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Unidade 1_Fundamentos Contabilidade Pública_Lei de Responsabilidade Fiscal

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Lei de Responsabilidade Fiscal
APRESENTAÇÃO
Nesta Unidade de Aprendizagem será conhecida a Lei de Responsabilidade Fiscal - Lei 
Complementar no 101, de 4 de maio de 2000, a qual visa regulamentar a Constituição Federal 
na parte da Tributação e do Orçamento (Título VI), cujo Capítulo II estabelece as normas gerais 
de finanças públicas a serem observadas pelos três níveis de governo: Federal, Estadual e 
Municipal.
Bons estudos.
Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
Distinguir os principais princípios e normas internacionais.•
Identificar os objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).•
Reconhecer as exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF).•
DESAFIO
Suponha que você é um gestor público de determinada localidade e seja responsável pelo 
orçamento público. Atento de que deve seguir as orientações da Lei de Responsabilidade Fiscal, 
sabe que um dos principais aspectos que envolve esta lei é a transparência.
Quais mecanismos poderiam ser utilizados para que a transparência esteja presente no processo?
Além disso, liste os tópicos importantes que são tratados na Lei de Responsabilidade Fiscal.
INFOGRÁFICO
No que diz respeito a experiências de outros países, a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) 
incorpora alguns princípios e normas internacionais, sendo estes alguns dos principais.
 
CONTEÚDO DO LIVRO
Leia o capítulo Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) da obra Fundamentos de Contabilidade 
Pública que é a base teórica desta Unidade de Aprendizagem.
Boa leitura.
FUNDAMENTOS DE
CONTABILIDADE
PÚBLICA
Thiago Bernardo Borges
B732f Borges, Thiago Bernardo.
Fundamentos de contabilidade pública [recurso 
eletrônico] / Thiago Bernardo Borges. – Porto Alegre : 
SAGAH, 2016.
Editado como livro impresso em 2016. 
ISBN 978-85-69726-43-2
1. Contabilidade pública – Fundamentos. 2. 
Administração pública. I. Título.
CDU 657:35
Catalogação na publicação: Poliana Sanchez de Araujo – CRB 10/2094
Lei de Responsabilidade Fiscal 
(LRF)
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:
 � Distinguir os principais princípios e normas internacionais.
 � Identificar os objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal.
 � Reconhecer as exigências da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Introdução
Neste texto, você vai conhecer a Lei de Responsabilidade Fiscal – Lei 
Complementar nº 101, de 4 de maio de 2000. O objetivo dessa lei 
é regulamentar a Constituição Federal na parte da Tributação e do 
Orçamento (Título VI). O Capítulo II da lei estabelece as normas gerais 
de finanças públicas a serem observadas pelos três níveis de governo: 
Federal, Estadual e Municipal.
Definição da LRF
A Lei de Responsabilidade Fiscal não substitui nem revoga a Lei 4.320/64, 
que normatiza as finanças públicas no país há mais de 40 anos. Embora a 
Constituição Federal tenha determinado a edição de uma nova lei comple-
mentar em substituição à Lei 4.320, não é possível prever até quando o Con-
gresso Nacional concluirá seus trabalhos em relação ao projeto já existente.
No que diz respeito a experiências de outros países, a LRF incorpora al-
guns princípios e normas internacionais. Os principais deles são:
Fundo Monetário Internacional. O Brasil é estado membro desse orga-
nismo. O FMI tem editado e difundido algumas normas de gestão pública em 
diversos países; 
Comunidade Econômica Europeia (CEE). A partir do Tratado de Ma-
astricht; 
Estados Unidos. As normas de disciplina e controle de gastos do governo 
central desse país levaram à edição do Budget Enforcement Act, aliado ao prin-
cípio de accountability;
Nova Zelândia. Por meio do Fiscal Responsibility Act, de 1994.
As principais características dessas normas são apresentadas na Tabela 1. 
A partir delas, você pode perceber que a LRF foi construída com base em uma 
estrutura moderna e inovadora.
Norma Principais características
FMI – Fiscal Transparency
Dentro do setor público, as funções de política e de 
gestão devem ser bem definidas e divulgadas ao 
público. Devem informar sobre as atividades fiscais 
passadas, presentes e programadas. Foco: transpa-
rência dos atos. 
A documentação orçamentária deve especificar 
objetivos da política fiscal, estrutura macroeconômi-
ca, políticas orçamentárias e riscos fiscais. Essa é uma 
medida focada no planejamento. 
Informações orçamentárias devem facilitar sua análi-
se; as contas fiscais devem ser apresentadas periodi-
camente ao Legislativo e ao público. Com isso é dada 
ênfase na publicidade, na prestação das contas e em 
relatórios fiscais.
CEE – Tratado de Maastricht
Definição de critérios para verificação da sustentação 
financeira de cada governo, como em uma confede-
ração.
Estados membros conduzem suas políticas com 
relativa independência, convergindo para critérios 
acordados; além disso, os estados membros devem 
evitar déficits excessivos. 
A comissão monitorará orçamento e estoque da 
dívida para identificar desvios: há metas e punições. 
Pacto de estabilidade e crescimento de 1997 – cada 
estado membro é responsável por sua política orça-
mentária, subordinada às disposições do tratado.
Tabela 1. Principais características das normas fiscais internacionais.
(Continua)
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) 33
Norma Principais características
EUA – Budget Enforcement Act
Contempla apenas o Governo Federal – cada unida-
de da Federação tem suas regras. 
O Congresso fixa metas de superávit e mecanismos 
de controle de gastos com aplicações de regras 
adotadas pelo Bureau of Economic Analysis.
Sequestration – limitação de empenho para garantir 
limites e metas orçamentárias. 
Pay as you go – compensação orçamentária: qualquer 
ato que provoque aumento de despesas deve ser 
compensado por meio da redução em outras despe-
sas ou do aumento de receitas.
NZ – Fiscal Responsibility Act
O Congresso fixa princípios e exige muita transpa-
rência do Executivo, que tem a liberdade para orçar 
e gastar. 
Princípios de gestão fiscal responsável: reduzir débito 
total da Coroa (dívida pública) a níveis moderados. 
Alcançar e manter níveis de patrimônio líquido da 
Coroa que a protejam contra fatores imprevistos. 
Gerenciar prudentemente os riscos fiscais da Coroa. 
O Fiscal Act difere dos programas anteriores porque 
não prevê metas fiscais; admite afastamentos tempo-
rários, desde que com previsão de meios para retor-
no; considera perigosa a perda de credibilidade pelo 
não cumprimento de metas; teme a manipulação de 
informação para ajustar-se às metas fixadas.
Tabela 1. Principais características das normas fiscais internacionais. (Continuação)
Objetivos da LRF
O principal objetivo da Lei de Responsabilidade Fiscal, de acordo com o ca-
put do art. 1º, é estabelecer “normas de finanças públicas voltadas para a res-
ponsabilidade na gestão fiscal”. Com base nessa proposição, foram definidos 
os objetivos específicos, que tornam a Lei mais funcional. São eles:
1. Ação planejada e transparente; 
2. Prevenção de riscos e correção de desvios que afetem o equilíbrio das 
contas públicas; 
Fundamentos de contabilidade pública34
3. Garantia de equilíbrio nas contas, por meio do cumprimento de metas 
de resultados entre receitas e despesas. Existem limites e condições 
para a renúncia de receita e a geração de despesas com pessoal, segu-
ridade, dívida, operações de crédito, concessão de garantia e inscrição 
em restos a pagar.
Com relação à ação planejada e transparente, a LRF reforça os instru-
mentos de planejamento e orçamento já consignados da Constituição Federal. 
Dessa forma, o planejamento se baseia no Plano Plurianual de Ação (PPA), na 
Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e na Lei Orçamentária Anual (LOA). 
Já a transparência é atingida por meio de mecanismos que viabilizam a parti-
cipação popular na gestão pública. Na LRF, esses mecanismos são:
 � Participação popular na discussão e na elaboração dos planos e orçamen-
tos já referidos (artigo 48, parágrafoúnico); 
 � Disponibilidade das contas dos administradores, durante todo o exercício, 
para consulta e apreciação pelos cidadãos e instituições da sociedade; 
 � Emissão de relatórios periódicos de gestão fiscal e de execução orçamen-
tária, assim como de acesso público e ampla divulgação.
Em relação ao equilíbrio das contas públicas, que engloba os objetivos 2 
e 3, a LRF vai além do equilíbrio orçamentário, já previsto na Lei 4.320, de 
1964. A Lei de Responsabilidade Fiscal traz uma nova noção de equilíbrio 
para as contas públicas: o equilíbrio das chamadas “contas primárias”, tradu-
zido no Resultado Primário equilibrado. Isso significa que o equilíbrio a ser 
buscado é autossustentável, ou seja, ele não precisa de operações de crédito. 
Portanto, não há aumento da dívida pública.
O Resultado Primário é o resultado da subtração entre receitas primárias 
e despesas primárias. Elas são apuradas da seguinte forma:
 � Receitas primárias: correspondem ao total das receitas orçamentárias, de-
duzidas as operações de crédito, as provenientes de rendimentos de aplica-
ções financeiras e retorno de operações de crédito (juros e amortizações), 
o recebimento de recursos oriundos de empréstimos concedidos e as re-
ceitas de privatizações.
 � Despesas primárias: correspondem ao total das despesas orçamentárias, 
deduzidas as despesas com juros e amortização da dívida interna e exter-
na e com aquisição de títulos de capital integralizado, além das despesas 
com concessão de empréstimos com retorno garantido. 
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) 35
Entre todos os conceitos utilizados na LRF, o de Receita Corrente Líqui-
da (RCL) é o mais importante. Ele é o mais usado para definir os limites. 
Figura 1. Discriminação da apuração da receita corrente líquida.
Definição de Receita Corrente Líquida (RCL)
Você chega à RCL a partir da receita corrente total. Você pode, por exemplo, extrair as trans-
ferências constitucionais, a contribuição de servidores para o custeio de sistema de previ-
dência e assistência e as compensações referentes à Lei 9.796/99 (a chamada Lei Hauly). 
Além disso, no cálculo da RCL, você deve computar os valores pagos e recebidos em 
função da Lei Complementar nº 87 (Lei Kandir), assim como os valores pagos e re-
cebidos do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de 
Valorização do Magistério – FUNDEF.
Saiba mais
Tópicos importantes da LRF
A LRF é um instrumento que busca reforçar a obrigação dos entes federados 
de realizarem uma boa gestão econômico-financeira. O objetivo, portanto, é 
evitar o desperdício de dinheiro público no pagamento de juros de emprésti-
mos que poderiam ser evitados.
A LRF é bem detalhada, por isso é recomendado que você faça a leitura 
dessa lei na íntegra. Dessa forma, você entenderá melhor as obrigações esta-
belecidas. Para fins didáticos, a seguir você encontra alguns tópicos impor-
tantes da Lei.
Fundamentos de contabilidade pública36
Execução orçamentária 
O art. 8º da LRF afirma que:
Até trinta dias após a publicação dos orçamentos, nos termos do que dis-
puser a lei de diretrizes orçamentárias e observado o disposto na alínea 
“d” do inciso “I” do art. 4º, o Poder Executivo estabelecerá a programação 
financeira e o cronograma de execução mensal de desembolso.
Já o art. 9º prevê a limitação de empenho e movimentação financeira, 
nos trinta dias subsequentes, se verificado, ao final de um bimestre, que a 
realização da receita poderá não comportar as metas de resultado primário 
ou nominal estabelecidas para o exercício. Na redação original da LRF, essa 
limitação era obrigatória para os demais poderes e o Ministério Público. O 
Executivo ficava autorizado a limitar os respectivos repasses caso os outros 
poderes não efetuassem a limitação das suas despesas.
Esse dispositivo, no entanto, e de acordo com julgamento do STF, foi con-
siderado inconstitucional. Isso porque ele viola a independência dos poderes, 
determinação inquestionável prevista na Carta Magna. Assim, a partir da 
manifestação da Corte Suprema, os demais poderes e o Ministério Público 
continuam obrigados a adotarem medidas de contenção de gastos, mesmo que 
seus repasses não estejam sujeitos a limitações. Quem julga esses aspectos 
é o Poder Executivo. As medidas de contenção devem ser feitas nos termos 
definidos pela LDO sempre que a execução da receita puder comprometer as 
metas fiscais previamente estabelecidas.
Aspectos operacionais 
Falhas no desempenho das receitas previstas para um bimestre vão causar a 
limitação dos empenhos, na medida da diminuição no ingresso, da receita efe-
tivamente arrecadada. Ou seja, a não ocorrência das receitas esperadas impos-
sibilita a realização de determinadas despesas. Dessa forma, não havendo a ar-
recadação prevista, parte das despesas programadas não poderá ser executada.
Mesmo que recursos de terceiros compensassem a queda na arrecadação, 
essas receitas financeiras (no caso, na forma de operações de crédito) não eli-
minariam o déficit fiscal, ainda que o resultado orçamentário fosse mantido 
em equilíbrio. Essa conclusão decorre do conceito de Resultado Primário, 
meta fundamental constante no Anexo de Metas Fiscais.
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) 37
Para que a meta de Resultado Primário para um exercício não seja prejudicada pelo 
baixo desempenho na arrecadação, duas medidas podem ser consideradas: 
 � Incremento em outras receitas próprias (receitas não financeiras).
 � Contenção em outras despesas (correntes ou de capital).
As duas podem assegurar o cumprimento da meta fiscal.
Saiba mais
Previsão de receitas
O texto da LRF destaca que a instituição, a previsão e a efetiva arrecadação 
de todos os tributos são requisitos essenciais da responsabilidade na gestão 
fiscal. O seu descumprimento terá como consequência a imediata suspensão 
das transferências voluntárias ao ente público.
Para prever as receitas, você deve observar as normas técnicas e legais e 
a respectiva metodologia de cálculo. Além disso, as estimativas devem estar 
acompanhadas de um demonstrativo da sua evolução nos três anos anteriores 
e nos dois seguintes àquele a que se referirem.
Renúncia de receitas
A partir da vigência da LRF, essas iniciativas deverão atender não só ao 
que dispuser a LDO, mas ainda aos seguintes requisitos:
 � Estimar o impacto orçamentário financeiro no exercício inicial de sua vi-
gência e nos dois seguintes; 
 � Demonstrar que a renúncia decorrente das receitas foi considerada ao se 
estimar a receita do orçamento e que não afetará as metas de resultados 
fiscais previstas na LDO; 
 � Prever medidas de compensação nos três exercícios já referidos. Isso pode 
ser feito por meio de: elevação de alíquota, ampliação da base de cálculo 
ou novos tributos ou contribuições, sendo que nos dois últimos casos o 
benefício só entrará em vigor após a ocorrência do aumento da receita.
Fundamentos de contabilidade pública38
Estão isentos dessas restrições apenas os cancelamentos de débitos com 
valor inferior aos seus custos de cobrança. Esses critérios se baseiam na no-
ção de que a concessão indiscriminada dos chamados “incentivos fiscais” é 
uma prática danosa às finanças de qualquer ente público e deve estar sujeita 
a regras disciplinadoras.
Despesas públicas
A regra básica da LRF (art. 15) para aumentos de despesa pode ser definida 
assim: toda e qualquer despesa é considerada não autorizada, irregular e le-
siva ao patrimônio público se não estiver acompanhada da estimativa do im-
pacto orçamentário-financeiro nos três primeiros exercícios de sua vigência; 
da sua adequação orçamentária e financeira com a LOA, o PPA e a LDO; e, 
no caso de despesa obrigatória de caráter continuado, de suas medidas com-
pensatórias.
Quando a Lei foi promulgada, o conceito de despesa obrigatória de caráter 
continuado era considerado inovador. Por esse motivo, a norma utilizava a 
seguinte definição: despesa corrente derivada de lei, medida provisória ou ato 
administrativo normativo;e geradora de obrigação legal de sua execução por 
um período superior a dois exercícios.
Acesse o site: http://presrepublica.jusbrasil.com.br/legislacao/102628/lei-de-responsa-
bilidade-fiscal-lei-complementar-101-00
Link
Limites com pessoal
Os gastos com a folha de pagamento de pessoal representam o principal item 
de despesas de todo o setor público brasileiro. A inovação da Lei foi estabele-
cer um limite para eles. A LRF determina dois limites distintos para os gastos 
com pessoal no setor público: 
 � 50% da RCL para a União;
 � 60% da RCL para estados e municípios.
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) 39
Esses percentuais são distribuídos conforme Tabela 2.
Transferências voluntárias
A LRF estabelece as condições para a realização das transferências voluntá-
rias de recursos entre os entes da Federação. Essas transferências incluem a 
entrega de recursos correntes e de capital, de um ente a outro, para coopera-
ção, auxílio ou assistência financeira. As exceções são aquelas que decorrem 
de determinação constitucional, legal ou são destinadas ao SUS. A regra geral 
é que os recursos recebidos não poderão ser utilizados para uma finalidade 
diferente da definida na formalização da transferência.
60% da RCL para estados e municípios 50% da RCL para a União
Estados Municípios União
2% para o Ministério 
Público
6% para o Legislativo, 
incluindo o Tribunal de 
Contas do município, 
quando houver
0,6% para o Ministério 
Público
3% para o Legislativo, 
incluindo o Tribunal de 
Contas do Estado
2,5% para o Legislativo
49% para o Executivo 54% para o Executivo 40,9% para o Executivo
6% para o Judiciário 6% para o Judiciário
Tabela 2. Percentuais de limite de gasto com despesas de pessoal.
Fundamentos de contabilidade pública40
Entre as exigências legais para a realização de transferências voluntárias, você pode 
destacar: 
 � Cumprimento das disposições da LDO sobre a matéria; 
 � Existência de dotação específica na lei orçamentária; 
 � Definição de utilização que não inclua pagamento de pessoal ativo, inativo e pen-
sionistas dos estados, DF e municípios; 
 � Comprovação prévia ao recebimento dos recursos, por parte do beneficiário, da qui-
tação do pagamento de tributos, empréstimos e financiamentos devidos ao ente 
transferidor. Ausência de pendências quanto à prestação de contas de recursos já 
recebidos. Conformidade aos limites constitucionais para gastos com educação e 
saúde, além daqueles relativos à dívida, despesas com pessoal e restos a pagar; 
 � Existência de contrapartida no orçamento do ente beneficiário.
Fique atento
Limites de endividamento
Em relação ao endividamento dos entes federados, os seguintes pontos podem 
ser destacados:
 � O parágrafo 2º do art. 30 da LRF permite que a proposta de limites globais 
seja apresentada em termos de dívida líquida. Isso equivale a abater, do 
total da dívida de cada ente, os respectivos créditos financeiros (depósitos, 
aplicações). Dessa forma, os limites globais para a dívida consolidada dos 
três níveis de governo serão verificados a partir do percentual da Receita 
Corrente Líquida (RCL). 
 � A Lei estabelece que a verificação dos limites de endividamento deve ser 
realizada ao final de cada quadrimestre (art. 30, § 3º e 4º). No caso dos mu-
nicípios com menos de 50 mil habitantes, ela terá periodicidade semestral.
 � A LRF determina que o limite máximo de endividamento para os Estados 
corresponderá a duas vezes a sua RCL anual; para os municípios, esse 
limite máximo corresponderá a 1,2 vezes a RCL anual.
 � O parágrafo 6º do artigo 30 da LRF prevê a alteração dos limites, em caso 
de instabilidade econômica ou alterações nas políticas monetária ou cam-
bial. O objetivo é mantê-los adequados às novas condições.
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) 41
Regra de ouro
“É vedada a realização de operações de crédito que excedam as despesas de ca-
pital, ressalvadas as autorizadas mediante créditos suplementares ou especiais 
com finalidade precisa, aprovados pelo Poder Legislativo por maioria absoluta.”
Esse comando traz a chamada regra de ouro. O objetivo da regra de ouro é 
reprimir o financiamento de despesas correntes por meio de operação de crédito. 
Essa é matéria orçamentária, ou seja: o limite das operações de crédito é o mon-
tante das despesas de capital previsto na lei orçamentária anual. Destacamos que, 
a partir da LRF, a regra de ouro passou a ser também matéria financeira.
Restos a pagar
Esse é outro tema complexo e de destaque na LRF. É importante ressaltar 
que, pelo disposto no art. 42, nenhuma despesa poderá ser contraída nos dois 
últimos quadrimestres do mandato de qualquer titular de poder ou órgão sem 
adequada e suficiente disponibilidade de recursos para o seu atendimento, 
dentro do exercício financeiro, ou, em caso de valores a serem pagos no exer-
cício seguinte, sem que existam recursos em caixa para tal finalidade. 
No cálculo das disponibilidades, você deve abater todos os encargos e 
demais compromissos que vencerão até o final do exercício.
Como a LRF é bastante complexa, é importante lembrar que todos os envolvidos com 
gestão pública devem fazer um estudo amplo e detalhado da lei.
Fique atento
Fundamentos de contabilidade pública42
1. No que diz respeito a experiências de 
outros países, a LRF incorpora alguns 
princípios e normas internacionais. 
Qual NÃO está entre os principais?
a) Fundo Monetário Internacional.
b) Nova Zelândia.
c) Mercosul.
d) Comunidade Econômica Europeia.
e) Estados Unidos.
2. Qual das alternativas representa uma 
das principais características do FMI – 
Fiscal Transparency?
a) No setor público, as funções de 
política e de gestão devem ser 
bem definidas e mantidas em 
sigilo, informando apenas ques-
tões sobre as atividades fiscais 
passadas.
b) Receitas, despesas, movimenta-
ções atuais e patrimoniais devem 
estar especificadas na documen-
tação orçamentária.
c) Informações orçamentárias de-
vem facilitar sua análise; as contas 
fiscais devem ser apresentadas 
periodicamente ao Legislativo e 
ao público – publicidade, presta-
ção das contas e relatórios fiscais.
d) Informações orçamentárias de-
vem ser restritas, as contas fiscais 
devem ser apresentadas somente 
ao Legislativo.
e) Comissão monitorará orçamento 
e estoque da dívida para identifi-
car desvios: há metas e punições.
3. Qual das alternativas representa uma 
das principais características do CEE – 
Tratado de Maastritch?
a) A documentação orçamentária 
deve especificar objetivos da 
política fiscal, estrutura macroe-
conômica, políticas orçamentárias 
e riscos fiscais – planejamento.
b) Alcançar e manter níveis de 
patrimônio líquido da Coroa que a 
protejam contra fatores imprevistos.
c) Sequestration – limitação de 
empenho para garantir limites e 
metas orçamentárias.
d) Estados membros conduzem suas 
políticas com total independên-
cia, seguindo critérios próprios.
e) Estados membros conduzem suas 
políticas com relativa indepen-
dência, convergindo para critérios 
acordados; além disso, os estados 
membros devem evitar déficits 
excessivos.
4. Qual das alternativas representa uma 
das principais características do EUA 
– Budget Enforcement Act?
a) Informações orçamentárias de-
vem facilitar sua análise; as contas 
fiscais devem ser apresentadas 
periodicamente ao Legislativo e 
ao público – publicidade, presta-
ção das contas e relatórios fiscais.
b) Congresso fixa metas de superá-
vit e mecanismos de controle de 
gastos com aplicações de regras 
adotadas pelo BEA.
c) Pacto de estabilidade e cresci-
mento de 1997 – cada estado 
membro é responsável por sua 
política orçamentária, subordina-
das às disposições do Tratado.
d) Congresso fixa princípios e exige 
forte transparência do Executivo, 
que tem a liberdade para orçar e 
gastar.
Exercícios
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) 43
e) Contempla todas as esferas do 
Governo, acordando e unificando 
as regras de todas as unidades da 
Federação.
5. Qual das alternativas representa uma 
dasprincipais características do NZ – 
Fiscal Responsibility Act?
a) Pay as you go – compensação 
orçamentária: qualquer ato que 
provoque aumento de despesas 
deve ser compensado por meio 
da redução em outras despesas 
ou aumento de receitas.
b) Definição de critérios para verifi-
cação da sustentação financeira 
de cada governo, como em uma 
confederação.
c) Dentro do setor público, as 
funções de política e de gestão 
devem ser bem definidas e di-
vulgadas ao público, informando 
sobre as atividades fiscais passa-
das, presentes e programadas – 
transparência dos atos.
d) Princípios de gestão fiscal respon-
sável: reduzir débito total da Coroa 
(dívida pública) a níveis prudentes.
e) O Fiscal Act é muito semelhante 
aos outros programas porque 
prevê metas fiscais.
Fundamentos de contabilidade pública44
CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Recuperado de: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/consti-
tuicao/ constituicao.htm>. Acesso em 24/06/2016.
LEI COMPLEMENTAR Nº 87 (LEI KANDIR). Recuperado de <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/LCP/Lcp87.htm>. Acesso em 27/06/2016.
LEI DE RESPONSABILIDADE FISCAL (LRF), OFICIALMENTE LEI COMPLEMENTAR Nº 101. 
Recuperado de: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp101.htm>. Acesso 
em 24/06/2016.
LEI 9.796/99 (A CHAMADA LEI HAULY). Recuperado de <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/leis/L9796.htm>. Acesso em 27/06/2016.
Leituras recomendadas
ANDRADE, N. A. Contabilidade pública na gestão municipal. 3. ed. São Paulo: Atlas, 2007.
ARAUJO, I. P. S.; ARRUDA, D. G.; BARRETO, P. H. T. O essencial da contabilidade pública: 
teoria e exercícios de concursos públicos resolvidos. São Paulo: Saraiva, 2009. 
BEZERRA FILHO, J. E. Contabilidade pública: teoria, técnicas de elaboração de balanços e 
500 questões. 3. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. 
KOHAMA, H. Contabilidade pública: teoria e prática. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
LIMA, D. V.; CASTRO, R. G. Contabilidade pública: integrando união, estados e municípios. 
3. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 
OLIVEIRA, A. B. S. Controladoria governamental: governança e controle econômico na 
implantação das políticas públicas. São Paulo: Atlas, 2010.
PEREIRA, J. M. Curso de administração pública: foco nas instituições e ações governa-
mentais. São Paulo: Atlas, 2008.
PISCITELLI, R. B.; TIMBÓ, M. Z. F. Contabilidade pública: uma abordagem da administração 
financeira pública. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
Referências
Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) 45
Conteúdo:
DICA DO PROFESSOR
Um dos objetivos da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) é a garantia de equilíbrio nas contas 
por meio do cumprimento de metas de resultados entre receitas e despesas. No vídeo a seguir, 
acompanhe um detalhamento maior acerca do assunto.
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EXERCÍCIOS
1) No que diz respeito a experiências de outros países, a LRF incorpora alguns 
princípios e normas internacionais. Qual NÃO está entre os principais?
A) Fundo Monetário Internacional.
B) Nova Zelândia.
C) Mercosul.
D) Comunidade Econômica Europeia.
E) Estados Unidos.
2) Qual das alternativas representa uma das principais características do FMI – Fiscal 
Transparency?
A) No setor público, as funções de política e de gestão devem ser bem definidas e mantidas 
em sigilo, informando apenas questões sobre as atividades fiscais passadas.
B) Receitas, despesas, movimentações atuais e patrimoniais devem estar especificadas na 
documentação orçamentária.
C) Informações orçamentárias devem facilitar sua análise; as contas fiscais devem ser 
apresentadas periodicamente ao Legislativo e ao público – publicidade, prestação das 
contas e relatórios fiscais.
D) Informações orçamentárias devem ser restritas, as contas fiscais devem ser apresentadas 
somente ao Legislativo.
E) Comissão monitorará orçamento e estoque da dívida para identificar desvios: há metas e 
punições.
3) Qual das alternativas representa uma das principais características do CEE – 
Tratado de Maastritch?
A) A documentação orçamentária deve especificar objetivos da política fiscal, estrutura 
macroeconômica, políticas orçamentárias e riscos fiscais – planejamento.
B) Alcançar e manter níveis de patrimônio líquido da Coroa que a protejam contra fatores 
imprevistos.
C) Sequestration - limitação de empenho para garantir limites e metas orçamentárias.
D) Estados membros conduzem suas políticas com total independência, seguindo critérios 
próprios.
E) Estados membros conduzem suas políticas com relativa independência, convergindo para 
critérios acordados; além disso, os estados membros devem evitar déficits excessivos.
Qual das alternativas representa uma das principais características do EUA – Budget 4) 
Enforcement Act?
A) Informações orçamentárias devem facilitar sua análise; as contas fiscais devem ser 
apresentadas periodicamente ao Legislativo e ao público – publicidade, prestação das 
contas e relatórios fiscais.
B) Congresso fixa metas de superávit e mecanismos de controle de gastos com aplicações de 
regras adotadas pelo BEA.
C) Pacto de estabilidade e crescimento de 1997 - cada estado membro é responsável por sua 
política orçamentária, subordinadas às disposições do Tratado.
D) Congresso fixa princípios e exige forte transparência do Executivo, que tem a liberdade 
para orçar e gastar.
E) Contempla todas as esferas do Governo, acordando e unificando as regras de todas as 
unidades da Federação.
5) Qual das alternativas representa uma das principais características do NZ – Fiscal 
Responsibility Act?
A) Pay as you go - compensação orçamentária: qualquer ato que provoque aumento de 
despesas deve ser compensado através da redução em outras despesas ou aumento de 
receitas.
B) Definição de critérios para verificação da sustentação financeira de cada governo, como 
em uma confederação.
C) Dentro do setor público, as funções de política e de gestão devem ser bem definidas e 
divulgadas ao público, informando sobre as atividades fiscais passadas, presentes e 
programadas - transparência dos atos.
D) Princípios de gestão fiscal responsável: reduzir débito total da Coroa (dívida pública) a 
níveis prudentes.
E) O Fiscal Act é muito semelhante aos outros programas porque prevê metas fiscais.
NA PRÁTICA
Para os casos de não cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) existem dois tipos 
de punições: fiscais e a prisão. Alguns exemplos de transgressões à LRF e suas punições penais:
SAIBA MAIS
Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do 
professor:
Lei de Responsabilidade Fiscal
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LEI COMPLEMENTAR No 101, DE 4 DE MAIO DE 2000
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