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8/16/2021 Sistema somatossensorial, regulação da temperatura corporal, dor e endorfinas https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=sistema-somatossensorial-regulacao-da-temperatura-corporal-dor-e-endorfinas&dcp=fisiologia-humana&topico=2 1/14 Sistema somatossensorial, regulação da temperatura corporal, dor e endor�nas Fisiologia Humana 1. Introdução O sistema nervoso apresenta duas grandes divisões anatômicas: sistema nervoso central (SNC), constituído pelo encéfalo e medula espinal, e sistema nervoso periférico (SNP), formado pelos receptores, neurônios sensitivos e motores e gânglios que são encontrados em várias partes do corpo. O SNC recebe informações sensoriais originadas em receptores periféricos e levadas por neurônios aferentes até o córtex cerebral; esses constituem o sistema nervoso sensorial. Após a chegada da informação sensorial ao córtex cerebral, o sistema nervoso motor é encarregado de enviar neurônios eferentes que carregam tomadas de decisões envio de ordens motoras para músculos e glândulas. No Tópico 2 de Neurofisiologia, iremos estudar sobre a organização do sistema nervoso sensorial e os mecanismos envolvidos na geração e processamento da resposta sensorial. Primeiramente, vamos conceituar alguns termos básicos na neurofisiologia: Conceitos básicos - Nervo: conjunto de axônios no sistema nervoso periférico; - Trato: conjunto de axônios no sistema nervoso central; - Gânglio: agrupamento de corpos celulares de neurônios na periferia; - Núcleo: agrupamento de corpos celulares de neurônios no sistema nervoso central; - Nervos cranianos: 12 pares de nervos motores ou sensoriais que se conectam ao cérebro; - Nervos espinais: nervos motores e sensoriais conectados à medula espinal; - Neurônios aferentes (sensitivos): conduzem informação sensitiva da periferia para o SNC; - Neurônios eferentes (motores): conduzem informação motora do SNC para a periferia; - Interneurônios: conectam um neurônio sensitivo a um neurônio motor no SNC; - Corno dorsal da medula: região de entrada de estímulos sensitivos pelos neurônios aferentes; - Corno ventral da medula: região de saída de estímulos motores pelos neurônios eferentes. 8/16/2021 Sistema somatossensorial, regulação da temperatura corporal, dor e endorfinas https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=sistema-somatossensorial-regulacao-da-temperatura-corporal-dor-e-endorfinas&dcp=fisiologia-humana&topico=2 2/14 Os neurônios eferentes podem apresentar dois prolongamentos (um dendrito e um axônio), sendo denominados de bipolares ou somente um prolongamento inicial que se ramifica em dois prolongamentos, assim denominados de pseudo-bipolares. Os neurônios aferentes e interneurônios são multipolares, pois apresentam mais de dois dendritos e axônios. Veja imagem abaixo. Um papel importante do sistema sensorial é nos ajudar a entender sobre o ambiente ao nosso redor ou sobre o estado do nosso ambiente interno. Estímulos de fontes variadas e de diferentes tipos são recebidos pelos receptores sensoriais e transformados em sinais eletroquímicos do sistema nervoso. Isso ocorre quando um estímulo altera o potencial de membrana celular de um neurônio sensorial. O estímulo faz com que a célula sensorial produza um potencial de ação que é retransmitido para áreas específicas do SNC, onde é integrado com outras informações sensoriais para ser codificado em uma percepção consciente desse estímulo. A integração central pode, então, levar a uma resposta motora. Se você perguntar a uma pessoa quais são os sentidos do corpo humano, ela provavelmente falará os cinco sentidos principais: gosto, olfato, tato, audição e visão. Porém, estes não são todos os sentidos. O equilíbrio também é um sentido. Além disso, o toque pode ser ainda subdividido em pressão e vibração. Outros sentidos incluem a percepção da temperatura pelos termorreceptores e a percepção da dor pelos nociceptores. O sistema sensorial é dividido em somático e dos sentidos especiais. O sistema nervoso somático é responsável por nossa percepção consciente do ambiente e por nossas respostas voluntárias a essa percepção por meio dos músculos esqueléticos. Ele é distribuído por todo o corpo e os receptores estão dentro das estruturas de outros órgãos. São exemplos os mecanorreceptores da pele, dos músculos ou das paredes dos vasos sanguíneos. Os Motor Neuron: Neurônio motor (Neurônio eferente). Interneuron: Interneurônio. Sensory Neuron: Neurônio sensorial (Neurônio aferente). https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2019/07/aula_fisHum_top02_img01-768x738.jpg 8/16/2021 Sistema somatossensorial, regulação da temperatura corporal, dor e endorfinas https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=sistema-somatossensorial-regulacao-da-temperatura-corporal-dor-e-endorfinas&dcp=fisiologia-humana&topico=2 3/14 sentidos somáticos do corpo incluem as seguintes as modalidades de percepção: tato, pressão, vibração, propriocepção, dor e temperatura. Um sentido especial é aquele que tem um órgão específico responsável, ou seja, o olho, orelha interna, língua e nariz. Os sentidos especiais incluem: visão, audição, equilíbrio, paladar e olfato. O sistema sensorial envolve os processos de transdução e transmissão. Transdução refere-se aos processos pelos quais os estímulos sensitivos ativam os receptores sensoriais e deflagram um potencial elétrico. Transmissão refere-se ao transporte da informação sensorial em forma de potencial elétrico para as regiões do cérebro responsáveis pela codificação e interpretação do estímulo sensorial. Veja o vídeo abaixo que explica como transformar energia química em energia elétrica, ou seja, em potencial de ação. 2. Receptores sensoriais Os receptores são as células ou estruturas que detectam sensações e que sofrem alteração por um estímulo. Os receptores geralmente são proteínas transmembranas que podem ser ativadas por substâncias químicas chamadas ligantes ou por estímulos mecânicos ou térmicos. Alterações físicas nessas proteínas aumentam o fluxo de íons através da membrana e podem gerar um potencial de ação nos neurônios sensoriais. As células do receptor podem ser classificadas com base no tipo de célula, posição e função. Além disso, podem ser classificadas quanto à funcionalidade: como ocorre a transdução de estímulos ou como o estímulo gera potencial de ação. Os receptores podem ser: um neurônio que tem uma terminação nervosa livre, com dendritos localizados no tecido que recebe o estímulo (ex.: dor e temperatura); um neurônio que tem a terminações nervosas encapsuladas no tecido conectivo que aumenta sua sensibilidade (ex.: pressão e tato); ou uma célula receptora especializada, que possui componentes estruturais que interpretam um tipo específico de estímulo (ex.: fotorreceptores da retina). Os receptores podem ainda ser categorizados quanto ao tipo de estímulo que transmitem. Estímulos químicos podem ser interpretados por um quimiorreceptor, como o gosto ou o cheiro de algo. Osmorreceptores respondem às concentrações de soluto dos fluidos corporais. A dor é interpretada na presença de substâncias químicas a partir de danos nos tecidos, através de um nociceptor. Estímulos físicos, como pressão e vibração, são interpretados por um mecanorreceptor. A temperatura é sentida através de um termorreceptor que é sensível às temperaturas acima (calor) ou abaixo (do frio) da temperatura normal do corpo. Quanto à sua localização, os receptores podem ser classificados como: exteroceptor, que está localizado próximo a um estímulo no ambiente externo (receptores localizados na pele); interoceptor, que interpreta estímulos de órgãos e tecidos internos (receptores do seio carotídeo); ou proprioceptor, que está localizado perto do músculo interpretando as posições do tecido à medida que se move. Agora, como os receptores sensoriais atuam para transformar vários tipos de energia em energia elétrica, ou seja, em potencial de ação, que é a energia que nosso cérebro entende? Qual o mecanismo de ação desses receptores? Basicamente, existemdois mecanismos de ação que são o mecanismo ionotrópico e o mecanismo metabotrópico. O mecanismo de transdução sensorial 8/16/2021 Sistema somatossensorial, regulação da temperatura corporal, dor e endorfinas https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=sistema-somatossensorial-regulacao-da-temperatura-corporal-dor-e-endorfinas&dcp=fisiologia-humana&topico=2 4/14 ionotrópica acontece da seguinte forma: o estímulo sensorial promove a abertura de canais iônicos da membrana do receptor, promovendo o influxo de íons de carga positiva, como o íon sódio, e provocando, consequentemente, a despolarização da célula receptora e isso vai gerar um potencial de ação. Esse mecanismo é simples e rápido. Já o mecanismo metabotrópico é um pouco mais complexo e lento quando comparado ao ionotrópico. Neste caso, o receptor não é um canal iônico isolado. Ele está acoplado a uma proteína G. Quando ativado pelo estimulo sensorial, o receptor, por sua vez, ativará a proteína G; a proteína G ativada irá promover a produção de um segundo mensageiro no meio intracelular. Neste caso, é o segundo mensageiro que irá promover a abertura dos canais iônicos, para que seja gerado o potencial de ação receptor. A vantagem desse mecanismo é que ele é mais duradouro e consegue fazer uma amplificação do sinal sensorial. Os receptores estão organizados em campos receptivos. Quanto maior os campos receptivos, maior será a quantidade de receptores inseridos dentro deles e o contrário também é verdade. A figura abaixo demonstra um campo receptivo grande, onde estão situados três receptores em contraste com um campo receptivo pequeno, onde está situado apenas um receptor sensorial. Por que regiões do nosso corpo, como dedos e mão, são mais sensíveis ao toque, por exemplo, do que outras regiões, como nossos braços e antebraços? A resposta é porque essas regiões possuem campos receptivos menores, por isso, elas possuem maiores quantidades de campos receptivos do que regiões menos sensíveis, onde os campos receptivos costumam ser maiores. Campos receptivos pequenos com apenas um único receptor sensorial (à esquerda). Campos receptivos grande com três receptores (à direita). https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2019/07/aula_fisHum_top02_img02-1-768x768.jpg 8/16/2021 Sistema somatossensorial, regulação da temperatura corporal, dor e endorfinas https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=sistema-somatossensorial-regulacao-da-temperatura-corporal-dor-e-endorfinas&dcp=fisiologia-humana&topico=2 5/14 E por que regiões com maior quantidade de campos receptivos são mais sensíveis? Temos que entender que cada campo receptivo possui uma representação no córtex somatossesonrial, local do nosso SNC responsável por identificar as sensações produzidas na periferia do nosso corpo. Quanto maior a quantidade de representações de uma determinada área no córtex, maior será a sensibilidade daquela área. Dedos e mãos possuem campos pequenos, por isso, possuem muitos campos e, consequentemente, muita representação cortical. Já braço e antebraço possuem campos grandes e, por isso, um número menor de campos e baixa representação cortical. A figura abaixo é denominada homúnculo sensor (homem pequeno). O homúnculo é uma representação topográfica das áreas cerebrais e suas relações com partes do corpo. Ele possui mãos, dedos, lábios, face, língua e orelhas bem grandes. Ao contrário de regiões como o Abdome, braços, antebraço, pernas e costas. Isso demonstra a representação no córtex somatossensorial destas áreas com suas respectivas sensibilidades. As regiões maiores possuem muitos campos receptivos, porque eles são pequenos e, por isso, são regiões de alta sensibilidade. Já as regiões maiores possuem campos receptivos grandes e menos abundantes, por isso, são regiões denominadas de baixa sensibilidade. Representação topográfica das áreas cerebrais e suas relações com partes do corpo. https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2019/07/aula_fisHum_top02_img04.jpg 8/16/2021 Sistema somatossensorial, regulação da temperatura corporal, dor e endorfinas https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=sistema-somatossensorial-regulacao-da-temperatura-corporal-dor-e-endorfinas&dcp=fisiologia-humana&topico=2 6/14 A sensibilidade conferida a essas regiões também dá a elas uma capacidade muito grande de discriminação tátil. Uma forma de se notar isso é através de uma prática comum denominada limiar de dois pontos, que é a menor separação entre dois pontos diferentes, porém, adjacentes, capaze de começar a produzir impressões diferenciadas de tato, quando o indivíduo começa a sentir que dois pontos estão sendo pressionados naquela região e não apenas um. Perceba, na figura abaixo, que essas distâncias podem variar muito de uma região para outra. Na panturrilha, para uma pessoa conseguir discriminar dois pontos, ela precisa de uma distância de mais de 45 mm enquanto que, no polegar, essa distância é menor que 5m. O Homúnculo. https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2019/08/aula_fisHum_top02_img03-768x768.jpg 8/16/2021 Sistema somatossensorial, regulação da temperatura corporal, dor e endorfinas https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=sistema-somatossensorial-regulacao-da-temperatura-corporal-dor-e-endorfinas&dcp=fisiologia-humana&topico=2 7/14 Você já se perguntou por que, quando uma pessoa mora próximo a um valão, por exemplo, aquele cheiro horrível que incomoda tantas pessoas não a incomoda? Ou a incomoda em poucos momentos do dia? Ou já notou que você não percebe a roupa que está usando tocando a sua pele? Nossos receptores sensoriais possuem uma grande capacidade de adaptação. Quando nosso cérebro percebe que o estímulo não é nocivo, nosso organismo para de enviar estímulos (potenciais de ação) para o córtex somatossensorial e aquele estímulo não é mais percebido, embora continue presente. Existem dois tipos de adaptação: fásica ou rápida e tônica ou lenta. Veja a exemplificação na figura abaixo de como isso acontece. Limiar de discriminação entre dois pontos em várias partes corpo humano. Mecanismos de adaptação de receptores táteis Corpúsculo de Pacine. Parte Superior: Adaptação rápida ou fásica. Parte Inferior: Adaptação lenta ou tônica. https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2019/07/aula_fisHum_top02_img005-768x576.jpg https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2019/07/aula_fisHum_top02_img006-768x576.jpg 8/16/2021 Sistema somatossensorial, regulação da temperatura corporal, dor e endorfinas https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=sistema-somatossensorial-regulacao-da-temperatura-corporal-dor-e-endorfinas&dcp=fisiologia-humana&topico=2 8/14 Nas duas situações acima, o estímulo sobre os receptores táteis, corpúsculo de Pacini, são contínuos, mas os receptores se adaptaram. Por isso, você não está sentindo sua blusa ou calça tocar sua pele nesse exato momento. Vamos ver agora como impulso trafega do receptor até chegar ao córtex somatossensonrial, onde a informação será processada. Os neurônios que transmitem a informação do receptor até o córtex são divididos em neurônios de primeira, segunda, terceira e quarta ordem. Veja figura abaixo: Neurônio de primeira ordem: faz sinapse com o receptor e transmite a informação para o SNC. Neurônio de segunda ordem: recebe a informação do neurônio primário e a leva para o Tálamo. Cruza a linha média da medula. Por isso, todas as sensações geradas do lado esquerdo do corpo são processadas do lado direito e vice e versa. Neurônio de terceira ordem: neurônio talâmico. Processa as informações para que elas sejam enviadas ao córtex. Neurônio de quarta ordem: integram as informações mais complexas. Se o estimulo não chegar até ele, não haverá sensação. O sistema da coluna dorsal é usado para transmitir informações somatossensoriais sobre tato discriminativo, pressão, vibração, discriminação de dois pontos e propriocepção, enquanto o sistema anterolateral (espinotalâmico) transmite informações sobre dor, temperaturae toque suave. Vias somatossensoriais demonstrando os neurônios de primeira, segunda, terceira e quarta ordem, com suas respectivas funções. Sistema da coluna dorsal: cruzamento da linha média do neurônio de segunda ordem no tronco encefálico. Sistema anterolateral: cruzamento da linha média do neurônio de segunda ordem na medula espinhal. 3. Regulação da temperatura corporal https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2019/07/aula_fisHum_top02_img05-768x514.jpg 8/16/2021 Sistema somatossensorial, regulação da temperatura corporal, dor e endorfinas https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=sistema-somatossensorial-regulacao-da-temperatura-corporal-dor-e-endorfinas&dcp=fisiologia-humana&topico=2 9/14 Nós mamíferos, juntamente com as aves, somos classificados como endodérmicos. O que isso significa? Imagine que você entra em uma banheira com uma água muito quente ou está andando na rua no calor e entra em um ambiente muito frio. Nessas duas situações, seu organismo ativou mecanismos reguladores para que a brusca variação da temperatura do ambiente não alterasse a sua temperatura corporal. A termorregulação é um mecanismo pelo qual os mamíferos mantêm a temperatura corporal por meio de autorregulação controlada rigorosamente, independentemente da temperatura do ambiente. A regulação da temperatura objetiva a homeostase corporal, ou seja, garante a preservação um estado interno estável para sobreviver. Vamos agora entender como o nosso organismo trabalha para a manutenção da temperatura corporal em valores basais. A detecção aferente funciona através de receptores para determinar se o corpo está experimentando um estímulo muito quente ou muito frio. Posteriormente, o hipotálamo é o controlador central da termorregulação. Por último, as respostas eferentes são realizadas principalmente pelas reações comportamentais do corpo às mudanças da temperatura corporal. Por exemplo: se uma pessoa está se sentindo muito quente, a tendência é remover uma peça de roupa externa. Se uma pessoa está com muito frio, ela prefere usar mais camadas de roupa. As respostas eferentes também consistem em respostas do corpo para se proteger de mudanças extremas de temperatura, como produção de suor (sudorese), vasodilatação, vasoconstrição e tremores. Então, vamos estudar esse processo mais detalhadamente. Existem receptores para calor e frio em toda a extensão da pele humana. Terminações nervosas livres estão localizadas logo abaixo da superfície da pele. A densidade de termorreceptores difere entre as regiões do corpo, por exemplo, são encontrados em maior quantidade na pele das digitais do que no tronco. Bem como existem mais receptores de frio do que de calor espalhados pelo corpo. Os receptores de temperatura são estimulados quando as temperaturas do meio externo diferem da temperatura corporal. Alguns termorreceptores são sensíveis apenas ao frio e outros, apenas ao calor. Com a temperatura da pele acima de 36°C, só os receptores de calor estão ativados, os receptores de frio se tornam inativos. Quando a pele esfria abaixo de 36°C, os receptores de calor são inativados, predominando a ativação dos receptores de frio. A nocicepção é a sensação de estímulos potencialmente prejudiciais. Estímulo térmico, além do limiar estabelecido, provoca sensações dolorosas por ativação de vias nociceptivas. O processo de transdução, mediado pelos termorreceptores, é iniciado por canais presentes na membrana de terminações nervosas livres. Nos receptores sensíveis ao calor, quando a temperatura aumenta, eles passam do seu estado fechado para aberto e o contrário ocorre nos receptores de frio: quando a temperatura diminui, promove a abertura do receptor. A temperatura corporal média de um ser humano saudável é de aproximadamente 37°C. Esta é a temperatura na qual as células obtêm o melhor funcionamento. Sem termorregulação, o corpo humano não seria capaz de funcionar adequadamente. 8/16/2021 Sistema somatossensorial, regulação da temperatura corporal, dor e endorfinas https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=sistema-somatossensorial-regulacao-da-temperatura-corporal-dor-e-endorfinas&dcp=fisiologia-humana&topico=2 10/14 Os neurônios sensoriais primários, que contêm os receptores de temperatura, fazem sinapse no corno dorsal da medula espinal, de onde neurônios aferentes de segunda ordem se dirigem ao tálamo; desse, partem neurônios aferentes de terceira ordem para o córtex somatossensorial primário e para a ínsula. Esta via é conhecida como espinotalamocortical e é responsável pela percepção e discriminação da temperatura cutânea. Uma segunda via sai dos neurônios aferentes dos receptores cutâneos, que fazem sinapses com outros neurônios aferentes na formação reticular do tronco cerebral e chegam até ao hipotálamo, na área denominada pré-óptica, responsável pelo controle da termorregulação e ativação das respostas efetoras de acordo com as alterações na temperatura. Essa área tem termorreceptores que detectam as alterações térmicas locais e recebe informações térmicas de várias regiões do organismo por meio dos receptores periféricos. Se o hipotálamo sentir que a temperatura externa está ficando muito quente ou muito fria, ele enviará automaticamente sinais para a pele, glândulas, músculos e órgãos. Quando os termorreceptores são ativados pelo aumento de temperatura (local ou periférico), eles estimulam os neurônios efetores de perda e inibem os efetores de produção de energia térmica levando à manutenção da temperatura. Entretanto, quando a temperatura é reduzida, a frequência destes neurônios sensíveis à temperatura é diminuída de tal modo que a frequência daqueles insensíveis à temperatura prevaleça, inibindo os efetores de perda e ativando os efetores de produção de calor, resultando na proteção contra o frio. Os receptores de calor apresentam uma atividade máxima para temperaturas ao redor dos 40°C. Por exemplo: quando o corpo está em um ambiente externo muito quente, ou simplesmente passando por altos níveis de atividade, como exercício, a temperatura aumentará; com isso, o organismo precisa liberar calor. Para isso, o hipotálamo envia sinais eferentes através de neurônios do sistema nervoso simpático colinérgico (veremos no tópico 3) que irão estimular as glândulas sudoríparas e produzir vasodilatação, que juntos produzirão suor. Suar é uma estratégia do corpo para se resfriar. À medida que a temperatura do corpo aumenta, o suor é expelido, os músculos relaxam e o pelo do corpo fica deitado contra a pele. Estas são todas as maneiras de liberar calor e, portanto, diminuir a temperatura do corpo. Os receptores de frio exibem uma atividade máxima para temperaturas situadas em torno dos 25°C. Quando o corpo experimenta um ambiente frio, os vasos sanguíneos contraem por estímulo simpático noradrenérgico, os músculos esqueléticos ficam contraídos, levando ao reflexo de tremores rítmicos, e os músculos eretores do pelo, um tipo de músculo liso, elevam os folículos pilosos. Esses processos, por sua vez, produzem e retêm calor. As infecções, geralmente as virais, podem levar a pessoa a desenvolver febre, que se caracteriza pela temperatura corporal acima de 37°C. Isso ocorre, pois, como mecanismo protetor, o organismo libera agentes pirogênicos, como as citocinas inflamatórias, os quais aumentam a temperatura do corpo. Saiba mais sobre Febre lendo o artigo científico intitulado “Febre e Inflamação”, publicado na Revista Medicina (Ribeirão Preto) em 1994, disponível no link abaixo: http://revista.fmrp.usp.br/1994/vol27n1e2/febre.pdf http://revista.fmrp.usp.br/1994/vol27n1e2/febre.pdf 8/16/2021 Sistema somatossensorial, regulação da temperatura corporal, dor e endorfinas https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=sistema-somatossensorial-regulacao-da-temperatura-corporal-dor-e-endorfinas&dcp=fisiologia-humana&topico=2 11/14 4. Dor e endorfinas Dor em sua origem do latim significa sofrimento. Em inglês, a palavra dor (pain) de origem grega significa punição. A dor que, em civilizações antigas,já foi associada a espíritos maus dentro do indivíduo, ao longo do tempo, foi sendo estudada e compreendida como uma sinalização do nosso organismo para nos informar que há algum dano ocorrendo em nossas células. A Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) conceitua dor como uma experiência sensorial e emocional desagradável associada a um dano tecidual real ou potencial. A dor é um sinal característico dos mecanismos responsáveis pela defesa do organismo contra o dano tecidual. A dor apresenta um componente sensorial-discriminativo e outro componente emocional-afetivo-cognitivo. A integração desses dois componentes é fundamental para a percepção da dor. O componente sensorial-discriminativo tem a função de detecção e percepção do estímulo nocivo, bem como sua localização, intensidade, duração e temporalidade. O componente afetivo-emocional envolve estruturas cerebrais (córtex e sistema límbico) que geram reações comportamentais frente à dor. 4.1. Dor crônica e aguda Quanto à classificação temporal, a dor pode ser aguda (fisiológica) ou crônica (patológica). A dor aguda tem início súbito e duração curta (dias), com tendência à remissão. A dor pós-operatória é classificada como aguda. A dor crônica persiste além do tempo esperado (meses) de cura da lesão inicial e tem tendência de piora progressiva. Pode apresentar um componente neuropático. A dor lombar crônica e a dor oncológica são exemplos de dor crônica. Geralmente, na dor crônica, o componente emocional-afetivo-cognitivo é ativado. 4.2. Origem da dor Outra classificação para a dor é com base na sua origem. Temos a dor nociceptiva, onde nociceptores da pele ou em vísceras são estimulados por agentes lesivos de origem térmica, física, mecânica, química, entre outros. A dor nociceptiva somática é bem localizada, se manifestando 8/16/2021 Sistema somatossensorial, regulação da temperatura corporal, dor e endorfinas https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=sistema-somatossensorial-regulacao-da-temperatura-corporal-dor-e-endorfinas&dcp=fisiologia-humana&topico=2 12/14 em forma de pontada ou queimação e acompanhada por processo inflamatório. A dor nociceptiva visceral tem padrão de cólicas e desconfortos difusos sem localização bem definida. A dor neuropática é causada por lesões ou disfunções em nervos centrais ou periféricos. 4.3. Nociceptores A dor caracteriza-se por queimação, choque ou formigamento. Os nociceptores, ou receptores de dor, são terminações nervosas livres que respondem a estímulos dolorosos. Os nociceptores são encontrados em todos os tecidos, exceto no cérebro, e transmitem informações ao cérebro. Três tipos de estímulos podem ativar os receptores de dor nos tecidos periféricos: mecânico (pressão, pinça), calor e químico. Os estímulos mecânicos e de calor são geralmente breves, enquanto os estímulos químicos são geralmente de longa duração. Diversas substâncias químicas ativam nociceptores aferentes primários. Alguns deles, como potássio, histamina e serotonina, podem ser liberados pelas células do tecido lesionado ou pelas células sanguíneas circulantes que migram dos vasos sanguíneos para a área de dano tecidual. Substâncias químicas que modulam a transmissão da dor são liberadas no tecido extracelular quando ocorre dano tecidual. Eles ativam os nociceptores, estimulando as terminações nervosas. Esses mediadores químicos incluem histamina, substância P, bradicinina, acetilcolina e prostaglandinas. Os mediadores podem produzir outras reações no local da lesão, como vasoconstrição, vasodilatação ou permeabilidade capilar alterada. Por exemplo: as prostaglandinas induzem a inflamação e potencializam outros mediadores inflamatórios. Por isso, medicamentos anti-inflamatórios são frequentemente prescritos para condições dolorosas devido à inflamação. A figura abaixo mostra a ativação de nociceptores por substâncias químicas endógenas. Nociceptores e terminações nervosas livres. Note a ativação desses receptores de dor por substâncias químicas como serotonina e histamina. https://cead.uvv.br/conteudo/wp-content/uploads/2019/08/aula_fisHum_top02_img08-768x471.jpg 8/16/2021 Sistema somatossensorial, regulação da temperatura corporal, dor e endorfinas https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=sistema-somatossensorial-regulacao-da-temperatura-corporal-dor-e-endorfinas&dcp=fisiologia-humana&topico=2 13/14 4.4. Condução do estímulo doloroso O processo de detecção de lesão tecidual, a nocicepção, se inicia nas terminações nervosas livres (nociceptores) formadas por fibras aferentes do tipo A delta e C que tem seu corpo celular no gânglio da raiz dorsal, que emite outro axônio para o corno dorsal da medula espinal. O grau de mielinização dessas fibras determina qual tipo de dor será detectada. As fibras A delta são finas e mielinizadas e, portanto, conduzem potenciais de ação mais rapidamente, com isso, transmitem dor do tipo rápida e são mais fáceis de serem excitadas. Por isso, nociceptores de fibra A delta detectam dor de origem mecânica e térmica de baixa intensidade. As fibras A delta detectam dor do tipo aguda e bem localizada. As fibras C são finas, mas não mielinizadas, portanto, a velocidade de transmissão do impulso elétrico é lenta. Essas fibras detectam agentes nocivos térmicos, mecânicos e químicos de alta intensidade. O alívio da dor pode ser observado ao esfregar (estimulação mecânica) uma região dolorosa da nossa pele. Tal fato pode ser explicado pelo mecanismo da “Teoria da comporta da dor”. 5. Conclusão Como vimos neste Módulo, o sistema nervoso sensorial é importante para alertar sobre o ambiente ao nosso redor ou sobre o estado do nosso ambiente interno, almejando, assim, a homeostasia celular. Estímulos sensoriais de diversas origens e de diferentes tipos estimulam células especializadas em captar estímulos, denominadas de receptores. Estímulos mecânicos como de dor estimulam mecanorreceptores e nociceptores. Termorreceptores são ativados pelo calor e frio. Todos esses estímulos sensitivos são transformados em potenciais de ação e conduzidos por axônios aferentes contidos em nervos até as regiões específicas do sistema nervoso central. A informação sensorial é interpretada em uma percepção consciente do estímulo ou pode levar a uma resposta motora. 6. Referências 8/16/2021 Sistema somatossensorial, regulação da temperatura corporal, dor e endorfinas https://cead.uvv.br/saladeaula/conteudo.php?aula=sistema-somatossensorial-regulacao-da-temperatura-corporal-dor-e-endorfinas&dcp=fisiologia-humana&topico=2 14/14 BICAS, H. E. A. Ametropias e presbiopia. Revista Medicina, Ribeirão. 1997. 30 20-26, jan./mar. COSTANZO, L. S. Fisiologia. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007. 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