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ATIVIDADE DISCURSIVA 3.2 JANA

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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTA - UNINTA CURSO DE BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL 
 
 
 
 
MARIA EDILMA ANJOS MENDES 
 
 
 
 
O PAPEL DO CAPS – CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – NA INSERÇÃO DE JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA MENTAL NO CONVIVIO ESCOLAR 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
OURO BRANCO 2019 
 
MARIA EDILMA ANJOS MENDES 
 
 
 
 
 
 
O PAPEL DO CAPS – CENTRO DE ATENÇÃO PSICOSSOCIAL – NA INSERÇÃO DE JOVENS E ADULTOS COM DEFICIÊNCIA MENTAL NO CONVIVIO ESCOLAR 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso de serviço social apresentado ao centro universitário UNINTA, polo Ouro Branco como requisito para a obtenção de título de bacharel em serviço social. Orientador:Profª Fabiana Jubileu de Oliveira. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Ouro Branco 2019 
AGRADECIMENTOS 
 	 
A Deuspelo dom da vida e por sua presença em todos os momentos. 
A minha família, quem sempre esteve presente, estimulando e com mensagens de motivação. 
Ao Instituto de Teologia Aplicada INTA – UNINTA, professores, tutores, orientadores e demais servidores, por terem formado uma equipe que sempre deu suporte. 
Aos colegas de turma de Serviço Social, pelo companheirismo, compreensão, apoio em todas as dificuldades. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O amor, compaixão e preocupação pelo outro são verdadeiras fontes de felicidade. (Dalai Lama) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Sumário 
 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 6 
2. A INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA ........................................................... 10 
2.1 O Conceito de Pessoa com Deficiência ......................................................................... 10 
2.2 O processo de Inclusão de Pessoas com Deficiência .................................................... 13 
2.2.1 A inclusão como um Direito......................................................................................... 15 
2.2.3 A Inclusão de Pessoas com Deficiência na Sala de Aula Regular............................... 18 
3. O PAPEL DO CAPS NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 
MENTAL .............................................................................................................................. 24 
3.1 O SUS e a Saúde Mental ............................................................................................... 27 
3.2 Os principais desafios do CAPS diante da proposta de inclusão ................................... 31 
3.2.1 A importância da parceria com a família dos usuários do CAPS ................................. 33 
4. A PARCERIA ESCOLA E CAPS NA PROMOÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA ... 34 
4.1 As Barreiras Encontradas nas Instituições Escolares para a Promoção da Inclusão ..... 36 
4.1.1 Barreiras atitudinais .................................................................................................... 39 
4.2 Ações Fundamentais para a Inserção da Pessoa com Deficiência Mental nos Espaços Escolares 41 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 44 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 46 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
No mundo contemporâneo, um dos assuntos que tem sido debatido em todas as esferas é a respeito da inclusão, e como as instituições e as pessoas têm buscado desenvolver o seu papel em relação a essa proposta. O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), por exemplo, são unidades criadas para tratar e trabalhar a reinserção de pessoas com deficiência mental. Sendo esse um assunto relevante, este trabalho busca, dentro da proposta de debater o processo de inclusão,discutir a respeito do papel dos CAPS na inserção de jovens e adultos com deficiência mental no convívio escolar, pois este é um dos primeiros desafios enfrentados pelas famílias, e também por estes centros. 
Sabendo que o processo de inclusão é um fato que vem sendo cada vez mais discutido e evidenciado no Brasil. Nos últimos anos tem sido um tema bastante discutido nas academias, no mercado de trabalho, em toda a sociedade. Não se pode fechar os olhos para algo tão eminente na contemporaneidade. O assunto tem chamado a atenção de todos os setores, principalmente em relação aos desafios enfrentados na busca por uma sociedade inclusiva, que proporcione a todos uma igualdade de oportunidades, independentemente da deficiência. 
Em relação à educação escolar, é possível perceber isso de forma clara. Cada vez mais vemos alunos com algum tipo de deficiência sendo inserido no contexto escolar, o que vem gerando uma discussão nas escolas, nas instituições superiores, com o intuito de buscar meios para melhor atender esse público, sem que cause uma segregação, a ponto de causar exclusão, ao invés de inclusão.. 
Estudos realizados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP)[footnoteRef:1] e divulgados pelo Ministério da Educação (MEC) mostram que em 2018houve um crescimento de mais de 33% em relação a 2014, quando consideramos as matrícula de alunos com necessidades especiais nas salas de aulas regulares, chegando a 1,2 milhão. [1: BRASIL. MEC. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep). Censo Escolar 2018 revela crescimento de 18% nas matrículas em tempo integral no ensino médio. Brasília. Censo Escolar, 2019. Disponível em: <http://portal.inep.gov.br/artigo/-/asset_publisher/B4AQV9zFY7Bv/content/censo-escolar-2018-revela-crescimento-de18-nas-matriculas-em-tempo-integral-no-ensino-medio/21206>. Acesso em 13 out. 2019. 
 ] 
Como pode-se observar nos números, eles constatam essa realidade, onde cada vez mais as escolas vem recebendo esse público, cumprindo o seu papel, como uma instituição que deve atender a todos, sem nenhuma distinção, e traz também, a preocupação em como recebe-los e atende-los de forma igual aos demais, respeitando as duas especificidades. 
Essa realidade é um fato que traz inúmeras reflexões: as instituições escolares estão preparadas para receberem esses alunos? As famílias têm sido parceiras nesse processo? Outras instituições, responsáveis por ações sociais com esse público tem assumido o seu papel, motivando esses alunos a serem integrantes da educação formal? Além desses, outros questionamentos vem surgindo, em busca de efetivar o processo de inclusão. 
Nesse sentido, vale ressaltar o caso específico das pessoas com algum tipo de deficiência mental, que em muitos casos ficam isolados, com alguns estigmas impostos pela sociedade, como o fato de acharem que eles nunca aprendem nada. A deficiência mental, assim como as outras, sofre uma série de preconceitos que acaba afastando o indivíduo do convívio social, principalmente na escola, que tradicionalmente, insiste em atender um formato que se preocupa apenas em formar grandes gênios, excluindo mais que incluindo, esquecendo-se do seu papel fundamental, que segundo a Lei Nº 9.394/1996 – Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) No Art. 2º, traz a educação coma finalidade de desenvolver o ser humano, para o exercício da cidadania e exercício do trabalho. 
Assim, a escola deve ressignificar o seu papel diante da sociedade contemporânea, que exige uma escola inclusiva. Porém, não se pode colocar a culpa apenas nas instituições de ensino, pois é necessário entender que a educação é um regime de colaboração, onde família e Estado dividem as responsabilidades, mas a sociedade é chamada para atuar em conjunto. Deve-se existir um regime de colaboração entre a escola e outras instituições, buscando trabalhar o processo de inclusão de forma mais concreta. 
No caso de pessoas com deficiência mental, o isolamento parece ser uma opção para esse público, pois apesar das discussões estarem avançando, ainda há muito preconceito da escolarização dessas pessoas. A família, em alguns casos, pode ser um obstáculo para esse processo, com o preceito de proteção, não querem expor seus filhos aos problemasque podem vir a acontecer nesse ambiente. Assim, um trabalho de acompanhamento dos serviços sociais e de saúde pode mudar o rumo de muitas pessoas com essa deficiência. 
Compreendendo essa situação, esse estudo está relacionado à educação, partindo da hipótese de que a articulação, na forma de políticas públicas planejadas, pode constituir novas formas de agir que favoreçam o movimento da inclusão escolar de alunos com deficiência. 
Considerando o conceito ampliado de saúde, que leva em conta elementos que vão além da doença e que se referem também aos aspectos psicossociais, a atenção em saúde deve favorecer o movimento da inclusão escolar, ampliando as possibilidades de uma melhor qualidade de vida aos alunos com deficiência, com ênfase na potencializarão da aprendizagem. Buscando, assim, desvelar em que medida a relação da saúde com a educação tem contribuído para a qualidade do atendimento aos alunos com deficiência na rede comum de ensino. 
Nesse sentido, a deficiência mental, como já citada, é tratada com tamanho preconceito. As limitações impostas aos mesmos são as maiores barreiras, uma vez que, para que sua inserção na sociedade seja realizada deve haver um regime de colaboração entre a escola, família e as instituições que devem ser envolvidos no trabalho com esse público, como é o caso do Centro de Atenção Psicossocial (CAPS). 
O Ministério da Saúde explica que os CAPS 
 
[...] são pontos de atenção estratégicos da RAPS: serviços de saúde de caráter aberto e comunitário constituído por equipe multiprofissional e que atua sobre a ótica interdisciplinar e realiza prioritariamente atendimento às pessoas com sofrimento ou transtorno mental, incluindo aquelas com necessidades decorrentes do uso de álcool e outras drogas, em sua área territorial, seja em situações de crise ou nos processos de reabilitação psicossocial e são substitutivos ao modelo asilar. 
 
 Os CAPS são instituições destinadas a acolher os pacientes com transtornos mentais, estimular sua integração social e familiar, apoiá-los em suas iniciativas de busca da autonomia, oferecer-lhes atendimento médico e psicológico. Sua principal característica é buscar integrá-los a um ambiente social e cultural concreto, designado como seu território, o espaço da cidade onde se desenvolve a vida cotidiana de usuários e familiares. Os CAPS constituem a principal estratégia do processo de reforma psiquiátrica. 
 Diante disso, buscou-se constatar as dificuldades enfrentadas para inserir esse público no o âmbito escolar, também como a escola tem se preparado para receber essas pessoas e os avanços, seja na preparação dos profissionais e do espaço escolar, seja por compreensão e conscientização do corpo docente e discente da escola acerca da melhor convivência dos alunos com deficiência mentais em pelo menos uma escola do município. 
O trabalho com a pesquisa bibliográfica, com o intuito de trazer a discussão sobre o assunto, trazendo aspectos quantitativos qualitativos, por meio da análise de bibliografias sobre o assunto. Mesmo com todos os investimentos e trabalhos em parceria, ainda é possível perceber muitas barreiras enfrentadas para a inserção de pessoas com deficiência mental nas escolas regulares. Logo, compreende-se a importância da continuação dos estudos, no intuito de munir os profissionais de informações e experiências, capazes de serem trabalhada, buscando o êxito nesse processo. 
Logo, este trabalho traz em seu primeiro capítulo uma discussão a respeito da inclusão de pessoas com deficiência, tratando tanto do assunto como um direito, assim com esta situação diante da escola, mais especificamente da sala de aula regular. No segundo capítulo o trabalho buscou ser mais direto em relação ao papel do CAPS mediante a proposta de inclusão de pessoas com deficiência mental, explorando tanto os desafios enfrentando, como o trabalho em parceria com a família. Já no último capítulo, o terceiro, a proposta trazida é debater a respeito da parceria das escolas com o CAPS para superar essas questões das inclusão, evidenciando as barreiras encontradas nesse caminho, bem como apresentando as ações fundamentais que podem ser adotadas para superar essas questões. 
Assim, este trabalho, dentro da temática proposta, faz-se necessário, tanto pela importância do debate sobre a inclusão, das políticas públicas voltadas para esse viés, como da garantia dos direitos fundamentais, entre eles a educação escolar. Discutir essa questão, além de propor um enriquecimento acadêmico, também proporciona uma reflexão sobre a atuação do profissional em meios aos desafios que serão enfrentados na sua prática diária, sendo um desses desafios, o processo de inclusão. 
2. A INCLUSÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA 
 
2.1 O Conceito de Pessoa com Deficiência 
 	 
A discussão sobre deficiência vem ganhando um espaço amplo nos debates sociais, econômicos e nas demais áreas da sociedade. Assim como vem surgindo nas últimas décadas grupos sociais reivindicando os seus direitos, como negros, mulheres, dentre outros, as pessoas com deficiência também entram nesse processo. Porem, algumas questões são importantes ficarem bem definidos para que se possa entender todo esse processo. 
Dentro da norma legal existem alguns dispositivos que trazem a luz essa discussão a respeito do conceito de deficiência. O Decreto Nº. 3.298 de 20 de dezembro de 1999 regulamenta a Lei Nº. 7.853[footnoteRef:2], de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência. [2: BRASIL, DECRETO Nº 3.298 DE 20 DE DEZEMBRO DE 1999. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D3298.htm>. Acesso em: 18 Dez. 2019. 
 ] 
 
Art. 3o Para os efeitos deste Decreto, considera-se: 
I - deficiência – toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; 
II - deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e 
III - incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar pessoal e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida. 
 
No artigo 4º deste mesmo decreto, ele traz as categorias de pessoas que se enquadram como portadoras de deficiência. Já no Decreto 5.296[footnoteRef:3] de 2 de dezembro de 2004, o qual Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. [3: BRASIL. DECRETO Nº 5.296 DE 2 DE DEZEMBRO DE 2004. Disponível em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm>. Acesso em: 18 Dez. 2019. ] 
 
Art. 5o Os órgãos da administração pública direta, indireta e fundacional, as empresas prestadoras de serviços públicos e as instituições financeiras deverão dispensar atendimento prioritário às pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida. § 1o Considera-se, para os efeitos deste Decreto: 
I - pessoa portadora de deficiência, além daquelas previstas na Lei no 10.690, de 16 de junho de 2003, a que possui limitação ou incapacidade para o desempenho de atividade e se enquadra nas seguintes categorias: 
a) deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisiacerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções; 
b) deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 
1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz; 
c) deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores; 
d) deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, tais como: 
1. comunicação; 
2. cuidado pessoal; 
3. habilidades sociais; 
4. utilização dos recursos da comunidade; 
5. saúde e segurança; 
6. habilidades acadêmicas; 
7. lazer; e 8. trabalho; 
e) deficiência múltipla - associação de duas ou mais deficiências; e II - pessoa com mobilidade reduzida, aquela que, não se enquadrando no conceito de pessoa portadora de deficiência, tenha, por qualquer motivo, dificuldade de movimentar-se, permanente ou temporariamente, gerando redução efetiva da mobilidade, flexibilidade, coordenação motora e percepção. 
 
Dentro destes instrumentos de leis temos algumas definições do que vem a ser deficiência, porém, ainda existe a necessidade de ressignificar esse conceito, visto a complexidade de se falar sobre, bem como devemos compreender que se fala em vidas humanas, dotadas de sentimentos. Assim, faz-se necessário entender que “a deficiência traduz, portanto, a opressão ao corpo com impedimentos: o conceito de corpo deficiente ou pessoa com deficiência devem ser entendidos em termos políticos e não mais estritamente biomédicos.” (DINIZ, PEREIRA e SANTOS, 2009, p. 65). Para o autor, deficiência não pode ser encarada apenas como o que o olhar médico propõe, mas também deve estar relacionada às barreiras sociais. 
Com a mobilização das Organizações das Nações Unidas (ONU), do Decreto 6.949 de 25 de agosto de 2009, que promulga a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, a ideia de pessoa com deficiência começou ganhar corpo, diante dos moldes atuais. 
Diniz (2007) evidencia os avanços em relação a maior compreensão da deficiência e dos instrumentos para sua compreensão, principalmente na área da saúde. 
 
A Organização Mundial de Saúde (OMS) tem duas classificações de referência para a descrição das condições de saúde dos indivíduos: a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados à Saúde, que corresponde à décima revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-10), e a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). A CIF foi aprovada em 2001 e antecipa o principal desafio político da definição de deficiência proposta pela Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência: o documento estabelece critérios para mensurar as barreiras e a restrição de participação social. Até a publicação da CIF, a OMS adotava uma linguagem estritamente biomédica para a classificação dos impedimentos corporais, por isso o documento é considerado um marco na legitimação do modelo social no campo da saúde pública e dos direitos humanos.(DINIZ, 2007, p. 53). 
Com a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, a qual foi proclamada pela ONU, no ano de 2006, esse conceito de deficiência foi chegando ao que temos hoje, a qual influenciou, inclusive o Estatuto da Pessoa com Deficiência, trazendo, praticamente a mesma conceituação da convenção. 
 
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 
 
Sobre essa questão, MAIA (2013, p. 4) afirma que 
 
De fato, o núcleo da definição é a interação dos impedimentos que as pessoas têm com as diversas barreiras sociais, tendo como resultado a obstrução da sua participação plena e efetiva na sociedade, em condição de igualdade com as demais pessoas. A deficiência não é mais, assim, vista como algo intrínseco à pessoa, como pregavam as definições puramente médicas; a deficiência está na sociedade, não na pessoa. Os impedimentos físicos, mentais, intelectuais e sensoriais passaram a ser considerados como características das pessoas, inerentes à diversidade humana; a deficiência é provocada pela interação dos impedimentos com as barreiras sociais, ou seja, com os diversos fatores culturais, econômicos, tecnológicos, arquitetônicos, dentre outros, de forma a gerar uma impossibilidade de plena e efetiva participação dessas pessoas na sociedade. Como dito, não é a pessoa que apresenta uma deficiência, mas a sociedade. Superar a deficiência não é tão-somente cuidar dos impedimentos, mas possibilitar e criar mecanismos que eliminem as barreiras existentes no ambiente. 
 
Compreendendo o que o aturo afirma e seu alinhamento com a maioria que trazem esse debate, bem como a conformidade com as instituições, pode-se observar que o Governo brasileiro já vem, diante das suas ações, acompanhando o discernimento acerca do entendimento conceitual de pessoas com deficiência, mediante as discussões, seja no âmbito nacional e internacional. Tal ação já pode ser considerado um avanço para que essas pessoas seja reconhecidas e valorizadas, independentemente do tipo de deficiência. 
 
2.2 O processo de Inclusão de Pessoas com Deficiência 
 
Uma sociedade justa é aquela onde todos, independentemente da sua cor, raça, credo, religião, deficiência ou não, vivem harmoniosamente, gozando dos seus direitos, cumprindo os seus deveres, sendo-lhes proporcionados todos os direitos, sem nenhuma distinção. 
Sobre essa questão, Mazzotta e D’antino (2011, p. 386)afirmam que 
 
Uma das preocupações marcantes de muitos dos atuais movimentos próinclusão se inscreve, justamente, na questão do respeito às diferenças, sejam elas étnicas, culturais, religiosas, sexuais ou quaisquer outras, e suas repercussões na cotidianidade do cenário social brasileiro. 
 
Assim a inclusão abrange um conceito muito amplo, trazendo um olhar para aquelas pessoas marginalizadas por um grupo, ou qualquer outra formação social, devido às características que as diferenciam das demais. Assim temos a inclusão social, escolar, dentre outras. 
Sobre a inclusão social, por exemplo, Bezerra (2019, p. 19)afirma que 
 
A inclusão social baseia-se em uma tomada de decisão contrária às forças excludentes que redirecionam socialmente as pessoas divergentes de um padrão imposto e que vivem à margem da sociedade. É uma ferramenta de autoafirmação e superação de barreiras, proporcionada pela atuação conjunta dos cidadãos(ãs) e Estado para possibilitar uma vida digna para todas as pessoas. 
 
Segundo o autor, existem barreiras que em muitas situações, por conta de algumas circunstâncias, deixa de lado alguns indivíduos, que são impedidos de participarem, exercer alguns papéis, excluindo-os da vida social. É nesse sentido que se travava uma luta contra o preconceito, contra ignorância. São tomadas ações com o intuito de reinserir essas pessoas nos mais variados cenários sociais, buscando trabalhar as suas especificidades, sem deixar de lado os direitos individuais de cada um. 
A inclusão escolar também é uma questão recorrente e que vem sendo discutida nos últimos anos, com maior ênfase. Sabe-se que ainda há muito o que melhorar e debater em relação a essa questão, porém, deve-se concordar que muitos avanços já ocorreram, inclusive sobre o que de fato é a inclusão escolar. Esse processo, por mais que delicado, deve ser sempre um assunto discutido na sociedade,no âmbito das políticas públicas, voltadas para melhor atender o indivíduo, independentemente da sua deficiência. 
Crochiket al. (2009, p. 45 apud MAIA e LIMA, 2015, p. 202) 
 
A distinção entre educação integrada e educação inclusiva [...] indica que a primeira aceita os alunos com deficiência, faz algumas alterações importantes quer nas condições ambientais, quer na atenção a esses alunos, mas não faz modificações substanciais que incidam sobre todos os alunos, que é o caso da educação inclusiva que propõe novas modalidades de ensino que dão ênfase a trabalhos em grupo, ao desenvolvimento de currículos diferenciados para os alunos e avaliações também distintas, isto é, torna a escola mais apta para atender todos os alunos. 
 
É necessário que se tenha uma consciência a respeito do que de fato é a inclusão escolar. O olhar não deve estar voltado a apenas inserir o indivíduo na sala de aula, e importante que ele seja parte daquilo, que os outros também entendam isso. Mas como fazer isso, sem que seja forçado? As políticas educacionais, as propostas didáticas e pedagógicas, os instrumentos utilizados, a disposição dos docentes e de toda equipe pode fazer a diferença. Com um trabalho direcionado, voltado para a inclusão escolar, pode-se alcançar os objetivos da inclusão. 
Uma questão deve ser observada, já não e mais uma opção trabalhar a inclusão, é um dever, o Estado, as instituições públicas e privadas, devem atender parâmetros, diretrizes, obedecer Leis, decretos que encaminham para ações voltadas a inclusão. 
Corroborando com esse pensamento, os autores Ferreira e Vicenti (p. 5) afirmam que 
 
O processo de inclusão deve abranger um todo, não recusando ninguém a sua prática. Pois, quando falamos em inclusão não devemos pensar somente no aluno com deficiência, mas sim, em um trabalho onde todos estejam envolvidos no processo, ou seja, inclusão é pensar no todo. 
 	 
 	O autor ainda afirma que 
 
A educação inclusiva hoje é uma realidade gradativamente implantada internacionalmente e nacionalmente que vem muito a beneficiar a todos da sociedade.Deste modo, a inclusão é um processo onde todos devem estar cientes de sua participação, principalmente a equipe de educação escolar. A escola deve ser capaz de refletir seus planejamentos, práticas e espaços, a fim de aprimorar o seu ensino oferecido, e assim, possibilitar o pleno desenvolvimento e participação de seus alunos. (FERREIRA E VICENTI, p. 5) 
 	 
Assim, é necessário pensar na inclusão como um processo que carece de investimentos em leis, ações, estrutura e principalmente conscientização das pessoas em compreender que as diferenças existem e que devem ser apenas. 
 
2.2.1 A inclusão como um Direito 
 
Existem muitos obstáculos enfrentados pelas pessoas com algum tipo de deficiência, sejam no acesso aos mais variados tipos de ambientes, ou mesmo de serviços essenciais, sem falar de outras dificuldades que nem são discutidas em âmbito maior. Quando há uma distinção, ou a negação de um direito ou serviço básico, é necessária a aplicação de um remédio, algo que obriguem as pessoas a cumprirem seus deveres, ou até mesmo ao Estado em promover ações que culminem no bem estar das pessoas, garantindo os direitos essenciais. 
Um dos princípios que rege a sociedade brasileira é o fato dela considerar todos iguais perante a lei, conforme expresso no artigo 5º da Constituição Federal 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: [...] (BRASIL, 1998) 
 
Essa igualdade refere-se tanto aos direitos, como também aos deveres, assim, a pessoa com deficiência merece toda a atenção do Estado, das suas políticas públicas, como qualquer cidadão. 
O artigo 23 da Constituição Federal de 1988 (CF/88), no seu inciso II, afirma que o Poder Público, em todas as suas esferas, deve cuidar da assistência e saúde desse público, proteger e cuidar das garantias desse público, evidenciando a preocupação que se deve ter em relação às pessoas com algum tipo de deficiência. Em sua composição, a Lei Maior traz em vários momentos a garantia da inclusão, seja evidenciando que todos são iguais, seja na relação de trabalho, educação e outras realidades que devem ser garantidas para as pessoas com algum tipo de deficiência. 
A discussão sobre os direitos das pessoas com deficiência ultrapassa o território nacional, é discutido em assembleias pelo mundo, no âmbito dos direitos humanos. São ações que buscam trazer uma reflexão e ação para o proposito maior, garantir acessibilidade a todas as pessoas, condições mínimas de dignidade. 
No Brasil, Além da CF/88 que traz algumas referências diretamente a esse público, existem outros instrumentos legais visam promover a garantia dos direitos das pessoas com deficiência, como aLei 13.146/2015, que institui a Lei de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatudo da Pessoa com Deficiência), a qual foi aprovada no dia 6 de julho de ano de 2015. O instrumento legal traz garantias essenciais, buscando a igualdade das pessoas com deficiência, levando em consideração a sociedade como um todo. 
A criação da Lei busca, em seus efeitos, amparar esse público e dando condições de igualdade perante todos assim, objetivando diminuir a desigualdade, onde ninguém se sinta inferior, como está explicito em seu artigo 1º. 
 
Art. 1º É instituída a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), destinada a assegurar e a promover, em condições de igualdade, o exercício dos direitos e das liberdades fundamentais por pessoa com deficiência, visando à sua inclusão social e cidadania. (BRASIL, 2015) 
 
A lei volta o olhar para esse público, sendo considerado uma vitória e um passo importante para o processo de inclusão. Para efeito da Lei, foram consideradas as seguintes deficiências: de Natureza física, deficiências mentais ou intelectuais e deficiências sensoriais, como pode ser observado no artigo 2º 
 
Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas. 
§ 1º A avaliação da deficiência, quando necessária, será biopsicossocial, realizada por equipe multiprofissional e interdisciplinar e considerará: 
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo; 
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais; III - a limitação no desempenho de atividades; e IV - a restrição de participação. 
§ 2º O Poder Executivo criará instrumentos para avaliação da deficiência. (BRASIL, 2015) 
 
O legislador traz clareza sobre as deficiências, para que não seja oportunizado políticas específicas para quem não precisa, podendo acarretar na falta para quem realmente precisa. Assim, dá-se um passo importante para a luta por garantias de direitos das pessoas com deficiência. O Estatuto da Pessoa com Deficiência traz uma cultura essencial para o país, a de inclusão, evidenciado, dentro dos parâmetros legais, a existência dessas pessoas, suas necessidades, seus direitos e a responsabilidade de cada um nesse processo. 
Além disso, busca reprimir qualquer ato de preconceito, de distinção dessas pessoas, garantindo-lhe, de forma mais concreta, o direito de igualdade, exigindo dos terceiros que cumpram a lei. Além de incentivar ações coletivas e individuais, em como melhorar o processo de inclusão, não responsabilizando somente o Estado, mas trazendo para a sociedade a sua parcela de contribuição. 
Porém, não basta termos uma legislação que preze pelos direitos dessas pessoas, quando não há um trabalha em conjunto, de todos os envolvidos para que haja de fato a igualdade entre todos. Braga e Schumacher(2013, p. 288) afirmamque 
 
Assim, é possível levantar a hipótese de que alegislação inclusiva somente se efetivará se houver pressão combinada do Estado, das pessoas com deficiência, seus representantes e se os responsáveis por implementá-la concordarem. Isso depende da forma como cada sujeito valoriza a inclusão. 
 
A legislação não é a certeza do fim do preconceito, do aumento das oportunidades de trabalho, da inclusão nas escolas, ou da efetivação das políticas públicas. O direito subjetivo precisa que as ações para a sua implementação sejam realizadas, que a conscientização da população, enquanto aos seus deveres, deve ser fato. 
Apesar de ser um passo importante, um ganho para a sociedade brasileira, que coloca entre na sua legislação a atenção para esse público, ela depende de quem vai implementá-la, também, das pessoas com deficiências, assim como dos seus responsáveis, é uma luta constante em que a sociedade precisa abraçar a causa e continuar discutindo caminhos, ações, estratégias capazes de trazer efetividade para o dispositivo legal. 
 
2.2.3 A Inclusão de Pessoas com Deficiência na Sala de Aula Regular 
 
O processo de inclusão de pessoas com deficiência, em qualquer área requer o esforço de todos os entes envolvidos, família, Estado e a sociedade de uma forma geral. É evidente que nos últimos anos vem se discutindo cada vez mais o assunto e que existe a necessidade de pensar políticas públicas eficientes para esse público, fazendo com que os debates saiam do papel e se tornem ações que realmente contemple o seu propósito. 
Em relação a inserção dos estudantes que possuem algum tipo de deficiência nas salas de aula comum da educação básica no Brasil, dados vem evidenciando o aumento significativo das matrículas, o que em 2015 eram pouco mais de 700 mil estudantes, em 2018 passou para a 1,2 milhão de alunos com algum tipo de deficiência, transtorno ou altas habilidades/superdotação matriculado na sala de aula comum, como mostra estudos realizados pelo INEP e divulgado pelo MEC. 
O avanço no processo de inclusão dentro da educação básica é um sinal de respeito a sua diversidade, além de mostrar a importância de se pensar a educação escolar como um processo importante na vida dessas pessoas. Silveira (2010, p. 16) aponta para isso: 
 
Desta forma a inclusão de todos os alunos nas escolas é um sinal real da quebra do velho paradigma e o surgimento do novo, ou seja, a diversidade humana está cada vez mais sendo descoberta e valorizada e, assim podemos compreender melhor a nós mesmos e o outro. 
 
A Lei Nº 9.394 de 20 de dezembro de 1996, que estabelece a Lei de 
Diretrizes e Bases da Educação nacional (LDB) traz em sua composição vários artigos direcionando o comprometimento que se deve ter com a educação especial. O Capítulo IV traz as diretrizs para essa modalidade, e no artigo 5º, evidencia o que é de fato esse tipo de educação. 
 
Art. 58. Entende-se por educação especial, para os efeitos desta Lei, a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. 
§ 1º Haverá, quando necessário, serviços de apoio especializado, na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. § 2º O atendimento educacional será feito em classes, escolas ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes comuns de ensino regular. 
§ 3º A oferta de educação especial, nos termos do caput deste artigo, tem início na educação infantil e estende-se ao longo da vida, observados o inciso III do art. 4º e o parágrafo único do art. 60 desta Lei. (BRASIL, 1996) 
 
É necessário compreender, que preferencialmente, a educação especial deve ser ministrada na escola regular, como afirma o texto, porém, existem casos de pessoas que estão em condições de não ir a escola, como as acamadas em hospitais, e a esses devem ser oportunizadas, na medida do possível, a educação. O legislador chama a atenção para pessoas capacitadas para trabalhar com esse público, assim existindo a necessidade de formações especiais para a promoção da inclusão. 
Nessa situação, observa-se que que outras questões devem ser levantadas: Como as escolas estão se preparando para receberem esses alunos? Quais investimentos estruturais estão sendo implementados para dar acessibilidade? Há inovação nas práticas, visando contemplar esses alunos, sem causa danos a eles e aos demais? Questões como essa, além de outras trazem a reflexão sobre o sucesso ou insucesso da inclusão. 
Sobre essa questão, Dechichi, (2011, p.7, apud FERREIRA e VICENTI, p. 5). Diz que 
 
Mudanças essas que vão desde a ampliação arquitetônica, atitudinal e conceitual para as crianças com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades/superdotação nos contextos escolares, até a implantação de políticas públicas que visam à construção de práticas que permitam a efetiva participação desses alunos nos processos de ensino e de aprendizagem. 
 
Faz-se necessário compreender que inclusão não significa colocar o aluno dentro da sala de aula, ou que o aumento de matrículas é sinal de sucesso de inclusão. Esse assunto merece maior atenção, é fundamental avaliar, por exemplo, como esses alunos, dentro das suas especificidades, estão saindo de cada etapa do ensino, se os direitos que lhes é colocado estão sendo de fato alcançados. 
A educação escolar é um direito de todos, previsto na Constituição Federal, deve ser garantido os padrões mínimos de qualidade e,em seu artigo 205 trás em sua finalidade, conforme previsto no seu artigo 205 
 
Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. (BRASIL, 1988) 
 
Assim, ela também é um direito da pessoa com deficiência e deve compor os mesmos efeitos, conforme está explicito no artigo 27 do Estatuto da Pessoa com Deficiência, onde afirma que 
 
Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda a vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. 
Parágrafo único. É dever do Estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligência e discriminação. 
 
Assim fica claro o direito subjetivo da pessoa com deficiência em frequentar a sala de aula regular. Porém, como já discutido, todo o aparato legal não é sinônimo de sucesso desse público, nem tão pouco do processo de inclusão. Assim, a Lei de Diretrizes e Bases da educação Nacional (Lei Nº 9.394/1996) traz recomendações essenciais para o curso e até mesmo sucesso do processo de inclusão, como pode ser observado no seu artigo 59, onde diz que 
 
Art. 59. Os sistemas de ensino assegurarão aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação: 
I - currículos, métodos, técnicas, recursos educativos e organização específicos, para atender às suas necessidades; 
II - terminalidade específica para aqueles que não puderem atingir o nível exigido para a conclusão do ensino fundamental, em virtude de suas deficiências, e aceleração para concluir em menor tempo o programa escolar para os superdotados; 
III - professores com especialização adequada em nível médio ou superior, para atendimento especializado, bem como professores do ensino regular capacitados para a integração desses educandos nas classes comuns; IV - educação especial para o trabalho, visando a sua efetiva integração na vida em sociedade, inclusive condições adequadas para os que não revelarem capacidadede inserção no trabalho competitivo, mediante articulação com os órgãos oficiais afins, bem como para aqueles que apresentam uma habilidade superior nas áreas artística, intelectual ou psicomotora; 
V - acesso igualitário aos benefícios dos programas sociais suplementares disponíveis para o respectivo nível do ensino regular. 
 
Quando se fala em inclusão escolar é necessário pensar em todas as estruturas, política, pedagógica, seus projetos. Não se pode deixar de lado a estrutura arquitetônica, mas não se pode resumir a ela, pois não são as únicas barreiras. O professor também se configura um ator importante, pois deve ser capacitado e buscar desenvolver ações que de fato sejam práticas inclusivas, pensando em um todo. 
Mediante essa discussão, Mantoan (2004, p. 3) diz que 
 
Temos que estar sempre atentos, porque, mesmo sob a garantia dos direitos à diferença, na igualdade de direitos, é possível se lançar o conceito de diferença na vala dos preconceitos, da discriminação, da exclusão, como acontece na maioria de nossas propostas educacionais.As políticas persistem em desconsiderar o potencial da inclusão para mudar o ensino escolar, para que as práticas pedagógicas se atualizem, e atendam as especificidades de todo e qualquer aluno e não, exclusivamente aqueles que têm uma deficiência. 
 
A escola desempenha um papel fundamental no processo de inclusão, pois não adianta ter em mente todas as leis, ter uma boa estrutura, acessível, se as práticas não são mudadas para que possa promover o real sentido da inclusão, o ideal de uma escola para todos. Repensar as práticas, ressignificar os papéis, são passos importantes para quem pretende promover a inclusão. 
Mantoan (2004, p. 3) ainda afirma que 
 
E, ainda mais, com relação a educação escolar de pessoas com deficiência uma interpretação legal equivocada do caráter substitutivo da educação especializada continua reafirmando a possibilidade de a escola comum e seus professores se desobrigarem de rever o ensino tradicionalmente praticado nas escolas comuns. 
 
Em muitos casos pode ser observado, mediante as dificuldades, os atores educacionais estarem indispostos a trazerem para sua prática a busca de estratégias capazes de ajudar no processo de inclusão, bem como o desinteresse, por parte, inclusive das instituições, em buscar metodologias, práticas e ações inovadoras, capazes de colocarem em seu currículo uma proposta inclusiva. 
É essencial analisar esses e outros fatores, principalmente os que são trazidos como finalidade da educação básica, pois o sucesso da inclusão escolar é, em meio às diversidades, promover igualdade de acesso e permanência aos estudantes, como conta tanto na Carta Magma, bem como na LDB. 
No processo de ensino, onde a inclusão é uma preocupação, a transformação ou mesmo redirecionamento dos papéis de cada ator desse processo é essencial. O processo de educação em meio aos diferentes tipos de deficiência exige compreender que é um processo cuidadoso, onde cada indivíduo é analisado perante a sua particularidade. Sobre essa questão, Ferronato (2002, p. 38), aponta, quanto à finalidade de educar em meio à diversidade que: 
 
A finalidade de educar em meio à diversidade não é fazer com que o educando se adapte ao ritmo de ensino, mas que ele consiga atingir um nível funcional visual, psicológico e social satisfatórios, fornecendo-lhe os instrumentais necessários que lhe permitam melhorar a sua qualidade de vida. 
 
Sobre o assunto, Amiralian (2005, p. 61 apudMAZZOTTA e D’ANTINO, 2011, p.382-383) diz que “o uso do termo inclusão na escola pode ser entendido como uma situação em que é imprescindível uma compreensão do aluno com deficiência, de modo que ele possa ser integrado, ou seja, passe a pertencer à escola e fazer parte integrante dela” 
Mantoan (1997, P. 120, Apud Da Silva e Arruda, p. 7) diz que 
 
[...] a inclusão é um motivo para que a escola se modernize e os professores aperfeiçoem suas práticas e, assim sendo, a inclusão escolar de pessoas deficientes torna-se uma consequência natural de todo um esforço de atualização e de reestruturação das condições atuais do ensino básico. 
 
Assim, a inclusão não diz respeito a colocar as crianças nas escolas regulares, mas a mudar as escolas para torná-las mais responsáveis às necessidades de todas as crianças; diz respeito a ajudar todos os professores a aceitarem a responsabilidade quanto à aprendizagem de todas as crianças nas suas escolas e prepará-los para ensinarem aquelas crianças que estão atual e correntemente excluídas das escolas por qualquer razão. 
3. O PAPEL DO CAPS NO PROCESSO DE INCLUSÃO DE PESSOAS COM 
DEFICIÊNCIA MENTAL 
 
Nos últimos anos vêm-se buscando, baseado nos direcionamentos dos direitos humanos, caminhos para tratar da questão das pessoas doentes mentais. Buscando vê-lo com um olhar diferente do que se praticava há alguns anos atrás, estigmatizando-os como loucos. 
Sobre isso, Silva (2010, p. 13) 
 
Durante muito tempo as pessoas acometidas de sofrimento mental eram consideradas loucas, alienadas e eram largados nas ruas ou em instituições psiquiátricas como seres desprovidos de quaisquer direitos. Excluídos do convívio em sociedade, essas pessoas largadas em asilos, manicômios ou outros tipos de instituições psiquiátricas eram internadas e esquecidas, sendo muitas vezes vítimas de abusos médicos ou de maltrato de enfermeiros ou de outros pacientes. Com o passar do tempo este modelo baseado na internação dos pacientes foi questionado através da chamada Luta antimanicomial e de outros movimentos da sociedade civil e de grupos de defesa dos direitos humanos. 
 
A autora ainda afirma que 
 
A Reforma Psiquiátrica no Brasil é uma ação conjunta das esferas Federal, Estadual e Municipal e dos grupos e movimentos sociais. O principal ideal do movimento está na luta pela reaproximação do acometido de distúrbios mentais do seu meio social e da sua reabilitação, em detrimento do isolamento e da segregação praticada nos manicômios. (SILVA, 2010, p. 23) 
 
Hoje a proposta da saúde brasileira é tratar esses sujeitos como pessoas que tem os seus direitos, os quais devem ser garantidos, indo mais além, objetivando a reinserção deles na sociedade. Sobre este assunto, Mielke (2009, p. 160) diz que 
 
Os serviços substitutivos ao modelo hospitalocêntrico, o mais antigo modelo de cuidado ao portador de sofrimento psíquico, surgem na intenção de que este sujeito doente seja visto a partir de um outro paradigma, o da reabilitação psicossocial, entendida como uma ação ampliada, que considera a vida em seus diferentes âmbitos: pessoal, social ou familiar , objetivando, assim, a reinserção deste sujeito na sociedade. 
 
Para concretizar essa ação, criou-se uma rede de atenção às pessoas deficientes mentais, composta pela atenção básica em saúde, incluindo ambulatório de saúde mental os Centro de Atenção Psicossocial, além dos serviços de urgência e emergência em hospitais e muitos outros (MIELKE, 2009). 
Corroborando com Mielke (2009), De Lima, Surjus e Campos (2014, p. 533) dizem que 
 
A instituição recente da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS)a normatizou e explicitou os componentes e pontos de atenção necessários para a ampliação do acesso e a qualificação da atenção psicossocial, dentre os quais estão os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), os centros de convivência e cultura e os leitos de saúde mental em hospital geral. É explícita na política vigente a recusa dos hospitais psiquiátricos como ponto de atenção da RAPS, o que reconhecemos como mais um passo na transição do modelo de atenção em saúde mental. 
 
O Centro de Atenção Psicossocial (CAPS), como os outros serviços, inclusive o os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), configuram-se avanços importantes no cuidado com a saúde mental e na busca de um novo olhar para esse público, que por muito tempo vem sendo excluído do convívio social. 
Da Silva et al (2012, p. 311) 
 
O Sistema Único de Saúde (SUS) instituído pelas Leis Federais 8.080/1990 e 8.142/1990e os movimentos da Reforma Psiquiátrica traçaram novas diretrizes, promovendo modificações nas instituições, na assistência e no processo de trabalho em saúde. No ano de 2002, a implantação dos CAPS foi regulamentada pela portaria 336/GM (Brasil, 2002), destacando-se que estes têm como papel fundamental e estratégico receber pacientes com grave sofrimento psíquico excluídos socialmente e organizar a rede de serviços de saúde mental do seu território, trabalho este a ser desenvolvido por equipe multiprofissional em uma perspectiva interdisciplinar. 
 
O Sistema Único de Saúde, em relação a instituição do Centro de Atendimento Psicossocial, dá um grande passo em relação as políticas públicas voltadas para as pessoas com transtornos mentais, fazendo valer o que consta na Constituição Federal, mais precisamente no Art. 5º, onde colocas todas as pessoas iguais perante a lei, como a inviolabilidade dos direitos fundamentais, como a vida e a liberdade. 
 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: (BRASIL, 1998) 
Assim, a política de saúde das pessoas com transtornos mentais começa a ser valorizada, e as ações, como a instituição do CAPS é um exemplo disso. 
O CAPS é formado por uma equipe multifuncional, que faz atendimentos diversificados, tanto individual como coletivo, sempre buscando trabalhar a proposta da interação, inclusão e o desenvolvimento pessoal dos seus usuários, como afirma Mielke (2009, p. 160) 
 
Os Centros de Atenção Psicossociais (CAPS) são serviços de atenção diária em saúde mental, de caráter substitutivo ao hospital psiquiátrico. Têm a responsabilidade de atender pessoas com transtornos mentais severos e persistentes, trabalhando sob a lógica da territorialidade. Estes serviços são regulamentados pela portaria ministerial GM nº 336, de 19 de fevereiro de 20024. O CAPS trabalha com equipe multiprofissional e as atividades desenvolvidas neste espaço são bastante diversificadas, oferecendo atendimentos em grupos e individuais, oficinas terapêuticas e de criação, atividades físicas, atividades lúdicas, arteterapia, além da medicação, que antes era considerada a principal forma de tratamento. Neste serviço, a família é considerada como parte fundamental do tratamento, tendo atendimento específico (grupal ou individual) e livre acesso ao serviço, sempre que se fizer necessário. 
 
O CAPS pode ser do tipo (modalidade) I, II, II, CAPS ad álcool e drogas e CAPS ad III e CAPS infantujuvenil, cada um tem uma composição de equipes multifuncional, bem como atende determinadas demandas, segundo o Ministério da Saúde; 
 
CAPS I: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 15 mil habitantes. 
CAPS II: Atendimento a todas as faixas etárias, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes. 
CAPS i: Atendimento a crianças e adolescentes, para transtornos mentais graves e persistentes, inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes. 
CAPS ad Álcool e Drogas: Atendimento a todas faixas etárias, especializado em transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 70 mil habitantes. 
CAPS III: Atendimento com até 5 vagas de acolhimento noturno e observação; todas faixas etárias; transtornos mentais graves e persistentes inclusive pelo uso de substâncias psicoativas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes. 
CAPS ad III Álcool e Drogas: Atendimento e 8 a 12 vagas de acolhimento noturno e observação; funcionamento 24h; todas faixas etárias; transtornos pelo uso de álcool e outras drogas, atende cidades e ou regiões com pelo menos 150 mil habitantes. (BRASIL, 2017) 
 
Toda essa estruturação é parte da rede que busca, na descentralização, proporcionar um maior alcance desse público, objetivando dar um tratamento de qualidade, humanizado e preocupado na inserção social, familiar, e não excludente como era praticado. Graças a essa a Reforma Psiquiátrica no Brasil, os rumos foram mudados e vem sendo trabalhado, com o objetivo de alcançar todo o território nacional. 
É certo que ainda há muito a ser percorrido, porém a mudança já proporcionou caminhos já pode ser considerado um sucesso, por conta dos resultados, da mudança de rumo a respeito do trato com pessoa com deficiência mental. Para chegar até esse momento atual, muitos desafios, debates e batalhas foram travadas nas ultimas décadas. 
 
3.1 O SUS e a Saúde Mental 
 
No Brasil, o modelo de atendimento que estava presente era o asilar, esse modelo estava sendo muito criticado pela sociedade e por alguns profissionais, inclusive movimentos que lutavam pelos direitos da saúde mental. Em 1978, o Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM) começou travar uma luta mais efetiva pelos direitos dos pacientes psiquiátricos. 
 
O ano de 1978 costuma ser identificado como o de início efetivo do movimento social pelos direitos dos pacientes psiquiátricos em nosso país. O Movimento dos Trabalhadores em Saúde Mental (MTSM), movimento plural formado por trabalhadores integrantes do movimento sanitário, associações de familiares, sindicalistas, membros de associações de profissionais e pessoas com longo histórico de internações psiquiátricas, surge neste ano. É sobretudo este Movimento, através de variados campos de luta, que passa a protagonizar e a construir a partir deste período a denúncia da violência dos manicômios, da mercantilização da loucura, da hegemonia de uma rede privada de assistência e a construir coletivamente uma crítica ao chamado saber psiquiátrico e ao modelo hospitalocêntrico na assistência às pessoas com transtornos mentais. (BRASIL, 2005) 
 
O MTSM foi um movimento muito importante, pois começou buscar informações do funcionamento dos manicômios e denunciando as atrocidades que ali funcionavam, onde o processo de humanização era quase zero, sobrando maus tratos, desrespeito total com a pessoa com deficiência mental. Além dele, outros movimentos ajudaram a desencadear uma série de ações que culminam em debates, chamando a atenção dos poderes públicos. 
Silva (2010, p. 12) traz a importância e o compromisso da participação de todos pela luta em defesa dos direitos a saúde, quando afirma que 
 
A saúde, como produção social de determinação múltipla e complexa, exige a participação ativa de todos os sujeitos envolvidos em sua produção – usuários, movimentos sociais, trabalhadores da saúde, gestores do setor sanitário e de outros setores – na análise e na formulação de ações que visem à melhoria da qualidade de vida. 
 
Na estrutura política e que o Brasil se encontra, não há como avançar sem travar lutas, nem tão pouco sem a participação social na busca por melhorias, inclusive em relação as famílias e usuários do atendimento psicossocial, visto que nesse caso, parece que aluta é somente daqueles que convivem com essa questão. O autor ainda afirma que 
 
O movimento antimanicomial, cuja bandeira defendia a reafirmação dos direitos humanos dos doentes, teve seu início na década de 70, e foi impulsionado pela retomada das mobilizações sociais pelo país. A realização da I Conferencia Nacional de Saúde Mental e a realização do II Encontro Nacional de Trabalhadores em Saúde Mental, são considerados como pontos de partida para o que se denominou de Reforma Psiquiátrica Brasileira. (SILVA, 2010, p. 21) 
 
Com a Constituição Federal de 1988 veio a criação do Sistema único de Saúde (SUS), descentralizando as ações, que agora passa a ser articulada entre as gestões federal, estadual e municipal. Tal postura trazida pela Lei Maior atendeu as questões de lutas que vinha se travandopara uma transformação no cenário do atendimento psicossocial das pessoas com transtorno mental. 
No ano de 1989, foi dada entradano Congresso Nacionalum Projeto de Lei, impetrado pelo, na época, deputado federal Paulo Gabriel Goldinho Delgado, então deputado federal, o qual extinguia progressivamente os manicômios, regulamentando a internação psiquiátrica compulsória e consequentemente os direitos da pessoa com transtornos mental. 
Seu projeto estava baseado na experiência da psiquiatria italiana, que passou por esse processo. Vale salientar que esse momento marca a luta no âmbito legislativo e normativo a respeito da reforma psiquiátrica no Brasil. O projeto somente foi aprovado após 12 anos, em 6 de abril de 2001 ela foi promulgada, a Lei nº. 10.216, a qual “dispõe sobre a proteção e os direitos das pessoas portadoras de transtornos mentais e redireciona o modelo assistencial em saúde mental”. (BRASIL, 2001) 
A Lei é um marco na proposta de lutas pelos direitos das pessoas com transtornos mentais. O Art. 1º, de forma geral, expõe a compreensão que por muito tempo foi negado, que são os direitos das pessoas com transtornos mentais. Já o Art. 2º elenca esses principais direitos nos seus nove incisos. 
 
Art. 1o Os direitos e a proteção das pessoas acometidas de transtorno mental, de que trata esta Lei, são assegurados sem qualquer forma de discriminação quanto à raça, cor, sexo, orientação sexual, religião, opção política, nacionalidade, idade, família, recursos econômicos e ao grau de gravidade ou tempo de evolução de seu transtorno, ou qualquer outra. 
Art. 2o Nos atendimentos em saúde mental, de qualquer natureza, a pessoa e seus familiares ou responsáveis serão formalmente cientificados dos direitos enumerados no parágrafo único deste artigo. 
Parágrafo único. São direitos da pessoa portadora de transtorno mental: I - ter acesso ao melhor tratamento do sistema de saúde, consentâneo às suas necessidades; 
II - ser tratada com humanidade e respeito e no interesse exclusivo de beneficiar sua saúde, visando alcançar sua recuperação pela inserção na família, no trabalho e na comunidade; 
III - ser protegida contra qualquer forma de abuso e exploração; 
IV - ter garantia de sigilo nas informações prestadas; 
V - ter direito à presença médica, em qualquer tempo, para esclarecer a necessidade ou não de sua hospitalização involuntária; VI - ter livre acesso aos meios de comunicação disponíveis; 
VII - receber o maior número de informações a respeito de sua doença e de seu tratamento; 
VIII - ser tratada em ambiente terapêutico pelos meios menos invasivos possíveis; 
IX - ser tratada, preferencialmente, em serviços comunitários de saúde mental. (BRASIL, 2001) 
 
O Art. 5º da Lei chama a atenção para o atendimento psicossocial, diferenciando do atendimento manicomial, dado antes da Lei em um sistema que na maioria dos casos estava mais excluindo o cidadão do que incluindo-o 
 
Art. 5o O paciente há longo tempo hospitalizado ou para o qual se caracterize situação de grave dependência institucional, decorrente de seu quadro clínico ou de ausência de suporte social, será objeto de política específica de alta planejada e reabilitação psicossocial assistida, sob responsabilidade da autoridade sanitária competente e supervisão de instância a ser definida pelo Poder Executivo, assegurada a continuidade do tratamento, quando necessário. (BRASIL, 2001) 
 
Após a aprovação da lei 10.216, no final do ano de 2001 foi realizada a III Conferência Nacional de Saúde Mental, um evento importante, com a participação de usuários de seus familiares, que culminou em um Relatório Final, contendo as deliberações a respeito da política de saúde mental, trazendo estratégias para as mudanças no atendimento psicossocial. Foi conferido aos CAPS o valor estratégico para que a mudança da atenção da saúde mental acontecesse no Brasil. 
A luta dos movimentos sociais continua, e em vários estados do país eles fazem movimentos que acabam culminando nas primeiras leis que determinam a substituição progressiva por redes integradas de atenção a saúde mental, marcando a década de 1990 com avanços significativos nessa área. Nesse momento o Ministério da saúde começa a tratar de forma diferente as políticas voltadas para a saúde mental, o Brasil assina a Declaração de Caracas, começando a trabalhar os atendimentos diários, apoiado nas experiências observadas dos primeiros Centos de Atenção Psicossocial - CAPS, Núcleo de Atendimento ao Profissional da Saúde - NAPS e do hospital Dia. 
A partir de então, muitas ações vem sendo implementadas mediante os debates que continuam até os dias atuais. As lutas geraram ganhos significativos para esse público, não somente em relação aos serviços do CAPS, por exemplo, mas inúmeras atitudes, aprovações de Leis que aos poucos vai reestruturando o caminho dos cuidados com a pessoa com transtornos mentais. 
Ações como: a Lei 10.708 de 2003, a qual cria o auxílio reabilitação psicossocial com o propósito de dar assistência, em relação ao acompanhamento integral social, fora do ambiente hospitalar;a Portaria nº 52/2004 que institui o Programa Anual de reestruturação da Assistência Psiquiátrica Hospitalar no SUS; em 2004, a realização do primeiro Congresso Brasileiro de Atenção Psicossocial; em 2005 a Portaria 245 que destina incentivo financeiro para a implantação do CAPS. Essas e outras ações foram frutos de um processo de mudança no atendimento psiquiátrico, psicossocial no Brasil. 
Com ajuda dos aparatos legais e dos programas e ações deliberadas ao longo dos últimos anos, observa-se uma preocupação do Sistema Único de Saúde brasileiro em relação a saúde mental, porém, vale ressaltar que mesmo diante de tantos avanços, e mediante as lutas que ainda são travados, muitos são os desafios que cercam os cuidados com a saúde mental. 
3.2 Os principais desafios do CAPS diante da proposta de inclusão 
 
Os avanços na atenção integral das pessoas com transtornos mentais, deu um grande salto nos últimos anos, tanto em relação as políticas de assistência social, como principalmente as políticas de saúde. No campo psiquiátrico, esse avanço é recente, mas já demonstra bons resultados. Com a Reforma Psiquiátrica brasileira e com o criação do Sistema Único de Saúde a articulação dessas políticas voltadas para esse público, começa a ficar mais articulada e ganhar corpo, seja através das ações legais ou mesmo das ações efetivas diariamente nos centros espalhados por todo o Brasil. 
Os Centros de Atenção Psicossocial vem para cumprir uma função do Estado, em proporcionar igualdade e uma sociedade mais justa, onde nem mesmo a pessoa com deficiência mental seja excluída, como era em um passado não tão distante. A ambição é ainda maior, inserir essas pessoas no ambiente social, familiar e que possa, e, dependendo do nível da deficiência, que possa assumir papéis essenciais na conjuntura familiar e social. 
Braga e Schumacher (2013, p. 382)diz que 
 
Em termos ideais, sociedade justa é aquela em que se configura um ambiente de relações sociais permitindo a seus membros condições de perseguirem aquilo que consideram uma vida boa. Em outras palavras, uma sociedade cuja integração social se produz através da institucionalização dos princípios de reconhecimento. 
 
É necessário compreender, como expõe os autores, que uma sociedade justa, deve ser justa para todos, onde possam participar efetivamente das decisões, e que possam gozar dos seus direitos. Esse é um grande desafio do Sistema Único de Saúde, através dos Centros de Atenção Psicossocial, além de cuidar da saúde mental dos seus pacientes, através da sua equipe multifuncional, promover a integração desses sujeitos da sociedade, e assim possam participar e terem os seus direitos garantidos. 
Mesmo com os avanços, é necessário compreender que ainda existem muitos desafios a serem enfrentados e vencidos mediante o atendimento do CAPS e toda a sua estrutura. Da Silva et al (2012, p. 311) diz que 
 
Assim, o processo de trabalho na atenção psicossocial tem como uma de suas característicasser sustentado por relações pessoais diretas de trabalhadores entre si, e com a população em geral, e mobilizar fortes implicações pessoais dos mesmos. Além disto, é preciso enfrentar problemas como um ambiente marcado pela falta de investimento, a precarização e a perda de direitos básicos do trabalho, o multiemprego, a deterioração da infraestrutura e a forte exigência de produtividade quantitativa que pode produzir sofrimento nos trabalhadores da saúde, neste contexto. 
 
A autora, em suas palavras, traz alguns problemas que ainda persistem nesse processo, como a falta de investimentos, o que em muitos casos acaba preconizando o serviço e causando danos grave aos usuários, que ficam a mercê da situação. Essa precarização do trabalho acaba ocasionando na perda de direitos básicos. A falta de investimento também ocasiona na deterioração da estrutura dos ambientes de atendimento, tornando-os, em muitos casos, ambientes insalubres para o tipo de trabalho. 
Esses problemas de falta de investimento interfere diretamente na proposta de inclusão, visto que muitas ações deixam de ser executadas por falta de espaço adequado, ou por conta da insuficiência de materiais e até mesmo da ausência de alguns profissionais, ou rodízio dos mesmo, onde muitos abandonam o serviço por falta da valorização. 
Um outro desafio importante é o combate ao preconceito. A sociedade por muito tempo tratou as pessoas com deficiência mental como loucas, criando um estereótipo sem compromisso algum com a pessoa humana que estava com aquele transtorno, esquecendo toda a sua história, da sua família e apenas considerando-o um ser humano que não merece as atenções “normais”. 
Mielkeet al (2009, p. 163) afirma que 
 
A reabilitação é entendida como o resgate de um conceito mais positivo sobre a saúde mental, na qual a pessoa é vista como capaz de agir, decidir, opinar, sofrer, alegrar-se, enfim, confrontar-se com o estigma de louco incapaz, concepção que o desvaloriza enquanto cidadão. 
 
A família compõe o conjunto de aliados nessa proposta de inclusão, certamente o mais importante, porém em muitos casos a própria família pode se tornar uma barreira mediante a proposta de inclusão da pessoa com deficiência mental. Famílias desestruturadas, descompromissadas, ou mesmo aquelas que não dão condições aos trabalhos realizados, nem tão pouco apoiam as ações, configuram-se barreiras no trabalho do CAPS e no processo de inclusão, precisando da intervenção de outros serviços que ajude a contornar tal situação. 
 
3.2.1A importância da parceria com a família dos usuários do CAPS 
 
A família caracteriza-se um importante aliado no atendimento psicossocial do CAPS. Segundo DA Silva (2010, p. 13) diz que 
 
A proposta atual do CAPS é que o usuário seja tratado no seio da família, considerada uma unidade cuidadora e de cuidado, que dentre outros fatores, é responsável por promover o contato dos pacientes com os profissionais do CAPS, a comunidade e os serviços sociais e de saúde existentes. Assim, considera-se importante a criação destes centros de atenção e sua expansão em todo o território a fim de que os mesmo estejam cada vez mais próximos das famílias dos doentes. 
 
A família é considerado uma unidade cuidadora, ela desempenha o seu papel constitucional, sendo responsável m relação aos cuidados com as pessoas com deficiência mental, sendo considerado negligência a sua negação em ajudar. Com os centros cada vez mais próximo das famílias, esse cuidado é fundamental, formando uma parceria, que seguido todos os protocolos, certamente experimentará a evolução do usuário e a sua inclusão como realidades palpáveis. 
Mielke (2009, p. 162) afirma que 
 
Atualmente, é consenso de que as famílias, quando recebem apoio e orientação adequados, têm condições de compartilhar seus problemas e tornam-se aliadas na desinstitucionalização e na reabilitação social do usuário. É necessário oferecer atenção e apoio a estas famílias, pois a reinserção do usuário na comunidade e a retomada de suas atividades diárias se tornam mais fáceis e rápidas quando os familiares acreditam que a melhora na condição de saúde do usuário é possível. 
 
Quando a parceria família e o CAPS funciona, a autora afirma que há avanços significativo na reabilitação dos usuários, por isso ela defende que haja mais investimentos nessa parceria, a qual culmina sempre em ações com resultados mais sólidos. 
4. A PARCERIA ESCOLA E CAPS NA PROMOÇÃO DE UMA EDUCAÇÃO INCLUSIVA 
 
Como já foi discutido neste trabalho, por muitos anos houve uma exclusão das pessoas com deficiência no processo educacional. Nos vários momentos da educação, onde ela estava voltada para determinados públicos, onde a escola não era para todos, dificilmente se viu uma pessoa deficiente em uma sala de aula. A escola e o processo de ensino não estavam voltados para atender as pessoas com deficiência, não havia essa preocupação com a democratização do ensino. A proposta educacional era mais seletiva. 
Essa preocupação começou a ser entendida após inúmeros movimentos sociais que buscavam e lutavam por direitos iguais e por uma sociedade mais inclusiva, mais democrática, em culminância com os marcos legais, que atendiam a concepção de uma sociedade inclusiva. Mesmo que com conceitos ainda sendo entendidos, o assunto começou a ser mais debatido no Brasil e ações voltadas para o processo de inclusão desse público na escola começa a a ganhar corpo. 
As instituições filantrópicas começaram a crescer, a exemplo, tem-se aAssociação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) criadas em 1954, que na década de 60 começa a ter um crescimento considerável, podendo contribuir com o processo de inclusão. 
Sobre essa expansão, Miranda (2008, p 34) diz que 
 
No panorama mundial, a década de 1950 foi marcada por discussões sobre os objetivos e qualidade dos serviços educacionais especiais. Enquanto isso, no Brasil acontecia uma rápida expansão das classes e escolas especiais nas escolas públicas e de escolas especiais comunitárias privadas e sem fins lucrativos. [...] Nesta época, podemos dizer que houve uma expansão de instituições privadas de caráter filantrópico, sem fins lucrativos, isentando, assim, o governo da obrigatoriedade de oferecer atendimento aos deficientes na rede pública de ensino. 
 
Em 1973, naquela época, um avanço considerável, que foi a criação do Centro Nacional de Educação Especial (CENESP), começando a pensar a respeito especificamente da educação especial. 
Em 1986, outro passo importante, foi a criação da Coordenação Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE), com o objetivo de discutir e montar ações que culminassem na integração da pessoa com deficiente. Dois anos depois veio a Constituição Federal de 1988, a qual dispõe dos direitos fundamentais da pessoa humana e da responsabilidade de tratar todos iguais e de promover ações que integrem todos, com respeito e dignidade. Como Consta em seu Art. 5º afirmando a igualdade, sem distinção. 
Mais tarde, em 1990, foi aprovado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), caracterizando um grande avanço, pois neste caso, ele já trata das pessoas no período de escolarização, em relação a educação básica. Crianças e adolescentes, todas, inclusive as pessoas com deficiência, tem os seus direitos e devem ser garantidos pelo Estado, mas também pela família e sociedade, como está exposto em seu Art. 3º. 
 
Art. 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade. Parágrafo único. Os direitos enunciados nesta Lei aplicam-se a todas as crianças e adolescentes, sem discriminação de nascimento, situação familiar, idade, sexo, raça, etnia ou cor, religião ou crença, deficiência, condição pessoal de desenvolvimento e aprendizagem, condiçãoeconômica, ambiente social, região e local de moradia ou outra condição que diferencie as pessoas, as famílias ou a comunidade em que vivem. (BRASIL, 1990) 
 
Em 1996, tanto buscando cumprir com a Constituição federal e 1988, como trazendo elementos que concretizava a legislação do ECA, foi promulgado a Lei 9.394, a qual dispõe sobre Lei de Diretrizes de Bases da Educação (LDB). E um dos maiores feitos na legislação da educação especial foi em 2001, com a publicação das Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. 
A educação deve ser umas das prioridades do Estado, da sociedade e da família, e o avanço da educação especial, que nos últimos anos, mesmo que ainda de forma precária, vem ganhando espaço. Assim, a concepção de escola deve acompanhar essa mudança, sendo aberta e pluralista, atendendo a todos. Como afirma Goffredo (1999, p. 31, apud ROGALSKI, 2010, p. 9) 
 
Frente a esse novo paradigma educativo, a escola deve ser definida como uma instituição social que tem por obrigação atender todas as crianças, sem exceção. A escola deve ser aberta, pluralista, democrática e de qualidade. Portanto, deve manter as suas portas abertas às pessoas com necessidades educativas especiais. (1999, p. 31). 
O avanço a respeito da inclusão educacional é sentida em todo o território nacional, com a criação de programas, projetos e ações voltadas para essa proposta. Mazzotta e D’antino (2011, p. 381) dizem que 
 
Pode-se afirmar que nos últimos anos houve grande avanço no que se refere ao Direito Educacional, particularmente em relação a grupos reiteradamente excluídos das oportunidades escolares, tais como os negros, os indígenas e as pessoas com deficiências. 
 
Entretanto, alguns questionamentos em relação a inclusão de pessoas com deficiência nas escolas regulares devem ser feitos: há de fato inclusão da pessoa deficiente na sala de aula regular, ou há uma inserção? Quais são as barreiras enfrentadas pela escola e família nesse processo de inclusão? Além dessas outras questões devem ser colocadas, para buscar compreender se o processo de inclusão existe, ou apenas existe uma proposta, porém na prática funciona mais como uma exclusão. 
 
4.1 As Barreiras Encontradas nas Instituições Escolares para a Promoção da Inclusão 
 
A inclusão é um passo importante da humanidade em relação a lutas pela igualdade e uma sociedade justa. Rogalski (2010, p. 3) afirma que “a inclusão é um processo educacional através do qual todos os alunos, incluído, com deficiência, devem ser educados juntos, com o apoio necessário, na idade adequada e em escola de ensino regular.” 
É necessário compreender que inclusão não significa apenas inserir o aluno com deficiência ou outras necessidades, educacionais, por exemplo, na sala de aula ele deve fazer parte de todo o contexto, como afirma De Oliveira et al (2015, p.187) 
 
Inclusão escolar não significa apenas a inserção física do aluno com necessidades educacionais especiais em um ambiente comum a todos. É necessário que o aluno seja parte do contexto escolar, o que significa participar ativamente de todas as atividades sociais e pedagógicas desenvolvidas. 
 
O autor coloca a necessidade de se pensr o todo, desde as propostas pedagógicas, acessibilidade, assim como a preparação dos professor para receber e cooperar com o desenvolvimento desses alunos, sempre colocando-o como parte do todo, e não o tratando isoladamente. 
Em relação à proposta de inclusão social, Bezerra (2019, p. 19) afirma que A inclusão social baseia-se em uma tomada de decisão contrária às forças excludentes que redirecionam socialmente as pessoas [...]. Para o autor, incluir significa remar contra uma correnteza que por muito tempo deixou as pessoas com algum tipo de deficiência as margens da sociedade, sendo necessário remar contra essa correnteza, ele ainda afirma que 
 	 
Para que essa inclusão possa acontecer, é necessário que sejam criadas formas de acessibilidade tanto no ensino regular, como de inserção no mundo do trabalho, oportunizando, também, acessibilidade em geral e um quadro de pessoas devidamente capacitadas para dar total suporte a estes indivíduos. (BEZERRA, 2019, p. 20) 
 
O processo de inclusão deve abranger todos os setores da vida humana, inclusive a escola, o trabalho, deve-se proporcionar a pessoa com deficiência a participação na sociedade de forma efetiva, respeitando as suas especificidades, e promovendo ações que impulsionem as suas potencialidades. Na escola, por exemplo, todos os atores devem estar comprometidos com a proposta inclusiva, inclusive s responsáveis pelas pessoas deficientes, como afirmam Braga e Schumacher (2013, p. 387) 
 
Nas escolas, públicas ou privadas, diretores, professores e agentes escolares devem programar a inclusão em consonância com a legislação. As pessoas com deficiência, seus responsáveis e representantes zelarem pelo fiel cumprimento da lei. 
 
Diante da proposta de inclusão, é necessário lembrar que nas últimas décadas houve muitos esforços parabuscar alternativas que proporcionassem uma melhor qualidade de vida das pessoas com deficiências, a melhoria do atendimento na saúde, criando centros e serviços voltados especificamente para cuidar das pessoas com deficiência e buscar incluí-lo na sociedade. 
Além das ações voltadas para a saúde das pessoas com deficiência, a criação de programas e projetos por parte do poder público, relacionados a educação, como as Salas de Recursos Multifuncionais, por exemplo, que tem a função de realizar o atendimento educacional especializado, complementando ou até mesmo suplementando à escolarização, tem permitido o acesso e permanecia de muitos alunos com deficiência na educação básica do ensino regular. Tal ação, assim como outras iniciativas, demonstra o compromisso com uma educação inclusiva, principalmente a valorização desse público (SILVEIRA, 2010, p.16). 
Mendonça (2013, p. 5) afirma que 
 
A Educação Inclusiva é uma modalidade de educação que desafia educadores, pais, alunos com deficiências e demais profissionais ligados à educação. Ela desafia a escola a ensinar a todos, adequando-se diante das necessidades de seu alunado, de forma que não só favoreça a permanência destes, mas colabora efetivamente para que a aprendizagem se efetive com qualidade, num ambiente escolar regular onde não há diferenças. 
 
Assim, é necessário compreender o papel de alguns personagens nesse processo de inclusão. São eles: a família, que assegurada pelos seus direitos constitucionais e Direitos Humanos, almeja para seus filhos com deficiência um tratamento igualitário; a escola, que deve preparar-se para receber os alunos e propor condições de acesso e permanência, bem como aprendizagem;, o professor quem normalmente atua na sala de aula regular ou mesmo na Sala de Recursos Multifuncionais, bem como o governo que viabiliza recursos e propõe ações voltadas para a educação especial. 
Mesmo diante de tantas ações, a escola assume um papel importante no processo de inclusão das pessoas com deficiência. Ela configura-se um espaço de realizações, onde seus sujeitos são desafiados a construírem seus caminhos, seu futuro, por isso ela deve dar condições para que isso aconteça. O problema é que nem sempre a escola está preparada para todos os desafios e acaba ficando travada mediante algumas situações. 
Carvalho (1999) fala sobre algumas providências necessárias para que a escola favoreça ao processo de inclusão. 
 
A vivência escolar tem demonstrado que a inclusão pode ser favorecida quando observam as seguintes providencias: preparação e dedicação dos professores; apoio especializado para os que necessitam; e a realização de adaptações curriculares e de acesso ao currículo, se pertinentes (CARVALHO, 1999, p.52, apud ROGALSKI, 2010, p 12). 
 
O autor coloca algumasquestões como a preparação dos professores para atender esse público, pois não é possível promover a inclusão quando é desconhecedor das especificidades que cerca aquele aluno, podendo até fazer com que ele regrida, em certos casos. Ele também traz a importância

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