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1 UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA TRABALHO DE ECONOMIA ALDRIA BARROS MICHELON CARLOS ALBERTO FERREIRA ANGELA CARVALHO DUARTE DE SOUZA JESSICA NUNES FERREIRA DIOGO BRUNER GONÇALVES COSTA Goiânia 2019 2 ALDRIA BARROS MICHELON CARLOS ALBERTO FERREIRA ANGELA CARVALHO DUARTE DE SOUZA JESSICA NUNES FERREIRA DIOGO BRUNER GONÇALVES COSTA TRABALHO DE ECONOMIA Trabalho feito na disciplina de Economia para a obtenção de nota. Orientador: Prof. Walter Rogério Diesel Goiânia,2019 3 Sumário Introdução..................................................................................................4 Alimentação- varejo...................................................................................5 Setor automobilístico.................................................................................9 Setor petroquímico....................................................................................15 Setor financeiro.........................................................................................26 Conclusão.................................................................................................45 Bibliografia................................................................................................46 4 INTRODUÇÃO Mercado financeiro é, por definição, um ambiente de compra e venda de valores mobiliários (ações, opções, títulos), câmbio (moedas estrangeiras) e mercadorias (ouro, produtos agrícolas). Nessas negociações, estão envolvidas diversas instituições, que facilitam o encontro entre agentes e regulam e fiscalizam as transações. Como vimos, o mercado financeiro funciona de forma a aproximar agentes, como um investidor e um tomador de recursos. Eles não precisam conversar ou estabelecer contato entre si, pois essa ponte é feita através de aplicações da própria instituição financeira. Dessa forma, você pode investir seu dinheiro aplicando em um CDB e acabar fornecendo o capital necessário para que a instituição financeira ofereça um empréstimo a um empresário que precisa de capital de giro para o seu negócio. Assim, o resumo é que quem possui recursos em excesso empresta para quem sofre com sua falta (e demonstra capacidade de pagar). Para normatizar o mercado, existem diversos órgãos importantes, entre eles: Conselho Monetário Nacional (CMN), o Conselho Nacional de Seguros Privados (CNSP) e o Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC). Eles dão as diretrizes operacionais a partir das quais as instituições financeiras se baseiam. E quando falamos em “mercado” ou “mercado financeiro”, não se trata apenas de títulos de renda fixa ou de ações na bolsa. Veja como o mercado financeiro é dividido: Mercado de crédito: trata dos empréstimos bancários. É o mercado que você acessa ao solicitar um financiamento ou usar o cheque especial. Mercado aberto: cuida das empresas com capital aberto, ou seja, que negocia suas ações através da bolsa de valores, que regula a oferta e a demanda pelos papéis das companhias. Mercado de câmbio: é a plataforma de negociação de moedas estrangeiras da relação justa entre as moedas dos países. https://www.btgpactualdigital.com/blog/investimentos/acoes/tudo-sobre-acoes/ 5 ALIMENTAÇÃO – VAREJO O varejo de alimentos no mundo encontra-se segmentado em diferentes tipos de lojas. Alguns desses formatos, no entanto, não são encontrados no Brasil, onde os principais são os de supermercados e hipermercados. Os supermercados caracterizam-se pela venda predominante de alimentos frescos ou mercearias e artigos de higiene e limpeza, apresentam alto giro e baixa margem, mantêm preços competitivos, trabalham com o conceito de auto serviço e contemplam um mínimo de dois check-ups e uma área de vendas superior a 350 m2. Os hipermercados caracterizam-se pela venda de alimentos, artigos de higiene e limpeza, eletrodomésticos, vestuário e artigos para o lar, apresentam alto giro e baixa margem, trabalham com o conceito de auto serviço e contemplam uma superfície de vendas, em geral, acima de cinco mil m2. Além desses formatos, destacam-se, ainda, no varejo alimentar brasileiro, os minimercados, as lojas de balcão e as feiras livres. Os minimercados vendem alimentos e artigos de primeira necessidade, com variedade e profundidade restritas, apresentam margens mais elevadas e auto serviço e localizam-se, geralmente, em vizinhanças de grande circulação e em pequenas instalações, com área máxima de 250 m2. Os formatos de hipermercados e supermercados são os que apresentam similaridade ou semelhança com os conceitos utilizados pelas grandes cadeias internacionais e onde se têm concentrado as grandes mudanças estratégicas, em nível mundial, embora com reflexos em todos os demais segmentos do varejo alimentar. Considerações sobre as Principais Cadeias Mundiais do Varejo de Alimentos. O Cenário de Alterações de 1998 no Ranking Mundial do Varejo de Alimentos. 6 Em 1998, as 10 maiores redes mundiais do segmento varejista de alimentos obtiveram vendas globais da ordem de US$ 466,7 bilhões, sendo que somente a rede norte-americana Wal-Mart, líder mundial, participou com quase 30% desse total. A Tabela 1 apresenta um perfil dessas principais redes mundiais do segmento varejista de alimentos. Conforme se pode observar, o ano de 1998 foi caracterizado por mudanças no posicionamento de algumas grandes cadeias, refletindo a continuidade das operações de fusão entre elas e resultando na constituição de grandes redes, característica atual bastante marcante, por exemplo, no mercado varejista de alimentos norte-americano. A rede Kroger foi alçada à terceira posição, em 1998, principalmente em função da aquisição das redes Fred Meyer e Ralph, dentre outras. Por sua vez, a Albertson foi elevada à quinta posição a partir da aquisição da terceira maior rede norte-americana, a American Stores, operadora de algumas conhecidas redes de supermercados, como Jewel Osco, Acme Markets e Lucky. As Tabelas 2 e 3, a seguir, apresentam alguns importantes dados econômico-financeiros das redes Albertson e American Stores, o que ilustra a pujança da associação realizada. A Crescente Internacionalização do Segmento Varejista de Alimentos. Os cenários atual e prospectivo do segmento varejista de alimentos no mundo apontam para um movimento de fusões, incorporações, associações e aquisições locais e globais, refletindo uma manifestação resultante do próprio processo de internacionalização econômica, como, por exemplo, se observou na França, onde o movimento de fusões e aquisições foi bastante significativo (Tabela 6.) A Wal-Mart, líder mundial no segmento de varejo de alimentos, após adquirir as redes alemãs Wertkauf e Interspar, demonstra intenção de ingressar em outros países do continente europeu, estratégia que já preocupa, inclusive, os varejistas franceses. É interessante destacar, entretanto, que uma possível entrada da Wal-Mart no mercado francês deverá ser caracterizada por um ambiente bastante competitivo, tendo em vista as diferenças significativas de cultura, hábitos de consumo, dentre outros fatores. O supercenter, aliás, é considerado uma adaptação norte-americana 7 dos hipermercados franceses. A Tabela 7 apresenta algumas diferenças existentes entre os hipermercados franceses e os supercenters Wal-Malk. O segmento de comércio varejista de alimentos no Brasil sobre o Varejo vem passando por um processo de reestruturação e consolidação bastante acentuado, caracterizado, principalmente, pela entrada de alimentos novas cadeias varejistas, com atuação global,e por operações no Brasil societárias expressivas, a exemplo de incorporações e associações entre empresas varejistas. Perfil do Segmento Varejista de Alimentos no Brasil. Em 1998, de acordo com a Associação Brasileira de Supermercados (Abras), o faturamento do segmento varejista de alimentos, da ordem de US$ 47,7 bilhões (R$ 55,5 bilhões), representou, aproximadamente, 6,1% do PIB do país. No período 1994/98, o faturamento nominal, medido em reais, cresceu cerca de 59% (ou incremento de 27,2%, em dólares). De acordo com estimativas preliminares da Abras, o faturamento nominal do segmento, em 1999, deverá totalizar R$ 65 bilhões, o que representará um crescimento da ordem de 17,1%, comparativamente a 1998. Em 1999, conforme o censo elaborado pelo instituto de pesquisas ACNielsen, observou-se um crescimento expressivo do número de lojas do tipo auto serviço (supermercados e hipermercados), da ordem de 19,6%, comparativamente a 1998, alcançando, assim, 57.080 pontos de venda. No mesmo período, o crescimento do número de lojas de varejo tradicionais (principalmente armazéns e mercearias) foi de apenas 1,8%, atingindo 262.348 pontos de venda, sendo que esse baixo desempenho está associado à transformação dessas lojas para o tipo auto serviço, “como forma de se manterem competitivas no mercado, buscando assim construir uma imagem de modernidade junto aos seus consumidores” [Abras (nov. 1999, p. 101-102)]. O processo de concentração deverá se intensificar principalmente nos grandes centros urbanos, como São Paulo e Rio de Janeiro, onde um pequeno número de lojas do tipo auto serviço (em sua maioria, hipermercados) dominará o mercado. Porém, isso não deverá obstar a sobrevivência de pequenas cadeias varejistas, com atuação 8 localizada, bem como de lojas de conveniência, que disponham de um bom nível tecnológico e de uma adequada política de atendimento e serviços às suas clientelas. O aumento da concentração no segmento começa, por outro lado, a encorajar os pequenos e médios varejistas a constituir consórcios, a exemplo da Rede Economia, situada no Rio de Janeiro, permitindo, portanto, o ingresso de novas empresas nesse mercado. Fusões, incorporações, associações e aquisições, sendo a mais recente a associação entre os grupos franceses Carrefour e Promodes. No Brasil, a tendência observada é de aumento na concentração da oferta, com a incorporação pelos grandes varejistas, principalmente Carrefour e Companhia Brasileira de Distribuição (grupo Pão de Açúcar), das lojas ou do próprio controle societário de pequenos e médios varejistas. Em 1999, por exemplo, o Carrefour promoveu as seguintes aquisições: HiperManaus, Planaltão, Roncetti, Mineirão, Rainha, Continente e Dallas. Além disso, o país vem presenciando o ingresso de cadeias varejistas internacionais, como, por exemplo, Wal-Mart, Royal Ahold (via Bompreço), Sonae, Jerônimo Martins e Casino (via Pão de Açúcar), atraídas, dentre outros motivos, pela significativa amplitude do mercado consumidor interno. Recentemente, especulou-se sobre o ingresso, no Brasil, da rede varejista alemã Metro AG. Lojista de Distribuição Quanto à logística de distribuição, nos últimos anos tem-se observado, a partir dos novos investimentos realizados pelas empresas do segmento de supermercados e hipermercados, que uma parcela significativa dos mesmos é destinada à construção e implantação de centros de distribuição de grande porte, alguns, aliás, financiados pelo BNDES. Os benefícios decorrentes, em termos de economias de custos operacionais, mostram-se significativos, tendo em vista a otimização propiciada na logística de fornecimento. No que se refere à geração de empregos, no período 1994/98 observou-se, para o segmento de supermercados e hipermercados, uma tímida evolução na 9 ocupação de empregos diretos, como decorrência, principalmente, dos avanços tecnológicos absorvidos pelo segmento, no âmbito de um intenso processo de reestruturação empresarial, os quais foram implementados por meio de investimentos específicos, tais como: “automação comercial; modernização da tecnologia de informação; mudanças nos modelos gerenciais, através da modernização dos métodos de gestão, profissionalização e gerência por categoria de produtos; ampliação das formas de crédito ao consumidor; otimização da área de vendas; e melhorias na qualidade de atendimento ao consumidor” Considerando-se os aspectos abordados anteriormente, a presença do BNDES, como supridor de fontes de capital necessárias à alavancagem de projetos do segmento de supermercados e hipermercados, mostra-se essencial. Setor automobilístico O setor automotivo tem importante participação na estrutura industrial mundial. No Brasil, representa cerca de 22% do PIB industrial. Devido aos seus encadeamentos, é um setor cujo desempenho pode afetar significativamente a produção de vários outros setores industriais. Na maior parte dos casos, as empresas desse setor são transnacionais, as quais operam em escala global ou no atendimento de regiões geográficas específicas, por meio de multiplantas, que produzem nos diferentes locais, geralmente, os mesmos tipos e modelos de veículos. Observa-se, assim, uma divisão do trabalho dentro da cadeia de valor do produto. Sob essa lógica de modelo ‘global’ de competição, as montadoras estão cada vez mais integradas com suas subsidiárias em rede e com uma maior convergência entre as estratégias das unidades centrais com as de suas filiais. Assim, as subsidiárias passaram a homogeneizar a oferta de produtos – plataformas globais, bem como o padrão de fabricação e de organização do espaço produtivo, com algumas adaptações às particularidades do ambiente local de concorrência (tropicalização, no caso do Brasil). 10 SETOR AUTOMOTIVO NO BRASIL A produção mundial de veículos em 2016 foi de 72,1 milhões de unidades, dos quais 1,77 milhões foram produzidos no Brasil, o que o classifica como 10º maior produtor mundial de veículos, atrás da China, Estados Unidos, Japão, Alemanha, Índia, Coréia do Sul, México, Espanha e Canadá. No que tange ao tamanho do mercado, em igual ano o Brasil comercializou 2,05 milhões de veículos, atrás da China (28 milhões), Estados Unidos (17,8 milhões), Japão (4,9 milhões), Alemanha (3,7 milhões), Índia (3,6 milhões), Reino Unido (3,1 milhões) e França (2,4 milhões), apresentando-se como o 8° maior mercado. A indústria automobilística brasileira, em grandes números, pode ser assim resumida: • 31 fabricantes (veículos e máquinas agrícolas e rodoviárias); 590 fabricantes de autopeças; e 5592 concessionárias (2017). • 67 unidades industriais em 11 estados e 54 municípios. • Capacidade produtiva instalada de 5,05 milhões de unidades de veículos, e de 109 mil unidades de máquinas agrícolas e rodoviárias. • Faturamento (incluindo autopeças), em 2015, de U$ 59,1 bilhões. • Investimentos, no período 1994-2012, de U$ 68,0 bilhões. • Produção acumulada de veículos montados, no período 1957-2016, de 75,8 milhões de unidades de veículos, e 2,6 milhões de máquinas agrícolas e rodoviárias, no período 1960-2016. • Exportações de U$ 17,9 bilhões e importações de U$ 17,8 bilhões em 2016 (incluindo autopeças). • Empregos diretos e indiretos totalizando 1,3 milhão de pessoas. • Participação de 22,0% no PIB Industrial e de 4,0% no PIB Total (2015) • Geração de U$ 39,7 bilhões de tributos, em 2015, entre IPI, ICMS, PIS, COFINS e IPVA. 11 • Ranking mundial em 2016: 10º maior produtor e 8º mercado interno. DUAS RODAS Outro setor importante para a economia brasileira é o setor de Duas Rodas – motocicletas e bicicletas. Especialmente nas últimas décadas, a motocicleta passou a desempenhar importante papel para a economia nacional devido à criação de novos ofícios atrelados a este veículo, como “mototáxi”e “motofrete”, o que resultou em aumento da participação desses veículos na frota geral. A participação das motocicletas passou de 11,5%, em 1998, para cerca de 26,5% em 2014. O Brasil é um grande produtor de motocicletas, atingindo a produção de mais de 2,1 milhões de motocicletas em 2011. Devido a dificuldades relacionadas à aprovação de financiamento para motocicletas, houve uma queda nas vendas nos anos posteriores. Em 2016, foram produzidas 887 mil motocicletas, 30% a menos do que em 2015, quando foram produzidas 1,26 milhões de unidades. Cabe ressaltar que a quase totalidade da produção de motocicletas é realizada no Polo Industrial de Manaus da Zona Franca de Manaus (ZFM). O Polo de Duas Rodas é um dos mais importantes da ZFM e responde por cerca de 20% do faturamento do Polo Industrial de Manaus, atrás apenas da indústria de eletroeletrônicos, que responde por mais de 30%. O polo de motocicletas gera cerca de 13 mil postos diretos de trabalho e é uma importante referência quando se fala em adensamento da cadeia produtiva, pois atinge índices de até 90% de nacionalização da produção de alguns modelos de motocicletas. A Zona Franca de Manaus foi criada em 1967 com o objetivo de se estimular o desenvolvimento daquela região. A ZFM é uma área de livre comércio de importação e de exportação e de incentivos fiscais especiais, estabelecida com a finalidade de criar no interior da Amazônia um centro industrial dotado de condições econômicas que permitam seu desenvolvimento, em face dos fatores locais e da grande distância a que se encontram os centros consumidores de seus produtos. 12 O setor de Duas Rodas passou a integrar a Zona Franca de Manaus na década de 1970, com a chegada da Honda, que abriu o segmento de motocicletas, e da Caloi, que já havia iniciado a produção de bicicletas. A Yamaha foi a segunda marca de motocicletas a se integrar ao polo, em 1985. A partir daí o crescimento foi contínuo e, em 2012, 12 fabricantes de motocicletas já estavam instalados no Polo Industrial de Manaus. PNEUMÁTICOS: O setor de pneumáticos brasileiro fechou o ano de 2016 com cerca de 68 milhões de unidades produzidas. De acordo com a Associação Nacional da Indústria de Pneumáticos – ANIP, a indústria produtora de pneus é responsável por cerca de 24,2 mil empregos diretos e por mais de 100 mil empregos indiretos. O principal canal de vendas da indústria brasileira de pneus é o mercado de reposição e a rede de revendedores, que chega a 63,4% da produção total do setor. As montadoras responderam por 18,2% do total em 2016, e as exportações representaram cerca de 18,5% da produção. Estrutura de mercado Essas indústrias se apresentam em um número relativamente pequeno. Tanto é que uma das principais queixas é a baixa concorrência. Por esse motivo, vamos classificar a estrutura de mercado do setor automotivo como oligopólio. Oligopólio é uma estrutura de mercado na qual poucas firmas ofertam produtos que podem ou não ser diferenciados. Considerando o carro um produto homogêneo, percebemos que o mercado consumidor de carros é muito grande em relação ao número de firmas (muito pequeno) que o ofertam, ou seja, poucas empresas são responsáveis por abastecer o mercado. Percebe-se que existe uma limitação da capacidade produtiva individual, ou seja, essa é muito menor do que a capacidade que o mercado tem de absorver a produção. 13 Em outras palavras: a demanda total do mercado é muito maior que a capacidade de produção das firmas instaladas. Por isso, ela não venderá mais se concorrer por preços, pois a sua capacidade produtiva já está dimensionada para o nível de oferta que ela deseja. É certo que atualmente a demanda é maior que a oferta; existem muitos modelos com prazo de entrega superior a 60 dias. No entanto, ofertar mais significa aumentar o investimento, contratar mais funcionários e aumentar os custos de produção, o que pode não ser interessante para as firmas. Caro leitor, por acaso você já teve a sensação de que os carros de uma categoria possuem, na maior parte das vezes, o mesmo conjunto de equipamentos, especificações semelhantes e preços muito próximos, independentemente da marca? Na busca pelo meu carro novo, eu sempre tinha essa sensação e acabei chegando à conclusão de que não se trata apenas de uma sensação: isso realmente ocorre. Então, o que observamos é que as firmas do setor automotivo cooperam entre si de forma a maximizar os seus lucros. Elas possuem um comportamento parecido com um cartel, atuam de forma coordenada precificando seus produtos em valores muito acima do que seriam caso não houvesse cooperação. Note que não estou afirmando que existe de fato um cartel formado pelas montadoras. Não acredito que isso ocorra. Na verdade, o que percebo é que existe uma cooperação entre as indústrias do setor, feita através de sinalizações sutis, como, por exemplo, propagandas com preços e condições de pagamentos feitas por uma empresa e seguidas pelas demais. Geralmente, reajustes nos preços para mais ou para menos são realizados na mesma época pela maioria das empresas do setor, ou, pelo menos, pelas mais representativas. Enquanto o mercado está aquecido e possui uma forte demanda, esse tipo de comportamento pode ser observado. No entanto, a cooperação entre as firmas 14 termina nos momentos de crises, quando elas se tornam rivais na busca por clientes. Então, quer dizer que o preço dos automóveis é alto porque o mercado é concentrado? Bem, podemos dizer que esse é um dos principais motivos, mas, além desses motivos, podemos citar outros como: o comportamento irracional do consumidor que possui grande sensibilidade à propaganda, os financiamentos a perder de vista, a sensação de status de ter sempre um carro novo na garagem, o péssimo transporte público. Vamos analisar esses fatos: • Comportamento irracional do consumidor: Vocês já perceberam a grande quantidade de carros do tipo 4×4 que circulam nas grandes cidades? São muitos! A explicação para isso é simples: Se o tipo de carro da moda é pick-up, um grupo de consumidores estará disposto a fazer de tudo para comprar uma, mesmo que não tenha necessidade de rodar em estradas de barro, não precise carregar nada na caçamba e o principal uso do veículo seja para passear na cidade, ir ao trabalho e levar as crianças ao colégio. Isso pode ser considerado uma compra irracional. • Financiamentos: Devido à baixa qualidade do ensino de base, o brasileiro é, por natureza, ignorante do ponto de vista financeiro. Não sabe fazer contas e, tampouco, fazer o dinheiro trabalhar a seu favor. O consumidor que quer comprar um carro vai comprar tendo ou não o dinheiro, pois verá que, por exemplo, a entrada de R$ 10.000 + 60 parcelas de apenas R$ 499,00, que pagará por um carro popular básico, caberá no seu orçamento. Note que, a uma taxa de juros de 0,5% ao mês (aproximadamente o valor remunerado pela poupança), essas parcelas mais a entrada geram um montante aproximado de R$ 48.300 após 60 meses; muito caro para um carro popular que, ao final do pagamento, já estará bem depreciado. • Status: Carro não deveria ser sinônimo de status. Carros foram feitos para servir de meio de transporte. Competir com vizinhos ou com parentes trocando de carro 15 todos os anos ou comprando carros cada vez mais caros e desnecessários não pode ser considerado status. Podemos é considerar que a pessoa que age dessa forma não tem capacidade para dimensionar as suas reais necessidades. • Péssimo transporte público: O brasileiro pensa no sofrimento que é encarar 3 horas por dia em pé dentro do ônibus, trem ou metrô lotados. O transporte público no Brasil é caro e de péssima qualidade. Por esses motivos, muitas pessoas preferem passar as mesmas 3 horas diárias do trajeto casa-trabalho-casa no conforto do seu carro. Setor PetroquímicoA indústria petroquímica transforma derivados de petróleo e gás natural, principalmente a nafta e o etano e propano, em produtos petroquímicos, amplamente utilizados por diversos setores industriais. A indústria petroquímica brasileira é, de modo geral, organizada em três setores, caracterizados por estágios diferentes de transformação das matérias-primas petroquímicas. As empresas que atuam em cada um dos diferentes estágios são conhecidas como empresas de primeira, segunda e terceira gerações. As empresas de primeira geração fazem o craque amento do nafta, proveniente do refino do petróleo e do etano e propano, ambos derivados do gás. Na segunda geração, a matéria prima oriunda do craque amento, ou insumo básico, é processada gerando diversos produtos petroquímicos intermediários, como o polietileno, o polipropileno e o PVC. Esses insumos secundários são então transformados em milhares de diferentes produtos finais pelos produtores de terceira geração. O setor atinge amplamente a base de consumo do país ao gerar uma variedade enorme de produtos, que vão desde brinquedos, detergentes e tecidos até autopeças e eletrônicos. No Brasil, o setor petroquímico é formado basicamente por três grandes polos localizados em torno de produtores de primeira geração, distribuídos pelo país. Na 16 Bahia, encontra-se o Polo Petroquímico de Camaçari, fundado em 1978, onde se localiza a Brakem como produtor primário e mais quatorze produtores de segunda geração. No Rio Grande do Sul está o Polo Petroquímico de Triunfo, que iniciou operações em 1982 e onde baseia-se a Copesul, na primeira geração, e mais sete produtores na segunda geração. O terceiro polo encontra-se no Sudeste, dividido entre as operações em São Paulo, mais especificamente em Capuava, fundadas em 1972, e em Duque de Caxias no Rio de Janeiro. No primeiro encontra-se a Petroquímica União como centro de matérias- primas e mais vinte produtores de segunda geração e no segundo está localizada a Rio Polímeros, único produtor nacional a base de gás natural, fundada em 2005, além de dois produtores de segunda geração. O setor brasileiro de terceira geração é extremamente fragmentado, formado por mais de oito mil empresas. A atual estrutura do setor petroquímico no Brasil reflete o projeto do governo brasileiro, elaborado na década de 70, de estabelecer um setor petroquímico que atendesse a demanda nacional. Os produtores de segunda geração foram instalados próximos aos de primeira geração, para possibilitar o uso comum de instalações e facilitar a entrega de matéria-prima, gerando uma forte interdependência entre os produtores das duas gerações. Em 1992, o governo promoveu o processo de 10 privatização do setor petroquímico brasileiro, visando reduzir significativamente suas participações societárias no setor, elevando os investimentos privados e gerando maior eficiência. Com a privatização, o setor se fragmentou e foi gradualmente apresentando aumento das participações cruzadas entre as empresas, além da manutenção da participação minoritária do estado, via Petrobrás. Nos últimos anos, e principalmente em 2007, o processo de consolidação passou a ter maior relevância quando alguns grandes grupos passaram a expandir suas participações através de significantes aquisições. Com os desinvestimentos da Dow Quemicals no país em 2006, a Braskem, a Ipiranga, a Unipar e a Suzano Petroquímica, passaram a ser os maiores grupos atuantes no setor. Com a aquisição dos negócios de distribuição de combustíveis e de segunda geração de 17 petroquímica da Ipiranga, em março de 2007, a Braskem consolidou grande parte dos Polos de Camaçari e Triunfo. O Grupo Ultra e a Petrobrás também fizeram parte do grupo comprador, mas suas participações foram mais significativas no setor de distribuição de combustíveis. O Polo do Sudeste seguiu como o último a ser consolidado, diante da Suzano Petroquímica e a Unipar como os possíveis consolidadores. Em Agosto de 2007, em um ato inesperado pelo mercado, a Petrobrás anunciou a compra da Suzano Petroquímica. A partir desse momento e diante da posição da Petrobras de pretender ter participação minoritária estratégica no setor, espera-se que uma operação ainda ocorrerá entre a empresa e a Unipar, levando a última a ter o controle operacional sobre o Polo do Sudeste. O estudo irá analisar a estrutura do setor petroquímico brasileiro após a consolidação dos três principais polos do país, construindo uma análise fundamentalista da principal consolidadora do setor, a Braskem, estimando seu valor “justo”. O SETOR PETROQUÍMICO BRASILEIRO O setor petroquímico brasileiro tem papel significante no desenvolvimento e crescimento da economia nacional. Sua produção abastece os mais diversos setores e consumidores finais. Segundo a Associação Brasileira de Químicos (ABIQUIM), o setor foi responsável por 3.1% do PIB em 2006. Segundo a matriz industrial brasileira do IBGE, o setor químico é o segundo mais importante no país, respondendo por cerca de 12% do PIB da indústria de transformação nesse ano. 14 O segmento industrial é o maior consumidor de químicos no país, representando mais de 56% de toda produção nacional, o que contrasta com a participação de menos de 40% desse segmento no consumo global de químicos, segundo a Abiquim. Isso é uma característica das indústrias emergentes, que possuem maior foco nos investimentos em infraestrutura e em capacidade manufatureira. Pode-se destacar ao mesmo tempo a evolução na participação do consumo nacional de produtos farmacêuticos (8% em 1990 para 13% do consumo total em 2006) e higiene pessoal (5% para 8%), o que mostra amadurecimento da economia brasileira com a tendência de conversão para os padrões globais. Nos primeiros seis anos da atual década, a indústria brasileira de químicos apresentou crescimento 18 anual superior a 11% em dólares, passando de US$43,6 para US$81,6 bilhões em 2006. Esse valor, quando comparado ao crescimento do PIB nacional de 3,1% ao ano no mesmo período, mostra a evolução da importância da indústria na economia brasileira. • Tabela 1 - Faturamento Líquido da Indústria Química Brasileira (em US$ bilhões) – Fonte Abiquim Quando colocado diante do mercado internacional, porém, o Brasil tem uma escala pequena (em torno de 3% da produção global) e nenhuma vantagem comparativa na produção de petroquímicos para exportação. No que tange as resinas termoplásticas, o crescimento anual do consumo de 1994 à 2006 foi de 6,8% segundo a Abiquin, comparado a um crescimento de 2,9% do Produto Interno Bruto brasileiro. A comparação desses dois números resulta em uma elasticidade de 2,4x entre os dois, o que faz a demanda pelos produtos petroquímicos ser significativamente alavancada ao crescimento da economia nacional. Figura – Consumo Brasileiro de Polietileno, Polipropileno e PVC - Fonte: Abiquim 19 HISTÓRICO DO SETOR O setor petroquímico brasileiro iniciou sua história em no início da década de 1970, com a fundação do polo Petroquímico de São Paulo, em 1972. O final da década de 60 foi marcada por um significante aumento no consumo global de resinas, uma vez que as resinas plásticas estavam começando a serem usadas como substitutas de materiais mais tradicionais, como vidro, papel e madeira em diversas aplicações. Nesse período, o mercado brasileiro era totalmente dependente das importações de resina, pois não existia um parque industrial nacional do setor. Com o aumento dos preços das importações de resina no final dessa década devido a forte demanda global, o governo brasileiro decidiu incentivar a substituição das importações de resina, estruturando um projeto nacional para o setor. Devido as proporções de desembolso de capital necessárias para se realizar investimentos no setor, poucas empresas se apresentaram interessadas nosprojetos, o que resultou na maior participação estatal na formação do parque industrial. 20 Além disso, as barreiras tecnológicas brasileiras na época tornaram necessária a participação de empresas estrangeiras do setor. Sendo assim, o início de vida do setor petroquímico brasileiro ocorreu com uma estrutura tripartiti, entre o governo, por via da Petroquisa (subsidiária da Petrobrás responsável pelas operações petroquímicas), um investidor nacional privado, e um investidor estrangeiro que dominasse a tecnologia. Os três primeiros polos petroquímicos brasileiros (São Paulo, Camaçari e Triunfo), foram formados sob essa estrutura tripartiti, com significativa participação estatal, mas 16 controle privado. A Petrobrás era a única fornecedora de nafta para as produtoras de primeira geração. No projeto do governo brasileiro também estava presente o desenvolvimento vertical do setor, com a instalação de plantas de segunda geração próximas aos craque adores de nafta. A localização próxima aos produtores de primeira geração era considerada estratégica ao facilitar a distribuição de insumos e o compartilhamento de infraestrutura. As plantas de segunda geração eram, em sua maioria, controladas por empresas nacionais e privados, mas o governo tinha controle sobre a coordenação de expansões em toda a cadeia, permitindo sua administração do balanço entre oferta e demanda nacional. Em meados da década de 1980, diversos sócios estrangeiros que haviam investido no setor, quando desenvolvido na década anterior, venderam suas participações para diversos investidores privados, o que resultou em uma estrutura altamente fragmentada e consequentemente com baixas economias de escala. Em 1992, o governo brasileiro iniciou um programa de privatização com a intenção de reduzir significativamente suas participações nos três craque adores brasileiros, consequentemente reduzindo sua participação no setor, passando de majoritário para minoritário. O programa foi desenvolvido com a intenção de aumentar a participação de investidores privados no setor, além de incentivar sua consolidação, principalmente de forma vertical, aumentando a integração de operações. Porém a redução da participação do governo não resultou na consolidação imediata do setor petroquímico brasileiro. Enquanto no Polo de Triunfo, o Grupo 21 Odebrecht e o Grupo Ipiranga dividiam o controle da Copesul, a Copene, raque adora do Polo de Camalçari, seguia altamente fragmentada, com controle conjunto de nove grupos industriais. Apenas em 2002, com a liquidação do Grupo Econômico (que tinha participação na Copene) pelo Banco Central no ano anterior e o aumento de participação do Grupo Odebrecht na Norquisa foi fundada a Braskem, consolidando o Polo Petroquímico do Nordeste. O último polo petroquímico a ser fundado foi o do Rio de Janeiro, em 2005, com a criação da Rio Polímeros, uma craque adora de etano proveniente do gás natural. Apesar de não possuir mais participação majoritária no setor petroquímico nacional, o governo brasileiro, através da Petrobrás, continua sendo um importante participante do setor, mantendo sua participação minoritária em diversas companhias e estando atuante nos recentes movimentos de consolidação da indústria. A tabela abaixo mostra a 17 mudança da participação do governo no setor petroquímico nacional antes da privatização e no final de 2006. ESTRUTURA DA INDUSTRIA O setor petroquímico brasileiro é formado pela Petrobrás, como principal fornecedora de petróleo e gás natural, e por três grupos de produtores, denominados de primeira, segunda e terceira geração, divididos pelo estágio no ciclo de produção. Figura 5 – Estrutura do Setor Petroquímico Brasileiro – Fonte: Suzano Petroquímica 22 Os produtores de primeira geração são os chamados craque adores. Estes compram a matéria prima internamente da Petrobrás ou as importam e produzem os petroquímico básicos, como o eteno e o propano. Existem apenas quatro produtores de primeira geração no país, e em volta destes são formados os complexos químicos brasileiros. Os produtores de segunda geração formam um grupo de 36 produtores localizados, em sua maioria, em torno dos produtores de primeira geração. Estes adquirem os produtos básicos dos produtores de primeira geração e os transformam em produtos intermediários, como o polietileno, o polipropileno e o PVC. Os produtos intermediários são vendidos na forma sólida, como palhetes de plástico ou em pó. Estes 18 são finalmente transportados aos produtores de terceira 23 geração, principalmente por via rodoviária. Os produtores de terceira geração, também chamados de transformadores, estão distribuídos por todo território nacional, formando um grupo difuso de mais de oito mil e quinhentas empresas. Como resultado da transformação, são produzidos milhares de bens de consumo e industriais, que são finalmente vendidos no mercado interno ou exportados. POLOS PETROQUÍMICOS A base industrial petroquímica Brasileira de primeira e segunda geração, é concentrada em quatro polos. Em cada polo petroquímico existe um produtor de primeira geração (craqueador ou centro de matérias primas), em volta do qual se localizam diversos produtores de segunda geração. 1. Polo Petroquímico de Camaçari: localizado na Bahia. Fundado em 1978, é formado por 14 produtores de segunda geração localizados em torno da unidade de craque amento da Braskem. 2. Polo Petroquímico de Triunfo: localizado no Rio Grande do Sul. Com inicio de operações em 1982, é formado por sete produtores de segunda geração, instalados em torno da Copesul, que é a craque adora da região. 3. Polo Petroquímico de São Paulo: localizado em Capuava, no estado de São Paulo. Fundado em 1972, é o polo petroquímico mais antigo do Brasil, e tem como fornecedora de matérias primas a Petroquímica União. Em torno da desta estão localizados vinte produtores de segunda geração 4. Polo Petroquímico do Rio de Janeiro: localizado em Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro. Formado em 2005, este é o mais novo polo petroquímico do país, formado por duas empresas de segunda geração localizadas em torno da craque adora de etano Rio Polímeros (Rio Pol). Tabela 3 – Capacidades Produtivas Anuais dos Principais Produtores de 1a e 2a Geração Nos Pólos Petroquímicos Brasileiros (mil toneladas por ano) – Fonte: Empresas do Setor e Abiquim 24 CONCEITOS DE SINERGIA Segundo Aswath Damodaran3 , em seu artigo “The Value of Synergy”, sinergia é um valor adicional que é gerado pela fusão de duas companhias, criando oportunidades que antes não eram possíveis com ambas operando independentemente. Identifica-se dois tipos de sinergia: sinergia operacional e sinergia financeira. A primeira afeta a operacionalidade das duas empresas fundidas e inclui economias de escala, aumentando do poder sobre preços de venda dos produtos e o potêncial de crescimento. A sinergia financeira, por outro lado, é mais focada e inclui benefícios fiscais, diversificação, uma maior capacidade de endividamento e possiblidades de usos para o excesso de caixa. 25 SINERGIA OPERACIONA L Damodaran categoriza a sinergia operacional nos padrões abaixo: • Economias de escala: podem surgir da fusão, permitindo que as empresas se tornem mais eficientes e rentáveis. Normalmente são observadas quando há fusão de empresas do mesmo setor (fusão horizontal), que possibilida, por exemplo, melhor manejamento de estoques, de linhas de produção, e diluição de custos. • Maior poder sobre preços: surge da redução da competição e no crescimento da participação no seu respectivo mercado. Isso impacta positivamente o resultado operacional, e atinge diretamente o lucro tributável. Esse tipo de sinergia tambémé mais provável que seja resultado da fusão de empresas do mesmo setor e gera mais benefícios quanto mais o setor for consolidado. Nesse cenário, a união de empresas do mesmo setor tende à uma situação de oligopólio, elevando o poder sobre preços. • Combinação de diferentes forças funcionais: ocorre quando duas empresas que tem pontos fortes distintos se unem, transferindo conhecimento tecnologia entre as mesmas e consequentemente ampliando a escala de suas principais qualidades.Um bom exemplo é quando uma empresa que tem boas qualidades em marketing, adquire uma empresa que tem uma boa linha de produto. Esssa união pode gerar uma empresa consolidada com as duas qualidades. Esse tipo de ganho pode ser aplicado à uma grande variedade de fusões, já que pontos fortes, como já exemplificado, podem ser transferidos e ampliados entre as empresas. • Maior crescimento em mercados novos ou em aqueles já atuantes: ocorre quando duas empresas possuem presença em mercados diferentes e a complementação de tipos de produtos e serviços de cada uma permite conseguir maiores participações de mercado. Um exemplo seria uma empresa que fabrica produtos já reconhecidos pelos consumidores, adquire uma outra empresa emergente, mas que tenha uma rede de distribuição estabelecida, resultando no aumento da venda desses produtos. 26 SINERGIA FINANCEIRA Na sinergia financeira, o retorno pode se dar na forma de maior fluxo de caixa, um menor custo de capital, ou ambos. Os seguintes pontos estão incluídos na sinergia financeira: • Numa fusão de uma empresa com excesso de caixa (e oportunidades de aplicação desse caixa limitado), e uma empresa com projetos de alto retorno (e caixa limitado) poderia se obter um retorno em relação a um valor superior para a companhia consolidada. O aumento do valor advém dos projetos da segunda empresa que podem ser realizados com o excesso de caxa da primeira, o que antes não poderia ocorrer. Esse tipo de sinergia ocorre normalmente quando grandes empresas adquirem empresas menores. • A capacidade de endividamento pode aumentar porque, quando duas empresas se unem, seus rendimentos e o fluxo de caixa podem se tornar mais estáveis e previsíveis. Esse fato permite que essas empresas consigam empréstimos de magnitudes maiores, o que independentes não conseguiriam. Além disso, existe a possibilidade de conseguir prazos mais longos e menores taxas cobradas pelos empréstimos. Finalmente a elevação da alavancagem financeira gera um benefício fiscal para a empresa, uma vez que as despesas financeiras (juros cobrados pelos emprestimos) reduzem a base tributável do lucro. Uma redução no custo da dívida da empresa consolidada resulta em um menor custo de capital da empresa, reduzindo consequentemente a taxa de desconto pela qual os investidores descontam o fluxo de caixa projetado. • Os benefícios fiscais adicionais de uma aquisição podem surgir, principalmente, de três fatores: aumento da depreciação, da amortização de ágio e pelo prejuízo na base tributável da empresa sendo adiquirida. O aumento na depreciação ocorre da incorporação da base depreciável com o aumento do item Imobilizado na conta Balanço de Pagamentos. A custo com a depreciação é descontado no Custo dos Produtos Vendidos e nas Despesas Gerais e Administrativas da conta Demonstrativo de Resultado, reduzindo a base tributária. Esse custo porém é não- caixa, sendo readicionado na conta Fluxo de Caixa. A amortização de ágio tambem 27 é um custo não caixa que reduz a base tributável do resultado, e representa a amortização da diferença entre o preço pago em uma aquisição e o valor do patrimônio líquido daquela empresa. O último caso consiste em uma empresa rentável que adquire uma empresa que perde dinheiro, podendo utilizar do prejuízo na base tributável da última para reduzir a carga tributária. Além disso estruturas financeiras conjuntas podem resultar em um melhor planejamento tributário, mas essa fator é diferente em cada caso. • A diversificação é fonte mais controversa de sinergia financeira. Na maioria das empresas de capital negociado em bolsa, investidores podem diversificar num valor muito menor e com mais facilidade do que a empresa em si. Considerando empresas privadas, estas podem ter potenciais benefícios decorrente da diversificação de atividades. Claramente, há potencial de sinergia em muitas fusões e aquisições. A questão mais importante está relacionada com a avaliação dessa sinergia e determinar o valor que será pago por essa sinergia. AVALIANDO SINERGIAS Há uma discussão em torno da possibilidade ou não de se avaliar a sinergia, e se isso for possível, qual valor que terá. Uma escola de pensamento argumenta que a sinergia é muito nebulosa para ser avaliada e que qualquer tentativa requer tantas hipóteses que acaba sendo inútil. Por outro lado, há os que defendem, dentre eles o próprio Aswath Damodaran, que a empresa deve fazer o máximo para estimar o valor que a sinergia vai criar em qualquer aquisição, antes de decidir o valor que será pago. Damodaran explica que a sinergia pode ser avaliada através das respostas de duas perguntas fundamentais. 1. Qual a forma que se espera que a sinergia tenha? Nessa indagação questionase se a sinergia irá reduzir custos como uma percentagem de venda e aumentar lucros marginais (quando houver economias de escala)? Irá aumentar o crescimento futuro (quando há aumento no poder de mercado) ou aumentará o tamanho do período de ganho? Para a sinergia ter valor deve influenciar pelo menos um dos quatro inputs - maior fluxo de caixa dos ativos 28 existentes, maior taxa de crescimento esperada, maior período de ganho, ou menor custo de capital (e maior capacidade de endividamento). 2. Quando que a sinergia começará a afetar o fluxo de caixa? Sinergias raramente aparecem instantaneamente, sendo mais provável que apareça ao longo do tempo. Uma vez que o valor da sinergia é o valor presente do fluxo de caixa criado por ela, quanto mais tempo levar para os ganhos com as sinergias começarem a aparecer, menor será o seu valor. Resumo: Como foi analisado no estudo, o processo de consolidação do setor petroquímico nacional está transformando a indústria brasileira frente ao mercado internacional. A verticalização da produção e a ampliação nas linhas produtivas e na diversidade de produtos finais geradas por esse processo está elevando a indústria petroquímica nacional a um patamar de competitividade global. Por ser uma indústria pesada, a escala de produção é peça chave na ampliação da produtividade e melhora de resultados e, consequentemente, na geração de valor. Como foi mostrado, a aquisição do Grupo Ipiranga levou a Braskem a líder isolado no mercado nacional de petroquímicos e a um competidor de peso no mercado internacional. Mesmo com a consolidação dos Polos do Rio de Janeiro e de São Paulo pela Unipar e Petrobrás, a Braskem se manteria com mais de 70% da capacidade produtiva nacional e 50% de participação nas vendas internas. Além dessas vantagens, a aquisição dos ativos petroquímicos do Grupo Ipiranga resultará em relevantes ganhos e sinergia, que provavelmente serão incorporados pelas modelagens dos analistas, a medida que forem sendo comprovados. Esses ganhos resultam em geração de valor para o acionista, e podem surpreender as premissas utilizadas nesse estudo. Na avaliação da Braskem por fluxo de caixa descontado, chega-se a conclusão de que o valor à mercado da companhia está significativamente abaixo do valor justo estimado para a mesma. Essa diferença representa um potencial de ganho sobre o investimento na Braskem, 29 a análise de múltiplos comparativos confirmou esse descompasso entre o preço negociado das ações e o valor fundamental da empresa. Se o cenário de excesso de capacidade produtiva global de resinas, estimado parainiciar em poucos anos, se concretizar, resultará em uma piora operacional nas empresas do setor petroquímico, inclusive na Braskem. Este foi o maior risco percebido referente a análise da empresa. Esse cenário porém já foi incorporado a modelagem e o resultado da análise foi positivo para a companhia. Com a excelente equipe administrativa da empresa, aliada a uma estrutura consistente de capital, acredita-se que a empresa conseguirá se manter rentável no período de baixa do ciclo, mesmo passando por alguns anos de resultados fracos, decorrentes do cenário global para o setor. Aliando-se a forte presença no mercado interno e o porte competitivo global, com a estrutura operacional e financeira consistente e um potencial significativo de valorização pela ótica da análise por fluxo de caixa, conclui-se que a Braskem é um 80 excelente veículo para o investidor participar da geração de valor resultante da consolidação do setor petroquímico brasileiro. Setor Financeiro As peculiaridades do mercado financeiro: regulação, inovação e concorrência. As tensões existentes entre regulação financeira e defesa da concorrência são claramente expostas por Cristina Penido de Freitas44. A autora, pesquisadora da Fundap, escreveu um a tese de doutoramento sobre o tema da concorrência bancária numa perspectiva alternativa à do mainstream. Neste ponto, ele revela sua filiação a um a certa corrente teórica, alternativa à neoclássica, que tem se dedicado ao tema da concorrência no Brasil, representada principalmente por Mario Luiz Possas. Suas principais influências são Marx, Schumpeter e Keynes. Rejeita a visão convencional, estática, que vê a concorrência como estrutura de mercado e m 30 oposição ao monopólio. E m relação à noção neoclássica de concorrência perfeita contrapõe a visão da concorrência como u m processo dinâmico. Passo, neste ponto, a u m resumo da exposição de Cristina Freitas. N a concepção que adota, a concorrência é o resultado da auto-expansão do capital, a busca da diferenciação como forma de obter vantagens, ainda que temporárias, de natureza monopolista. Muda-se, assim, radicalmente, o enfoque: não é a igualdade dos concorrentes, mas sim a sua diferenciação que passa a ser o principal mecanismo estratégico das empresas na concorrência capitalista. As famosas falhas de mercado passam a ser encaradas como características essenciais, e não patológicas, do próprio processo competitivo. No caso do sistema bancário, este processo de diferenciação via inovação financeira é mais intenso, pois não existem patentes para produtos financeiros. Dessa forma, o ciclo inovação - imitação - inovação é mais rápido do que nos outros setores da economia. D o ponto de vista microeconômico, a inovação surge da busca de vantagens de caráter monopolista. D o ponto de vista macroeconômico, a inovação. "A natureza particular da concorrência bancária c seus efeitos sobre a estabilidade financeira", in Economia e Sociedade, n. 8, jun. 1997, pp. Jean Paul Cabral Veiga da Rocha propicia o aumento do nível de endividamento da economia, ajustando a oferta de financiamento à demanda. Este processo gera, entretanto, duas graves consequências: diminui a capacidade do Banco Central de influenciar a criação de moeda e aumenta o risco sistêmico, já que o refinanciamento de dívidas passadas cria estruturas patrimoniais instáveis ao longo do ciclo econômico. A posição privilegiada que os bancos ocupam no sistema econômico - criadores de moeda e intermediários financeiros - faz com que haja uma tensão intrínseca entre os objetivos de concorrência e de estabilidade do sistema financeiro. Quanto mais concorrência, mais ocorre inovação, mais se burla a regulação prudencial, e maior é a tendência à concessão excessiva de crédito e à especulação financeira. A análise de Cristina Freitas sobre a concorrência no mercado financeiro, aqui rapidamente resumida, parece autorizar a conclusão de que, se a autoridade monetária tende a ver a manipulação do nível de concorrência como instrumento para calibrar a segurança do sistema bancário e do 31 sistema de pagamentos, e se, por seu turno, a autoridade antitruste tende a ver na concorrência u m valor superior, o desafio de u m modelo institucional para a relação Banco Central/autoridade antitruste é diminuir ao máximo esta tensão, já que é impossível eliminá-la. Neste sentido, percebe-se como as discussões jurídicas dogmáticas, vez por outra travadas no Brasil, pecam por sua abordagem estritamente formal de tensões que estão no âmago do próprio sistema capitalista. A situação atípica do recente processo de reestruturação bancária no Brasil levou o então presidente do CADÊ, Gesner de Oliveira, a defender (em nome pessoal, e não do órgão) um a isenção antitruste ad hoc. "A nossa lei fala em motivos preponderantes da economia nacional. O que ocorreu em termos de reestruturação do setor bancário desde 1988, 1989 até agora, é uma situação absolutamente atípica. Parece-me que essa reestruturação e essas operações que ocorreram mereceriam uma isenção antitruste. Quer dizer, mereceriam ser aprovadas sem o exame convencional, mas de maneira clara pelas autoridades, deforma a dar segurança, para que daqui a cinco anos ninguém venha dizer que esta lei não foi cumprida, que o Cadê teria de analisar e não fez isso. Repito, teria de ser uma coisa muito clara. O que aconteceu, dadas as competências, dada a situação: aprovamos as operações, ou em bloco ou de outra forma. Enfim, teríamos de ver a melhor forma jurídica para se fazer isso. Seria o que passou, passou. "A evolução do sistema bancário c a necessidade de harmonização da atuação dos organismos reguladores", palestra reproduzida in ASBACE/CADE/MJ, Seminário Internacional sobre Regulação e Defesa da Concorrência no Setor Bancário, Brasília, s/d, p. 31. A Defesa da Concorrência no Sistema Financeiro: Um Modelo para o Brasil 447 Portanto, no caso brasileiro, além das tensões inerentes ao processo concorrencial capitalista geral, ainda há o complicador da reestruturação bancária, principalmente em sua fase posterior à implantação do Plano Real. 3. Aproveitando a ANC: um modelo para o Brasil Diante de tamanha confusão, o Anteprojeto de Lei que cria a AN C deveria aproveitar a oportunidade de resolver, com clareza, o atual conflito de competência entre o órgão responsável pela regulação potencial (Banco Central) e o órgão antitruste (CADÊ), no que se refere ao exame de atos de concentração (Lei n. 32 4.595/64, art. 10°, X, versas Lei n. 8.884/94, art. 54). Com o já discutido, a existência de interpretações jurídicas díspares, a falta de entendimento formal e informal entre Bacen e CADÊ , e a falta de uma decisão judicial46 sobre aquele conflito de normas levam a uma insuportável insegurança jurídica. Na prática, a atuação do CAD Ê no exame de atos de concentração de instituições financeiras tem sido mínima. Mesmo após o parecer da Advocacia Geral da União, não está clara, nem para o mercado, nem para os operadores do direito, a delimitação de competências. Portanto, o desenho institucional do controle de atos de concentração neste setor deve levar em conta as seguintes questões: (a) a reestruturação bancária dos últimos anos fez com que a preocupação com a estabilidade sistêmica prevalecesse sobre a preocupação com a concorrência; (b) esse processo de reestruturação, extremamente delicado, desenrolou-se sob o comando do Governo Federal e do Banco Central (não-autônomo), por envolver o interesse público (estabilidade do sistema bancário e do sistema de pagamentos), caracterizando-se, portanto, como situação excepcional; (c) atualmente em fase mais avançada, a reestruturação já comporta uma atuação mais incisiva do órgão antitruste autônomo, mais preocupado com o valor da concorrência do que com os aspectos prudenciais; (d) aeste factível cenário de transição deve corresponder a um arranjo institucional maleável, que concilie as exigências da regulação potencial, da defesa da concorrência e do consumidor e da defesa do interesse nacional; (e) não podem pairar dúvidas sobre a legalidade das fusões e aquisições já consumadas, mas que não foram submetidas ao CADÊ . Diante do exposto, propõe-se que sejam acrescentados ao texto do Anteprojeto e da proposta de alteração da Lei n. 8.884/94 dispositivos que estabeleçam 46. Deve-se ressaltar que a última revisão deste artigo foi feita c m 20 de junho de 2001. 448 Jean Paul Cabral Veiga da Rocha a seguinte sistemática de exame prévio de atos de concentração de instituições financeiras: o ato de concentração deverá primeiramente ser submetido ao órgão de regulação potencial (seja ele o Banco Central ou qualquer outro que venha a substituí-lo no exercício dessa função específica, nos termos da lei que regulamentará o art. 192 da Constituição Federal), que o examinará estritamente quanto aos aspectos 33 prudenciais; se o órgão de regulação prudencial não aprovar a operação, o exame prévio será encenado com esta decisão denegatória, que será soberana; Entretanto, se o ato for aprovado, ele deverá obrigatoriamente ser submetido à ANC , nos termos de sua lei específica; se a AN C aprovar o ato, com ou sem restrições, o exame prévio é encerrado, e a decisão da ANC é soberana; se a AN C não aprovar o ato, as instituições financeiras envolvidas poderão, no prazo de 15 dias, interpor recurso perante o ministro da Fazenda; após o recebimento dos autos, o ministro terá o prazo de 30 dias para decidir pela confirmação ou pela reforma da decisão; se decidir pela aprovação, o ministro deverá obrigatoriamente determinar restrições de caráter estrutural que diminuam o impacto negativo sobre a concorrência; concomitantemente, e m defesa do interesse público, o ministro poderá condicionar a aprovação do ato à aceitação, pelas instituições financeiras envolvidas, de cláusulas de preservação de empregos e direitos dos trabalhadores, de abertura ou manutenção de agências bancárias e m determinadas regiões etc; o desrespeito a qualquer um dos dois prazos referidos implicará a confirmação tácita da decisão da ANC ; a decisão do ministro é discricionária, não cabendo, portanto, recurso, nem ao presidente da República nem ao Poder Judiciário, a não ser que tenham ocorrido vícios formais, como, por exemplo, desrespeito aos prazos legais, ou se o ministro for omisso quanto à determinação de restrições de caráter estrutural (item 7, supra); para preservação da segurança jurídica, disposições transitórias deverão expressamente declarar a eficácia jurídica de todos os atos de concentração que, sob o regime jurídico anterior, foram aprovados pelo Banco Central, mas consumaram-se sem se submeterem ao CADÊ . A Defesa da Concorrência no Sistema Financeiro: Um Modelo para o Brasil 449 Com o se percebe, este esboço de proposta criaria u m regime especial para os atos de concentração envolvendo instituições financeiras. É melhor que o regime atual, cercado de indefinições, e que vem sendo controlado, na prática, pelo Banco Central. Além disso, segue as diretrizes da OCDE , que defende a submissão desses atos ao órgão antitruste. É u m modelo, por assim dizer, de equilíbrio, que realoca poderes entre o órgão regulador prudencial, a autoridade antitruste e de defesa do consumidor, e o Governo Federal, propiciando u m balanceamento entre 34 os valores da defesa da concorrência e do consumidor, da estabilidade do sistema financeiro, do interesse público e do interesse nacional. Esse tipo de arranjo institucional, que permite, daquele balanceamento, um a intervenção decisiva do ministro da área econômica, é adotado, c om variações, na Austrália, no Canadá, na Alemanha, na Suíça e no Reino Unido.47. No Brasil, há 4 bancos com poder de mercado demais: (horizontal, vertical e conglomeral). A elevada taxa de juros e spread podem ser um reflexos disso. Esse poder começa a ser contestado pelas, que têm promovido uma desbancarização não antes vista. O Estado deve agir para: 1) Agilizar (ou não atrasar) o processo de desbancarização, 2) diminuir o poder dos bancos e 3) diminuir de forma permanente (com fundamento) a taxa de juros da economia? 1. Reprovar Atos de Concentração que coloquem em risco o processo da desbancarização • Cade e BCB • Itaú/XP • Reprovar ACs e/ou Condenar/Acordos de PAs que piorem a verticalização/exclusividade do mercado de cartão de crédito ou, de forma geral, casos que amplifiquem o poder vertical ou conglomeral dos bancos. • Cade e BCB; • PAs no Cade, AC Itaú/Mastercard, AC GIG; • Aprovar o cadastro positivo para trazer maior concorrência no empréstimo de crédito, aumentar o crédito, diminuir a taxa de juros 35 médias da economia e, de quebra, diminuir o nível de inadimplência e o sobre endividamento • Congresso (PL441/Senado – Texto base aprovado na Câmara, falta os destaques, p/ voltar para o Senado) 2. SBDC; 3. Defesa da concorrência x advocacia da concorrência 4. Defesa = repressiva (controle de conduta. PA) e preventiva (controle de estrutura. AC) 5. Pelas estatísticas no CADE: • Muitos Atos de Concentração. Poucos destes são muito relevantes (2014-2018: 20/ano) • Poucos Processos Administrativos. Poucos, mas todos são muito relevantes (2014-2018: 12 total) 6. O mercado bancário veio se concentrando muito nos últimos 13 anos; 7. Antes havia mais de 10 bancos relevantes e hoje há um oligopólio de 5; 8. Logo, C5 aumentou: de 60% para quase 90%; Percebe-se no quadro que o Brasil é o 4º mais concentrado. 36 Quando dimensiona pela extensão territorial, fica Canadá e Brasil (Japão e Espanha saem). Quadro demonstrando baixo índice de satisfação dos clientes no Brasil comparativamente. Brasil não deve ser comparado com os EUA. Realidades são diferentes. Lá, C5 = 48% e é regionalizado. No Brasil, o oligopólio se concentra nos bancões antigos e de âmbito nacional. 37 • 1ª fase: transação em três etapas. Para o Cade vale a última: R$ 9 bi (Itaú) + R$ 3 bi (XP). • 2018 – 49,9% do capital social e 30% do capital votante; • 2020 – 62,4% do capital social e 40% do capital votante; e • 2022 – 74,9% do capital social e 49,9% do capital votante. • 2ª fase: A partir de 2024 (6 anos depois) e 2 anos após o fim do ACC, a XP poderá exercer a “opção de vender” (PUT) ao Itaú dos 25% restantes do capital social. Se isso ocorrer, uma nova operação será submetida ao Cade. • 3ª fase Se a XP não exercer dita opção de venda até 2032 (15 anos depois), o Itaú poderá exercer a “opção de comprar” (CALL) do restante dos 25% do capital social da XP. • Se o Cade reprovar a PUT, se for antes de 2032, o Itaú prospectará outro comprador, o que mostra que o Itaú certamente não é um ”simples acionista minoritário” (afinal tem 75% da empresa!!). Além disso, e se não encontrar? Se o Itaú quiser levar, pq conseguiria encontrar? 38 • Como o Cade não reprovou agora, dificilmente reprovará depois • BCB precisa reprovar! • ACC é comportamental por 5 anos (2022). Ofertantes/Demandantes dos produtos não podem ser discriminados. • ACC termina antes do exercício da PUT! O ACC teria que ter ido até a PUT ou a CALL serem exercidas. • Fizeram uma operação confusa o suficiente para confundir bem o CADE e ”deixá-lo confortável” • Operação ruim para o consumidor e enrolada. Não se pode ”esperar para ver”. BCB deveria reprovar AGORA, já que CADE não o fez. • Itaú terá mais de 20 direitos a vetos (como relacionada à remuneração dos executivos), indicará 2 (de 7) membros no Conselho de Administração da XP, assim como o seu CFO (lista tríplice é dada pelo Itaú) e o Conselho Fiscal (idem). Ou seja, o Itaú terá “influência a perder de vista” para um simplesminoritário! • Artigo: “Anti-competitive effects of common ownership”. José Azar, Martin Schmalz e Isabel Tecu (2016) – mostra que há uma correlação (e evidencias fortes de causalidade) entre participação cruzada e aumento de preço (par. 47 do meu voto vogal). • Objetivos: • XP vende porque o preço estava bom ou porque ela já queria sair fora ou se capitalizar (ia fazer IPO há 2/3 anos). • Itaú compra porque quer retirar do mercado maior Maverick, que tem roubado seus clientes (e funcionários). • Os produtos vendidos hoje não devem ser o foco principal de análise antitruste, pq não é isso que dá à XP poder de mercado e não é por isso que 39 o Itaú resolveu gastar quase quase R$ 9 bi do seu caixa para comprar 75% do capital social da XP. • O Itaú é o maior banco privado do país e tem plataforma fechada de distribuição de produtos de investimentos. • A XP (2001) é a maior fintech de plataforma aberta (tec. disruptiva), replicando no Brasil prática usual nos EUA. Maverick. Demorou a vingar, mas, quando aconteceu, foi engolida pelo Itaú. XP trouxe concorrência ao setor bancário. • Itaú quis frear a ”sangria migratória de clientes (e funcionários) para a XP: Itaú quis “recomprar” os clientes perdidos, “comprar” aqueles que eram só da XP e “recomprar” todos os clientes que poderiam no futuro migrar para lá. • A base de clientes (passivo do banco) é a “joia da coroa”. Aumento na barreira à entrada: formação de base de clientes. • A contestabilidade dos bancos está vindo e seguirá vindo inexoravelmente das tecnologias trazidas pelas fintechs Lembrar que o lema da XP era a desbancarização!!! Logo, a operação atrasa este processo. • Operações como a Itaú/XP devem ser negadas até haver um nível confortável de desbancarização. • Além disso, Itaú/XP dá aval p/ outros bancos comprarem outras plat. abertas. Freio na desbancarização. • Thiago Alvarez (GuiaBolso, 25): “o mundo de investimentos no país passa por uma transformação recente. É a primeira vez que o brasileiro tem opções de mercado fora das grandes instituições financeiras, com 11 plataformas independentes”. • Evidência: Tese de Hoffman (2018) diz que fundos de ações de bancos têm retornos (1.96% a 2.30% a.a.) < fundos independentes (7.68% a 29.6%). Indício que desbancarização traz maior concorrência e retornos melhores para os cliente 40 • XP reconhece o seu poder de mercado e Executivo do Itaú reconhece que levaria anos para ”ser uma XP”. • Executivo do Itaú, em entrevista à revista “Isto é Dinheiro” , afirma que: “levaria anos para conseguirmos ganhar uma participação relevante no mercado e a compra da XP nos permite economizar esse tempo”. • XP reconhece o seu poder de mercado. Quando do seu IPO, “... acreditamos que temos sido os pioneiros na adoção de uma plataforma aberta, que nos ajudou a conquistar a liderança de mercado de ativos sob custódia entre as instituições independentes, ganhos de escala significativos, ampla rede de distribuição e grande reconhecimento de marca, constituindo relevantes barreiras à entrada de novos concorrentes…”. • Imagine após a operação, em que o maior banco privado do país passa a ser dono da maior plataforma aberta? • Segue a XP: “Acreditamos que nosso tamanho e a nossa posição financeira nos proporcionam uma substancial vantagem competitiva em relação a outras corretoras e gestoras de recursos independentes no Brasil. Devido à nossa escala, acreditamos que somos capazes de obter melhores condições econômicas junto aos distribuidores e gestoras parceiras, bem como de distribuir de forma exclusiva alguns produtos financeiros para nossos clientes”. • Se isso for verdade, então, depois de findado o ACC com o Cade, em dez/2022 (antes da PUT), a XP terá fortes incentivos para privilegiar os produtos financeiros do Itaú, fechando a sua plataforma ou discriminando seus atuais parceiros comerciais (bancos/fundos), que atualmente compõem o rico portfólio de produtos financeiros da XP. Depois de aprovada esta operação, os demais bancões poderão fazer o mesmo e aí o Brasil se atrasará no processo da descanbarização. • Além da parte de mérito, existe o Princípio da Precaução. 41 • A melhor estratégia do órgão antitruste é reprovar qualquer AC que possa trazer resultados deletérios à concorrência e ao brasileiro • Enquanto uma reprovação hoje pode ser reapresentada amanhã, uma aprovação hoje pode trazer danos irreversíveis à dinâmica do mercado. • Ainda que a preferência no Brasil seja pelo uso do dinheiro, houve um aumento expressivo do uso dos cartões; • A ”Plastificação” é boa, pois dificulta atos ilícitos no SFN; • O problema é que fortalece o poder de mercado dos bancos • Neste sentido, a regulação do BCB se torna imprescindível AC Bradesco / HSBC – um dos mercados problemáticos é o de cartão de crédito, corroborando o aumento do poder conglomeral, além do horizontal. 42 Breve histórico sobre a cadeia produtiva Em 2008 existia duopólio nas bandeiras/credenciadoras. Havia uma verticalização quase total, sendo que as 2 credenciadoras estavam atreladas aos 4 maiores bancos (Itaú, Bradesco, BB e Cx), mas, por regular elas tinham que ter vínculo com 1 banco. Credenciadora Visanet/Bradesco (depois Cielo) só aceitava a bandeira Visa exclusividade por acordo. Credenciadora Redecard/Itau (depois Rede) só aceitava a bandeira Mastercard exclusividade de fato Consequência: • Ausência de competição entre as 2 credenciadoras • Maior custo para o lojista tinha que contratar Visanet e Redecar para capturar transações Visa e Mastercard / 2. • Barreiras à entrada a novos credenciadores por impossibilidade de acesso aos 2 principais arranjos (Visa e Master). SDE/2009: 2 PAs contra cred.: (1) Visanet (08012.005328/2009-31) e (2) Redecard (08012.004089/2009-01). TCC Visa/Visanet em dez/09 – cessar a prática de exclusividade. Após o cumprimento PA foi arquivado. TCC Redecard em julho/2014 – cessar a prática de exclusividade. Pagou R$ 7,5MM. Em 2010, houve o 43 fim da exclusividade Bandeira/ Cred. (”abertura do mercado”) e queda na taxa da bandeira em 5% (ainda que se estivesse esperando 25%), mas não foi criada a competição esperada no credenciamento, pois os bancos criaram suas próprias bandeiras (Elo e Hipermarca) para manter a exclusividade. Loja segue com 2 + outras máquinas: (BB + Bradesco + Cx) passaram a ter a Cielo criaram a Elo --- American Express entrou c/ exclusividade da Cielo. Itaú passou a ter a Rede criou a Hipermarca. Santander entra com a GetNet capacidade de captura das duas principais bandeiras (Visa e Master) Em Conclusão O Estado deve agir para: 1) agilizar (ou não atrasar) o processo de desbancarização, 2) diminuir o poder dos bancos e 3) diminuir de forma permanente a taxa de juros? 1. Cade e BCB devem reprovar ACs que coloquem em risco o processo da desbancarização • Por isso entendo que a operação Itaú/XP devia ter sido reprovada • Proibir a verticalização/exclusividade do mercado de cartão de crédito • Por isso entendo que a operação Itaú/Mastercard devia ter sido reprovada • Acho que o Cade tem tido um papel muito relevante, mas, como ele não é o Regulador, tem suas limitações. Os acordos têm data para vencer. Uma regulação definitiva seria o mais indicado. • Aprovar o cadastro positivo para introduzir concorrência no setor bancário, com intuito de: aumentar o crédito, diminuir a taxa de juros médias da economia e, de quebra, diminuir o nível de inadimplência e o sobre endividamento. 44 • Congresso (PL441/Senado – Texto base aprovado na Câmara, falta os destaques, p/ voltar para o Senado). 45 Conclusão Com a constante inovação dos mercados e o desenvolvimento tecnológico, a forma de as pessoas se relacionarem entre si e comas instituições se transformou completamente ao longo dos anos. Como consequência, foi necessária uma adaptação da sociedade e dos processos financeiros. Todas essas mudanças trouxeram alterações positivas para o mercado financeiro. Com a instantaneidade da internet, as instituições financeiras disponibilizaram o Internet Banking para facilitar na hora de realizar os procedimentos necessários para movimentação bancária. Logo vieram os smartphones e suas diversas possibilidades de aplicativos, que tornaram as transações mais rápidas e práticas. Como o mercado funciona através das constantes atualizações sobre o que acontece na economia, a tecnologia permitiu que mais pessoas se interessassem pelo assunto e pudessem estar mais próximas do que é o mercado financeiro brasileiro. 46 BIBLIOGRAFIA https://www.googleadservices.com/portalnovavarejo.com.br MATARAZZO, DANTE C., Análise Financeira de Balanços. Editora Atlas, 1992 BRASKEM, Relatório anual SEC, 20F, 2006 CMAI, Europe/Middle East Report Olefins& Derivatives, CMAI, 2007 Endereços na internet: http://www.unipar.ind.br/ https://portal.ipiranga/wps/portal/ipiranga/inicio BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade n. 449-2 - Distrito Federal. Relator: ministro Carlos Velloso. 29/08/1996. D.J. de 22/11/1996. CADÊ busca atuar no mercado financeiro. Gazeta Mercantil, São Paulo, 21 fev. 2001, Caderno "Legal & Jurisprudência" p. 1. COUTINHO, Paulo. "Regulação prudencial e concorrência no setor bancário" In: ASBACE/CADE/MJ , Seminário Internacional sobre Regulação e Defesa da Concorrência no Setor Bancário, Brasília, s/d, pp. 205-232. SCHMIDT, Cristiane Alkmin Junqueira. Concorrência no Sistema Financeiro Nacional. FREITAS, Cristina Penido de. "A natureza particular da concorrência bancária e seus efeitos sobre a estabilidade financeira" In: Economia e Sociedade, n. 8, jun. 1997, pp. 51-83. https://www.noticiasautomotivas.com.br/uma-analise-profunda-do-setor-automotivo-e- seus-precos/ http://www.mdic.gov.br/index.php/competitividade-industrial/setor-automotivo http://www.unipar.ind.br/ https://portal.ipiranga/wps/portal/ipiranga/inicio https://www.noticiasautomotivas.com.br/uma-analise-profunda-do-setor-automotivo-e-seus-precos/ https://www.noticiasautomotivas.com.br/uma-analise-profunda-do-setor-automotivo-e-seus-precos/ http://www.mdic.gov.br/index.php/competitividade-industrial/setor-automotivo 47 Essas indústrias se apresentam em um número relativamente pequeno. Tanto é que uma das principais queixas é a baixa concorrência. Por esse motivo, vamos classificar a estrutura de mercado do setor automotivo como oligopólio. Oligopólio é uma estru... Considerando o carro um produto homogêneo, percebemos que o mercado consumidor de carros é muito grande em relação ao número de firmas (muito pequeno) que o ofertam, ou seja, poucas empresas são responsáveis por abastecer o mercado. Percebe-se que ex... Em outras palavras: a demanda total do mercado é muito maior que a capacidade de produção das firmas instaladas. Por isso, ela não venderá mais se concorrer por preços, pois a sua capacidade produtiva já está dimensionada para o nível de oferta que... Então, quer dizer que o preço dos automóveis é alto porque o mercado é concentrado?
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