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Maria Eduarda de Alencar Odontologia 2019.2 Erro no DNA e Mecanismos de Reparo → O que seria esse erro no DNA? Mutação - DNA: Molécula que contém a informação genética; - Genes: Segmentos de DNA que tem a capacidade de codificar proteínas; Mutação Alteração na sequência do DNA - Mutante: Organismo que sofreu mutação; - Tipo selvagem (wild type): Organismo não mutado; - Genótipo: Refere-se à sequência do DNA de um organismo; - Fenótipo: Propriedades observáveis de um organismo. Fenótipo= genótipo + ambiente - Alelos: Diferentes formas de um mesmo gene, geradas a partir de mutações. Ex.: Aa, alelos A e a. → Quais são as causas das mutações? As principais causas são os fatores físicos (ex.: radiações), fatores químicos que reagem diretamente com a molécula de DNA e os fatores espontâneos que ocorrem no organismo em condições normais; DIVISÃO - Gênicas: O segmento de DNA será alterado, são compostas por mudanças em um único gene. - Cromossômicas: Ocorre uma mudança na estrutura ou na quantidade de cromossomos. CATEGORIAS - Somáticas: Mutações que ocorrem em células somáticas. Ex.: células do epitélio, células musculares; - Germinativas: Mutações que ocorrem nos gametas. NATUREZA - Espontâneas: Acontecem nas condições normais do organismo; - Induzidas: Induzidas por fatores externos ou fatores químicos, que não são naturais do organismo. Mutações Cromossômicas - Estruturais: Duplicações ou deleções de fragmentos de cromossomos, inserções e translocações entre dois ou mais cromossomos; - Numéricas: Cromossomos inteiros são duplicados ou deletados. Mutações Gênicas → Substituições de base: - Transições; - Transversões: Anemia falciforme, por exemplo. A adenina é trocada por uma timina, isso gera um RNAm diferente e ao invés de ser produzido o ácido glutâmico é produzida a valina. → Inserções e deleções de nucleotídeos: Uma mudança no quadro de leitura, ou seja, um frameshift da sequência. ...Mas primeiro: Quem são as purinas e pirimidinas? São bases nitrogenadas. SUBSTITUIÇÕES DE BASE Um único par de nucleotídeos é alterado; - Transições: Troca de purina por purina ou de pirimidina por pirimidina; - Transversões: Troca de purina por pirimidina e vice-versa. INSERÇÕES E DELEÇÕES DE NUCLEOTÍDEOS → Causam uma mudança no quadro de leitura do gene, inserindo ou deletando nucleotídeos. Dessa forma, os códons são alterados, tanto os que sofreram a inserção ou deleção de nucleotídeos, como aqueles que vem após ele. - Repetições expandidas de nucleotídeos: Uma mutação por inserção de três nucleotídeos. Podem alterar e provocar doenças. Ex.: A adição de mais uma sequência CAG na cadeia, induzida pelo deslizamento do molde, durante a replicação, que resulta no aumento de mais um aminoácido, gerando uma proteína anormal com um resíduo extra de glutamina. Um exemplo de doença causada pela repetição expandida de nucleotídeos é a síndrome do X frágil, uma doença hereditária e que causa déficit intelectual. Nessa patologia o alelo do gene FMR-1 tem milhares de cópias do códon CGG, enquanto o normal é ter 60 cópias. As cópias adicionais da repetição de nucleotídeo fazem com que o DNA seja metilado, o que desliga a transcrição de um gene essencial. CLASSIFICAÇÃO DAS MUTAÇÕES QUANTO AOS SEUS EFEITOS FENOTÍPICOS → Mutação direta: Uma mutação que altera o fenótipo do tipo selvagem; → Mutação reversa: Muda um genótipo mutante de volta para o tipo selvagem. Ocorre em uma região que sofreu mutação anteriormente; → Mutação de ganho de função: A estrutura da proteína é modificada e ela não funciona mais corretamente. Ex.: Fibrose cística, Acondroplasia (Alteração no receptor de tirosina quinase transmembrana FGFR3), Doença de Huntington (Afeta o sistema nervoso, Gene HTT); → Mutação de perda de função: São aquelas que resultam num produto gênico que tem menos ou nenhuma função. Ex.: Síndrome do X frágil (perda da função do gene FMR1, regiões não traduzidas), Síndrome de Rubinstein-Taybi (perda da função de um coativador transcricional, doenças cardíacas). Na situação 1 a tradução ocorrerá normalmente após o splicing, já na situação 2 não ocorrerá uma tradução correta, podendo ocorrer a produção de uma proteína truncada. → Sem mutação: códons que especificam proteína tipo selvagem; → Mutação silenciosa: Códon alterado especifica o mesmo aminoácido; → Mutação neutra: Códon alterado especifica uma substância similar a um aminoácido; → Mutação missense: Códon alterado especifica um aminoácido quimicamente diferente; → Mutação nonsense: Códon alterado indica término da cadeia. MUTAÇÕES SUPRESSORAS Esconde ou suprime o efeito de outra mutação. → Intragênica: Ocorre num sítio diferente, no mesmo gene que tem a mutação original; → Intergênica: Ocorre em um gene diferente. Exemplo de TSG - genes supressores de tumor: O gene TP53 considerado um TSG controlador. Ativa a transcrição de genes que cessam a divisão celular e permitem o reparo de danos ao DNA. Induz a apoptose de células que tenham sofrido danos irreparáveis ao DNA. A perda de função da p53 permite que as células com DNA danificado sobrevivam e se dividam, propagando, assim, as mutações potencialmente oncogênicas. Mutações Espontâneas Os erros espontâneos de replicação surgem a partir de estruturas com base alterada e pareamento de base em oscilação. Podem ocorrer pequenas inserções e deleções por meio do deslizamento da fita na replicação e do crossing over desigual. PAREAMENTO INCORRETO CAUSADO POR OUTRAS ESTRUTURAS → Pares de bases A:C e G:T unidos por ligações de hidrogênio formadas quando a citosina e a guanina estão em suas formas tautoméricas raras, o imino e o enol; - Pareamento não Watson e Crick. Que resulta na flexibilidade da estrutura do DNA. Além disso, esse erro na incorporação resulta num erro de replicação. ERROS DE INCORPORAÇÃO E ERROS DE REPLICAÇÃO O pareamento de base por oscilação leva a um erro de replicação; CAUSAS DAS DELEÇÕES E INSERÇÕES → As inserções e deleções podem surgir a partir do deslizamento da fita; → O crossing over desigual produz inserções e deleções. MUDANÇAS QUÍMICAS ESPONTÂNEAS → Desaminação de bases nucleotídicas pela hidrólise espontânea: A perda de um grupo amino (NH2); → Depurinação resultante da hidrólise: Perda de uma base purina; A depurinação e a desaminação são alterações espontâneas na estrutura do DNA que podem alterar as propriedades de pareamento das bases e provocam erros nos ciclos subsequentes de replicação. Mutações Quimicamente Induzidas → O que é um mutágeno? Qualquer agente ambiental que aumenta de forma significativa a taxa de mutação acima da taxa espontânea. ANÁLOGO DA BASE A 5-bromouracila (um análogo de base) é semelhante à timina, exceto por ter um átomo de bromo no lugar do grupo metila no átomo do carbono 5. Num pareamento normal ela se liga a Adenina, no errado, a 5-bromouracila ionizada pareia com a guanina, o que resulta numa mutação. REAÇÕES OXIDATIVAS O contato das bases nitrogenadas com espécies reativas de oxigênio pode causar o pareamento incorreto delas. Ex.: G:A. AGENTES INTERCALANTES Se inserem entre as bases nitrogenadas e provocam inserções e deleções de base única na replicação, o que acaba desestruturando a molécula de DNA. ALQUILAÇÃO DO DNA, DESAMINAÇÃO E HIDROXILAMINA Os agentes alquilantes, as substâncias químicas desaminadoras e a hidroxilamina mudam a estrutura das bases de DNA, alterando suas propriedades de pareamento. FATORES EXTERNOS A radiação solar causa ligações cruzadas entre as bases e quebra as fitas, gerando um dímero de pirimidinas. A luz ultravioleta induz a quebra entre as ligações A:T. A timina, que tem atração pelos raios ultravioleta se desliga da adenina e se liga a outra timina por ligação covalente.Mecanismos de Reparo A taxa de mutação é a frequência na qual uma mutação específica surge em uma população, ela é influenciada por fatores genéticos e ambientais. Graças à eficiência dos mecanismos de reparo do DNA, a taxa de mutação permanece incrivelmente baixa. → Reparo Direto: Ocorre nas bases nucleotídicas metiladas. Exemplo, a guanina normalmente pareia com a citosina, mas ao receber um grupamento metil ela pode parear com a timina, para reparar esse erro, uma enzima chamada Metiltransferase Cys, se une a metil-guanina removendo o grupo metil; → Reversão direta da lesão no DNA: A sequência de DNA que tem o dímero de timina (pirimidina) vai ser reconhecida pela DNA fotoliase. A fotoliase, que é ativada pela absorção da luz azul, ao reconhecer essa mutação se liga e cliva esse dímero de timina, permitindo assim o pareamento correto de bases. Esse mecanismo de reparo é conhecido como fotorreparação ou fotorreativação de um dímero de pirimidina; → Reparo de pareamento errado: A replicação é um processo muito preciso, cada nova cópia de DNA tem menos de um erro por um bilhão de nucleotídeos. As bases incorretamente pareadas são detectadas e corrigidas pelas enzimas de reparo de pareamento errado. Após a incorporação de erro ser identificada, as enzimas desse sistema de reparo retiram a seção da fita recém-sintetizada e preenchem o espaço com novos nucleotídeos ao usar a fita de DNA original como molde; → Reparo de DNA por excisão de base: Um grupo de enzimas chamado DNA glicosilases detecta e remove um tipo específico de base danificada. Por exemplo, a desaminação pode converter uma base citosina em uracila, uma base normalmente encontrada apenas no RNA. Durante a replicação do DNA, a uracila irá parear com adenina em vez da guanina (como faria se a base ainda fosse citosina), assim, uma mudança de citosina para uracila não corrigida pode levar a uma mutação. Para evitar tais mutações, a DNA glicosilase detecta e remove a citosina desaminada, criando um local AP (apurinicos ou apirimidínicos), esse local AP é reconhecido pelas enzimas AP endonucleases, que juntamente com a fosfodiesterase removem o pedaço "vazio" do esqueleto de DNA (açúcar- fosfato). Logo após a clivagem, a DNA polimerase substitui a base faltante, que será selado pela DNA ligase. → Reparação por Excisão de Nucleotídeos: Havendo um dímero de pirimidina, a proteína XPC vai reconhecer essa mutação e recrutar as proteínas XPB e XPD, que irão separar as fitas de DNA, formando uma bolha de fita simples, a RPA liga-se à bolha e posiciona duas nucleases, a XPF e a XPG, que irão atuar clivando o lado 5’ e o lado 3’ respectivamente. Logo após a clivagem, será inserido, pela DNA polimerase, um segmento com a quantidade de nucleotídeos que foram retirados, segmento esse que será selado pela DNA ligase; → Os mecanismos incluem: 1. Detecção: A seção danificada do DNA é reconhecida; 2. Excisão: As endonucleases de reparo do DNA cortam o esqueleto fosfodiéster em um ou ambos os lados do DNA danificado e um ou mais nucleotídeos são removidos; 3. Polimerização: A DNA polimerase adiciona nucleotídeos ao grupo 3′-OH recém-exposto ao usar a outra fita como um molde e substituindo os nucleotídeos danificados (e frequentemente alguns não danificados); 4. Ligação: A DNA ligase sela os cortes no esqueleto açúcar-fosfato. SISTEMA DE REPARAÇÃO PÓS-REPLICAÇÃO → Reparação sujeita a erro: síntese translesão: Uma DNA polimerase de translesão, após a replicação, detecta um erro no DNA, e se acopla para tentar corrigir esse erro. Essa correção só ocorre caso a tentativa anterior de correção não tenha sido bem sucedida. Essa DNA polimerase de translesão contornam, normalmente, as lesões maiores, mais volumosas; → Reparo de quebra de fita dupla: Ao ocorrer uma quebra acidental na fita dupla de DNA há uma perda de nucleotídeos, devido a degradação dessas extremidades quebradas, para consertar esse erro existe dois mecanismos de reparo para religar as extremidades, sendo que um vai unir extremidades não-homólogas e o outro vai unir extremidades homólogas. - Na união de extremidades não homólogas, as duas pontas quebradas do cromossomo são simplesmente coladas juntas novamente. Esse mecanismo de reparo é “sujo” e normalmente envolve a perda, ou algumas vezes a adição, de uns poucos nucleotídeos no local do corte. Assim, a união de extremidades não homólogas tende a produzir uma mutação, mas isso é melhor que a alternativa (perder um braço inteiro de cromossomo); - Na recombinação homóloga, a informação do cromossomo homólogo que corresponde ao danificado (ou da cromátide irmã, se o DNA foi copiado) é usada para reparar a quebra. Nesse processo, os dois cromossomos homólogos se juntam e a região não danificada do homólogo ou da cromátide é usada como modelo para substituir a região danificada do cromossomo quebrado. A recombinação homóloga é “mais limpa” que a união das extremidades não homólogas e não costuma causar mutações. Patologias → Xeroderma pigmentoso: Manchas sardentas na pele, sensibilidade à luz solar, predisposição ao câncer de pele. Defeitos no reparo por excisão de nucleotídeo; → Tricotiodistrofia: Fios de cabelo quebradiços, anomalias na pele, baixa estatura, desenvolvimento sexual imaturo, traços faciais característicos. Defeitos no reparo por excisão de nucleotídeo; → Anemia Fanconi: Maior pigmentação da pele, anomalias do esqueleto, coração e rins, predisposição à leucemia. Possíveis defeitos no reparo de ligações cruzadas entre as fitas. OBS.: Embora possam gerar patologias, as mutações tem um papel importante na variabilidade genética. Além disso, no caso da Anemia falciforme, por exemplo, embora o indivíduo tenha uma deformidade nas hemácias, o que dificulta o transporte de oxigênio, ter essa doença o torna menos propenso a adquirir malária.
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