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1 PEDIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS O método antropométrico permite a avaliação do peso, da estatura e de outras medidas do corpo humano. Ele representa um importante recurso para a avaliação do estado nutricional do individuo e ainda oferece dados para o acompanhamento do crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes. Neste item, descrevem-se os procedimentos comumente utilizados para a correta tomada das medidas antropométricas. A Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN recomenda a coleta de peso e da estatura para todos os indivíduos (crianças, gestantes, adolescentes, adultos e idosos) e da circunferência da cintura no caso de adultos. Pesar e medir são atividades de rotina nos serviços de saúde, e por serem atividades relativamente simples, a maioria das pessoas julga-se apta a realizá-las. No entanto, erros nos procedimentos, na leitura ou na anotação da medida são frequentes. Estas situações podem ser evitadas com um bom treinamento das equipes, uma revisão constante dos conceitos e procedimentos e uma manutenção frequente dos equipamentos. Para a correta tomada de peso e da estatura, deve-se garantir, previamente, o perfeito funcionamento dos equipamentos. A manutenção dos equipamentos é muito importante a fim de evitar erros causados por problemas ou defeitos deles. Dentre os equipamentos citados, a balança é o que gera mais problemas ao adquirir este equipamento, o EAS (Estabelecimento de Assistência à Saúde) deve solicitar um exame pelos órgãos responsáveis por este serviço. Recomenda-se que o infantômetro (antropômetro horizontal para medir o comprimento de crianças menores de 2 anos) e a balança pediátrica estejam apoiados em mesa ou bancada, confeccionadas em material firma e resistente. O estadiômetro (antropômetro vertical) deve ser colocado em parede lisa e sem rodapé e a balança plataforma em superfície lisa e nivelada. Um bom antropometrista deve conferir os equipamentos que utiliza, rotineiramente, antes de cada pesagem ou medição. Além disso, o local de instalação dos equipamentos deve ser escolhido de modo a: 1) oferece claridade suficiente para que se possa fazer uma boa leitura da escala de medidas; 2) permitir a privacidade do individuo e de sua família 3) proporcionar conforto térmico, evitando-se correte de ar que podem afetar especialmente, os bebês e as pessoas idosas; 4) ter espaço suficiente para permitir o trabalho dos profissionais e a presença da mãe e/ou familiares. Esse conjunto de cuidados e procedimentos é fundamental para a confiabilidade da classificação e do diagnóstico nutricional em todas as faixas etárias avaliadas em uma unidade de saúde. INDICES ANTROPOMÉTRICOS Peso para idade: Expressa a relação entre a massa corporal e a idade cronológica da criança. É o índice utilizado para a avaliação do estado nutricional, contemplado na Caderneta de Saúde da Criança, principalmente para avaliação do baixo peso. Essa avaliação é muito adequada para o acompanhamento do ganho de peso e reflete a situação global da criança; porém, não diferencia o comprometimento nutricional atual ou agudo dos pregressos ou crônicos. Por isso, é importante complementar a avaliação com outro índice antropométrico. Peso para estatura: Este índice dispensa a informação da idade; expressa a harmonia entre as dimensões de massa corporal e estatura. É utilizado tanto para identificar o emagrecimento da criança, como o excesso de peso. Índice de Massa Corporal para idade: expressa a relação entre o peso da criança e o quadrado da estatura. É utilizado para identificar o excesso de peso entre crianças e tem a vantagem de ser um índice que será utilizado em outras fases do curso da vida. O SISVAN recomenda a classificação do Índice de Massa Corporal - IMC proposta pela Organização Mundial da Saúde, tanto para menores de 5 anos (WHO, 2006), como para crianças a partir dos 5 anos (WHO ,2007). As curvas de avaliação do crescimento para crianças dos 5 aos Semiologia pediátrica O MÉTODO ANTROPOMÉTRICO 2 PEDIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 19 anos foram lançadas recentemente pela OMS. Trata-se de uma reanálise dos dados do NCHS de 1977 (Hamill et al. 1977), além de um alisamento das curvas no período de transição entre os menores de 5 anos de idade, avaliados segundo o estudo-base dos dados lançados em 2006, e os indivíduos a partir dos 5 anos. Estatura para idade: Expressa o crescimento linear da criança. É o índice que melhor indica o efeito cumulativo de situações adversas sobre o crescimento da criança. É considerado o indicador mais sensível para aferir a qualidade de vida de uma população. Trata-se de um índice incluído recentemente na Caderneta de Saúde da Criança. 3 PEDIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS 1) BALANÇA É o instrumento utilizado para medir a massa corporal total. O equipamento deverá ter precisão necessária para informar o peso de um indivíduo da forma mais exata possível. A precisao da escala numérica das balanças varia de acordo com o tipo ou fabricante. É recomendável que as balanças pediátricas tenham precisão mínima de dez gramas e, as balanças tipo plataforma, de cem gramas. Isso porque pequenas alterações no peso são indicadores nutricionais importantes para as crianças de 2 anos. a) a balança pediátrica utilizada para criança menores de 2 anos ou até com 16kg, pode ser mecânica ou eletrônica b) balança plataforma: pesa crianças maiores de 2 anos, adolescentes, adultos, idosos, gestantes e nutrizes; pode ser mecânica ou eletrônica c) balança de campo ou tipo pêndulo: esta balança é assim denominada porque é portátil e foi idealizada para utilização em atividades externas ao serviço da saúde d) balança de campo tipo eletrônica: esta balança é também portátil, apropriada para o trabalho de campo com pesquisas populacionais. ANTROPÔMETRO HORIZONTAL OU VERTICAL A medida da estatura pode ser obtida na posição deitada, em sentido horizontal, quando se trata do comprimento e, na posição em pé, no sentido vertical, para o que se denomina altura. O infantômetro é o equipamento utilizado para medir o comprimento de crianças menores de dois anos. Pode ser denominado de antropômetro infantil, horizontal; régua antropométrica, ou pediômetro. Para crianças maiores de 2 anos, adolescente, adultos, idosos e gestantes, a altura é aferida utilizando-se o antropômetro vertical ou estadiômetro. 2) FITA MÉTRICA A fita métrica deve ser utilizada somente para medir a circunferência da cintura em adultos. Utilize, de preferência, uma fita métrica de material resistente, inelástica e flexível, com precisão 0,1 cm. em crianças menores de dois anos As crianças menores de 2 anos devem ser pesadas e medidas sempre completamente despidas e no presença do mãe ou do responsável, pois estes devem auxiliar no retirada do roupa do criança e no tornado do medida Lembre-se que uma fralda molhada pode representar até 20% do peso de uma criança. Se for utilizar a balança pediátrica A balança pediátrica ou “tipo bebê” e o equipamento apropriado para crianças menores de 2 anos que ainda não ficam de pé com EQUIPAMENTOS ANTROPOMÉTRICOS AFERIÇÃO DO PESO 4 PEDIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS segurança. É preciso ainda ter muito cuidado para pesar crianças pequenas, a fim de se evitar acidentes. Certifique-se de que a balança está apoiada sobre uma superfície plano, lisa e firme. Forre o prato com uma proteção antes de calibrar a balança para evitar erros na pesagem. 1º Passo: Destravar a balança. 2º Passo: Verificarse a balança está calibrada (a agulha do braço e o fiel devem estar na mesma linha horizontal). Caso contrário, calibrá- la, girando lentamente o calibrador. 3º Passo: Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados. 4º Passo: Após constatar que a balança está calibrada, ela deve ser travada. 5º Passo: Despir a criança com o auxílio da mãe ou responsável. 6º Passo: Colocar a criança sentada ou deitada no centro do prato, de modo a distribuir o peso igualmente. Destravar a balança, mantendo a criança parada o máximo possível nessa posição. Orientar a mãe ou responsável a manter-se próximo, sem tocar na criança, nem no equipamento. 7º Passo: Mover o cursor maior sobre a escala numérica para marcar os quilos. 8º Passo: Depois mover o cursor menor para marcar os gramas. 9º Passo: Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados. 10º Passo: Travar a balança, evitando, assim, que sua mola desgaste, assegurando o bom funcionamento do equipamento. 11º Passo: Realizar a leitura de frente para o equipamento com os olhos no mesmo nível da escala para visualizar melhor os valores apontados pelos cursores. 12º Passo: Anotar o peso no formulário da Vigilância Alimentar e Nutricional/ prontuário. 13º Passo: Retirar a criança e retornar os cursores ao zero na escala numérica. 14º Passo: Marcar o peso na Caderneta de Saúde da Criança. 5 PEDIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS Se for utilizar balança pediátrica eletrônica (digital) 1º Passo: A balança deve estar ligada antes de a criança ser colocada sobre o equipamento. Esperar que a balança chegue ao zero. 2º Passo: Despir totalmente a criança com o auxílio da mãe/responsável. 3º Passo: Colocar a criança despida no centro do prato da balança, sentada ou deitada, de modo que o peso fique distribuído. Manter a criança parada (o máximo possível) nessa posição. Orientar a mãe/responsável a manter-se próximo, sem tocar na criança, nem no equipamento. 4º Passo: Aguardar que o valor do peso esteja fixado no visor e realizar a leitura. 5º Passo: Anotar o peso no formulário da Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN/prontuário. Retirar a criança. 6º Passo: Marcar o peso na Caderneta de Saúde da Criança. em crianças Maiores de dois anos, adolescentes e adultos As crianças maiores de 2 anos devem ser pesadas descalças e com roupas bem leves. Idealmente, devem usar apenas calcinha, short ou cueca, na presença da mãe ou do responsável. Os adultos e adolescentes devem ser pesados descalços e usando roupas leves. Devem ser orientados a retirarem objetos pesados tais como chaves, cintos, óculos, telefones celulares e quaisquer outros objetos que possam interferir no peso total. Se for utilizar balança mecânica de plataforma Inicialmente certifique-se de que a balança plataforma está afastada da parede. 1º Passo: Destravar a balança. 2º Passo: Verificar-se a balança está calibrada (a agulha do braço e o fiel devem estar na mesma linha horizontal). Caso contrário, calibrá-la, girando lentamente o calibrador, 3º Passo: Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados. 4º Passo: Após a calibração da balança, ela deve ser travada e só então a criança, adolescente e adulto deve subir na plataforma para ser pesado. 5º Passo: Posicionar o indivíduo de costas para a balança, descalço, com o mínimo de roupa possível, no centro do equipamento, ereto, com os pés juntos e os braços estendidos ao longo do corpo. Mantê-lo parado nessa posição. 6º Passo: Destravar a balança. 7º Passo: Mover o cursor maior sobre a escala numérica, para marcar os quilos. 8º Passo: Depois mover o cursor menor para marcar os gramas. 9º Passo: Esperar até que a agulha do braço e o fiel estejam nivelados. 10º Passo: Travar a balança, evitando, assim que sua mola desgaste, assegurando o bom funcionamento do equipamento. 11º Passo: Realizar a leitura de frente para o equipamento, para visualizar melhor os valores apontados pelos cursores. 12º Passo: Anotar o peso no formulário da Vigilância Alimentar e Nutricional – SISVAN e no prontuário. 13º Passo: Retirar a criança, adolescente ou adulto. 14º Passo: Retornar os cursores ao zero na escala numérica. 15º Passo: Marcar o peso das crianças na Caderneta de Saúde da Criança. 6 PEDIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS EM CRIANÇAS MENORES DE DOIS ANOS O comprimento é a distância que vai da sola (planta) dos pés descalços, ao topo da cabeça, comprimindo os cabelos, com a criança deitada em superfície horizontal, firme e lisa. Deve-se retirar os sapatos da criança. Deve-se, também, retirar toucas, fivelas ou enfeites de cabelo que possam interferir na tomada da medida. 1º Passo: Deitar a criança no centro do infantômetro, descalça e com a cabeça livre de adereços. 2º Passo: Manter, com a ajuda da mãe/ responsável: - a cabeça apoiada firmemente contra a parte fixa do equipamento, com o pescoço reto e o queixo afastado do peito, no plano de Frankfurt (margem inferior da abertura do orbital e a margem superior do meatus auditivo externo deverão ficar em uma mesma linha horizontal).; - os ombros totalmente em contato com a superfície de apoio do infantômetro; - os braços estendidos ao longo do corpo. 3º Passo: As nádegas e os calcanhares da criança em pleno contato com a superfície que apoia o infantômetro. 4º Passo: Pressionar, cuidadosamente, os joelhos da criança para baixo, com uma das mãos, de modo que eles fiquem estendidos. Juntar os pés, fazendo um ângulo reto com as pernas. Levar a parte móvel do equipamento até as plantas dos pés, com cuidado para que não se mexam. 5º Passo: Realizar a leitura do comprimento quando estiver seguro de que a criança não se moveu da posição indicada. 6º Passo: Anotar o resultado no formulário da Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN e no prontuário e retirar a criança. Marcar a medida da estatura na Caderneta de Saúde da Criança. EM CRIANÇAS MAIORES DE DOIS ANOS,ADOLESCENTE E ADULTOS A estatura é a medida do indivíduo na posição de pé, encostado numa parede ou antropômetro vertical. 1º Passo: Posicionar a criança, adolescente ou adulto descalço e com a cabeça livre de adereços, no centro do equipamento. Mantê-lo de pé, ereto, com os braços estendidos ao longo do corpo, com a cabeça erguida, olhando para um ponto fixo na altura dos olhos. 2º Passo: A cabeça do indivíduo deve ser posicionada no plano de Frankfurt (margem inferior da abertura do orbital e a margem superior do meatus auditivo externo deverão ficar em uma mesma linha horizontal). 3º Passo: As pernas devem estar paralelas, mas não é necessário que as partes internas das mesmas estejam encostadas. Os pés devem formar um ângulo reto com as pernas. Idealmente, o indivíduo deve encostar os calcanhares, as panturilhas, os glúteos, as escápulas e parte posterior da cabeça (região do occipital) no estadiômetro ou parede. Quando não for possível encostar esses cinco pontos, devem-se posicionar no mínimo três deles. 4º Passo: Abaixar a parte móvel do equipamento, fixando-a contra a cabeça, com pressão suficiente para comprimir o cabelo. Retirar o indivíduo, quando tiver certeza de que o mesmo não se moveu. 5º Passo: Realizar a leitura da estatura, sem soltar a parte móvel do equipamento. 6º Passo: Anotar o resultado no formulário da Vigilância Alimentar e Nutricional - SISVAN e no prontuário. Para crianças, marcar a altura na Caderneta de Saúde da Criança. Ao longo do tempo diversos escores clínicos foram confeccionados com o objetivo de se avaliar a idade gestacional, sendo os mais utilizados os métodos de Dubowitz, Capurro e New Ballard. O escore deDubowitz (1970) utiliza 11 critérios físicos externos e 10 critérios neurológicos para estimar a idade gestacional ao nascimento. Pode ser realizado até o 5º dia de vida e tem boa acurácia. Entretanto, sua extensão limita seu emprego na prática clínica. Então, Capurro e colaboradores criaram outro método a partir da simplificação do método de Dubowitz, utilizando para isso apenas AFERIÇÃO DO COMPRIMENTO AFERIÇÃO DA ALTURA CAPURRO SOMÁTICO 7 PEDIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS cinco (Capurro Somático) ou seis características clínicas (Capurro Somatoneurológico) que deveriam ser analisadas idealmente nas 4-6 primeiras horas de vida em neonatos a partir de 29 semanas de vida. O método de Capurro é simples, fácil e difusamente empregado na prática clínica neonatal. Entretanto, devemos ressaltar que não é um escore tão fidedigno quanto aquele que o originou, mas, na maioria das vezes, presta-se bem à avaliação geral do bebê a termo. Cada uma das características tem várias opções e cada opção, uma pontuação que foi determinada através de diferentes estudos. Será, ao final, a soma desses pontos o que vai determinar a idade gestacional. As características utilizadas desse método são: 1) Forma da orelha Trata-se de observar (sem tocar) a encurvação do pavilhão da orelha. O observador deve ficar de frente para a criança e observar em particular se o bordo superior do pavilhão auricular forma uma cobertura pelos lados. A seguir, avalie o grau de encurvamento observado em cada pavilhão virando a face da criança de um lado para outro. Se pela posição ao nascimento o recém-nascido permanece com uma orelha achatada, não avalie esta. Se nenhuma das duas orelhas encontra-se achatada, avalie as duas. Assinale a pontuação de 0, 8, 16 ou 24 dependendo da encurvação. 2) Tamanho da glândula mamária Antes de palpar a zona correspondente ao nódulo mamário, pince suavemente o tecido celular subcutâneo adjacente para que seja possível avaliar se o que se mede é ou não tecido mamário. Utilize uma fita métrica e, com a outra mão, palpe o tecido que se encontra debaixo e em volta do mamilo. Especifique se é possível palpar tecido mamário ou não, e se seu diâmetro é < 5mm, de 5mm a 10mm ou > que 10mm. 3) Formação do mamilo Observe ambos os mamilos e com uma fita métrica meça se o diâmetro é apenas visível, < que 7,5mm, > 7,5mm com aréola pontilhada e sem elevação de bordo, > 7,5mm com aréola pontilhada e bordos elevados. 4) Textura da pele Palpe e examine a pele e os antebraços, mãos, pernas e pés e veja se no dorso das mãos e pés existem zonas de descamação ou rachaduras. Dependendo da profundidade das rachaduras ou da presença de descamação, pontue em 0, 5, 10, ou 20. 5) Pregas plantares Observe a planta de ambos os pés e logo hiperestenda ambas de maneira que se mantenha tensa a pele da planta. A diferença entre pregas e sulcos plantares é que os primeiros tendem a desaparecer quando se estende a pele, os sulcos continuam marcados claramente. 8 PEDIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS Dependendo da quantidade de sulcos e pregas, pontua-se 0, 5, 10, 15 ou 20. CÁLCULO Somam-se os pontos das 5 características. Ao resultado acrescenta-se a constante 204 para Capurro Somático. O resultado divide-se por 7, que é o número de dias transformados em semanas. 9 PEDIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS Para o cálculo mais rápido, sem ter que se fazer operações matemáticas, utiliza-se o gráfico seguinte. A soma dos 5 parâmetros busca-se na coluna horizontal e, a seguir, siga a linha até encontrar a coluna vertical das semanas de gestação. O boletim APGAR é um escore de avaliação da vitalidade neonatal precoce e foi criado pela anestesista Virgínia APGAR, em 1952, e que atribui uma pontuação de 0 a 2 a cada um dos seguintes parâmetros: respiração, frequência cardíaca, tono, resposta reflexa e cor. Sua simplicidade e confiabilidade asseguraram sua ampla difusão na prática clínica neonatal, garantindo uma utilização irrestrita até os dias de hoje. Um dos objetivos do boletim APGAR é identificar o RN deprimido, que possivelmente necessitou de manobras de reanimação. Entretanto, ele NÃO pode ser o fator que determinará o início das manobras de reanimação, até porque sua primeira aferição acontece apenas no primeiro minuto de vida. Perceba que a decisão de começar a reanimação é tomada mediante a avaliação da respiração e da frequência cardíaca ANTES deste primeiro minuto de vida. O APGAR é uma medida de vitalidade, que deve e pode ser calculada depois que as medidas de cuidado inicial forem tomadas. Não se recomenda perder tempo calculando o APGAR somente para então decidir se há ou não necessidade de reanimar o bebê. O tempo é precioso e uma assistência adequada e rápida na sala de parto faz toda diferença para manutenção da vida e preservação neurológica do RN. Teoricamente, um escore baixo indica a presença de asfixia neonatal; e um escore alto (normal), sua ausência. Contudo, estudos recentes demonstraram que o valor do escore não traz a “verdade absoluta”, havendo uma proporção considerável de falso- positivos (APGAR baixo com ausência de asfixia neonatal) e falso- negativos (APGAR alto com asfixia neonatal). A confecção do boletim de APGAR é derivada da avaliação de cinco parâmetros clínicos – respiração, frequência cardíaca, cor, resposta a estímulos e tono – sendo que cada um recebe uma pontuação variando entre 0, 1 e 2. Sendo assim, a pontuação mínima é 0 e a máxima é 10. Rotineiramente, calculamos o APGAR no 1º e 5º minutos. Sempre que a pontuação for menor ou igual a 6, o escore continua a ser calculado com intervalos de cinco minutos (ex.: 10º, 15º, 20º minutos) até que se obtenha uma nota maior ou igual a 7. O APGAR no passado foi desenvolvido para avaliar aqueles neonatos que necessitariam de reanimação e para avaliar a sobrevida. Por exemplo, um APGAR baixo no primeiro minuto indica que aquele neonato necessitou e ainda necessita de cuidados de reanimação imediata. Mais uma vez ressaltamos que NÃO é necessário aguardar o primeiro minuto para calcular o APGAR e somente então iniciar as manobras de ressuscitação. Estas devem ser começadas o mais precocemente possível, e o cálculo do escore é, na prática, feito retrospectivamente a estabilização do RN. Contudo, o APGAR não tem o “poder” de determinar ou predizer o prognóstico neurológico em longo prazo. Por exemplo, muitas crianças com paralisia cerebral apresentaram escore APGAR normal ao nascimento, e nem todas com APGAR baixo evoluirão com sequela neurológica. Além disso, verificou-se que um APGAR de 0-3 no 5º minuto ou pH no sangue do cordão umbilical < 7.0 estavam associados à morte neonatal precoce. A nota do primeiro minuto se correlaciona com o pH do cordão umbilical e é um índice de depressão intraparto, não estando relacionado com resultados a longo prazo. Por exemplo, um APGAR menor ou igual a 4 no primeiro minuto está associado à acidose e PaCO2 alta. Por outro lado, a permanência de pontuação baixa além do 1º minuto está vinculada a consequências deletérias em longo prazo. Um APGAR baixo no 20º minuto é altamente compatível com um ESCALA DE APGAR 10 PEDIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS mau prognóstico neonatal (mortalidade e disfunção neurológica permanente). Definimos que RN PIG são aqueles com o peso de nascimento abaixo do percentil 10 da curva em relação à idade gestacional. Como mencionado anteriormente, nem todo RN PIG sofreu CIUR (Crescimento intrauterino restrito). Alguns PIG podem ser constitucionalmentepequenos, e alguns AIG podem não ter atingido seu total potencial de crescimento intraútero e ter sofrido uma restrição ao crescimento. Incidência: cerca de 5% no Nordeste ETIOLOGIA FATORES MATERNOS Causas genéticas, condições demográficas (ex.: extremos da idade reprodutiva) raça, desnutrição materna, doença crônica (ex.: cardiopatia, pneumopatia, nefropatia, hipertensão, tabagismo, uso de cocaína, doenças do colágeno, diabetes, pós-maturidade), multiparidade, exposição ao álcool e radiação. FATORES PLACENTÁRIOS Malformações, corioangioma (proliferação anómala de vasos provenientes do tecido coriónico), infartos, placenta prévia, descolamento prematuro de placenta. Constitucional (RN “geneticamente” pequeno), cromossomopatias, malformações de SNC e sistema esquelético, infecções congênitas (ex.: rubéola e CMV). De qualquer forma, os RN PIG que sofreram processo patológico intraútero (CIUR) estão sujeitos a algumas alterações típicas: Asfixia Aspiração de mecônio – pode ocorrer durante o parto ou antes do parto Hemorragia pulmonar CAPURRO NEUROLÓGICO PIG E BAIXO PESO AO NASCER 11 PEDIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS Hipertensão pulmonar persistente. Hipotermia. Hipoglicemia: há diminuição da gliconeogênese, menor reserva de glicogênio hepático, além de uma resposta inadequada das catecolaminas à hipoglicemia. Policitemia: consequente à elevação da eritropoietina fetal pela hipóxia crônica intraútero, levando ao aumento do hematócrito e da viscosidade sanguínea, que acabam perpetuando a hipoglicemia. Hipocalcemia. O baixo peso ao nascer (BPN) é considerado um dos grandes problemas de saúde pública, especialmente no Brasil, devido ao impacto sobre a morbidade e mortalidade infantil. A prematuridade e a restrição do crescimento intra-uterino (RCIU) têm sido apontadas como as maiores responsáveis por essa condição. A inter-relação dessas variáveis forma um quadro significativo de riscos às doenças, além de poder levar a morte no primeiro ano de vida. A definição de BPN pela Organização Mundial da Saúde é o peso ao nascimento a termo (> 37 semanas de gestação) abaixo de 2,5Kg. Mesmo com o peso e o comprimento adequados para a idade gestacional, muitas crianças prematuras entram na definição de BPN. É considerado recém-nascido de baixo peso, todo aquele que nasce com peso inferior a 2.500g. Neste critério estão incluídos tanto os prematuros quanto os RN de termo com retardo do crescimento intrauterino. Estes neonatos apresentam alguns problemas comuns e outros que os diferenciam entre si. Varia de acordo com o país ou região em função das condições sócio- econômicas. No Brasil a média é de 10,2% variando de acordo com a região de 8,6% a 12,2%. RECÉM-NASCIDO PREMATURO a) regulação da temperatura hipotermia hipertermia b) apnéia c) problemas hematológicos anemia sangramento d) problemas neurológicos hemorragia intracraniana e) problemas respiratórios Membrana hialina; Insuficiência respiratória transitória; Displasia broncopulmonar; f) problemas cardiovasculares hipotensão hipovolemia g) problemas metabólicos hipoglicemia hipocalcemia hiperbilirrubinemia acidose metabólica h) dificuldade de sucção e/ou deglutição (menor de 34 semanas) i) maior risco de infecção (imaturidade do sistema imunológico) RECÉM-NASCIDO COM CIUR a) Dependentes da Etiologia Infecção intra-uterina; Anormalidades cromossômicas Outras malformações. b) Independentes da Etiologia Sofrimento fetal Síndrome de aspiração de mecônio; Síndrome hipóxico-isquêmica. Hipotermia Distúrbios metabólicos Hipoglicemia; Hipomagnesemia. Policitemia Uma das alterações cruciais em bebês de baixo peso ocorre no desenvolvimento motor. A literatura tem referido atrasos e problemas motores específicos, embora eles se originem de uma variedade de avaliações motoras diferentes. Na maioria dos estudos, é possível notar diferenças no desenvolvimento entre recém-nascidos de muito baixo peso e os de peso adequado. Em 1961 a Organização Mundial de Saúde (OMS) definiu que prematuro é todo RN que nasce com menos de 37 semanas completas (< 259 dias ou 36 semanas e 6 dias) a partir do primeiro dia da última menstruação, considerando-se como limite inferior o tempo de 22 semanas. RN prematuro não é sinônimo de RN de baixo peso (< 2.500 g). Embora haja um percentual considerável de prematuros com peso de nascimento menor que 2.500 g, muitos bebês de baixo peso possuem idade gestacional a termo, sendo então classificados como PIG ou CIUR. Os RN prematuros AIG têm o peso ao nascer adequado à idade gestacional. Contudo, muitos prematuros também são PIG (Pequenos para a Idade Gestacional), agravando ainda mais seu prognóstico futuro. 1. Alimentação e aporte hídrico Os prematuros perdem cerca de 15% do peso de nascimento na primeira semana de vida e recuperam seu peso por volta de 14ª-21ª dia de vida. A partir daí suas taxas de crescimento aproximado são: 10-20 g/kg/dia de peso, 1 cm/semana de comprimento e 0,5-1 COMPLICAÇÕES DOS PREMATUROS 12 PEDIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS cm/semana de perímetro cefálico. Portanto, percebemos que os prematuros apresentam reservas nutricionais insuficientes, um sistema digestivo imaturo e uma alta demanda metabólica de crescimento (120-130 Kcal/kg/dia). Estes fatores reunidos justificam o desafio de estabelecer uma nutrição adequada para este grupo de crianças. 2. Controle respiratório Quanto menor a idade gestacional, maior será a perda insensível de água pela pele e maior deverá ser o volume hídrico oferecido inicialmente. Com o amadurecimento progressivo da pele, durante os primeiros dias de vida, as perdas insensíveis diminuem. Os RN prematuros extremos geralmente permanecem em incubadoras umidificadas, o que acaba diminuindo a perda insensível, permitindo a oferta de líquidos de forma mais restrita. As taxas hídricas (em ml/kg/dia) são sugeridas por faixas. 3. Controle infeccioso Prematuros com menos 1.000 g têm risco muito aumentado para sepse com estreptococos do grupo B e Gram-negativos entéricos. Para estes bebês, recomenda-se o uso de antibióticos profiláticos, geralmente 4. Controle Cardiovascular Pressão Arterial. Geralmente uma pressão arterial média de 26 a 28 mmHg para prematuros de 24-26 semanas de idade gestacional é o suficiente para garantir uma boa perfusão orgânica. O tratamento inicial da hipotensão é feito com a infusão de salina fisiológica 10-20 ml/kg/dia, seguido da administração de aminas (ex.: dopamina, norepinefrina) e hidrocortisona (1 mg/kg EV 12/12h) para os casos refratários. Persistência do canal arterial. O ducto arterial costuma ter seu fluxo reduzido nas primeiras 10h de nascimento, fechando-se completamente entre o 3º e o 10º dia de vida. O fechamento é decorrente da queda abrupta nos níveis de PGE2 e aumento da PO2. Nos prematuros, especialmente aqueles com menos de 30 semanas ou com disfunção respiratória, o ducto tende a permanecer aberto por mais de quatro dias e, se for calibroso, gera um shunt esquerda- direita, provocando hiperfluxo pulmonar e ICC (cardiomegalia, edema pulmonar, disfunção respiratória, hipoperfusão orgânica). O PCA em prematuro aumenta o risco de hemorragia pulmonar, displasia broncopulmonar, hemorragia intraventricular e enterocolite necrosante. O diagnóstico é confirmado pelo ecocardiograma. Controle infeccioso 4. Controle da Hiperbilirrubinemia A fototerapia profilática é iniciada para todos os bebês com menos de 1.000 g nas primeiras 24 horas de vida, independente dos níveis de bilirrubina. RN GIG é todo RN que nasce com peso e comprimento acima do percentil 90 ou com mais de dois desvios padrões para idade gestacional. Como o peso máximo correspondenteao P90 para 42 semanas é próximo de 3.800 g, como regra prática, podemos inferir que todo bebê com mais de 4.000 g será invariavelmente um GIG. Mas cuidado, isso é apenas uma dica. Formalmente, termo GIG é determinado pelo peso/ comprimento em relação à idade gestacional, e não apenas pela medida do peso isolada. GIG E MACROSSÔMICO 13 PEDIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS ETIOLOGIA 1. Constitucionalmente grandes. Filhos de mães com diabetes mellitus (classes A, B e C). Mecanismo: passagem de glicose em excesso pela placenta provoca hiperglicemia fetal que, por sua vez, determina maior produção de insulina pelo pâncreas fetal (hiperinsulinemia fetal). A insulina tem efeito trófico, acelerando o crescimento do feto. É a causa mais importante e mais frequente! 2. Pós-termo. • Obesidade materna. • Síndromes genéticas (ex.: Síndrome de Beckwith-Wiedeman). CONSEQUÊNCIAS Parto de feto macrossômico: distocias, parto prolongado, necessidade de cesárea, tocotraumatismos (ex.: fratura de clavícula, lesão de plexo nervoso). RN de mãe diabética: polidrâmnio, hipoglicemia neonatal (pela hiperinsulinemia fetal), hipocalcemia neonatal, icterícia neonatal, policitemia, morte intrauterina, malformações cardíacas e neurológicas. É importante iniciar dieta o mais precocemente para estes bebês e monitorizar os níveis glicêmicos periodicamente nas primeiras horas de vida. O NBS é um método de avaliação da idade gestacional (IG) de recém- nascido (RN) através da análise de 6 parâmetros neurológicos (postura, ângulo de flexão do punho, retração do braço, ângulo poplíteo, sinal do xale, calcanhar-orelha) e 6 parâmetros físicos (pele, lanugo, superfície plantar, glândula mamária, olhos/orelhas, genital masculino, genital feminino), a cada um dos quais se atribui uma pontuação que na somatória determinará a estimativa da idade gestacional. Este é um método modificado da versão original sendo agregados alguns itens, permitindo assim a avaliação de RN com IG a partir de 20 semanas. A correlação entre o NBS e a IG calculada pela amenorréia é de 0,97; para o RN < 26 semanas, esta correlação foi mantida quando o método foi aplicado nas primeiras 12 horas de vida. O New Ballard é bastante preciso quando aplicado até 12-20 horas após o nascimento, pode ser aplicado em prematuro extremo, requer pouca manipulação e sofre pouca influência por depressão neurológica. Atualmente, é o escore de avaliação de idade gestacional mais utilizado em prematuros e neonatos a termo. NEW BALARD 14 PEDIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS EXAME NEUROLÓGICO POSTURA Com o RN em repouso, observar a atitude dos 4 membros. O. Deflexão total dos 4 membros. 1. Flexão ligeira dos quadris e joelhos. 2. Flexão moderada ou acentuada dos membros inferiores e discreta flexão do antebraço. 3. Membros inferiores em flexão, quadris abduzidos, com membros superiores com alguma flexão (posição de batráquio). 4. Os quatro membros apresentam flexão igual e forte. ÂNGULO DE FLEXÃO DO PUNHO Flexionar a mão sobre o punho, exercendo pressão suficiente para obter o máximo de flexão possível. Medir o ângulo entre a iminência hipotenar e a face anterior do antebraço. RETRAÇÃO DO BRAÇO Flexionar ao máximo o antebraço durante 5 segundos, em seguida estender ao máximo através de 185 tração das mãos, soltando em seguida observando o ângulo entre o braço e antebraço. ÂNGULO POPLÍTEO Com o RN em decúbito dorsal e a pelve apoiada na superfície da mesa de exame, a perna é flexionada por completo sobre a coxa com uma das mãos, e com a outra mão a perna é estendida, observando-se o ângulo obtido. SINAL DO XALE Com o RN em decúbito dorsal, segurar umas das mãos e levá-la o máximo possível em direção ao ombro do lado contralateral. Permite- se levantar o cotovelo sobre o corpo. A contagem de pontos se faz segundo a localização do cotovelo. -1: cotovelo ultrapassa a linha axilar do lado oposto. O: cotovelo atinge a linha a linha axilar anterior contralateral. 1: permanece entre a linha axilar contralateral e a linha média. 2: cotovelo na linha média do tórax. 3: cotovelo não chega à linha média do tórax. MANOBRA DE CALCANHAR-ORELHA Levar um dos pés ao máximo possível em direção à cabeça, mantendo a pelve sobre a mesa. Atribua os pontos conforme a figura. 15 PEDIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS exame clínico No item superfície plantar medir o comprimento dos pés, da extremidade do primeiro artelho até a extremidade do calcanhar. Atribuir pontuação menos 1 quando a medida obtida estiver entre 40 e 50 mm e pontuação menos 2 quando a medida encontrada for inferior a 40 mm. No item olhos-orelhas avaliar o grau de dificuldade encontrado para a abertura forçada das pálpebras. Frouxamente aderidas no caso de uma ou ambas poderem ser separadas com leve tração. Fortemente aderidas quando ambas as pálpebras não são separadas por leve tração. macrossômicos O termo macrossomia é usado para descrever recém-nascidos (RN) com peso ao nascimento superior a determinado limite, não consensual na literatura.1 Estudos prévios têm usado como definição de macrossomia neonatal peso ao nascimento superior a 4000, 4500 ou 5000 g, independentemente da idade gestacional.2,3 O relatório do Consenso sobre Diabetes e Gravidez de 2011, publicado pela Direção- Geral da Saúde (DGS), define macrossomia neonatal como peso ao nascimento igual ou superior a 4000 g.4 A prevalência de RN com peso superior a 4000 g varia em diferentes populações entre 5 e 20%. A maior proporção foi encontrada nos países nórdicos.1 Com o aumento da prevalência de diabetes mellitus e obesidade das mulheres em idade reprodutiva, é expectável um aumento paralelo dos RN macrossómicos. A macrossomia aumenta o risco de complicações para a mãe e para o RN. Desproporção feto-pélvica, maior necessidade de parto por cesariana, traumatismo perineal, aumento do tempo de internamento após o parto e necessidade de transfusão sanguínea são as complicações maternas mais frequentes.5,7,9 A distócia de ombros é uma complicação neonatal bem estabelecida, podendo ocorrer, associadas ou não a esta, fratura da clavícula ou lesão do plexo braquial.16,17 Recém-nascidos macrossómicos apresentam maior risco de baixo índice de Apgar ao 5º minuto, síndrome de aspiração meconial, hipoglicemia ou doença das membranas hialinas Dados de grandes registros mostram que o risco de morte perinatal, especialmente de natimortalidade pré-parto, aumenta com o avançar da idade gestacional. Se o risco é calculado com base no número de casos de gravidez em curso, a idade gestacional de alto risco fetal específico atinge um ponto mais baixo em 37-38 semanas e depois começa a aumentar lentamente; depois de 41 semanas, os riscos aumentam substancialmente; no entanto, o risco absoluto ainda é baixo:1 a 2 mortes por 1.000 gravidezes em curso, entre 41 e 43 semanas. Vários riscos fetais podem ser enumerados, porém os mais relevantes são: crescimento fetal e placentário inadequado após 41 semanas, alterações degenerativas placentárias crescentes, incidência progressiva de líquido meconial, volume reduzido de líquido amniótico, oxigenação e nutrição fetal deficientes, unidade fetoplacentária gradualmente lesada, índices aumentados de sofrimento fetal, asfixia intrauterina, aspiração de mecônio (a mais temida complicação), fratura óssea, paralisia nervosa periférica, pneumonia, septicemia e mortes perinatais. O abortamento é definido como a interrupção da gravidez antes de atingida a viabilidade fetal. A Organização Mundial da Saúde estabelece como limite para caracterizá-lo a perda deconceptos de até 22 semanas ou 500 gramas. Os termos “abortamento” e “aborto” algumas vezes são empregados como sinônimos, porém “abortamento” refere-se ao processo e “aborto”, ao produto eliminado. O abortamento é a mais comum intercorrência obstétrica. Até 20% das gestações evoluem para aborto antes de 20 semanas, sendo que, destas, 80% são interrompidas até a 12ª semana. A perda de gestações subclínicas ou não diagnosticadas é ainda maior, podendo chegar a 30%. A frequência diminui com o avançar da idade gestacional, sendo que o risco geral de abortar depois da 15ª semana é baixo (0,6%). O abortamento é dividido em precoce e tardio, respectivamente, se ocorre antes ou após a 12ª semana de gestação. FATOR DE RISCO • Idade: o risco de aborto aumenta com o avançar da idade materna, chegando a 40% aos 40 anos e 80% aos 45 anos; • Antecedente de aborto espontâneo: aumenta após duas ou mais perdas; • Tabagismo: o consumo de mais de 10 cigarros por dia aumenta em cerca de 1,5 a 3 vezes a chance de abortar. O tabagismo paterno também pode ser prejudicial. Dessa forma, os casais devem ser encorajados a abandonar o hábito; • Consumo de álcool e drogas; • Uso de anti-inflamatórios não hormonais: pode aumentar o risco de abortar se usados próximos à concepção. O uso de acetaminofeno, no entanto, constitui opção segura; • Cafeína: alguns estudos mostram associação entre alto consumo de cafeína (mais que quatro xícaras de café expresso por dia) e abortamento, mas os dados ainda são um pouco controversos; • Extremos de peso: IMC < 18,5 ou > 25. PÓS-TERMO ABORTO 16 PEDIATRIA | HAB. CLÍNICAS | MEDICINA | RAYSSA OLIVEIRA SANTOS ETIOLOGIA Anormalidades cromossômicas: são as causas mais comuns, responsáveis por até 50% das perdas gestacionais precoces. Decorrem de gametas anormais, fertilização anômala ou irregularidades na divisão embrionária. A maioria acontece por acaso, não sendo decorrentes de “defeitos herdados” da mãe ou do pai. A alteração cromossômica mais frequente no aborto é a Trissomia do cromossomo 16. Só podem ser confirmadas quando o material de aborto é enviado para análise citogenética. Alterações uterinas: podem ser congênitas ou adquiridas. Dentre as congênitas, temos as malformações uterinas – útero bicorno, septado, didelfo e unicorno. São alterações na forma do útero que podem piorar o sítio de implantação e a vascularização, aumentando o risco de perda gestacional. A mais comum delas é o útero septado, também o único passível de correção cirúrgica. Nos demais casos, devem ser oferecidos apenas orientação e segmento. Dentre as alterações adquiridas, temos os leiomiomas e as sinéquias (aderências). Sugere- se que sejam corrigidas cirurgicamente quando são de grande dimensão e deformam a cavidade uterina. Fatores endócrinos: alterações na produção de progesterona e dos hormônios tireoidianos podem, a rigor, prejudicar o desenvolvimento de um embrião normal, mas sua relação exata com o abortamento ainda permanece controversa. O diabetes insulino-dependente mal controlado também aumenta o risco de perda. Fatores imunológicos: são causas de abortamento de repetição, não devendo ser pesquisados na perda precoce eventual. Infecções: os principais processos infecciosos que podem levar ao abortamento são rubéola, toxoplasmose, parvovirose, citomegalovírus, HIV, sífilis e listeriose. Sem causa aparente: na maioria das vezes não se determina a etiologia da perda gestacional.
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