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REDAÇÃO: A QUESTÃO DO AUMENTO DO SUICÍDIO NO BRASIL

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A QUESTÃO DO AUMENTO DO SUICÍDIO NO BRASIL
Uma vez crescente, os casos de suicídio no Brasil evidenciam uma violação ao estado democrático de direito. Pois, em virtude de fatores como a autocobrança e a idealização de vida, é indubitável que o exercício dos direitos naturais e inalienáveis é rompido, haja vista que, consoante John Locke, a vida é um direito inerente ao ser humano e obedece às leis da natureza. A partir dessa perspectiva, infere-se que a seletividade social e a artificialidade das relações interpessoais conflitam na contemporaneidade globalizada.
Nesse viés, convém notabilizar que a questão do suicídio persiste intrinsicamente ligada à realidade do país devido ao caráter pernicioso da convivência humana. Dado que a vigente padronização social concede às pessoas uma pressão individual, a qual torna-se nociva na medida que estabelece metas inatingíveis que não acompanham a velocidade do cotidiano e, por conseguinte, provocam frustrações. Assim, amparada por Zygmunt Bauman, a ideia de que o individualismo e a efemeridade da vida são reflexos de uma modernidade líquida é expressa pelo fato do suicídio ser visto como alternativa para anular esse sentimento de incapacidade e insignificância disposto pela seletividade contemporânea. Diante disso, a solidificação do estado de direito é afetada mediante ao contexto de fluidez social, qualificado por impasses como a depressão e a ansiedade, mediadores da morte autoinfligida.
Ademais, pela contestação dos direitos fundamentais da Constituição Federal, salienta-se que essa epidemia silenciosa é suscitada pelo estabelecimento de uma vitrine social. A indício, Mia Couto defende que as novas tecnologias não suprem necessidades emocionais, todavia ajudam a alterar as redes sociais em que todos se fabricam. Por isso, junto a concepção baumiana, é concebido os resquícios da modernidade líquida vinculados à índole superficial da afetividade humana, projetam uma imagem virtual que difere da realidade e viabiliza a busca por aceitação. Logo, as redes tecnológicas assemelham-se à alegoria da caverna de Platão, cuja artificialidade está presente nas sombras enquanto a realidade está do lado de fora. Sendo assim, tal dualidade proposta pela idealização de vida equivale ao sustentáculo que propicia o aumento do índice de suicídio e, portanto, ofende os princípios legislativos.
Dessarte, revogar tais transtornos da aldeia global torna-se imprescindível na democratização da vida. Em vista disso, o Ministério da Saúde, através do incentivo à ajuda psicológica no atendimento por profissionais de saúde e na maior divulgação de programas como o CVV, deve fomentar a prevenção de problemáticas como ansiedade e depressão, com intuito de garantir a integridade mental dos cidadãos. Outrossim, como forma de demonstrar a importância de cada indivíduo, cabe a ação midiática, por intermédio de campanhas publicitárias, desfazer o mito da caverna da vitrine social para assegurar o direito à vida fundamentado por Locke.

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