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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ RELTÓRIO FINAL ICV/UFPI DETERMINAÇÃO DA VULNERABILIDADE AMBIENTAL DO MUNICIPIO DE TERESINA ALUNO: FRANCISCO LUCAS DA SILVA SOUSA ORIENTADORA: PROFª DRA. MAYRA FERNANDES NOBRE MOSCARDI TERESINA, PI 2017 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO.....................................................................................................02 2. OBJETIVOS.........................................................................................................03 3. REVISÃO BIBLIOGRAFICA.................................................................................03 4. METODOLOGIA..................................................................................................08 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO............................................................................09 5.1 Caracterização Física do Município....................................................................09 5.2 Principais Problemas Ambientais Verificados em Teresina..................................16 5.3 Estimativa da Vulnerabilidade por Zonas e Características de Ocupação.........16 6. CONCLUSÕES....................................................................................................20 REFERENCIAS LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 01– Mapa Geológico de Teresina...................................................................11 Gráfico 01- Precipitação média mensal histórica (1961-1990) do Município de Teresina......................................................................................................................12 Figura 02- Imagem de satélite Landsat......................................................................14 Figura 03– Uso do solo..............................................................................................15 2 1. INTRODUÇÃO O processo de urbanização do final do século XX e início do XXI apresentou índices bastante elevados fruto da intensificação do êxodo rural. Essa urbanização acelerada causou uma série de novos problemas de gestão do espaço e da compreensão da sociedade urbana, sendo que aqueles de ordem socioambiental tem papel de destaque, sobretudo nos países com condições socioeconômicas de grande complexidade como é o caso do Brasil (MENDONÇA, 2014). Os problemas decorrentes da relação entre sociedade e natureza sempre estiveram associados a aglomerações humanas. Esses problemas sempre foram tratados na perspectiva de impactos ambientais o que privilegiou medidas de tratamento com um cunho mais naturalista, assim, ganharam destaques estudos relativos ao verde urbano, à degradação hídrica, do ar e dos solos, às inundações e deslizamentos de terras, etc. (MENDONÇA, 2014). A vulnerabilidade natural mostra a predisposição do ambiente diante dos fatores naturais como: geologia, geomorfologia, solos e sua estabilidade frente aos fatores de morfogênese e pedogênese. Já a vulnerabilidade ambiental é definida como a susceptibilidade do meio a um impacto proveniente da ação antrópica (KLAIS et al, 2012). A expansão urbana acelerada e sem planejamento que acomete as cidades brasileiras, vem tornando os desequilíbrios ambientais mais recorrentes. Um dos maiores problemas dessa expansão refere-se ao uso e ocupação do solo, dando destaque a ocupação de áreas ambientalmente instáveis (PEREIRA et al, 2012). Teresina foi cuidadosamente planejada, pois seria a nova capital do Piauí, a vila nova se localizava entre os tios Parnaíba e Poti. Dois anos após sua fundação a cidade de Teresina já contava com 8.000 habitantes, nesses primeiros anos a cidade era tomada pelo verde dos pomares particulares e pelas praças e ruas arborizadas. Em volta desse espaço urbano encontravam- se sítios e logo após fazendas, com a expansão da cidade esses sítios e fazendas foram incorporadas a área urbana. A ocupação das margens das estradas fez nascerem bairros que saiam dos padrões de planejamento da cidade que eram com ruas paralelas e perpendiculares, também foram surgindo os primeiros problemas relacionados a drenagem, pois com a 3 expansão dos serviços de calçamento as lagoas e vales dos riachos foram pavimentados, fazendo surgir as primeiras baixas, que eram os locais para a onde a água começou a escoar (LIMA et al, 2015). Com o crescimento demográfico há um aumento da pressão sobre o s recursos naturais e mediante este cenário surge o questionamento: Qual o panorama da vulnerabilidade ambiental do município de Teresina ? 2. OBJETIVOS A presente pesquisa propôs-se a investigar o tema e para tanto adotou como objetivos: Geral: -Diagnóstico da vulnerabilidade ambiental do município, avaliando e apresentando as áreas em diferentes gradações de vulnerabilidade. Específicos - Realização de pesquisas em dados secundários acerca dos aspectos físicos e bióticos do município; -Levantamento e obtenção da base cartográfica existente, pertinente ao tema: geologia; pedologia, climatologia, uso e ocupação do solo na escala de 1:250.000; -Compatibilização dos dados levantados em ambiente SIG; -Obtenção de produtos cartográficos resultantes através da utilização de Sistemas de Informação Geográfico (SIG) ; -Confecção do mapa de vulnerabilidade ambiental de Teresina, na escala de 1:250.000; - Análise da Vulnerabilidade Ambiental do Município e - Proposição de medidas de Gestão do Território. 3. REVISÃO BIBLIOGRAFICA O presente capítulo vem explanar sobre a bibliografia que embasa a pesquisa. Para tanto discorreremos sobre diversos aspectos do município. 4 Teresina foi cuidadosamente planejada, pois seria a nova capital do Piauí, a partir de 1852, o seu fundador, Conselheiro Saraiva então presidente da província do Piauí escolheu um local “alto e aprazível” a margem direita do rio Parnaíba. Inicialmente tinha o nome de Vila Nova do Poti, o seu fundador Conselheiro Saraiva com o apoio de fazendeiros do norte do Piauí, dos deputados provinciais e do Padre Antônio Mamede de Lima, convenceu os moradores a fixarem residência na região, pois antes residiam num local insalubre e que era constantemente ocorriam enchentes (LIMA et al, 2015). A vila nova se localizava entre os rios Parnaíba e Poti, essa região conhecida como chapada corisco. No início a população teresinense era constituída pelos moradores da vila (velha) do Poti, de Oeiras que era a antiga capital, Campo Maior (PI), Caxias (MA), como incentivo ao aumento populacional foram distribuídos terrenos nas ruas planejadas, e muitas famílias ficaram com uma quadra inteira para suas residências (LIMA et al, 2015). Os problemas enfrentados em Teresina são comuns às cidades de grande e médio porte dos países subdesenvolvidos. O crescimento populacional acelerado e a dificuldade de gestão dos recursos econômicos (LIMA et al, 2015). Os problemas de drenagem de Teresina perduram até os dias atuais pela ocupação desordenada e inadequada tanto por parte das instituições públicas como das instituições privadas. Varias lagoas e riachos foram aterrados e muitos solos impermeabilizados. O escoamento e percolação das águas ficam prejudicados, os sistemas de galerias existentes na cidade não suportam a grande quantidade de água que carreia resíduos sólidos nos períodos chuvosos, muitas delas acabam entupidas, pois a poluição do solo pelos resíduos sólidos provenientes principalmente de residências e que é carreado no período de chuvas acaba por obstruir muitos bueiros impedindo o escoamento da água. Esses resíduos também são carreados para os rios aumentando a poluição dos mesmos (LIMA et al, 2015). Toda ação que modifique o estadonatural do meio ambiente como alguns tipos de uso do solo (desmatamento, cortes e aterros no solo, disposição irregular de moradias e resíduos sólidos) associados às características físicas do local e da intensidade desta ação pode gerar uma 5 série de efeitos adversos que influenciam na vulnerabilidade ambiental (KLAIS et al, 2012). O crescimento acelerado da urbanização gera pressão sobre o meio físico urbano causando poluição dos recursos hídricos, degradação do solo, agressão às áreas de proteção permanente. A caracterização e a determinação da vulnerabilidade ambiental são, sobretudo de grande importância para o processo de conservação ambiental e para a gestão dos recursos naturais, fazendo assim com que se tenha um aprimoramento do planejamento urbano dando recursos para uma recuperação ambiental (ANDRADE, 2012 et al). O uso e a ocupação do solo sempre foi um desafio para a gestão urbana do Brasil. Esse problema está associado ao processo de urbanização do ultimo século, caracterizado pelo fenômeno social de inversão demográfica campo- cidade, que é o deslocamento das famílias do campo para a cidade, o que consequentemente gera um aumento da ocupação das periferias nas cidades, e isso associado a uma má gestão das politicas de planejamento que pudessem orientar o crescimento das cidades. Esses fatores são colocados como decisivos para os problemas urbanísticos, sobretudo a ocupação residencial das áreas suscetíveis aos agravos ambientais como: alagamentos, enxurradas, inundações e movimentos de massa. O que compromete a segurança habitacional e física dos residentes nessas áreas (ANDRADE, 2012 et al). Os diversos usos e ocupações do solo em macro ou em micro escalas podem induzir diretamente ou indiretamente situações indesejadas ao ser humano, essas alterações modificam a dinâmica da paisagem, alterando a capacidade de resposta do meio (PEREIRA et al, 2012). Essas distorções do uso e ocupação do solo se configuram num problema social basicamente relacionado à população de baixa renda, devido à sua dificuldade de acesso à terra urbanizada. Por outro lado, se configura também, como um problema ambiental, uma vez que a ocupação irregular de áreas urbanas, que ocorre, sobretudo, em locais excluídos do circuito especulativo do mercado imobiliário, como áreas de fundos de vale, encostas de morros e áreas de preservação permanente, são sempre acompanhadas de supressão da vegetação, da exposição do solo a processos erosivos mais intensos e da impermeabilização do terreno. (ANDRADE, 2012 et al) 6 A ocupação de áreas vulneráveis está quase sempre associada aos problemas sociais e a população de baixa renda, e também a falta de informação sobre os riscos que se tem ao ocupar essas áreas, e quando se tem um conhecimento dos riscos, o medo de algum desastre é suprimido pela necessidade de moradia. A ocupação dessas áreas vulneráveis associado à supressão vegetal que coloca em risco a estabilidade do terreno, também causa um carreamento de materiais que se deslocam para as áreas mais baixas através do sistema de drenagem, podendo assorear risos, contribuindo para o agravamento do problema de assoreamento dos rios, bem como aos movimentos de massas (ANDRADE, 2012 et al). O uso de Sistemas de Informações Geográficas (SIG’s) é uma ferramenta muito ágil para o monitoramento e analise do uso e ocupação do solo, vegetação, geomorfologia, que em conjunto dão embasamento para os estudos acerca da vulnerabilidade ambiental, o que auxiliará no planejamento e no desenvolvimento de medidas para melhorar o desenvolvimento urbano (PEREIRA et al, 2012). O sensoriamento remoto e o monitoramento ambiental permitem analisar a dinâmica da cobertura vegetal e do uso do solo e associar essas transformações às condições físicas do meio, aos mecanismos de produção agropecuários e à qualidade de vida das populações locais (LORENA et al. 2001 apud KLAIS et al, 2012). O Decreto Federal de N° 6.766 (BRASIL, 1979) no seu artigo 3° dispõe que: Art. 3º Somente será admitido o parcelamento do solo para fins urbanos em zonas urbanas, de expansão urbana ou de urbanização específica, assim definida pelo plano diretor ou aprovadas por lei municipal. (NR) (Redação dada pela Lei nº 9.785, 29.1.99) Parágrafo único. Não será permitido o parcelamento do solo: I – em terrenos alagadiços e sujeitos a inundações, antes de tomadas as providências para assegurar o escoamento das águas; II – em terrenos que tenham sido aterrados com material nocivo à saúde pública, sem que sejam previamente saneados; III – em terreno com declividade igual ou superior a 30% (trinta por cento), salvo se atendidas exigências específicas das autoridades competentes; 7 IV – em terrenos onde as condições geológicas não aconselham a edificação; V – em áreas de preservação ecológica ou naquelas onde a poluição impeça condições sanitárias suportáveis, até a sua correção. O artigo discorre a respeito da proibição do loteamento das áreas de risco para fins urbanísticos. A proibição por decreto federal não impede que muitas dessas áreas sejam ocupadas para diversos fins, o que coloca a população em risco, causando problemas para o poder público. A dinâmica dos ecossistemas que também é chamada de ecodinâmica é tão importante para a conservação e o desenvolvimento dos recursos ecológicos quanto à dinâmica das próprias biocenoses, tais aspectos da dinâmica do ecossistema possuem uma estreita relação entre si (TRICART, 1977). O conceito de ecodinâmica está estreitamente ligado ao conceito de ecossistema, e se baseiam no instrumento lógico de sistema, traz o enfoque das relações mútuas entre os diversos componentes da dinâmica e os fluxos de energia e matéria no meio ambiente (TRICART, 1977, p.32 [...] a gestão dos recursos ecológicos deve ter por objetivo a avaliação do impacto da inserção da tecnologia humana no ecossistema. Isso significa determinar a taxa aceitável de extração de recursos, sem a degradação do ecossistema, ou determinar quais as medidas que devem ser tomadas para permitir uma extração mais elevada sem a degradação. Esse tipo de avaliação exige um bom conhecimento do ecossistema, ou seja, dos fluxos de energia/matéria que o caracterizam (TRICART, 1977). Tricart, 1977 deixa clara a importância acerca dos estudos ambientais e sobre a ação antrópica no meio. A sustentabilidade que é tratada como a taxa aceitável de extração de recursos também é um dos principais alvos de estudos na atualidade, buscando sempre meios para extrair cada vez mais recursos de forma que eles não se esgotem, mas sempre tomando como base uma analise ecodinâmica do meio. A utilização do instrumento lógico e da análise dinâmica permite que se tenha rapidamente uma visão das reações indiretas que serão provocadas por uma intervenção que afeta algum elemento do sistema (TRICART, 1977). 8 Ainda segundo o autor, a supressão vegetal de uma área acarreta em diversos problemas como: I – o aumento da radiação solar que alcança o solo, fazendo com que haja um aumento da temperatura desse solo, tendo efeitos sobre a fauna, flora e tendo efeitos diretos na fertilidade desse solo ; II – a concentração da energia de impacto das gotas das chuvas que antes era diminuída pela folhagem, faz com que o solo esteja mais propicio a erosão pluvial; III – a proteção do solo contra as ações eólicas, que são capazes de uma grande degradação das terras (TRICART, 1977). 4. METODOLOGIA Para análise da vulnerabilidade potencial natural ou vulnerabilidade ambiental, é necessário o conhecimento das características de cada componente ambiental e sua influência para o equilíbrio ecodinâmico do ambiente. Para geração do mapa que permite inferir de forma mais precisa sobre a vulnerabilidade ambiental da área faziam-se necessáriosos seguintes planos de informação¹ em escalas compatíveis de trabalho: - Solos/Pedologia; -Cobertura vegetal/Uso do solo; - Clima - Declividade A provável dificuldade apontada no projeto da pesquisa dizia respeito à taxa de sucesso na obtenção de todos os produtos cartográficos necessários e em escala compatível. Essa probabilidade materializou-se na execução da pesquisa uma vez que não foi possível obter alguns dos planos de informação necessários. Foi possível obter o uso do solo através de uma imagem de satélite Landsat que foi processada no software Spring através do seguinte procedimento: Foi criado um banco de dados e alimentado com imagens do satélite landsat, foi feita uma composição colorida nas bandas 2 (B), 3 (G) e 2 (R) para uma melhor visualização da imagem, logo após foi realizada uma 9 classificação supervisionada, onde foram coletados varias amostras de pixels em diferentes categorias (vegetação, mancha urbana, corpos hídricos, áreas expostas ) e foi criada uma nova imagem classificada que serviu como base para algumas inferências acerca da vulnerabilidade ambiental de Teresina. Também obteve-se a precipitação média da região e dados relativos ao embasamento geológico. Na impossibilidade de gerar o mapa de vulnerabilidade foi feita uma análise subjetiva com uma estimativa da provável vulnerabilidade das zonas do município, tendo como referência os mapas de uso e ocupação do solo, geologia que são disponibilizados pela Companhia de Pesquisa de Recursos Minerais (CPRM), pela Prefeitura Municipal de Teresina (PMT). Mediante isso, a metodologia da pesquisa foi segmentada em duas etapas gerais: a que compreende a obtenção de dados secundários (bibliográficos, documentais e cartográficos) e a coleta de dados primários diretamente nas áreas objeto de estudo. 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO No presente capítulo serão apresentados dados secundários relativos as características do município e também uma estimativa da vulnerabilidade do município mediante uma análise subjetiva. 5.1 CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO MUNICÍPIO A cidade está localizada entre 5º05’12” S. e 42º48’42” W, segundo IBGE (2010) ocupando atualmente uma área de 1.391,981 Km2, com população de 814.230 habitantes e estimativa de 847.430 habitantes para o ano de 2016 (LIMA et al, 2015). Geologia e Relevo A base geológica do município de Teresina corresponde às Formações Piauí e Pedra de Fogo, apresentando rochas ígneas básicas, que afloram com forma de soleiras e diques, na área Sul do município (Figura 01). A Formação Pedra de Fogo é tipicamente constituída por uma alternância de silexitos, https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_de_Pesquisa_de_Recursos_Minerais https://pt.wikipedia.org/wiki/Companhia_de_Pesquisa_de_Recursos_Minerais 10 arenitos e siltitos. Essas formações pertencem a uma estrutura geológica com dimensão regional, a bacia sedimentar do Piauí-Maranhão (LIMA et al, 2015). As formas de relevo dessa bacia sedimentar apresentam uma topografia de topos tabulares e sub-horizontais. No entorno da cidade esses baixos planaltos são individualizados pelos grandes rios Poti e Parnaíba e recortados pelos seus afluentes de menores dimensões, formando no Sul deste município as Serras do Longá, Cantinho, Jatobá, Peladinho e Grajaú. Os platôs e colinas mais baixos desse interflúvio Poti/ Parnaíba, ocupados pela urbanização inicial da cidade, eram chamados de Chapada do Corisco (LIMA et al, 2015). A parte mais central, zona leste e a zona norte são as áreas mais baixas da cidade, o aclive da zona sul vai sendo suavizado na direção norte conforme o curso dos rios. A seguir temos o mapa geológico de Teresina elaborado pela CPRM, que é um das bases utilizadas para a caracterização da vulnerabilidade ambiental. 11 Figura 01– Mapa Geológico de Teresina Fonte: CPRM, 2006. O clima A localização geográfica de Teresina lhe confere aspectos peculiares em relação ao seu sistema de chuvas, umidade relativa do ar, o pouco vento e as altas temperaturas o ano todo (LIMA et al, 2015).No gráfico abaixo encontra-se disposta as médias anuais históricas (1961-1990) de precipitação (mm) e possível verificar o comportamento típico de precipitações concentradas no 1º semestre do ano. 12 Gráfico 01- Precipitação média mensal histórica (1961-1990) do Município de Teresina. Fonte: INMET,1990 Teresina possui clima tropical semiúmido com duas estações características: o período das chuvas e o período seco. De dezembro a maio ocorre o período de chuvas, de junho a agosto o clima começa a ficar mais seco com noites relativamente frias. Uma característica das chuvas na cidade é serem de curta duração e muito intensas. A precipitação pluviométrica anual situa-se em torno de 1.500 mm. Quente a maior parte do ano, Teresina possui uma temperatura média em torno dos 27 °C (BEPELI, s.d.) Hidrografia Teresina possui posição privilegiada, pois é banhada por dois grandes rios perenes: o rio Parnaíba. A região é também beneficiada pela disponibilidade abundante de águas subterrâneas (LIMA et al, 2015). O rio Parnaíba é perene, pois recebe contribuições de vários afluentes e do lençol subterrâneo em todo o seu percurso. O rio Poti, um dos grandes 13 afluentes do Parnaíba, mesmo tendo regime intermitente, no trecho que corta o município de Teresina permanece com água durante todo o ano. (PMT, 2015) Mesmo com tanta abundância de água, não se pode dizer o mesmo em relação à conservação da vegetação nativa, que se encontra bastante alterada pela crescente ocupação humana e uma intensa extração mineral tanto nos planaltos quanto nas margens e leitos dos rios. Essa atividade em Teresina, sobretudo para a construção civil, vem provocando intensos problemas ambientais, pois faz aumentar o desmatamento das encostas, forma intensas voçorocas e, consequentemente, o assoreamento dos rios Poti e Parnaíba. (PMT,2015) Vegetação O município de Teresina encontra-se numa faixa de contato de formação vegetal caatinga e cerrado que recebe o nome de subcaducifólia. Na zona urbana predomina a floresta subcaducifólia mesclada com a mata de cocais. As condições de sub-umidade e pouca amplitude térmica favorecem o desenvolvimento dos solos e a relativa exuberância vegetal, nas zonas sul e sudeste ainda não existem nenhuma área destinada à conservação ambiental. A vegetação nativa já se encontra bastante alterada, devido principalmente ao desmatamento para ocupação residencial (LIMA et al, 2015). Uso do Solo A imagem de satélite landsat mostra a área urbana de Teresina, dando uma ideia de como está distribuída espacialmente as ocupações, áreas verdes entre outras coisas que são de grande importância para a presente pesquisa. 14 Figura 02- Imagem de satélite Landsat Fonte: INPE, 2017. O software SPRING foi utilizado para a realização de uma classificação supervisionada para que houvesse uma melhor interpretação do uso e ocupação do solo. Em vermelho notamos a mancha urbana, os tons de azul são os corpos hídricos, os tons de verde representam a vegetação, as áreas em branco são solos expostos e as áreas em amarelo são os tetos brancos. Há uma grande dificuldade na classificação de solo exposto e tetos brancos, pois há uma confusão entre os mesmos na hora que o software analisa os dados coletados. 15 Figura 03– Uso do solo Fonte: Autor ( 2017). O solo é ocupado quase que completamente por residências, mas também por muitas áreascomerciais, observa-se a pouca vegetação. Teresina vem aumentando sua área urbana a cada dia, e há um processo de assoreamento que visível nos rios. Todos esses aspectos serão melhor explicados no decorrer da presente pesquisa. 16 5.2 PRINCIPAIS PROBLEMAS AMBIENTAIS VERIFICADOS EM TERESINA A bibliografia existente aponta para alguns problemas ambientais no município, mais especificamente na área urbana, abaixo cita-se alguns destes: - O agravamento da poluição dos rios Poti e Parnaíba, tanto por agentes químicos (agrotóxicos, resíduos industriais, etc), como por resíduos orgânicos provenientes das residências (lixo, efluentes domésticos e hospitalares, etc) (LIMA et al, 2015) - A intensificação do assoreamento dos rios Poti e Parnaíba e a redução da biodiversidade, resultante dos desmatamentos indiscriminados e uso indevido do Parnaíba. (LIMA et al, 2015) - O grande fluxo migratório para a cidade de Teresina, responsável pelo aumenta da pressão de ocupação do solo e seu uso indevido, com ocupações irregulares, desmatamento, muitas vezes em locais inadequados à habitação, aumentando as tensões sociais e os problemas ambientais (LIMA et al, 2015). - A pouca fiscalização e controle por parte do poder público das áreas que são ambientalmente frágeis ou vulneráveis (LIMA et al, 2015). Como passar do tempo viu-se a necessidade de uma analise de cunho social, o que tornou mais complexo os estudos da relação do homem com o um meio. A relação de exploração do homem com o meio deixa evidente os riscos ambientais e possíveis catástrofes oriundas desse processo. No contexto supracitado a vulnerabilidade está associada com a ocupação aleatória das áreas (MENDONÇA, 2014). Para alguns autores a condição de pobreza de uma determinada população está estreitamente ligada à formação de riscos e vulnerabilidade sócio ambiental (MENDONÇA,2014). 5.3 ESTIMATIVA DA VULNERABILIDADE POR ZONAS E CARACTERÍSTICAS DE OCUPAÇÃO Zona Norte 17 A zona norte teve sua ocupação inicial com os pescadores e oleiros do Poti velho, em seguida com a construção do Aeroporto e construção de conjuntos habitacionais da COHAB, a população de menor poder aquisitivo ocupou essa área, que sofria constantemente com problemas de enchentes e saneamento básico (LIMA et al, 2015) . Atualmente o extremo norte é ocupado por residenciais dos programas sociais federais, essas áreas essencialmente residenciais (PMT, 2014). A vegetação nativa de mata de cocais foi retirada para a construção desses residenciais. Essas construções ocorreram em áreas de domínio geológico variado, podendo ser encontradas em áreas de aluviões, formação pedra fogo e sedimento areno-argiloso. (CPRM, 2006). A supressão vegetal associado ao uso desordenado do solo e a impermeabilização do mesmo gerado pela expansão urbana na capital, gera uma pressão sobre o ambiente. Segundo a CPRM (2006) os solos são essencialmente sedimentares, e esse tipo de solo associado a supressão vegetal muitas vezes gera problemas de erosão, o uso desordenado do solo causa poluição. As lagoas vêm demonstrando sinais de saturação de sua capacidade de depuração dos esgotos, devido ao lançamento de carga orgânica, cada vez maior em seu interior, resultando em severa degradação do ambiente, com alterações acentuadas na qualidade de suas águas, o que é perceptível, principalmente, pelo odor séptico, verificado nas proximidades. (Moura et al, 2006) As margens dos rios Parnaiba e Poti que percorrem essa área são consideradas áreas de Proteção ambiental, mas que sofrem bastante com as ocupações irregulares. Pode-se considerar que a região norte da cidade de Teresina apresenta um maior potencial de vulnerabilidade, quando comparada às outras zonas, devido aos fatores supracitados. Zona Sul A zona sul desenvolveu-se primeiramente ao longo da BR- 343. A rápida expansão urbana para essa região gerou um grave problema de ocupações irregulares, muitas vezes essas áreas são de risco ou de proteção ambiental (Lima et al, 2015). O parque industrial de Teresina localiza-se nessa região, que 18 também tem a característica de ser um grande centro comercial. A região tem domínio geológico de “Barro”, “massara/seixos” conforme verifica-se no mapa geológico (CPRM, 2006) que são solos de fácil desagregação. O mapa de uso e ocupação do solo elaborado pela PMT, 2014 mostra que há uma grande população nessa área e um grande numero de empreendimentos contribui de forma substancial para a compactação do solo. Nota-se através de imagens de satélite landsat 5 do mês de julho de 2017 que há pouca quantidade de áreas verdes, apesar de contar com algumas praças que possuem árvores (LANDSAT 5, 2017). A extração de solo do rio Poti ocorre principalmente nessa região, que possui diversas dragas. O rio Parnaíba que também passa pela região tem sua margem ocupada irregularmente por diversos empreendimentos, que foram construídos em áreas de preservação, contribuindo para o agravo do assoreamento que se estende por todo trecho urbano. A área possui um cenário ambiental bastante vulnerável, os solos frágeis compostos princopalmente de barro, massará e seixos (CPRM, 2016) associados aos fatores acima citados contribuem para que a região tenha grandes problemas ambientais, alguns mais graves e outros que poderiam ser mitigados. Zona Leste Essa área sofre com a impermeabilização do solo e a falta de planejamento urbano, tendo diversos pontos de alagamento durante o período de chuvas. As áreas do extremo leste são basicamente áreas de ocupação irregular que sofrem com os problemas característicos dessas regiões, a grande quantidade de morros com grande declividade faz com que vários casos de desmoronamentos já tenham ocorrido no período chuvoso, com a supressão vegetal para a construção, a velocidade de carreamento da água aumenta, fazendo com que algumas áreas sofram com alagamentos e desabamentos. A área tem uma formação geológica composta principalmente por formação pedra fogo e por massara/seixos (CPRM, 2006). A maior parte do solo sofre compactação devido ao grande numero de empreendimentos por toda região leste. 19 A região conta com poucas áreas verdes (LANDSAT 5, 2017) e muitas construções irregulares, problemas de drenagem urbana devido a ausência de planejamento. Em visita de campo nota-se que supressão vegetal ainda ocorre, principalmente com o crescimento da cidade e a invasão de áreas para moradia cada vez mais afastadas do centro. A área encontra-se em uma situação ambientalmente vulnerável, com poucas medidas de mitigação, e com um cenário q tente a piora, pois é uma das áreas mais urbanizadas e continua o crescimento sem planejamento. Zona Sudeste É a zona mais nova da cidade, hoje em dia é um grande polo comercial e de serviços, em visita de campo é possível constatar a ocupação essencialmente feita por moradias feitas pelos programas habitacionais, mas ainda contando com diversas áreas ocupadas irregularmente, trazendo os problemas ambientais característicos desse tipo de ocupação. Apesar da retirada da mata nativa de cocais para a construção de residências e pontos comerciais, ainda há possibilidade da visualização de resquícios dessa vegetação. Nos meses chuvosos do município é possível observar que áreas dessa região sofrem com o problema da impermeabilização do solo, tendo pontos de alagamento na região do centro comercial e próximo ao rio Poti. É uma região que ainda tem muitas áreas não ocupadas e preserva a vegetação nativa, no extremo sudeste ainda é possível encontrar muitas áreas verdes, algumas ocupadas por chácaras (LANDSAT 5, 2017). Em visita a área é possível observar áreas em que os resíduos sólidos são descartados irregularmente. A área possui o domínio geológico eluvio-coluvionar. (CPRM, 2006) Não possui uma grandesuscetibilidade a sofrer erosão. É uma zona ainda em expansão, a criação de conjuntos habitacionais, condomínios e o grande numeram de serviços disponíveis tornaram-se um atrativo para que as pessoas residam nessa área. A região possui uma grande suscetibilidade a sofrer agravos ambientais devido principalmente a grande população que reside nessa área. 20 Centro Através de imagens de satélite é possivel constatar a pouca vegetação, e a impermeabilização do solo. Em períodos de chuva há alguns pontos alagadiços na região. É a região da capital que mais se aproxima dos grandes centros urbanos, e seus problemas característicos. A região possui algumas arvores características da vegetação natural da área, que se localizam principalmente nas praças da região. Os dois rios (Poti e Parnaiba) cercam toda a parte central da cidade, que possui o domínio geológico formado principalmente pela formação pedra fogo, e por aluviões nas proximidades dos rios. Nessa porção central é onde identifica-se a maior degradação dos corpos d’água que sofrem com o assoreamento e com o lançamento de efluentes. A área encontra-se bastante degradada, com a retirada quase total da vegetação nativa e com a grande quantidade de empreendimentos e a impermeabilização do solo. Sem o devido planejamento a área pode sofrer impactos mais graves, então pode-se estimar a área como de vulnerabilidade considerável. 6. CONCLUSÕES Teresina encontra-se numa situação de alta vulnerabilidade ambiental, tendo em vista o uso desordenado do solo e a continua expansão urbana impermeabilização do solo, desmatamento e constantes ocupações irregulares. Maiores investimentos em planejamento urbano seria uma boa opção para que houvesse um maior controle desse crescimento da cidade e assim permitindo uma melhor visão e até mesmo uma solução para uma grande parte dos problemas ambientais. A vulnerabilidade ambiental natural das áreas de Teresina são agravadas pelas ocupações das mesmas, problema típico dos centros urbanos. A cidade encontra-se em um estado ainda não muito critico, permitindo que medidas mitigatórias ainda possam ser tomadas para um controle desse problema. 21 REFERENCIAS ANDRADE, C. S. de; PEREIRA, J. G.; OLIVEIRA, R. C. de; FREITAS, J.D. Caracterização geofísica da vulnerabilidade ambiental na cidade de dourados. III Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental. Goiânia- GO, 2012. BAPELI – Portal de educação, arte e cultura. Teresina. séc. XXI. Disponível em :http://www.bepeli.com.br/educacional/capitais%20brasileiras/teresina.html. Aceso em agosto de 2017. BRASIL. Decreto n° 6.766, de 19 de dezembro de 1979. Dispõe sobre o parcelamento do solo urbano. CONFALONIERI, U. E. C. Variabilidade climática, vulnerabilidade social e saúde no Brasil. Revista Terra Livre, São Paulo, ano 19, v. 1, n. 20, p. 193- 2004. jan./jul.2003. CPRM – Serviço Geologico do Brasil. Mapa Geologico do Municipio de Teresina-PI. Ministerio de Minas e Energia - Secretaria De Geologia, Mineração e Transformação Mineral. Brasilia, 2006. Escala 1/50.000. KLAIS, T. B. A.; DALMAS, F. B., MORAIS, R. P.; ATIQUE, G.; LASTORIA, G.; PARANHOS FILHO, A. C. Vulnerabilidade natural e ambiental do município de Ponta Porã, Mato Grosso do Sul, Brasil. 2012. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.4136/ambi-agua.786>. Acesso: maio de 2017. 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