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PÓLIPOS UTERINOS MEDCURSO LOUISE CANDIOTTO 1 INTRODUÇÃO PÓLIPO UTERINO Projeção digitiforme de tecido glandular, representando hipertrofia focal desse tecido, com pedículo vascular. Normalmente é benigno com baixa incidência de malignidade. Eles são as causas estruturais menos frequentes de sangramento uterino anormal do que os leiomiomas. Podem ser CERVICAIS ou ENDOMETRIAIS. Pólipos cervicais INTRODUÇÃO PÓLIPOS CERVICAIS Projeções da mucosa no canal do colo uterino. Projeção digitiforme do tecido glandular que recobre o canal cervical, resultado de uma hipertrofia focal desse tecido. Podem se situar na ectocérvice ou na endocérvice. EPIDEMIOLOGIA Doença benigna com baixo índice de malignidade. Podem ser únicos ou múltiplos. Mais comum em multíparas. Maior prevalência entre 40-60 anos. Risco aumentado para mulheres diabéticas e com vaginites recorrentes. ETIOPATOGENIA Relacionada com múltiplos fatores proliferativos que atuam no epitélio glandular, como: Inflamação crônica Congestão vascular Estímulo hormonal ETIOLOGIA Podem se situar na ectocérvice ou na endocérvice. Histologicamente, os pólipos cervicais são caracterizados por estroma vascular do tecido conectivo coberto por epitélio, que pode ser colunar, escamoso ou escamocolunar. PÓLIPOS ECTOCERVICAIS: Menos frequentes Normalmente apresentam base curta e larga PÓLIPOS ENDOCERVICAIS: Comumente são assintomáticos Em alguns casos podem ser achados no exame ginecológico de rotina São habitualmente friáveis, lisos e regulares, com base fina e longa São compostos por glândulas, distendidas por muco, e estromas endocervicais Podem conter pedículo na endocérvice e se projetarem pelo orifício externo do colo, ou serem largos e espessos. A coloração, normalmente rosa, pode ser alterada por comprometimento vascular. Podem estar associados a casos de infertilidade quando ocupam o canal cervical, produzindo uma barreira à ascençãodo espermatozoide ou mesmo alterando o muco cervical. QUADRO CLÍNICO SINAIS E SINTOMAS: Sangramento intermenstrual (metrorragia) Sinusiorragia: Sangramento ao coito Sintoma mais comum Hemorragia Decorrente do eventual sofrimento vascular Corrimento fétido Decorrente do eventual sofrimento vascular DIAGNÓSTICO O exame especular é definitivo para identificar os pólipos cervicais que se exteriorizam pelo orifício externo do colo uterino. Os de maior volume podem ser percebidos pelo toque vaginal. Os pólipos mais volumosos ou com os pedículos mais longos podem aflorar à vulva e serem percebidos pela paciente. LOUISE CANDIOTTO 2 TRATAMENTO O tratamento consiste na excisão por torção do pedículo /ou na ressecção histeroscópica do pólipo. O que define a conduta é a base do pólipo. Os de maior volume ou sésseis devem ser excisados junto a base, por via histeroscópica. Os pediculados podem também ser excisados por via histeroscópica, ou por torção do pedículo, desde que esse não seja muito volumoso. Pólipos endometriais INTRODUÇÃO Projeções glandulares e estromais (lesões em relevo) na superfície da cavidade uterina, com características benignas e baixo potencial de malignação. Comumente encontrados durante a avaliação uterina devido a anormalidades no ciclo menstrual, no processo reprodutivo ou como achado casual no exame ultrassonográfico. EPIDEMIOLOGIA A prevalência varia de acordo com a faixa etária Mais comuns com o avançar da idade A frequência aumenta com a idade. Prevalência de 8% na população geral feminina. Em mulheres com sangramento uterino anormal a prevalência varia entre 10-30%, de acordo com o status hormonal. MACROSCOPIA A maioria dos pólipos é rosa-acinzentada para branco, homogênea, com superfície plana e, às vezes, recoberta com paredes císticas. Ocasionalmente, o pólipo inteiro ou sua ponta pode se apresentar hemorrágico ou infartado, principalmente quando o pedículo é fino e longo, favorecendo sua torção. Os pólipos intactos podem ser isolados ou múltiplos, medir de alguns poucos milímetros até vários centímetros. Os pólipos malignos possuem vascularização aumentada e com vasos irregulares MICROSCOPIA Os pólipos endometriais possuem, microscopicamente, uma mistura de três padrões: Tecido denso fibroso Estroma Canais vasculares de paredes grossas e imprecisas Espaços glandulares de vários tamanhos e formas revestidos de epitélio endometrial ETIOLOGIA Acredita-se que o pólipo tenha origem em um adenoma (tumor benigno do tecido glandular) na porção basal do endométrio que ao crescer faz protrusão na zona funcional dessa mucosa, mas não descama com a menstruação. Com o passar do tempo, ele cresce e se apresenta na cavidade endometrial como um pólipo coberto por uma camada de endométrio funcional. Essa cobertura comumente é fina e descama com a menstruação. Assim, esses pólipos geralmente apresentam padrão basal- símile refratário às influências hormonais, mesmo em um ciclo bifásico. FATORES DE RISCO SÃO ELES: Obesidade Idade avançada Uso de tamoxifeno OBS: Os ACO parecem possuir fator protetor. CLASSIFICAÇÃO Possui pouca aplicabilidade clínica e não possui enfoque diagnóstico. CONFORME SUA HISTOLOGIA, OS PÓLIPOS CLASSIFICAM-SE EM: Hiperplásicos Mais frequentes, principalmente na perimenopausa Menos sensíveis a progesterona e mais sensíveis ao estrógeno Fibrosos ou fibrocísticos Características atróficas Habitualmente encontrados em mulheres mais idosas, pós-menopáusicas Provavelmente, representam a forma regressiva do pólipo funcional ou hiperplásico Funcionais ou mucosos ou glandulares Pólipos típicos da menacme Modificações semelhantes ao endométrio que o circunda Adenomatosos Predomínio de músculo liso em seu estroma Mistos Combinação das formas anteriores LOUISE CANDIOTTO 3 APRESENTAÇÃO CLÍNICA Os pólipos endometriais podem se apresentar como projeções sésseis ou pediculadas, constituídas por glândulas e estroma endometrial. Quadro clínico inespecífico. A maioria dos pólipos é assintomática, e representam um achado ocasional de exames ultrassonográficos realizados rotineiramente em mulheres na peri e na pós-menopausa. SUSPEITA CLÍNICA QUANDO: Sangramento uterino anormal (SUA) Sintoma mais comum 25% das mulheres com SUA tem pólipos endometriais O sangramento pode se manifestar por menorragia, sangramento intermenstrual ou sangramento pós-menopausa Os pólipos maiores apresentam maior propensão a causar sangramento anormal A presença de perdas sanguíneas intermenstruais ou perdas sanguíneas poucos dias após o término do período menstrual, com coloração escura e aspecto mucoide ou menorragia, é relatada Em pacientes na pós-menopausa, pode se manifestar por metrorragia, mas, em geral, o sangramento é descrito como leve, podendo ser uma mancha ou spotting Dismenorreia secundária Raramente há queixas de dismenorreia Infertilidade Pacientes sem outra causa aparente de infertilidade apresentam incidência de pólipos endometriais variando de 16,5 a 26,5% A causa dessa associação não está bem definida, mas são especulados fatores como: Interferências no transporte de espermatozoides No mecanismo de implantação do embrião ou devido à produção aumentada de fatores inibitórios, como a glicodelina, que pode inibir a função das células natural killer EXAME FÍSICO Não há achados específicos no exame ginecológico. O tamanho do pólipo não é suficiente para induzir aumento uterino. Em casos raros de pólipos grandes é possível sua visualização pela exteriorização pelo orifício externo do colo uterino ao exame especular. DIAGNÓSTICO PORIMAGEM O diagnóstico é estabelecido principalmente pela ULTRASSONOGRAFIA e HISTEROSCOPIA. ULTRASSONOGRAFIA TRANSVAGINAL (USGTV) A USGTV é seguramente mais precisa que a transabdominal, definindo de forma mais específica o tamanho, a localização e o volume da lesão. Possui boa sensibilidade e especificidade. Vantagem de ser um exame de imagem de baixo custo quando comparada à ressonância magnética. Não é invasiva. Em termos ecográficos, os pólipos podem se apresentar como um espessamento ecogênico difuso, de textura heterogênea e de limites mal definidos, ou como um espessamento focal com a aparência de áreas arredondadas, de textura ecogênica, no interior da cavidade endometrial. Este aspecto é fator importante em sua diferenciação do leiomioma submucoso, o qual apresenta textura hipoecoica. Os pólipos geralmente se apresentam arredondados, como uma imagem focal hiperecogênica, bem definida, no endométrio. OBS: Nas mulheres pré- menopáusicas, a USGTV deve ser realizada antes do décimo dia do ciclo menstrual, para reduzir o risco de achados falso- positivos. HISTEROSSONOGRAFIA (HSS ) A histerossonografia é importante, pois a USGTV pode não identificar perfeitamente o aspecto polipoide, em virtude da compressão imposta pelas paredes uterinas. É possível definir o local de inserção, o contorno e o tamanho real do pólipo, além de facilitar a diferenciação entre um pólipo e um leiomioma submucoso e de também possibilitar sua diferenciação com uma hipertrofia difusa endometrial. Os pólipos são geralmente identificados como uma massa hiperecoica intraluminal, com uma variedade de componentes císticos, e presos por um pedículo. LOUISE CANDIOTTO 4 HISTEROSSALPINGOGRAFIA (HSG) Na HSG, os pólipos se apresentam como uma falha de enchimento da cavidade uterina, apresentando um contorno regular. Algumas vezes, o pedículo é visível. HISTEROSCOPIA (HSC) Papel fundamental no diagnóstico e tratamento dos pólipos endometriais. É o método de melhor acurácia para esta afecção intrauterina, mas pode não diferenciar com segurança lesões benignas das pré-malignas e malignas. Para tanto, o estudo histopatológico é necessário, o qual representa o padrão-ouro. A HSC permite o estudo de toda a cavidade uterina e do endométrio, estuda a verdadeira estrutura do pólipo livre da compressão uterina Ela possibilita precisar o número, tamanho, localização, aspecto da superfície, consistência, coloração e tamanho da base de implantação dos mesmos (analisar a forma). Além do diagnóstico preciso dos pólipos endometriais, a HSC possibilita, ainda, o diagnóstico de lesões associadas, como o mioma uterino e o câncer de endométrio entre outras. TRATAMENTO Embora os pólipos possam desaparecer de modo espontâneo com o tempo, uma questão clínica importante é a tendência à transformação maligna. A tendência atual, embora não seja consenso, é recomendar a polipectomia, mesmo nos pólipos assintomáticos. De acordo com estudos recentes, a chance de malignidade é menor que 5% e aproxima-se de 0,5%. O tratamento ideal consiste na polipectomia histeroscópica, desde que não haja contraindicação operatória. INDICAÇÕES DA POLIPECTOMIA HISTEROSCÓPICA: Pólipo sintomático Desejo de concepção Interesse na avaliação histopatológica de pólipos assintomáticos TRATAMENTO CIRÚRGICO HISTEROSCÓPICO Tratamento conservador. A ressecção cirúrgica do pólipo, denominada polipectomia, é o tratamento de eleição para os pólipos endometriais. A HSC permite a avaliação complementar de todo endométrio e, ainda, se necessário, permite biópsias endometriais sob visão (biópsias dirigidas). A polipectomia histeroscópica apresenta os melhores resultados em termos de tratamento do sangramento uterino anormal, de taxas de fertilidade e de menor recidiva do pólipo. Ela pode ser realizada em regime ambulatorial ou em centro cirúrgico. RESSECÇÃO HISTEROSCÓPICA AMBULATORIAL: Pólipos pediculados com até 1 ou 2 cm de diâmetro (dependendo da experiência do videoendoscopista) podem ser retirados ambulatorialmente sem maiores dificuldades Apesar de algumas pacientes suportarem a realização do procedimento, deve-se dar preferência ao uso da sedação ou do bloqueio paracervical, desde que seja possível a monitorização da paciente RESSECÇÃO HISTEROSCÓPICA NO CENTRO CIRÚRGICO: Algumas situações impõem a necessidade da realização da polipectomia em centro cirúrgico, a saber: Pólipo volumoso Numerosos pólipos (três ou mais) Pedículo séssil de difícil acesso, próximo aos óstios tubários Paciente pouco colaborativa e/ou com extrema sensibilidade à dor Risco cirúrgico incompatível com procedimentos ambulatoriais Presença de lesões associadas, como o mioma uterino submucoso Necessidade de se realizar ablação endometrial
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