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DESCRIÇÃO Estrutura das demonstrações contábeis como mecanismo de divulgação das informações e dados contábeis. Prestação de contas, transparência e eficiência econômica para investidores e credores. PROPÓSITO Compreender a obrigatoriedade das demonstrações contábeis com base na legislação e nos pronunciamentos técnicos, assim como as metodologias de apresentação e os pressupostos necessários para sua utilidade na tomada de decisões de investidores e credores existentes ou potenciais. PREPARAÇÃO Antes de iniciar a leitura deste conteúdo, tenha à mão recursos computacionais com acesso a um editor de textos e a uma planilha eletrônica para a análise das demonstrações contábeis. OBJETIVOS MÓDULO 1 Descrever as demonstrações contábeis obrigatórias com base na legislação e em pronunciamentos técnicos MÓDULO 2 Descrever a metodologia de apresentações das demonstrações contábeis MÓDULO 3 Listar os aspectos gerais dos demonstrativos contábeis com base no CPC 26 (R1) INTRODUÇÃO Inúmeros são os usuários da informação contábil – e eles necessitam de informações para ajudá-los a decidir se devem comprar, manter ou se desfazer de investimentos. Tendo isso em vista, falaremos, neste conteúdo, sobre a obrigatoriedade das demonstrações contábeis conforme a Lei das Sociedades Anônimas, o Comitê de Pronunciamento Contábil (CPC) e as Normas Brasileiras de Contabilidade (NBC). Elaboradas após o registro dos fatos contábeis, essas demonstrações apresentam informações úteis e compreensíveis para os tomadores de decisão. Em seguida, abordaremos a finalidade e a apresentação das demonstrações contábeis com base nas estruturas contidas em pronunciamentos técnicos, que são fundamentações norteadoras para a elaboração dos demonstrativos. Após compreendermos a obrigatoriedade, a finalidade e a apresentação dessas demonstrações, exploraremos o conceito da continuidade e a mecânica do regime de competência. Essas características são importantes para o entendimento das demonstrações contábeis, pois permitem a investidores e credores avaliarem a capacidade de uma entidade continuar em operação e prever seus futuros fluxos de caixa. Por fim, estudaremos os aspectos da materialidade, a consistência e as características qualitativas de informações financeiras úteis baseadas no CPC 00 (R2) e no CPC 26 (R1). Nosso objetivo, com tal estudo, é avaliar quais informações do ambiente empresarial devem estar contidas nas demonstrações contábeis, uma vez que elas influenciam a tomada de decisão. MÓDULO 1 Descrever as demonstrações contábeis obrigatórias com base na legislação e em pronunciamentos técnicos OBRIGATORIEDADE DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PELA LEI DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS (LEI Nº 6.404/1976 E SUAS ALTERAÇÕES) Demonstrações contábeis são relatórios que apresentam o desempenho financeiro, econômico e patrimonial de uma empresa. Seu principal objetivo é transparecer as informações contidas na relação entre empresas, acionistas, sócios e credores, proporcionando, com isso, o diagnóstico da posição passada e atual, além de permitir uma previsão de tendências. As demonstrações de cada exercício são publicadas com a indicação dos valores correspondentes ao exercício anterior. Elas ainda são complementadas por notas explicativas e outros quadros analíticos necessários para o esclarecimento da situação patrimonial e dos resultados do exercício. As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. O objetivo dessas demonstrações é proporcionar informação acerca da posição patrimonial e financeira, assim como do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade, que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações e tomada de decisões econômicas. Elas também objetivam apresentar os resultados da atuação da administração em face de seus deveres e responsabilidades na gestão diligente dos recursos que lhe foram confiados. Segundo o artigo 176 da Lei nº 6.404/1976, as demonstrações contábeis exigidas são: Balanço patrimonial Ele relata a situação patrimonial e financeira da empresa na data-base de encerramento do exercício social. Para isso, o balanço patrimonial apresenta uma situação estática do patrimônio por meio de bens (tangíveis e intangíveis), direitos e obrigações da empresa, bem como a situação líquida. A chamada “saúde” financeira e econômica das empresas, no fim de cada ano ou em qualquer data prefixada, pode ser feita na demonstração financeira denominada balanço patrimonial. Nessa demonstração, as contas são classificadas conforme os elementos do patrimônio e agrupadas de modo a facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia. No ativo, as contas ficam dispostas em ordem decrescente de grau de liquidez dos elementos nelas registrados. Para isso, elas são organizadas nos seguintes grupos: ATIVO CIRCULANTE Quando satisfizer qualquer dos seguintes critérios: (a) espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido no decurso normal do ciclo operacional da entidade; (b) está mantido essencialmente com o propósito de ser negociado; (c) espera-se que seja realizado até doze meses após a data do balanço; ou (d) é caixa ou equivalente de caixa, a menos que sua troca ou uso para liquidação de passivo se encontre vedada durante pelo menos doze meses após a data do balanço (todos os demais ativos devem ser classificados como não circulantes). ATIVO NÃO CIRCULANTE Ele é composto por: Ativo realizável em longo prazo: direitos realizáveis após o término do exercício seguinte. Investimentos: participações permanentes em outras sociedades e direitos de qualquer natureza não classificáveis no ativo circulante e que não se destinem à manutenção da atividade da companhia ou da empresa. Imobilizado: direitos que tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, os riscos e o controle desses bens. Intangível: direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comércio adquirido. Já no passivo, as contas são classificadas nos seguintes grupos: Passivo circulante: quando vencerem no exercício seguinte. Passivo não circulante. Patrimônio líquido: dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações em tesouraria e prejuízos acumulados. Demonstração de lucros ou prejuízos acumulados Ela tem como finalidade demonstrar as mudanças que ocorreram no patrimônio líquido no período e onde ele foi aplicado. A estrutura da demonstração de lucros ou prejuízos acumulados discriminará: 1 Saldo do início do período, ajustes de exercícios anteriores e correção monetária do saldo inicial. 2 Reversões de reservas e lucro líquido do exercício. 3 Transferências para reservas, dividendos, parcela dos lucros incorporada ao capital e saldo ao fim do período. AJUSTES DE EXERCÍCIOS ANTERIORES Serão considerados apenas os decorrentes de efeitos da mudança de critério contábil ou da retificação de erro imputável a determinado exercício anterior e que não possam ser atribuídos a fatos subsequentes. Essa demonstração deve indicar o montante do dividendo por ação do capital social. Se for elaborada e publicada pela companhia, ela poderá ser incluída na demonstração das mutações do patrimônio líquido. Demonstração do resultado do exercício (DRE) A DRE é um relatório contábil que evidencia se as operações de uma empresa estão gerando lucro ou prejuízo em determinado período. Ela, portanto, apresenta quanto uma empresa javascript:void(0) ganhou (lucrou) ou perdeu (prejuízo) durante o exercício social. A DRE discrimina os seguintes itens: A receita bruta das vendas e dos serviços, as deduções das vendas, os abatimentos e osimpostos. A receita líquida das vendas e dos serviços, o custo das mercadorias e dos serviços vendidos e o lucro bruto. As despesas com as vendas e as financeiras, deduzidas das receitas, as gerais e as administrativas, além de outras despesas operacionais. O lucro ou o prejuízo operacional, além de outras receitas e despesas. O resultado do exercício antes do imposto sobre a renda e a provisão para o imposto. As participações de debêntures, empregados, administradores e partes beneficiárias, mesmo na forma de instrumentos financeiros, e de instituições ou fundos de assistência ou previdência de empregados que não se caracterizem como despesa. O lucro ou o prejuízo líquido do exercício e o seu montante por ação do capital social. Na DRE, são computados: Receitas e rendimentos ganhos no período independentemente de sua realização em moeda. Custos, despesas, encargos e perdas pagos ou incorridos correspondentes a essas receitas e ao rendimento. Demonstração dos fluxos de caixa (DFC) A DFC apresenta as alterações ocorridas, durante o exercício, no saldo de caixa e em equivalentes de caixa. Essas alterações são segregadas em, no mínimo, três fluxos: OPERACIONAL FINANCIAMENTO INVESTIMENTO Diante do contexto acima, podemos concluir que a DFC relata os pagamentos e os recebimentos ocorridos ao longo do exercício social – classificados em atividades operacionais, de investimentos e de financiamento da empresa – mediante a variação do saldo de caixa e dos equivalentes de caixa em uma comparação com o período inicial e final do exercício. Demonstração do valor adicionado Ela divulga: 1 Valor da riqueza gerada pela companhia. 2 Sua distribuição entre os elementos que contribuíram para a geração dessa riqueza: empregados, financiadores, acionistas e governo são alguns dos exemplos. 3 Parcela da riqueza não distribuída. PELO CPC 26 Conforme pronunciamento técnico do CPC 26 (R1), as demonstrações contábeis buscam apresentar os resultados da atuação da administração. Para satisfazer a esse objetivo, essas demonstrações proporcionam uma informação da entidade acerca dos seguintes pontos: Ativos. Passivos. Patrimônio líquido. Receitas e despesas, incluindo ganhos e perdas. Alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e das distribuições a eles. Fluxos de caixa. Somados às informações constantes das notas explicativas, os itens mencionados contribuem para que os usuários das demonstrações contábeis possam prever os futuros fluxos de caixa da entidade e, em particular, a época e o grau de certeza de sua geração. Com essas informações, portanto, ela pode prever quando receberá os recursos e o período em que precisará desembolsá-los a fim de garantir a operacionalização e o funcionamento da empresa. A divulgação das informações contábeis e financeiras é apresentada pelo conjunto completo de demonstrações contábeis. Isso inclui: 1 Balanço patrimonial ao final do período. Demonstração do resultado do período e do resultado abrangente dele. 2 3 Demonstração das mutações do patrimônio líquido do período. DFC do período. 4 5 Balanço patrimonial do início do período mais antigo comparativamente apresentado quando a entidade aplicar uma política contábil retrospectivamente ou proceder à reapresentação retrospectiva de itens das demonstrações contábeis (ou quando proceder à reclassificação de itens de suas demonstrações contábeis). Demonstração do valor adicionado do período, conforme pronunciamento técnico do CPC 09, se isso for exigido legalmente por algum órgão regulador ou se for apresentada voluntariamente. 6 As Notas explicativas não são demonstrações contábeis, mas sim partes integrantes e compreendem as políticas contábeis significativas e outras informações relevantes para a tomada de decisões, além das informações comparativas com o período anterior. PARA MEI, PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS (NBC TG 1000) Neste tópico, conheceremos a apresentação das demonstrações contábeis em conformidade com a NBC TG 1000 – contabilidade para pequenas e médias empresas. Explanaremos, ainda, um conjunto completo dessas demonstrações. As demonstrações contábeis devem representar apropriadamente: A posição patrimonial e financeira (balanço patrimonial) O desempenho (demonstração do resultado e do resultado abrangente) Os fluxos de caixa da entidade A apresentação adequada disso exige a representação confiável dos efeitos das transações, de outros eventos e das condições de acordo com as definições e os critérios de reconhecimento para ativos, passivos, receitas e despesas. A aplicação dessa norma pelas entidades de pequeno e médio porte – com uma divulgação adicional quando necessário – resulta na adequada apresentação da posição financeira e patrimonial, do desempenho e dos fluxos de caixa da entidade contribuinte para a tomada de decisões dos usuários que ofertam crédito e dos sócios que estão investindo. O conjunto completo de demonstrações contábeis, segundo a NBC TG 1000, precisa incluir as seguintes demonstrações: 1 Balanço patrimonial ao final do período. 2 Demonstração do resultado do período de divulgação e do abrangente do período de divulgação. 3 Demonstração das mutações do patrimônio líquido para o período de divulgação. 4 DFC para o período de divulgação. 5 Notas explicativas, compreendendo o resumo das políticas contábeis significativas e outras informações explanatórias. javascript:void(0) ABRANGENTE DO PERÍODO DE DIVULGAÇÃO A demonstração do resultado abrangente pode ser apresentada em quadro demonstrativo próprio ou dentro das mutações do patrimônio líquido. Quando apresentada separadamente, ela tem início com o resultado do período e se completa com os itens dos outros resultados abrangentes. PARA ENTIDADES DO TERCEIRO SETOR Devendo ser elaboradas por entidade sem fins lucrativos, as demonstrações contábeis incluem: Imagem: Shutterstock.com BALANÇO PATRIMONIAL A denominação da conta “capital” deve ser substituída por “patrimônio social”, que é integrante do grupo “patrimônio líquido”. DEMONSTRAÇÃO DO RESULTADO DO PERÍODO As informações de gratuidade concedidas e serviços voluntários obtidos precisam ser destacadas e divulgadas em notas explicativas por tipo de atividade. DEMONSTRAÇÃO DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO É um documento utilizado para apresentar as alterações no patrimônio líquido da empresa. DFC As doações devem ser classificadas nos fluxos das atividades operacionais. NOTAS EXPLICATIVAS Como preveem a NBC TG 26 e a seção 3 da NBC TG 1000 (quando aplicável). ATENÇÃO As palavras “lucro” ou “prejuízo” têm de ser substituídas por superavit ou deficit do período no balanço patrimonial e nas demonstrações do resultado do período, das mutações do patrimônio líquido e dos fluxos de caixa. A IMPORTÂNCIA DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Neste vídeo, o especialista Sidmar Roberto Vieira Almeida falará sobre a obrigatoriedade das demonstrações contábeis e as suas finalidades para as empresas de grande porte, as pequenas empresas e as entidades do terceiro setor gerando confiabilidade aos usuários da informação e avaliando a especificidade de cada empresa/entidade. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. FAZEM PARTE DO CONJUNTO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PREVISTAS PELO CPC 26 (R1) PARA A CONTABILIZAÇÃO DAS EMPRESAS: A) Demonstração do valor adicionado; balanço patrimonial; balanço orçamentário B) Balanço patrimonial; demonstração do valor adicionado; demonstração do resultado econômico C) Balanço patrimonial; demonstração do resultado do exercício; demonstração de fluxo de caixa D) Balanço patrimonial; demonstração das variações patrimoniais; balanço orçamentário E) Balanço orçamentário; balanço financeiro; demonstração do resultado econômico 2. DE ACORDO COM A NBC TG 1000, O CONJUNTO COMPLETO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS PARA AS EMPRESAS NÃO REGULADAS COMPREENDE: A) Balanço patrimonial; demonstração do resultado do exercício (DRE); demonstraçãodo resultado abrangente; demonstração das mutações do patrimônio líquido; demonstração dos fluxos de caixa (DFC); e notas explicativas B) Balanço patrimonial; DRE; demonstração do resultado abrangente; demonstração das mutações do patrimônio líquido; DFC; demonstração do valor adicionado; e notas explicativas C) Balanço patrimonial; DRE; demonstração do resultado abrangente; demonstração das mutações do patrimônio líquido; DFC; demonstração do valor adicionado do período; notas explicativas; e relatório da administração D) Balanço patrimonial; DRE; demonstração do resultado abrangente; demonstração das mutações do patrimônio líquido; DFC; notas explicativas; relatório da administração e relatório dos auditores independentes E) Balanço patrimonial; DRE com a demonstração do resultado abrangente; demonstração das origens e aplicações de recursos; DFC; notas explicativas GABARITO 1. Fazem parte do conjunto das demonstrações contábeis previstas pelo CPC 26 (R1) para a contabilização das empresas: A alternativa "C " está correta. O CPC 26 (R1) apresenta a base e as demonstrações contábeis que as empresas precisam apresentar para assegurar a comparabilidade tanto com as demonstrações contábeis de períodos anteriores da mesma entidade quanto com as de outras entidades. Essas demonstrações são as seguintes: balanço patrimonial, DRE e demonstração de fluxo de caixa. 2. De acordo com a NBC TG 1000, o conjunto completo das demonstrações contábeis para as empresas não reguladas compreende: A alternativa "A " está correta. A NBC TG 1000 (R1) apresenta as principais informações a serem divulgadas pelas empresas contempladas nessa norma e os requisitos de contabilidade e divulgação apropriados para determinada classe de empresas, orientando as autoridades legislativas e regulatórias, os preparadores e as organizações que emitem demonstrações contábeis, assim como seus auditores, para que eles estejam cientes do alcance da aplicabilidade. MÓDULO 2 Descrever a metodologia de apresentações das demonstrações contábeis PRIMEIRAS PALAVRAS As informações divulgadas nas demonstrações contábeis impactam diretamente no processo de tomada de decisões dos stakeholders. Por isso, conheceremos neste módulo a finalidade de cada relatório contábil, bem como os seus pressupostos. FINALIDADE, ALCANCE E RESPONSÁVEIS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS: A RESPONSABILIDADE DO CONTADOR E DO EMPRESÁRIO OU ADMINISTRADOR A finalidade das demonstrações contábeis é fornecer informações sobre a posição patrimonial e financeira e sobre o desempenho da entidade que sejam úteis para investidores, credores por empréstimos e outros credores, sejam eles existentes ou potenciais, na tomada de decisões. Tomar decisões envolve uma destas ações: Imagem: Shutterstock.com Comprar, vender ou manter instrumento de patrimônio e de dívida. Imagem: Shutterstock.com Conceder ou liquidar empréstimos (ou outras formas de créditos). Imagem: Shutterstock.com Exercer direitos de votar ou, de outro modo, influenciar os atos da administração que afetam o uso dos recursos econômicos da entidade. Para satisfazer a esses requisitos, as demonstrações contábeis proporcionam informações às entidades acerca dos seguintes itens: Ativos. Passivos. Patrimônio líquido. Receitas e despesa, incluindo ganhos e perdas; Alterações no capital próprio mediante integralizações dos proprietários e distribuições a eles; Fluxos de caixa. Tais demonstrações e as respectivas notas explicativas precisam ser identificadas claramente e divulgadas de forma destacada, inclusive repetindo suas informações quando for necessário, para a compreensão destes dados: 1 Nome da entidade. Se as demonstrações contábeis se referem a uma entidade individual ou a um grupo de entidades. 2 3 Data-base das demonstrações contábeis e notas explicativas e o respectivo período abrangido. Moeda de apresentação. 4 5 Nível de arredondamento usado na apresentação dos valores nas demonstrações contábeis. Cada usuário extrai as informações das demonstrações conforme a sua demanda. Enquanto os investidores se interessam em dados relativos a risco, retorno e capacidade de pagamento de dividendos, os credores e os fornecedores buscam aqueles ligados à capacidade de pagamento. Já os sindicatos e os empregados querem saber sobre estabilidade, lucratividade, capacidade de pagamento de salários e oportunidades de empregos. Por fim, os clientes preferem estar cientes acerca da capacidade operacional, enquanto o governo possui interesse em informações relativas às atividades empresariais da entidade. ATENÇÃO A legislação societária determina que as demonstrações contábeis sejam assinadas por administradores da empresa e contabilistas legalmente habilitados. EXERCÍCIO SOCIAL, PERÍODOS DE ENCERRAMENTO CONTÁBIL E FREQUÊNCIA DE APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Conforme o artigo 175 da Lei nº 6.404/1976, o exercício social tem duração de um ano, sendo a data do término fixada no estatuto. Na constituição da companhia e nos casos de alteração estatutária, esse exercício social pode ter uma duração diversa. Preparadas para um período de tempo específico (período do relatório), as demonstrações contábeis fornecem informações sobre: Ativos e passivos: isso inclui ativos e passivos não reconhecidos e o patrimônio líquido que existia no final do relatório ou durante seu período. Receitas e despesas para o período de relatório. O conjunto completo das demonstrações contábeis tem de ser apresentado pelo menos anualmente (inclusive com informações comparativas). Todavia, devido a exigências de órgãos reguladores, uma apresentação também pode ser requerida para períodos menores. Quando se altera a data do encerramento das demonstrações contábeis para um período mais longo ou mais curto que um ano, a empresa precisa divulgar: 1 2 3 O período abrangido. A razão para usar um período mais longo ou mais curto. O fato de que os montantes comparativos apresentados nessas demonstrações contábeis não são inteiramente comparáveis. Para ajudar os usuários das demonstrações contábeis a identificar e avaliar mudanças e tendências, elas fornecem informações comparativas de, pelo menos, um período de relatório anterior. O artigo 16, inciso VIII, da Instrução CVM nº 202/1993 prevê a entrega dos formulários referentes a informações trimestrais (ITR). O prazo para a entrega da ITR é de até 45 (quarenta e cinco) dias após o término de cada trimestre do exercício social, excetuando o último, ou quando a empresa divulgar as informações para acionistas, ou para terceiros, caso ocorra em data anterior. As informações do último trimestre estão incluídas no formulário DFP (inciso II do mesmo antigo), que inclui todo o exercício social. Nos termos da Instrução CVM nº 245/1996, as companhias abertas com registro para a negociação de seus títulos e valores mobiliários em Bolsa de Valores ou mercado de balcão organizado, e cujo faturamento bruto anual consolidado, no exercício imediatamente anterior, tenha sido inferior a R$100.000.000,00, estão dispensadas da apresentação do relatório de revisão especial da ITR (artigo 1º, inciso I, alínea “b”). Para tais companhias, o prazo de entrega estabelecido no inciso VIII do artigo 16 da Instrução CVM nº 202/93 foi aumentado em 15 dias, ou seja, 60 dias (artigo 1º, inciso V). Já no artigo 8 da Instrução CVM n° 202/1993 consta que as companhias têm de informar sobre as projeções de crescimento e que tais projeções serão acompanhadas por intermédio do formulário ITR. Dessa maneira, os acionistas podem acompanhar o desenvolvimento das companhias durante o ano, assim como o resultado dos projetos apresentados. A ITR, entre outras informações, contém: 1 Relatos do CEO da empresa sobre o período de exercício apresentado. 2 Comparativo dos resultados do trimestre anterior e o atual. 3 Visão sobre vendas, custos e despesas (balanço) da empresa. 4 Demonstrações do fluxo de caixa. DEMONSTRAÇÕESCOMPARATIVAS: CONTEÚDO E CONJUNTO COMPLETO A entidade precisa divulgar informações comparativas com respeito ao período anterior para todos os montantes apresentados nas demonstrações contábeis do período corrente. Também deverá ser divulgada de forma comparativa a informação narrativa e descritiva que vier a ser apresentada quando ela for relevante para a compreensão do conjunto das demonstrações contábeis. Ela ainda deve apresentar, no mínimo, dois balanços patrimoniais e duas de cada uma das demais demonstrações contábeis, bem como as respectivas notas explicativas. Quando a entidade aplica uma política contábil retrospectivamente ou faz a divulgação retrospectiva de itens de suas demonstrações contábeis, ou quando reclassifica os itens de suas demonstrações, ela tem que apresentar, no mínimo, três balanços e duas de cada uma das demais demonstrações, além das respectivas notas. Os balanços patrimoniais a serem apresentados nesse caso devem ser aqueles relativos a: Término do período corrente Término do período anterior (que corresponde ao início do período corrente) Início do mais antigo período comparativo apresentado A informação narrativa apresentada nas demonstrações contábeis relativa a um período anterior continua a ser relevante no período corrente. Os usuários, portanto, se beneficiam ao serem informados acerca da incerteza existente na data do último balanço e das medidas adotadas durante o período para resolver tal incerteza. EXEMPLO Os pormenores de uma disputa legal, cujo desfecho era incerto até a data do último balanço e ainda está para ser resolvida, são divulgados no período corrente. Quando a apresentação ou a classificação de itens nas demonstrações contábeis for modificada, os montantes apresentados para fins comparativos deverão ser reclassificados – a menos que tal reclassificação seja impraticável. QUANDO OS MONTANTES APRESENTADOS PARA FINS COMPARATIVOS SÃO RECLASSIFICADOS A entidade deve divulgar: A natureza da reclassificação. O montante de cada item ou classe de itens que foi reclassificado. A razão para a reclassificação. QUANDO FOR IMPRATICÁVEL RECLASSIFICÁ-LOS A entidade deve divulgar: A razão para não reclassificar os montantes. A natureza dos ajustes que teriam sido feitos se os montantes tivessem sido reclassificados. Aperfeiçoar a comparabilidade de informação entre períodos ajuda os usuários a tomarem decisões econômicas, sobretudo porque lhes permite avaliar as tendências na informação financeira para finalidades de previsão. Em algumas circunstâncias, torna-se impraticável reclassificar a informação comparativa para um período anterior a fim de obter a comparabilidade com o período corrente. Os dados necessários para uma apresentação comparativa do período corrente com um anterior podem não ter sido coletados. Consequentemente, reconstruir essa informação se torna impraticável. MATERIALIDADE E AGREGAÇÃO: AGRUPAMENTO DE CONTAS SEMELHANTES E DE PEQUENOS SALDOS Cada classe relevante de itens semelhantes deve ser apresentada separadamente nas demonstrações contábeis. Os itens de natureza ou função distinta precisam, salvo se forem imateriais, ser destacados de maneira individual. As demonstrações contábeis resultam do processamento de grandes números de transações ou de outros eventos agregados em classes de acordo com a sua natureza ou função. A fase final do processo de agregação e classificação é a apresentação dos dados condensados e classificados, os quais, aliás, formam itens dessas demonstrações. Se um item não for individualmente material, ele deverá ser agregado a outros itens nas demonstrações contábeis ou nas notas explicativas. Apesar da possibilidade de não ser suficientemente material para justificar sua apresentação individualizada nas demonstrações contábeis, um item pode ser suficientemente material para ser apresentado de forma individualizada nas notas explicativas. De acordo com o inciso I do artigo 176 da Lei nº 6.404/1976, ao fim de cada exercício social a diretoria fará elaborar, com base na escrituração mercantil da companhia, entre outras demonstrações contábeis, o balanço patrimonial. Posteriormente, ela deve publicá-lo com as demonstrações contábeis. Segundo o §2º do mesmo artigo, nas demonstrações, as contas semelhantes podem ser agrupadas e os pequenos saldos, agregados, desde que indicada a natureza e que elas não ultrapassem um décimo do valor do respectivo grupo de contas. ATENÇÃO É vedada a utilização de designações genéricas, como, por exemplo, "diversas contas" ou "contas-correntes". A empresa também pode, em suas demonstrações, eliminar os três últimos dígitos dos valores e os centavos, incluindo, no cabeçalho de cada demonstração, a expressão “em R$ milhares”. PRESSUPOSTOS DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Precisamos entender os pressupostos das demonstrações contábeis para a tomada de decisões pelos investidores e credores. Por isso, versaremos a seguir sobre dois aspectos desses pressupostos: CONTINUIDADE De acordo com o artigo 5º da Resolução CFC nº 750/1993, “o princípio da continuidade pressupõe que a entidade continuará em operação no futuro e, portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta essa circunstância”. Na elaboração das demonstrações contábeis, a administração deve avaliar a capacidade de a entidade continuar em operação no futuro previsível. As demonstrações contábeis precisam ser elaboradas no pressuposto dessa continuidade. Isso só deixa de valer se administração tem a intenção de liquidar a entidade ou de cessar seus negócios – ou se não possuir uma alternativa realista senão a descontinuidade de suas atividades. Quando a administração tiver ciência, ao fazer a sua avaliação, de incertezas relevantes relacionadas com eventos ou condições que possam lançar dúvidas significativas acerca da capacidade da entidade continuar em operação no futuro previsível, essas incertezas devem ser divulgadas. Quando as demonstrações contábeis não forem elaboradas no pressuposto da continuidade, esse fato deve ser divulgado, juntamente com as bases sobre as quais as demonstrações contábeis foram elaboradas e a razão pela qual não se pressupõe a continuidade da entidade. A entidade continuará em operação no futuro (por um longo período). A mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio levam em conta essa circunstância. Ao avaliar se o pressuposto de continuidade é apropriado, a administração tem de considerar toda a informação disponível sobre o futuro, que é o período mínimo – mas não limitado a ele – de 12 meses a partir da data do balanço. O grau de consideração depende dos fatos de cada caso. Quando a entidade tiver um histórico de operações lucrativas e pronto acesso a recursos financeiros, a conclusão acerca da adequação do pressuposto da continuidade poderá ser atingida sem uma análise pormenorizada. Em outros casos, a administração pode precisar da análise de um vasto conjunto de fatores relacionados com a rentabilidade corrente e esperada e os cronogramas de liquidação de dívidas e potenciais fontes alternativas de financiamentos para poder suportar sua conclusão de que o pressuposto de continuidade no futuro previsível é adequado para essa entidade. DICA A situação-limite na aplicação do princípio da continuidade é aquela em que há a completa cessação das atividades da entidade. REGIME DE COMPETÊNCIA, MATERIALIDADE E AGREGAÇÃO A entidade deve elaborar as suas demonstrações contábeis, exceto para a demonstração dos fluxos de caixa, utilizando-se do regime de competência. Quando o regime de competência é utilizado, os itens devem ser reconhecidos como ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas (elementos das demonstrações contábeis) quando satisfazem às definições e aos critérios de reconhecimento para esses elementos contidos no CPC 00. O regime de competência reflete os efeitos de transações e outros eventos e circunstâncias sobrereivindicações e recursos econômicos da entidade, a qual, aliás, deve reportá-los nos períodos em que esses efeitos ocorrem, mesmo que os pagamentos e os recebimentos à vista resultantes ocorram em período diferente. As informações sobre os recursos econômicos e as reivindicações da entidade que reporta, assim como sobre as mudanças em seus recursos econômicos e as reivindicações durante o período, fornecem uma base melhor para a avaliação do desempenho passado e futuro da entidade que as informações que versam exclusivamente sobre recebimentos e pagamentos à vista no período. O regime de competência considera as receitas realizadas e despesas incorridas no período da ocorrência de seus fatos geradores independentemente do recebimento (receitas) ou do pagamento (custos ou despesas) delas. São úteis na avaliação da capacidade passada e futura da entidade de gerar fluxos de entrada de caixa líquidos as informações sobre o desempenho financeiro da entidade – que reporta durante o período – refletidas por mudanças em seus recursos econômicos e reivindicações, à exceção daquelas resultantes da obtenção de recursos adicionais diretamente de investidores e credores. Essas informações indicam em que medida a entidade que reporta aumentou seus recursos econômicos disponíveis e, desse modo, sua capacidade de gerar fluxos de entrada de caixa líquidos por meio de suas operações, e não pela obtenção de recursos adicionais diretamente de investidores e credores. Informações sobre o desempenho financeiro da entidade que reporta durante o período também podem ajudar os usuários a avaliarem a gestão de recursos da administração sobre os recursos econômicos da entidade. Elas ainda podem indicar em que medida certos eventos, como, por exemplo, alterações nos preços de mercado ou nas taxas de juros, aumentaram ou diminuíram os recursos econômicos e as reivindicações da entidade, afetando, assim, a capacidade da entidade de gerar fluxos de entrada de caixa líquidos. Nas demonstrações contábeis, a entidade deve apresentar separadamente cada classe material de itens semelhantes e os itens de natureza ou função distinta (a menos que eles sejam imateriais). As demonstrações contábeis resultam do processamento de um grande número de transações ou de outros eventos agregados em classes de acordo com sua natureza ou função. APRESENTAÇÃO DAS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Neste vídeo, o especialista Sidmar Roberto Vieira Almeida falará sobre os tópicos que compõem a estrutura das notas explicativas conforme a Lei nº 6.404/1976 e o CPC 26 (R2), demonstrando a uniformidade das informações divulgadas. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (ANALISTA DE GESTÃO CORPORATIVA – CONTABILIDADE – EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA – 2010 – CESGRANRIO) O CONTADOR DE UMA EMPRESA FEZ A SEGUINTE AFIRMAÇÃO: “AS RECEITAS E AS DESPESAS DEVEM SER INCLUÍDAS NA APURAÇÃO DO RESULTADO DO PERÍODO EM QUE OCORREREM INDEPENDENTEMENTE DE PAGAMENTO OU RECEBIMENTO”. DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DE CONTABILIDADE, ELE FEZ UMA REFERÊNCIA AO PRINCÍPIO DA: A) Prudência B) Continuidade C) Entidade D) Relevância E) Competência 2. (CONTADOR JÚNIOR – PETROBRAS – 2006 – CESGRANRIO) A LEI Nº 6.404/1976 (LEI DAS SOCIEDADES ANÔNIMAS) ESTABELECE QUE O EXERCÍCIO SOCIAL DEVERÁ TER A DURAÇÃO DE UM ANO E QUE SERÁ FIXADA NO ESTATUTO A DATA DO: A) Início do exercício social B) Início e do término do exercício social C) Início do ano civil D) Início e do término do ano civil E) Término do exercício social GABARITO 1. (Analista de gestão corporativa – contabilidade – Empresa de Pesquisa Energética – 2010 – Cesgranrio) O contador de uma empresa fez a seguinte afirmação: “As receitas e as despesas devem ser incluídas na apuração do resultado do período em que ocorrerem independentemente de pagamento ou recebimento”. De acordo com os princípios fundamentais de contabilidade, ele fez uma referência ao princípio da: A alternativa "E " está correta. O princípio da competência determina que os efeitos das transações e outros eventos sejam reconhecidos nos períodos a que se referem independentemente de recebimento ou pagamento. 2. (Contador júnior – Petrobras – 2006 – Cesgranrio) A Lei nº 6.404/1976 (Lei das Sociedades Anônimas) estabelece que o exercício social deverá ter a duração de um ano e que será fixada no estatuto a data do: A alternativa "E " está correta. O artigo 175 da Lei nº 6.404/1976 define que o tempo de duração do exercício social será de um ano e que a data de término será fixada no estatuto da companhia. Essa lei fixou a duração do exercício social para poder fazer uma comparação, de modo que todas as empresas demonstrassem seus resultados em um período de tempo igual. MÓDULO 3 Listar os aspectos gerais dos demonstrativos contábeis com base no CPC 26 (R1) PRIMEIRAS PALAVRAS Neste módulo, veremos como as informações do patrimônio das entidades devem ser apresentadas nas demonstrações contábeis e quais informações precisam ser divulgadas a fim de contribuir para a tomada de decisões pelos investidores e credores. ESTRUTURA CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS FUNDAMENTAIS Os relatórios contábil-financeiros fornecem informações sobre: Os recursos econômicos da entidade que reporta a informação As reinvindicações contra a própria entidade Os efeitos de transações Outros eventos e condições que modificam esses recursos e reivindicações Se a informação contábil-financeira precisa ser útil para tomada de decisões, ela então deve ser relevante e representar com fidedignidade o que se propõe a representar. Sua utilidade será melhorada se ela for comparável, verificável, tempestiva e compreensível. As características qualitativas da informação contábil-financeira útil têm o objetivo de identificar os tipos de informações que serão mais úteis aos usuários primários no processo de tomada de decisão. Falaremos a seguir sobre duas dessas características fundamentais: Relevância Informação contábil-financeira relevante é aquela capaz de fazer diferença nas decisões que possam ser tomadas pelos usuários. As informações são relevantes quando podem influenciar as decisões econômicas dos usuários, ajudando-os a avaliar o impacto de eventos passados, presentes ou futuros ou confirmando ou corrigindo as suas avaliações anteriores. Uma informação pode ser capaz de fazer diferença em uma decisão mesmo no caso de alguns usuários decidirem não a levar em consideração ou se eles já tiverem tomado ciência de sua existência por outras fontes. A informação contábil-financeira poderá influenciar nas decisões em três casos: VALOR PREDITIVO VALOR CONFIRMATÓRIO JUNÇÃO DOS DOIS VALORES Os valores preditivo e confirmatório da informação contábil-financeira estão inter-relacionados. A informação com valor preditivo muitas vezes também tem o confirmatório. EXEMPLO A informação sobre a receita para o ano corrente pode ser utilizada como base para predizer as receitas de anos futuros ou comparada com as predições de receita para o ano corrente feitas nos anos anteriores. Os resultados dessas comparações podem auxiliar os usuários a corrigirem e a melhorarem os processos utilizados para fazer tais predições. Representação fidedigna Os relatórios contábil-financeiros representam um fenômeno econômico em palavras e números. Para ser útil, a informação contábil-financeira não tem só de representar um fenômeno relevante, mas também precisa representar com fidedignidade o fenômeno que se propõe representar. Para ser uma representação perfeitamente fidedigna, a realidade retratada deve possuir três atributos: COMPLETA Deve possuir toda informação necessária para que o usuário compreenda o fenômeno retratado e, quando necessário, até explicações sobre a forma como se chegou a ela. NEUTRA Precisa ser desprovida de viés na seleção ou na apresentação da informação. Essa representação não deve ser distorcida com maior ou menor peso nem com uma ênfase maior ou menor – ou qualquer outro tipode manipulação. LIVRE DE ERRO A representação fidedigna não significa uma exatidão em todos os aspectos. Um retrato livre de erros significa que não há erros ou omissões no fenômeno retratado e que o processo utilizado para produzir a informação foi aplicado sem a presença deles. O retrato da realidade econômica completo deve incluir toda a informação necessária para que o usuário compreenda o fenômeno sendo retratado, incluindo todas as descrições e explicações necessárias. CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DE MELHORIA A comparabilidade, a capacidade de verificação, a tempestividade e a compreensibilidade são características qualitativas que melhoram a utilidade de informações relevantes ou daquelas que fornecem uma representação fidedigna do que pretendem representar. Analisaremos cada uma delas adiante. Essas características podem ser utilizadas para escolher entre duas alternativas consideradas equivalentes em termos de relevância e fidedignidade. Elas também podem ajudar a determinar qual das duas formas deve ser utilizada para representar os fenômenos patrimoniais caso se considere que ambas fornecem informações igualmente relevantes e uma representação igualmente fidedigna desse fenômeno. ATENÇÃO A aplicação das características qualitativas de melhoria é um processo iterativo que não segue uma ordem prescrita. COMPARABILIDADE As decisões dos usuários envolvem escolhas entre mais de uma alternativa. Como, por exemplo, vender, manter o investimento ou investir em uma ou outra entidade que reporta. Consequentemente, as informações sobre a entidade que reporta serão mais úteis se puderem ser comparadas às similares sobre outras entidades, assim como às similares sobre a mesma entidade referentes a outros períodos. A comparabilidade é a característica qualitativa que permite aos usuários identificarem e compreenderem similaridades e diferenças entre os itens. Diferentemente das outras características qualitativas, ela não se refere a um único item. A comparação exige, no mínimo, dois itens. A informação contábil-financeira será mais útil se puder ser comparada com a informação similar de outras entidades ou com a similar da mesma entidade de outros períodos. CAPACIDADE DE VERIFICAÇÃO – VERIFICABILIDADE A capacidade de verificação ajuda a garantir aos usuários que as informações representem de forma fidedigna os fenômenos econômicos que pretendem representar. Ela significa que diferentes observadores bem informados e independentes podem chegar ao consenso – embora não a um acordo necessariamente completo – de que a representação específica se trata de uma fidedigna. A verificação pode ser: Direta: permite que o usuário da informação verifique se a informação é fidedigna de forma direta. Indireta: por meio desse tipo de verificação, o usuário utiliza os dados de entrada do modelo, fórmula ou outra técnica utilizada pela entidade e recalcula o resultado utilizando a mesma metodologia. TEMPESTIVIDADE Significa a disponibilização de informações aos tomadores de decisões a tempo para que elas sejam capazes de influenciar suas decisões. Uma informação será tempestiva se ficar disponível para os usuários a tempo para poder influenciá-los. Por conta disso, as informações mais antigas normalmente são menos úteis aos usuários. COMPREENSIBILIDADE Classificar, caracterizar e apresentar informações de modo claro e conciso as torna compreensíveis. Para que sejam compreensíveis, é necessário que elas se mostrem de forma clara e concisa. A informação, portanto, deve ser classificada, caracterizada e apresentada dessa maneira. APRESENTAÇÃO DAS INFORMAÇÕES Em demonstrações contábeis A empresa apresenta dados sobre seus ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas, divulgando as informações em suas demonstrações contábeis. A comunicação efetiva de informações nas demonstrações contábeis torna essas informações mais relevantes e contribui para uma representação fidedigna desses itens. Ela também aprimora a compreensibilidade e a comparabilidade das informações nas demonstrações contábeis. A comunicação efetiva de informações nas demonstrações contábeis requer: Concentrar-se em princípios e objetivos de divulgação e apresentação em vez de ater-se às regras Classificar as informações para agrupar os itens similares e separar os diferentes Agregá-las de tal modo que elas não sejam obscurecidas por detalhes desnecessários ou agregação excessiva Assim como o custo restringe outras decisões de relatório financeiro, ela faz o mesmo sobre as decisões acerca da apresentação e da divulgação. Desse modo, ao tomar decisões sobre ambas, é importante ponderar se os benefícios fornecidos aos usuários das demonstrações contábeis na apresentação ou na divulgação de informações específicas justificam os custos do fornecimento e da utilização delas. Para facilitar a comunicação efetiva de informações nas demonstrações contábeis, é preciso, ao desenvolver os requisitos de apresentação e divulgação nos pronunciamentos, um equilíbrio entre as seguintes ações: Permitir às entidades a flexibilidade para fornecer informações relevantes que representem fidedignamente ativos, passivos, patrimônio líquido, receitas e despesas da entidade. Solicitar as informações comparáveis tanto de período a período para a entidade que reporta quanto de um único período de relatório para diferentes entidades. Informações por segmentos Inicialmente, é importante entender o que significa um segmento operacional. Ele é um componente de entidade que desenvolve atividades de negócio das quais pode obter receitas e incorrer em despesas. Seus resultados operacionais são regularmente revistos pelo principal gestor das operações da entidade para: A tomada de decisões sobre recursos a serem alocados ao segmento A avaliação do seu desempenho Que haja informação financeira individualizada disponível Nem todas as partes da entidade, entretanto, constituem necessariamente um segmento operacional ou parte dele. EXEMPLO A sede corporativa ou alguns departamentos funcionais podem não obter receitas ou podem ter aquelas que sejam apenas ocasionais em relação às atividades da entidade, não sendo, assim, segmentos operacionais. Geralmente, um segmento operacional tem um gestor do segmento que se reporta diretamente ao principal gestor das operações, mantendo com ele um contato regular para discutir sobre as atividades operacionais, os resultados financeiros, as previsões ou os planos para o segmento. A expressão “gestor de segmento” identifica uma função, e não necessariamente um gestor com título específico. O principal gestor das operações também pode ser quem faz a gestão do segmento de alguns segmentos operacionais. Um único gestor pode realizar a gestão de segmento para mais de um segmento operacional. COMENTÁRIO As informações relacionadas a informações por segmento estão presentes no Pronunciamento Técnico nº 22, que possui relação com o IFRS 8. Estabelecido pelas Normas Internacionais de Contabilidade (IAS), ele será utilizado como suporte a este módulo. Critério de agregação Os segmentos operacionais apresentarão muitas vezes um desempenho financeiro de longo prazo semelhante se possuírem características econômicas similares. Caso as características econômicas de dois segmentos operacionais sejam semelhantes, seriam esperadas margens brutas médias similares em longo prazo. Dois ou mais segmentos operacionais poderão ser agregados em um único segmento operacional se os segmentos tiverem características econômicas semelhantes e se forem similares em relação a cada um destes aspectos: Natureza dos produtos ou serviços. Natureza dos processos de produção. Tipo ou categoria de clientes dos seus produtos e serviços. Métodos usados para distribuir os seus produtos ou prestar os serviços. Se a natureza do ambiente regulatório for aplicável, como, por exemplo, bancos, seguros ou serviços de utilidade pública. Parâmetros mínimos quantitativosA entidade deverá divulgar separadamente as informações sobre o segmento operacional que atender a qualquer um destes parâmetros: PARÂMETRO 1 Sua receita reconhecida, incluindo tanto as vendas para clientes externos quanto as vendas ou as transferências intersegmentos, é igual ou superior a 10% da receita combinada interna e externa de todos os segmentos operacionais. PARÂMETRO 2 O montante em termos absolutos do lucro ou do prejuízo apurado é igual ou superior a 10% do maior, nos mesmos termos, dos seguintes montantes: lucro apurado combinado de todos os segmentos operacionais que não apresentaram prejuízos e prejuízo apurado combinado de todos aqueles que os apresentaram. Os ativos são iguais ou superiores a 10% dos ativos combinados de todos os segmentos operacionais. Os segmentos operacionais que não atingirem qualquer um dos parâmetros mínimos quantitativos poderão ser considerados divulgáveis e apresentados separadamente se a administração entender que essa informação sobre o segmento possa ser útil para os usuários das demonstrações contábeis. Se o total de receitas externas reconhecido pelos segmentos operacionais representar menos de 75% da receita da entidade, os segmentos operacionais adicionais deverão ser identificados. As informações sobre outras atividades de negócio e demais segmentos operacionais não divulgáveis precisam ser combinadas e apresentadas separadamente de outros itens na conciliação numa categoria denominada “outros segmentos”. DIVULGAÇÃO DAS INFORMAÇÕES A entidade deve divulgar as informações que permitam aos usuários das demonstrações contábeis avaliar a natureza e os efeitos financeiros das atividades de negócio em que estão envolvidos e os ambientes econômicos em que operam. Elencaremos a seguir os tipos de informação divulgados: Informações gerais A entidade tem de divulgar as seguintes informações gerais: 1 Fatores utilizados para identificar os segmentos divulgados da entidade, incluindo a base da organização (por exemplo, se a administração optou por organizar a entidade em torno das diferenças entre produtos e serviços, das áreas geográficas, do ambiente regulatório ou de uma combinação de fatores e se os segmentos operacionais foram agregados). 2 Julgamentos feitos pela administração na aplicação dos critérios de agregação. Isso inclui breve descrição dos segmentos operacionais que tenham sido agregados dessa forma e os indicadores econômicos avaliados na determinação de que os segmentos operacionais agregados tenham características econômicas semelhantes. 3 Tipos de produtos e serviços a partir dos quais cada segmento divulgável obtém suas receitas. Informações sobre lucro ou prejuízo, ativo e passivo A entidade terá de divulgar o valor: Do lucro ou do prejuízo de cada segmento divulgável. Total dos ativos e passivos de cada segmento divulgável se esse valor for apresentado regularmente ao principal gestor das operações. Quanto a cada segmento, ela também precisará divulgar – se os montantes especificados neles estiverem incluídos no valor do lucro ou do prejuízo do segmento revisado pelo principal gestor das operações, ou se ele for regularmente apresentado a esse gestor, ainda que não incluído no valor do lucro ou prejuízo do segmento – as seguintes informações: 1 Receitas provenientes de clientes externos. Receitas de transações com outros segmentos operacionais da mesma entidade. 2 3 Receitas financeiras. Despesas financeiras. 4 5 Depreciações e amortizações. Itens materiais de receita e despesa. 6 7 Participação da entidade nos lucros ou nos prejuízos de coligadas e de empreendimentos sob controle conjunto (joint ventures) contabilizados de acordo com o método da equivalência patrimonial. Despesa ou receita com imposto de renda e contribuição social. 8 9 Itens não caixa considerados materiais, exceto as depreciações e as amortizações. A entidade deve divulgar as receitas financeiras separadamente das despesas financeiras para cada segmento divulgável, salvo se a maioria das receitas do segmento for proveniente de juros e o principal gestor das operações se basear principalmente nas receitas financeiras líquidas para avaliar o desempenho do segmento e tomar decisões sobre os recursos a serem alocados ao segmento. Nessa situação, ela pode fazer a divulgação das receitas financeiras líquidas de suas despesas financeiras em relação ao segmento e anunciar que ela o fez desse modo. Reapresentação de informação previamente divulgada Se a entidade alterar a estrutura da sua organização interna a fim de alterar a composição dos seus segmentos divulgáveis, as informações correspondentes de períodos anteriores, incluindo os intermediários, deverão ser reapresentadas, salvo se elas não estiverem disponíveis e o custo da sua elaboração for excessivo. A determinação da disponibilidade das informações e do caráter excessivo do custo da sua elaboração tem de ser efetuada para cada item de evidenciação. Após a mudança na composição dos seus segmentos divulgáveis, a entidade precisa divulgar se reapresentou os itens correspondentes da informação por segmentos de períodos anteriores. Se tiver alterado a estrutura da sua organização interna de modo que mude a composição dos seus segmentos divulgáveis. Se a informação por segmentos de períodos anteriores, incluindo os períodos intermediários, não for reapresentada de modo a refletir essa alteração. A entidade terá de divulgar no ano em que ocorreu a alteração a informação por segmentos para o período corrente tanto na base antiga quanto na nova base de segmentação. Salvo se as informações necessárias não se encontrarem disponíveis e o custo da sua elaboração for excessivo. Informação sobre área geográfica A entidade terá de evidenciar – salvo se as informações necessárias não se encontrarem disponíveis e o custo da sua elaboração for excessivo – as seguintes informações geográficas: RECEITAS PROVENIENTES DE CLIENTES EXTERNOS Elas podem ser atribuídas a: País-sede da entidade. Todos os países estrangeiros de onde a entidade obtém receitas. Se as receitas provenientes de clientes externos atribuídas a determinado país estrangeiro forem materiais, elas deverão ser divulgadas separadamente. A entidade tem de divulgar a base de atribuição das receitas provenientes de clientes externos aos diferentes países. ATIVO NÃO CIRCULANTE Exceto instrumentos financeiros, imposto de renda e contribuição social de diferidos ativos, assim como benefícios de pós-emprego e direitos provenientes de contratos de seguro localizados em: País-sede da entidade. Todos os países estrangeiros em que a entidade mantém ativos. Se os ativos em determinado país estrangeiro forem materiais, eles deverão ser divulgados separadamente. Os montantes divulgados precisam basear-se nas informações utilizadas para elaborar as demonstrações contábeis da entidade. Se as informações necessárias não se encontrarem disponíveis e o custo da sua elaboração for excessivo, tal fato deverá ser divulgado. A entidade pode divulgar, além das informações exigidas pelo presente item, subtotais de informações geográficas sobre grupos de países. Se forem relevantes as informações por região geográfica dentro do Brasil, e se elas forem utilizadas gerencialmente, as mesmas regras de evidenciação terão de ser observadas. Informação sobre os principais clientes A entidade deve fornecer informações sobre seu grau de dependência de seus principais clientes. Se as receitas provenientes das transações com um único cliente externo representarem 10% ou mais das receitas totais da entidade, ela terá de divulgar tal fato, bem como o montante total das receitas provenientes de cada um desses clientes e a identidade do segmento ou dos segmentos em que as receitas são divulgadas. A entidade não está obrigada a divulgar a identidade de grande cliente nem o montante divulgado de receitas provenientes desse cliente em cada segmento. Para fins deste Pronunciamento,um conjunto de entidades, que a entidade divulgadora sabe que está sob controle comum, deve ser considerado um único cliente, assim como o governo (nacional, estadual, provincial, territorial, local ou estrangeiro). Atenção: A entidade deve divulgar informações que permitam aos usuários das demonstrações contábeis avaliarem a natureza e os efeitos financeiros das atividades de negócio em que ela está envolvida e os ambientes econômicos em que opera. Um segmento operacional é um componente de entidade que desenvolve atividades de negócio das quais pode obter receitas e incorrer em despesas (incluindo receitas e despesas relacionadas com transações com outros componentes da mesma entidade). Os resultados operacionais desse segmento, que conta com informação financeira individualizada disponível, são regularmente revistos pelo principal gestor das operações da entidade para a tomada de decisões sobre os recursos a serem alocados ao segmento e para a avaliação do seu desempenho. EVENTOS SUBSEQUENTES PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS O evento subsequente ao período a que se referem as demonstrações contábeis é aquele evento que, favorável ou desfavorável, ocorre entre a data final do período a que se referem essas demonstrações e a data na qual é autorizada a emissão delas. As informações relacionadas aos eventos subsequentes estão presentes no CPC nº 24. Ele está correlacionado com a IAS 10, que dará suporte a esta seção. Dois tipos de eventos podem ser identificados. Trata-se daqueles que: 1 Evidenciam condições já existentes na data final do período a que se referem as demonstrações contábeis (evento subsequente ao período contábil ao qual se referem as demonstrações que originaram ajustes). 2 São indicadores de condições que surgiram subsequentemente ao período contábil a que se referem as demonstrações contábeis (evento subsequente ao período contábil ao qual se referem as demonstrações que não originaram ajustes). O processo envolvido na autorização da emissão das demonstrações contábeis varia conforme a estrutura da administração, as exigências legais e estatutárias, bem como os procedimentos seguidos na preparação e na finalização dessas demonstrações. Em algumas circunstâncias, as entidades têm de submeter suas demonstrações contábeis à aprovação de seus acionistas após sua emissão. Em tais casos, consideram-se essas demonstrações autorizadas para a emissão na data da emissão – e não na data em que os acionistas aprovam as demonstrações. Veremos dois exemplos disso extraídos do CPC 24,2009, p. 2-3: EXEMPLO 1 EXEMPLO 2 A administração da entidade conclui, em 28 de fevereiro de 20x2, a sua minuta das demonstrações contábeis referentes ao período contábil encerrado em 31 de dezembro de 20x1. Em 18 de março de 20x2, a diretoria examina as demonstrações e autoriza a sua emissão. A entidade anuncia, em 19 de março de 20x2, o seu lucro e outras informações financeiras selecionadas. As demonstrações contábeis são disponibilizadas aos acionistas e a outras partes interessadas em 31 de março de 20x2. Os acionistas aprovam as demonstrações contábeis na sua reunião anual em 30 de abril de 20x2, e as demonstrações contábeis aprovadas são em seguida encaminhadas para registro no órgão competente em 17 de maio de 20x2. As demonstrações contábeis são autorizadas para emissão em 18 de março de 20x2 (data da autorização da diretoria para emissão). Em alguns casos, exige-se que a administração da entidade submeta suas demonstrações contábeis à aprovação do conselho de administração e/ou conselho fiscal e/ou comitê de auditoria (formados apenas por não executivos), se houver. Em tais casos, consideram-se as demonstrações contábeis autorizadas para emissão quando a administração autoriza sua apresentação a esse conselho e/ou comitê. [...] Em 18 de março de 20x2, a diretoria executiva da entidade autoriza a emissão de demonstrações contábeis para o seu conselho. O conselho é constituído exclusivamente por não executivos e pode incluir representantes de empregados e de outros interessados. O conselho aprova as demonstrações contábeis em 26 de março de 20x2. As demonstrações contábeis são disponibilizadas aos acionistas e a outras partes interessadas em 31 de março de 20x2. Os acionistas aprovam as demonstrações contábeis na sua reunião anual em 30 de abril de 20x2, e as demonstrações contábeis são encaminhadas para registro no órgão competente em 17 de maio de 20x2. As demonstrações contábeis são autorizadas para emissão em 18 de março de 20x2 (data da autorização da administração para submissão das demonstrações à apreciação do conselho). Eventos subsequentes ao período contábil a que se referem as demonstrações contábeis incluem todos os eventos ocorridos até a data em que é concedida a autorização para a emissão das demonstrações contábeis, mesmo que esses acontecimentos ocorram após o anúncio público de lucros ou de outra informação financeira selecionada. RECONHECIMENTO E MENSURAÇÃO Evento subsequente ao período contábil a que se referem as demonstrações contábeis que originam ajustes. A entidade deve ajustar os valores reconhecidos em suas demonstrações para que eles reflitam os eventos subsequentes que evidenciam as condições já existentes na data final do período contábil a que elas se referem. O CPC 24 destaca exemplos de eventos subsequentes ao período contábil a que se referem as demonstrações contábeis a exigir que a entidade ajuste os valores reconhecidos em suas demonstrações ou que reconheça itens que não tenham sido previamente reconhecidos. Veremos tais exemplos a seguir: DECISÃO OU PAGAMENTO EM PROCESSO JUDICIAL APÓS O FINAL DO PERÍODO CONTÁBIL A QUE SE REFEREM AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Isso confirma que a entidade já tinha a obrigação presente no final daquele período contábil. Ela deve ajustar qualquer provisão relacionada ao processo que seja anteriormente reconhecida de acordo com o CPC 25 ou registrar nova provisão. OBTENÇÃO DE INFORMAÇÃO APÓS O PERÍODO CONTÁBIL A QUE SE REFEREM AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS Isso indica que um ativo estava desvalorizado ao final daquele período contábil ou que o montante da perda por desvalorização previamente reconhecido em relação àquele ativo precisa ser ajustado. Eis dois exemplos disso: A falência de cliente, ocorrida após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis, normalmente confirma que houve perda por redução do valor recuperável no crédito no final do período de relatório. A venda de estoque após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis pode proporcionar uma evidência sobre o valor de realização líquido desses estoques no final daquele período. DESCOBERTA DE FRAUDE OU DE ERROS A MOSTRAR QUE AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS ESTAVAM INCORRETAS Evento subsequente ao período contábil a que se referem as demonstrações contábeis que não originam ajustes. A entidade não deve ajustar os valores reconhecidos em suas demonstrações por eventos subsequentes que sejam indicadores de condições surgidas após o período contábil a que se referem as demonstrações. O CPC 24 destaca o declínio do valor justo de investimentos ocorrido no período compreendido entre o final do período contábil a que se referem as demonstrações e a data de autorização de emissão dessas demonstrações. O declínio do valor justo não se relaciona normalmente com a condição dos investimentos no final do período contábil a que se referem as demonstrações contábeis, mas reflete circunstâncias que surgiram no período seguinte. Dessa maneira, a entidade não precisa ajustar os valores reconhecidos para os investimentos em suas demonstrações. DIVULGAÇÃO Data de autorização para emissão A entidade deve divulgar a data em que foi concedida a autorização para a emissão das demonstrações contábeis e quem forneceu tal autorização. Se os sócios dela ou outros tiverem o poder de alterar essas demonstrações após sua emissão, a entidade terá de divulgar esse fato. É importanteque os usuários saibam quando foi autorizada a emissão das demonstrações contábeis, já que elas não refletem eventos posteriores a essa data. Atualização da divulgação sobre as condições existentes no final do período a que se referem as demonstrações contábeis Se a entidade, após o período a que elas se referem, receber informações sobre as condições que existiam até aquela data, ela deverá atualizar a divulgação que se relaciona a tais condições à luz das novas informações. Em alguns casos, ela também precisará atualizar a divulgação de suas demonstrações de modo que elas reflitam as informações recebidas após o período contábil a que elas se referem, mesmo quando tais informações não afetarem os valores reconhecidos nelas. EXEMPLO Ficar disponível, após o período contábil a que se referem as demonstrações, a evidência de contingência passiva que existia no final desse período contábil. Evento subsequente ao período contábil a que se referem as demonstrações contábeis que não originam ajustes Se esses eventos forem significativos, mas não originarem ajustes, sua não divulgação poderá influenciar as decisões econômicas a serem tomadas pelos usuários com base nessas demonstrações. Consequentemente, a entidade deve divulgar as seguintes informações para cada categoria significativa de eventos subsequentes a tal período contábil: A natureza do evento. A estimativa de seu efeito financeiro ou uma declaração de que tal estimativa não pode ser feita. O CPC 24 destaca exemplos de eventos subsequentes a esse período contábil. Normalmente, eles resultam em divulgação. Apresentaremos alguns deles: 1 2 3 4 5 Combinação de negócios importantes após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis (o CPC 15 exige a divulgação específica em tais casos) ou a alienação de uma subsidiária importante. Anúncio de plano para descontinuar uma operação. Destruição por incêndio de instalação de produção importante após o período contábil a que se referem as demonstrações contábeis. Anúncio ou início da implementação de reestruturação importante. Transações importantes, efetivas e potenciais envolvendo ações ordinárias subsequentes a esse período contábil. Para saber mais: Um evento subsequente é o evento favorável ou desfavorável que ocorre entre a data final do período a que se referem as demonstrações contábeis e a data na qual é autorizada a emissão dessas demonstrações. É importante entender tanto essa data final quanto a data de autorização para a emissão de tais demonstrações. Data final do período a que se referem as demonstrações contábeis: corresponde ao último dia do período cujas informações serão divulgadas. Normalmente, ele ocorre em 31 de dezembro de cada ano. Data de autorização para a emissão dessas demonstrações: representa a data em que as demonstrações são apresentadas pela primeira vez a órgão(s) em que haja pessoa(s) externa(s) à diretoria e ao corpo funcional da entidade. Faremos agora uma distinção entre o evento subsequente ao período contábil a que se referem às demonstrações que: Originam ajustes: evidenciam condições que já existiam na data final do período a que se referem as demonstrações contábeis. Não originam ajustes: evidenciam aquelas que surgiram após a data final do período a que essas demonstrações se referem. O CPC 23 define os critérios para a seleção e a mudança de políticas contábeis, que, em conjunto com o tratamento contábil e a divulgação de mudança nas políticas contábeis, é responsável pela mudança nas estimativas contábeis e pela retificação de erro. Já o pronunciamento tem como objetivo melhorar a relevância e a confiabilidade das demonstrações contábeis da entidade, bem como permitir sua comparabilidade ao longo do tempo com as demonstrações de outras entidades. Políticas contábeis, por sua vez, são os princípios, as bases, as convenções, as regras e as práticas específicas aplicadas pela entidade na elaboração e na apresentação de demonstrações contábeis. Considera-se uma aplicação retrospectiva a aplicação de nova política contábil como se essa política tivesse sido sempre aplicada. Ela refere-se, portanto, a ajustes de transações e eventos passados, como ocorre, por exemplo, se a empresa muda o método de avaliação de estoques de UEPS (último a entrar, primeiro a sair) para PEPS (primeiro a entrar, primeiro a sair). Nesse caso, ela terá de ajustar o estoque inicial como se já utilizasse o custo médio ponderado no final do exercício anterior. A aplicação prospectiva de mudança em política contábil e de reconhecimento do efeito de mudança em estimativa contábil representam respectivamente: A aplicação da nova política contábil a transações, a outros eventos e a condições que ocorram após a data em que a política é alterada. O reconhecimento do efeito da mudança na estimativa contábil nos períodos corrente e futuro afetados pela mudança. Por fim, ainda queremos destacar três pontos importantes: As alterações nas políticas contábeis devem ter aplicação retrospectiva, a não ser que isso seja impraticável As alterações nas estimativas contábeis precisam ser aplicadas de forma prospectiva Erros materiais e os decorrentes de fraudes têm de ser ajustados de forma retrospectiva ESTRUTURA QUALITATIVA DA INFORMAÇÃO CONTÁBIL Neste vídeo, o especialista Sidmar Roberto Vieira Almeida falará sobre as características qualitativas da informação contábil e o seu impacto na tomada de decisão com ênfase na comparabilidade e relevância. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. (CONTADOR JÚNIOR – PETROBRAS – 2011.2 – CESGRANRIO) EVENTO SUBSEQUENTE É A SITUAÇÃO FAVORÁVEL OU DESFAVORÁVEL QUE OCORRE ENTRE A DATA FINAL DO PERÍODO A QUE SE REFEREM AS DEMONSTRAÇÕES CONTÁBEIS DA EMPRESA E A DATA DA: A) Aprovação das demonstrações pela assembleia geral pertinente. B) Assinatura das demonstrações contábeis por quem de direito. C) Autorização para emissão das demonstrações contábeis. D) Proposta da administração para a distribuição do resultado. E) Publicação das demonstrações contábeis. 2. (CONSULPLAN – EXAME – CFC – 2019.1 – ADAPTADA) DE ACORDO COM A NBC TG 22 (R2) – INFORMAÇÕES POR SEGMENTO, UM SEGMENTO OPERACIONAL É UM COMPONENTE DE ENTIDADE: I. PARA O QUAL HAJA INFORMAÇÃO FINANCEIRA INDIVIDUALIZADA DISPONÍVEL. II. QUE DESENVOLVE ATIVIDADES DE NEGÓCIO DAS QUAIS PODE OBTER RECEITAS E INCORRER EM DESPESAS (INCLUINDO RECEITAS E DESPESAS RELACIONADAS COM TRANSAÇÕES COM OUTROS COMPONENTES DA MESMA ENTIDADE). III. CUJOS RESULTADOS OPERACIONAIS SÃO REGULARMENTE REVISTOS PELO PRINCIPAL GESTOR DAS OPERAÇÕES DA ENTIDADE PARA A TOMADA DE DECISÕES SOBRE RECURSOS A SEREM ALOCADOS AO SEGMENTO E A AVALIAÇÃO DO SEU DESEMPENHO. COMPLETAM CORRETAMENTE AS INFORMAÇÕES DO ENUNCIADO O DISPOSTO EM: A) I, II e III B) I e II C) I e III D) II e III E) I GABARITO 1. (Contador júnior – Petrobras – 2011.2 – Cesgranrio) Evento subsequente é a situação favorável ou desfavorável que ocorre entre a data final do período a que se referem as demonstrações contábeis da empresa e a data da: A alternativa "C " está correta. Um evento subsequente ocorre entre a data final do período a que se referem as demonstrações contábeis e a data na qual é autorizada a emissão dessas demonstrações. 2. (Consulplan – exame – CFC – 2019.1 – adaptada) De acordo com a NBC TG 22 (R2) – informações por segmento, um segmento operacional é um componente de entidade: I. Para o qual haja informação financeira individualizada disponível. II. Que desenvolve atividades de negócio das quais pode obter receitas e incorrer em despesas (incluindo receitas e despesas relacionadas com transações com outros componentes da mesma entidade). III. Cujos resultados operacionais são regularmente revistos pelo principal gestor das operações da entidade para a tomada de decisões sobre recursos a serem alocados ao segmento e a avaliação do seu desempenho. Completam corretamente as informações do enunciado o disposto em: A alternativa"A " está correta. Todos os itens estão de acordo com o a NBC TG 22 (R2). A entidade deve divulgar informações que permitam aos usuários das demonstrações contábeis avaliarem a natureza e os efeitos financeiros das atividades de negócio nos quais ela está envolvida e os ambientes econômicos em que opera. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS A finalidade das demonstrações contábeis é fornecer informações tanto sobre a posição patrimonial e financeira da entidade quanto sobre o desempenho dela que sejam úteis para investidores, credores por empréstimos e outros credores. Vimos, neste conteúdo, as metodologias de apresentação e os pressupostos necessários para que a divulgação consiga ser útil para a tomada de decisões. Destacamos que a utilidade da informação contábil-financeira será melhorada se ela for comparável, verificável, tempestiva e compreensível. Além disso, demonstramos que as informações são relevantes quando influenciam as decisões econômicas dos usuários. Salientamos, por fim, que a informação pode ser capaz de fazer a diferença em uma decisão – mesmo no caso de alguns usuários decidirem não a levar em consideração ou já terem tomado ciência de sua existência por outras fontes. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS BRASIL. Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976. Dispõe sobre as sociedades por ações. BRASIL. Lei nº 11.638, de 28 de dezembro de 2007. Altera e revoga dispositivos da Lei nº 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e da Lei nº 6.385, de 7 de dezembro de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e divulgação de demonstrações financeiras. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTO CONTÁBIL. CPC 00. Estrutura Conceitual para relatório financeiro. Publicado em: 10 dez. 2019. Consultado na Internet em: 15 jun. 2021. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTO CONTÁBIL. CPC 03. Demonstração dos fluxos de caixa. Publicado em: 7 out. 2010. Consultado na Internet em: 15 jun. 2021. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTO CONTÁBIL. CPC 09. Demonstração do valor adicionado (DVA). Publicado em: 12 nov. 2008. Consultado na Internet em: 15 jun. 2021. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTO CONTÁBIL. CPC 22. Informações por segmento. Publicado em: 31 jul. 2009. Consultado na Internet em: 15 jun. 2021. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTO CONTÁBIL. CPC 23. Políticas contábeis, mudança de estimativa e retificação de erro. Publicado em: 16 set. 2009. Consultado na Internet em: 15 jun. 2021. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTO CONTÁBIL. CPC 24. Evento subsequente. Publicado em: 16 set. 2009. Consultado na Internet em: 15 jun. 2021. COMITÊ DE PRONUNCIAMENTO CONTÁBIL. CPC 26. Apresentação das demonstrações contábeis. Publicado em: 15 dez. 2011. Consultado na Internet em: 15 jun. 2021. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TG 26 (R5). Apresentação das demonstrações contábeis. Publicado em: 22 dez. 2017. Consultado na Internet em: 15 jun. 2021. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. NBC TG 1000 (R1). Contabilidade para pequenas e médias empresas. Publicado em: 1 nov. 2016. Consultado na Internet em: 15 jun. 2021. CONSELHO FEDERAL DE CONTABILIDADE. Normas simplificadas para PMEs. Consultado na Internet em: 15 jun. 2021. EXATUS CONTABILIDADE. Resolução CFC nº 750/93. In: Princípios contábeis: definição e tipos. Publicado em: 18 maio 2018. Consultado na Internet em: 15 jun. 2021. GELBCKE, E. R.; SANTOS, A. dos S.; IUDÍCIBUS, S. de; MARTINS, E. Manual de contabilidade societária: aplicável a todas as sociedades de acordo com as normas internacionais e do CPC. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2018. EXPLORE+ Para um aprofundamento sobre o tema das características das informações contábeis e sua utilização para a tomada de decisão em pequenas empresas, recomendamos a leitura deste artigo: STROEHER, A. M.; FREITAS, H. O uso das informações contábeis na tomada de decisão em pequenas empresas. Revista RAUSP-e. v. 1. n. 1. Publicado em: jan.-jun. 2008. Consultado na Internet em: 15 jun. 2021. Quanto às características qualitativas da informação contábil, assista a este vídeo no YouTube: PAPIRO CONTÁBIL. #06 Papirando bem cedinho ‒ características qualitativas da informação contábil. Publicado em: 21 mar. 2020. Consultado na Internet em: 15 jun. 2021. CONTEUDISTA Sidmar Roberto Vieira Almeida CURRÍCULO LATTES javascript:void(0);
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