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Casa - Cia Nissi

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BARDO – Boa noite! Vou começar de novo... Boa noite! Agora eu estou melhor, parece que falaram boa noite... Boa noite! Ainnn... ela falou boa noite... kkkkkk! Como se faz para manter um amor? Essa é a pergunta que todos tentam responder. Como se faz para manter um amor... Essa areia foi trazida do deserto do Kalahari... Kalahari que significa “a grande sede” mas é claro que muitos estudiosos aqui presentes se quiserem analisar bem essa areia irão descobrir que sua coloração não se parece em nada com vermelho da terra seca de Kalahari... Mas o que importa é que a areia minha e de onde ela veio ou de onde ela vem é problema meu! Eu preciso de um voluntário... (Chamar alguém da plateia) Vem cá, eu só preciso que você faça o que eu vou falar ok? Certo, coloca sua mão assim (estendida) eu vou colocar um pouquinho de areia na sua mão, não deixa cair que o gatinho estava usando agora pouco mas fica tranquila... Agora levanta para o alto e eu peço que você feche com força... Caiu viu... Agora eu preciso que você abra a sua mão dessa forma... Viu que a areia caiu também “Gertrude”. Eu preciso que você deixa sua mão meio aberta como se fosse uma concha levanta bem... isso... o suficiente para dar liberdade e fechado bastante para protegê-la é assim que se faz para guardar um amor “Gertrude”. Me dá a areia de volta aqui e fica tranquilo que o gatinho já usou tá tudo bem!
BARDO – Eu preciso de quatro homens fortes que possa me ajudar a carregar o meu carrinho ali para riba, é muito pesado esse carrinho... Mas a coisa dos homens fortes não tá acontecendo aqui... Pera aí... Não... Pega embaixo, embaixo... vocês tem que pegar embaixo, não pode pegar na frente... bota lá em cima e não desmonta meu carrinho não se vocês vão levar uma coça hein... Muito bem, muito bem... Aonde você vai? Volta aqui, volta aqui que eu preciso da tua ajuda, sobe aqui “Big Big” chega aí meu brother! Que pessoa bacana, ele super voluntário! Também adoro gente assim! bota o carrinho ali de costa aí para galera, estou organizando a minha casa organizando... Bota de costa “Big Big”! 
BARDO – Há um conto chinês que narra a história de um jovem que foi visitar um sábio conselheiro para lhe falar sobre as dúvidas que tinha a respeito de seus sentimentos por uma bela moça. O jovem falou, falou e falou e o sábio escutam atentamente e falou apenas uma coisa AME-A e o jovem disse – “Mas eu ainda tem muita dúvida do que eu quero para minha vida e blábláblá e tititi” e o sábio disse AME -A e vendo o desconserto daquele jovem disse – Meu filho amar não é um sentimento, amar é uma decisão, amar é uma dedicação, amar é um exercício de jardinagem... Prepare o terreno, arranque o que faz mal, semeei, regue e cuide... Esteja preparado quando vier a seca, as pragas, o excesso de chuva mas nem por isso abandone o seu jardim... Ame ,ou seja, aceite, valorize ,respeite, compreenda e admire... Simplesmente ame! Amor, amor, amor... Todos em busca desse grande mistério e eu, eu encontrei o verdadeiro amor... Doce Luzia, Lulu... Qual é a graça? E antes que pensem o pior, Luzia não está morta, muito pelo contrário ela está bem viva no cantinho mais importante do meu coração, tem dias que eu penso que ela se perdeu outros que ela bateu a cabeça com força mas eu sinto a sua respiração acelerada aqui. Aqui sim estará segura esse é o lugar ideal com sol, sombra e proteção em sua melhor medida, elementos que me confirmam que estou onde passarei o resto dos meus dias e finalmente poderia chamar de meu lar. Não deixarei que meus amigos de estrada e calçada me ouçam dizer isto mas como estou bem longe eu posso finalmente gritar em alto e bom som... O velho Bardo finalmente aposentou os seus sapatos de número irregular... Chegou o momento de soltar a água e desfrutar de um merecido chá de descanso. São tantos anos, andando por tantos lugares que até me esqueci de onde vim me esqueci do número da minha casa mas não de Luzia... (GRITO)... Gente que povo assustado... Vejam só quem nós temos por aqui, eu tenho um amigo que nunca me abandonou em todos esses anos e ele está diante dos meus olhos o banco, banquinho para os mais íntimos... Apoio dos meus ossos fracos... Ninguém imaginava que chegaríamos até aqui... Veja só onde nós viemos parar... Que lugar esplêndido, esse lugar é magnífico! 
NATUREZA – Ei, psiu, psiu... Tem certeza que chegou a hora de parar? 
BARDO – Você sabe muito bem... A sola dos meus sapatos estão todas gastas e eu me recuso a comprar os modernos... Desde que o mestre de todos os sapateiros morreu, eu jamais permiti que os outros colocassem as mãos em meus sapatos... Essa é a dificuldade de ter pés únicos.
NATUREZA – Já tentamos montar uma casa em um lugar como esse e você sabe que morar em penhascos é....
BARDO – Até quanto vai ficar me lembrando dessa conversa?
NATUREZA – Bom, então você chegou a ponto de decisão... Tentar montar sua casa em um lugar arriscado como esse novamente e esperar que a ruína bata a sua porta ou voltar e continuar caminhando na direção do vento.
BARDO – Você disse vento? O que quer dizer com isso?
NATUREZA – É uma ótima estação para migrar até o sul....
BARDO – Você já está mudando de assunto novamente?	
NATUREZA – Acho melhor você relaxar preparar seu chá e comer um biscoito... 
BARDO – Não, não, não, não roube meu protagonismo. A única coisa que me resta é contar minha própria história, diga as aves migratórias que fico.... (GRITO)... Meu potinho de biscoito! Até parece que foi ontem que aquele bandido ousado tentou roubar meu potinho de biscoito... meu potinho estava cheio, aquele cara chegou do nada dizendo – “Vai, vai, vai doidão, passa o pote de biscoito veio... senão eu atiro nos teus olhos cara” Não faça isso, você não faria isso com um pobre andarilho batalhando todos os dias para sobreviver... “Eu já falei e não vou repetir maluco, você tá me dando nos nervos... Passa essa porcaria desse pote de biscoito senão…” Senão o quê? Pois você me diga? Vai atirar em um pobre andarilho? Vocês vai? Pois você trate de sair da minha frente, você não sabe do que eu sou capaz... Nem mesmo eu sabia do que eu era capaz... Eu tinha escutado essa frase em um filme e prometi para mim mesmo que se algum dia acontecesse isso eu diria essa frase o ladrão correria... Menino e ele correu mesmo... vazou...
BARDO – Ahhh, Bardo Abelardo, nascido aos 14 dias ensolarados da primavera, 1964 anos depois de cristo vim ao mundo sobre os cuidados dos meus pais... senhora Nani e o senhor Abelardo Neto, nascido com 3 quilos e 700 gramas, cabelo liso, pele branca, gordinho, passei minha infância inteira na pequena cidade de Besmonde onde há montanhas verdes e perigosas e deliciosas histórias de moradores velhos... Pronto! Agora todos já sabem de onde eu vim, eu não sei se vocês se ligaram mas eu acabei de me apresentar, onde já se viu eu chegar aqui e não saberem se quer o meu nome. São tantos anos, andando por tantos lugares, com tantas histórias e tantos cantos que até perdi as contas. Quando não se tem sala o mundo se torna um grande sofá onde as pessoas se sentem no direito de sentar e despejar as suas vidas... rodei por muitas paradas, acumulei muitos adornos... e ainda não entendi porque não correr atrás do vento... Continentes descobertos por acaso porque pessoas correndo atrás do vento, das possibilidades... Esse lugar é magnífico eu preciso terminar minha arrumação... tudo está ficando tão lindinho, cadê minhas luzinhas? Eu vou precisar da ajuda de alguém, talvez um voluntário... Alguém aí experiente pudesse me ajudar... “Big Big”. Voluntário mesmo, se não for atrapalhar... Me ajuda a subir aqui e pendura em algum lugar para ver como vai ficar... Liga na tomada e colocar ali perto daqueles instrumentos ali... Olha eu geralmente eu não gosto quando bota aí no meu paletó mas até que ficou com clima de natal né gente... Ele é formado em Harvard esse cara... Big chega aí me ajuda a descer... gente aplausos para ele ficou muito lindo cara... Aonde você vai? Não acabou nada... (toca o despertador) foi bem na hora gente, esse relógio está sempre me lembrandoque eu tenho que colocar esse meu remédio. Pode sentar aqui. Olha eu te aconselho a não achar esquisito e não vai ser nada de mais é só uma feridinha coisa básica, eu preciso que você preste atenção... isso aqui é um santo remédio chamado Centelha Asiática que tem um poderoso elemento com nome de personagem de um conto de fada chamado saponina. Toma pode passar tem que pingar umas duas ou três gotinha e depois você passa o dedo tá... Cara isso arde, devagar cara... Tá bom, tá bom pode passar devagar... Tá bom, tá ardendo já, eita até isso aqui secar... Olha eu já te considero um dos melhores amigos que essa vida me deu cara! Não é todo dia que a gente conhece uma pessoa bacana igual a tu assim, uma pessoa bem humorada de verdade você tá de parabéns muito obrigado! Leva o remédio com você e quando o relógio despertar de novo eu preciso que você me lembra que eu tenho que passar esse remédio tá não é sempre que eu me lembro... É que nós que tem uma certa idade, amnesia bateu na porta e nós abriu... Leva com você a hora que o relógio despertar você precisa me lembrar eu não estou legal... Obrigado amigo, aplausos para ele! 
BARDO – Gente que pessoa bacana, nossa eu estou indignado como nesse mundo existem pessoas legais... Tudo isso tá me lembrando do dono desse cachecol aqui uma das pessoas mais profundas e intrigantes que já conheci em toda essa minha vida. Eu sempre quis ter um pinguim sabia, uma dessas aves pequenininhas que não voam. Sabia que o grande desafio da humanidade sempre foi voar por que é que os filhos desejam tanto isso... (Arruma a cadeira, uma de frente para a outra, faz como se estivesse colocando os sapatinhos, depois o casaco e se senta). E foi assim, sem dizer mais palavra alguma que aquele homem que estava me lembrando me ensinou um pouquinho, só um pouquinho do que era um cuidado de um pai. Quer saber, eu não devia ficar parado aqui lembrando dessas coisas que já passaram pela minha vida, eu tenho tanta coisa para fazer e minha ferida já está doendo. Meu deus do céu amanhã vai ser um dia longo e minha casa está toda bagunçada mas tá ficando tão lindinha eu acho que o que eu preciso agora é dormir. Boa noite! Tá muito calor aqui...
(Entra a senhora, fora do palco)
SENHORA – (tenta chamar a atenção de Bardo) Me desculpe incomodar é que eu nunca te vi por aqui o meu nome é...
BARDO – Ahhh! (Vira para o outro lado) Achei que seria um lugar de paz... Diga moça o que você quer e já vou te avisando que não tem pão duro hoje não... eu estou brincando é que eu ouço essa frase todos os dias eu me acostumei ouvir isso...
SENHORA – Faz tempo que você está por aqui?
BARDO – Não costumo contar o tempo, na verdade eu preciso viver sem o tempo... eu briguei com ele porque ele queria mandar na minha vida o tempo inteiro mas não faz uma lua ainda se quer saber que eu estou por aqui. 
SENHORA – Eu posso ficar um pouco aí dentro aqui fora está muito frio...
(Senhora sobe no palco enquanto Bardo fala)
BARDO – Não estou certo disso minha jovem você sabe que não é nada saudável eu abrir as portas da minha casa, mesmo que essas portas não existam, ainda mais por uma estranha como você. Eu acabei de te conhecer, não sei o nome dos teus antepassados, não sei de que país que vocês vieram eu acabei de me mudar para esse lugar essas coisas não são simples assim.... (Vira para o lado, leva um susto ao ver que a senhora já está no palco) Credo!
SENHORA – Eu te entendo perfeitamente se o senhor quiser eu posso bater na porta que não existe e me apresentar.
BARDO – Já entrou né minha filha, eu sei muito bem como funciona essa vida eu não desejo para ninguém viver nas ruas, eu posso me arrepender de estar fazendo isso mas a vida é feita de riscos e perigos... (a senhora encosta na ferida) Agghh! 
SENHORA – Mas o que foi que eu fiz?
BARDO – Você esbarrou na minha ferida...
SENHORA – Nossa desculpa, não foi minha intenção... Eu posso conseguir algum remédio.... (senta no banquinho).
BARDO – Não precisa, eu estou sempre esbarrando em alguma coisa que me faz lembrar o quanto essa ferida dói...
SENHORA – Mas isso começou a muito tempo? Como foi que o senhor se machucou?
BARDO – Moça eu não tenho ideia, é como se eu tivesse acordado com isso eu nem me lembro como isso começou... Tá muito esquisito aqui mas já tá sarando, logo vai passar.... (percebe que ela está sentada no banquinho). Pode sentar...
SENHORA – Obrigada, já estou sentada.
BARDO – Não aparece para mim... Que desagradável, sentar no eu já vou logo te avisando que eu não sou nada comunicativo ok? A vida me ensinou que é melhor ouvir do que falar mas já que eu estou falando o que é que te traz para essas bandas? Eu moro aqui a algumas horas eu nunca tive mais magra em toda minha vida... A senhora é fiscal, policial, agente da prefeitura e quer me levar para algum abrigo. (Percebendo que a senhora não está dando atenção) Moça geralmente as pessoas se comunicam sabia? Eu abri a porta da minha casa para você entrar, olha eu já estou ficando cansado...
SENHORA – O que são essas coisas?
BARDO – É com muita alegria que eu lhe digo que são os meus pertences particulares, parte da minha história está bem aí obrigado por perguntar a próxima pergunta...
SENHORA – Por que o senhor mora aqui?
BARDO – Duas perguntas seguidas simboliza que somos amigos de infância... 
(Toca o despertador)
SENHORA – Eu acho que é o seu despertador.
BARDO – Não, não tenho relógio. Deve ser o do vizinho... (Chega a pessoa da plateia que ficou com o remédio) Ahhh, você lembrou! Obrigado! Você é uma pessoa muito bacana, (se virando para a senhora) cumprimenta mão de deixa de ser mal educada você chegou agora aqui ele é truta de outras épocas... Obrigado, duas gotinhas... 
SENHORA – (Impede de colocar o remédio) O senhor precisa limpar essa sujeira antes de passar o remédio (se virando para o ajudante) estou vendo que você não entende nada do que está fazendo não é? Deixa que eu cuido disso... nossa mas essa ferida está infeccionada, seu braço está quente, o senhor pode até perder o braço por conta disso sabia? Olha a gente tem que apertar um pouco para...
BARDO – A gente não tem que nada...
SENHORA – A gente tem que apertar um pouco para sair todo esse pus... 
BARDO – A gente não tem aqui não, o braço é meu a ferida está no braço no meu... Você adquiri a tua ferida aí a gente aperta a tua ferida e vida que segue, podemos combinar assim?
SENHORA – Confia em mim?
BARDO – Te conheci agora, não sei se confio.
SENHORA – Confia em mim, a gente precisa apertar para que saia essa sujeira e tudo que não presta...
BARDO – Moça, moça, para, para! Deus, não é assim não, não, não, eu sei muito bem como cuidar dela e não vai ser você que vai aparecer do nada e vai me ensinar como cuidar da minha ferida. Já estava quase sarando e você vem aqui apertar. Não, vai piorar. Amanhã vai ser um dia longo, lembra? Que você falou que você está indo embora amanhã não é? Aqui ó. (estende um lençol no chão)
SENHORA – Não, eu não quero incomodar não... 
BARDO – Vai dormir aonde? Pelo soprar do vento já deve passar das 10 horas da noite, melhor deixar de ser teimosa.
SENHORA – Mas eu só vim aqui para perguntar...
BARDO – SHHHH! (aponta para o lençol)
SENHORA – (Indo se deitar no lençol) Mas eu não quero dormir aqui. 
BARDO – SHHH! Você já parou para escutar o silêncio? Então escute! Boa noite! 
(A senhora espera o Bardo dormir e começa a arrumar o local, porém quando chega perto de Bardo, ele dá um grito)
BARDO – Peguei no flagra! Como assim eu te recebo em minha casa e é assim que você me retribui?
SENHORA – Só estava arrumando a bagunça...
BARDO - Bagunça nenhuma, saiba que é uma tremenda falta de educação mexer nas coisas dos outros enquanto dorme, acreditando que vai encontrar a hóspede no mesmo lugar que foi deixada.
SENHORA - Há quanto tempo você tem isso aí e para que você guarda isso?
BARDO – Eu não tenho que ficar te explicando tudo sabia?
SENHORA – Mas isso é tudo que você tem...
BARDO – Para a sua informação já tive muito mais do que você imagina...
SENHORA – E o que mais você quer ter?
BARDO – Direitos,de ir e vim por exemplo sem uma estranha me assustando enquanto estou dormindo, me questionando o tempo inteiro o que que eu tenho que fazer, para onde que eu tenho que ir, as coisas não funcionam assim não moça, eu posso te processar por calúnia, danos morais, difamação injuria e muito mais...
SENHORA – Certeza que aqui deve ter muitos segredos.
BARDO – Eu não guardo segredos, eu guardo lembranças.
SENHORA – Eu não sei porque está tão preocupado, se desprender de muitas coisas que estão aqui, essas coisas velhas e fedidas vai te fazer bem sabia.
BARDO – Velho e fedido ficou o meu banquinho depois que a senhora sentou. Quer saber o que vai fazer bem? A senhora ir embora daqui! Agora vamos sumir daqui vai 
SENHORA – Tá bom, eu já vou... E essa foto? Uma mulher muito bonita.
BARDO – Luzia, nem chegue perto dessa foto
SENHORA – Mas é só uma foto.
BARDO – Pois eu exijo respeito e compaixão, agora sai.
SENHORA – Mas, eu cheguei aqui primeiro foi você quem...
BARDO – Mas que pessoa desagradável você é, não? Eu achei que aqui seria um lugar de paz. Meu Deus do céu estou indo embora muito bem obrigado.
SENHORA – Essa foto parece estar bem empoeirada.
BARDO – Minha senhora, eu limpo isso todos os dias caso você não saiba.
SENHORA – (Senhora pega a foto e tira do porta retrato) Isso te incomoda, Bardo? 
BARDO – Por favor, deixe isso onde estava, eu não te dei o direito para mexer nas minhas coisas mas que falta de educação, olha eu não tenho intimidade para brigar com você eu estou só um homem velho doente que precisa de cuidados mas eu vou ter que usar da minha força para te colocar para fora desse espaço.
SENHORA – (Senhora rasga a foto) Por que que isso te incomoda tanto Bardo?
BARDO – Quem você pensa que é para rasgar o amor da minha vida?
SENHORA – É necessário.
BARDO – Solte a minha ferida por favor está doendo demais eu não quero mais você aqui! Quero que saia da minha casa!
SENHORA – Quem é Luzia?
BARDO – Minha esposa, é o amor da minha vida, vejo como ficou a foto...
SENHORA – Não minta para mim. Por que te incomodou tanto quando eu rasguei a foto dela?
BARDO – Porque ela é tudo para mim você não consegue ter compaixão, não consegue parar de apertar na minha ferida.
SENHORA – Você não para de mentir Bardo!
BARDO – Você já destruiu tudo de mais precioso que eu tinha e quer mais o que? 
SENHORA – Quem é Luzia?
BARDO – Minha esposa!
SENHORA – Tudo isso é lixo Bardo. Como conseguir juntar tanto lixo assim? Nada disso aqui tem valor.
BARDO – Pois para mim tem muito valor. Eu sempre ouvi que não deveria dar ouvidos a uma desconhecida mas você me seduziu me enganou. Deus por favor e ajude nesse momento de angústia, Senhor!
SENHORA – Quem é Luzia, Bardo?
BARDO – Senhora ela é minha esposa, minha esposa.
SENHORA – Documentos importantes com cheiro de coisa velha. Isso parece ser uma certidão de casamento. É Luzia do quê mesmo?
BARDO – Estou indo embora, para mim já chega, eu não fico mais nenhum minuto neste lugar.
SENHORA – Estranho, tudo muito estranho, o que tem dentro do carrinho?
BARDO – Nada relevante.
SENHORA – Então deixa eu jogar tudo fora.
BARDO – Você não vai tocar nas minhas coisa. Por favor pare de mexer no que não te pertence. Eu só preciso ficar sozinho.
SENHORA – Você é inteligente, Bardo. Pense com cautela, sabe que precisa expor os seus segredos para que seja curado, não sabe?
BARDO – Senhora, por favor me deixe um pouco quieto, me acostumando com a ausência da dor eu não sei o lugar que quero chamar de casa mas...
SENHORA – Se você me mostrar o que tem aqui dentro talvez a sua luta seja a menor e a suas perguntas serão prontamente respondidas.
BARDO – Com todo o respeito que a senhora merece, estou lhe pedindo por favor pare, a senhora já fez tudo o que queria e falou pelos cotovelos mas agora não, agora eu preciso organizar essa bagunça que você fez dentro de mim.
SENHORA – Tudo bem Bardo, eu já vou mas saiba que é importante você decidiu o quanto antes onde quer morar. Aqui é um ótimo lugar poderia dizer que aqui é o melhor de todos em que já esteve. Todos que chegam aqui conhecem o verdadeiro amor tem que vivências incríveis com alegria verdadeira. Bardo não é à toa que todos que chegam aqui dizem ter encontrado o local perfeito para chamar de casa.
BARDO – Saia, saia da minha casa de um vez por todas! Você não é bem vinda na minha casa, você destruiu tudo que eu tinha.
(Senhora sai)
BARDO – Azedo e ácido, como um limão siciliano ao degustar de suas palavras. Olha o que aquela mulher fez na minha casa! Então é isso mostrar tudo. Quem ela pensa que é onde já se viu quero ver tudo que tem dentro do meu carrinho?
(Carrinho começa a ser mexer)
BARDO – Sangue de cristo tem poder! 
NATUREZA – (risos e começa a sair do carrinho) 
BARDO – É melhor não querer aparecer agora, você não ouviu tudo que eu fui obrigada a engolir agora há pouco.
NATUREZA – Aham!
BARDO – Já falei para não se mexer mais.
NATUREZA – Já falei para não se mexer mais.
BARDO – Não começa a repetir tudo que falo.
NATUREZA – Para que tanta gritaria em um lugar de paz como esse?
BARDO – Para que tanta gritaria em um lugar de paz como esse? Para!
NATUREZA – Para!
BARDO – Já pedi para ficar em silêncio.
NATUREZA – Já pedi para ficar em silêncio. Não começa a repetir tudo que falo. Ainda não estou acreditando que não verei mais Luzia.
BARDO - Ainda não estou acreditando que não verei mais Luzia.
BARDO E NATUREZA – Só sei que estou muito indignado com tudo que está acontecendo nessa nova página da minha vida. Ainda não sei quem devo procurar para reclamar, mas imagino que deva existir algum departamento muito próximo daqui. Onde já se viu querer mexer em tudo?
BARDO – Silêncio!
NATUREZA – Silêncio!
BARDO – Shhhh!
NATUREZA – Shhhh!
BARDO – Para!
NATUREZA – Para!
BARDO E NATUREZA – Quem suporta ter um velho homem?
BARDO – Velho homem é você.	
NATUREZA – Você que é.
BARDO – Par.
NATUREZA – Impar.
BARDO – Ganhei, você que é o velho homem!
NATUREZA – Ahhhh! (Sai do carrinho) Assim não vale, você sempre faz isso. Achei que não ia despistar aquela intrometida que estava falando com você.
BARDO – Ahhh, eu tentei por diversas maneiras, parecia que não resolvia, aquela pessoa desagradável não ia embora por nada.
NATUREZA – (fazendo imitação) Bardo Abelardo, quem é Luzia? Minha esposa! Bardo, não minta para mim, quem é Luzia? É o amor da minha vida, minha esposa! Bardo, quem é Luzia? Minha esposa! (risos) Bardo, e essa ferida? (Faz gestos de pressionar a ferida com o dedo) E o que é isso? (Pega o pote de biscoitos).
BARDO – É meu pote de biscoitos, me devolve isso já (e toma da mão dela).
NATUREZA – Calma é só um pote vazio.
BARDO – Para você pois para mim estava cheio quando ganhei.
NATUREZA – Cheio do quê?
BARDO – Biscoitos gregos.
NATUREZA – Deixa eu ver, eu prometo que não vou quebrar o seu pote eu sou tão cuidadosa. (pega o pote e abre) Ainda cheira a casa do pai (começa a tentar comer as migalhas) você não deixou nenhum pedacinho?
BARDO – Já faz muito tempo que eu ganhei e acabei comendo o último e agora já estou com fome de novo.
NATUREZA – Não olhe para mim assim, não vá dizer que a fome que tá sentindo é culpa minha?
BARDO – Vou dizer que a fome que estou sentido é culpa sua com certeza. Volte aqui! (Começa a correr pelo cenário)
NATUREZA – Eu hein, você que come o biscoito alheio e eu que levo a culpa?
BARDO – A culpa é sua, volta!
NATUREZA – Esse pote de biscoito é meu!
BARDO – De jeito nenhum! Esse pote vai ficar guardado na minha coleção de memórias de dias excepcionais.
NATUREZA – Estou me cansando de você!
BARDO E NATUREZA – Rummm.
BARDO – Eu é que estou me cansando de você! 
(Os dois andam pelo palco e depois se sentam ao mesmo tempo na mesma posição) 
NATUREZA – Estou me cansando de você cansei que te ouvir e de te repetir, já sei, preciso de uma promoção a partir de agora eu serei Bardo Abelardo e você ocupará o meu lugar. Eu sou a responsável pela saída de Adão e Eva do jardim, destruindo os propósitos de Deus para a vida deles, responsável pelos maiores assassinatos e atrocidades cometidos pela humanidade. Carnalidade,impiedade, iniquidade, humanidade eu sou o que sou.
BARDO – De jeito nenhum eu vou ficar no seu lugar eu comando tudo por aqui. As coisas não funcionam assim não.
NATUREZA – Você se acha né Bardo? Só porque tem o rostinho mais visível nessa nossa parceria. Bardo Abelardo nascido sob luz branca colorida do sol escondido atrás de uma sombra sem graça decidir o finalmente colocar as coisas em ordem remodelar a casa.
BARDO – Pare de falar e me devolve meu potinho de biscoito sua maluca.
NATUREZA – (pegando o carrinho) Pelas dunas de Kalahari, eu ordem que (estala os dedos) volte para esse carrinho agora!
BARDO – De jeito nenhum você que mora no carrinho!
NATUREZA – Não é você que mora no carrinho
BARDO – Não é você quem mora, você não me dá ordens!
NATUREZA – Não, é você quem dá as ordens!
BARDO – Não quem dá as ordens é você!
NATUREZA – Eu sei!
BARDO – Eu já estou com muita dor e não tenho tempo para essas brincadeiras a minha ferida já está doendo muito (vai se encaixando no carrinho).
NATUREZA – Vamos Bardo...
BARDO – Eu não sei se vou caber aqui dentro...
NATUREZA – Hora de passar o remédio você precisa descansar para que consiga apenas aliviar sua dor. Muitas aqui já estão acostumados a dormir para não ter que enfrentar as suas dores até porque sabemos e entendemos que cochilar é melhor do que viver sem as mais profundas lembranças durma Bardo que a fome já vai passar... (canta uma canção de ninar).
SENHORA – Eu preciso falar com o Bardo.
NATUREZA – Eu sou o Bardo, não lembra de mim?
SENHORA – Não você não é.
NATUREZA – Esqueceu alguma coisa aqui? Já falamos que não queremos que mexam em nossas coisas.
SENHORA – Enquanto ele estiver aqui você não pode me dizer quando entrar ou sair, muito menos o que devo ou não mexer.
NATUREZA – Você sempre vem com essas visitas despretensiosas, como quem não quer nada mas eu sei que o que você quer roubar a nossa verdadeira identidade. Acha mesmo que ele vai parar de me ouvir?
SENHORA – Não tenho dúvidas que sim! Sempre que quero limpar a contaminação que você faz na mente dos homens, você tenta criar formas de me tirar da vida dele não é. Mas há dezenas de séculos os homens vem desembainhando espadas, constroem arena, soltam leões e manipulam decretos tentando calar minha voz mas a cada levante surgiu o escape e aquilo que foi feito para me destruir só me fortaleceu. Você desconhece o poder de transformação que está em mim não é? 
NATUREZA - Acha que conhece muito sobre os homens senhora? Contudo, com todo o respeito, vive pedindo esmolas para sobreviver. Já parou para pensar que tem pensado muito no dinheiro dos homens? Ninguém nunca questionou suas riquezas, senhora eleita? Vive uma reforma que nunca termina, talvez por que a administração é lamentavelmente péssima. Olhe para eles, não estou falando mal, não... Mas não acha que eles não tem mais tempo para pessoas que precisam de atenção especial como nós. Será que não percebe que seu tempo está se acabando é que logo será banida da sociedade mas poderíamos te aceitar melhor se você se inovasse um pouco existem muitas outras por aí bem melhores do que você. Quantos membros você tem? Você é velha e está ficando para trás. Me fale, dentro de você tá cheio de gente que só sabe maltratar pessoas como eu. Quem você pensa que é para me obrigar a te sustentar? Você oprime! Quer saber não dou nem mais um ano para estar fechada, ninguém precisa mais de você. Seu tempo na terra está se acabando. Como se sente sabendo que está entrando em extinção? Aqui dentro eu tenho uma lista cheia de motivos para não participar de nada que envolva você quer que eu comece?
SENHORA – Você é só a natureza pecaminosa, o velho homem. E já que destruiu toda poesia com as suas frases ofensivas acho que chegou o momento de nós falarmos com franqueza. Você já parou para pensar que na verdade só começou a reparar nos meus defeitos quando os seus defeitos se tornaram tão insuportáveis a ponto de você querer provar para o mundo e principalmente para si mesma que você é a vítima da história. Já vi essa mesma cena várias vezes, as pessoas chegam aqui dizem que aqui é um lugar delas, trazem toda a sujeira do passado e despejam. Tudo é lindo até perceberem que o altar não é lugar de conforto e sim de confronto, tudo é perfeito até descobrirem que tudo aqui é formado por homens e que existem pessoas imperfeitas demais ao seu lado. E aí você começa a perceber que não será mais bajulado e sim quebrado e quando começa a perceber que querem te ensinar a andar com mais firmeza e não te carregar no colo ou passar a mão na sua cabeça toda vez que você erra, aí você se revolta comigo gritando:
SENHORA e NATUREZA – (juntas) Sair da igreja porque lá não é o meu lugar.
SENHORA – Você prefere criar o seu mundo onde ninguém descubra os seus segredos não é? Prefere passar do outro lado da calçada para não correr o risco de ser convida a ser parte de tudo isso comigo novamente.
NATUREZA - Cala a boca! Está entrando na minha mente, você é mestre em fazer lavagem cerebral não é? Eu não preciso de você!
(Senhora desce e fala do meio da igreja)
SENHORA – Quais foram as vezes que você esteve em comunhão com uma multidão de imperfeitos lutando todos os dias para louvar a deus?
NATUREZA – Eu não preciso de você para sentir isso!
SENHORA – Quais foram as vezes que você derramou uma lágrima pelo irmão do lado sendo tocado e curado por Deus? Nesse mundo que você criou quantas vezes você fingiu alegria de verdade?
NATUREZA – Eu prefiro ficar em casa sozinha ao ver pastores se perdendo e se afundando cada vez mais.
SENHORA – Quantas vezes você orou e chorou por eles?
NATUREZA – São muitos e grande parte não quer melhorar.
SENHORA – Mas o que você deseja então? Qual é o seu sonho? 
NATUREZA – Encontrar uma igreja perfeita, com pastores perfeito, membros que nunca errem, encontrar um lugar onde todos irão olhar para mim com amor e terão tempo de cuidar de mim. Onde entenderam que eu posso errar quantas vezes eu quiser. Onde entendam o conceito de humano e não somente de profano. Um lugar onde eu vou brilhar no palco, mostrar meus talentos e todos vão me aplaudir, vamos... me aplaudam... Está sem respostas porque você sabe que eu não estou pedindo nada demais.
SENHORA – Você é só a natureza pecaminosa o velho homem. Eu quero falar com a sua essência verdadeira.
NATUREZA – Essa é minha essência. Olhe para mim, está com medo? Eu vou te dividir tornar seus dias um inferno.
SENHORA – Eu não vou morrer por sua causa e não vou desanimar quando a natureza dos homens estiver gritando.
NATUREZA – Vai morrer sim, eu não vou te deixar em paz. Você não vai ter tempo de preparar evangelismo ou criar estratégias pois todos os dias eu estarei lá perturbando com a minha voz. Eu farei isso até você desistir dos homens até seus pastores desistirem das suas ovelhas. Meu grande objetivo é tornar tudo um fardo pesado. Eu passarei anos, anos e anos perturbando com a minha voz até que seus líderes desistam e joguem tudo para o ar.
SENHORA – Eu sei quem você é!
NATUREZA – É claro que você sabe! Eu sou a natureza pecaminosa dos humanos, a voz do velho homem que insiste em perturbar. Eu só quero que você me escute e se esqueça que eu escondo a verdadeira essência dos humanos ao seu redor. Eu só quero que perca a paciência comigo.
SENHORA – (começa a cantar) Então minha alma canta te senhor...
(Natureza fica incomodada durante a música)
NATUREZA – Hey, sua palavra é péssima... (Senhora continua cantando com a melodia) Hey, eu aprontei de novo... E você não vai me tirar da membresia, eu fui envelhecer aqui dentro. Hey, viu como você não me escuta... Você é fria, materialista e egoísta!
SENHORA – Assim diz o senhor: Não sabe e não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, não se cansa e nem se fatiga. É inescrutável o seu entendimento, ele dá força ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Os jovens correrão e se fatigarão e os moços certamente cairão mas os que esperam no senhor renovarão as suas forças, subirão com asas como águia, correrão e não se cansarão, caminharão e não se fatigarão!Acorde Bardo! (Tira o pano do carrinho). 
NATUREZA – Bardo não, você está cansado...
BARDO – O que aconteceu?
NATUREZA – Volte a dormir...
BARDO – (Olhando para a Natureza) Que você está fazendo? Se esconda, vamos se esconda não era para ela ver você...
NATUREZA – Do que está com medo, você não deve nada a ela...
BARDO – Me desculpe não era para você descobrir...
SENHORA – Bardo eu não me importo, agora eu sei quem você é e como está e o meu papel é.... 
NATUREZA – Não acredite nela, quando ela souber vai te expulsar como fez com os outros, não confie nela.
SENHORA – Bardo, eu não sou casa de moradores perfeitos. Olhe ao seu redor, sabia que cada um aqui enfrenta gigantes terríveis assim como você? Hoje vieram aqui exatamente como você Bardo, vivendo lutas na mente, feridas, se você parasse para ouvir a história de cada um aqui descobriria o quão pesadas são as suas vidas. A diferença é que eles não saíram. Alguns até tentaram, outros foram mas estão voltando hoje porque eles descobriram que aqui é a casa onde serão confrontados para uma mudança, Bardo.
NATUREZA – Finja que está acreditando, de um tapinha nas costas e vá para nunca mais voltar. Luzia deve estar preocupada com você.
BARDO – Eu me sinto tão cansando, mesmo depois de dormir tanto... Melhor seria continuar a minha caminhada, minha filha.
NATUREZA – Não vê que ela está sugando as suas forças, você lembra como era como era antes de chegar aqui nesse lugar? Bastava uma bebida quente no estômago e outras coisitas... Mas agora ela quer que você passa por esse processo de cara limpa?
BARDO – Ela está certa, ela está certa. Desde que eu cheguei aqui tudo começou a ficar tão difícil.
SENHORA – Bardo, você viu o lugar que você veio montar a sua casa? No altar Bardo, você andou, andou, andou mas quando chegou aqui no altar você decidiu fazer morada, se sentiu seguro como nenhum outro lugar.
BARDO – Mas eu só queria paz.
SENHORA – Mas para ter paz é necessário jogar toda essa sujeira fora. Jogar coisas velhas fora sempre vai doer isso se chama renúncia. Bardo, o altar é local de sacrifício e sacrifício dói. Bardo eu preciso saber quem você é para que eu possa exercer o meu papel, o meu papel quer cuidar.
NATUREZA – Conte tudo a ela, quando ela souber vai te expulsar. 
SENHORA – Quem é você Bardo?
NATUREZA – Conte! Já posso ver todos rindo da sua vergonha. (risos)
SENHORA – Bardo eu preciso que você tenha coragem, eu quero te ajudar. Essa ferida tem uma história mas é preciso apertar para que sai tudo o que não presta. Eu estou aqui Bardo, (senta de costa para o Bardo) você quer falar?
BARDO – Mas se eu falar eu vou perder o meu lar.
SENHORA – Eu não olho com os meus olhos. O que você tenha ou o que você é não está ligado o que você fez. 
(Bardo levanta e Natureza começa a ficar fraca)
NATUREZA – Bardo pare imediatamente!
SENHORA – Eu disse, eu não sou alguém, eu não sou um lugar, eu sou a extensão de alguém. Eu sou a extensão de um caminhante que conhece o todas as histórias, eu sou a extensão de alguém que fez os mesmos caminhos que você, que conhece a sua dor, alguém que também foi ferido, eu curo em nome dele.
NATUREZA – Bardo não confie nela ela só quer...
BARDO – Eu não quero ouvir a sua voz, já chega! Estou começando a perceber que você só terá forças enquanto eu te der ouvidos. (Natureza vai se encaixando no carrinho) Volte para o lugar que você jamais deveria ter saído, você não comanda minha história, você não comanda mais a minha vida, quieta, eu não quero mais ouvir a sua voz (cobre o carrinho e se direciona para a Senhora). Luzia era minha amante, eu troquei tudo que eu tinha em troca de um amor tão fino e escorregadio que levou tudo de mais precioso, toda minha família, me desculpe você deve estar muito envergonhada agora que sabe de toda a verdade.
SENHORA – Se engana sobre a forma como eu te vejo Bardo, (enquanto fala, vai tratando da ferida) a bíblia diz: segundo sua antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a se despir do velho homem que se corrompe por desejos enganosos e se renovarem no modo de pensar e a ser revestirem do novo homem criado para ser semelhante a Deus em justiça e santidade provenientes da verdade. Agora que limpamos essa ferida Bardo, ela irá cicatriz da em breve, sobre a forma como eu te vejo acredite você me parece muito melhor agora.
BARDO – Eu me sinto mais leve, eu sinto que um peso enorme saiu das minhas costas.
SENHORA – Você trocou de fardo Bardo, quem camufla ou esconde suas falhas jamais alcançará sucesso mas quem reconhece, confessa e abandona como você acaba de fazer recebe toda a compaixão de Deus. Vem aqui me dá sua mão agora conte cada grão.
BARDO – Eu não posso, mesmo sendo um mendigo que conhece a areia do mundo inteiro, eu posso lhe afirmar que nós não podemos armazenar tudo e o pouquinho que eu posso armazenar eu não posso contar. 
SENHORA – Vejo que o novo Bardo mantém limpa e intacta sua bela essência (fala para a plateia). Assim como os grãos de areia são incontáveis assim são os pensamentos de Deus ao seu respeito, agora vocês conhecem parte e também nunca dimensionará a sua totalidade porque Deus ele é uma fonte inesgotável os sonhos que deus tem para você são incrivelmente maiores e melhores que os seus. (Volta para o Bardo) Bardo me fale um pouco sobre seus sonhos.
BARDO – Minha filha, são tantos sonhos que passaria a noite inteira lhe contando você acredita que até uma escritora já quiser? Eu tenho papéis com frases mirabolante por todos os lados lá na minha casa.
SENHORA – Como é a sua casa Bardo?
BARDO – Já faz tanto tempo que eu não apareço por lá e a última vez a minha pequenininha estava se arrumando para ir para o balé.
SENHORA – Por que você não volta para ver sua filha?
BARDO – A minha esposa sempre dizia... a minha ex esposa sempre me dizia que seríamos velhinhos...
SENHORA – Como é a sua esposa Bardo?
BARDO – Arretada que só, nós não dormíamos uma noite se quer sem antes colocar toda a conversa em dia. Que dia é hoje minha filha?
SENHORA – 14 de fevereiro.
BARDO – Meu Deus do céu, hoje é o aniversário de 15 ano da minha princesa!
SENHORA – E por que você não volta para ver sua filha? Ela está sentindo a sua falta.
BARDO – Não minha filha, não diga isso, é uma coisa muito séria, todas as vezes eu tentei voltar para casa a minha natureza...
SENHORA – Você silenciou a voz da sua natureza Bardo.
BARDO – Como eu fiz isso?
SENHORA – Tirou seus olhos e os seus ouvidos da sua natureza pecaminosa e começou a prestar mais atenção nas promessas que Deus tem para você. Esse é o poder do evangelho Bardo, você não conseguirá eliminar sua a sua natureza sua carne completamente porque é só no céu que nós teremos uma carne incorruptível.
BARDO – Por que eu demorei tanto para entender isso minha filha?
SENHORA – Bardo, todas as vezes que ela acordar olhe para o céu e tente trazer à memória aquilo que te dá esperança. Todas as vezes que a sua natureza pecaminosa quiser te para se lembre que Jesus morreu em uma cruz para te dar vida e vida em abundância. Tudo que a sua natureza pecaminosa disser a seu respeito será mentira. Bardo, chegou a hora de ir a sua família te espera.
SENHORA – Eu queria convidar os irmãos que ajudaram a subiu carrinho no início a mais uma vez cumprirem o seu papel de igreja que é ajudar a carregar os fardos pesados uns dos outros. 
(Espera o carrinho descer)
BARDO – Mas minha filha deixei uma bagunça aqui em cima.
SENHORA – Não tem problema Bardo, o altar é o local perfeito para largar os fardos pesados, eu cuido de tudo para você. 
(Bardo desce do palco e vai de encontro ao carrinho)
BARDO – Mas eu vou ter levar isso aqui comigo?
SENHORA – Sempre, até o dia em que o que se corrompe seja trocado pelo que é incompatível mas agora você aprendeu deixar ela assim sem voz, fora de comando. Agora Bardo você que domina sua natureza pecaminosa porque maior é o que está em você. Bardo ao sair por aquela porta, o Espírito Santo te guiará em todo tempo. Ele te mostrará onde você deve ir onde não deve passar, os seus pés já estiveram ali e você sabe quejamais deveria ter ido por aquele caminho não sabe Bardo. Então vá com seus olhos fixos nas promessas que Deus te deu.
BARDO –Eu vou, eu vou, já imagino que vai me dar vontade de trocar o caminho ou desistir mas eu vou seguir sempre em frente, eu vou construir sonhos e pontes a lugares que eu jamais imaginei ir mas eu voltarei. Me espera, me espera porque eu volto, eu aprendi o valor da igreja, obrigado por não desistir de mim, eu não merecia tanto carinho, eu não merecia o cuidado que vocês tiveram comigo, eu recomendo você a fazer a mesma coisa, se você entrou aqui por essas portas triste e desanimado, carregando um fardo, você não nasceu para carregar os fardos não permita que os problemas do dia a dia roubem a sua verdadeira essência. Vamos, o que estão esperando? Lança tudo no altar, permita que Jesus desconstrua essa casa bagunçada que você mesmo construiu (se virando para a senhora). Qual é mesmo seu nome?
SENHORA – Eu sou a igreja Bardo!
BARDO – Eu estou curado, eu encontrei o verdadeiro amar, eu estou livre, eu estou livre!
SENHORA – Que a vida do Bardo sirva de exemplo para você querido, que chegou aqui carregando fardos, fardos espirituais que você não foi chamado para carregar, medo, preocupação, tristeza, depressão, descontentamento. O que que você tem carregado? Que a vida do Bardo sirva de exemplo para você que tem cultivado gigantes do passado, talvez de coisas que acontecerão há tanto tempo atrás mas que ainda hoje te machucam tanto. Você não consegue soltar esse peso... Nós falamos isso todos os dias querido, sejam práticos em viver, a vida é uma só. Deus tem tanta coisa para fazer em você e através de você que você não precisa ficar pelos cantos cultivando memórias do passado e nem acumulando desprezos do presente. Deus diz para você hoje solta esse peso. Vinde a mim todos os que estão cansados e sobrecarregados e eu vos aliviarei. Vem para o altar querido, larga esse sentimento ruim que tá aí no teu coração aqui no alta, solta essa depressão que tem tomado conta da tua mente e do teu coração no altar, larga esse pecado que tem te afastado do pai aqui no altar, você precisa ir para altar porque aqui que você encontra a vida, é aqui que você encontra cura, a cura que você precisa, é no altar que você vai encontrar a vida abundante que jesus te prometeu que ia ficar ligado ficar de pé no teu lugar.
[Oração].

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