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1 Camila Carneiro Leão Cavalcanti ENTEROBIOSE [Enterobiose, Enterobíase ou Oxiurose] A oxiuríase, também conhecida por oxiurose e enterobiose, é uma doença infecciosa causada pelo parasita Enterobius vermicularis, popularmente conhecido como oxiúrus, que pode ser transmitido por meio do contato com superfícies contaminadas, ingestão de alimentos contaminados com ovos ou inalação dos ovos dispersos no ar, já que são bastante leves. Os ovos no organismo eclodem no intestino, sofrem processo de diferenciação, maturação e reprodução. As fêmeas durante à noite se deslocam até a região perianal, onde colocam seus ovos. Esse deslocamento da fêmea é que leva ao aparecimento do sintoma característico da oxiuríase, que é a coceira intensa no ânus. Possui distribuição geográfica mundial, mas tem maior incidência nas regiões de clima temperado. Essa helmintose tem alta prevalência nas crianças em idade escolar. É uma parasitose altamente contagiosa, o que justifica a necessidade de tratar o indivíduo parasitado e todos os outros que vivem com ele. Infecção/doença causada pelo agente etiológico: Enteribius vermicularis O parasita Nematelminto – logo, são cilíndricos e afilados Larva Dimorfismo sexual – onde a fêmea é maior do que o macho Cor branca leitosa São leves 1 a 2 cm de comprimento Possui asas cefálicas [importante para o ciclo de vida do parasita e característica única desse verme] Pode estar em L1, L2 ou L3 A fêmea põe em média 50 mil ovos por dia Ovo – geralmente em forma de D e “já larvado”, ou seja, tem capacidade de infecção [dentro do ovo já existe uma larva] Apresenta ovos incolores com membrana dupla, lisa e transparente Quando nas fezes, o ovo já encerra um embrião, que em poucas horas se transforma em larva (ovo larvado → capacidade de infecção) A fêmea é chamada de “viúva negra” porque mata o macho após a cópula 2 Camila Carneiro Leão Cavalcanti O ciclo [CICLO MONOXENO] Transmissão direta Ingestão do ovo larvado ↓ No estômago o HCl destrói a camada externa do ovo e estimula a eclosão da larva ↓ No cólon ou ceco a larva evolui para verme adulto ↓ Reprodução sexuada – VA♀ e VA♂ ↓ A fêmea grávida migra para a região perianal durante a noite para pôr os ovos [Sintomas: irritação, prurido anal] ▪ Pode ocorrer autoinfecção interna – a fêmea volta da região perianal para o intestino – ou autoinfecção externa – criança coça região perianal e coloca a mão na boca. ▪ Localização ectópica – geralmente não pertence ao ciclo. Acontece em meninas quando a fêmea migra para a região perianal e volta pela vagina – Vulvogenites. Os ovos são depositados na região perianal pela fêmea grávida, que migra para esta zona durante o período noturno [talvez com a ajuda das asas cefálicas, que podem sentir temperaturas]. Os ovos rapidamente se tornam infectantes na presença de oxigênio, o que ocorre quando eles são transferidos para as mãos/dedos. A auto-inoculação ocorre quando os ovos infectantes são ingeridos pelo próprio portador. A transmissão pessoa-a-pessoa ocorre pela manipulação de roupa ou lençóis contaminados ou através de fómites (cortinas e tapetes). Alguns ovos podem ser inalados, e ao serem engolidos seguem o mesmo caminho que os ovos ingeridos. A seguir à ingestão de ovos larvados, os ovos eclodem no intestino delgado e as larvas migram para o intestino grosso, onde se estabelecem como adultos. Os adultos copulam e a fêmea grávida sai pelo ânus até à região perianal para depositar os ovos, dando continuidade ao ciclo. 3 Camila Carneiro Leão Cavalcanti Tipos de infecção ▪ Heteroinfecção – ingestão de ovos em alimentos ou solos contaminados (ingestão de terra/poeira). É a forma mais comum. ▪ Indireta – quando os ovos presentes na poeira ou alimentos atingem o mesmo hospedeiro que os eliminou. ▪ Autoinfecção externa ou direta – ocorre geralmente em crianças. A criança, ao coçar a região perianal, contamina as mãos e as unhas e leva à boca. É o principal mecanismo responsável pela cronicidade dessa verminose. ▪ Autoinfecção interna – ocorre se a criança apresentar constipação. Quando o ovo ainda eclode no reto (eclode dentro do corpo e volta) e a larva retorna para o ceco ou apêndice, transformando-se em vermes adultos. Como não se consegue eliminar os ovos, eles continuarão crescendo e se reproduzindo. Patogenia Na maioria dos casos a parasitose passa desapercebida pelo paciente. Ele só consegue perceber os sinais da presença do verme ao sentir o prurido anal (que acontece à noite, principalmente) ou quando vê o verme nas fezes (popularmente chamado de “lagartinha”). O ceco se apresenta inflamado e às vezes o apêndice também é atingido. Diagnóstico ▪ Clínico – prurido anal noturno é uma suspeita clínica de Enterobiose ▪ Laboratorial – Método de Graham ou Fita Gomada MÉTODO DE GRAHAM ou FITA GOMADA [específico para Enterobiose] A criança é levada pela manhã ao laboratório sem tomar banho. Lá, é feito o “rolamento” de um material na região perianal, que funciona como uma fita. Esse material é levado para a lâmina para investigar a presença de ovos. Tratamento [mais utilizado] 1. Albendazol 2. Mebendazol [3 – 5 dias] 3. Nitozoxamida [3 dias] 4. Levamizol *NÃO utilizar: ivermectina ou nitazoximida (Anitta)! *É necessário repetir o tratamento ± 30 dias depois com uma droga diferente da anterior, porque geralmente o tratamento de helmintos só faz efeito no verme adulto! Se a criança se auto infectou e o nematelminto ainda está na fase intermediária ou na fase de larva, em 30 dias o paciente irá 4 Camila Carneiro Leão Cavalcanti voltar a apresentar os mesmos sintomas. Como a clínica e os sintomas são os mesmos, não pode utilizar a mesma medicação. O recomendado é utilizar 1º um medicamento e, depois de 30 dias, um 2º medicamento. Profilaxia - A roupa de dormir e de cama do hospedeiro não deve ser “sacudida/batida” pela manhã. Ela deve ser enrolada e lavada em água fervente diariamente. - Tratar todas as pessoas que residem com o hospedeiro para que não ocorra risco de transmissão e reinfecção. - Corte rente das unhas - Aplicação de pomada mercurial na região perianal ao se deitar e higienização ao acordar - Limpeza doméstica com aspirador de pó
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