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Curso: Licenciatura em Química Disciplina: Direitos Humanos Professora: Dr. Lediane Fani Felzke Discente: Eduardo Aquino Santos O papel dos docentes e das instituições de ensino, no combate ao preconceito de negros e indígenas. A formação da sociedade brasileira é pluralista deste a colonização, resultante da inserção de grupos distintos: os portugueses, negros e indígenas. O confronto intercultural e étnico, destes grupos formulou um país altamente miscigenado, com diferenças que vão além da cultura e etnia. A hierarquia de classes estabelecida, acentuou as diferenças entre colonos e colonizadores, desnudando a distância social e a desigualdade imposta a negros e indígenas (MENEZES, 2003; FERNANDES, 2005). Mesmo com os esforços para subjugar a identidade e cultura dos colonos, está persistiu vigorosamente, e eventualmente incorporou-se a cultura dos colonizadores, fato que mais tarde, veio a ser usado na construção do mito da igualdade racial. A forma organizacional opressora dos colonizadores expandiu-se a educação, ignorando as marcas históricas e culturais. Fator que ajuda na compreensão da incapacidade das estruturas educacionais lidarem com pluralidade e diversidade sociocultural. Em especial, no que tange, o trabalho com crianças e jovens, normalmente negras e indígenas (FERNANDES, 2005). As politicas de educação no Brasil, se mostram insuficientes no combate ao preconceito racial, que marca historicamente o acesso a escolarização, a permanência e aprendizagem. Há, uma dificuldade em fazer com que a educação abrace a diversidade, visto que o processo educacional sempre teve viés unidirecional, normalizador e monocultural. Neste sentido, a diversidade por si só, se caracteriza como um problema ao currículo, ao projeto político pedagógico e aos professores, uma vez que estes, não foram estruturados a fim de atender processos educacionais multiculturais. O docente é parte fundamental da narrativa e detém um papel fundamental na compreensão e mudança dos aspectos envolvidos na discriminação na escola (ALMEIDA de et al, 2005; ROMÃO, 2008; GUIMARÃES, 2017) Neste sentido, as ações para o combate ao preconceito racial nas escolas devem ser multidirecionais, com a atuação do governo, da instituição de ensino, da família e dos professores. Neste artigo restringiremos as discussões acerca do papel das instituições e dos docentes. Os trabalhos de Santana (2016), Trevisan e Dalsin (2015), Rosemberg, Basilli e Silva (2003), expressão a presença do preconceito racial em livros didáticos, ilustrando a importância da realização de análise minuciosa no que tange a escolha das obras que iram compor o acerco de livros da escola. Visto que são fonte de informação e alicerce na formação educacional, especialmente nos anos iniciais do ensino. No que refere-se ao professor, este deve promover oportunidades para que os alunos desenvolvam-se, de forma a não estimular a exclusão ou diferenciação de brancos, negros e indígenas, contribuindo assim para a valorização da diversidade. Contrapondo-se ao que ocorre frequentemente, a omissão do papel educador, pelo negligenciamento de condutas discriminatórias, quando não trabalha-se situações de choque de culturas e preconceitos, ignorando os prejuízos futuros ao educando, como discorre Cavalleiro (2004): “[...] inconscientes os atos dos professores em relação às crianças negras, suas atitudes magoam e estigmatizam a criança pela vida afora, já que as repercussões psicológicas tendem a perdurar, mesmo cessada a violência e a discriminação” Na mesma ótica, Munanga (2005), aponta que o professor, como mediador do conhecimento deve mostrar aos alunos que: “Que a diversidade não constitui um fator de superioridade e inferioridade entre os grupos humanos’, e ‘ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferença, sobretudo quando esta foi negativamente introjetada em detrimento de sua própria natureza humana”. Os trabalhos de Alexandre e Abramowicz (2019) e Santos et al (2014) expõem situações de preconceito e racismo no ambiente escolar por parte dos professores, técnicos e gestores, que opõem-se ao discurso que nega a presença ou pratica destas ações no meio escolar. A classificação, comparação de alunos brancos com negros, e de negros brasileiros com haitianos, além do uso de termos pejorativos ao se referir a negros e indígenas, mostra a maneira a qual a escola aborda as diferenças étnicas e culturais. A formação docente é parte crucial para o enfrentamento ao preconceito racial, o despreparo conduz a tomada de decisões equivocadas, além de que, a falta de formação é um dos argumentos apontados como limitadores nos processos educacionais multiculturais. Programas de formação continuada e cursos de formação na modalidade EAD para professores, são opções apontadas como medidas de enfrentamento imediato, que seriam substituídas gradativamente por intervenção direta na formação, ou seja, a inserção destas temáticas no âmbito da formação docente ainda na universidade (ORLANDO e FERREIRA, 2014; AROCHA et al, 2007; ROHDEN, 2009). O desenvolvimento de atividades paralelas ao ensino, pelas instituições, como projetos culturais e trabalhos em grupos extraclasses são apontados por Autiello e Moura (2017), Pinto (2017) e Matos, Bispo e Lima (2017) como opções ao enfrentamento ao preconceito, promovendo a interação e educação da diversidade étnico-racial. Debates sobre questões étnicas e raciais, exposição de ideias e a realização de feiras culturais aproximariam culturas, agindo como agente diminuidor de distância sociocultural A nível institucional/governamental a lei de cotas representa uma das maiores medidas de combate ao preconceito, por sua vez, sua configuração diverge em opiniões, dividindo-se em dois grandes grupos, favoráveis e contrários. Os argumentos de cada discurso são vastos, desde: “as cotas reforçam as desigualdades” há “as cotas corrigem a desigualdade social criada pelo estado desde a colonização” (Da silva et al, 2020). Neste paradigma, Segato (2006) discorre que as cotas por si só não corrigem o problema da desigualdade social, todavia colaboram para a diminuição da mesma, ao permitirem o maior acesso à educação de qualidade: “[...] Constatei, de fato, por meio de entrevistas, que uma democratização profunda do acesso à educação naquele país levou muitos estudantes negros e pobres a profissões de prestígio, antes inacessíveis, mas não erradicou o problema racial [...]” A temática étnico-racial é complexa, e deve ser analisada sobre vários ângulos, todavia os estudos sugerem que o desenvolvimento de atividades em grupos, debates e exposições culturais com os alunos das escolas, dá abrangência e notoriedade, contribuindo no combate ao preconceito. Ainda mais quando associada a formação técnica dos professores e gestores, outro fator que agrega neste processo, é a efetivação documental das mudanças por meio da curricularização de temáticas étnico raciais e a a atualização dos projetos político pedagógicos das instituições. Referências: MENEZES, Waléria. O preconceito racial e suas repercussões na instituição escola. Cadernos de estudos sociais, v. 19, n. 1, 2003. FERNANDES, José Ricardo Oriá. Ensino de história e diversidade cultural: desafios e possibilidades. Cadernos Cedes, v. 25, n. 67, p. 378-388, 2005. ALMEIDA, Carmen Lúcia de et al. Da igualdade de direitos ao direito à diferença: interfaces no cotidiano de uma escola plural. 2005. ROMÃO, José Eustáquio. Educação. Dicionário Paulo Freire. Belo Horizonte: Autêntica, p. 150-152, 2008. CAVALLEIRO, Eliane. Identificando o racismo, o preconceito e a discriminação racial na escola. In: SILVEIRA, ia LMarúcia, GODINHO, Tatau (orgs.). et al. Educar para a igualdade: Gênero e Educação Escolar. São Paulo: Coordenadoria Especial daMulher. Secretaria Municipal de Educação, 2004. ROSEMBERG, F.; BASILLI, C.; SILVA, P. V. B. Racismo em livros didáticos brasileiros e seu combate: uma revisão da literatura. Educação e Pesquisa, São Paulo, v. 29, n. 1, p. 125-146, 2003. SANTANA, M. S. Uma polêmica historiográfica e sua permanência espectral na história escolar. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, Araraquara, v. 11, n. 3, p. 1481- 1495, 2016. TREVISAN, A. C. R.; DALSIN, A. O que as imagens dos livros didáticos de Matemática nos dizem sobre multiculturalismo? Educação, Matemática, Pesquisa, São Paulo, v. 16, n. 2, p. 459- 478, 2014. GUIMARÃES, Antônio Sérgio A. Preconceito racial: modos, temas e tempos. Cortez Editora, 2017. ORLANDO, A. F.; FERREIRA, A. J. A sensibilização sobre a diversidade étnico-racial na formação inicial e/ou continuada de professores de línguas. Acta Scientiarum, Maringá, v. 36, n. 2, p. 207-216, 2014. AROCHA, J. et al. Elegguá y respeto por los afrocolombianos: una experiencia con docentes de Bogotá en torno a la Cátedra de Estudios Afrocolombianos. Revista de Estudios Sociales, Bogotá, n. 27, p. 94-105, 2007 ROHDEN, F. Gênero, sexualidade e raça/etnia: desafios transversais na formação do professor. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 39, n. 136, p. 157-174, 2009. MUNANGA, Kabengele (org.). Superando o racismo na escola. Brasília: MEC/SECAD, 2005 SANTOS, Carina Feitosa dos et al. Escola e preconceito: relações raciais na ótica dos professores. 2014. PINTO, K. C. G. Baixada afro-brasileira: valorização das manifestações artísticas e culturais. Relacult, Jaguarão, v. 3, p. 109-120, 2017 MATOS, M. S.; BISPO, A. M. C.; LIMA, E. A. C. Educação antirracista e a Lei 10.639/03: uma proposta de implementação a partir do novembro negro do IFBA. Holos, Natal, v. 2, p. 349-359, 2017. MOURA, A. L. C.; AUTIELLO, S. L. M. A imprensa negra como possibilidade estratégica de trabalho para a formação leitora no espaço escolar. Entreletras, Araguaína, v. 8, n. 2, p. 282- 300, 2017. ALEXANDRE, Ivone Jesus; ABRAMOWICZ, Anete. Relações raciais: o olhar dos professores sobre as crianças migrantes haitianas nas escolas de Sinop no Mato Grosso. Crítica Educativa, v. 5, n. 1, p. 31-44, 2019. DA SILVA, Raul Guilherme Cândido; PEREIRA, Jerónimo; DE OLIVEIRA, Marília Adrielle Siqueira. As cotas raciais e o acesso ao ensino superior em debate no brasil: uma investigação semântico-discursiva à luz da análise crítica do discurso. Revista Areia, n. 3, p. 20-32, 2020. SEGATO, Rita Laura. Antropologia e direitos humanos: alteridade e ética no movimento de expansão dos direitos universais. Mana, v. 12, n. 1, p. 207-236, 2006. https://virtual.ifro.edu.br/jiparana/mod/resource/view.php?id=52098
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