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Direitos Autorais: Evolução Histórica

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
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Disciplina Legislação e Propriedade 
Intelectual 
Aula 3 
 
 
Professora Lorena Paes de Almeida 
 
 
 
 
 
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Contextualizando 
Como vimos, a Propriedade Intelectual se divide em três áreas: a 
Propriedade Industrial, os Direitos Autorais e a Proteção Sui Generis. 
Nessa aula, trataremos dos Direitos Autorais que protegem os interesses 
dos criadores e autores de obras intelectuais, destinando a eles direitos morais 
e de exclusividade na exploração de suas obras, buscando incentivar a 
produção e promover o desenvolvimento econômico e social. Dessa forma, os 
Direitos Autorais nascem com dois objetivos: oferecer respaldo para a 
criatividade e proteger os interesses das indústrias investidoras na cultura, pois 
elas são as maiores detentoras de copyrights. 
O desenvolvimento tecnológico trouxe uma nova perspectiva para os 
direitos autorais, os computadores (incluídos os softwares e todas as suas 
ferramentas para alteração de conteúdos) e a internet nos trouxeram novas 
formas de criação e fruição da cultura, além da fragilidade para harmonia 
social, o que nos leva a explorar como o Direito deve intervir para restaurar a 
convivência pacífica social e garantir a segurança dos envolvidos no tema. 
Acesse o material on-line e confira a videoaula com os comentários 
iniciais da professora Lorena. 
Tema 1 - Evolução histórica 
De acordo com Mizukami (2007), o surgimento do Direito Autoral se 
deve a quatro fatores: 
 A invenção e disseminação da imprensa de tipos móveis (1450 – 
Gutenberg); 
 
 Figura 1 – Prensa. Figura 2 – Tipos móveis. 
 
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 O surgimento da concepção moderna da figura do autor, segundo a qual 
era importante aliar a obra ao seu autor; 
 O crescimento do mercado de livros; 
 O ambiente cultural no contexto de surgimento do direito autoral. 
Antes da imprensa, a reprodução de livros e documentos acontecia por 
transcrição (cópia) dos manuscritos. Por ser um processo muito moroso, o 
volume produzido era mínimo, então estas obras ficavam concentradas na 
Igreja, pois normalmente quem trabalhava na geração desse material eram os 
monges. 
Com a invenção da prensa tipográfica, aconteceu uma revolução, pois 
ela permitia a geração de um número muito maior de cópias em menor tempo. 
Com uma produção maior, já não havia razão para que essas obras ficassem 
concentradas nas mãos de poucos, e a sociedade lentamente começou a ter 
acesso a esses trabalhos. Porém, essa pulverização de obras não determinou 
o surgimento do Direito Autoral. 
Na China do século XIl, o mercado de livros era próspero, porém os 
autores chineses não tinham qualquer direito de propriedade intelectual sobre 
as obras vendidas, pois o valor do livro estava diretamente ligado ao material 
que fora produzido. Acreditava-se que o livro era uma simples ferramenta para 
se transmitir o conhecimento dos antepassados, logo o autor do livro não tinha 
crédito algum. 
No fim do século XV, a invenção da prensa tipográfica já havia sido 
disseminada em toda a Europa, e o comércio de cópias impressas estava a 
todo vapor. Como consequência, tivemos: 
 o aumento de indivíduos alfabetizados; 
 o surgimento de uma classe de autodidatas; 
 
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 o abandono da mnemotécnica devido ao material impresso. 
Porém, “a ideia de um direito de reprodução era inexistente e violava o 
senso comum” (NICOLETTI, 2007, p. 238). A cultura medieval e a cultura 
islâmica eram muito parecidas com a cultura da China, com a diferença de que 
a fonte do conhecimento era Deus e não os antepassados como os chineses 
acreditavam. Logo, o ser humano não poderia se apropriar desse bem, muito 
menos comercializá-lo. 
Os teólogos medievais transformaram esse ensinamento em uma lei 
canônica com fulcro na doutrina Scientia Donum Dei Est, Unde Vendi Non 
Potest (o conhecimento é uma dádiva de Deus, consequentemente ele não 
pode ser vendido) (HESSE, 2002, p. 28). 
Essa lei deixava claro que o autor teria direito à propriedade do material 
que constituía o manuscrito e o impressor poderia reivindicar a posse da cópia 
que havia produzido, mas, nenhum deles poderia se declarar o dono do 
conteúdo do material. 
A lei em questão não impediu que o mercado de livros crescesse até 
mesmo de forma desleal. Os impressores concorrentes produziam obras uns 
dos outros mesmo sem ressarcir os custos da impressão original ao seu 
primeiro impressor. 
Percebemos que a harmonia social, já comentada tantas vezes em 
nossas aulas, começava a ser posta em risco. Como nessa época não se tinha 
nenhuma legislação a respeito, os que se sentiam prejudicados perante essa 
concorrência agressiva na impressão de obras procuraram a ajuda do Estado, 
e a ferramenta utilizada para trazer um possível equilíbrio nas relações foi o 
“privilégio de impressão”1. 
 
1 O privilégio de impressão era o direito concedido pelos monarcas aos editores, o que 
garantia a exploração econômica de determinada obra por certo período. Para tanto, não eram 
levados em conta os interesses dos autores, mas tão somente as necessidades daqueles que 
exercitavam uma atividade econômica, isto é, os impressores (ALGARDI, 1978, p. 5). 
 
 
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Em 1469, Johann Spdeye conseguiu do governo de Veneza a primeira 
concessão de um privilégio impressão: foi concedido o monopólio2 de 
impressão com duração de cinco anos. Após esse evento, a concessão de 
privilégios de exclusividade na impressão de textos determinados ou em 
territórios determinados se espalhou pelos Estados italianos e, mais tarde, pelo 
resto da Europa. 
Em 1504, o primeiro privilégio de impressão foi concedido na Inglaterra, 
e, em 1557, a Coroa concedeu o monopólio total das impressões e publicações 
à União dos Editores e Impressores, conhecida como Stationer’s Company. 
Entendeu-se na época que essa medida era uma forma de empregar a censura 
aos textos julgados revoltosos ou hereges. Portanto, os stationers se tornaram 
agentes de censura do governo e, em troca, recebiam a exclusividade na 
impressão das obras. 
Com o passar do tempo, o privilégio de impressão começou a ser 
negociado entre os membros da Stationer’s Company, e a noção de 
Propriedade Intelectual foi se formando aos poucos, primeiro com conceito de 
propriedade, que como vimos na nossa primeira aula é o direito real sobre a 
coisa própria. 
Este comércio interno de direitos de impressão foi regulamentado pela 
criação do stationer’s copyright, que nada mais é que uma forma de regular o 
comércio de livros dentro da própria corporação. 
Em 1709, surgiu o Estatuto da Rainha Anne, considerado a primeira lei 
de Direitos Autorais. Este estatuto nasceu para por fim aos privilégios de 
impressão na Inglaterra, reconhecendo os direitos aos autores, os quais 
poderiam ser transferidos ao editor. 
 
2 Monopólio é a exploração sem concorrente de um negócio ou indústria, em virtude de 
um privilégio. É a posse ou o direito em caráter exclusivo. Ter o monopólio é possuir ou 
desfrutar da exploração de maneira abusiva, é vender um produto ou serviço sem concorrente. 
A palavra vem do grego monos, que significa "um" e polein que significa "vender". 
 
 
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O objetivo precípuo do novo sistema não era a proteção dos autores, 
mas a regulação do comércio de livros na ausência de monopólio e censura 
(PATTERSON, 1968, p. 143). Desse modo, o reconhecimento de direitos aos 
autores no Estatuto da Rainha Ana se deu de forma meramente incidental. 
As duas maiores mudanças que advieram do Estatuto da Rainha Anne 
foram: 
 a limitação do termo de duração do copyright em quatorze anos; 
 a universalidade dos direitos, que poderiam ser atribuídos a qualquer 
pessoa e não apenas aos membros da Stationers’ Company. 
(PATTERSON 1968, p. 146). 
Na prática, a diferença entre o autor e a outra pessoa que comprasse o 
direito de produzir uma cópia do livro era que o primeiro não tinha que pagar 
pelo direito e poderia renová-lo depois de quatorze anos. 
Ao longo do século XVIII, os países europeus vivenciaram uma série de 
discussões jurídicas, que tinham como argumento o direito natural para 
assegurar a proteção ao autor. 
Após essas discussões, houve a expansão do direito autoral pelo 
mundo, primeiramente na Europa e mais tarde nas colônias. Porém, foi 
somente no começo do século XIX que surgiram os acordos bilaterais que 
davam o mesmo tratamento para autores nacionais e estrangeiros. Isso 
impulsionou os tratados de comercialização das obras entre países, 
aumentando significativamente o mercado para a produção intelectual, tanto 
em termos de obras literárias quanto de invenções mecânicas (HESSE, 2002). 
Em 1886, dez nações europeias assinaram o primeiro acordo multilateral 
de direitos autorais, a Convenção de Berna, da qual o Brasil se tornou 
signatário em 1923. Após essa data, o Direito Autoral no Brasil seguiu 
evoluindo em consonância com os acordos internacionais. 
A Lei de Direito Autoral vigente atualmente no Brasil é de 1998, sendo 
que em 2003 uma lei introduziu alterações ao título III, capítulo I (“Dos crimes 
 
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contra a propriedade intelectual”). Essa lei postula que a obra será protegida 
pelo prazo de setenta anos mais a vida do autor. 
Acessando o link a seguir, você confere um texto da “Revista 
Superinteressante” a respeito de Gutemberg. Confira! 
http://super.abril.com.br/historia/gutenberg-primeiras-impressoes 
Leia também a artigo intitulado “Direito do autor em perspectiva histórica: 
da idade média aos reconhecimentos dos direitos da personalidade do autor”, 
de Leonardo Estevam de Assis Zanine: 
http://www4.jfrj.jus.br/seer/index.php/revista_sjrj/article/viewFile/532/404 
Para mais informações sobre a evolução histórica dos Direitos Autorais, 
acesse o material on-line e confira a videoaula da professora Lorena. 
Tema 2 - Legislação 
Em 1886, celebrou-se a Convenção de Berna, que apresentou uma 
regulação ampla dos Direitos Autorais. Ela influenciou a formulação da 
legislação autoral de um grande número de países, inclusive a do Brasil, até 
hoje sua estrutura teve poucas mudanças, mesmo diante da constante 
evolução tecnológica. 
Segundo o artigo 2º do Decreto n. 75.699, de 6 de maio de 1975, que 
promulga a Conversão de Berna: 
Artigo 2: Os termos “obras literárias e artísticas” abrangem 
todas as produções do domínio literário, científico e artístico, 
qualquer que seja o modo ou a forma de expressão, tais como 
livros, brochuras e outros escritos; as conferências, alocuções, 
sermões e outras obras da mesma natureza; as obras 
dramáticas ou dramático-musicais; as obras coreográficas e as 
pantomimas; as composições musicais, com ou sem palavras; 
as obras cinematográficas e as expressas por processo 
análogo ao da cinematografia; as obras de desenho, de 
pintura, de arquitetura, de escultura, de gravura e de litografia; 
as obras fotográficas e as expressas por um processo análogo 
ao da fotografia; as obras de arte aplicada; as ilustrações e os 
mapas geográficos; os projetos, esboços e obras plásticas 
relativos à geografia, à topografia, à arquitetura ou às ciências. 
[...] São protegidas como obras originais, sem prejuízo dos 
direitos do autor da obra original, as traduções, adaptações, 
 
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arranjos musicais e outras transformações de uma obra literária 
ou artística. [...] As compilações de obras literárias ou artísticas, 
tais como enciclopédias e antologias, que, pela escolha ou 
disposição das matérias, constituem criações intelectuais, são 
como tais protegidos, sem prejuízo dos direitos dos autores 
sobre cada uma das obras que fazem parte dessas 
compilações (BRASIL, 1975). 
 
Figura 3 – Convenção de Berna. 
 
 
 
 
 
 
 
A Constituição Federal de 1988 trata o Direito Autoral como um Direito 
Fundamental3 devido à relevância social do tema. Segundo o artigo 5º: 
Título II DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
Capitulo I DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E 
COLETIVOS 
 
3 O Direito Fundamental é atribuído a todos os cidadãos em comum, de todas as 
sociedades espalhadas pelo globo terrestre, que tem como finalidade assinalar as condições 
mínimas que cada ser humano deve ter para conduzir sua vida de modo pleno e sadio. 
 
 
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Art. 5º Todos são iguais perante a lei sem distinção de qualquer 
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros 
residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à 
liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos 
termos seguintes: 
 
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utilização, 
publicação ou reprodução de suas obras, transmissível aos 
herdeiros pelo tempo que a lei fixar; 
 
XXVIII - são assegurados nos termos da lei: 
 
a) a proteção às participações individuais em obras coletivas e 
à reprodução de imagens e voz humanas, inclusive nas 
atividades desportivas; 
 
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico das 
obras que criarem ou de que participarem aos criadores, aos 
intérpretes, e às respectivas representações sindicais e 
associativas (BRASIL, 1988). 
Em 1998, nasceu a Lei n. 9.610, que regula os Direitos Autorais, 
entendendo-se sob este conceito os direitos de autor e os que lhes são 
conexos. Essa legislação traz alguns pontos que devemos abordar com muita 
atenção: 
a. A lei apenas exemplifica as obras protegidas, portanto não há limitação 
ao citado no artigo 7º: 
São obras intelectuais protegidas as criações do espírito, 
expressas por qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, 
tangível ou intangível, conhecido ou que se invente no futuro, 
tais como: 
I. Os textos de obras literárias, artísticas ou científicas; 
II. As conferências, alocuções, sermões e outras obras da 
mesma natureza; 
III. As obras dramáticas e dramático-musicais; 
IV. As obras coreográficas e pantomímicas, cuja execução 
cênica se fixe por escrito ou por outra qualquer forma; 
V. As composições musicais tenham ou não letra; 
VI. As obras audiovisuais, sonorizadas ou não, inclusive as 
cinematográficas; 
VII. As obras fotográficas e as produzidas por qualquer 
processo análogo ao da fotografia; 
VIII. As obras de desenho, pintura, gravura, escultura, 
litografia e arte cinética; 
IX. As ilustrações, cartas geográficas e outras obras da 
mesma natureza; 
X. Os projetos, esboços e obras plásticas concernentes à 
geografia, engenharia, topografia, arquitetura, 
paisagismo, cenografia e ciência; 
 
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XI. As adaptações, traduções e outras transformações de 
obras originais, apresentadas como criação intelectual 
nova; 
XII. Os programas de computador; 
XIII. As coletâneas ou compilações,antologias, 
enciclopédias, dicionários, bases de dados e outras 
obras, que, por sua seleção, organização ou disposição 
de seu conteúdo, constitua uma criação intelectual 
(BRASIL, 1998). 
 
 
b. A Lei de Direitos Autorais esclarece, no parágrafo primeiro, que os 
programas de computador são objeto de lei própria (Lei n. 9.609/98), 
tema que iremos estudar nas próximas aulas. 
c. A lei elenca expressamente no artigo 8º quais bens não são protegidos 
nessa legislação: 
 I. As ideias, procedimentos normativos, sistemas, métodos, 
projetos ou conceitos matemáticos como tais; 
II. Os esquemas, planos ou regras para realizar atos mentais, 
jogos ou negócios; 
III. Os formulários em branco para serem preenchidos por 
qualquer tipo de informação, científica ou não, e suas 
instruções; 
 IV. Os textos de tratados ou convenções, leis, decretos, 
regulamentos, decisões judiciais e demais atos oficiais; 
V. As informações de uso comum tais como calendários, 
agendas, cadastros ou legendas; 
VI. Os nomes e títulos isolados; 
VII. O aproveitamento industrial ou comercial das ideias 
contidas nas obras (BRASIL, 1998). 
 
d. A Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, protege as obras derivadas, 
que são as que tiveram origem em obras preexistentes, tais como; 
traduções de obras em outras línguas e adaptações de obras, como a 
realização de um filme com base em um romance. 
e. A lei protege dois tipos de direitos do autor: 
 Os Direitos Morais, que permitem ao autor adotar medidas para 
preservar o vínculo pessoal existente entre ele e a obra; 
 
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 Os Direitos Patrimoniais, que permitem ao titular dos direitos 
extrair um benefício financeiro em virtude da utilização de sua 
obra por terceiros. 
f. A Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998, protege o Direito do autor 
sobre sua obra desde o momento da criação, passando pela sua 
exteriorização até a sua morte. Com o objetivo de proteger os herdeiros, 
a legislação prevê uma garantia complementar após a morte do autor, 
que se inicia no 1º de janeiro subsequente ao ano da morte do autor e 
perdura por um período de 70 anos, com exceção das obras 
fotográficas, audiovisuais e coletivas, que duram por 70 anos contados 
da publicação. 
O Decreto-Lei n. 2848/40 traz o nosso Código Penal e nele também há a 
previsão quanto à proteção aos Direitos autorais: 
Código Penal 
Título III 
 
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE IMATERIAL 
 
Capítulo I 
 
DOS CRIMES CONTRA A PROPRIEDADE INTELECTUAL 
 
VIOLAÇÃO DE DIREITO AUTORAL 
 
Art.184. Violar direito autoral: Pena - detenção, de três meses a 
um ano, ou multa. 
 
§ 1º Se a violação consistir na reprodução, por qualquer meio, 
de obra intelectual, no todo ou em parte, para fins de comércio, 
sem autorização expressa do autor ou de quem o represente, 
ou consistir na reprodução defonograma e videofonograma, 
sem autorização do produto ou de quem o represente: Pena - 
reclusão, de um a quatro anos, e multa. 
 
§ 2º Na mesma pena do parágrafo anterior incorre quem 
vende, expõe à venda, introduz no país, adquire, oculta ou tem 
em depósito, para o fim de venda, original ou cópia de obra 
intelectual, fonograma ou videofonograma, produzidos com 
violação de direito autoral (BRASIL, 1940). 
Acesse o link a seguir e leia o Decreto n. 75.699, de 6 de maio de 1975, 
 
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que promulga a Convenção de Berna, na íntegra: 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-1979/D75699.htm 
Para mais informações em relação à legislação dos Direitos Autorais, 
acesse o material on-line e confira a videoaula da professora Lorena. 
Tema 3 - Conceito de Direito Autoral 
Analisamos a evolução histórica dos Direitos Autorais e tomamos 
conhecimento da sua legislação, agora precisamos dominar o conceito deste 
tema. 
Os Direitos Autorais são considerados como um dos ramos de estudo da 
Propriedade Intelectual. Como vimos, ele trata da proteção dos direitos das 
obras literárias, artísticas ou científicas, programas, de computador, topografia 
de circuito integrado, domínios na internet e conexos. 
Todo criador tem direito sobre a sua obra intelectual e este direito lhe 
confere a exclusividade de utilizar, fruir e dispor de sua obra. O Direito Autoral 
é, ao mesmo tempo, um direito moral decorrente do objeto da criação e um 
direito patrimonial pelo fato de sua obra ser considerada como um bem móvel. 
De forma simplificada, podemos adotar o conceito de Clóvis Beviláqua: 
direito autoral é o que tem o autor de obra literária, científica ou 
artística de ligar seu nome às produções do seu espírito e de 
reproduzi-las. Na primeira relação é manifestação da 
personalidade, na segunda é de natureza real e econômica 
(BEVILÁQUA, 1941). 
Para entendermos de forma plena esse conceito, precisamos conhecer 
o conceito de “autor”, que é o sujeito do Direito Autoral, aquele que terá suas 
obras protegidas e seus direitos reservados pelo resultado de sua criação. Para 
a identificação do autor, o critério utilizado pela lei é: autor é aquele que se 
identifica como tal. 
Para mais informações sobre o conceito de Direito autoral, acesse o 
material on-line e confira a videoaula da professora Lorena. 
 
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Tema 4: Relevância jurídica e econômica do Direito Autoral 
O Direito Autoral muitas vezes é pensado como um trade off4 entre o 
interesse público do acesso às obras produzidas e o interesse privado de se 
obter lucro com a produção de conteúdo intelectual. 
A discussão econômica sobre a forma de estruturação dos direitos 
autorais trata da definição do nível de proteção que vai viabilizar a produção de 
obras intelectuais. Quanto maior for o termo de duração do direito autoral, mais 
autores estarão dispostos a investir nas suas obras. Em contrapartida, teremos 
menos obras disponíveis no domínio público, que poderiam estar sendo 
utilizadas como referência em novas obras, reduzindo o custo da produção e 
tornando essas novas obras mais acessíveis economicamente à população. 
A evolução tecnológica trouxe o formato digital para as obras, reduzindo 
o custo de produção, da mesma forma reduziu os custos de produção das 
cópias ilegais, gerando um novo custo que até esse momento não era 
necessário: o de proteção contra à pirataria, que muitas vezes não é eficiente 
por restrições tecnológicas. 
A Lei n. 9.610, apoiada na Constituição Federal e no Código Penal, 
busca trazer proteção jurídica aos autores, e como já vimos em aulas 
anteriores o grande desafio é estar totalmente atualizada em relação à 
tecnologia e à sua constante evolução. 
Deborah Nigri em sua obra “Direito Autoral e a Convergência de Mídias” 
de 2006 diz que: 
Tendo em vista que o direito não pode e nem deve permanecer 
estanque às evoluções tecnológicas, o aparecimento das 
novas mídias e a consequente integração dos computadores 
via Internet, bem como a convergência de mídias, constituem, 
hoje, um grande desafio para os juristas, em especial os 
autoralistas. Ao mesmo tempo que se alarga o universo de 
usuários/consumidores dos produtos culturais, agigantam-se os 
problemas e os questionamentos quanto ao escopo da 
proteção jurídica e seus meios de controle (NIGRI, 2006, p. 
22). 
 
4 Trade off define uma situação em que há conflito de escolha. Ocorre quando se abre 
mão de algum bem ou serviço distinto para se obter outro bem ou serviço distinto. 
 
 
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Para mais informações sobre a relevância jurídica e econômica do 
Direito Autoral, confira no materialon-line a videoaula da professora Lorena. 
Síntese 
No início desta aula, relembramos que os Direitos Autorais são parte de 
uma das três áreas da Propriedade Intelectual e que eles protegem os 
interesses dos criadores e autores de obras intelectuais. 
No primeiro tema dessa aula, que tratou da evolução histórica, vimos 
que os dos direitos dos autores se devem a quatro fatores: 
 A invenção e disseminação da imprensa de tipos móveis (1450 – 
Gutenberg); 
 O surgimento da concepção moderna da figura do autor, segundo a qual 
era importante aliar a obra ao seu autor; 
 O crescimento do mercado de livros; 
 O ambiente cultural no contexto de surgimento do direito autoral. 
Ainda sobre a evolução histórica, vimos a importância do Estatuto da 
Rainha Anne, que pôs fim aos privilégios de impressão na Inglaterra, e da 
Convenção de Berna, que em 1886 criou o primeiro acordo multilateral de 
direitos autorais. 
No segundo tema, estudamos a Legislação e vimos que os Direitos Autorais 
estão protegidos no Brasil pelas seguintes legislações: 
 Constituição Federal de 1988; 
 Lei n. 9.610, de 1998; 
 Decreto-Lei n. 2.848/40 (Código Penal). 
No terceiro tema, resgatamos o conceito de Direito Autoral segundo 
Clóvis Beviláqua. No quarto tema, observamos a relevância jurídica e 
econômica do Direito Autoral e vimos a oposição entre o interesse público e o 
 
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interesse privado, bem como a necessidade de se manter a legislação 
atualizada diante da evolução tecnológica que traz novas formas de se violar o 
Direito Autoral constantemente. 
Assim, estamos prontos para dar continuidade nos nossos estudos, na 
próxima aula trataremos das marcas. Até lá! 
Acesse o material on-line e confira a videoaula de síntese da professora 
Lorena. 
Referências 
ALGARDI, Zara Olivia. La tutela dell’opera dell’ingegno e il plagio. Padova: 
CEDAM, 1978. 
BEVILAQUA, Clovis. Direito das coisas. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1941. 
BRASIL. Decreto n. 75.699, de 6 de maio de 1975. Convenção de Berna. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1970-
1979/D75699.htm>. Acesso em: 5 jul. 2016. 
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso 
em: 5 jul. 2016. 
BRASIL. Lei n. 9.610, de 19 de fevereiro de 1998. Lei dos Direitos Autorais. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L9610.htm>. Acesso 
em: 5 jul. 2016. 
BRASIL. Decreto-Lei n. 2.848, de 7 dezembro de 1940. Código Penal. 
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848.htm>. 
Acesso em: 5 jul. 2016. 
HESSE, Carla. The rise of intellectual property, 700 b.c.–a.d. 2000: an idea in 
the balance. Daedalus, p. 6-45, Spring 2002. 
MIZUKAMI, Pedro Nicoletti. Função social da propriedade intelectual: 
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Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, 2007. 
PATTERSON, Lyman Ray. Copyright in historical perspective. Nashville: 
Vanderbilt University Press, 1968.

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