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QUINHENTISMO LITERATURA DE INFORMAÇÃO (PERO VAZ DE CAMINHA) Carta de Pero Vaz de Caminha De ponta a ponta, é tudo praia-palma, muito chã e muito formosa. Pelo sertão nos pareceu, vista do mar, muito grande, porque, a estender olhos, não podíamos ver senão terra com arvoredos, que nos parecia muito longa. Nela, até agora, não pudemos saber que haja ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou ferro; nem lho vimos. Porém a terra em si é de muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que dela se pode tirar me parece que será salvar esta gente. LITERATURA JESUÍTICA ( JOSÉ DE ANCHIETA) O Auto de São Lourenço Alegrai-vos, filhos meus, na santa graça de Deus, pois que dos céus eu desci, para junto a vós estar e sempre vos amparar dos males que há por aqui. Iluminado esta aldeia junto de vós estarei, por nada me afastarei - pois a isto me nomeia Deus, Nosso Senhor e Rei! PADRE JOSE DE ANCHIETA BARROCO (GREGÓRIO DE MATOS) SATÍRICA EPÍLOGOS Que falta nesta cidade?... Verdade. Que mais por sua desonra?... Honra. Falta mais que se lhe ponha?... Vergonha. O demo a viver se exponha, Por mais que a fama a exalta, Numa cidade onde falta Verdade, honra, vergonha. (PADRE ANTONIO VIEIRA) Sermão da Sexagésima Enfim, para que os pregadores saibam como hão-de pregar e os ouvintes a quem hão-de ouvir, acabo com um exemplo do nosso Reino, e quase dos nossos tempos. Pregavam em Coimbra dois famosos pregadores, ambos bem conhecidos por seus escritos; não os nomeio, porque os hei-de desigualar. Altercou-se entre alguns doutores da Universidade qual dos dois fosse maior pregador; e como não há juízo sem inclinação, uns diziam este, outros, aquele. Mas um lente, que entre os mais tinha maior autoridade, concluiu desta maneira: «Entre dois sujeitos tão grandes não me atrevo a interpor juízo; só direi uma diferença, que sempre experimento: quando ouço um, saio do sermão muito contente do pregador; quando ouço outro, saio muito descontente de mim.» GREGÓRIO DE MATOS PADRE ANTONIO VIEIRA BARROCO IMAGENS OBRA DE ALEIJADINHO ARCADISMO/ NEOCLASSICISMO LÍRICA (CLÁUDIO MANUEL DA COSTA) ➢ OBRAS POÉTICAS ➢ VILA RICA (TOMÁS ANTONIO GONZAGA) ➢ MARÍLIA DE DIRCEU ➢ CARTAS CHILENAS (SATÍRICA) CLAUDIO MANUEL DA COSTA TOMÁS ANTONIO GONZAGA ÉPICA (BRASÍLIO DA GAMA) ➢ O URUGUAI (FREI SANTA RITA DURÃO) ➢ CARAMURU BRASÍLIO DA GAMA FREI SANTA RITA DURÃO ARCADISMO IMAGENS ROMÂNTISMO 1º FASE INDIANISMO POESIA (GONÇALVES DIAS) Canção do exílio Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves, que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. I JUCA-PIRAMA Meu canto de morte Guerreiros, ouvi: Sou filho das selvas, Nas selvas cresci; Guerreiros, descendo Da tribo tupi (JOSÉ DE ALENCAR) PROSA IRACEMA ’Além, muito além daquela serra, que ainda azula no horizonte, nasceu Iracema. Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira. O favo do jati não era doce como seu sorriso; nem a baunilha recendia no bosque como seu hálito perfumado. Mais rápida que a ema selvagem, a morena virgem corria o sertão e as matas do Ipu, onde campeava sua guerreira tribo, da grande nação tabajara. O pé grácil e nu, mal roçando, alisava apenas a verde pelúcia que vestia a terra com as primeiras águas. [...] Rumor suspeito quebra a doce harmonia da sesta. Ergue a virgem os olhos, que o sol não deslumbra; sua vista perturba-se. [...] Foi rápido, como o olhar, o gesto de Iracema. A flecha embebida no arco partiu. Gostas de sangue borbulham na face do desconhecido. [...] O sentimento que ele pôs nos olhos e no rosto, não o sei eu. Porém a virgem lançou de si o arco e a uiracaba, e correu para o guerreiro, sentida da mágoa que causara.’’ 1º FASE DO ROMANTISMO IMAGENS 2º FASE ULTRAROMATISMO POESIA (ALVARES AZEVEDO) SE EU MORRESSE AMANHÃ Se eu morresse amanhã, viria ao menos Fechar meus olhos minha triste irmã; Minha mãe de saudades morreria Se eu morresse amanhã! Quanta glória pressinto em meu futuro! Que aurora de porvir e que amanhã! Eu perdera chorando essas coroas Se eu morresse amanhã! (CASIMIRO DE ABREU) MEUS OITO ANOS Oh! que saudades que tenho Da aurora da minha vida, Da minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Debaixo dos laranjais! ALVARES AZEVEDO CASIMIRO DE ABREU IMAGENS 2º FASE DO ROMANTISMO 3º FASE CONDOREIRISMO (CASTRO ALVES) O Navio Negreiro Era um sonho dantesco... o tombadilho Que das luzernas avermelha o brilho. Em sangue a se banhar. Tinir de ferros... estalar de açoite... Legiões de homens negros como a noite, Horrendos a dançar... CASTRO ALVES IMAGENS 3º FASE DO ROMANTISMO REALISMO (MACHADO DE ASSIS) ➢ MEMORIA PÓSTUMAS DE BRÁS CUBAS ➢ QUINCAS BORBA ➢ DOM CASMURRO ➢ ESAÚ E JACÓ ➢ MEMORIA DE AIRES REALISMO IMAGENS SIMBOLISMO (CRUZ E SOUSA) VIOLÕES QUE CHORAM... Ah! plangentes violões dormentes, mornos, Soluços ao luar, choros ao vento... Tristes perfis, os mais vagos contornos, Bocas murmurejantes de lamento. Vozes veladas, veludosas vozes, Volúpias dos violões, vozes veladas, Vagam nos velhos vórtices velozes Dos ventos, vivas, vãs, vulcanizadas Litania dos Pobres Osmiseráveis, os rotos São as flores dos esgotos. São espectros implacáveis Os rotos, os miseráveis. São prantos negros de furnas Caladas, mudas, soturnas. Bandeiras rotas, sem nome, Das barricadas da fome. Bandeiras estraçalhadas Das sangrentas barricadas (ALPHONSUS DE GUIMARAENS) Hão de chorar por ela os cinamomos Hão de chorar por ela os cinamomos, Murchando as flores ao tombar do dia. Dos laranjais hão de cair os pomos, Lembrando-se daquela que os colhia. As estrelas dirão — "Ai! nada somos, Pois ela se morreu silente e fria.. . " E pondo os olhos nela como pomos, Hão de chorar a irmã que lhes sorria A Catedral O céu é todo trevas: o vento uiva. Do relâmpago a cabeleira ruiva Vem açoitar o rosto meu. E a catedral ebúrnea do meu sonho Afunda-se no caos do céu medonho Como um astro que já morreu. E o sino chora em lúgubres responsos: "Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!" SIMBOLISMO IMAGENS PRÉ- MODERNISMO (EUCLIDES DA CUNHA) ➢ OS SERTÕES ( LIMA BARRETO) ➢ O TRISTE FIM DE POLICARPO QUARESMA ( MONTEIRO LOBATO) ➢ SITIO DO PICA-PAU AMARELHO (AUGUSTO DOS ANJOS) ➢ EU PRÉ-MODERNISMO IMAGENS MODERNISMO 1º GERAÇÃO DE DESTRUIÇÃO (OSWALDO DE ANDRADE) PROSA ➢ MEMORIAS E SENTIMENTOS DE JOÃO MIRANDA ➢ SERAFIM PONTE GRANDE POESIA Pronominais Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro (MÁRIO DE ANDRADE) POESIA Paulicéia Desvairada São Paulo! comoção da minha vida... Os meus amores são flores feitas de original... Arlequinal!... Traje de losangos... Cinza e Ouro... Luz e bruma... Forno e inverno morno... Elegâncias sutis sem escândalos, sem ciúmes... Perfumes de Paria... Arys! Bofetadas líricas no Trianon... Algodoal! São Paulo! comoção de minha vida... Galicismo a berrar nos desertos da América! PROSA Macunaíma O herói partiu com seus irmãos, com a muiraquitã nos lábios furados. Ele embarcou em mais uma aventura ao enfrentar a boiúna Capei (cobra-grande). Ela fizera morada sob uma pedra que, antes, era uma bela jovem. Macunaíma derrotou a serpente e a cabeça dela começou a persegui-lo. Ele e os irmãos se ocultaram em uma choupana até descobrir que Capei só os seguia porque se tornara escrava dele. Capei se transmuta na cabeça da lua. 1º GERAÇÃO DO MODERNISMO IMAGENS 2º GERAÇÃO (CONSTRUÇÃO) POESIA MODERNA (MANUEL BANDEIRA) O bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava: Engolia com voracidade. O bicho não era um cão, Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada (CECÍLIA MEIRELES) Retrato Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida a minha face? Romanceiro da Inconfidência Não posso mover meus passos Por esse atroz labirinto De esquecimento e cegueira Em que amores e ódios vão: - pois sinto bater os sinos, percebo o roçar das rezas, vejo o arrepio da morte, à voz da condenação; - avisto a negra masmorra e a sombra do carcereiro que transita sobre angústias, com chaves no coração; - descubro as altas madeiras do excessivo cadafalso e, por muros e janelas, o pasmo da multidão. (VINÍCIOS DE MORAES) A ROSA DE HIROXIMA Pensem nas crianças Mudas telepáticas Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas Pensem nas feridas Como rosas cálidas Mas oh não se esqueçam Da rosa da rosa Da rosa de Hiroxima A rosa hereditária A rosa radioativa Estúpida e inválida A rosa com cirrose A antirrosa atômica Sem cor sem perfume Sem rosa sem nada. SONETO DO AMOR TOTAL Rio de Janeiro , 1951 Amo-te tanto, meu amor... não cante O humano coração com mais verdade... Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade Amo-te afim, de um calmo amor prestante, E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante (MÁRIO QUINTANA) O MORTO Eu estava dormindo e me acordaram E me encontrei, assim, num mundo estranho e louco... E quando eu começava a compreendê-lo Um pouco, Já eram horas de dormir de novo! Seiscentos e Sessenta e Seis A vida é uns deveres que nós trouxemos para fazer em casa. Quando se vê, já são 6 horas… Quando se vê, já é 6.ª feira… Quando se vê, passaram 60 anos… Agora, é tarde demais para ser reprovado… E se me dessem – um dia – uma outra oportunidade, eu nem olhava o relógio. seguia sempre, sempre em frente … E iria jogando pelo caminho a casca dourada e inútil das horas. (CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE) José E agora, José? A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José? e agora, você? você que é sem nome, que zomba dos outros, você que faz versos, que ama, protesta? e agora, José? Quadrilha João amava Teresa que amava Raimundo que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili que não amava ninguém. João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento, Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia, Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes que não tinha entrado na história ROMANCE DE 30 PROSA (JOSE AMÉRICO DE ALMEIDA) ➢ A BAGACEIRA (RAQUEL DE QUEIROZ) ➢ O QUINZE (JOSÉ LINS DO REGO) ➢ FOGO MORTO (GRACILIANO RAMOS) ➢ VIDAS SECAS (ÉRICO VERÍSSIMO)➢ O TEMPO E O VENTO (JORGE AMADO) ➢ CAPITÃES DE AREIA ➢ GABRIELA ➢ DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS 2º GERAÇÃO DO MODERNISMO IMAGENS 3º FASE (GERAÇÃO DE 45 ) (JOÃO CABRAL DE MELO NETO) MORTE E VIDA SEVERINA Somos muitos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia. PROSA (GUIMARÃES ROSA) GRANDE SERTÃO: VEREDA “Diz-que-direi ao senhor o que nem tanto é sabido: sempre que se começa a ter amor a alguém, no ramerrão, o amor pega e cresce é porque, de certo jeito, a gente quer que isso seja, e vai, na ideia, querendo e ajudando; mas, quando é destino dado, maior que o miúdo, a gente ama inteiriço fatal, carecendo de querer, e é um só facear com as surpresas.” (CLARICE LISPECTOR) Laços de Família (…) Ai que quarto suculento! ela se abanava no Brasil. O sol preso pelas persianas tremia na parede como uma guitarra. A Rua do Riachuelo sacudia-se ao peso arquejante dos elétricos que vinham da Rua Mem de Sá. Ela ouvia curiosa e entediada o estremecimento do guarda-loiça na sala das visitas. D’impaciência, virou-se-lhe o corpo de bruços, e enquanto estava a esticar com amor os dedos dos pés pequeninos, aguardava seu próximo pensamento com os olhos abertos. “Quem encontrou, buscou”, disse-se em forma de rifão rimado, o que sempre terminava por parecer com alguma verdade. 3º GERAÇÃO DO MODERNISMO IMAGENS
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