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cap3 - SFN

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Sistema Financeiro Nacional 
R 
Este capítulo tem por objetivo apresentar a estru-
tura do Sistema Financeiro Nacional (SFN) e as prin-
cipais características das instituições financeiras que 
o compõem. Essas instituições devem permitir, den-
tro das melhores condições possíveis, a realização 
dos fluxos de fundos entre tomadores e poupadores 
de recursos na economia. 
A necessidade de conhecimento do sistema finan-
ceiro é crescente ao longo do tempo, explicada pela 
. /\ . . 1mportanc1a que exerce na economia o segmento em-
presarial de um país, como também pela maior com-
plexidade que suas operações vêm apresentando. 
O sistema financeiro é composto por um conjun-
to de instituições financeiras públicas e privadas, e 
seu órgão normativo máximo é o Conselho Monetá-
rio Nacional (CMN). Por meio do SFN, viabiliza-se a 
relação entre agentes carentes de recursos para in-
vestimento e agentes capazes de gerar poupança e, 
consequentemente, em condições de financiar o cres-
cimento da economia. Por agentes carentes de recur-
sos entende-se aqueles que assumem uma posição de 
tomadores no mercado, isto é, que despendem em 
consumo e investimento valores mais altos que suas 
rendas. Os agentes superavitários, por seu lado, são 
aqueles capazes de gastar em consumo e investimen-
7 
to menos do que a renda auferida, formando um ex-
cedente de poupança. 
Intermediação Financeira 
A intermediação financeira tem por finalidade levantar 
recursos no mercado financeiro visando sua transferên-
cia para diversos agentes de mercado. Os intermediários 
financeiros (bancos, companhias de seguro etc.) contri-
buem para a realocação de recursos na economia, ca-
nalizando fundos de agentes superavitários, classificados 
como "poupadores", para aqueles com carência de caixa. 
Agentes econômicos superavitários são todos que apu-
ram fluxos de entradas de caixa (rendimentos) superiores 
aos seus fluxos de pagamentos. Os agentes econômicos 
deficitários são aqueles que incorrem em gastos de con-
sumo e investimentos maiores que suas disponibilidades 
de caixa. 
Para a realização de intermediação financeira devem 
existir, entre outros pré-requisitos, bases institucionais 
adequadas para o bom funcionamento do mercado fi-
nanceiro, sistema jurídico eficiente e respeito ao cumpri-
mento dos contratos, existência de agentes econômicos 
com excesso de caixa e agentes que desejam gastar mais 
do que recebem de rendimentos (agentes superavitários 
e deficitários). 
A alocação de recursos através da intermediação finan-
ceira produz um maior dinamismo à economia, elevando 
a produção e oferecendo maior capacidade de consumo. 
Uma característica presente na estrutura do Siste-
ma Financeiro Nacional são os conglomerados finan-
ceiros, criados em função da política de concentra-
ção bancária desenvolvida nas últimas décadas por 
intermédio principalmente de fusões e aquisições. 
Esses conglomerados financeiros, por meio das di-
versas instituições que estão sob seu controle, cos-
tumam atuar nos diversos segmentos financeiros do 
mercado, limitando bastante a atuação de institui-
ções independentes. 
Ao final do capítulo (item 3. 7), são detalhados 
os principais organismos financeiros internacionais: 
Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mun-
dial, BID, BIS e G-20. 
3 .1 Estrutura do Sistema Financeiro 
Nacional 
O Sistema Financeiro Nacional pode ser enten-
dido como um conjunto de instituições financeiras 
e instrumentos financeiros que visam, em última 
análise, transferir recursos dos agentes econômicos 
(pessoas, empresas, governo) superavitários para os 
deficitários. 
Todo processo de desenvolvimento de uma eco-
nomia exige a participação crescente de capitais, que 
são identificados por meio da poupança disponível 
em poder dos agentes econômicos e direcionados 
para os setores produtivos carentes de recursos me-
diante intermediários e instrumentos financeiros. E é 
em função desse processo de distribuição de recursos 
no mercado que se evidencia a função econômica e 
social do sistema financeiro. 
O Sistema Financeiro Nacional foi estruturado e 
regulado pela Lei de Reforma Bancária (1964), Lei 
do Mercado de Capitais (1965) e, mais recentemente, 
, 
com a Lei de Criação dos Bancos Múltiplos (1988). E 
constituído por todas as instituições financeiras, pú-
blicas ou privadas, existentes no país. 
As instituições financeiras podem ser classifica-
das em dois tipos: bancárias ou monetárias e não 
bancárias ou não monetárias. As instituições finan-
ceiras conhecidas por bancárias são aquelas a quem 
se permite a criação de moeda por meio do recebi-
mento de depósitos a vista (moeda escritural, confor-
me estudado no item 1.5.5 do Capítulo 1). Operam 
basicamente com ativos financeiros monetários que 
representam os meios de pagamento da economia 
(dinheiro em poder do público mais depósitos a vista 
Sistema Financeiro Nacional 41 
em bancos). Essas instituições são representadas fun-
damentalmente pelos bancos comerciais e múltiplos. 
As instituições financeiras não bancárias, ao con-
trário, não estão legalmente autorizadas a receber 
depósitos a vista, inexistindo, portanto, a faculdade 
de criação de moeda. Essas instituições trabalham 
basicamente com ativos não monetários, tais como 
ações, letras de câmbio, certificados de depósitos 
bancários, debêntures etc. e são constituídas por pra-
ticamente todas as instituições financeiras que ope-
ram no mercado financeiro, exceto bancos comerciais 
e múltiplos. Exemplos de instituições não bancárias: 
sociedades corretoras, bancos de investimento, socie-
dades financeiras, sociedades de arrendamento mer-
cantil etc. 
As Instituições Financeiras Bancárias (ou Monetárias) são 
aquelas que podem captar depósitos a vista, e usar esses 
recursos para realizarem empréstimos e financiamentos, 
geralmente de curto e médio prazo, as pessoas físicas e 
jurídicas. São criadoras de moeda escritu ral através do 
efeito multiplicador do crédito. 
As Instituições Financeiras Não Bancárias (ou Não Mone-
tárias) não recebem depósitos a vista. 
Uma possível estrutura do Sistema Financeiro Na-
cional envolve dois grandes subsistemas: normativo 
e intermediação financeira, conforme é ilustrado 
na Figura 3.1. 
O subsistema normativo é responsável pelo fun-
cionamento do mercado financeiro e de suas institui-
ções, fiscalizando e regulamentando suas atividades 
por meio principalmente do Conselho Monetário Na-
cional (CMN) e do Banco Central do Brasil (Bacen). 
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) é um órgão 
normativo de apoio do sistema financeiro, atuando 
mais especificamente no controle e fiscalização do 
mercado de valores mobiliários (ações e debêntures). 
No subsistema normativo, enquadram-se, ainda, 
três outras instituições financeiras que apresentam 
um caráter especial de atuação, assumindo certas 
responsabilidades próprias e interagindo com vários 
outros segmentos do mercado financeiro, como são 
os casos do Banco do Brasil (BB), do Banco Nacional 
de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e 
da Caixa Econômica Federal (CEF). 
A Figura 3.2, por outro lado, detalha as várias ins-
tituições componentes do subsistema de intermedia-
ção. Essas instituições são classificadas em bancárias 
e não bancárias, de acordo com a capacidade que 
42 Mercado Financeiro • Assaf Neto 
ru o 
E.> 
(1) +-' 
+-' ru 
~-------l _Vl E +-----1 
Vl '-
o .... 
(1) 
u c-
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L.L ·-u 
ru ru 
EZ 
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tí ·-
V) 
..0 o 
~z 
(1) o 
-o iro 
Banco do 
Brasil - BB 
Conselho Monetário 
Nacional - CMN 
Banco Central do 
Brasi 1 - Bacen 
Comissão de Valores 
Mobiliários - CVM 
Instituições 
Especiais 
Comissões 
Consu lt ivas 
Banco Nacional de 
Desenvolvimento 
Econômico e 
Social - BNDES 
Caixa Econômica 
Federal - CEF 
Instituições Financeiras 
Bancárias 
Institu ições Financeiras 
Não Bancárias 
ru ~ fü =-o Sistema Brasileiro de 
~------1 _tí E 1------+-------1 Poupança e Empréstimo - SBPE 
Vl '-
..0 (1) 
::::, +-' 
V) e 
Figura3.1 Estrutura do Sistema Financeiro Nacional. 
apresentam de emitir moeda, instituições auxiliares 
do mercado e instituições definidas como não finan-
ceiras, porém integrantes do mercado financeiro. Faz 
parte também dessa classificação o Sistema Brasilei-
ro de Poupança e Empréstimos (SBPE), cujos recur-
1 nstitu i ções 
Auxiliares 
1 nstitu ições 
Não Financeiras 
sos captados são investidos no âmbito do sistema de 
habitação. 
A seguir, são analisadas as diversas instituições 
que compõem o Sistema Financeiro Nacional. 
Instituições Financeiras 
Bancárias 
o ■ Bancos Comerciais 
t<o 
■ Bancos Múltiplos V, 
ro 
Caixas Econômicas ·- ■ "D 
QJ 
E .... 
QJ 
+-' 
e -
QJ 
"D 
ro Instituições Financeiras E 
QJ Não Bancárias +-' 
V1 ·-V1 
■ Bancos de Investimento ..o 
:::::i 
Bancos de Desenvolvi-V) ■ 
mento 
■ Sociedades de Crédito, 
Financiamento e lnves-
timento 
■ Sociedades de Arrenda-
mento Mercantil 
■ Cooperativas de Crédito 
■ Sociedades de Crédito 
Imobiliário 
■ Associações de Pou-
pança e Empréstimo 
Figura 3.2 Subsistema de intermediação. 
3.2 Subsistema nonnativo 
Essa subdivisão do Sistema Financeiro Nacional é 
constituída por instituições que estabelecem, de al-
guma forma, diretrizes de atuação das instituições 
financeiras operativas e controle do mercado. Com-
põem esse subsistema o Conselho Monetário Nacio-
nal, o Banco Central do Brasil, a Comissão de Valores 
Mobiliários, o Banco do Brasil, o Banco Nacional de 
Desenvolvimento Econômico e Social e a Caixa Eco-
nômica Federal. 
3.2.1 Conselho Monetário Nacional - CMN 
O Conselho Monetário Nacional é um órgão emi-
nentemente normativo, não desempenhando nenhu-
ma atividade executiva. O CMN estabelece as dire-
Sistema Financeiro Nacional 43 
Sistema Brasileiro de 
Poupança e Empréstimo - SBPE 
■ Caixa Econômica Federal 
■ Sociedades de Crédito 
1 mobi I iá rio 
■ Associações de Poupança 
e Empréstimos 
■ Bancos Múltiplos 
Instituições Auxiliares 
■ Bolsas de Valores 
■ Sociedades Corretoras de 
Valores Mobiliários 
■ Sociedades Distribuidoras 
de Valores Mobiliários 
■ Agentes Autônomos de 
1 nvesti mento 
Instituições Não Financeiras 
■ Sociedades de Fomento 
Comercial - Factoring 
■ Seguradoras 
trizes para o bom funcionamento e processa todo o 
controle do sistema financeiro nacional, influencian-
do as ações de órgãos normativos como o BNDES, 
por exemplo, além de assumir funções legislativas das 
instituições financeiras públicas e privadas. 
O Conselho Monetário está revestido de amplas 
atribuições, que podem ser identificadas na finalida-
de principal de sua criação: formulação de toda a po-
lítica de moeda e do crédito, objetivando atender aos 
interesses econômicos e sociais do país. 
Algumas das principais atribuições do Conselho 
Monetário são expostas a seguir: 
a. fixar as diretrizes e as normas da política 
cambial, assim como regulamentar as opera-
ções de câmbio, visando ao controle da pari-
dade da moeda e ao equilíbrio do balanço de 
pagamentos; 
44 Mercado Financeiro • Assaf Neto 
b. regulamentar, sempre que julgar necessário, as 
taxas de juros, comissões e qualquer outra for-
ma de remuneração praticada pelas institui-
ções financeiras; 
c. regular a constituição e o funcionamento das 
instituições financeiras, bem como zelar por 
sua liquidez e solvência; 
d. estabelecer as diretrizes para as instituições fi-
nanceiras por meio de determinação de índi-
ces de encaixe, de capital mínimo, de normas 
de contabilização etc.; 
e. acionar medidas de prevenção ou correção de 
desequilíbrios econômicos, surtos inflacioná-
rios etc.; 
f. disciplinar todos os tipos de créditos e orientar 
as instituições financeiras no que se refere à 
aplicação de seus recursos, tendo como objeti-
vo promover desenvolvimento mais equilibra-
do da economia; 
g. regular as operações de redescontos e as ope-
rações no âmbito do mercado aberto. 
O Conselho Monetário Nacional é atualmente 
composto por somente três representantes: Ministro 
da Fazenda, seu presidente, Ministro do Planejamen-
to e o Presidente do Banco Central do Brasil. 
Estão previstas, também, Comissões Consultivas, 
que têm por objetivo assessorar o Conselho Monetá-
rio Nacional nos assuntos que lhe forem pertinentes. 
Algumas das comissões consultivas em funcionamen-
to são: Bancária, Mercado de Capitais e Mercados Fu-
turos, Crédito Rural e Crédito Industrial, Política Mo-
netária e Cambial etc. 
3.2.2 Banco Central do Brasil - BACEN 
O Banco Central é o principal poder executivo das 
políticas traçadas pelo Conselho Monetário Nacional 
e órgão fiscalizador do Sistema Financeiro Nacional. 
São objetivos também do Banco Central garantir 
o poder aquisitivo da moeda nacional, promover a 
formação de poupança na economia e preservar as 
reservas internacionais. 
Atendendo a uma conceituação mais abrangen-
te de sua atuação, pode-se tratar o Banco Central 
como um banco fiscalizador e disciplinador do mer-
cado financeiro, ao definir regras, limites e condu-
tas das instituições, banco de penalidades, ao serem 
facultadas pela legislação a intervenção e a liquida-
ção extrajudicial em instituições financeiras, e gestor 
do Sistema Financeiro Nacional, ao expedir normas 
e autorizações e promover o controle das instituições 
, 
financeiras e de suas operações. E também conside-
rado um executor da política monetária, ao exercer o 
controle dos meios de pagamento e executar o orça-
mento monetário e um banco do governo, na gestão 
da dívida pública interna e externa. 
Entre as principais atribuições de competência do 
Banco Central do Brasil, são destacadas: 
a. fiscalizar as instituições financeiras, aplican-
do, quando necessário, as penalidades previs-
tas em lei. Essas penalidades podem ir desde 
uma simples advertência aos administradores 
até a intervenção para saneamento ou liquida-
ção extrajudicial da instituição; 
b. conceder autorização às instituições financei-
ras no que se refere ao funcionamento, insta-
lação ou transferência de suas sedes e aos pe-
didos de fusão e incorporação; 
c. realizar e controlar as operações de redescon-
to e as de empréstimos dentro do âmbito das 
instituições financeiras bancárias; 
d. executar a emissão do dinheiro e controlar a 
liquidez do mercado; 
No Brasil, a cunhagem (impressão) da moeda é 
realizada com exclusividade pela Casa da Moeda, e a 
emissão da moeda (entrega do numerário ao sistema 
bancário) é de responsabilidade do Banco Central. 
e. efetuar o controle do crédito, de capitais es-
trangeiros e receber os depósitos compulsórios 
dos bancos; 
f. efetuar operações de compra e venda de títu-
los públicos federais; 
O Banco Central atua em negociações de títulos 
públicos de emissão do Tesouro Nacional, tendo por 
objetivo regular a demanda e a oferta da moeda na 
economia e as taxas de juros. 
g. supervisionar os serviços de compensação de 
cheques entre instituições financeiras; 
h. receber depósitos compulsórios das institui-
ções financeiras e executar operações de polí-. , . 
t1ca monetar1a. 
No desempenho dessas funções, o Banco Central 
pode ser, em resumo, entendido como: 
• Banco dos bancos, por captar depósitos dos 
bancos (conpulsórios e livres) e preservar a li-
quidez do sistema (bancário). 
• Executor da política monetária do Governo, ao 
exercer controle sobre os meios de pagamen-
tos e taxas de juros da economia. 
• Instituição emi.ssora de moeda, ao coordenar a 
distribuição do dinheiro emitido pela Casa da 
Moeda aos bancos. 
• Entidade que detém o poder Fi.scalizador do 
sistema financeiro, ao controlar e fiscalizar as 
instituições financeiras, aplicar penalidades e 
decretar intervenções, e elaborar normas. 
• Banco do Governo, ao manter entre outras atri-
buições, depósitos em moeda nacional e inter-
nacional do país, representar o país no sistema 
financeiro internacional, e assim por diante. 
Regimes Especiais do Banco Central 
O Banco Central, como entidade reguladora do Sistema 
Financeiro Nacional, possuidiversas alternativas e instru-
mentos legais para intervir nas instituições financeiras 
diante de qualquer ameaça ou concretização de crises 
no sistema bancá rio. Esse poder especial concedido pela 
legislação à autoridade monetária de intervir no mercado 
financeiro é executado através de Regimes Especiais, os 
quais podem ser de três tipos: 
• Intervenção 
• Liquidação 
• Regime de Administração Especial Temporário (RAET). 
A adoção do t ipo de Regime Especial pelo Banco Central 
depende sempre das características de cada caso, defi-
nidas após uma avaliação da efetiva da instituição. Uma 
intervenção é uma med ida cautelar que tem por obje-
tivo evitar que a crise bancária se agrave. Os dirigentes 
atuais são destituídos de seus cargos sendo nomeado 
um interventor que irá gerir a instituição por um tempo 
determinado. Após o prazo de intervenção estabelecido, 
a instituição poderá voltar às suas atividades normais, 
desde que todos os seus problemas tenham sido sana-
dos e a crise debelada, ou ter decretada sua liquidação 
extrajudicial. 
O regime de liquidação extrajudicial tem por objetivo via-
bil izar, da melhor forma possível, todos os pagamentos 
aos credores da instituição e decretar sua liquidação (ex-
tinção). Este regime é coordenado por um "l iquidante" 
nomeado pelo Banco Central, com amplos poderes ad-
ministrativos. 
O Regime de Administração Especial Temporário (RAEn é 
uma forma de intervenção no qual o Banco Central cos-
tuma manter as atividades norma is da instituição, porém 
com a gestão sob a responsabi lidade de um Conselho 
Diretor nomeado. O RAET também tem duração limitada 
e, ao final do período, a instituição pode retomar suas 
atividades normais ou ter a liquidação extrajudicial de-
cretada, caso considere como inevitável a insolvência da 
instituição. 
Sistema Financeiro Nacional 45 
3.2.3 Comissão de Valores Mobiliários - CVM 
A Comi.ssão de Valores Mobiliários (CVM) é uma 
autarquia vinculada ao poder executivo (Ministério 
da Fazenda), que age sob a orientação do Conselho 
, 
Monetário Nacional. E administrada por um presi-
dente e quatro diretores, todos nomeados pelo Presi-
dente da República. 
A CVM tem por finalidade básica a normatização, 
fiscalização e o controle do mercado de valores mobi-
liários, representado principalmente por ações, par-
tes beneficiárias e debêntures, commercial papers e 
outros títulos emitidos pelas sociedades anônimas e 
autorizados pelo Conselho Monetário Nacional. 
São funções básicas da Comissão de Valores Mobi-
liários, entre outras, promover medidas incentivado-
ras à canalização das poupanças ao mercado acioná-
rio; estimular o funcionamento das bolsas de valores 
e das instituições operadoras do mercado acionário, 
em bases eficientes e regulares; assegurar a lisura nas 
operações de compra e venda de valores mobiliários 
e promover a expansão de seus negócios; dar prote-
ção aos investidores de mercado. 
A atuação da CVM abrange, dessa forma, três im-
portantes segmentos do mercado: (a) instituições 
financeiras do mercado; (b) companhias de capital 
aberto, cujos valores mobiliários de sua emissão en-
contram-se em negociação em Bolsas de Valores e 
mercado de balcão; (e) investidores, à medida que é 
seu objetivo atuar de forma a proteger seus direitos. 
3.2.4 Banco do Brasil- BB 
O Banco do Brasil é uma sociedade anônima de 
capital misto, cujo controle acionário é exercido pela 
União. Até 1986, a instituição era considerada uma 
autoridade monetária, atuando na emissão de moeda 
no país por meio do acesso direto à conta movimento 
do Tesouro Nacional. Por decisão do Conselho Mone-
tário Nacional, esse privilégio do Banco do Brasil foi 
revogado, conservando ainda a função de principal 
agente financeiro do Governo Federal. 
No desenvolvimento de suas atividades, o Banco 
do Brasil assume três funções, conforme discutidas 
• a seguir: 
a. Agente Financeiro do Governo Federal, 
na execução de sua política creditícia e financeira, 
atuando sob a supervisão do CMN. Nessa atribuição, 
pode o Banco do Brasil, entre outras operações, re-
46 Mercado Financeiro • Assaf Neto 
ceber os tributos e as rendas federais, realizar os pa-
gamentos necessários e constantes do orçamento da 
União, receber depósitos compulsórios e voluntários 
das instituições financeiras, efetuar redescontos ban-
cários e executar a política dos preços mínimos de 
produtos agropecuários. Pode ainda o Banco do Bra-
sil, na vigência dessa sua primeira função, executar a 
política de comércio exterior do Governo, adquirindo 
ou financiando os bens de exportação e ser o agente 
pagador e recebedor no exterior. 
b. A outra função exercida pelo Banco do Brasil é 
a de um Banco Comercial, ao exercer as atividades 
próprias dessas instituições. Dessa maneira, o banco 
mantém contas correntes de pessoas físicas e jurídi-
cas, opera com caderneta de poupança, concede cré-
ditos de curto prazo aos vários segmentos e agentes 
da economia, executa operações de descontos, além 
de outras funções típicas de bancos comerciais. 
c. A terceira função exercida pelo Banco do Bra-
sil é a de um Banco de Investimento e Desenvol-
vimento ao operar, em algumas modalidades, com 
créditos a médio e a longo prazos. Na execução dessa 
nova função, o Banco do Brasil pode financiar as ati-
vidades rurais, comerciais, industriais e de serviços 
(Banco de Investimento), além de fomentar a eco-
nomia de diferentes regiões, ao atender a suas ne-
cessidades creditícias (Banco de Desenvolvimento). 
Nessa sua atividade de fomento, ainda, o Banco do 
Brasil objetiva o fortalecimento do setor empresarial 
do país por meio do apoio a setores estratégicos e às 
pequenas e médias empresas nacionais. 
3.2.5 Banco Nacional de Desenvolvimento 
Econômico e Social - BNDES 
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômi-
co e Social é uma empresa pública federal que está 
atualmente vinculada ao Ministério do Desenvolvi-
mento, Indústria e Comércio Exterior. Constitui-se no 
principal instrumento, de médio e longo prazos, de 
execução da política de financiamento do Governo 
Federal. 
Apesar de operar algumas vezes de forma dire-
ta, a atuação do banco desenvolve-se geralmente 
por meio de agentes financeiros, como Bancos Co-
merciais, Bancos de Investimentos e Sociedades Fi-
nanceiras. Esses agentes recebem uma comissão do 
BNDES, denominada de del credere, para executarem 
essa intermediação entre a instituição e o financia-
mento, tornando-se corresponsáveis também pela li-
quidação da dívida junto ao banco. 
O objetivo principal do BNDES é o de reequipar 
e fomentar, por meio de várias linhas de crédito vol-
tadas para os setores industrial e social, as empre-
sas consideradas de interesse ao desenvolvimento do 
, 
pais. 
O BNDES possui quatro subsidiárias, cujas atua-
ções básicas são descritas a seguir: 
a. Finame - Agência Especial de Financiamen-
to Industrial: voltada para o financiamento 
de máquinas e equipamentos industriais a em-
• • presas nac1ona1s; 
b. Embramec - Mecânica Brasileira S.A.: obje-
tiva fundamentalmente impulsionar o proces-
so de substituição de importações de bens de 
capital, ampliando, como consequência, a ca-
pacidade de produção instalada no país; 
c. Fibasa - Insumos Básicos S.A., Financia-
mento e Participações: objetiva desenvolver 
empreendimentos nacionais voltados à produ-
ção de insumos básicos; 
d. !brasa - Investimentos Brasileiros S.A.: visa 
reforçar a capitalização da empresa nacional 
participando, como acionista minoritário, do 
capital social. 
Mais recentemente, ocorreu a fusão da Embra-
mec, Fibasa, !brasa, originando-se uma nova empre-
sa: BNDES Participações S.A. - BNDESPAR, con-
trolada pelo BNDES. Seu objetivo principal é o de 
promover a capitalização da empresa nacional por 
meio de participações acionárias. Alternativamente à 
concessão de um financiamento, o BNDESPAR adqui-
re ações das empresas, injetando recursos próprios 
(não exigíveis) para financiar seus investimentos. 
Após consolidado o investimento,o banco coloca as 
ações adquiridas à venda no mercado. Outra forma 
de atuação do BNDESPAR é a garantia oferecida no 
lançamento público de novas ações e financiamento 
para que os acionistas venham a subscrever o aumen-
to de capital da empresa. 
O BNDES, e suas subsidiárias integra is, BNDESPAR e 
FINAM E, formam o chamado "Sistema BNDES" . 
Com isso, o sistema está atualmente composto 
pelo próprio BNDES, controlador das demais empre-
sas, BNDESPAR e Finame. Para a consecução de suas 
atividades, o sistema BNDES conta principalmente 
com recursos provenientes do PIS - Programa de In-
tegração Social, Pasep - Programa de Formação do 
Patrimônio do Servidor Público, dotações orçamen-
tárias da União, recursos captados no exterior e re-
cursos próprios provenientes do retorno das várias 
aplicações efetuadas. 
3.2.5.1 Fundos Administrados do BNDES 
A criação de Fundos de Investimentos pelo Gover-
no Federal, operados pelo BNDES, tem por objetivo 
financiar as necessidades de capital de longo prazo 
da economia, não cobertas pelo perfil de curto pra-
zo do crédito no país. 
Principais Fundos: 
- Fundo de Amparo ao trabalhados (FAT). 
- Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND). 
- Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico 
das Telecomunicações (FUNTTEL). 
- Fundo de Garantia à Exportação (FGE). 
- Fundo de Garantia para a Promoção da Com-
petitividade (FGPC). 
O Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) tem 
por objetivo financiar o seguro-desemprego e o abo-
no salarial, assim como alguns programas de desen-
volvimento econômico realizados através do BNDES. 
O FAT, dentro de suas linhas de financiamento, atua 
preferencialmente no combate ao desemprego, am-
parando o trabalhador e fomentando a criação de no-
• vos empregos na economia. 
O Fundo Nacional de Desenvolvimento (FND) tem 
por objetivo apoiar os investimentos da economia, 
públicos e privados, direcionados ao crescimento da 
atividade econômica e desenvolvimento nacional. 
O FND repassa recursos a agentes financeiros 
(BNDES, FINEP e Banco do Brasil) para aplicações 
em empresas de ciência e tecnologia (FINEP), de in-
sumos básicos e bens de consumo (BNDES), e tam-
bém para pequenas e médias empresas (BNDES e 
Banco do Brasil). 
O Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das 
Telecomunicações (FUNTTEL) visa, segundo a legisla-
ção que o instituiu, fomentar o processo de inovação 
tecnológica, apoiar a capacitação dos trabalhadores, 
incentivar a criação de empregos na economia, via-
bilizar o acesso das pequenas e médias empresas a 
Sistema Financeiro Nacional 47 
fontes de financiamento de longo prazo, de forma a 
promover uma maior competitividade na indústria 
brasileira de telecomunicações. 
O Fundo de Garantia à Exportação (FGE) tem a 
finalidade de dar cobertura às garantias oferecidas 
pela União nas operações de Seguro de Crédito à Ex-
portação. Esse seguro garante as exportações bra-
sileiras contra riscos comerciais, políticos e outros 
que possam prejudicar transações brasileiras com o 
exterior. 
O Fundo de Garantia para a Promoção da Compe-
titividade (FGPC) é um fundo de aval administrado 
pelo BNDES. Tem por objetivo oferecer garantia par-
cial do risco das instituições financeiras, identificado 
nas operações de crédito que utilizam recursos de li-
nhas de financiamento do BNDES. 
3.2. 6 Caixa Econômica Federal - CEF 
Tanto a Caixa Econômica Federal como as demais 
caixas econômicas são instituições financeiras públi-
cas que atuam de forma autônoma e apresentam um 
objetivo claramente social. São classificadas como ór-
gãos auxiliares do Governo Federal na execução de 
sua política creditícia. 
A CEF executa, ainda, atividades características 
de bancos comerciais e múltiplos, como recebimen-
tos de depósitos a vista e a prazo, cadernetas de pou-
pança, concessões de empréstimos a financiamentos 
em consonância com as políticas governamentais, 
adiantamentos a governos com garantia na arreca-
dação futura de impostos, empréstimos sob consig-
nação a funcionários de empresas com desconto em 
folha de pagamento. Pode também executar opera-
ções de arrendamento mercantil e promover o crédi-
to direto ao consumidor, por meio do financiamento 
de bens duráveis. 
A Caixa Econômica Federal constitui-se, com base 
em sua função social, no principal agente do SFH -
Sistema Financeiro de Habitação -, atuando no fi-
nanciamento da casa própria, principalmente no seg-
mento de baixa renda. 
O Sistema Financeiro de Habitação foi criado em 
1964 com o intuito de desenvolver o segmento de 
construção civil no país e promover, ao mesmo tem-
po, as melhores condições para a aquisição da casa 
própria. O órgão executivo e fiscalizador desse sis-
tema, o BNH - Banco Nacional de Habitação-, foi 
extinto, sendo incorporado pela CEE Os recursos 
48 Mercado Financeiro • Assaf Neto 
previstos para o SFH são originados, principalmen-
te, do FGTS - Fundo de Garantia do Tempo de Servi-
ço -, cadernetas de poupança e de fundos próprios 
dos agentes financeiros. 
A CEF tem alternado diversos programas de fi-
nanciamento à aquisição ou construção da casa pró-
pria ao longo do tempo, procurando melhor viabi-
lizar o acesso da população mais pobre à moradia. 
Como exemplos atuais desses programas, citam-se o 
Procred - Programa de Crédito Individual à Moradia, 
Poupança Azul Imobiliária, CRED-CASA, Capital de 
Giro para Construção etc. 
Seus estatutos preveem outros objetivos à Caixa 
Econômica Federal, tais como: 
• administrar, com exclusividade, os serviços das 
loterias federais; 
• constituir-se no principal arrecadador do 
FGTS; 
• ter o monopólio das operações de penhor. Es-- . , . sas operaçoes constituem-se em emprest1mos 
garantidos por bens de valor e alta liquidez, 
como joias, metais preciosos, pedras preciosas 
etc. 
3.2.7 Secretaria do Tesouro Nacional- STN 
A Secretaria do Tesouro Nacional foi criada em 
1986 através do Decreto n2 92.452, e tem por objeti-
vo básico o aprimoramento das Finanças Públicas do 
Brasil. Sua atividade principal é de operar a admi-
nistração e controle das receitas e despesas públi-
cas. A partir de 1993, a STN passou também a ser 
responsável pelo controle e gestão de toda a dívi-
da pública federal interna e externa, mobiliária ou 
contratual, centralizando em uma única unidade 
governamental a responsabilidade pelo geren-
ciamento de todos os compromissos do governo 
federal. 
Esta atribuição do Tesouro Nacional foi reforça-
da posteriormente com a proibição do Banco Central 
em emitir títulos da dívida pública interna. O Tesouro 
Nacional emite títulos da dívida pública para finan-
ciar déficit orçamentário, e o Banco Central executa 
somente política monetária. 
As colocações dos títulos emitidos pelo Tesouro 
Nacional são realizadas através de leilões do Ban-
co Central e da CETIP, que são também custodian-
tes desses papéis. Nestes leilões primários podem 
participar diretamente somente instituições finan-
ceiras credenciadas. Pessoas físicas ou jurídicas in-
teressadas em adquirir esses títulos podem fazê-lo 
através das instituições credenciadas. 
A custódia dos títulos no Banco Central e CETIP 
funciona como uma conta corrente, sendo creditada 
ao comprador e debitada ao vendedor. 
Com o objetivo de integrar os sistemas de pro-
gramação financeira, de execução orçamentária e 
de controle interno do Poder Executivo, e que for-
necesse ainda informações gerenciais relevantes e 
confiáveis para a administração pública, a STN 
desenvolveu o Sistema Integrado de Administra-
ção Financeira do Governo Federal - SIAFI. Com esse 
sistema informatizado é possível acompanhar, atra-, 
vés de registros em Conta Unica, todo o fluxo de saí-
das de recursos da União. 
3.3 Subsistema de inter1nediação 
Esse subsistema, também denominado de operati-
vo, é composto das instituições (bancárias e não ban-
cárias) que atuam em operações de intermediação 
financeira. O subsistema foi estruturado, conforme 
demonstrado no item 3.1, em cinco grandes grupos 
de instituições: Bancárias,Não Bancárias, Sistema de 
Poupança e Empréstimo - SBPE, Auxiliares e Institui-
ções Não Financeiras. 
3.3.1 Instituições financeiras bancárias 
Englobam os Bancos Comerciais, Bancos Múlti-
plos e Caixas Econômicas. 
Os bancos comerciais são instituições financei-
ras constituídas obrigatoriamente sob a forma de so-
ciedades anônimas. Executam operações de crédito 
caracteristicamente de curto prazo, atendendo, dessa 
maneira, às necessidades de recursos para capital de 
giro das empresas. 
A grande característica dos bancos comerciais é 
a sua capacidade de criação de moeda (moeda es-
critura!, conforme estudada no Capítulo 1), a qual é 
estabelecida com base nos depósitos a vista captados 
no mercado. 
Houve grande incentivo por parte do Governo nos 
últimos anos para que esses bancos processassem fu-
sões e incorporações, diminuindo consideravelmente 
o número de sedes bancárias e promovendo um acen-
tuado incremento na quantidade de agências. Em 
verdade, essa tendência de concentração dos bancos 
comerciais pode ser estendida também às demais ins-
tituições do Sistema Financeiro Nacional, formando 
conglomerados financeiros com atuação nos vários 
segmentos do mercado. As principais justificativas 
geralmente apresentadas para essa política de con-
centração são a de reduzir, via economia de escala, 
o custo operacional e, consequentemente, o custo 
final do dinheiro, e elevar a eficiência administrati-
va e produtividade das instituições, capacitando-as a 
atuar em contextos de maior competitividade. 
Os bancos comerciais têm a prestação de servi-
ços como uma importante atividade, podendo reali-
zar pagamentos de cheques, transferências de fundos 
e ordens de pagamentos, cobranças diversas, recebi-
mentos de impostos e tarifas públicas, aluguel de co-
fres e custódia de valores, serviços de câmbio etc. 
As principais operações ativas desenvolvidas pe-
los bancos comerciais concentram-se na concessão 
de créditos por meio de descontos de títulos, crédito 
pessoal, crédito rural, adiantamentos sob caução de 
títulos comerciais, cheques especiais etc. Os recursos 
dessas instituições são provenientes, principalmente, 
dos depósitos a vista e a prazo, operações de redes-
conto bancário e assistência financeira e operações 
de câmbio. 
Os bancos, de maneira geral, vêm apresentando 
rápida evolução em sua estrutura de funcionamento, 
procurando adaptar suas operações e produtos a um 
mercado cada vez mais exigente e globalizado. Atual-
mente, vêm trabalhando da forma mais especializa-
da, segmentando informalmente sua participação no 
mercado com base no volume de negócios dos clien-
tes e na forma de atendimento. 
Pelo volume de negócios, os bancos são classifi-
cados em bancos de varejo ou bancos de negócios ( ou 
bancos de atacado). Os bancos de varejo costumam 
operar sob uma mesma denominação social com 
diversas modalidades e tipos de produtos finan-
ceiros, abrangendo também um número grande de 
clientes. As principais fontes de recursos dos bancos 
de varejo são os depósitos a prazo e, principalmente, 
os depósitos a vista, captados em sua extensa rede 
de agências. 
Os bancos de negócios, por outro lado, estão volta-
dos preferencialmente para operações financeiras de 
maior porte e complexidade, trabalhando, por isso, 
com um número mais reduzido de clientes, porém 
de poder aquisitivo mais alto. As operações desses 
Sistema Financeiro Nacional 49 
bancos são mais estruturadas e voltadas para aten-
der necessidades mais específicas dos clientes. Estas 
• • • - A • instituiçoes mantem um contingente menor e, ge-
ralmente, mais especializado de funcionários. Da 
mesma forma, esses bancos atuam com uma rede me-
nor de agências e buscam tratamento diferenciado 
, . 
em seus negocios. 
Com relação ao tipo de atendimento dispensado, 
as instituições financeiras costumam atuar como pri-
vate bank, em que atendem a pessoas físicas de ele-
vadíssima renda e/ou patrimônio; personal bank, em 
que dão atendimento a pessoas físicas de alta renda 
e, muitas vezes, a pequenas e médias empresas; cor-
porate bank, voltados preferencialmente para empre-
sas (pessoas jurídicas) de grande porte. 
A criação de bancos múltiplos surgiu como re-
flexo da própria evolução dos bancos comerciais e 
crescimento do mercado. A tendência de se forma-
rem conglomerados financeiros no mercado, confor-
me foi anteriormente discutido, era também conse-
quência do interesse dos bancos em promover siner-
gia em suas operações, permitindo que uma institui-
ção completasse sua atividade de intermediação. A 
convivência da intermediação financeira com outras 
operações ativas dos bancos apresentava-se como es-
tratégica às pretensões de crescimento. 
Nesse ambiente, a segregação formal das ativi-
dades bancárias presente na época impunha algu-
mas restrições ao funcionamento do setor financei-
ro. Era comum observar grandes disponibilidades de 
recursos em algumas instituições e déficits em outras 
do mesmo grupo, provocando custos que poderiam 
ser evitados se fossem autorizados repasses entre as 
empresas. 
Dessa forma é que surgiu, de maneira natural, o 
perfil dos bancos múltiplos. Inicialmente, o mercado 
adotou de forma espontânea o conjunto de operações 
financeiras, reunindo-as em torno de uma única uni-
dade decisória. Posteriormente, as autoridades mo-
netárias passaram a reconhecer essa estrutura, regu-
lamentando o funcionamento dos bancos múltiplos. 
O projeto do banco múltiplo prevê sua formação 
com base nas atividades (carteiras) de quatro insti-
tuições: banco comercial, banco de investimento e 
desenvolvimento, sociedade de crédito, financiamen-
to e investimento e sociedade de crédito imobiliário. 
Para que uma instituição seja configurada como um 
banco múltiplo, ela deve operar pelo menos duas das 
carteiras apresentadas, uma delas necessariamente 
de banco comercial ou de banco de investimento. 
50 Mercado Financeiro • Assaf Neto 
3.3.2 Instituições financeiras não bancárias 
As instituições classificadas como não bancá-
rias são as que não apresentam capacidade de emi-
tir moeda ou meios de pagamento, como os bancos 
• • comerciais. 
Os bancos de investimento são os grandes muni-
ciadores de créditos de médio e longo prazos no mer-
cado, suprindo os agentes carentes de recursos para 
investimento em capital de giro e capital fixo. Como 
agentes financiadores dessas empresas, essas insti-
tuições efetuam, principalmente, operações de maior 
escala, como repasses de recursos oficiais de crédito, 
repasses de recursos captados no exterior, operações 
de subscrição pública de valores mobiliários (ações e 
debêntures), lease-back e financiamentos de bens de 
produção a profissionais autônomos. 
Uma operação mais recentemente realizada pelos 
bancos de investimento é a securitização de recebíveis 
que consiste, em essência, na transformação de valo-
res a receber e créditos das empresas em títulos ne-
gociáveis no mercado. 
Os bancos de investimento podem dedicar-se 
também à prestação de vários tipos de serviços, tais 
como: avais, fianças, custódias, administração de car-
teiras de títulos e valores mobiliários etc. 
Além das reservas próprias e dos resultados de 
suas operações, os bancos de investimento operam, 
em grande parte, com recursos de terceiros prove-
nientes principalmente da colocação de certificados 
de depósitos bancários (CDB), vendas de cotas de 
fundos de investimento, empréstimos contratados no 
, . 
pais e no exterior etc. 
Os bancos de desenvolvimento constituem-se 
em instituições públicas de âmbito estadual, que vi-
sam promover o desenvolvimento econômico e so-
cial da região onde atuam. Diante desse objetivo, os 
bancos de desenvolvimento apoiam formalmente o 
setor privado da economia, por meio principalmente 
de operações de empréstimos e financiamentos, ar-
rendamento mercantil, garantias, entre outras. 
Esses bancos são regidos pelas normas legais vi-
gentes a todas as demais instituições do Sistema Fi-
nanceiro Nacional, e sua constituiçãoe funcionamen-
to dependem de autorização do Banco Central. 
As sociedades de crédito, financiamento e in-
vestimento, mais conhecidas por financeiras, dedi-
cam-se basicamente ao financiamento de bens durá-
veis às pessoas físicas (usuários finais) por meio do 
mecanismo denominado crédito direto ao consumidor 
- CDC. Podem também as financeiras realizar repas-
ses de recursos governamentais, financiar profissio-
nais autônomos legalmente habilitados e conceder 
crédito pessoal. 
Além dos recursos próprios gerados em suas ope-
rações, a principal fonte de recursos dessas institui-
ções consiste no aceite e na colocação de letras de 
câmbio no mercado. As letras são emitidas pelo mu-
tuário do financiamento, ou seja, o devedor do con-
trato, e aceitas pela instituição financeira. Ao adqui-
rirem esses papéis, os investidores têm, em verdade, 
duas garantias: do emissor (financiado) e da finan-
ceira, que aceitou a letra de câmbio. 
Para facilitar essa operação de crédito direto ao 
consumidor, o financiado costuma constituir um pro-
curador junto à financeira com o objetivo de emitir a 
letra de câmbio. 
Outra forma de atuação das sociedades financei-
ras é o crédito com interveniência. Nessa modalidade, 
a instituição adquire os créditos comerciais de uma 
loja. Por ser o credor do contrato de crédito firmado, 
a empresa comercial emite as letras de câmbio cor-
respondentes e a financeira as aceita. O crédito é li-
berado à loja líquido dos encargos financeiros cobra-
dos, os quais são repassados ao cliente no preço de 
venda cobrado das mercadorias. 
Nesse caso de interveniência, a financeira traba-
lha com a garantia do estabelecimento comercial que 
vendeu as mercadorias (sacador) e do cliente com-
prador, cuja participação na operação ocorre por 
meio de um contrato de adesão assinado por ocasião 
da compra. Além dessas garantias, há ainda a aliena-
ção fiduciária dos bens negociados. 
As sociedades financeiras podem ser classificadas 
como: 
• independentes, quando atuam sem nenhuma 
vinculação com outras instituições do merca-
do financeiro; 
• ligadas a conglomerados financeiros; 
• ligadas a grandes estabelecimentos comerciais; 
• ligadas a grandes grupos industriais, como 
montadoras de veículos, por exemplo. 
As empresas conhecidas por promotoras de vendas 
não são instituições financeiras. Visam unicamen-
te cadastrar clientes para as operações de financia-
mento, mediante, geralmente, postos avançados de 
atendimento, percebendo uma comissão por esses 
• serv1ços. 
As sociedades de arrendamento mercantil têm 
por objetivo a realização de operações de arrenda-
mento mercantil (leasing) de bens nacionais, adqui-
ridos de terceiros e destinados ao uso de empresas 
arrendatárias. 
Os recursos que lastreiam essas operações são le-
vantados principalmente por meio de emissões de 
debêntures e empréstimos no país e exterior. Essas 
instituições também praticam operações de cessões 
de créditos, que consistem na negociação das contra-
prestações dos contratos de arrendamento realizados 
com outras instituições financeiras. 
Os principais tipos de leasing são: 
• leasing operacional: assemelha-se muito a um 
aluguel, e é efetuado geralmente pelas pró-
prias empresas fabricantes dos bens; 
• leasing financeiro - é realizado por algumas 
instituições financeiras, como bancos múlti-
plos e sociedades de arrendamento mercantil. 
A arrendadora adquire o bem selecionado de 
um fornecedor e o entrega para uso da arren-
datária. Ao final do prazo pactuado, a arren-
datária poderá ou não exercer seu direito de 
compra do bem por um valor residual garanti-
do estabelecido previamente; 
• lease-back: ocorre quando uma empresa vende 
determinado bem de sua propriedade e o alu-
ga imediatamente, sem perder sua posse. Em 
verdade, o bem não é removido fisicamente, 
passando a empresa de proprietária do ativo 
para arrendatária do mesmo. Essa modalida-
de é demandada principalmente por empresas 
que necessitam de reforço de capital de giro. 
As cooperativas de crédito1 são instituições vol-
tadas a oferecer créditos e prestar determinados ser-
viços financeiros a seus associados. A cooperativa 
de crédito, de acordo com a legislação em vigor, é 
equiparada a uma instituição financeira, tendo seu 
funcionamento regulado e autorizado pelo Banco 
Central. 
1 Para o leitor mais interessado no assunto, recomenda-
-se: PINHEIRO, M. A. Henriques. Cooperativas de crédito: 
história da evolução normativa no Brasil. 5. ed. Brasília-
-DF: Banco Central do Brasil, 2007. Disponível em: <www. 
bcb.gov.br>. 
Sistema Financeiro Nacional 51 
As cooperativas podem ser constituídas basica-
mente de funcionários de uma mesma empresa ou 
grupo de empresas, de profissionais de determinado 
segmento de atividade, e de empresários. 
Os recursos são captados dos associados através 
de depósitos a vista e a prazo, e também de emprés-
timos, repasses e refinanciamentos de outras insti-
tuições financeiras. Podem ainda receber doações. O 
crédito concedido pode se realizar mediante emprés-
timos, descontos de títulos e financiamentos. 
As cooperativas de crédito podem ser classificadas 
nas seguintes categorias: 
• Cooperativas Singulares, formadas por, no mí-
nimo 20 associados, e se caracterizam pelas 
operações de crédito e serviços prestados dire-
tamente aos seus cooperados. 
• Cooperativas Centrais, formadas por coopera-
tivas de crédito singulares, e têm por objetivo 
prestar serviços a estes membros associados, 
incentivar a prestação de serviços recíprocos 
entre os filiados, e oferecer orientações de 
suas atividades. 
• Confederações, constituídas pelas cooperativas 
centrais, visam orientar e assessorar as diver-
sas atividades de suas filiadas. 
São instituições bastante importantes para o de-
senvolvimento econômico e social de um país, capaz 
de manter milhões de associados e promover um vo-
lume bastante considerável de transações financeiras 
na economia, principalmente operações de crédito e 
• serv1ços. 
Apesar de classificada como uma instituição fi-
nanceira de mercado, as cooperativas de crédito 
apresentam algumas características diferenciadoras: 
- não possuem finalidades lucrativas e não estão 
ainda, sujeitas a falência; 
- estão preferencialmente voltadas a seus asso-
ciados, oferecendo condições mais vantajosas 
nos empréstimos (menores taxas e encargos), 
melhores condições para aplicações financei-
ras, cobrança de menores taxas de serviços e 
menores exigências para concessão de crédito 
que as praticadas normalmente por outras ins-
tituições financeiras de mercado; 
- os depósitos a vista são captados de seus as-
sociados e não estão sujeitos a recolhimentos 
compulsórios no Banco Central. Com isso, as 
52 Mercado Financeiro • Assaf Neto 
cooperativas de crédito podem dispor do total 
dos recursos levantados para empréstimos, co-
brando taxas mais reduzidas; 
- o cliente é, ao mesmo tempo, um associado da 
cooperativa, permitindo com isso que possa 
usufruir de algumas vantagens; 
- com relação à captação de recursos, as coope-
rativas de crédito podem receber depósitos so-
mente de seus associados, e levantar emprés-
timos (e linhas de repasses) em instituições 
financeiras no país e exterior. 
Desta forma, apesar de se reconhecer a capacida-
de de criação de moeda escritura! das cooperativas 
de crédito pela captação de depósitos a vista, deci-
diu-se incluir esta instituição como não bancária. As 
diversas características próprias das cooperativas de 
crédito, principalmente sua limitação em captar de-
pósitos a vista unicamente de seus associados, jus-
tificam esta classificação. Nada impede que, sob di-
ferente avaliação, sejam as cooperativas de crédito 
entendidas como instituições financeiras bancárias. 
As sociedades de crédito imobiliário voltam-se 
ao financiamento de operações imobiliárias, que en-
volvem a compra e a venda de bens imóveis. Prestam 
apoio financeiro também a outras operações do se-
tor imobiliário, como vendas de loteamentos, incor-porações de prédios etc. Essas instituições costumam 
levantar os recursos necessários por meio de letras 
imobiliárias e cadernetas de poupança. 
As associações de poupança e empréstimo 
(APEs) são instituições financeiras que atuam tam-
bém na área habitacional, por meio de financiamen-
tos imobiliários. 
Essas associações fazem parte do Sistema Bra-
sileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE) e costu-
mam atuar de forma restrita a determinada região. 
São constituídas sob a forma de sociedades civis sem 
fins lucrativos, sendo de propriedade comum de seus 
associados. 
A principal alternativa de captação financeira é 
a caderneta de poupança, cujos depositantes são so-
mente pessoas físicas. Por atuarem de forma restrita 
a seus associados, os aplicadores assumem um vín-
culo societário com as APEs, adquirindo direito a 
voto nas assembleias e participação na distribuição 
dos lucros. Dessa forma, a caderneta de poupança 
remunera os aplicadores com dividendos e correção 
, . 
monetana. 
3.3.3 Sistema Brasileiro de Poupança e 
Empréstimo - SBPE 
Com a extinção do Banco Nacional de Habitação 
(BNH), comentada anteriormente, o sistema finan-
ceiro de habitação do Brasil passou a ser constituído 
praticamente pelas instituições integrantes do SBPE, 
ou seja: Caixa Econômica Federal, sociedades de 
crédito imobiliário, associações de poupança e em-
préstimos e bancos múltiplos com carteira de crédito 
imobiliário. A captação de recursos (funding) dessas 
instituições é identificada principalmente pelas ca-
dernetas de poupança e pelos fundos provenientes 
do FGTS. 
3.3.4 Instituições auxiliares 
As bolsas de valores são organizações que man-
têm um local onde são negociados os títulos e valores 
mobiliários de pessoas jurídicas públicas e privadas. 
Para tanto, devem apresentar todas as condições ne-
cessárias para o perfeito funcionamento dessas tran-
sações, tais como organização, controle e fiscalização. 
Devem também as bolsas de valores dotar seu lo-
cal de funcionamento de todas as condições para que 
os negócios se efetuem num mercado livre e aber-
to, obedecendo a suas próprias regras e propiciando 
a continuidade dos preços e a liquidez dos negócios 
realizados. 
A essência da existência de bolsas de valores é 
proporcionar liquidez aos títulos negociados, atuan-
do por meio de pregões contínuos. Têm responsabi-
lidades pela fixação de um preço justo, formado por 
consenso de mercado mediante mecanismos de ofer-
ta e procura. Obrigam-se as bolsas, ainda, a efetuar, 
dentro do menor prazo e da maior amplitude possí-
vel, a divulgação de todas as operações realizadas. 
As bolsas de valores atuam com diversos tipos de 
mercado. No mercado a vista, são realizadas opera-
ções com liquidação financeira imediata ou, no má-
ximo, num prazo bastante curto. Nos mercados a 
termo, opções e futuros, cada um com características 
próprias de funcionamento, conforme será estudado 
nos Capítulos 17 e 18, as operações têm sua liquida-
ção processada num prazo maior. 
O denominado mercado de balcão resume as ope-
rações realizadas com diferentes tipos de papéis, não 
necessitando estar registrados em bolsa. Exemplos: 
títulos patrimoniais de associações diversas, ações 
de empresas não registradas em bolsas de valores e 
outras espécies de títulos. O mercado de balcão não 
possui um lugar físico determinado para realizar suas 
atividades, sendo os negócios geralmente realizados 
mediante contatos telefônicos. 
Por outro lado, as caixas de liquidação (clearings) 
atuam nos pregões e têm por função básica registrar, 
liquidar e compensar as várias operações processa-
das no âmbito das bolsas de valores. Essas empre-
sas estão habilitadas também para receber depósitos 
e garantias exigidas em certas operações financeiras 
realizadas. As clearings podem estabelecer-se juridi-
camente como empresas controladas das bolsas de 
valores ou, se autorizado pelas sociedades corretoras 
membros das bolsas, de forma independente. 
As sociedades corretoras são instituições que 
efetuam, com exclusividade, a intermediação finan-
ceira nos pregões das bolsas de valores. 
Entre outros direitos que lhes competem, as socie-
dades corretoras podem: 
a. promover ou participar de lançamentos públi-
cos de ações; 
b. administrar e custodiar carteiras de títulos e 
valores mobiliários; 
c. organizar e administrar fundos e clubes de 
investimentos; 
d. efetuar operações de intermediação de títulos 
e valores mobiliários, por conta própria e de 
terceiros; 
e. efetuar operações de compra e venda de metais 
preciosos, por conta própria e de terceiros; 
f. operar em bolsas de mercadorias e futuros, 
por conta própria e de terceiros; 
g. operar, como intermediadora, na compra e 
venda de moedas estrangeiras, por conta e or-
dem de terceiros (operações de câmbio); 
h. prestar serviços de assessoria técnica em ope-
rações inerentes ao mercado financeiro. 
As sociedades distribuidoras são também insti-
tuições intermediadoras de títulos e valores mobiliá-
rios, cujos objetivos básicos se assemelham bastante 
aos das corretoras. Entre as operações típicas dessas 
instituições, destacam-se: 
a. aplicações por conta própria ou de terceiros 
(intermediação) em títulos e valores mobiliá-
rios de renda fixa e variável; 
Sistema Financeiro Nacional 53 
b. operações no mercado aberto; 
c. participação em lançamentos públicos de 
-açoes. 
Os agentes autônomos de investimentos são 
pessoas físicas credenciadas pelas instituições finan-
ceiras intermediadoras (corretoras, distribuidoras, 
bancos e financeiras) para atuarem na colocação de 
títulos e valores mobiliários e outros serviços finan-
ceiros no mercado, operando em troca do recebimen-
to de uma comissão. Esses profissionais, da mesma 
forma que as instituições financeiras, são fiscaliza-
dos pelo Banco Central e pela Comissão de Valores 
Mobiliários. 
3.3.4.1 Clube de Investimento 
O Clube de Investimento é formado por investido-
res (pessoas físicas) que têm por objetivo constituir 
uma carteira diversificada de títulos e valores mobi-
liários, mediante a aplicação de recursos financeiros 
próprios. A constituição do clube é processada me-
diante aprovação e assinatura, por seus membros, do 
estatuto social, o qual regulará sua conduta e proce-
dimentos de atuação. 
O estatuto social do clube de investimento deve 
dispor, entre outros, dos seguintes assuntos: políti-
ca de investimento a ser adotada, cálculo da quota a 
que cada membro tem direito, prazo de duração do 
clube, forma de resgate das quotas. O principal órgão 
deliberativo do clube de investimento é a assembleia 
geral, prevista em seu estatuto social e constituída 
por todos os seus membros. 
O objetivo da criação do clube de investimento 
para o mercado financeiro é o de dinamizar os inves-
timentos em ações, ampliando a participação dos in-
vestidores em bolsas de valores. Instituições especia-
lizadas, como sociedades distribuidoras e bancos de 
investimento, são geralmente solicitadas a assessorar 
a administração da carteira de títulos dos clubes. To-
das as operações de compra e venda de títulos e va-
lores mobiliários são registradas sempre em nome do 
clube de investimento, devendo ser custodiadas em 
instituição autorizada a prestar esse tipo de serviço. 
A participação dos membros do clube é efetua-
da por meio de quotas do mesmo valor, livremente 
arbitradas por sua administração e emitidas de for-
ma escritura}. Cada quota corresponde a um voto nas 
assembleias gerais, e atualmente nenhum membro 
pode deter mais de 40% das quotas disponíveis. A 
54 Mercado Financeiro • Assaf Neto 
todo membro do clube de investimento é assegurado 
o direito de transferir suas quotas para outros investi-
dores, bem como se retirar do clube, mediante o res-
gate das quotas por seu valor patrimonial. 
Todos os resultados financeiros auferidos em ope-
rações com títulos, como lucros nas vendas, divi-
dendos recebidos etc., devem ser obrigatoriamente 
reinvestidos. O lucro do membro do clube realiza--se somente com o resgate parcial ou total de suas 
quotas. 
A carteira do clube é constituída privilegiadamen-
te por ações ou debêntures conversíveis em ações, de 
emissão de companhias de capital aberto e negocia-
das em bolsas de valores. Em caráter eventual e tem-
porário, os recursos do clube de investimento podem 
ser aplicados em outros títulos de renda fixa. 
3.3.5 Instituições não financeiras 
As sociedades de fomento comercial - facto-
ring - são empresas comerciais (não financeiras) que 
operam por meio de aquisições de duplicatas, che-
ques etc. de forma similar a uma operação de descon-
to bancário. A diferença fundamental é que o risco 
do título negociado passa a ser de exclusiva compe-
tência da empresa de factoring, eximindo a empresa-
-cliente das responsabilidades de recebimento. Para 
, 
Orgãos Entidades 
normativos • supervisoras 
Instituições 
Conselho Banco Central do Brasi l financeiras 
- Bacen captadoras de 
isso, cobram juros, repassando à empresa-cliente os 
resultados líquidos no ato da operação. 
O factoring não é considerado uma operação fi-
nanceira de crédito, e sim uma transferência (ces-
são) plena dos créditos da empresa produtora para 
o factor, isto é, uma aquisição definitiva dos valores 
recebíveis, inclusive do risco inerente ao pagamento 
desses valores. 
As empresas de factoring têm como fonte de re-
cursos principalmente os fundos próprios e emprés-
timos bancários. 
As companhias seguradoras estão consideradas 
no Sistema Financeiro Nacional por terem a obri-
gação de aplicar parte de suas reservas técnicas no 
mercado de capitais. Estas instituições e o merca-
do segurador no Brasil são estudados com maiores 
detalhes no Capítulo 14, ao tratar dos investidores 
institucionais. 
3.4 Composição do SFN proposta pelo 
Banco Central 
O Banco Central propõe uma composição para 
o Sistema Financeiro Nacional segmentado em três 
grandes partes, conforme demonstrada na Figura 3.3 
a seguir.2 
Operadores 
Dema is instituições 
f inanceiras 
Monetário Outros intermediários 
depósitos a vista Bancos de Câmbio Nacional - CMN financeiros e administradores 
Comissão de Valores 
Mobil iários - CVM 
Conselho Nacional Superintendência de 
de Seguros Seguros Privados -
Privados - CNSP Susep 
Conselho Nacional Superintendência 
da Previdência Nacional de Previdência 
Complementar - Complementar-
CNPC PREVIC 
Figura 3.3 Composição do SFN/Banco Central. 
Bolsas de 
de recursos de terceiros 
mercadorias e Bolsas de valores 
futuros 
Sociedades Entidades 
Sociedades abertas de Resseguradores de seguradoras previdência 
capita I ização complementar 
Entidades fechadas de previdência complementar (fundos de pensão) 
2 Disponível em: <www.bcb.gov.br> Sistema Financei-
ro NacionaVComposição e evolução do SFN/ Composição. 
Acesso em: jun. 2013. 
São destacados na composição sugerida pelo Ban-
co Central do Brasil: 
Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) 
- tem por objetivo fixar as diretrizes e estabelecer as 
normas da política de seguros privados no Brasil. O 
CNSP é o órgão máximo do segmento de seguros, 
exercendo a fiscalização e controle do funcionamen-
to das sociedades seguradoras e dos corretores de 
seguros. 
Conselho Nacional de Previdência Comple-
mentar (CNPC) - suas principais competências são 
as de regular, normatizar e coordenar as atividades 
das Entidades Fechadas de Previdência Complemen-
tar (Fundos de Pensão). 
Superintendência de Seguros Privados (SU-
SEP) - autarquia responsável pelo controle e fisca-
lização do mercado de seguros, previdência privada 
aberta e sociedades de capitalização. 
A SUSEP é uma instituição executora da política 
fixada pelo CNSP, cumprindo e fazendo cumprir to-
das as suas deliberações. 
A Superintendência incorpora, entre outras, as 
seguintes atribuições: proteção da poupança popular 
gerada através de operações de seguros, previdência 
privada aberta e capitalização; atuação no sentido 
de manter a liquidez e solvência das instituições que 
atuam em seu segmento de mercado. 
A Superintendência Nacional de Previdência 
Complementar (PREVIC) atua na fiscalização e na 
execução das políticas dessas entidades, observadas 
as diretrizes do CMN e CNPC. 
-INSTITUIÇOES FINANCEIRAS CAPTADORAS DE 
DEPÓSITOS A VISTA: 
- Bancos Múltiplos, com carteira comercial; 
- Bancos Comerciais; 
- Caixa Econômica Federal; 
- Cooperativas de Crédito. 
O Instituto de Resseguros do Brasil (IRB) é 
uma instituição que executa resseguros e retrocessão 
do seguro. O resseguro ocorre quando uma compa-
nhia aceita um contrato acima de sua capacidade fi-
nanceira em honrar com o risco. Nessa situação, a 
seguradora repassa (ressegura) parte ou todo o risco 
assumido. 
Sistema Financeiro Nacional 55 
O objetivo do resseguro é de minimizar o risco 
da operação, constituindo-se em prática bastante co-
m um em todo o mundo. 
Entidades Fechadas de Previdência Comple-
mentar (Fundos de Pensão) - são sociedades com 
fins lucrativos e formadas exclusivamente por fun-
cionários de uma mesma empresa, ou grupo de em-
presas, ou por servidores públicos. Essas entidades 
são constituídas na forma de Fundação ou Sociedade 
Civil. 
Sociedades Seguradoras - são instituições espe-
cializadas em elaborar contratos de seguros que pre-
veem alguma indenização em caso de ocorrência do 
risco (acidentes, incêndio, morte etc.) O segurado, 
para ter o benefício, paga uma determinada quantia 
à sociedade, denominada de "prêmio". 
Corretores de Seguros - são pessoas físicas ou 
jurídicas que atuam na intermediação dos contratos 
de seguros estabelecidos entre a sociedade segurado-
ra e o segurado. A profissão do corretor de seguros é 
regulamentada em lei, e para seu exercício é neces-
sário habilitação legal. 
Os corretores de seguros, por não terem vínculo 
empregatício com as seguradoras, ficam mais livres 
para defender os interesses do segurado. 
Sociedades de Capitalização - são empresas que 
negociam títulos de capitalização. Esses títulos são 
representados por contratos que visam levantar um 
depósito periódico do contratante, e oferecem, ao fi-
nal do prazo estabelecido, o direito de resgate do va-
lor depositado corrigido por uma taxa de juro combi-
nada previamente. O contrato de capitalização pode 
prever, ainda, o direito do contratante em concorrer 
a prêmios periódicos. 
Entidades Abertas de Previdência Complemen-
tar (Fundos de Pensão) - essas entidades têm por 
objetivo administrar planos de benefícios previden-
ciários depositados, através de pagamentos periódi-
cos ou único, por qualquer pessoa. 
Bancos de Câmbio - instituições financeiras que 
recebem autorização para realizar, sem restrições, 
operações de câmbio e operações de crédito, como 
financiamentos à exportação e importação, adianta-
mentos sobre contratos de câmbio etc. Essas institui-
ções incluem em sua denominação a expressão "Ban-
cos de Câmbio". 
56 Mercado Financeiro • Assaf Neto 
OUTROS INTERMEDIÁRIOS FINANCEIROS 
CLASSIFICADOS PELO BACEN; 
- Administradoras de Consórcio; 
- Sociedades de Arrendamento Mercantil; 
- Sociedades Corretoras de Câmbio; 
- Sociedades Corretoras de Títulos e Valores 
Mobiliários; 
- Sociedades Distribuidoras de Títulos e Valores 
Mobiliários. 
Entidades Supervisoras atuam sobre diversas 
instituições do sistema financeiro nacional, conforme 
resumidas a seguir: 
Entidades supervisionadas pelo Entidades supervisionadas pela Entidades supervisionadas pela 
Banco Central (BC) Comissão de Valore Mobiliários Superintendência de Seguros 
(CVM) Privados (Susep) 
• Bancos comercia is e múltiplos • Companhias abertas com ações • Sociedades seguradoras 
• Caixa Econômica Federal 
negociadas em bolsas de valores 
• Sociedades que atuam no 
• Bolsas de valores, mercadorias e resseguro 
Cooperativas de crédito • futuros 
• Entidades abertas de previdência • BNDES • Operações com va lores mobiliários complementar 
• Bancos de desenvolvimento e real izadas por sociedades Outras • 
investimentocorretoras e distribuidoras 
• Instituições de câmbio • Fundos de investimento 
• Sociedades financeiras • Outras 
• Sociedades de crédito imobiliário 
• Corretoras e distribuidoras de 
títulos e valores mobiliários e de 
câmbio 
• Sociedades de arrendamento 
mercanti l 
• Outras 
3.5 Títulos públicos negociados no mercado 
financeiro 
Os títulos públicos no Brasil podem ser emitidos 
pelos três níveis do Poder Executivo: Federal, Esta-
dual e Municipal, com os seguintes rendimentos: 
• Pós-fixados. 
• Prefixados. 
• Indexados ao dólar. 
Os títulos públicos federais são adquiridos no mer-
cado primário por instituições financeiras por meio 
de leilões promovidos pelo Banco Central e, poste-
riormente, podem ser negociados no mercado secun-
dário para outras instituições financeiras ou não fi-
nanceiras. Esses títulos são identificados no mercado 
com diferentes condições de prazo e formas de remu-
neração. Nos últimos anos, apresentaram uma série 
enorme de denominações e siglas, tais como: LTN, 
LFT, NTN etc. 
Os títulos pós-fixados apresentam diferentes inde-
xadores, como IPCA, IGP-M, taxa SELIC, e assim por 
diante. Os títulos prefixados não possuem indexado-
res, oferecendo uma taxa fixa de remuneração. 
Atualmente, somente o Tesouro Nacional está au-
torizado a emitir títulos públicos. 
Basicamente, os títulos federais negociados no 
mercado financeiro nacional visam: 
• à consecução da política monetária estabeleci-
da pelo Governo, regulando o fluxo dos meios 
de pagamento da economia; 
• financiar o déficit orçamentário e de caixa do 
Governo; 
• prover o Governo de fundos para realizar os in-
vestimentos públicos necessários na economia. 
Os títulos criados pelos Governos estaduais e mu-
nicipais propõem-se a atender às mesmas finalidades 
dos federais, exceto na gestão da política monetá-
ria, que é de competência das autoridades monetá-
rias. Dependendo das características de sua emissão, 
podem ser denominados de Letras, Apólices ou 
Obrigações. 
Existem ainda títulos públicos criados com a fi-
nalidade de indenizar proprietários de terras desa-
propriadas pelo Governo Federal, de acordo com sua 
política de reforma agrária. São negociados com de-
ságio em razão da pouca credibilidade que apresen-
tam de honrar o compromisso financeiro firmado, 
, 
tendo atualmente circulação bastante restrita. E o 
caso dos Títulos de Reforma Agrária. 
O denominado Certificado de Privatização foi emi-
tido pelo Tesouro Nacional com a expectativa de pro-
mover a aquisição de ações de empresas estatais em 
seu processo de privatização. As autoridades coloca-
ram compulsoriamente esses títulos nas instituições 
financeiras privadas, companhias de seguros e de as-
sistência privada. Esse certificado é escritura!, sen-
do negociado no mercado (pode também participar 
dos pregões das bolsas de valores) geralmente com 
deságio. 
3.6 Regulação do mercado financeiro 
As mudanças ocorridas no cenário mundial, prin-
cipalmente nos campos econômico e tecnológico, 
expressam a necessidade de uma melhor adaptação 
dos mercados financeiros a esse novo contexto. Mes-
mo em sistemas de livre iniciativa vem crescendo a 
percepção da necessidade de um conjunto de regras 
e procedimentos orientados para oferecerem maior 
segurança e qualidade nas operações com produtos 
financeiros. 
O mercado financeiro apresenta-se como um dos 
setores de maior regulação de suas atividades pelas 
autoridades públicas. Nessa orientação, destacam-se 
no mercado financeiro brasileiro as iniciativas de re-
gulação, como a criação do Mercado Novo no âmbito 
da BM&FBovespa, as práticas de Governança Corpo-
rativa adotadas com o intuito principal de proteger 
os acionistas minoritários, o Código de Proteção ao 
Sistema Financeiro Nacional 57 
Consumidor vigente na economia, a Lei de Falências, 
entre outras iniciativas importantes. 
Mishkin3 justifica essa postura mais rigorosa de 
regulação citando três motivos: melhorar a disponi-
bilidade de informações aos investidores, manter o 
equilíbrio do sistema financeiro e propiciar melho-
res condições para o controle e execução de política 
, . 
monetana. 
A assimetria de informações é um dos fatores que 
mais prejudicam o funcionamento normal do merca-
do financeiro. As informações formam um ativo va-
lioso e fundamental para as negociações no mercado 
e podem não ser as mesmas para todos os participan-
tes (agentes econômicos) do mercado. A desigualda-
de no acesso às informações pode levar os investido-
res a tomar decisões equivocadas, gerando perdas e 
desequilíbrio em todo o sistema. 
Em ambiente de assimetria informacional, a com-
pra de um título que resulte em perdas ao investidor, 
devido a fraudes ou má avaliação do risco da opera-
ção, por exemplo, pode afastá-lo do mercado finan-
ceiro por um longo tempo. A regulação, nesses casos, 
deve propiciar o aumento do volume de informações 
disponíveis a todos os participantes, melhorando a 
eficiência do mercado. 
A regulação dos intermediários financeiros visa 
manter a solvência do sistema, evitando crises finan-
ceiras de maior repercussão com potencial de atingir 
os investidores e a economia. Foi muito discutido que 
a amplitude da crise financeira de 2008 ocorreu, em 
grande parte, devido à falta de medidas de regulação 
dos mercados financeiros. 
Da mesma forma, normas de regulação devem 
também apresentar o objetivo de melhorar os contro-
les dos meios de pagamentos da economia. Para tanto 
são regulamentados, entre outros procedimentos, as 
garantias de depósitos bancários ( o Brasil tem o ins-
trumento do Fundo Garantidor de Crédito - FGC), 
os recolhimentos compulsórios para controle sobre 
a oferta de moeda, cadastramento de emitentes de 
cheques sem fundos, operações do mercado interfi-
nanceiro, medidas de combate à lavagem de dinhei-
ro etc. 
3 MISHKIN, Frederic S. Moedas, bancos e mercados finan-
ceiros. 5. ed. Rio de Janeiro: LTC Editora. p. 27. 
58 Mercado Financeiro • Assaf Neto 
A regulação no mercado financeiro é explicada como um 
conjunto de leis, recomendações, regulamentos, contra-
tos e procedimentos de fiscalização e acompanhamento, 
visando adequar os agentes econômicos de mercado aos 
objetivos de estabilidade e confiança de todo o sistema 
financeiro. A regulação é geralmente executada pelas au-
toridades governamentais, como o Banco Central (Bacen) 
e a Comissão de Valores Mobiliários (CVM). 
A autorregulação, por seu lado, origina-se fora de uma 
iniciativa do governo central, sendo adotada pelas insti-
tuições que participam do mercado. Nesse sentido, pode-
se entender a BM&FBovespa, o BNDES, Associações de 
Bancos de Investimentos, Anbima, entre outras, como 
entidades que contribuem para a autorregulação do mer-
cado financeiro. 
A falta de regulamentação do setor bancário traz 
geralmente consequências bastante danosas a toda 
a sociedade. A citada crise financeira de 2008, por 
exemplo, que se iniciou com o estouro da bolha do 
setor imobiliário dos EUA, provocou uma séria crise 
bancária que logo se alastrou para o mundo, atingin-
do não somente os mercados financeiros, mas tam-
bém toda a economia real. Os efeitos principais desse 
desequilíbrio do sistema foram a contração do crédi-
to bancário, a queda da atividade econômica de to-
das as nações e a desvalorização dos preços interna-
cionais das principais mercadorias (commodities). 
O pesado custo imposto pelas medidas saneado-
ras adotadas pelos países, como os vultosos socor-
ros financeiros oferecidos às instituições de mercado, 
trouxe consequências negativas a toda a economia, 
provocando uma crise de dívidas soberanas princi-
palmente nos países da comunidade europeia. Essa 
crise de endividamento soberano pode ainda afetar a 
todo o mercado bancário, seja através da redução das 
atividades dos bancos, elevação do risco sistêmico e 
do custo financeiro. 
Nesse ambiente conturbado coloca-se, uma vez 
mais, que a principal contribuição da regulação dos 
mercados financeiros é a de evitar o riscode contágio 
entre os participantes e a desestruturação de todo o 
sistema bancário. 
O sistema regulatório no Brasil é formado basi-
camente pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), 
Banco Central do Brasil (BACEN), Comissão de Va-
lores Mobiliários (CVM), Superintendência de Segu-
ros Privados (Susep) e Superintendência Nacional de 
Previdência Complementar (Previc). Como entidade 
autorreguladora do sistema pode ser enquadrada a 
BM&FBovespa, entidade que procede à normatiza-
ção e fiscalização das operações com valores mobi-
liários e mercadorias. 
O objetivo da regulação do mercado financeiro deve ser 
o de elevar a garantia e confiabilidade das instituições 
que o compõem, e proporcionar confiança e proteção 
aos investidores. 
Calado4 cita que o entendimento da regulação 
do sistema financeiro exige o conhecimento de seus 
elementos fundamentais: regulação, fiscalização e 
supervisão. A regulação estabelece regras compor-
tamentais específicas do mercado; a fiscalização pre-
ocupa-se em verificar se as regras estabelecidas estão 
sendo atendidas pelos agentes; e a supervisão, ainda 
segundo o autor, acompanha a atuação operacional 
dos participantes de mercado. 
3. 7 Organismos financeiros internacionais 
3. 7.1 Fundo Monetário Internacional (FMI) 
O FMI foi a instituição central da conferência in-
ternacional de Bretton Woods (New Hampshire -
EUA) realizada em 1944, na qual representantes de 
vários governos delinearam, entre outras decisões re-
levantes para a economia mundial, as regras básicas 
e a estrutura monetária mundial. 
O objetivo delineado na criação do FMI foi o de 
promover a estabilidade do Sistema Financeiro Inter-
nacional e garantir a conversibilidade das diferentes 
moedas. A partir da década de 1970 o Fundo passou 
a atuar mais destacadamente no controle das várias 
turbulências econômicas ocorridas em diversas partes 
, 
do mundo (América Latina e Asia, especialmente). 
A atuação do FMI engloba os seguintes objetivos 
• • essenc1a1s: 
• promover o crescimento e as relações de equilí-
brio do comércio mundial, por meio, principal-
mente, de um regime de estabilidade cambial 
e apoio financeiro aos países com dificuldades 
em seus balanços de pagamentos; 
• atuar como mecanismo coordenador, regula-
dor e assessor das políticas monetárias e eco-
4 CALADO, L. Roberto. Regulação e autorregulação do mer-
cado financeiro. São Paulo: Saint Paul, 2009. p. 44. 
nômicas adotadas pelas diversas nações do 
mundo; 
• levantar e padronizar as diversas informações 
A • • • • econom1cas 1nternac1ona1s. 
O FMI tem sede em Washington, D. C., e é cons-
tituído nos dias atuais por praticamente todas as na-
ções do mundo. São denominadas de países-mem-
bros e assumem o compromisso formal de seguir suas 
regras básicas e cumprir com seus compromissos. De 
maneira semelhante a uma sociedade anônima, cada 
país subscreve sua participação no Fundo, passando 
a ter o direito de voto proporcional a sua quota-parte. 
A principal fonte de financiamento do FMI são as 
quotas pagas por cada país-membro. O montante des-
te pagamento é calculado com base em certos indi-
cadores econômicos de cada país, como PIB, reservas 
monetárias, volume de comércio internacional etc. A 
participação de cada país serve como referência para 
a definição de seu poder de voto, ponderando uma 
quantidade fixa de votos pela quota paga, mais um 
adicional por cada valor que venha a exceder. 
Os empréstimos aos países com problemas no ba-
lanço de pagamentos são efetuados em Direito Espe-
cial de Saque (DES), 5 moeda escriturai de emissão do 
Fundo, criada com o objetivo de substituir o ouro nas 
transações internacionais. O DES foi criado na con-
ferência realizada pelo FMI, no Rio de Janeiro, em 
1967, possui aceitação internacional e convive com 
uma paridade relacionada a uma cesta de moedas de 
diversos países. Cada país-membro do FMI tem o di-
reito de sacar uma quantidade de DES na proporção 
das quotas possuídas. 
As funções básicas do FMI podem ser resumidas: 
• Assessoria - Avalia a conjuntura internacio-
econômica nal e suas perspectivas, asses-
sorando os países com relação 
ao planejamento de uma políti-
ca econômica a ser adotada. Di-
vulga ainda relatórios de aná-
lise de tendências da economia 
mundial. 
• Apoio 
financeiro 
- Oferece apoio financeiro (em-
préstimos) a países com desequi-
líbrio no balanço de pagamentos, 
apoiando também medidas de 
5 "Special Drawing Rights" - SDR (em inglês). 
• Apoio 
, . 
tecnico 
Sistema Financeiro Nacional 59 
ajuste e reforma estrutural das 
várias economias mundiais. 
- Capacita tecnicamente os gover-
nos em áreas especializadas, vi-
sando a elaboração de políticas 
econômicas mais adequadas. 
3.7.2 Banco Mundial 
O Banco Mundial foi criado com a finalidade de 
contribuir com o desenvolvimento dos países. Atua 
com empréstimos a longo prazo e assistência técnica 
para projetos direcionados aos objetivos econômicos 
e sociais, como infraestrutura, agricultura e cresci-
mento rural, desenvolvimento urbano, pequenas e 
médias empresas, saúde, educação e habitação. 
Apesar de oferecer empréstimos e gerenciar re-
cursos como uma instituição financeira comum, o 
Banco Mundial difere de um banco em seu sentido 
mais conhecido. Trata-se de uma organização finan-
ceira internacional, constituída por países desenvol-
vidos e em desenvolvimento, que são seus membros 
( e acionistas). 
O apoio financeiro e assistência prestada pelo 
Banco Mundial aos países em desenvolvimento vi-
sam ajudar no combate a pobreza. Os créditos ofere-
cidos são de longo prazo, muitas vezes maior que os 
oferecidos pelas instituições privadas, e cobram juros 
bastante reduzidos ( em algumas operações não há 
cobrança de juros). 
Tanto o Banco Mundial como o Fundo Monetário 
Internacional foram criados na convenção de Bretton 
Woods, em 1944, com a finalidade de apoiar a ordem 
econômica e financeira mundial. 
Enquanto o FMI preocupa-se em manter um siste-
ma de pagamentos equilibrado entre os países, o Ban-
co Mundial visa promover o desenvolvimento econô-
mico e a redução da pobreza nas nações. Os projetos 
financiados pelo Banco Mundial são prioritariamente 
voltados à educação, infraestrutura e meio ambiente. 
Os recursos do Banco Mundial são originados de 
colocações de títulos de emissão própria no mercado 
financeiro internacional e de contribuições recebidas 
de países ricos. 
O Banco Mundial é constituído, entre outras, por 
A • • • • -tres importantes 1nst1tu1çoes: 
• Banco Internacional de Reconstrução e De-
senvolvimento (Bird) 
60 Mercado Financeiro • Assaf Neto 
• Agência Internacional de Desenvolvimen-
to (AID) ou Intemational Development Agency 
(IDA) 
• Companhia Internacional de Financiamen-
to (CIF) ou Intemational Finance Corporation 
(IPC). 
O Banco Internacional de Reconstrução e De-
senvolvimento é uma instituição que tem por obje-
tivo financiar investimentos direcionados a satisfazer 
às necessidades básicas e aos investimentos produti-
vos dos países em desenvolvimento. A participação 
do Banco pode ocorrer mediante participação nos 
empréstimos realizados, por concessões de garantias 
e, também, por meio de assistência técnica aos países 
mais necessitados. 
A Agência Internacional de Investimento é uma 
instituição direcionada a financiar as nações mais 
pobres em suas necessidades essenciais, geralmen-
te oferecendo condições bastante especiais de paga-
mentos de empréstimos (prazos longos e carência) 
e cobrança de juros (baixos e, em certos casos, taxa 
zero). Os recursos da AID são provenientes, em sua 
maior parte, de contribuições dos países ricos. 
A Companhia Internacional de Financiamento 
está voltada a apoiar o setor privado produtivo dos 
países em desenvolvimento, mediante operações de 
empréstimos, participações no capital e garantias de 
subscrição de novas ações emitidas pelas sociedades. 
A CIF avalia os projetos a financiar com base tan-
to em suas perspectivas de geração de caixa/lucros, 
como nos benefícios

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