratuito é direito público subjetivo.
1 VIEIRA,2001, p. 19.
2 VIEIRA, 2001, p. 9.
3 VIEIRA, 2001, p. 9.
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Trata-se de uma norma “em branco”, que reforça o direito do cidadão 
de pleitear junto ao Estado o cumprimento do seu dever de oferecer o 
ensino obrigatório.
Pela redação atual da CF/88, a obrigatoriedade recai apenas sobre o 
ensino fundamental, antigamente conhecido como “1º grau”, hoje com 
nove anos de duração, oferecido para a faixa etária de 6 a 14 anos de 
idade. Na redação original da CF/88, o ensino fundamental iniciava-se 
aos sete anos de idade e tinha oito anos de duração. Recentemente 
o MEC anunciou que estuda ampliar ainda mais a obrigatoriedade, 
para abranger também o ensino médio e a pré-escola, ou seja, para 
estudantes de 4 a 17 anos. Nesse caso, a figura do direito público 
subjetivo automaticamente protegeria além do ensino fundamental, 
já que a norma não se refere a esse nível de ensino, mas ao “ensino 
obrigatório”.
ATIVIDADE COMPLEMENTAR Nº 8
Leia o artigo de Evaldo Vieira, “A política e as bases do direito 
educacional”.4
Dica: baixe o texto, acessando a página do Portal Scielo, disponível 
em: <www.scielo.br>, 
ou diretamente pelo link 
<http://www.scielo.br/pdf/ccedes/v21n55/5538.pdf>.
Faça uma síntese do texto, procurando complementar as leituras 
anteriores de Höfling e Arretche sobre Estado, governo e políticas 
sociais, e ao mesmo tempo aprofundar a discussão sobre direito 
educacional, examinando o regime jurídico da educação na CF/88.
Considerando a relevância desse tema, vamos aprofundar a discussão 
sobre as relações entre a figura jurídica do direito público subjetivo e 
a política educacional, a partir do artigo “Direito público subjetivo e 
políticas educacionais”, de Clarice Seixas Duarte. Segundo essa autora,
[...] o direito público subjetivo confere ao indivíduo a possibilidade de 
transformar a norma geral e abstrata contida num determinado ordena-
mento jurídico em algo que possua como próprio. A maneira de fazê-lo é 
acionando as normas jurídicas (direito objetivo) e transformando-as em 
seu direito (direito subjetivo).
O interessante é notar que o direito público subjetivo configura- 
-se como um instrumento jurídico de controle da atuação do poder estatal, 
pois permite ao seu titular constranger judicialmente o Estado a executar 
o que deve.5
Mais adiante, Duarte afirma que
Na acepção larga do conceito de garantia, pode-se incluir, no caso da 
educação, a consideração de certos princípios, como o da obrigatorie-
dade do ensino (entendida como a imposição de um dever ao Estado) e 
o da sua gratuidade em estabelecimentos oficiais, além da vinculação 
4 VIEIRA, 2001.
5 DUARTE, 2004, p. 113.
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constitucional de receitas. Todo esse conjunto deve ser interpretado de 
forma a assegurar a fruição do direito ao ensino fundamental.6
Como vimos, há uma tríplice dimensão de direitos para o cidadão, que 
se impõem como deveres para o Estado: a obrigatoriedade, a gratui-
dade e a vinculação de receitas orçamentárias.
A relação jurídica sempre encerra essa bilateralidade: o direito de um 
é o dever de outro. O interessante no direito público subjetivo é que 
se estabelece um caminho eficaz para o cidadão processar o Estado 
judicialmente, a fim de obrigá-lo a cumprir os seus deveres, no caso a 
realização de políticas públicas que garantam um direito social; não se 
trata, simplesmente, de uma prestação individualizada.
ATIVIDADE COMPLEMENTAR Nº 9
Leia o artigo “Direito público subjetivo e políticas educacionais”.7
Faça uma síntese do texto, procurando delimitar o conceito de 
direito público subjetivo e sua relação com as políticas educacionais.
Dica: baixe o texto, acessando a página do Portal Scielo, disponível 
em: <www.scielo.br>, 
ou diretamente pelo link <http://www.scielo.br/pdf/spp/v18n2/
a12v18n2.pdf>. 
Sobre a obrigatoriedade do ensino fundamental, importa registrar 
que nosso ordenamento jurídico trata da matéria na legislação federal 
ordinária, por exemplo, no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) 
e no Código Penal, prevendo punições para os pais ou responsáveis 
que não matricularem ou não enviarem regularmente as crianças para 
frequentar a escola. A obrigatoriedade é tanto para o Estado oferecer 
a vaga quanto para os pais ou responsáveis encaminharem as crianças 
para a escola.
Outro aspecto relevante do tratamento da CF/88 dispensado à educação 
é a “gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais”, esta-
belecida pelo Art. 206, IV. A gratuidade foi prevista plenamente, pela 
primeira vez em nossa história constitucional, para todos os níveis, 
modalidades e tipos de instituição pública, de educação básica ou 
superior. Recentemente, em 2008, o Supremo Tribunal Federal (STF) 
reafirmou esse princípio, extinguindo a cobrança de qualquer tipo de 
taxa de matrícula em universidades públicas. Burlando a regra, estão 
à margem dessa norma, muitas vezes, os cursos de especialização, que 
são oferecidos como projetos de extensão e não se enquadrariam na 
gratuidade, que se aplica apenas a atividades de “ensino”.
No Art. 211, alterado em 1996 pela Emenda nº 14, a CF/88 estabe-
lece um regime de competências para organizar o regime de colabo-
ração entre os entes federados, definindo os papéis da União – que 
administra o sistema federal de ensino e exerce função redistributiva 
6 DUARTE, 2004, p. 116, 
grifos meus.
7 DUARTE, 2004, p. 113-
118.
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e supletiva, mediante a prestação de assistência técnica e financeira 
aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios (parágrafo 1º) –, dos 
municípios, que atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na 
educação infantil (parágrafo 2º), e dos estados e do Distrito Federal, 
que atuarão prioritariamente no ensino fundamental e no ensino 
médio (parágrafo 3º). Nota-se que as competências são definidas como 
prioridades, ou seja, aquilo que se deve fazer primeiro, e não como 
exclusividades, ou seja, apenas um ente da federação seria responsável 
por determinado nível de ensino, sendo impedido de atuar em outros, 
o que não ocorre.
Por outro lado, essa função supletiva da União em relação aos demais 
entes federados é mais antiga que a própria União, existindo antes dela, 
no Império, cuja Constituição de 1824 previa essa função, na época 
denominada de “supletória”, do então governo central em relação às 
províncias. É o duplo papel exercido hoje pelo MEC e pelo Conselho 
Nacional de Educação (CNE), em relação ao sistema federal de ensino, 
administrado pela União, e aos sistemas de ensino dos estados, do 
Distrito Federal e dos municípios. Esse assunto será tratado na Aula 4, 
quando estudaremos os sistemas de ensino.
Aspecto importantíssimo das disposições sobre educação da CF/88 é 
a vinculação e a posterior subvinculação de recursos orçamentários, 
previstas, respectivamente, no Art. 212, caput (transcrito a seguir) e 
no Art. 60 do ADCT.
Art. 212. A União aplicará, anualmente, nunca menos de dezoito, e os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios vinte e cinco por cento, no 
mínimo, da receita resultante de impostos, compreendida a proveniente 
de transferências, na manutenção e desenvolvimento do ensino.
Importante ressaltar que esses percentuais atuais da CF/88 são os 
maiores percentuais vinculados de recursos para a educação, em toda 
a história constitucional do país.
Deve-se observar, entretanto, que o percentual de recursos da União, 
desde meados da década de 1990, tem sido menor que os 18% 
previstos na CF/88, em razão da atualmente denominada Desvincu-
lação de Receitas da União (DRU), um mecanismo que permite uma 
redução provisória de todos as vinculações de recursos da União,

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