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paper sobre literatura de cordel

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A importância da Literatura de Cordel 
em sala de aula 
 
Thiago Eliseu Sutil
1
 
Ana Paula Barcelos
2
 
 
 
 
RESUMO 
 
O presente trabalho tem por objetivo aborda a importância da literatura de Cordel em sala de 
aula com o uso da técnica da Xilogravura no desenvolvimento do ensino aprendizagem. O 
cordel é a poesia popular narrativa que chegou por meio dos colonizadores, na qual 
desenvolveu no Nordeste marcando a cultura da região e contribuindo para o fortalecimento 
da identidade do nosso povo. Em sua origem, a literatura era pela oralidade, logo passou a ser 
impressa, mas não perdeu o vínculo com a oralidade e consolidou como um meio de 
letramento e alfabetização nas zonas rurais e urbanas. Com este estudo, pretende-se apresentar 
a história da literatura de cordel no Brasil, enfatizando a importância da trabalho em sala de 
aula, em que o cordel trata de fatos, traçando seu cordel como uma crônica na poesia popular, 
ressalta que a inclusão do Cordel nas escolas e instituições de ensino, como propostas 
convencionais vêm cedendo espaço para o meio artístico, pois se trata do patrimônio histórico 
cultural da humanidade, o que torna a expressividade das divergentes populações, com seu o 
estilo de vida populacional oferecendo aos artistas, novas experiências. Este trabalho teve por 
objetivo apresentar uma pesquisa sobre Literatura de Cordel e disseminar sua importância e 
relevância, seja no meio acadêmico ou escolar. Auxiliando e motivando outros pro ssionais a 
contribuir, pois é necessário aprofundar este assunto para que todos possam conhecer o 
patrimônio artístico brasileiro.A pesquisa feita qualitativa bibliográfica, por meio de análise 
de conteúdo de folhetos e obras de autores como Barroso (2006), Abreu (1999), Vianna 
(2010) entre outros, para conceituar e caracterizar a Literatura de Cordel e a sua importância 
em sala de aula do desenvolvimento dos alunos. 
 
Palavras-chave: Literatura. Cordel. Ensino-Aprendizagem. Sala de aula. 
 
 
1.INTRODUÇÃO 
 
 O cordel é um gênero literário com uma linguagem clara e direta, na qual 
abordam contos infantis, contos populares, histórias locais, versões de clássicos da 
literatura universal e temas do cotidiano, sendo uma das expressões culturais 
nordestinas mais conhecidas e cultuadas que se tem notícia. Ela vai muito além de um 
simples folheto, com uma estrutura gráfica econômica e que conta histórias fantásticas 
para um povo simples. Através destes folhetos, o homem sertanejo podia sair de sua 
rotina real e viver emoções que somente os contos podem proporcionar. 
 O presente trabalho tem por objetivo aborda a importância da literatura de 
 
1
 
2
 
Cordel em sala de aula no desenvolvimento do ensino aprendizagem com o uso da 
técnica da Xilogravura, onde num ambiente em que o analfabetismo era regra, a escrita 
dialoga com a oralidade, pois a fala, que veio antes da escrita, transformando os sons em 
gestos. São através dos sons que se desenvolvem as primeiras interações do ser humano. 
A criança ao escutar o som da voz atende aos pais, na qual se socializa com as outras 
crianças e com o ambiente. Os primeiros sons se fazem fonemas, se fazem vozes e 
nomeiam os objetos. É no desenvolvimento do conhecimento, no ambiente escolar que 
o som ganha forma e faz da escrita a notação da fala. 
 Destaca-se nesse trabalho que a utilização da Xilogravura em sala de aula como o 
cordel tendo como valores Base Nacional Curricular favorece o ensino-aprendizagem 
em todas as áreas do saber, visto que a literatura popular em versos narrativos contém 
elementos simbólicos da cultura oral, que passam de gerações em gerações que tem 
significados no processo de construção de conhecimentos. Percebe que muitas crianças 
e até mesmos adultos, tem as primeiras impressões de valores e de mundo onde vieram 
nas asas de um pavão, sobrevoando os céus da Grécia, Japão e Turquia. Onde em um 
mundo mágico, que mesmo tendo nomeação de países distantes e estranhos para a 
cultura local, era habitado por Batistas, Josés, Creusas, Severinos, vivenciando o drama 
e os conflitos presentes na cultura nordestina. 
 É importante destacar nesse pormenor que os textos em cordel possibilitam aos 
professores desenvolver e abordar temáticas as mais diversas, favorecendo a 
multidisciplinaridade e a interdisciplinaridade, entendidas como processos que 
possibilitam aos educandos ampliar seus horizontes, já que se constituem em métodos 
facilitadores do ensino-aprendizagem. 
 A pesquisa é qualitativa bibliográfica, por meio de análise de conteúdo de 
folhetos e obras de autores como Barroso (2006), Abreu (1999), Vianna (2010) entre 
outros para conceituar e caracterizar a Literatura de Cordel e a sua importância em sala 
de aula do desenvolvimento dos alunos, onde será divivido em partes: a primeira 
etapa apresentará a fundamentaçao teórica com a história da literatura de cordel e suas 
características, na segunda etapa os materiais e métodos utilizados e por fim 
resultados e discussões, ou seja, considerações e conclusões que se alcançou com essa 
pesquisa. 
 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 
 
 2.1 HISTÓRIA DA LITERATURA DE CORDEL 
 
 O contar histórias está presente na vida humana como forma de transmissão de 
conhecimentos entre os membros de uma cultura, tanto histórias infantis que ensina 
sobre a moral e ética, romances, poesias, fatos reais, acontecimentos do dia a dia e 
logo uma dessas maneiras de se contar histórias rumou para um estilo literário muito 
característico e que viria a ser uma marca reconhecida da cultura brasileira, quase que 
exclusivamente da região Nordeste: A literatura de Cordel, sendo contada em versos, 
perfeitamente metrifircados, narradas quase em forma cantada, em melodia que 
encanta leitores e ouvintes em todo o mundo. 
Penso que o hábito de decorar histórias, dos cantos de trabalho, as 
cantigas de embalar e toda sorte de narrativas orais trazidas pelos 
colonizadores vão sedimentando, na cultura brasileira, o costume de 
cantar e contar histórias, de guardar na memória os acontecimentos da 
vida cotidiana. Assim, pouco a pouco, foi se desenvolvendo junto ao 
homem brasileiro, mais especificamente na região Nordeste, onde se 
deu o início da colonização, uma poesia oral com características muito 
peculiares. (BARROSO 2006, p. 22). 
 
 Conforme estudos o termo Cordel escolhido deve-se a associação feita a um 
estilo de folheto muito semelhante existente em Portugal conhecido com o mesmo 
nome, onde adquiriu elementos medievais europeus, desenvolvendo um mundo de 
fantasia cheiro de aventuras e criaturas magicas. 
Esse tipo de trabalho marca a permanecia de traços medievais da 
cultura portuguesa transplantada para o Brasil e que se traduz nas 
histórias de aventuras e lendas contadas em versos, chamadas 
literaturas de cordel (47º SALÃO DE ARTES PLÁSTICAS DE 
PERNAMBUCO 2008-09, p.26). 
 
 De acordo com Linhares: 
A literatura de Cordel teve sucesso, em Portugal, entre os séculos XVI 
e XVIII. Os textos podiam ser em verso ou prosa, não sendo invulgar 
trata-se de peças de teatro, e versavam sobre os mais variados temas. 
Encontram-se farsas, historietas, contos fantásticos, escritos de fundo 
histórico moralizantes, etc., não só de autores anônimos, mas também 
daqueles que, assim, viram a sua obra vendida a preço, como Gil 
Vicente e Antônio José da Silva, o Judeu. Exemplos conhecidos de 
literatura de Cordel são histórias de Carlos Magno e os Doze Pares de 
França, Aprincesa Magalona, histórias de João de Calais e A Donzela 
Teodora (LINHARES, Thelma R. S. 2006) 
 
 Todavia também se afirma que a origem do Cordel está ligada as tradicionais 
cantorias e pelejas
3
, sendo a escrita um modo de eternizar da memória de seu criador e 
difundidos atravésda impressa, que também ocorreu em outros países como na 
Inglaterra, na França e na Espanha, sendo conhecidos como chapbooks, littérature de 
 
3
 tipo de desafios entre repentistas 
colportage e pliegos sueltos, respectivamente (ABREU 1999, p. 23). 
 Deve-se considerar importante a junção desses elementos culturais, cada um 
contribuindo e transformando um ao outro, até criarem o que é conhecido como 
literatura de Cordel brasileira. 
A literatura de mascate, de cordel ou folhas volantes, esteve 
provavelmente presente no Brasil, como no resto da América Latina, 
desde os tempos coloniais: documentos comprovam o embarque 
regular de pliegos sueltos para as colônias espanholas. Contudo, o 
primeiro folheto brasileiro, encontrado por Orígenes Lessa, é datado 
de 1865 e foi publicado no Recife. Escrito sobre o modelo de 
testamentos de animais, tão apreciados pela literatura de cordel 
portuguesa, ele contém alusões a acontecimentos da vida 
pernambucana que comprovam sua escritura brasileira. A partir de 
1893, a literatura de folhetos constitui, aos poucos, um conjunto 
complexo e independente do sistema literário institucionalizado com 
seus poetas e suas editoras que, até os anos 1960, pertencem 
freqüentemente a poetas. Esta literatura tem suas próprias redes de 
comercialização (os mascates), sendo vendida nas feiras, nas estações 
ferroviárias e rodoviárias, e até nas ruas. (SANTOS 1999, on line) 
 
 Para Barroso mesmo com afirmações de vários autores de estudos sobre 
literatura de cordel de que há a influência de várias partes do mundo em nossos folhetos, 
os cordelistas falam dessa poesia como puramente brasileira, explica que está implícito 
um aspecto muito importante da formação e reconstrução da cultura popular: a 
ressignificação da cultura européia em terras brasileiras, sendo a cultura como resultado 
de um processo contínuo, onde se inserem os significados das práticas sociais da vida 
diária do indivíduo e com a influência das sextilhas sete silábicas dos poetas onde os 
cordelistas enalteciam os cangaceiros como heróis de seus folhetos os cangaceiros, pois 
eram personagens do dia a dia deles. (BARROSO 2006, p. 30) 
 Os estudos sobre o cordel português demonstram como é complexo encontrar 
uma definição que englobe todos os materiais impressos dessa categoria, pois este 
apresenta tantas variações de formas e estilos que seria um erro estabelecer um estilo 
padrão que inclua todos os folhetos portugueses, pois de deve entender que a ligação 
mais significativa e dizer ser uma obra pertencente ao grupo do cordel português é o seu 
gênero editorial, os aspectos dos materiais dos folhetos e a forma como eram 
comercializado. 
Há ainda outros problemas que dificultam a conceituação do cordel 
português: o gênero e a forma. Não há qualquer constância em relação 
a esses aspectos: a literatura de cordel abarca autos, pequenas novelas, 
farsas, contos fantásticos, moralizantes, histórias, peças teatrais, 
hagiografias, sátiras, notícias... além de poder ser escrita em prosa, em 
verso ou sob a forma de peça de teatro. Não se trata portanto de uma 
modalidade literária, de um gênero literário, e sim de um gênero 
editorial. (ABREU, 1999, p.21 – 25) 
 
Na figura 1 temos a capa do Cordel: “O monstro de Jerusalém”, na qual o 
monstro silvestre que foi visto e morto nas vizinhanças de Jerusalém, sendo do escritor 
lusitano José Freire Monterroio Mascarenhas (1670-1760), redator da Gazeta de Lisboa, 
em que narra a perseguição a um ser monstruoso que despedaçava homens e animais. 
Figura 1 
 
https://www.amazon.com.br/Monstro-Jerusal%C3%A9m-Portugu%C3%AAs-Triumviratus-Literatura-
ebook/dp/B01AY9OEC6. 
 
 Segundo Oliveira (2007), essa literatura popular produzida na antiguidade era 
em um formato bem parecido com a literatura de folhetos publicada no Nordeste, do 
século XIX aos dias de hoje, mas há diferenças tanto no conteúdo, como na forma 
textual e no portado do texto, pois em países como França e Portugal existiam as folhas 
soltas, notícias do folheto com muitas páginas na Alemanha e quanto o conteúdo 
textual, traziam textos em prosa além de poesia, percebe-se dessa forma, grande 
variabilidade estética e de conteúdo dessa literatura produzida nesses países, do século 
XV ao século XIX, diferenciando-se do cordel brasileiro que passou a ser impresso nos 
anos finais do século XIX. (OLIVEIRA 2007, p. 54-55) 
 De acordo com Oliveira (2007), os povos fenícios, saxões, grecoromanos e 
cartagineses, em suas expedições de conquistas, traziam em suas bagagens farta 
quantidade de literatura popular, onde os poetas nômades foram os responsáveis pela 
ocidentalização dessa literatura. No século XII, trovadores, jograis e menestréis 
percorriam a Europa, principalmente os locais de devoção religiosa do Catolicismo, 
declamando versos de romances, de aventuras e de ensinamentos religiosos e dos 
costumes do lugar. (OLIVEIRA 2007, P. 56) 
 O cordel brasileiro herdou do cordel medieval esses predicativos romanescos e, 
somado à herança trovadoresca dos cantores e poetas ibéricos resultou em textos 
poéticos narrativos com a forma e estética que hoje conhecemos, sendo herdeira direta 
da tradição grega, eivada de influências dos trovadores medievais da Península Ibérica. 
(VIANNA, 2010, p. 5) 
 De todos os relatos acerca da prática milenar de transmissão de saberes deu-se 
por intermédio da oralidade, visto que desde os primeiros momentos do século XII, em 
https://www.amazon.com.br/Monstro-Jerusal%C3%A9m-Portugu%C3%AAs-Triumviratus-Literatura-ebook/dp/B01AY9OEC6
https://www.amazon.com.br/Monstro-Jerusal%C3%A9m-Portugu%C3%AAs-Triumviratus-Literatura-ebook/dp/B01AY9OEC6
que poetas percorriam a Europa recitando suas narrativas, até o surgimento dos 
primeiros folhetos, há um intervalo de cerca de 300 anos, no entanto, apesar da distância 
temporal suas características foram preservadas. 
 O cordel brasileiro sofreu todas as influências dessa prática milenar de contar 
histórias, absorvendo determinados aspectos, em um longo processo de maturação, até 
chegar às características do gênero literário que hoje conhecemos como cordel ou 
literatura de folhetos, pois o cordel se trata de poesia, mesmo estando escrito em versos 
e ser mais próximo do conto, e esses contos edificantes em versos são tantos fábulas 
satíricas ou morais quanto episódios épicos e poesia romântica e contém elementos de 
mito. (CAVIGNAC 2006, p. 74-75) 
 As figuras 1 e 2, exemplificam o quanto são diferentes os assuntos abordados 
pelo Cordel lusitano. Na figura 1 temos dicas culinárias. Já a figura 2 mostra a capa do 
folheto “História da Donzella Theodora”, trata de um romance tradicional desta cultura. 
Ambos são considerados como literatura de Cordel, mesmo possuindo uma estrutura, 
gênero forma distintos. 
Figura 2 e 3 – Exemplares de Folhetos de cordel 
 
Figura 2: https://www.cordelnaeducacao.com.br/produto/comidas-tipicas-do-nordeste. 
Figura 3: http://www.overmundo.com.br/banco/romance-do-tropeiro-cordel-de-guilherme-de-faria. 
 
 A segunda grande influência da literatura de Cordel foi a própria cultura 
nordestina, cujo tinham o antigo costume das pessoas de uma mesma comunidade se 
reunirem e contarem histórias umas para as outras, de uma sociedade essencialmente 
pastoril, preservadora da tradição de forte religiosidade. 
um tipo particular de população com subcultura própria, a sertaneja, 
marcada por sua especialização ao pastoreio, por sua dispersão 
espacial e por traços característicos identificáveis no modo de vida, na 
organização da família, na estruturação do poder, na vestimenta típica, 
nos folguedos estacionais, na dieta, na culinária, na visão de mundo e 
numa religiosidade propensa ao messianismo. (RIBEIRO 2006, p. 
307)Darcy Ribeiro (2006) faz uma analogia do homem sertanejo com o homem do 
mediterrâneo medieval, pois possuíam inclinação ao conservadorismo, às tradições e ao 
respeito à Igreja Católica, onde o povo se especializou em viver em ambiente inóspito, 
https://www.cordelnaeducacao.com.br/produto/comidas-tipicas-do-nordeste
http://www.overmundo.com.br/banco/romance-do-tropeiro-cordel-de-guilherme-de-faria
longe de rotas de comércios, logo vivenciando isolamento cultural, semelhante à cultura 
medieval europeia. Por sua vez ao se manterem afastados de outras culturas, visto que 
estes povos não sofriam interferências de outras culturas, as tradições passavam de pai 
para filho sem modificações desenvolvendo assim um conservadorismo, principalmente 
em relação aos dogmas religiosos, que por sua vez, desenvolveu-se um oficio muito 
especifico da região, os contadores de histórias, que vinham de fazenda em fazenda, de 
feiras em feiras, de festas em festas, trazendo informações de outros locais, 
acontecimentos atuais ou históricos, histórias de heroísmo no Cangaço e de contos 
místicos que povoam o imaginário do sertanejo, transmitindo oralmente a cultura, ou 
seja, o conhecimento era transmitido de boca a boca. 
Um ajuntamento de gente em volta de um cantador é uma reunião 
quase acidental, no sentido que não pode determinar previamente o 
tamanho e a duração do encontro, nem que irá parar para ouvir e quem 
seguirá. O grupo que escuta não se comporta de modo homogêneo. 
Alguns ficam mais próximos, outros reparam de mais longe. Alguns 
riem, outros fingem não presta atenção. Mas não é por acidente, e sim 
fruto de plano, se instalar em um bom ponto para se fazer escutado. 
(BRASIL 2006 p.58). 
 
 A finalidade da literatura de Cordel era possibilitar que os ouvintes comprassem 
e levassem para casa as histórias dos cantadores, sendo uma forma de ganhar dinheiro 
junto às apresentações. Para que os expectadores sentissem vontade de comprar os 
folhetos não era revelado o final das histórias, usavam os recursos da linguística oral 
regional, como as gírias típicas de cada região e da época, como as expressões oxente 
(exclamação de espanto), arretado (zangado, bravo), encarnado (no sentido de designar 
que alguém estar vestido com a cor vermelha muito saturada) na qual aproxima o leitor 
e o ouvinte do texto narrado, fazendo com que entendam o que está sendo falado. 
Colocam numa esteira ou caixote a batelada de opúsculos e depois 
começam em voz alta a declamar alguns versos. As pessoas se reúnem 
circundando-o, quando o palrador está no clímax de alguma história 
historia, faz uma pequena pausa: “Meus senhores”, concluí, “caso 
queira saber o resto leve o folheto tal, este romance... ou aquela 
historia... (Araújo 2007, pág. 184.) 
 
Figura 4 – Xilogravura de uma disputa entre cantadores populares. 
 
https://portal.ifrn.edu.br/campus/saogoncalo/noticias/campus-sao-goncalo-realiza-exposicao-na-cantada-
do-cordel. 
 
 É impossível dizer onde tudo começou, visto que nada acontece de uma hora 
para outra e que todas as invenções humanas sempre tiveram precedentes, mas a 
hipótese sugerida pelo Programa Cultural na Rede Bateria, realizado pelo Centro 
Cultural Banco do Nordeste, afirma que os primeiros vestígios de folhetos de Cordéis 
datam de 1893 e estão associado ao nome do paraibano Leandro Gomes de Barros, 
considerado o “Rei da Literatura de Cordel” (2009, p.18). 
 As primeiras edições de Cordéis eram impressas em tipografias de jornais ou 
livrarias, mas não eram especializadas em impressão dos folhetos, visto que esse tipo de 
produto acabará de chegar ao mercado. Então no final da década de 1910, alguns poetas 
começaram a montar pequenas tipografias especializadas em impressão de folhetos, as 
pioneiras estão as tipografias do cordelista Francisco das Chagas Batista e de João 
Martins de Athayde, conforme figura 4 e 5. (BRASIL, 2006) 
Rute Terra (apud BRASIL 2006) fala que até a década de 1930, existiam pelo menos 20 
tipografias que se especializaram na impressão e nesse período que o cordelista Athayde 
torna-se o maior editor de folhetos de todos os tempos, pois possui um volume de 
encomendas superior a capacidade da sua gráfica que em momentos tercerizou o serviço 
em tipografias de jornais. (GALVÃO, 2006). 
 O auge da literatura de Cordel foi entre as décadas de 1930 e 1950, o 
crescimento exorbitante do cordel em números, pois a cada ano mais de mil folhetos são 
impressos no interior do Brasil e espalhados como folhas por todo o território, em mais 
de 200.000 exemplares, em que os folhetos eram impressos em mil exemplares e vários 
deles pediam reimpressões. (CASCUDO, 1953 apud BRASIL 2006, p.14) 
Figura 4 e 5 de tipografias 
 
Figura 4: https://memoriasdapoesiapopular.com.br/tag/francisco-das-chagas-batista/#jp-carousel-8962. 
Figura 5: http://memoriasdocordel.blogspot.com/2013/04/grandes-nomes-do-cordel-2-joao-martins.html. 
 
 2.2 CARACTERÍSTICAS DO CORDEL BRASILEIRO 
 
 Cordel é a poesia popular narrativa, impressa em folhetos de 08, 16 ou 32 páginas, 
medindo 11 por 15,5cm, cuja principal marca é a poesia narrativa, com identidade popular e que 
se configura como “uma espécie de romanceiro que mesmo passando a ser impresso não deixou 
https://memoriasdapoesiapopular.com.br/tag/francisco-das-chagas-batista/#jp-carousel-8962
http://memoriasdocordel.blogspot.com/2013/04/grandes-nomes-do-cordel-2-joao-martins.html
de ser oral.” (FERREIRA, 2013) 
 O cordel brasileiro é um gênero textual que tem narrativa poética, com versos em 
redondilha maior
4
, com as estrofes podendo ter seis, sete ou dez versos, com rima soante
5
, 
linguagem clara e direta, mas apesar de suas características muito próprias, a poesia popular 
nordestina, hoje conhecido como cordel mantem outras características assemelhadas com o 
cancioneiro ibérico não só na estética, mas também na temática abordada: 
os folhetos oriundos de Portugal e Espanha traziam contos populares 
tradicionais rimados, além de histórias tradicionais como Carlos 
Magno e os 12 pares de França, Princesa Magalona, João de Calais, 
Roberto do Diabo e Imperatriz Porcina. [...] Ao chegar ao Brasil, o 
Romanceiro Popular passou a assumir uma nova identidade, versando 
não apenas sobre os temas tradicionais, mas buscando inspiração em 
novas fontes como o cangaço, o ciclo do boi, o messianismo, a seca 
etc. (VIANNA 2010, p. 9) 
 
 O cordel está inserido no universo da poesia popular, leque de expressões 
poéticas que tem na sua estrutura a rima e a métrica, na qual a literatura de folhetos, 
segundo os diversos autores citados nesse trabalho, existiu entre os diversos povos do 
Continente Europeu, sendo que a literatura popular presente na península ibérica foi a 
que diretamente influenciou a constituição do cordel brasileiro, transmitindo a este, 
além do nome a forma impressa em folhetos e estética das narrativas. Farias afirma que: 
A Literatura de cordel é a poesia popular, herdeira do romanceiro 
tradicional, e, em linhas gerais, da literatura oral (em especial dos 
contos populares, com predominância dos contos de encantamento ou 
maravilhosos). É a literatura que reaproveita temas da tradição oral, 
com raízes no trovadorismo medieval lusitano, continuadora das 
canções de gesta, mas também espelho social de seu tempo. Com esta 
última finalidade, a Literatura de cordel receberá o qualificativo – 
verdadeiro, porém reducionista – de “jornal do povo”. O cordelista, 
como hoje é conhecido o poeta de bancada, é parente do menestrel 
errante da Idade Média, que, por sua vez, descende do rapsodo grego. 
(FARIAS 2010, p. 13) 
 
 O traço comum é o verso medido e a similaridade sonora após a última vogal 
tônica do verso em que ocorre a rima, cujo eixo é a rima, a métrica e a oração. Os versos 
onde ocorrem as rimas intercalam-seem combinações própria de cada modalidade de 
estrofe, o que permite a musicalidade da obra. Esse ritmo sonoro da poesia herdeira do 
romanceiro ibérico permite ao poeta, e por conexão dialógica, ao leitor/ouvinte, a 
interação com o belo, com o imaginário, com o mítico dos elementos da natureza. 
 
4
 Versos com sete sílabas poéticas. Na contagem silábica do verso, contamos os sons. Cada unidade 
sonora é uma sílaba poética e ao escandirmos um verso, contamos até a última sílaba tônica. 
 
5
 Quanto aos tipos, as rimas podem ser toantes ou soantes. Na rima toante, também chamada de assoante 
ou vocálica, a similaridade sonora manifesta-se somente nos sons das vogais tônicas e átonas. Segundo 
Rogério Chociay (Apud AZEVEDO, 1997, p. 115), “é a rima em que há correspondência de sons 
vocálicos e consonantais a partir da última sílaba tônica”. 
 Cordel é poesia que se expressa em versos, sendo cada linha do texto, um 
verso, ou um pé, um conjunto de versos formando uma estrofe, onde a medida do verso 
é de sete sílabas poéticas, denominada de redondilha maior, conta-se até a última sílaba 
tônica, sendo que nos versos em que deve ocorrer a rima, esta ocorre após a última 
vogal tônica. 
 No cordel tem três modalidades de estrofes: sextilha (seis versos), setilha ou 
septilha (sete versos) e a décima ou dez pés, como o nome sugere, estrofe com dez 
versos. A sextilha brasileira é uma versão aperfeiçoada da quadra
6
 tradicional 
portuguesa, que no universo da poesia popular equivale ao átono de hidrogênio (o 
elemento químico mais fácil de encontrar). (TAVARES 2016, p. 35) 
 
2.2.1 SEXTILHA 
 A Sextilha é uma estrofe com rimas deslocadas, constituída de seis versos de sete 
sílabas. Na Sextilha, rimam as linhas pares entre si, conservando as demais em versos 
brancos, isto é, os versos pares são rimados e os ímpares brancos sem rimas. O esquema 
de rima da estrofe de seis versos pode ser escrita de duas formas, a saber: XAXAXA, 
onde a letra X representa os versos brancos e a letras A os versos que rimam entre si e 
ABCBDB, onde a letra B representa os versos pares, versos que rimam entre si e, as 
letras A, C e D representam os versos brancos. Na primeira estrofe do clássico O 
romance do pavão misterioso 
Eu vou contar a história 
De um pavão misterioso 
Que levantou voo da Grécia 
Com um rapaz corajoso 
Raptando uma condessa 
Filha de um conde orgulhoso. (RESENDE 2008, p. 211) 
 
 
2.2.2 SETILHA OU SEPTILHA 
No início do século o Cantador alagoano Manoel Leopoldino de Mendonça Serrador fez 
uma adaptação à Sextilha, criando o estilo de sete versos, sete linhas ou de sete pés
7
, 
rimando os versos pares até o quarto. A setilha ou septilha, estrofe de sete versos tem 
somente um verso branco, que é o primeiro, sendo que todos os demais rimam, sendo 
que rimam entre si o segundo com o quarto e o sétimo versos e tem uma rima parelha 
do quinto com o sexto verso, sendo ABCBDDB. As letras repetidas são os versos que 
 
6
 Na poesia ibérica é a modalidade de quatro versos, que pode ser fechada ou aberta, acrescentando-se 
mais dois versos, que se evoluiu para a sextilha. 
7
 denominação dos cordelistas para “verso” ou “linha” de um cordel. O nome “verso” geralmente é usado 
pelos cordelistas para denominar o que chamamos de estrofe. Neste trabalho, a palavra verso é utilizada 
com o seu significado convencional de linha de poema. 
rimam entre si. Como exemplo de setilha temos uma estrofe de um poema do folheto As 
histórias das plantas: 
 
Vermelho e alaranjando 
São as cores do arrebol. 
Ao nascer, a minha flor, 
Vira-se pra luz do sol. 
As minhas cores latentes 
 Dão proteção as sementes 
Que me fazem girassol. (NEVES 2018, p. 10) 
 
 
2.2.3 DÉCIMA OU DEZ PÉS 
A décima ou dez pés, é uma composição que ocorre rima em todos os versos, onde 
rimam entre si o primeiro, o quarto e o quinto versos; o segundo e o terceiro forma uma 
rima parelha; o sexto, o sétimo e o décimo rimam entre si e o oitavo e o nono formam 
outra rima parelha. Como exemplo de uma estrofe em Décima temos o poema As obras 
da Natureza de Antônio Ugolino Nunes da Costa (Ugolino do Sabugi): 
As obras da Natureza 
São de tanta perfeição, 
Que a nossa imaginação 
Não pinta tanta grandeza! 
Para imitar a beleza 
Das nuvens com suas cores, 
Se desmanchando em louvores 
 De um manto adamascado, 
O artista, com cuidado, 
Da arte, aplica os primores. 
 
 
2.2.4 RIMA 
 A rima soante ou consoante é usada no cordel, pode ser dita rima suficiente 
devido à identidade fonêmica após a última vogal tônica, para Azevedo, denominam de 
ampliada e de opulenta devido ao fato da mesma ter, em alguns casos, o auxílio de uma 
consoante de apoio é a rima em que há correspondências de sons vocálicos e 
consonantais a partir da última tônica. (AZEVEDO 1997, p. 117). 
 No cordel essa rima pode ser rica, pobre ou esdrúxula. 
A rima rica é uma tradição que vem de Castilho, em que na obra Tradição de 
versificação portuguesa (1908) considera rica a combinação de vocábulos de classes 
gramaticais diferentes.” (Apud AZEVEDO, 1997, p. 124). Como exemplos podemos 
citar: altar (substantivo) + cantar (verbo); dela (pronome) + bela (adjetivo); agora 
(adverbio) + chora (verbo). 
 A rima pobre rima palavras da mesma classe gramatical, como por exemplo 
janela (substantivo) + Rafaela (substantivo); gritar (verbo) + cantar (verbo); mimoso 
(adjetivo) + jeitoso (adjetivo). 
 Arlene Holanda e Rouxinol do Rinaré ressalta que: 
Rima pobre não deve ser confundida com rima malfeita ou aparente. 
“Pobre” é apenas uma forma de classificação literária para o tipo de 
rima que ocorre entre palavras da mesma classe gramatical. No 
entanto podemos usá-la sem prejuízo para a qualidade do cordel, pois 
“pobre” e “rica” são rimas perfeitas, porque se enquadram na 
classificação de rima soante. (HOLANDA; RINARÉ 2009, p. 36) 
 
 Rima esdrúxula é a ocorrência de similaridade fonêmica, ao final dos versos, 
entre palavras proparoxítonas. Como exemplos, podem ser citados os termos 
matemática/emblemática, cibernética/fonética, jurídico/fatídico, lírica/satírica, 
semântica/romântica entre outros, tem as palavras que não tem a mesma grafia, mas tem 
o mesmo som no final, como sendo rimas perfeitas e, portanto, soantes, por exemplo 
desce/prece, certeza/mesa, peça/essa, compromisso/sumiço e quis/feliz, mas o que 
empobrece o cordel são as rimas aparentes, parecem que rimam mais não rimam, é 
usual na poesia matuta, gênero poético de expressão regional, nos poetas como Patativa 
do Assaré e Zé da Luz, porém devem ser evitadas rimas como “flor + chegou, fugir + 
Piauí, verso + peço, ética + genérica, cava + palavra, Ceará + viajar, café + mulher, 
Brasília + cartilha.” (HOLANDA, RINARÉ 2009, p. 37) 
 
2.2.5 MÉTRICA 
 A medida, o tamanho do verso é o que dá a cadência melódica ao poema, que o 
torna agradável ao ouvido e permite-o ser cantado. Para medir o verso, contam-se as 
sílabas poéticas e no cordel essa medida exata é de sete sílabas, denominado de 
redondilha maior. (AZEVEDO 1997, p.56). Para FERREIRA: 
essa medida de sete sílabas poéticas, em língua portuguesa, é o ritmo 
natural da fala. Para contar as sílabas poéticas de um verso, contam-se 
os sons até a última vogal tônica. Como contamos os sons, produzidos 
de uma única vez e não as sílabas gramaticais, ocorrem algumas vezes 
que, no meio do verso acontece a fusão de uma vogal átona, de o final 
de uma palavra com a vogal seguinte, solta ou do começo de uma 
palavra, formando uma só pronuncia, processo denominado de elisão. 
(FERREIRA 2013, p. 28) 
 
 
2.2.6 ORAÇÃO 
 É a coerência do narrador ao contar a história, pois o cordel é uma poesia narrativa,com 
foco, personagens, diálogos e descrição de cenários, onde costumam, inicialmente, fazer 
descrições poéticas referentes a data do fato ocorrido, do espaço geográfico, das personagens 
principais e dos próprios acontecimentos narrados, para só depois adentrar ao foco narrativo, 
como por exemplo no romance de cordel autoria de José Camelo de Melo Resende, Armando e 
Rosa, conhecidos por Coco Verde e Melancia, onde o autor segue uma lógica, descrevendo uma 
linha narrativa, para que se compreenda o contexto da história, quem são as personagens, como 
vivem e as relações estabelecidas entre si, para apresentar os fatos com sequência lógica. 
 
COCO VERDE E MELANCIA 
É uma história que alguém 
Quer sabe-la mais não sabe 
O começo de onde vem 
Nem sabem os anos que fazem 
Pois passam trinta de cem. 
 
Coco Verde era filho 
De Constantino Amaral 
Morador do Rio Grande 
Mas fora da capital 
Pois sua casa distava 
Meia légua de Natal. 
 
Porém seu nome era Armando 
Como o povo o conhecia 
Mas a namorada dele 
Essa tal de Melancia 
A ele por Coco Verde 
Chamava e ninguém sabia. 
 
Então dessa Melancia 
Rosa era o nome dela 
Porém Armando em criança 
Se apaixonando por ela 
Para poder namorá-la 
Pois esse apelido nela. 
 
Portanto seu nome é Rosa 
Seu pai Tiago Agostinho 
De origem portuguesa 
Do pai de Armando é vizinho 
Seus sítios eram defrontes 
Divididos num caminho (RESENDE 1982, 
p. 355) 
 
 Veríssimo Melo afirma: 
 
Extremamente diversificada, como se sabe, é a temática do cordel. 
Tudo ou quase tudo serve de motivo aos poetas populares para 
escreverem seus folhetos. Desde os romances tradicionais – Carlos 
Magno e os doze pares de França, a Princesa Magalona, João de 
Calais, etc. –, que nos vieram da Idade Média, através do romanceiro 
ibérico, sendo aqui adaptados à ecologia e sentimentos nordestinos, 
até assuntos históricos brasileiros, fatos ligados à religiosidade, ao 
misticismo, à vida campestre, desastres, crimes, acontecimentos mais 
recentes da atualidade mundial. Estes últimos são os chamados 
folhetos de época, os acontecidos, para usar a terminologia já 
consagrada pelos estudiosos. Sem esquecer as pelejas ou desafios, 
debates entre repentistas, em geral imaginários ou alusivos à encontros 
reais de violeiros, sempre interessantes. (MELO 1982, p. 2) 
 
 O cordel por ser poesia narrativa e dependendo da criatividade do poeta, pode ser 
sobre qualquer temática, salientando que os poetas contemporâneos têm editado cordel 
tanto em folheto, livro ou mesmo de forma virtual. 
 Devido a exposição que as diversas mídias têm feito sobre cordel, associa-se o 
cordel à xilogravura
8
, que por sua vez não tendo xilogravura na capa, não é cordel, 
porém o cordel é poesia, narrativa e fala, onde no período anterior da chegada das 
 
8
 é um tipo de arte gráfica que abrange todos os métodos de impressão gráficos que utilizam uma chapa 
ou matriz com ranhuras em relevo. 
tipografias no Brasil se fazia de forma oral ou então era copiado a mão em papeis 
avulsos. 
 Com o advento das primeiras tipografias alguns poetas começaram a imprimir 
seus folhetos nas chamadas “capas cegas”, havia apenas o nome do poeta, do título da 
obra e do preço, onde o nome do autor era utilizado na capa apenas como identificação, 
já o título e a imagem sempre aparece de forma destacada na capa, de maneira a 
envolver quase toda a área do layout da página. (GALVÃO 2006, p. 140) 
 A xilogravura só passou a ser usada a partir dos anos 50, especialmente com a 
venda dos direitos autorais das obras de João Martins de Athayde e José Bernardo da 
Silva. Percebe-se que não é a capa que define é ou não cordel, e sim sendo poesia 
popular narrativa e tendo em sua estrutura os elementos rima, métrica e oração, com 
estrofes de seis, sete ou dez versos, ou seja, o que definirá é a estrutura textual e não a 
capa do suporte. 
 Para Caboclo: 
é uma coisa que ajuda o povo de menor cultura porque apresenta 
figura nítida e perfeita de um artista de cinema. E o clichê de madeira 
representa a inteligência. Eu não desprezo nem um nem outro. Um é 
para o matuto e o outro é para o intelectual. (CABOCLO apud 
FRANKLIN 2007, P.24). 
 
 Conforme a figura 6 o formato utilizado entre os folhetos é o 11x16cm (essas 
dimensões podem variar dependendo da gráfica), pois é o tamanho comum que surgem 
durante o processo de dobra do papel, técnica utilizada para baratear os custos, onde a 
regra nas gráficas era pegar uma folha e dobra-la quatro vezes, cortar a página na dobra 
do meio e então fazer pequenos cadernos de oito páginas que poderiam ser juntados 
com mais cadernos, de uma folha ordinária, dobrada in-quarto e encadernada, resultam 
8 páginas. (BRASIL 2006, p. 18) 
Figura 6 
 
Fonte: https://www.tutorbrasil.com.br/forum/viewtopic.php?t=24124. 
 
USO DO CORDEL EM SALA DE AULA 
 
 A literatura de folhetos produzida no Nordeste brasileiro desde o final do século 
XIX coloca homens e mulheres pobres na posição de autores, leitores, editores e críticos 
https://www.tutorbrasil.com.br/forum/viewtopic.php?t=24124
de composições poéticas, pois gente com pouca ou nenhuma instrução formal envolve-
se com o mundo das letras, seja produzindo e vendendo folhetos, seja compondo e 
analisando versos, seja lendo e ouvindo narrativas. (ABREU 1999, p.36) 
 Galvão (2002) destaca que: 
Muitos estudos realizados sobre literatura de Cordel no Brasil 
apontam o papel dos folhetos na alfabetização de um 
significativo número de pessoas, por terem muito interesse nas 
histórias do Cordel eram levadas a aprender a ler, para que 
soubessem o que estava escrito e poder repassar essa leitura e 
interpretação para as pessoas que as cercavam. 
 
 O uso da Literatura de Cordel na sala de aula como incentivo à leitura, se faz 
necessário atrair a atenção dos alunos para a leitura, visando o desenvolvimento pelo 
prazer de ler, a ter uma aproximação maior com os livros, usando o Cordel como ponto 
de partida para causar interesse pela busca de novos tipos literários, onde na leitura está a 
boa interpretação, boa escrita e facilidade em se expressar oralmente, onde a leitura precisa ser 
incentivada e exercitada continuamente para que possa tornar-se concreto. 
Interpretar é atribuir, explicar sentido, ao passo que compreender é 
saber como produzir sentido, é perceber as intenções. Ao 
considerarmos o sujeito inserido em formações discursivas que são 
determinadas sócio historicamente, entendemos que sujeito e sentido 
se constituem reciprocamente. Assim, para interpretar e compreender, 
acionamos outros discursos, buscamos outras vozes, contamos com 
outros textos, mobilizamos diferentes posições ideológicas, 
conhecemos diferentes gêneros textuais. O que estamos defendendo é 
que ler não se resume a decodificar e buscar informações. 
(CRISTÓVÃO e NASCIMENTO 2006, p. 45) 
 
 A Literatura do Cordel permite aos professores que trabalhem a diversidade em 
sala auxiliando no desenvolvimento das competências da leitura, pois a literatura 
cordeliana aborda os mais diversos temas, na qual mostra o vigor cultural do Cordel 
como ferramenta para didática na educação. 
O professor que lida com textos e depende dos textos para ensinar os 
conteúdos das respectivas disciplinas precisa conscientizar-se de que, 
também ele, ensina o aluno a ler e a escrever. Compete-lhe, portanto, 
independentemente da área de conhecimento em que atue, alertar e 
orientar seus alunos para a adequação e a justeza da expressão verbal, 
pelo menos no que se refere à consistência do raciocínio e à 
propriedade de sua formulação no texto. Esta propriedade envolve os 
recursos de incorporação /apropriação da fala alheia (citações, 
referencias, retextualizações), o vocabulário,a pontuação, os meios de 
conexão e de encadeamento das orações, períodos e parágrafos, entre 
outras coisas. (AZEREDO 2005, p. 41) 
 
 Para Lima o uso do cordel como uma potencial ferramenta auxiliar do processo 
de ensino-aprendizagem permite aos professores trabalharem novas habilidades e 
fortalecer alguns saberes sintonizados com as novas demandas educacionais, na escola, 
onde a literatura de cordel se revela bastante interessante no que tange à diversificação 
textual, ao trabalho com artefatos estéticos, ao contato com a oralidade, ao exercício da 
criatividade, à percepção da riqueza e à pluralidade cultural brasileira. (LIMA 2013, p. 
134; 138) 
o texto em versos possui uma dimensão lúdica e um componente de 
musicalidade ainda mais forte do que os textos em prosa. Além disso, 
a rima, a métrica e a sonoridade transformam o poema em um 
instrumento facilitador da memorização, auxiliando o aluno a reter o 
texto lido ou ouvido. (LIMA 2013, p. 135) 
 
 Conforme Luckesi (2002) a ludicidade e o estado lúdico permitem aos 
educandos transcenderem a um estado de consciência que os convidam a vivenciar 
experiências importantes para seu desenvolvimento, trabalho com textos em que os 
levem a interagir com um mundo imaginário, relacionando com elementos do cotidiano, 
os aprendizes de leitores poderão relacionar essas narrativas a elementos do meio sócio 
cultural, tornando-se, dessa forma, uma leitura tanto atrativa quanto significativa. Essa 
leitura lúdica, significativa e mediadora do reconhecimento do elemento sócio cultural 
pode ser percebida, por exemplo, em cordéis com viés cômico. Tais obras, as quais se 
acham vinculadas à tradição de fabular presente nos contos tradicionais e ao rico filão 
das histórias de Trancoso, muitas vezes começam se referindo a uma era mítica, um 
tempo “em que os bichos falavam”. 
 Trabalhar com tais obras permitem trabalhar junto aos educandos “a aquisição 
do saber, a boa disposição para com o próximo, o afinamento das emoções, a 
capacidade de penetrar nos problemas da vida, o senso da beleza, a percepção da 
complexidade e do mundo dos seres, o cultivo do humor”. (CÂNDIDO 1995, p. 249) 
Nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), a escola deverá atuar na construção 
cidadã, na necessidade de que sejam assumidas práticas que permitam a comunidade se 
reconhecer culturalmente, em que a escola deve buscar: 
a valorização da cultura de sua própria comunidade e, ao mesmo 
tempo, buscar ultrapassar seus limites, propiciando às crianças 
pertencentes aos diferentes grupos sociais o acesso ao saber, tanto no 
que diz respeito aos conhecimentos socialmente relevantes da cultura 
brasileira no âmbito nacional e regional como no que faz parte do 
patrimônio universal da humanidade. O desenvolvimento de 
capacidades, como as de relação interpessoal, as cognitivas, as 
afetivas, as motoras, as éticas, as estéticas de inserção social, torna-se 
possível mediante o processo de construção e reconstrução de 
conhecimentos. Essa aprendizagem é exercida com o aporte pessoal 
de cada um, o que explica por que, a partir dos mesmos saberes, há 
sempre lugar para a construção de uma infinidade de significados, e 
não a uniformidade destes. Os conhecimentos que se transmitem e se 
recriam na escola ganham sentido quando são produtos de uma 
construção dinâmica que se opera na interação constante entre o saber 
escolar e os demais saberes, entre o que o aluno aprende na escola e o 
que ele traz para a escola, num processo contínuo e permanente de 
aquisição, no qual interferem fatores políticos, sociais, culturais e 
psicológicos. (BRASIL 2006 p. 34) 
 
 Ana Cristina Marinho e Hélder Pinheiro (2012) ressaltam que a “leitura de 
cordéis para crianças e/ou com as crianças em sala de aula amplia o repertório infantil 
de convivência com bichos e, sobretudo, sua capacidade de brincar com os ritmos da 
língua e os voos da fantasia”. (MARINHO; PINHEIRO 2012, p. 61) 
 Galvão (2000) em sua pesquisa realizada em Recife foram letrados com o 
folheto de cordel, saindo da situação de letramento e se alfabetizando e muitos deles 
chegam ao estado de alfabetismo
9
 e sobre a importância educativa do cordel, Galvão 
explica que a leitura e a audição de folhetos também cumpriam, assim, um papel 
“educativo”, em uma sociedade caracterizada pelo indice de analfabetismo, poucas 
escolas públicas e pela mal funcionamento das escolas existentes, então na maioria das 
vezes por meio da memorização e decodificação dos poemas, as pessoas aprendiam a ler 
e desenvolviam suas competências de leitura. (GALVÃO 2000, p. 507) 
 Compreende-se no ato da leitura há o desenvolvimento da capacidade de 
compreender o que leu e, a partir da leitura interagir em práticas sociais de um ambiente 
letrado, no estado de alfabetismo possibilita aos sujeitos sociais a compreensão do 
contexto, dando-lhes autonomia e perspectiva de rupturas nas relações de poder. 
Na perspectiva radical, “revolucionária” as habilidades de leitura e 
escrita não são vistas como neutras, são habilidades a serem usadas 
em práticas sociais, quando necessário, mas são vistas como um 
conjunto de práticas socialmente construídas envolvendo o ler e o 
escrever, configuradas por processos sociais mais amplos e 
responsáveis por reforçar ou questionar valores, tradições e padrões de 
poder presentes no contexto sociais. (SOARES 2003, p. 35) 
 
 Outro importância da literatura de cordel é a função de auxiliar na alfabetização, 
sabe-se que nordestinos aprenderam a ler deletreando esses livrinhos de feira, através de 
outras pessoas alfabetizadas, pois esssas cartilhas de alfabetização eram poucas e não 
chegavam gratuitamente ao homem rural e o folheto de cordel cumpria então missão 
social. (MELO, 1982, p. 08) 
 Conforme Galvão, nos descreve uma cena curiosa, ocorrida na tipografia do 
poeta e editor Manoel Camilo dos Santos, em 1958, em Campina Grande-PB, 
presenciada pelo escritor Orígenes Lessa, na cena da menina alfabetizada com cordel 
 
9
 processos fundamentais de ler e escrever 
que lê para a avó, que fortalece a importância das potencialidades educativas da poesia 
popular narrativa. 
Uma senhora idosa – “os lábios murchos, sem dente escorando, o 
braço enfiado na alça da cesta de compras não muitas” – entrou na 
tipografia – com “o olhar deslumbrado posto nos folhetos” – 
acompanhada de uma menina de oito a dez anos, e pediu ao poeta uma 
indicação de um romance para comprar. Depois que saíram com o 
livreto indicado, ele comentou: “ – Não se alembra do que eu tava 
dizendo? Ela gosta é de ouvir. Quem lê é a bichinha. Aprendeu a ler 
em folheto, a danada...”. (LESSA, apud GALVÃO 2000, p. 304) 
 
 Entende-se que ao ter acesso à educação formal, essas pessoas leitoras ou 
ouvintes de cordel, traziam consigo um conhecimento prévio, onde alguns já lendo e 
escrevendo, ou seja, traziam um nível de letramento ou prática de leitura superior ao que 
era proporcionado aos mesmos no ano escolar que fora matriculado, em que a criança 
ao chegar à escola traz consigo conhecimentos prévios resultantes das interações com o 
meio cultural. 
 
 
3. MATERIAIS E METODOS 
 
 A pesquisa feita qualitativa bibliográfica, por meio de análise de conteúdo de 
folhetos, PCN e obras de autores como ..... para conceituar e caracterizar a Literatura 
de Cordel e a sua importância em sala de aula do desenvolvimento dos alunos, onde 
será divivido em partes: a primeira etapa apresentará a fundamentaçao teórica com a 
história da literatura de cordel e suas características com a adição de figuras de cordel, 
na segunda etapa os materiais e métodos utilizados e por fim resultados e discussões a 
respeito do uso do cordel em sala de aula, ou seja, considerações e conclusõesque se 
defende nessa pesquisa, pautado em pesquisas realizadas por autores. 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES 
 
4.1 História Da Xilografia 
 
 Para Costella (2003) diz que os chineses já faziam xilogravuras há mais de 
mais de mil e quinhentos anos e, que primeiramente usavam a xilogravura para 
confeccionarem cartas de baralho, orações budistas e até imprimir dinheiro. No Japão a 
xilogravura era utilizada para estampar talismãs, no ano de 770”. A arte xilográfica 
impressa em papel iniciou-se por volta do século XIV e XV e começaram a ser 
produzidas em grande quantidade: xilogravuras de santos, baralhos, persistindo em solo 
europeu até mais ou menos o século XIX, quando os franceses tiveram contato com as 
gravuras japonesas. 
Na Borgonha, próximo a Dijon, França, foi encontrado um fragmento 
de uma matriz xilográfica que é considerada mais antiga da Europa. 
Sua data, segundo se presume, situa-se entre 1370 e 1380. Retrata, 
sem dúvidas, a crucificação de Cristo, embora na parte encontrada, 
seja visto, na madeira apenas o entalhe de um braço da cruz, três 
soldados trajados à moda medieval e um texto em latim. A legenda 
latina não deixa dúvidas a respeito da cena. Traduzida, informa: “este 
era o verdadeiro filho de Deus”. (COSTELLA, 2003 p.12) 
 
 O uso da imagem com os textos escritos possibilitou o aproveitamento do livro 
feito em xilografia pelos não alfabetizados, que graças às gravuras tiveram a 
oportunidade de compreender facilmente a narrativa, mesmo sem o conhecimento das 
letras. O valor dos livros xilográficos fica bem evidenciado através da ‘Bíblia 
pauperum’ (Bíblia dos pobres), na Europa, essa obra teve várias edições em xilogravura 
no século XV. 
 
Em suas páginas veem-se no quadro central, uma passagem da história 
de Jesus e, no entorno, cenas inspiradas pelo Velho Testamento, de tal 
modo que os ensinamentos religiosos respectivos podem ser 
acompanhados, graças às imagens, até por um analfabeto. 
(COSTELLA, 2003 p.18) 
 
 Cita-se que a primeira manifestação do ato de gravar no Brasil o uso do 
carimbo corporal pelos indígenas. Feito em madeiras brandas, como a aroeira e o cedro 
ou de objetos naturais como o fruto do babaçú, taquara ou bambú. Eram aplicados ao 
corpo e em peças de indumentária, utilizando-se de tintas vegetais feitas com o urucum, 
o jenipapo, carvão vegetal e minerais como a tabatinga, formando sinais e desenhos 
ornamentais ou rituais. (COSTELLA 1984, p.83) 
 Na xilogravura o uso nos "cabeções" de jornais e pequenas ilustrações de 
anúncios comerciais. Para Costella (1984) “a ilustração de faturas e outros papéis 
comerciais, ou de publicidade e matérias jornalísticas foi o destino principal, quase 
exclusivo, de toda a xilogravura brasileira do século X/X”. 
 A xilogravura, arte de gravar em madeira é o objeto dá movimento e se 
apropria como um dos elementos no conjunto desta linguagem, possibilitando que seu 
significado se apresenta como fenômeno dos mais singulares e relevantes da cultura do 
povo nordestino. (LOPES 1982, p. 7) 
 Os nordestinos analfabetos encontraram nos folhetos de cordel a descoberta 
dos significados da linguagem escrita. E um dos aspectos de imensa importância da 
Literatura de Cordel é a xilogravura, com estampadas nas capas dos folhetos de cordel, 
em que as gravuras podem ser analisadas à parte, para que haja entendimento de sua 
ligação e complementação no resultado final dos folhetos. 
A literatura de cordel é tudo isso e muito mais. É o acontecimento da 
cultura brasileira que vem sendo questionado em universidades – no 
país e no exterior – em simpósios, seminários, conferências em nossos 
centros culturais. Há vivo interesse pelo cordel na própria chamada 
opinião pública, que acompanha, paralelamente o que ocorre no país e 
no mundo através dos folhetos ou na apresentação de cantadores pela 
televisão, no noticiário do dia-a-dia (LOPES 1982, p.9) 
 
 
 4.2 O Uso da Xilografia no Cordel 
 
 A arte da xilogravura é um dos métodos mais antigo utilizados na etnologia, onde 
os ancestrais utilizavam como instrumentos para anotação de seus registros, usando 
como instrumentos pedra, madeira e outros objetos. Valendolf e Toscan (2013) diz que 
“é considerada também como um simples carimbo que pode ser confeccionado com 
uma variedade de materiais alternativos.” Conforme a técnica rupestre
10
 as expressões 
artísticas foram descritas em madeiras, principalmente nos troncos de árvores, peças ou 
pedaços de madeiras, pois não havia outro material que servisse para esculpir os 
desenhos. 
A xilogravura surge no cordel como uma forma de atingir o público 
não letrado. Suas matrizes de madeira (advinda do cajá, arvore 
frutífera abundante na região) forma base para a gravação de imagens 
de aspecto ingênuo, visto seus produtores não possuírem formação e 
erudição acadêmica (MONTEIRO e PIRES, 2013, p. 4) 
 
 Esse método é desenvolvido artesanalmente em que as matrizes de impressão 
são esculpidas em madeira, onde as madeiras logo após serem esculpidas com a figura 
desejada, funcionam como carimbo no processo da impressão e alguns cordelistas 
fazem a xilogravura de seus próprios folhetos sendo passada de geração em geração. 
A ilustração de obras literárias é geralmente concebida como reforço, 
complemento ou suplemento do texto ornamento do livro que uma 
nova edição, do tipo econômico ou de bolso, poderá suprimir sem 
contudo mutilar o texto, nem modificar a sua significação. Do mesmo 
modo, na literatura de folheto, a imagem não é sentida como parte 
integrante do texto, como o comprovam os numerosos folhetos que 
por motivos de economia, reutilizam xilogravuras antigas, concebidas 
para outros textos, lembrando a prática das folhas volantes 
informativas, na França dos séculos XV e XVI (Seguin, 1958,35). 
Contudo, qualquer que seja a distância da imagem ao texto, esta é 
preenchida e de certo modo, anulada pela imaginação do leitor que 
 
10
 desenhos que eram esculpidos nas paredes de cavernas. 
recebe o folheto como um todo: imagem mais texto. É a este conjunto 
inseparável que se referem os escritores armoriais. (SANTOS 1999, p. 
217) 
 
 Conforme o livro Gravura Oficina em Rede lançado pela Secretaria de Cultura do 
Governo do Ceará (SECULT, 2009/10), existe um procedimento metodológico e linear 
necessários para a criação de peças em xilogravura, conforme as figuras 7,8 e 9 deve-se 
lixar a chapa de madeira até que fique totalmente plana, logo deve planejar e esboçar o 
desenho em uma folha de papel para que só depois deve transferir para a prancha com o 
cuidado de marcar as áreas onde a tinta será aplicada na área entalhada. Após esses 
procedimentos, inicia-se o processo de gravação do desenho na placa de madeira ou 
matriz, com as goivas e formões, que são ferramentas especificas dessa técnica. 
 
 
Figuras 7,8 e 9 
 
Fonte: https://isasoulblog.wordpress.com/2016/08/23/xilogravura-nordestina/ 
 
 Em um estudo feito em 1979, no Rio de Janeiro e apresentado no livro 
Folclore Brasileiro, Cáscia Frade acentua: 
A maioria dos cordelistas adotou técnicas mais comuns aqui, como os 
desenhos a bico-de-pena, os clichês e a serigrafia; outros, mais 
tradicionalistas, remetem seus textos originais a gráficas nordestinas 
especializadas, que providenciam a xilogravura adequada. As mais 
procuradas situam-se em Guarariba na Paraíba. (FRADE 1979, p.29) 
 
 
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