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SILVICULTURA PROF. RICARDO TAYAROL MARQUES Setor de Ensino a Distância Barbacena – MG 2 SUMÁRIO Conversa Inicial .............................................................................................................. 4 Introdução ....................................................................................................................... 5 O Setor Florestal Brasileiro.............................................................................................. 6 I. Histórioco...................................................................................................................... 6 II. Números do setor florestal........................................................................................... 7 Produtos Florestais.......................................................................................................... 8 Escolha da Espécie Florestal. ...................................................................................... 10 Principais Espécies Florestais Plantadas no Brasil....................................................... 11 Espaçamento de Plantio................................................................................................ 13 I. Desbaste..................................................................................................................... 14 Produção de Mudas Florestais...................................................................................... 17 I. Propagação sexuada (sementes florestais)............................................................... 17 II. Propagação vegetativa (estacas).............................................................................. 21 III. Viveiros florestais..................................................................................................... 24 IV. Pragas e doenças de viveiros florestais................................................................... 33 V. Dança das mudas...................................................................................................... 34 VI. Poda das mudas...................................................................................................... 34 VII. Rustificação, seleção e expedição das mudas....................................................... 35 Implantação Florestal.................................................................................................... 36 I. Talhonamento............................................................................................................. 36 II. Limpeza da área....................................................................................................... 37 III. Combate às formigas............................................................................................... 40 IV. Preparo do solo........................................................................................................ 42 Plantio Florestal............................................................................................................. 45 I. Adubação de base...................................................................................................... 45 II. Aplicação de cupinicida e de fosfato monoamônio (MAP)........................................ 46 III. Plantio....................................................................................................................... 47 IV. Adubação de NPK.................................................................................................... 50 3 V. Aplicação de herbicida pré-emergente...................................................................... 50 VI. Irrigação do plantio................................................................................................... 51 VII. Replantio................................................................................................................. 51 VIII. Ronda às formigas................................................................................................. 52 IX. Controle da competição com plantas invasoras....................................................... 52 X. Adubação de KCl....................................................................................................... 53 XI. Combate ás formigas............................................................................................... 53 XII. Controle de pragas.................................................................................................. 53 XIII. Controle de doenças.............................................................................................. 54 XIV. Desrama................................................................................................................. 54 Proteção Florestal.......................................................................................................... 55 I. Prevenção de incêndios florestais.............................................................................. 57 II. Combate aos incêndios florestais.............................................................................. 58 Noções de Inventário Florestal...................................................................................... 61 I. Sistemas de medidas usados na mensuração florestal............................................. 61 II. Medições usuais........................................................................................................ 62 Colheita Florestal........................................................................................................... 65 Bibliografia..................................................................................................................... 70 4 CONVERSA INICIAL Caro estudante, Você que está matriculado no curso técnico em Agropecuária. Cuja formação profissional é voltada para atividades de produção vegetal, criação de animais e industrialização destes produtos. Visando a produção de alimentos e bens de consumo para o ser humano. Dentro das perspectivas de proporcionar ao produtor rural, uma nova alternativa de produção e consequentemente uma nova fonte de renda para a propriedade rural, nos temos a produção de madeira e/ou outros produtos florestais. Atualmente com a pressão exercida sobre os recursos naturais, principalmente as florestas nativas, que levou ao poder público a criar mecanismos (leis) para restringir a utilização destes recursos naturais, aliado ao crescente consumo de madeira para os mais diversos fins. As atividades florestais com base em florestas plantadas se tornaram muito importante para a economia do país. Por isto a inclusão da disciplina Silvicultura no currículo do curso técnico em Agropecuária é de grande importância. Pois como profissionais das ciências agrárias, devemos pensar que as atividades de cultivo de florestas, quer seja de espécies exóticas ou de espécies nativas tem se tornado um bom investimento. Tanto para empresas de base florestal, como para os produtores rurais. Quer seja através da execução de plantios com recursos próprios ou por parcerias com as empresas florestais, o que chamamos de fomento florestal. Tornando-se uma forma de diversificação da produção de sua propriedade rural, visando à obtenção de uma fonte de renda alternativa. Foi por isto que a disciplina silvicultura foi incluída no currículo do curso de técnico em agropecuária e tem como objetivo que você, ao final do estudo desta disciplina, você esteja apto para trabalhar com: Produção de mudas de espécies floreteais; Realizar a implantação de povoamentos florestais com as mais diversas finalidades de produção de madeira e demais produtos florestais; Acompanhar a condução e o manejo dos povoamentos florestais até o seu ciclo de corte (colheita florestal); Coleta de dados de dendrometria e inventário florestal; Esperamos que esse trabalho promova expectativas, contribuindo para que tenhamos a Educação Ambiental atuante, crítica e consciente! Vamos então dar início à nossa jornada. A você, muito sucesso nesta nova etapa do curso! 5 INTRODUÇÃO O consumo de madeira é cada vez maior, com isto tem-se exercido muita pressão sobre as florestas nativas brasileiras, tivemos grande pressão sobre os biomas da mata atlântica e posteriormente do cerrado, o que causou uma grande devastação destes biomas, atualmente temos a expansão das atividades agrícolas em direção a região amazônica, ameaçando este importante bioma brasileiro. Com isto tem-se aumentado as restrições a utilização das florestas nativas, contudo a necessidade de madeira para o atendimento das diversas necessidades da sociedade. Tornando-se para isto necessário a realização de plantios florestais com variadas espécies florestais para o atendimento das demandas da sociedade. Atualmente estes plantios, principalmente de Eucalipto e Pinus apresentam grande importância para a economia brasileira, onde temos em destaque as indústrias de celulose e papel, siderurgia de carvão vegetal, painéis de madeira, etc. Com isto tivemos muitas pesquisas em relação os aspectos silviculturais, destas espécies tornando o nosso país referência na cultura do Eucalipto. O que foi conseguido com muito trabalho em seleção de espécies, melhoramento genético, clonagem, fertilização mineral e desenvolvimento de técnicas silviculturais. O que tem levado a um grande aumento na área plantada com florestas pelas empresas de base florestal quer seja em área própria ou em parcerias com produtores rurais (fomento florestal ou arrendamento de terra). E ainda, atraindo inúmeros produtores rurais para realização de plantios florestais com recursos próprios. Fazendo crescer a área plantada com florestas de produção. Atualmente cresce a procura por plantios florestais visando o fornecimento de madeira para serraria, com madeiras nobres. Muitas pessoas tem procurado o investimento na área florestal, na expectativa de altas rendas com o plantio de Teca, Cedro Australiano, e atualmente o Mogno Africano. Com isto espera-se que ocorra um aumento nas pesquisas sobre a silvicultura destas espécies exótica. Assim como de outras espécies, principalmente nativas que podem se tornar boas fontes de renda para os produtores no futuro. Com isto cria-se um grande campo de trabalho para os profissionais das áreas de ciências agrarias e florestais para desenvolver trabalhos nas áreas de produção de mudas, melhoramento genético, técnicas silviculturais, nutrição florestal, controle de pragas e doenças, técnicas operacionais em colheita florestal e Ambiência. Onde existe um grande campo para o desenvolvimento de novas ideias, que vai alavancar melhoras no nosso setor florestal. 6 O SETOR FLORESTAL BRASILEIRO I. Histórico. A atividade florestal no Brasil é desenvolvida desde o tempo do descobrimento, sendo a primeira grande atividade comercial da colônia, com a extração e comercialização do Pau-Brasil (Caesalpinia echinata) usado para obtenção de um corante vermelho (brasilina) usado na indústria de tinturaria na Europa. Sendo desenvolvida nas proximidades do litoral no bioma da Mata Atlântica. Com a necessidade de abertura de novas frentes para a agricultura e pecuária, e com a descoberta de novas espécies com valor comercial as florestas foram ficando cada vez mais distantes dos centros de consumo, com grande degradação do bioma Mata Atlântica. Com o advento da revolução industrial na Europa, a extração do látex da seringueira (Hevea brasiliensis), visando a produção de borracha na região amazônica tornou-se uma atividade rentável, que ajudou no desenvolvimento desta região e criou o ciclo econômico da borracha (1879 – 1912), este ciclo declinou-se devido a grande produção de borracha em plantações realizadas pelos Ingleses na Malásia. Devido à falta de madeira nas proximidades dos grandes centros econômicos do país, por volta de 1900, iniciou-se o plantio de espécies exóticas em plantios comerciais, como o Pinus no sul do Brasil e o Eucalipto introduzido em São Paulo por Navarro de Andrade, visando a produção de lenha para as estradas de ferro. Logo os plantios de Eucalipto se estenderam para o estado de Minas Gerais (Melhoramento e Belgo Mineira). Na década de 60 tivemos grandes ações no setor florestal, onde podemos destacar: em 1960 foi criado o primeiro curso de Engenharia Florestal do país na Universidade Federal de Viçosa – MG que em 1963 foi transferido para a Universidade Federal do Paraná em Curitiba – PR, em 1965 foi instituído o novo Código Florestal (Lei Federal n° 4.771/65) para legislar sobre os recursos florestais e demais formas de vegetação do país, no ano de 1966 o governo federal criou a lei dos Incentivos Fiscais ao Reflorestamento (Lei Federal n° 5.106/66) onde as empresas podiam abater até 50% do valor do imposto de renda devido, para aplicar em projetos de florestais. Sendo que em 1988 os Incentivos Fiscais ao Reflorestamento foram extintos devidos às deficiências técnicas na instalação dos projetos e a distorções na aplicação dos recursos disponíveis. Nas décadas de 70 e 80 iniciou-se um grande desenvolvimento técnico do setor florestal, alavancado pelo crescimento da indústria de base florestal nas áreas de 7 celulose e papel, siderurgia, painéis de madeira e serrados. Da década de 90 em diante ocorreu à abertura das importações que proporcionou a um grande processo de mecanização nas atividades de colheita florestal, as técnicas de melhoramento e clonagem aliado ao avanço dos processos de silviculturais permitiram chegar a níveis de referência mundial na produção de florestas de Eucalipto. II. Os números do setor florestal. Segundo dados da ABRAF (2011), o Brasil possui uma área territorial de 851,4 milhões de hectares, sendo que deste total 477,7 milhões de hectares correspondem a vegetação natural. As florestas plantadas no Brasil atingem um total de 6,961 milhões de hectares no ano de 2010, ou seja, 0,81% do território nacional, que são assim divididos. ESPÉCIE Área (ha) % Eucalipto 4,743 milhões 68,2 Pinus 1,756 milhões 25,2 Outros 0,462 milhões 6,6 * TOTAL 6,961 milhões 100 * Acácia, Seringueira, Paricá, Teca, Araucária, e outras. O setor de base florestal tem participação significativa no Produto Interno Bruto (PIB), representando 3,4% do PIB nacional, ou seja, U$ 44,6 bilhões. Sendo que as exportações do setor de base florestal são de U$ 9,1 bilhões, correspondendo a 5,6% das exportações brasileiras. Sendo os principais responsáveis o segmento de celulose e papel (52%) e madeira (36%). Os empregos gerados na cadeia produtiva florestal são da ordem de 8,6 milhões. Os plantios florestais realizados pelas empresas associadas da ABRAF em 2010 foram da ordem de 361 mil hectares, sendo 73% em área própria, 15% em áreas de fomento florestal e 12% em áreas arrendadas. Sendo que o estado de Minas Gerais apresenta a maior área de cultivo florestal do país com uma área plantada de 1.536.310 ha de florestas, destacando-se o cultivo de Eucalipto (1.400.000 ha) e Pinus (136.310 ha). Sendo seguido pelos estados de: São Paulo (1.206.818 ha), Paraná (847.931 ha), Bahia (658.034 ha), Santa Catarina (647.992 ha), Rio Grande do Sul (441.997 ha) e Mato Grosso do Sul (392.042 ha). Nestes estados estão situadas as unidades industriais de transformação e utilização da madeira (indústrias de celulose, siderúrgicas, indústrias de painéis de madeira e serrarias). Com a dificuldade para aquisição de terras na região centro sul tem incentivadoa abertura de novas frentes de implantação florestal nos estados do Mato Grosso do Sul, Pará, Maranhão e Piauí. 8 PRODUTOS FLORESTAIS As árvores e suas formações florestais podem fornecer vários produtos para o ser humano, que de modo geral são apresentados na figura a seguir: Dentro dos produtos que podem ser obtido das árvores nos temos os que podem gerar valores financeiros, ou seja, trazer lucro para os produtores, que são os seguintes: MADEIRA (Serrada, painéis, chapas, etc.); CELULOSE E PAPEL; CARVÃO VEGETAL; LENHA; POSTES E MOURÕES; PRODUTOS FLORESTAIS NÃO MADEIREIROS (Gomas e Resina, Fibras, Alimentos, Artesanato, etc.). 9 As árvores e formações florestais fornecem também produtos (benefícios ou serviços) que são difíceis de serem mensurados monetariamente, estes benefícios são os seguintes: PROTEÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA; RECICLAGEM DE NUTRIENTES; REDUÇÃO DA POLUIÇÃO DO AR; LAZER E RECREAÇÃO; FUNÇÕES CLIMÁTICAS; FIXAÇÃO DE CARBONO; BIODIVERSIDADE. 10 ESCOLHA DE ESPÉCIES FLORESTAIS Ao se decidir realizar um reflorestamento, vamos deparar com uma decisão básica, que é a escolha da espécie que vamos plantar. Para tomada desta decisão, devem-se cuidadosamente considerar o objetivo do plantio, as condições do clima e de solo da região e a espécie desejada. Durante a fase de planejamento de um projeto de florestamento ou reflorestamento a escolha da espécie tem sido uma das principais preocupações dos silvicultores, pois conforme a sua decisão pode-se ter o sucesso ou insucesso do empreendimento realizado. Como base para a seleção de espécie florestal para plantio comercial, devemos seguir os seguintes passos: 1. Finalidade do plantio. 2. Clima e solo do local do plantio. 3. Conhecimentos silviculturais sobre a espécie selecionada. 4. Produtividade do plantio. 5. Rentabilidade da espécie. 6. Disponibilidade de sementes melhoradas ou mudas clonais. 11 PRINCIPAIS ESPÉCIES FLORESTAIS PLANTADAS NO BRASIL No Brasil existe uma variedade de espécies nativas muito grandes, que no sistema de produção florestal extrativista fornece madeira para diversas utilizações, assim como fornece diversos produtos não madeireiros. Com as restrições da exploração das florestas nativas a não ser através do manejo florestal as madeiras de espécies nativas estão cada vez mais caras e escassas no mercado. Por isto tem se os plantios florestais visando a produção de madeira e outros produtos florestais não madeireiros. Por diversos fatores como facilidade de sementes, conhecimento da silvicultura da espécie, ciclo de produção mais curto, resistência a pragas e doenças, etc. Deu-se preferência ao plantio das espécies exóticas, contudo atualmente tem-se procurado o plantio de espécies nativas para produção de madeira de alto valor comercial. As principais espécies florestais plantadas no Brasil são as seguintes: a) Eucalipto: principal espécie plantada no país é uma espécie exótica originada da Austrália e Oceania, sendo utilizado para diversos fins onde devemos destacar a produção de celulose e papel, lenha, carvão vegetal, painéis de madeira, postes, mourões, óleos etc. As principais espécies plantadas no Brasil são: Eucalyptus grandis, Eucalyptus urophylla, Eucalyptus camaldulensis, Eucalyptus saligna, Eucalyptus cloeziana, Eucalyptus pellita, Eucalyptus dunnii, Corymbia citriodora, Corymbia maculata. E Híbridos (grandis x urophylla e grandis x cloeziana). b) Pinus: segunda espécie mais plantada no Brasil, geralmente utiliza-se espécies exóticas originadas da América do Norte e Central (EUA, México, Guatemala, Nicarágua, Costa Rica, Honduras). Sendo utilizada para produção de celulose e papel, madeira serrada, painéis de madeira, resina, etc. As principais espécies plantadas no país são: Pinus elliottii var. elliottii, Pinus taeda, Pinus patula, Pinus caribaea var. hondurensis, Pinus caribaea var. caribaea, Pinus caribaea var. bahamensis, Pinus oocarpa, Pinus tecunumanii. c) Acácias: espécie exótica originaria da Austrália e Tasmânia (Acácia Negra), plantada com a finalidade de produção de tanino, serrados, lenha, painéis de madeira, celulose e papel, etc. As espécies plantadas no Brasil são: Acacia mearnsii e Acacia mangium. d) Seringueira: espécie nativa da região amazônica produtora de látex utilizado para fabricação de borracha, utilizada através do sistema extrativista na região norte é plantada de forma comercial em varias regiões do país. Espécie: Hevea brasiliensis. 12 e) Paricá: espécie nativa da região norte do Brasil, nos períodos atuais é bastante plantado nos estado do Pará, nestes plantios os silvicultores estão conseguindo realizar a colheita com seis anos, sendo a espécie nativa mais plantada no país na atualidade, sua madeira é bastante utilizada para produção de painéis de madeira (compensado e MDF). Espécie: Schizolobium amazonicum. f) Teca: espécie exótica originária da Ásia, utilizada para plantio de madeira para serraria, sendo atualmente é bastante plantada no estado de Mato Grosso. Espécie Tectona grandis. g) Araucária: espécie nativa com ocorrência na região sul e sudeste do Brasil. Também conhecida como Pinheiro do Paraná e Pinheiro Brasileiro possui uma madeira bastante usada para serraria, sendo sua semente bastante utilizada para alimentação (Pinhão). Espécie: Araucaria angustifolia. Atualmente temos observado a implantação de outras espécies florestais visando à produção de madeira como o Cedro Australiano (Toona ciliata) e o Mogno Africano (Khaya ivorensis) que são espécies exóticas cultivadas para substituir comercialmente o fornecimento de madeira para serraria das espécies nativas como o Cedro e o Mogno. 13 ESPAÇAMENTO DE PLANTIO O espaçamento de plantio florestal é a distância existente entre as árvores de uma floresta plantada, ele vai delimitar o espaço que cada árvore tem para se desenvolver num determinado sítio, sendo definido pela distância entre as linhas de plantio e pela distância entre plantas. O espaçamento delimita o espaço que as árvores terão para crescer e se desenvolver, ou seja, o espaço que terão para competir por espaço, água, luz e nutrientes. Com o espaçamento de plantio podemos realizar o cálculo do número de plantas por hectare. Como exemplo da maneira de realizar este cálculo nos temos o espaçamento de 3,0 metros entre linhas e 2,0 metros entre plantas, então para seu crescimento cada planta vai ter a disposição: Podemos destacar as seguintes relações entre o espaçamento de plantio e o desenvolvimento do plantio florestal onde temos: a) Relação espaçamento X Volume de madeira: A altura das árvores, diâmetro a altura do peito (DAP), sobrevivência das árvores e conicidade do fuste são características passíveis de alteração pelo espaçamento de plantio e que interfere tanto no volume total como no volume útil produzido pela floresta. Então o número de plantas por hectare será calculado da seguinte forma: > 3 m X 2 m = 6 m² Como 1,0 hectares, possui 10.000 m² > 10.000 m² / 6 m² = 1.666,66 plantas = 1.667 plantas/ha 14 b) Relação espaçamento X Idade de corte: O espaçamento e a idade de corte (rotação) do povoamento estão intimamente relacionados, ou seja, plantios com espaçamentos menores normalmente exigem ciclos de corte mais curtos, pois a competição entre as plantas ocorre mais precocemente, antecipando a estagnação do crescimento do povoamento. c) Relação Espaçamento X Práticas culturais: O espaçamento esta intimamente relacionado com as práticas culturais e silviculturais, pois quando usamos espaçamentosmenores, vamos ter um custo de implantação maior. Ao passo que o custo com manutenção será maior. Com espaçamentos maiores vamos ter um custo de implantação menor e um custo de manutenção maior. Na atividade de colheita florestal a questão do espaçamento pode influenciar no rendimento e escolha de equipamentos. Assim como as atividades mecanizadas podem danificar as cepas e prejudicar a rebrota (Eucalipto). d) Relação Espaçamento X Qualidade da madeira: Em espaçamentos mais amplos as dimensões das toras são favorecidas, mas a influência do espaçamento na qualidade da madeira ainda é pouco conhecida. O espaçamento influencia na quantidade e tamanho dos galhos, que vai influenciar na qualidade da madeira pela presença de nós, que vão desvalorizar a madeira para diversas finalidades, sendo necessária a realização da operação de desrama. As árvores plantadas em espaçamentos amplos apresentam um maior crescimento em diâmetro do que as plantadas em espaçamentos estreitos, sendo que em determinada idade, elas terão galhos mais grossos, maior conicidade do tronco e copas mais extensas. Uma prática de manejo florestal adotada visando a produção de madeira mais grossa para são a realização dos desbastes. I. Desbaste. O desbaste é a redução do número de árvores que crescem num determinado povoamento, de modo a condicionar a competição das árvores restantes por mais espaço, luz e nutrientes para o seu desenvolvimento. 15 A atividade de desbaste assenta-se sobre uma classificação de árvores que indicam quais ficam no povoamento e quais serão removidas, segundo a classificação inglesa da “Forestry Commission” temos os seguintes grupos de árvores: Embora existam na literatura vários tipos ou métodos de desbastes (por baixo, pelo alto, seletivo e sistemático) uma classificação simples e aceita mundialmente é a seguinte: a) Desbaste Sistemático: onde as árvores são removidas de acordo com um sistema que não permite consideração sobre a qualidade das árvores, geralmente são retiradas através de linhas de plantio. Onde: A - Dominantes; B - Codominantes; C - Intermediárias ou Subdominantes; D - Dominadas; E – Mortas. 16 b) Desbaste Seletivo: as árvores são removidas segundo algum critério de seleção pré-definido, sendo comum à remoção inicial de árvores suprimidas e dominadas. c) Desbaste Misto: ocorre quando são utilizados os desbastes sistemáticos e seletivos na mesma operação. Uma decisão importante é definir a época de realizar o desbaste, sendo que muitas vezes a decisão sobre a execução dos desbastes é realizada de forma empírica, sendo determinada após um período de tempo que as copas estão se tocando. Tecnicamente, o melhor momento para se realizar o desbaste é antes do inicio da estagnação do crescimento do povoamento. Para obtermos esta informação devemos ter uma rede de parcelas permanente do inventário florestal contínuo. A forma mais simples de calcular o momento de se realizar o desbaste da floresta e que através dos dados de inventário florestal podemos calcular o Incremento Médio Anual (IMA) e o Incremento Corrente Anual (ICA), e acompanhar estes índices no momento em que o ICA passar a ser menor que o IMA e o ano para intervenção na floresta. O IMA é calculado através do volume total de madeira do povoamento dividido pela idade em anos do mesmo. Sendo o ICA calculado pela diferença de volume do povoamento de um ano para o outro. 17 PRODUÇÃO DE MUDAS FLORESTAIS Para realização das atividades de florestamento e reflorestamento é necessária a produção de mudas florestais, tendo em vista que para formação dos povoamentos florestais se utiliza do sistema de alto fuste onde os plantios são realizados através do plantio de mudas florestais. As mudas florestais podem ser formadas através de propagação sexuada (sementes florestais) e propagação vegetativa. I. Propagação sexuada (sementes florestais). A semente é resultado da fecundação do óvulo das flores por grãos de polens, trazidos pelo vento, insetos, pássaros, etc. Apesar da evolução das técnicas de propagação vegetativa (estaquia, micropropagação e cultura de tecidos) as sementes são de grande importância para propagação das espécies florestais onde podemos citar: as espécies nativas (Mogno, Paricá, Guanandi, Cedro, etc.); Pinus; Acácia; Cedro Australiano. E ainda em programas de melhoramento genético de Eucalipto. As sementes florestais são obtidas de árvores, sendo que a produção de sementes pode ser influenciada pelos seguintes fatores: Maturidade da planta; Exposição da copa; Condições de solo; Vigor da árvore; Hereditariedade; Competição entre plantas; Clima; Pragas e doenças. As sementes podem ser coletadas em caso de povoamentos comerciais, de acordo com o grau de melhoramento genético, em: área de coleta de sementes (ACS), área de produção de sementes (APS) e pomar de produção de sementes (PS). Já no caso de coleta de semente em matas nativas em matrizes, o número de árvores e a distribuição das árvores que serão utilizadas como matrizes são extremamente importantes. A coleta de sementes em uma ou poucas árvores, localizadas próximas umas das outras, tende a restringir a diversidade genética, podendo, no futuro, resultar em problemas de conservação da espécie na floresta que foi plantada. Assim recomenda-se, para cada espécie, coletar sementes de, no mínimo, 18 12 a 15 árvores, se possível, de diferentes fragmentos florestais ou, de árvores distantes umas das outras, no caso de grandes remanescentes florestais. As matrizes devem ter bom forte, forma e estado fitossanitário. As características que a árvore matriz deve apresentar dependem da finalidade a que se destina a semente a ser colhida. Quando o objetivo for a produção de madeira, é importante a avaliação das características do fuste; se for a formação de florestas de proteção, é prioritária a capacidade de proteção da copa; se for a extração de resina, a árvore deve apresentar elevado teor desse extrativo. A seleção de árvores superiores deve basear- se nos seguintes parâmetros: vigor, ritmo de crescimento, porte, forma de tronco, forma de copa, ramificação e produção de sementes. Deve-se observar a época de coleta das sementes, o período ideal para a colheita é aquela em que as sementes atingem o ponto de maturação fisiológica, que confere a maior porcentagem de germinação e vigor. Para isto deve-se Conhecer a fenologia da espécie. Observando o período que a espécie frutifica, lembrando-se que podem ocorrer variações decorrentes principalmente por influencias climáticas anuais. As sementes devem ser colhidas quando atingirem a sua maturação fisiológica, pois neste período terão: maior % de germinação; maior vigor e maior potencial de armazenamento. Na pratica este momento é determinado através de: mudança de coloração dos frutos; exame do conteúdo da semente; rigidez das sementes; atração pelos pássaros e peso dos frutos. Os métodos de coleta de sementes vão depender da altura e forma de árvore, características dos frutos, prática do pessoal envolvido e local de coleta. Sendo os seguintes métodos utilizados: a) Coleta no Chão: Consiste na coleta dos frutos ou sementes do chão, próximo da árvore matriz, após a sua queda natural. Geralmente são espécies com frutos e/ou sementes grandes. Podendo-se induzir a queda dos frutos e/ou sementes, sacudindo manualmente a árvore ou os galhos com auxilio de ganchos ou cordas com chumbadas. As sementes devem ser coletadas o mais breve possível para evitar ataque de predadores e a contaminação por fungos. b) Coleta em árvores abatidas: Consiste na coleta dos frutos ou sementes em árvores que estão sendoderrubadas. Este processo só deve ser realizado quando realmente existe a necessidade de derrubar a árvore em que as sementes serão coletadas. c) Coleta em árvores em pé: Este método consiste em colher os frutos ou sementes diretamente na copa das árvores. Geralmente os frutos estão localizados em maior abundância nas extremidades dos galhos e da copa. A colheita é feita através da derrubada dos frutos ou sementes com tesouras ou ganchos apropriados, presos na extremidade de uma vara, geralmente de bambu. No caso de árvores de pequeno e médio porte, o acesso à copa pode ser conseguido do chão, com alcance equivalente à altura do colhedor e do comprimento da vara. Para as árvores de maior 19 porte, o colhedor necessita escalar a árvore para efetuar a colheita. As ferramentas e utensílios apropriados para este tipo de coleta são os seguintes: - Podão; - Escadas; - Esporas; - Equipamento de alpinismo; - Plataformas elevatórias; - Atiradores. Para que a coleta seja realizada de maneira eficiente, deve-se tomar o cuidado para não danificar o tronco e não quebrar os ramos que contenham os frutos jovens ao escalar a árvore, pois estas injúrias poderão comprometer seriamente as próximas colheitas. Deve-se, também, evitar cortes drásticos dos galhos para não comprometer as produções futuras e afetar o desenvolvimento da planta. Outro aspecto importante é a limpeza e a manutenção da área, que facilita a colheita, minimiza os problemas fitossanitários e evita perda de frutos por entre o sub-bosque. Após a coleta dos frutos ou sementes, estes devem ser transportados o mais breve possível para o local de beneficiamento. Para isto devem-se utilizar os veículos disponíveis, de preferência apropriados para a tarefa. As sementes ou frutos devem ser separadas em recipientes para transporte (caixas, sacos, tambores, etc.), devendo ser identificadas com relação a espécie, matriz, data de coleta, equipe de coleta. No transporte das sementes deve-se tomar cuidado para evitar danos nas sementes que podem prejudicar o seu processo de germinação. Evitando o transporte junto com outras cargas que possam promover danos físicos nos frutos ou sementes, assim como junto com produtos químicos ou agrotóxicos que podem contaminar as sementes. A coleta de sementes no campo, geralmente, não fornece o material em condições de ser diretamente utilizado ou armazenado. As sementes, ao chegar do campo, estão envolvidas pelos frutos ou parte destes, além de apresentarem diversas impurezas, galhos e folhas que devem ser removidos para que as sementes possam apresentar condições desejáveis para sua utilização, armazenamento e comercialização. A grande diversidade morfológica dos frutos e sementes das espécies florestais nativas dificulta o emprego de técnicas padronizadas no processamento e beneficiamento das sementes. As técnicas empregadas para realização destes processos são rudimentares, e de certa forma “artesanais”, dependendo de cada espécie. O manejo dos frutos e sementes entre a colheita e a produção das mudas compreende etapas de extrema importância que consistem na extração das sementes dos frutos, secagem e separação das sementes para eliminação das impurezas. Para a extração das sementes das sementes dos frutos, são utilizadas diversas técnicas que variam em função dos tipos de frutos. Os equipamentos e/ou técnicas 20 utilizadas para fins de extração das sementes devem ser adequados para os diversos tipos de frutos. Estas técnicas artesanais, vão variar de acordo com o tipo do fruto, podendo ser usado os seguintes processos: - Imersão dos frutos em água e a sua posterior maceração em peneiras e água corrente; - Colocar os frutos para secar (no sol e/ou a sombra) em terreiros e galpões, utilizando para isto de lonas ou caixas apropriadas; - Para frutos que não liberam as sementes estes devem ser retiradas com auxilio de facas, tesouras de poda e martelos. Quebrando os frutos. A secagem visa reduzir o teor de umidade das sementes em níveis que possibilitem uma melhor adequação das sementes para o seu armazenamento e, consequentemente, manter o vigor germinativo por mais tempo. O período de secagem depende da espécie, da temperatura usada durante a secagem, do conteúdo de umidade inicial e das condições desejadas para o armazenamento. Os métodos de secagem utilizados para sementes florestais são os seguintes: a) Secagem Natural: é mais barata, mas mais lenta que a artificial, estando sujeita às modificações das condições climáticas. Tem como fonte de calor o sol e como ventilação a movimentação natural do ar. As sementes são submetidas à secagem a pleno sol, meia sombra ou sombra, em terreiros de secagem ou em peneiras. O tempo em que os frutos e sementes permanecem expostos ao sol varia de acordo com as condições climáticas locais e com o teor de umidade inicial dos frutos e das sementes. b) Secagem artificial: é um método mais rápido e independente das condições climáticas, no entanto é mais dispendioso. É feito em estufas e/ou secadores providos de termostatos regulados para temperatura de 30 a 40ºC, dependendo da espécie. A secagem pode ser contínua ou intermitente, de acordo com o período de ventilação de ar quente dirigido para junto da massa de sementes e frutos. Parte das impurezas é eliminada durante a extração e secagem das sementes. Porém, muitas dessas impurezas podem permanecer daí a necessidade de se fazer uma remoção mais cuidadosa dessas impurezas. O beneficiamento consiste num conjunto de técnicas empregadas para retirar impurezas, promovendo a homogeneização do lote em relação às características de tamanho, peso e forma de suas sementes. Este procedimento é realizado com o objetivo de promover a homogeneização e melhorar a qualidade do lote de sementes no que se refere ao tamanho, peso, forma, textura, cor. 21 O beneficiamento manual é o método mais empregado para as espécies florestais nativas, face à dificuldade de se padronizar técnicas adequadas para cada espécie. Neste método são utilizadas peneiras de vários tamanhos de malha, estas são muito utilizadas, visto que podem ser de fabricação caseira, de diversos tamanhos e formas de malhas. Além de separas as impurezas das sementes, elas possibilitam também a classificação das sementes por tamanho. O beneficiamento mecânico é empregado para poucas espécies, devido à complexidade dos diásporos quanto aos aspectos morfológicos, necessitando de equipamentos com regulagens específicas ou adaptados a cada espécie, tais como. Secador rotativo de ar forçado, túnel de ventilação, classificadora de peneira vibratória e mesa gravitacional, entre outros equipamentos. As sementes que não forem utilizadas imediatamente no processo de produção de mudas florestais devem ser armazenadas para utilização posterior. As sementes apresentam melhor qualidade por ocasião da maturação. Após este período o poder germinativo e o vigor declinam em intensidade variável, dependendo das condições a que essas sementes ficam sujeitas. Portanto, as sementes devem ser colhidas, processadas, secas, limpas e posteriormente armazenadas sob condições que possibilitem a conservação e manutenção da qualidade ou, pelo menos, que a queda do poder germinativo não seja acentuada até o momento de sua utilização. As condições fundamentais para o armazenamento das sementes são a umidade relativa do ar e a temperatura do ambiente de armazenamento. As sementes da maioria das espécies conservam melhor sua qualidade quando mantidas em ambiente o mais seco e o mais frio possível. A boa conservação das sementes pode ser obtida em locais onde as condições climáticas são favoráveis ou em ambientes controlados. O armazenamento das sementes em locais tais como, salas e galpões com condições favoráveis de temperatura, luminosidade e umidade, requerem custos menores, bastandosecá-las adequadamente, utilizar embalagens recomendadas e procurar manter as sementes protegidas das possíveis variações das condições ambientais. Quando as condições locais são relativamente desfavoráveis ou o período de armazenamento é longo, pode haver necessidade da conservação em ambiente controlado, que requer planejamento mais detalhado e envolve maiores despesas. Os ambientes controlados para armazenamento classificam-se em câmaras frias e úmidas, secas e frias e secas. II. Propagação vegetativa (estacas). A propagação vegetativa é de grande importância quando se deseja multiplicar um genótipo que apresenta características superiores, as quais se perdem quando 22 propagadas por sementes. Cada planta, individualmente produzida por meio vegetativo, é na maioria das vezes geneticamente idêntica à planta-mãe, constituindo, assim, o motivo de sua aplicação. Entre os inúmeros meios de propagação vegetativa, os que mais interessam à ciência florestal são: mergulhia, enxertia, estaquia e cultura de tecidos ou micropropagação. No caso do setor florestal brasileiro, na produção de mudas de Eucalipto o método de estaquia é o mais utilizado e consiste em destacar-se uma secção de uma planta matriz, seja parte de um ramo, folha ou raiz e, então, é induzido o desenvolvimento das raízes e formação da parte aérea. Sendo, usado para produção de mudas de plantas selecionadas em larga escala. Na reprodução por estaquia há quatro fases que se pode distinguir, iniciando-se com a produção de brotos, seguida da preparação da estaca e do meio de crescimento, em terceiro o enraizamento e por fim a aclimatação das mudas. As fases mais importantes são o enraizamento e a produção de brotos, porque limitam a possibilidade ou não e a quantidade de mudas a produzir. Plantas que não enraízam estão fora do processo, assim como plantas que não rebrotam; se enraízam ou produzem brotos com dificuldade, à quantidade de mudas que se pode obter é pequeno, o que dificulta o uso em escala comercial. Dentre os vários tipos de estacas existentes, a foliar, estaca cauliniar e a estaca radicular são as mais utilizadas na propagação de plantas por estaquia. Na área florestal a estaca foliar é de aplicação rara, sendo muito aplicada em floricultura. O mesmo se aplica ao uso de estacas radiculares. Sendo a estaca caulinar de uso bastante difundido no setor florestal brasileiro, sendo atualmente a base para produção de mudas clonais de Eucalipto, aproveitando assim todo o trabalho de melhoramento genético obtido. Atualmente se desenvolve pesquisas para aproveitamento de outras espécies comerciais como o Mogno Africano. Os principais tipos de estacas utilizadas na área florestal são os seguintes: Estaca Simples: é obtida seccionando-se um ramo com diâmetro de 0,5 a 1,5 cm a cada 10 a 30 cm e deixando de 3 a 6 gemas por estaca; utiliza-se, principalmente, com várias espécies de Eucalipto. Miniestaca: É a estaca herbácea de plantas arbóreas obtida em minijardins clonais. Tem como vantagem o enraizamento mais fácil e sem uso de fitoreguladores ou hormônios para promovê-lo em algumas espécies, devido ao processo de rejuvenescimento que a planta sofre até a produção da estaca, passando por um processo de brotação de cepas de árvores e posterior estaquia para plantio em minijardim clonal. É utilizada atualmente com Eucalyptus em escala comercial. 23 Escacas caulinar de Eucalipto (A) e Miniestaca Caulinar de Eucalipto (B). Fonte: ALFENAS et al. (2004). Os processos de reprodução vegetativa de Eucalipto desenvolvido em escala comercial através da estaquia são bastante conhecidos. Tendo sido desenvolvido em caráter experimental Austrália desde os anos quarenta e a nível comercial a partir dos anos cinquenta no Marrocos. No Brasil este processo passou a ser adotado a partir do final da década de setenta. Sendo que o processo de clonagem por estaquia, visando à formação de plantios comerciais pode ser assim estabelecido: i. Seleção das árvores superiores, com base em objetivos definidos (produção de madeira; resistência a doenças, adaptação a condições climáticas adversas, etc.); ii. Avaliação das árvores selecionadas em teste clonal, visando à confirmação da seleção realizada e definição das técnicas silviculturais a serem adotadas; iii. Estabelecimento de áreas de multiplicação vegetativa (jardim clonal), visando a obtenção de material vegetativo (brotação) suficiente para produção de mudas em escala que atendam os objetivos; iv. Plantio clonal comercial. No processo de estaquia tradicional o uso do jardim clonal tem sido a forma mais aplicada, permitindo um manejo intensivo e ajustado para obtenção de brotações visando à produção de estacas para formação de mudas de Eucalipto. Mas devido às dificuldades da propagação vegetativa de algumas espécies, principalmente no que se refere a material adulto (baixo índice de enraizamento e/ou baixa qualidade do sistema radicular de alguns clones), o processo de estaquia foi desenvolvido e resultou nos processos de miniestaquia e microestaquia que são utilizados atualmente para produção comercial de mudas clonais de Eucalipto. A técnica de miniestaquia consiste na utilização de minicepas que são plantas formadas mediante a decapitação ou pode de mudas, visando à produção de propágulos rejuvenescidos para enraizamento. No processo de miniestaquia tem-se a formação do minijardim clonal, que consiste no conjunto de minecepas estabelecidas em no viveiro, em canteiros suspensos, visando o fornecimento de propágulos para produção de mudas clonais. 24 Minijardim clonal para produção de miniestacas de Eucalipto das empresas Plantar e Cenibra. Fonte: Arquivo Pessoal. Outra grande vantagem apresentada pela técnica de miniestaquia consiste em dispensar a utilização de reguladores de crescimento, ou eles são utilizados em baixas concentrações. III. Viveiros florestais. Entende-se por viveiro florestal um determinado local onde são concentradas todas as atividades de produção de mudas florestais. O primeiro ponto a se considerar na implantação de um viveiro é a sua capacidade produtiva, em termos de quantidade de mudas nas diferentes épocas. Isso irá definir o tamanho e a estrutura do viveiro. Na atividade de produção de mudas a estrutura e organização dos viveiros são extremamente importantes para obtenção de mudas de qualidade, produzindo plantas de espécies adequadas e em quantidade necessária à demanda, respeitando-se a época e o destino do plantio. Para isso é extremamente importante planejar corretamente as instalações do viveiro, ter conhecimento suficiente das técnicas para operacionalizá-lo e administrá-lo, além de obter excelente qualidade em sua produção e com menor custo possível. Os viveiros florestais com relação a duração são classificados em: Viveiros Provisórios: temporários ou volantes são aqueles que visam uma produção restrita; localizam-se próximos às áreas de plantio e possuem instalações de baixo custo. Viveiros Permanentes: centrais ou fixos, são aqueles que geralmente ocupam uma maior superfície, fornecem mudas para uma ampla região, possuem instalações definitivas com excelente localização. Requerem planejamento mais acurado; as instalações são também permanentes e de maiores dimensões. 25 Para a escolha do local onde será instalado o viveiro, deve-se levar em consideração os seguintes aspectos: a) Situação e acesso: Preferencialmente o viveiro deve ser centralizado a área de plantio, sendo necessário que o acesso possibilite o fácil trânsito de caminhões, sendo que todas as estradas deverão ser transitáveis mesmo em época de chuva. Os custos de transporte, principalmente de mudas produzidas em recipientes, são minimizados quando os viveiros situam-se a uma pequena distância daárea de plantio. Longos trechos de estrada podem trazer danos à qualidade fisiológica das mudas e ocasionar perda de umidade do substrato. b) Suprimento de água: Durante todo o período, após a semeadura, há necessidade de abundância de água para irrigação. Poderão ser utilizadas águas de rios, lagos e de origem subterrânea. A água deve estar livre de poluentes químicos e físicos. c) Solos: O viveiro deve ser instalado de preferência em uma área virgem, pois em locais já cultivados podem estar infestados de pragas e doenças. Dando preferência para solos leves (arenosos ou areno-argilosos), profundos e bem drenados. d) Topografia da área: O terreno deverá apresentar-se aplainado, recomendando- se um leve declive, favorecendo o escoamento da água, mas sem que provoque danos por erosão. Para áreas com elevada declividade, a alternativa mais plausível é a confecção de patamares para a locação de canteiros. Os patamares devem ser levemente inclinados e devem ter dispostas ao longo de sua extremidade manilhas em forma de “U” , a fim de impedir o escoamento de água de chuvas. A declividade deve ser de 2%, no máximo, para não correr danos por erosão. É importante salientar que os canteiros devem ser instalados em nível, perpendiculares à movimentação da água. Áreas planas contribuem para o acúmulo de água da chuva, principalmente quando o percentual de argila for maior que o indicado. e) Exposição: Devem-se evitar as áreas de face sul do terreno (que recebe menor luminosidade e esta sujeita a ventos frios), evitar também os vales profundos e estreitos, onde há possibilidade de formação de geadas e nevoeiros frios, que podem causar danos às plantas. O viveiro deve ser locado em ambiente totalmente ensolarado e arejado, para a formação de mudas bem aclimatadas. f) Clima: Preferencialmente, deve-se escolher local com as mesmas características climáticas de onde será o plantio definitivo das mudas, o que muito contribuirá para o perfeito pegamento das mudas e beneficiará seu crescimento e desenvolvimento. g) Disponibilidade de mão-de-obra: É indispensável a existência de mão-de-obra na região do viveiro, tendo em vista a necessidade de grande contingente de 26 pessoas para o processo de produção de mudas. A existência de pessoas que morem nas imediações da área do viveiro reduz os custos de transporte com pessoal. Após a escolha da área para instalação do viveiro florestal, deve-se iniciar as atividades para a sua implantação onde de acordo com as características do terreno escolhido, será realizada a limpeza da área com relação as plantas indesejáveis (plantas daninhas, competidoras, hospedeiras de insetos, etc.), que de acordo com a situação local podem ser usados os processos mecânicos (roçada, capina, etc.) ou químico (herbicidas). Esta limpeza inicial deve ser bem feita para que a área fique limpa sem restos vegetais. Deve ser realizado o combate às formigas cortadeiras e cupins na área do viveiro, sendo que no caso das formigas este deve ser realizado numa faixa de 30,0 metros em torno da área do viveiro. Para proteção da área do viveiro, deve-se construir canaletas em torno do viveiro, para servir de obstáculos às águas de chuva, principalmente na parte superior da área. Dependendo do tamanho do viveiro, deverão ser construídas também no interior, perpendiculares ao declive, a fim de evitar que a água tenha maior velocidade, cause erosões e danifique as mudas. Deve ser construída uma cerca de arame ou tela para impedir a entrada de animais e pessoas. Pode ser necessária a construção de quebra ventos que são cortinas que têm por finalidade a proteção das mudas contra a ação prejudicial dos ventos. Devem, contudo, permitir que haja circulação de ar. São constituídas por espécies que se adaptem às condições ecológicas do sítio. Usualmente as espécies utilizadas são as mesmas que estão em produção no viveiro. O recomendado é que sejam utilizadas espécies adequadas, distribuídas em diferentes estratos, apresentando as seguintes características: alta flexibilidade, folhagem perene, crescimento rápido, copa bem formada e raízes bem profundas. É importante salientar que as árvores que compõem os quebra-ventos não devem projetar suas sombras sobre o canteiro. Para tanto, devem ser, em distância conveniente, afastadas dos viveiros. A área do viveiro vai variar de acordo com o número de mudas que será produzido, o que, por sua vez depende do: tamanho das embalagens utilizadas, da área a ser plantada, da porcentagem de germinação, do tempo necessário para a produção de mudas, das perdas de mudas, do tamanho dos canteiros, do tamanho dos canteiros, da largura das ruas internas e das instalações que forem necessárias. Num viveiro bem planejado, a área produtiva, ou seja, a área dos canteiros deve ocupar 40% a 60% da área total. O espaço restante será destinado a caminhos, ruas, estradas, galpões, construções em geral e área livre para preparo de substratos, enchimento de embalagens e deslocamento de máquinas e equipamentos. Basicamente as áreas e instalações de um viveiro florestal, variando de acordo com as condições locais do empreendimento, são: o Canteiros; 27 o Caminhos, ruas e estradas; o Escritório; o Cantina e refeitório; o Almoxarifado; o Depósito para fertilizantes; o Depósito para produtos químicos; o Galpão para substrato e preenchimento das embalagens; o Sistema de irrigação ou ferti-irrigação; o Alojamento; o Sanitários. No caso de produção de mudas clonais devemos incluir: o Minijardim clonal; o Galpão para preparo de estacas e plantio destas; o Estufas com ambiente controlado para enraizamento de estacas; o Estufas para aclimatação de mudas. Os viveiros florestais podem produzir mudas nos seguintes sistemas de produção: Viveiros com mudas em raiz nua: as mudas em raiz nua são as que não possuem proteção do sistema radicular no momento de plantio. A semeadura é feita diretamente nos canteiros e as mudas são retiradas para o plantio, tendo-se apenas o cuidado de se evitar insolação direta ou, até mesmo, vento no sistema radicial. O solo onde se desenvolvem as raízes permanece no viveiro. Após a retirada do solo são envolvidas com material úmido antes da expedição para o plantio. Este tipo de produção foi muito difundido no sul do Brasil para plantios de Pinus. Viveiro com mudas em recipientes: as mudas apresentam o sistema radicial envolto por uma proteção que é um substrato que o recipiente contém. Evidentemente, o substrato vai para o campo e é colocado nas covas, com as mudas, protegendo as raízes. É o tipo de viveiro mais utilizado para produção de mudas florestais no Brasil. Existem vários tipos de recipientes que foram utilizados para produção de mudas florestais (torrão paulista, taquaras, laminados). Atualmente os recipientes atualmente usados para produção de mudas florestais são os seguintes: Tubetes ou tubos de plástico rígido (polipropileno): É um recipiente levemente cônico, de seção circular ou quadrática. São providos de frisos internos, equidistantes, com função de direcionar as raízes ao fundo do recipiente, evitando o desenvolvimento em forma espiral Os tubetes podem ser colocados em suportes de 28 isopor, plástico ou tela, denominados bandejas, dispostos pouco acima do nível do solo formando os canteiros. Outra forma é a utilização de mesas com tampo de tela, em cujas malhas os tubetes são encaixados, ou a própria bandeja é colocada sobre a mesa, ajustada em canteiros. As principais vantagens deste tipo de recipiente são: reaproveitamento da embalagem após o uso; menor diâmetro, ocupando menor área; menor peso; maior possibilidade de mecanização das operações de produção de mudas; menor incidência de pragas/doenças e propicia operações ergométricas. As principais desvantagens destes recipientes são: o custo elevado de implantação; e alixiviação de nutrientes, tanto pela chuva como por irrigação, ocasiona a necessidade de uma reposição de nutrientes em maior escala. Saco plástico (polietileno): Com este tipo de recipiente, a semeadura não pode ser mecanizada, devido à necessidade das embalagens estarem em perfeito alinhamento nos canteiros. Os sacos devem ser providos de furos na sua parte inferior, com a função de escoar o excesso de umidade e permitir o arejamento. O enchimento pode ser manual, através de uma lata ou cano em formato cônico e sem fundo, ou com o uso de moega metálica. A principal vantagem do uso deste tipo de recipiente é o baixo custo, entretanto é de difícil decomposição, sendo necessária sua retirada antes do plantio; suas dimensões inadequadas da embalagem, bem como períodos muito longos da muda no viveiro podem ocasionar deformações no sistema radicular pelo enovelamento e dobra da raiz pivotante; requer a utilização de grandes áreas no viveiro; aumenta o custo de transporte das mudas ao campo e seu rendimento na operação de plantio é baixo. Usualmente podem ser encontrados diversos tamanhos de sacos plásticos, a indicação do tamanho ideal vai depender da espécie e do objetivo para o qual a muda será produzida. Para produção de mudas florestais em recipientes é necessário à utilização de substrato para enchimento dos recipientes utilizados. Para o preparo deste substrato, alguns pontos devem ser observados: não deve ser muito compacto, para não prejudicar a aeração e o desenvolvimento das raízes; apresentar substâncias orgânicas, para melhorar a agregação e aumentar a capacidade de troca catiônica e a retenção de água; e deve estar isento de sementes de plantas indesejáveis, de pragas e de microrganismos patogênicos. São descritos abaixo, alguns componentes que podem ser usados na constituição do substrato: a) Terra de subsolo: Deve-se dar preferência aos solos areno-argilosos, pois estes apresentam boa agregação, permitem uma boa drenagem da água, não apresentam problemas para o desenvolvimento das raízes, possui boa capacidade de reter umidade e apresentam coesão necessária para a agregação ao sistema radicular. É utilizada principalmente com mudas que são produzidas em sacos plásticos. Para a retirada da terra deve-se remover uma camada superficial de aproximadamente 20 cm, para que a terra a ser usada no viveiro não seja acompanhada por sementes de plantas indesejáveis. 29 b) Areia: este material não possui pegajosidade nem plasticidade, tendo pouca capacidade de retenção de água e nutrientes por causa dos grandes poros que separam as suas partículas, mas apesar da rápida perca e água e da baixa capacidade de retenção de nutrientes, este material proporciona boa aeração ao substrato. c) Vermiculita: É um mineral de estrutura variável, constituído de lâminas ou camadas, justapostas em tetraedros de sílica e octaedros de ferro e magnésio. O octaedro de magnésio, quando submetido ao aquecimento, expande-se. Isto resulta no melhoramento das condições físicas, químicas e hídricas do solo. A vermiculita possui a capacidade de reter a água do solo, deixando disponível para a planta, em caso de uma breve estiagem. É um substrato praticamente inerte, sendo necessário o balanceamento de nutrientes essenciais, por meio de adubações periódicas. Outro grande problema da vermiculita é de se conseguir uma boa aderência do substrato ao redor das raízes, sendo necessário levar o tubetes ao campo até o momento do plantio. d) Composto Orgânico: É o material resultante da decomposição de restos animais e vegetais, através do processo da compostagem. Este processo consiste em amontoar esses resíduos e, mediante tratamentos químicos ou não, acelerar a sua decomposição. O composto estimula a proliferação de microrganismos úteis, melhora as qualidades físicas do solo, aumenta a capacidade de retenção de água e nutrientes, facilita o arejamento e reduz o efeito da erosão pela chuva. e) Esterco bovino: Quando bem curtido, muito contribui para melhorar as condições físicas, químicas e biológicas do substrato, além de fornecer vários nutrientes essenciais às plantas. Ele aumenta a capacidade de troca catiônica, a capacidade de retenção de água, a porosidade do solo e a agregação do substrato, as quais são mais importantes que os elementos químicos e nutrientes adicionados pelo esterco. O esterco bem curtido é útil misturado com outros substratos, proporcionando resultados semelhantes ao do composto orgânico. f) Moinha de carvão vegetal: É um subproduto do processo de carvoejamento, uma vez que se constitui de partículas finas que não são aproveitadas pelas empresas produtoras de ferro-gusa. Na produção de mudas utilizando tubetes, a moinha é um excelente produto para ser misturado com outros substratos, principalmente os orgânicos. g) Serragem ou casca de árvores: É um resíduo que por ser orgânico, pode ser usado na produção do composto para produção de mudas. A qualidade da serragem por sua vez vai depender da espécie de origem. 30 Sendo importante que a serragem a ser utilizada no viveiro esteja bem decomposta. Atualmente, encontram-se no mercado substratos esterilizados, livres de pragas e doenças, formulados especialmente para a produção de mudas, tais como: composto orgânico, húmus, espuma fenólica (para enraizamento de estacas e cultivo hidropônico), fibra de coco, entre outros. Recomenda-se que seja feita a mistura de dois ou mais materiais para a formulação do substrato, visando uma boa aeração, drenagem e fornecimento de nutrientes de forma adequada. O tipo de material e a proporção de cada um na composição do substrato variam de acordo com a disponibilidade local, custo e tipo de muda a ser produzida. Para se preparar o substrato deve seguir os seguintes procedimentos: i. Colocar os componentes do substrato, previamente selecionados, próximos à unidade de preparação da mistura. Estes componentes deverão estar devidamente peneirados (caso de terra e areia) e beneficiados (moinha de carvão e húmus); ii. Pesar e medir os componentes antes de serem misturados para homogeneização. Para misturar o substrato podem-se usar enxadas (método manual) ou misturador automático (betoneira adaptada); iii. Homogeneizar muito bem os componentes da mistura e, posteriormente, umedecê-la, sendo que não deverá ficar encharcada, nem tampouco, muito seca. Para o sucesso na semeadura, há a necessidade do controle de todas as etapas que envolvem a produção e o preparo do substrato, a qualidade, a calibração, a combinação dos componentes utilizados, além dos atributos físicos desejáveis ao substrato produzido. Além disso, a escolha dos recipientes utilizados, bem como o preparo da sementeira e a forma de semeadura, se direta ou indireta, devem ser definidos no início do processo. Procedimentos de preparo do substrato: i. Colocar os componentes do substrato, previamente selecionados, próximos à unidade de preparação da mistura. Estes componentes deverão estar devidamente peneirados (caso de terra e areia) e beneficiados (moinha de carvão e húmus); ii. Pesar e medir os componentes antes de serem misturados para homogeneização. Para misturar o substrato podem-se usar enxadas (método manual) ou misturador automático (betoneira adaptada); iii. Homogeneizar muito bem os componentes da mistura e, posteriormente, umedecê-la, sendo que não deverá ficar encharcada, nem tampouco, muito seca. Uma forma prática de verificar se o teor de umidade está adequado é o teste das gotas: apertando-se um pouco do substrato com a mão, deverão se formar pequenas gotas entre os dedos, o que indica 31 uma condição ideal de umidade. No caso de não surgirem gotas, o substrato está muito seco e, se escorrerem sobre a mão, indica o excesso de água. Dentro outros fatores de natureza silvicultural, a nutrição das mudas, via fertilizantesde seus substratos de crescimento, desponta como um dos principais responsáveis pela obtenção de uma maior produtividade e qualidade das mesmas, além de maior economicidade do processo de sua produção. No caso de produção de mudas florestais podemos ter os seguintes tipos de fertilização: Fertilização do substrato: realizada inicialmente no substrato antes do semeio ou repicagem das mudas. a) No caso de sacolas plásticas com o uso de terra de subsolo, deve-se proceder a analise de solo para recomendar a adubação, caso não esteja disponível, pode-se aplicar para cada m³ de terra de subsolo. 1,0 kg de calcário dolomítico; 150 g de N (sulfato de amônio); 700 g de P2O5 (superfosfato simples); 100 g de K2O (cloreto de potássio); 200 g de Fritas (coquetel de micronutrientes na forma de óxidos silicatados). Deve-se realizar a adubação de cobertura nas seguintes proporções: 200g de N (sulfato de amônio); 150g de K2O (cloreto de potássio). Dissolver os fertilizantes em 100 l de água, obtendo-se uma quantidade suficiente para aplicação em 10.000 mudas. A fertilização de cobertura se inicia 30 dias após a emergência das plântulas, repetindo em intervalos de 7 a 10 dias para espécies de rápido crescimento (pioneiras e secundárias iniciais) e, de 30 a 45 dias para espécies de crescimento lento (secundárias tardias e clímax). Intercalar a aplicação de N e K, sendo uma com N e K, e outra apenas com N. Na fase de rustificação, que dura de 15 a 30 dias, reduzir as regas e suspender a aplicação de fertilizantes com N, devendo-se aplicar apenas K no início da fase. Este procedimento vai promover o balanço interno dos tecidos, principalmente nas folhas, regulando a perda de água, além de promover o engrossamento do caule. 32 As aplicações deverão ser feitas no inicio da manhã ou ao final da tarde, seguidas de leves irrigações, com a função de remover os resíduos de fertilizantes que ficam depositados sobre as folhas. b) No caso de tubetes com o uso de substratos como vermiculita, palha de arroz carbonizada, fibra de coco, Devido às pequenas dimensões dos tubetes, sua reserva de nutrientes também acaba sendo pequena, sendo ainda prejudicada pela lixiviação intensa decorrida do tipo de substrato que o compõe. Por isso, a aplicação de fertilizantes deve ser feita com menor quantidade, e em maior frequência, se comparada à produção de mudas em sacos plásticos. Pode-se aplicar para cada m³ de substrato: 150g de N (sulfato de amônio); 300g de P2O5 (superfosfato simples); 100g de K2O (cloreto de potássio); 150g de Fritas (coquetel de micronutrientes na forma de óxidos silicatados). Na fertilização de base, não aplicar calcário, pois, como os níveis de pH, Ca e Mg nestes substratos são elevados, estes acabam induzindo a deficiência de micronutrientes pela elevação do pH. Deve-se realizar a adubação de cobertura nas seguintes proporções: 1 kg de N (sulfato de amônio) 300 g de K2O (cloreto de potássio) Dissolver os fertilizantes em 100 l de água, obtendo-se uma quantidade suficiente para aplicação em 10.000 mudas. Regar as plantas a cada 7 a 10 dias de intervalo. As irrigações devem ser intercaladas, ora com N e K, ora apenas com N. Na fase de rustificação, 15 a 30 dias antes da expedição, suspende-se as fertilizações nitrogenadas. Outra opção de adubação para produção de mudas florestais são os fertilizantes de liberação lenta, ou fertilizantes de liberação controlada (FLC), que constituem-se em tecnologia apropriada para a produção de mudas de espécies florestais, uma vez que reduzem as perdas por lixiviação e a quantidade de mudas subdesenvolvidas e com deficiência nutricional. Sendo bastante utilizado o Osmocote na formulação 14-14-14, na dosagem de 5 g por litro de substrato (5 kg por m³ de substrato). 33 IV. Pragas e doenças de viveiros florestais. É interessante realizar tratamentos preventivos como a desinfestação do solo do canteiro ou substrato a ser utilizado no preenchimento dos recipientes, a fim de evitar a ocorrência de pragas, doenças e a competição por ervas daninhas. Para tanto, utiliza- se métodos químicos e/ou, mecânicos. Dentre os métodos químicos, cita-se a aplicação de herbicidas, fungicidas e inseticidas e, para os mecânicos, têm-se a catação manual, o revolvimento do solo, a aplicação de água quente, a exposição ao sol, a inundação, entre outros. Ressalta-se a grande importância da escolha do local adequado para a instalação do viveiro, o que evita ou diminui problemas relacionados com pragas e doenças. O correto manejo diário do viveiro também é de fundamental importância na redução da ocorrência de problemas, devendo-se evitar excessos de irrigação, adubação e radiação direta logo após a germinação. Dentre as pragas mais comuns encontram-se a lagarta-rosca, formiga cortadeira, grilos, besouros, cochonilhas, paquinhas, pulgões e formigas. Contudo, no manejo adequado do viveiro, normalmente não se verifica muitos danos; entretanto, se o nível de infestação for elevado, torna-se necessário o combate. As doenças que mais comumente ocorrem nos viveiros são: tombamento, podridão de raízes, ferrugens e manchas foliares. Quando o nível de danos se mostrarem significativo, torna-se necessário o controle pela aplicação de fungicidas, utilizando-se dosagem de acordo com recomendações dos fabricantes. O tombamento de mudas é a doença mais comum em viveiros, causada por fungos que atacam o colo das mudas originadas de sementes no estádio inicial de germinação. É uma doença que em poucos dias chega a causar a morte de todas as mudas e pode aparecer em qualquer época do ano; sua intensidade depende das características do substrato e das condições climáticas (chuva, insolação). A infestação e proliferação são favorecidas pela grande densidade de mudas nos canteiros, pela utilização de esterco não curtido no substrato, pelo excesso de umidade e pela compactação dos solos. O tombamento também pode ser disseminado de um canteiro para outro, por meio de ferramentas ou pela repicagem das mudas. Como medidas preventivas ao aparecimento do tombamento pode-se recomendar: o A escolha adequada do local; o A desinfestação do solo com fungicidas; o Tratamento da semente com produtos registrados para essa finalidade; o Seleção do substrato e material de cobertura. No caso do surgimento do tombamento de mudas no viveiro em grande escala realizar as pulverizações com fungicidas: tiabendazol, captan, benomil. 34 A podridão do sistema radicular, além de danificar o sistema radicular, também é responsável pelo tombamento das mudas no seu estádio inicial de crescimento. O ataque ao sistema radicular manifesta-se através de clorose, atrofia e murcha da parte aérea e, por vezes, morte da muda. Na Ferrugem as folhas apresentam-se com aspecto ferruginoso, provocando um baixo crescimento ou morte das mudas. O combate pode ser feito por meio de pulverizações com fungicidas encontrados nas lojas especializadas. V. Dança das mudas. A movimentação, ou dança das embalagens é feita sempre que necessário, com a finalidade de efetuar a poda das raízes que, porventura, tiverem extravasado as embalagens ao penetrar no solo. Nessa operação, consegue-se a rustificação das mudas, resultando na redução da mortalidade por ocasião do plantio no campo. Mudas que necessitam de um período maior no viveiro, deve ser realizada a dança ou movimentação das embalagens, se for observado que as raízes estão atravessando as embalagens e penetrando no solo. Mudas produzidas em tubetes dispensam esta movimentação, ou dança das embalagens, pois normalmente, os canteiros são suspensos. VI. Poda das mudas. A poda é a eliminação de uma parte das mudas, podendo ser tanto a parte aérea como a parte radicular, a fim de obter os seguintes benefícios: i. Aumentar a porcentagem de sobrevivência;ii. Propiciar produção de mudas mais robustas; iii. Adequar o balanço do desenvolvimento em altura e sistema radicular; iv. Fomentar a formação do sistema radicular fibroso (a maior quantidade de raízes laterais); v. Aumentar o período de rotação da muda no viveiro; vi. Retardar o crescimento em altura das mudas. Na poda radicular, podem ser eliminadas as raízes pivotantes e/ou laterais. A vantagem da produção de mudas em tubetes se deve ao fato das raízes pivotantes e laterais terem seu direcionamento forçado para o fundo do recipiente, onde existe um orifício. A partir deste orifício as raízes são podadas pelo ar. A poda aérea consiste na eliminação de uma parte do broto terminal das mudas. Qualquer um dos dois tipos de poda altera o ritmo de crescimento das mudas. No entanto a resposta da poda é favorável ao desenvolvimento da muda, dependendo do nível de tolerância de cada espécie. 35 VII. Rustificação, seleção e expedição das mudas. Para obter um alto índice de sobrevivência das mudas após o plantio em campo, as mudas devem apresentar duas características importantes: o Sanidade; o Alto grau de resistência. A resistência pode ser conseguida através da rustificação. Existem diversos procedimentos que podem ser adotados para se obter a rustificação: o Aplicar NaCl na água de irrigação, na dosagem de 1 ml / planta/dia; o Poda da parte aérea, com a redução de 1/3 da porção superior; o Redução de folhas dos 2/3 inferiores das mudas; o Movimentar frequentemente as mudas nos canteiros, através das danças, das remoções, das seleções e das classificações; o Aplicação de antitranspirantes na época do plantio (solução diluída, como Mobileaf, na concentração de 1:7 em água); o Realizar cortes graduais da irrigação, aproximadamente 20 dias antes da expedição das mudas para o plantio; o Fazer uma aplicação com KCl durante a fase de rustificação. A movimentação das mudas no viveiro e o corte gradual da irrigação no período que antecede o plantio são os procedimentos mais usados para se conseguir a rustificação das mudas, devido aos seus custos e praticidade. Para expedição das mudas para o campo as mesmas devem ser selecionadas em lotes procurando padronizar a idade e o tamanho das mudas. No transporte as mudas devem ser protegidas por lonas ou outro tipo de cobertura, de forma a evitar danos pelo vento, chuva e calor. 36 IMPLANTAÇÃO FLORESTAL A implantação florestal pode ser descrita como o conjunto de operações que vão do preparo do solo até o momento no qual o povoamento possa se desenvolver sozinho, ficando o restante da rotação por conta das operações de manejo e proteção florestal. Sendo uma fase de grande importância para o bom desenvolvimento da cultura florestal. Uma das fases da implantação florestal consiste no preparo do solo que pode ser definido como o conjunto de medidas técnicas que objetivam dar condições adequadas ao estabelecimento e desenvolvimento dos povoamentos florestais. O preparo do solo em atividades florestais tem evoluído, saindo dos primeiros florestamentos realizados nas décadas de 60 e 70 onde se usava de métodos convencionais de preparo do solo, utilizados em culturas agrícolas anuais (padrão tipicamente agronômico). Onde os resíduos eram enleirados e queimados para limpeza da área, que era intensamente trabalhada com arados e grades. O que levava a grandes problemas de erosão nos solos utilizados. Com a evolução dos equipamentos tivemos na década de 80 a introdução da grade bedding que trouxe avanços em termos de conservação do solo. Ainda no final da década de 80 foi introduzido o sistema de cultivo mínimo do solo nos plantios florestais em grande escala pela Companhia Suzano Celulose e Papel. Com a evolução dos equipamentos, herbicidas e processos que ocorreram durantes os últimos anos tornaram o sistema de cultivo mínimo o padrão utilizado pelas empresas florestais brasileiras. A técnica de cultivo mínimo ou reduzido do solo consiste em revolvê-lo o mínimo necessário, mantendo os resíduos vegetais sobre o solo como cobertura morta. As atividades de preparo do solo para implantação de povoamentos florestais são desenvolvidas na seguinte sequência no geral, que podem sofrer alterações devido as peculiaridades regionais . I. Talhonamento. A construção de estradas, aceiros e carreadores. É que vai definir a forma e tamanho dos talhões e, portanto deve-se levar em consideração aspectos de conservação do solo, proteção florestal, preservação ambiental e colheita florestal. É uma atividade que deve ser muito bem planejada, pois vai acompanhar todo o ciclo do povoamento floresta. Para a abertura dos talhões deve-se ter um cuidado especial coma as áreas de Preservação Permanente (PP) e as da Reserva Legal (RL), existentes na propriedade, pois estas são protegidas por lei federal (nº 4.771/65) e em alguns estados por legislação estadual. 37 As estradas são muito importantes para a infraestrutura de um projeto florestal, devendo assegurar transporte contínuo durante toda a vida do projeto desde a implantação até a colheita da madeira. O tamanho e a forma do talhão serão definidos principalmente pelo sistema de colheita a ser utilizado (equipamentos de extração da madeira), visando à otimização do trabalho destes equipamentos. Outro aspecto a considerar na abertura dos talhões são os aspectos de proteção contra incêndios florestais. Os aceiros separam os talhões e servem de ligação às estradas principais, para o escoamento da produção da floresta. Os aceiros internos devem ter largura mínima de 5,0 metros, já os aceiros externos (divisas da propriedade) devem possuir largura de 15,0 metros, sendo recomendado que a cada quatro ou cinco talhões se construa um aceiro de interno de 10 metros de largura. As estradas e aceiros devem ser mantidos sempre limpos, principalmente durante os períodos de maior perigo de incêndios. Os tamanhos dos talhões esta intimamente ligada à distribuição de estradas. Em regiões planas, onde se permite um melhor traçado destas, os talhões geralmente devem seguir a forma retangular, se possível não excedendo a uma área de 30 hectares. Já em regiões montanhosas suas formas serão mais irregulares, por acompanhar a distribuição das estradas florestais. Esquema de estradas e aceiros. Fonte. SIQUEIRA et al. (2010) II. Limpeza da Área. A limpeza do terreno para plantio consiste na retirada da vegetação existente na área a ser plantada (árvores, arbustos e gramíneas). E corresponde às operações de derrubada da vegetação, remoção e enleiramento dos resíduos da exploração. Na limpeza do terreno recomenda-se retirar apenas o material aproveitável, como por 38 exemplo, a lenha, utilizada para energia ou carvão, madeira para serraria, mourões, sendo que o restante do material, considerado como resíduo da exploração, deve permanecer no campo como uma importante reserva de nutrientes. As operações de limpeza da área vão variar de acordo com o tipo de vegetação existente na área (mata, cerrado, capoeira, pastagem, área colhida de floresta plantada, etc.) e da topografia da área de implantação. Podendo ser manuais, mecanizadas ou químicas. Deve-se ter uma grande consciência para os aspectos da legislação ambiental, onde em determinadas regiões pode existir restrições para a supressão de vegetação nativa em estágio secundário e avançado de desenvolvimento. Para isto torna-se necessário consultar ao órgão ambiental competente para verificar estas possibilidade e conseguir as licenças necessárias para as atividades. A seguir discutiremos os tipos de limpezas utilizados: 1. Limpeza manual: geralmente são utilizadas em regiões de topografia acidentada e em pequenas áreas, ou ainda em outras áreas que não permitam a mecanização. Consistindo na eliminação
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