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ESTUDO DE CASO Brasília, Distrito Federal 1. Introdução A cidade de Brasília é a capital federal do Brasil e sede do governo no Distrito Federal. Inaugurada no dia 21 de abril de 1960, pelo presidente na época Juscelino Kubitschek. Figura 1. Localização Fonte: Embrapa O projeto da cidade foi decidido em um concurso, onde participou 26 projetos. O vencedor foi o Plano Piloto, do arquiteto e urbanista Lucio Costa. Figura 2. Desenho apresentado no concurso – Plano Piloto Fonte: Vitruvius 2. Projeto O projeto de Lucio Costa não era apenas o traçado de uma cidade voltada para a administração pública. Ele sugeria uma cidade-parque, em que homem e natureza convivessem de forma harmoniosa. Uma capital moderna, com sistema viário inovador, pontuada por monumentos de forte impacto cívico e arquitetônico. A concepção do Plano Piloto nasceu do gesto de quem assinala uma cruz. Um símbolo de conquista, de quem toma posse de um território. Adaptado à topografia local e ao escoamento das águas, um dos eixos dessa cruz, o Norte- Sul, seria arqueado e daria ao desenho final a noção de um pássaro. Figura 3. Croquis evolução projetual Fonte: Vitruvius Entre os princípios básicos do projeto está a setorização urbana por atividades especificas, e uma técnica rodoviaria que elimina cruzamentos. O traçado é definido por dois eixos de circulação, o Eixo Monumental, que vai de Leste a Oeste, e o Eixo Rodoviário-Residencial, que vai de Norte a Sul, e é cortado transversalmente pelas vis locais. Figura 4. Traçado simplificado dos eixos Fonte: UCB Excetuando a área central, o Plano Piloto se caracteriza pela paisagem horizontalizada, predominancia de espaços livres e grande amplitude visual. 3. Construção Com a definição do projeto, foi criado a empresa Novacap, responsável pela construção, e empregado aproximadamente 60 mil empregados para trabalhar na obra. Eles trabalharam dia e noite para erguer, no nada, a capital em um prazo recorde de 43 meses. Figura 5. Brasília em construção Fonte: UCB O arquiteto responsável pelos projetos dos edifícos foi Oscar Niemeyer. Figura 5. Oscar Niemeyr e a construção da Basílica de Brasília Fonte: Mundo Engenharia Para compor o planejamento urbanístico, o arquiteto projetou monumentos que deixaram marcada a cidade e que são considerados a melhor expressão da arquitetura moderna brasileira. Figura 6. Construção do Palácio do Congresso Nacional Fonte: Vitruvius Para compor o planejamento urbanístico, o arquiteto projetou monumentos que deixaram marcada a cidade e que são considerados a melhor expressão da arquitetura moderna brasileira. No ano de 1960, no dia 21 de abril, a capital do pais foi inaugurada. A data não fora escolhida ao acaso: o novo centro de decisões da República viria ao mundo oficialmente no Dia de Tiradentes, símbolo da luta pela independência e pelos valores republicanos no Brasil. 4. A cidade atualmente Brasília é hoje uma cidade desenvolvida. Um de seus grandes crescimentos, foi o econômico. Hoje em dia, a capital, é considerada a terceira cidade mais rica do Brasil, mostrando ter o seu Produto Interno Bruno bem alto, o que antes não havia. A principal atividade econômica de Brasília, é resultante da sua função administrativa, há uma grande dependência do Plano Piloto para a economia local. Duas atividades muito feitas lá, é a agricultura e também a avicultura. Isso tudo, foi melhorando ao longo do tempo, ao longo do desenvolvimento da capital, ao longo do crescimento populacional também. A cidade é dividida em quatro escalas definidas no Plano Piloto: a escala residencial, a monumental, a gregária e a bucólica. Figura 7. Brasília e suas escalas Fonte: Museu Virtual Brasília A escala residencial, construída ao longo do Eixo Rodoviário, traduz um conceito completamente novo de moradia, com superquadras de apartamentos cercadas de verde, edifícios de gabarito baixo sobre pilotis e unidades de vizinhança que estimulam a convivência, com seus comércios locais, praças, escolas e outros equipamentos comunitários. O espaço para casas geminadas ficou mais afastado do eixo central, na parte Oeste. Figura 8. Escala Residencial Fonte: Archdaily A escala monumental abriga, no eixo do mesmo nome, os centros de decisões políticas e administrativas do país e do Distrito Federal. Abriga também a arquitetura genial de Oscar Niemeyer, com suas curvas femininas e vãos audaciosos. Figura 9. Escala Monumental Fonte: Archdaily A escala gregária, construída em torno da Plataforma Rodoviária, no coração da cidade, inclui comércio, agências bancárias, consultórios, escritórios, hotéis e centros de diversões. Figura 10. Escala Gregária Fonte: Archdaily A escala bucólica permeia e integra as outras três escalas, com extensas faixas gramadas, canteiros ornamentais, parques, áreas arborizadas e de lazer. Brasília é conhecida no mundo como uma cidade-parque, onde o verde e os amplos espaços livres estão integrados de forma harmoniosa ao dia a dia urbano, emoldurando e integrando todas as áreas do Plano Piloto. Figura 10. Escala Bucólica Fonte: Archdaily Mas nem tudo saiu como previsto pelo urbanista. A nova capital acabou construída mais perto do Lago Paranoá, para evitar a ocupação indevida entre a Praça dos Três Poderes, e a orla do lago e os Setores de Habitação Individual Sul e Norte (hoje transformadas em outras regiões administrativas) tiveram de ocupar a outra margem do lago. Para atender à demanda crescente por templos e colégios particulares, foram planejados os chamados Setores de Grandes Áreas, a Leste e a Oeste. Com isso, várias outras mudanças precisaram ser feitas. O Setor de Mansões surgiu a partir de iniciativa de Israel Pinheiro, os Ministérios precisaram ganhar prédios anexos e foram criadas novas áreas residenciais mais populares, como o Cruzeiro e a Octogonal. As casas isoladas, de maior padrão econômico, também proliferaram no Lago Norte e no Lago Sul. Com o crescimento da cidade, a área central teve de ser ampliada. Vieram os setores Hospitalar, de Rádio e Televisão, de Autarquias e a Praça dos Tribunais. Nas unidades de Vizinhança, boa parte das entre quadras ainda está vazia. Muitas áreas tiveram sua destinação original desvirtuada. A invasão de áreas públicas é um problema sério, assim como a pressão por estacionamento e o fluxo crescente do trânsito. A privatização da orla do Lago Paranoá e a multiplicação dos clubes esportivos comprometeram o acesso público às margens do lago. Figura 11. Margens do lago Fonte: Archdaily 5. Cidades satélites As cidades satélites, ao contrário de Brasília, não foram planejadas. Foi basicamente um erro e descuido nos planos de Lucio Costa. A questão foi que Brasília foi construída para certo número de pessoas e esse número extrapolou. Aqueles que migraram de todos os cantos do país para conseguir trabalho e condições de vida melhor, os trabalhadores de mão de obra, acabaram ficando sem ter onde morar pois a cidade já estava ocupada para quem foi planejada, deputados, governadores, todos da política e suas famílias, o que eu levou as pessoas a se agregarem ao redor do plano piloto. São 18 cidades satélites que também são consideradas cidades dormitórios, pelo motivo dos habitantes trabalharem em Brasília e voltam para sua cidade apenas para dormir. Essas cidades ainda não possuem infraestrutura adequadas, mas o governo do Distrito Federal está tentando suprir algumas das deficiências com a construção de transporte coletivo/ metro e demais obras de infraestrutura. As 18 cidades satélites são: Gama, Taguatinga, Ceilândia,Planaltina, Sobradinho, Brazlândia, Paranoá, Núcleo Bandeirante, Guara, Cruzeiro, Samambaia, Santa Maria, São Sebastiao, Recanto das Emas, Lago Sul, Riacho Fundo, Lago Norte, Candangolandia. Figura 12. Mapa das primeiras cidades satélites Fonte: Cidade de Brasília. 6. Conclusão De acordo com este estudo, podemos perceber que a cidade de Brasília desde sua concepção projetual, foi pensada e planejada nos mínimos detalhes visando a harmonia entre as quatro funções sociais da cidade: habitação, trabalho, lazer e mobilidade. Ao ser dividida em escalas, foi possível setorizar aonde cada uma das funções aconteceria. Entretanto, por esse mesmo motivo, acaba que nem todas as pessoas são capazes de usufruir de forma total todas as funções, principalmente por causa das distancias entre cada espaço. A segregação das funções acabou por distanciar os seus usuários. Outro fato de grande importância não foi abordado no Plano Piloto, a demanda de habitantes que a cidade deveria comportar. Lucio Costa pensou somente em uma pequena parcela da população, excluindo os trabalhadores e famílias de baixa renda, obrigando essas pessoas a se alojarem ao redor da capital, o que deu inicio a uma urbanização desenfreada e sem infraestrutura adequada, dando origem as cidades satélites. Apesar de todos os pontos negativos no projeto, não podemos negar que Brasília cumpriu com seu objetivo, sendo considerada como Patrimônio Cultural da Humanidade, abrigando grandes obras arquitetônicas reconhecidas mundialmente, mesmo depois de 58 anos, permanecendo como um presente urbanístico para os brasileiros e para o mundo.
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