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QUÍMICA GERAL E ORGÂNICA Professora Dra. Paola dos Santos Gaschi Marques Professor Me. Thiago Baldasso de Godoi GRADUAÇÃO Unicesumar Acesse o seu livro também disponível na versão digital. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MARQUES, Paola dos Santos Gaschi; GODOI, Thiago Baldasso de Godoi. Química Geral e Orgânica. Paola dos Santos Gaschi Marques; Thiago Baldasso de Godoi. Maringá-Pr.: Unicesumar, 2020. 248 p. “Graduação - EaD”. 1. Química 2. Geral . 3. Orgânica 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1929-2 CDD - 22 ed. 546 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Gerência de Curadoria Carolina Abdalla Normann de Freitas Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo Coordenador de Conteúdo Gustavo Affonso Pisano Mateus Designer Educacional Kaio Vinicius Cardoso Gomes Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Flávia Thaís Pedroso Qualidade Textual Eloisa Dias Lourenço Ilustração Marta Sayuri Kakitani Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Crian- do oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi- ca e encontram-se integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complemen- tando sua formação profissional, desenvolvendo com- petências e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhe- cimentos necessários para a sua formação pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fó- runs e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra dis- ponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. CU RR ÍC U LO Professora Dra. Paola dos Santos Gaschi Marques Graduação em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (2010), mestrado em Engenharia Química pela Universidade Federal do Paraná (2013) e doutorado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (2018). Atualmente atua como professor de cursos de graduação. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4250964E4 Professor Me. Thiago Baldasso de Godoi Possui graduação em Engenharia pela Universidade Estadual de Maringá (2009), pós-graduação em Engenharia da produção pela Unicesumar (2013) e mestrado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (2016). Atualmente é professor mediador do curso de Engenharia de Produção na Unicesumar. http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4258694E9 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4250964E4 http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.do?id=K4258694E9 SEJA BEM-VINDO(A)! Preparamos este livro com o intuito de apresentar os conceitos básicos da Química Geral e Orgânica. Em todos os assuntos tratados, temos como objetivo primordial de formar a base do conhecimento que nos permitirá entender conteúdos mais complexos de nos- so curso. E para auxiliar no desenvolvimento, trazemos uma relação entre os conceitos estudados e as aplicações do cotidiano e para as áreas de biológicas. Nosso curso começa descrevendo como a matéria é formada, suas partículas, os modelos atômicos que nos explicam, quais saltos quânticos podem desprender energia para o meio, o processo que ocorre, por exemplo, na fotossíntese ou na respiração celular. Ainda nesta análise de caráter microscópica entenderemos que as reações químicas só são possíveis de- vido ao ganho ou à perda de elétrons, e que estas reações permitem que sejam produzidos alimentos, medicamentos, entre outros elementos importantes para a sociedade. Em seguida, entenderemos que as transformações químicas podem ser evidenciadas pela mudança da coloração, do aroma, do sabor, entre outras características visuais. Per- ceberemos que também na química a lei da conservação das massas é válida, nos per- mitindo balancear equações químicas e prever a quantidade de reagentes consumidos e produtos produzidos. Vislumbraremos compostos que possuem propriedades e características semelhantes, as funções orgânicas e inorgânicas. Essas funções nos permitem prever o comportamento destes compostos em diversas situações. Por exemplo, em um acidente ambiental com caráter ácido, perceberemos que o solo, mananciais, rios, poderão ter seu pH alterado, que pode gerar prejuízos a fauna e a flora,se não forem adotadas medidas corretivas, reações químicas neutralizantes para barrar o caráter ácido deste meio contaminado. Entenderemos que as transformações químicas podem gerar produtos diferentes, aque- les que temos o interesse e outros que não se há interesse, chamados de subprodutos. Perceberemos a necessidade de conhecer as principais técnicas de separação que são empregadas no laboratório, permitindo separar estes compostos muitas vezes com o uso de suas propriedades físicas. Por fim, e não menos importante, estudaremos alguns conceitos importantes a serem empregados durante o trabalho com produtos químicos e os cuidados que são reque- ridos no trabalho em um laboratório de química. O conteúdo deste livro foi distribuído em função de sua importância no aprendizado dos futuros profissionais que atuarão nos mais variados segmentos. Convidamos você a participar desta experiência no conhecimento das Química e suas aplicações. Para tanto, integraremos ciências como a matemática, a física e a biologia, ou seja, são conteúdos complementares. E durante nossos estudos vamos manter em mente que na vida o conhecimento nunca se perde, ele se transforma! APRESENTAÇÃO QUÍMICA GERAL E ORGÂNICA SUMÁRIO 08 UNIDADE I ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO 13 Introdução 14 Modelos Atômicos 21 Números Atômicos e Números de Massa 22 Isótopos, Isóbaros, Isótonos e Massa Atômica 24 Níveis e Subníveis de Energia do Modelo Atômico e Orbital Atômico 28 Distribuição Eletrônica e Tabela Periódica 39 Ligações Químicas e Geometria Molecular 53 Considerações Finais 60 Referências 61 Gabarito UNIDADE II REAÇÕES QUÍMICAS E FUNÇÕES INORGÂNICAS 67 Introdução 68 Transformações Químicas, Estequiometria e Tipos de Reações 91 Velocidade de Reações Químicas e Equilibro Químico 97 Funções Inorgânicas 109 Soluções, Concentrações, Diluições 116 Considerações Finais 123 Referências 124 Gabarito SUMÁRIO 09 UNIDADE III FUNÇÕES ORGÂNICAS 131 Introdução 132 Funções Orgânicas 149 Importância dos Grupos Funcionais de Cada Função Orgânica 151 Aplicações das Funções Orgânicas no Cotidiano 154 Considerações Finais 159 Referências 160 Gabarito UNIDADE IV TIPOS DE ISOMERIA E REAÇÕES QUÍMICAS 162 Introdução 163 Hibridação do Carbono 165 Isomeria 180 A Importância da Isomeria e do Carbono Quiral na Natureza 182 Mecanismos de Reação 191 Considerações Finais 198 Referências 199 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE V PROPRIEDADES FÍSICAS, MISTURAS, TÉCNICAS DE SEPARAÇÃO, TITULAÇÃO E NOÇÕES BÁSICAS DE SEGURANÇA EM UM LABORATÓRIO 202 Introdução 203 Propriedades Físicas dos Materiais e Misturas 214 Técnicas de Separação de Misturas 220 Titulação, Padronização e Medidas de pH 227 Noções Básicas de Segurança e Cuidados Laboratoriais 239 Considerações Finais 244 Referências 245 Gabarito 247 CONCLUSÃO U N ID A D E I Professora Dra. Paola dos Santos Gaschi Marques Professor Me. Thiago Baldasso de Godoi ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender os Modelos atômicos. ■ Estudar os Números atômicos e Números de massa. ■ Enfocar Isótopos, isóbaros, isótonos e Massa atômica. ■ Estudar Níveis e subníveis de energia do modelo atômico e Orbital atômico. ■ Compreender a Distribuição eletrônica e Tabela periódica. ■ Estudar as Ligações químicas e Geometria molecular. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Modelos atômicos ■ Números atômicos e números de massa ■ Isótopos, isóbaros, isótonos e Massa atômica ■ Níveis e subníveis de energia do modelo atômico e Orbital atômico ■ Distribuição eletrônica e Tabela periódica ■ Ligações químicas e Geometria molecular INTRODUÇÃO Você já parou para observar a quantidade de cores, aromas, sabores diferentes que temos no mundo? São infinitas as combinações que geram formas, sabores e cores imensuráveis. A cor azul esverdeada da água de uma praia, o verde das árvores, o ardor da pimenta, o doce do açúcar, enfim são infinitas as possibili- dades percebidas pelos nossos sentidos. Todas estas diferentes propriedades são originadas a partir de um seleto grupo de elementos, cerca de 100 átomos qui- micamente diferentes. A cada combinação, são geradas propriedades diferentes, que nos permitem encontrar as infinitas variedades. Quase todas as propriedades químicas da matéria podem ser entendidas em termos das propriedades dos átomos que as formam, de modo, que este é o nosso ponto de partida para o entendimento da química! A partir de então, ao olhar o café quente em uma xícara, você deve pensar que tudo aquilo é com-posto por diferentes átomos, e em se tratando de átomos, se permitir imaginar que internamente existem outros elementos, ainda menores, que se combinam, se rearranjam, interagem e formam a vida! Nessa caminhada, iremos falar um pouquinho da história, para entender os desdobramentos dos modelos atômicos que formaram a base para o modelo de átomos que temos atualmente. O estudo do modelo atômico nos permitirá entender a necessidade que o elemento tem em realizar ligações químicas, ou seja, para adquirirem a estabilidade energética e atômica, se assemelhando aos gases nobres, elementos que existem na natureza de forma isolada. Verificaremos que a disposição da tabela periódica em linhas, colunas, e com uma certa sequência dos elementos não foi um mero formalismo, mas aconteceu de forma a agrupar elementos que possuem características semelhantes, nos munindo de importantes informações do comportamento destes elementos nos rearranjos químicos. E, os rearranjos químicos são capazes de formar novos compostos, com propriedades químicas e físicas diferentes, ou seja, os elementos individuais, os átomos, realizam ligações químicas a fim de obter a estabilidade, e modificam completamente o seu comportamento, e nos permitem produzir compostos que nos facilitam a vida Vamos lá?! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 13 ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E14 MODELOS ATÔMICOS Desde o primórdio, filósofos e cientistas acreditavam sobre a natureza do “mate- rial” fundamental, como sendo partículas sólidas, indivisíveis, que formavam todos os outros compostos. Em 460 – 370 a.C., Demócrito e outros filósofos da Grécia antiga afirmavam que o mundo era composto por infinitas destas partículas indivisíveis, e a elas denominaram átomos, que significa indivisível. Posteriormente, Platão e Aristóteles afirmaram em seus estudos que não exis- tiam as partículas indivisíveis, e a partir de então, a noção “atômica” da matéria deixou de ser plausível durante muitos séculos (BROWN et al., 2016). Foi então que no século XVII, na Europa, os químicos aprenderam a mensu- rar a quantidade de elementos que reagiam para formar novas substâncias, e tais argumentos corroboraram para voltar (digamos, retroceder) para ideia do mate- rial indivisível. Essa teoria foi evidenciada pelos trabalhos de Dalton (1803-1807), que em um de seus postulados, estabelece que “a massa total dos materiais pre- sentes depois de uma reação química é igual à massa total dos materiais presentes antes da reação”, ou seja, explica a proporção constante entre os compostos ou a Modelos Atômicos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 conservação da massa. O fato da massa dos reagentes ser a mesma do produto acabado tornou-se uma forte evidência da veracidade deste modelo (BROWN et al., 2016; BIGATÃO, 2016). “A Teoria de Dalton, baseada em átomos indivisíveis, explicou satisfatoria- mente muitos aspectos do comportamento químico” (BIGATÃO, 2016, p. 16). Ele “[...] propôs que o átomo era parecidocom uma bola de bilhar, isto é, esfé- rico, maciço e indivisível, e não poderia ser criado nem destruído. Concluiu também que uma alteração química consistia em uma combinação, separação ou rearranjo de átomos” (BIGATÃO, 2016, p. 16), nunca na formação de áto- mos a partir de outros átomos. Uma das primeiras evidências da existência do átomo como uma partícula divi- sível (muito antes do modelo de Dalton) pode ser designada ao filósofo grego Tales de Mileto, no ano VI a.C., o qual percebeu que ao atritar um bastão de resina de âmbar contra tecidos, couro cabeludo, este bastão atraía objetos de pequena massa, como folhas de vegetais secos. Derivou-se então o nome eletricidade, oriundo do nome elektron, cuja tradução do grego, significa âmbar (FELTRE, 2004). Os resultados de Dalton sobre a indivisibilidade do átomo foram questio- nados pela realização de alguns experimentos na área do eletromagnetismo, por meio de alguns experimentos com eletrólise e tubos com pouca presença de gás (com baixa pressão, rarefeitos). Nas extremidades de um tubo de vidro com pouco ar foi instalado um eletrodo com polo negativo e na outra, um polo positivo. Ao ser aplicada uma alta tensão foi produzida uma radiação entre os eletrodos, denominada de raios catódicos. Essa radiação deslocou-se do polo negativo para o polo positivo, e era observada pela fluorescência de materiais ali presentes. Então, provou-se que na presença de campos elétricos ou magnéticos ocorria os desvios dos raios catódicos, e o sentido do movimento (negativo para o positivo), demonstrou que havia um fluxo de carga negativa. No entanto, se no tubo havia ausência da matéria ou de átomos, como explicar tal fenômeno, se tudo que existia até então era composto por átomos maciços? Foi assim que, em 1897, o cientista britânico J. J. Thomson, provou que existiam partículas ainda menores que os átomos, designando como elétron (BROWN et al., 2016). ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 Assim, a grande evolução do modelo de Dalton para Thomson foi que Dalton não considerou a existência de partículas elétricas em seu modelo de átomo indi- visível, enquanto que Thomson, por meio da eletricidade, provou que existiam partículas menores que o átomo: o elétron. Então, para explicar todo o seu experimento, Thomson propôs, em 1903, o seu novo modelo de átomo, que era formado por uma “pasta” de carga posi- tiva que era recheada superficialmente pelos elétrons, com carga negativa. A interação entre estes dois elementos garantia a neutralidade elétrica do modelo atômico. Devido a explicação fornecida, o modelo ficou conhecido como “Pudim de Passas”, e desta forma, os cientistas passaram a reconhecer que o átomo era divisível em entidades menores, ao passo que reconheceram a natureza elétrica destes elementos. Temos no Material Complementar um vídeo interessante sobre tal experimento de Thomson, recomendo que acompanhem. Uma extensão da experiência de Thomson foi a experiência de Eugen Goldstein, em 1886, que modificou a ampola e descobriu os raios anôdicos. Estes raios seriam o material que “restou” dos átomos sem elétrons, e por não conterem elétrons, ficam com a carga positiva, sendo desviadas para determi- nada direção na presença de um campo elétrico (FELTRE, 2004). Os campos elétricos são regiões no espaço, como regiões entre placas me- tálicas eletricamente carregada, que contêm em uma extremidade uma alta concentração de partículas negativas (elétrons), e na outra, pouca ausência destas cargas, adquirindo o caráter positivo. Um elétron, que possui carga negativa, posicionado em um campo elétrico, vai em direção do polo posi- tivo do campo. Algo semelhante acontece na atração de imãs eletromagnéticos, atração entre cargas de diferentes sinais, que possuem diferentes quantidades de elétrons distribuídas em sua superfície. Fonte: os autores. Modelos Atômicos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 Na evolução entre os modelos atômicos, uma grande descoberta ajudou na pros- pecção dos modelos. Foi a descoberta da radioatividade, pelo cientista francês Henri Becquerel, em 1896. Ele descobriu que compostos de urânio emitem espon- taneamente radiação de alta energia, sem a necessidade de montar eletrodos, polos negativos ou positivos. Estes compostos conseguem emitir naturalmente a radiação, com uma alta energia, fenômeno que ele designou de radioatividade. As radiações emitidas têm cargas positivas, negativas ou neutras. As descobertas das propriedades relacionadas com a radioatividade também eram estudadas por Rutherford, e serviram de base para postular o mais novo modelo atômico. Em seus experimentos, ele utilizava um elemento radioativo para emitir radiação com cargas positivas, que eram bombardeadas sob uma placa fina de ouro. Em volta da placa de ouro havia uma tela circular fluorescente que captava a radiação, demonstrando se ela mudava ou não de direção após o cho- que com a placa. Foi então que surgiu uma indagação: se o átomo era como um pudim de passas, com seu interior contendo cargas positivas e submersas nesta massa positiva, haviam os elétrons, negativos, conforme afirmava Thomson, como poderia, grande parte da corrente radiativa não sofrer deformação nenhuma na sua trajetória quando passavam pela placa de ouro, atravessando-a e atingido a tela circular? E porque algumas poucas partículas eram desviadas em ângulos diversos (BROWN et al., 2016). Com base nestas observações, Rutherford foi capaz de propor um novo modelo. Ele afirmou que a maior parte do átomo é constituída por vazios, não por uma massa positiva. Ele concluiu ainda que algumas poucas partículas foram desviadas em direções diversas devido a repulsão entre a carga positiva da radia- ção com a pequena carga positiva existente no núcleo do átomo (BROWN et al., 2016). Foi assim, que [...] no início do século XX, o físico Ernest Rutherford (1871-1937) sugeriu que o átomo era composto de um núcleo muito pequeno, car- regado positivamente, no centro, e circundado por uma região compa- rativamente grande, vazia, que continha os elétrons, denominada ele- trosfera. O átomo seria semelhante ao “sistema solar”, em que o núcleo representaria o Sol e os elétrons girando ao redor do núcleo seriam os planetas (BIGATÃO, 2016, p. 16). ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 Conforme demonstra a figura a seguir: Próton Nêutron Elétron Figura 1 – Modelo atômico de Rutherford Fonte: De Boni e Goldani (2007). De acordo com De Boni e Goldani (2007), o modelo atual do átomo deriva da proposição de Rutherford, composto por duas regiões: o pequeno núcleo, que compreende toda a carga positiva e praticamente toda a massa do átomo, e a ele- trosfera, região extranuclear composta de elétrons A visão moderna dos átomos nos traz uma estrutura semelhante ao apresen- tado por Rutherford, contudo, a lista dos elementos que constituem o núcleo do átomo continua a crescer. Para o entendimento dos princípios químicos, objeti- vos de nosso curso, três elementos são importantes: os elétrons, os prótons e os nêutrons (BROWN et al., 2016). O núcleo é então [...] composto por dois tipos de partículas: o próton, que tem carga po- sitiva, e o nêutron, assim chamado porque é neutro, ou seja, não tem carga. Como o átomo não tem carga elétrica, o número de prótons no núcleo é igual ao número de elétrons que circularam o núcleo em uma região chamada de eletrosfera. Além disso, o número de prótons no núcleo é igual ao número atômico (BIGATÃO, 2016, p. 18). A carga de um elétron é − −1 602 10 19, . C (Coulomb, unidade da carga elétrica no sistema internacional de unidades SI). A carga do próton tem a mesma mag- nitude do elétron, mas com sinal trocado.O nêutron não tem carga elementar. A quantidade 1 602 10 19, . − C é conhecida na química como Carga Elementar ou Carga Eletrônica (BROWN et al., 2016). Modelos Atômicos Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 Uma evolução do modelo atômico proposto por Rutherford foi fornecida pelos estudos do físico Niels Bohr, que considerou, que a mecânica clássica (parte da física que estuda a interação e movimento dos corpos) não era capaz de des- crever o comportamento destas pequenas partículas que compunham o átomo, e nesse sentido, direcionou seus esforços para a compreensão de tais fenômenos a luz da mecânica quântica. Complexo, não? Nem tanto! Acompanhe o Reflita a seguir a título de curiosidade e para sabermos do que se trata essa ciência. Mecânica Quântica é uma teoria física que se dedica ao estudo de sistemas físicos com dimensões muito pequenas, na escala de tamanho do átomo ou até mesmo menores que isso. É capaz de descrever o comportamento de moléculas, íons, átomos, elétrons, prótons, nêutrons, entre outros. Você consegue imaginar o tamanho destas partículas? Caros(as) alunos(as), não criemos pânico! Só queremos ter uma leve compre- ensão do modelo que temos hoje que embasa o conhecimento sobre os átomos. E podemos nos perguntar: por que estudar isso? Desejamos um conhecimento superficial sobre isso, pois, agora, estes conceitos estão pulsando em seu corpo, determinando quais moléculas seu organismo vai absorver, quais reações irão acontecer que poderão liberar a energia responsável pela vida! Então, continuando, sabemos que as partículas presentes no átomo são regi- das pela mecânica quântica, e que Bohr foi que adentrou nestes conceitos, certo? Mas Bohr, não foi contra o que Rutherford postulou, ele complementou o modelo com a luz dos conhecimentos da mecânica quântica. Por meio de seus estudos, utilizando espectros eletromagnéticos, ele foi capaz de provar que os átomos disponibilizam níveis de energia para o elétron, ou seja, a energia de um elétron em um átomo é quantizada, o que posteriormente foi denominada de níveis de energia. E essa questão não é tão distante de nossa realidade. Se lembram, do Ensino Médio, o diagrama de Linus Pauling, níveis de energia, camadas K, L, M etc.? Essa teoria está relacionada a isso, que a depender de onde o elétron se encontra, ele possui um nível de energia, que permite com que ele faça um tipo ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 de movimento ao redor do núcleo. E se você não se lembra, não se preocupe, vamos pincelar algo sobre isso mais à frente! E foi assim que Bohr melhorou o modelo de Rutherford e desenvolveu o modelo do átomo que se assemelha ao sistema solar, no qual os elétrons são como os planetas e se dispõem na eletrosfera na forma de camadas, em que cada camada subsequente tem um nível de energia diferente, conforme demonstra a figura a seguir: Núcleo formado por prótons e nêutrons Eletrosfera formada por elétrons distribuídos em várias camadas Figura 2 – Modelo atômico de Rutherford-Bohr Fonte: adaptada de Feltre (2004). Na Figura 2, percebemos que os prótons e nêutrons ficam localizados no pequeno núcleo. A maior parte do átomo é a eletrosfera, onde ficam circulando os áto- mos. Os átomos tem diâmetro entre 1 10 5 1010 10. .− −a m . Por ser um número muito pequeno, atribui-se a medida 1 10 10. − m como sendo 1 Angstrom ( A ). Os elétrons são atraídos pelos prótons, e tem uma trajetória circular a elíptica na eletrosfera em torno do núcleo. O diâmetro do núcleo tem 1 10 4. − A . Números Atômicos e Números de Massa Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 NÚMEROS ATÔMICOS E NÚMEROS DE MASSA A quantidade de carga positiva presente no núcleo de um átomo denominamos de número atômico, com a simbologia “Z”. O número atômico está relacionado com a natureza do elemento. Para entender melhor temos como exemplo o átomo oxi- gênio. Se verificarmos na tabela periódica veremos que o número atômico deste elemento é 8. Isso significa dizer que cada átomo de oxigênio (O) tem 8 prótons. Não encontramos na natureza nenhum outro átomo com 8 prótons, pois esta carac- terística é única do oxigênio. Assim, para identificar o átomo de um elemento, ou o próprio elemento, basta identificar seu número atômico (BIGATÃO, 2016). Em relação aos elétrons, sabemos que os átomos não possuem carga elétrica líquida, ou seja, tem carga neutra ou zero. Desta forma, em um átomo, o número de prótons existentes no núcleo é igual ao número de elétrons existente na eletrosfera. “Os prótons e nêutrons presentes no núcleo de um átomo são quase total- mente responsáveis pela massa do átomo, porque os elétrons têm uma massa relativa” (BIGATÃO, 2016, p.18), pequena em relação a estes compostos. Por esse motivo, o número de massa, cuja simbologia é “A”, “[...] consiste na soma de pró- tons e nêutrons presentes no núcleo. Desta forma, se um determinado átomo possui 47 prótons e 60 nêutrons” (BIGATÃO, 2016, p. 18), seu número de massa A será a soma entre 47 e 60, ou seja 107. Uma representação comum do átomo qualquer "X", na química, se dá con- forme segue abaixo: XAZ ou XAZ Número de massa Número atômico Figura 3 – Representação do átomo Fonte: Bigatão (2016). ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 ISÓTOPOS, ISÓBAROS, ISÓTONOS E MASSA ATÔMICA Em relação ao número de nêutrons presentes no núcleo do átomo, estes não necessariamente têm uma quantidade igual destas partículas, ou seja, um mesmo elemento pode conter diferentes número de nêutrons. Isso acontece por exemplo com o carbono. O “Carbono 12” tem 6 prótons e 6 nêutrons, sendo represen- tado por 6 12C . Nesta representação, percebemos que o átomo tem 6 prótons, 6 elétrons, número de massa 12 e, por conseguinte, 6 nêutrons (12-6). Já o átomo “Carbono 14” também é carbono, mas tem a massa atômica 14. Sua represen- tação é 6 14C . Nesta representação, percebemos que este átomo tem 6 prótons, 6 elétrons, número de massa 14, e consequentemente, 8 nêutrons (14-6) (BROWN et al., 2016). Neste caso citado, em que temos o mesmo átomo com diferentes números de massa, denominamos na química de isótopos, ou seja, elementos com mesmo número atômico, mas com diferentes números de massa. É importante salientar que os isótopos de um determinado elemento são quimicamente semelhantes, mas podem conter propriedades físicas diferentes. Por exemplo, no caso de um outro isótopo do átomo hidrogênio, temos o pró- prio Hidrogênio 1H , e o Deutério, 2H ou 2D . Ambos têm um próton e um elétron, diferindo em relação ao número de nêutrons, e, consequentemente, no número de massa. Conforme afirmado, eles têm propriedades químicas seme- lhantes, reagem com o oxigênio, formando água, mas têm propriedades físicas diferentes, o hidrogênio forma a água comum (H O2 ), de densidade igual a 1 0, / g mL, enquanto o deutério forma a chamada água pesada (D O2 ), pois tem densidade igual a 1 1, / g mL (BIGATAO, 2016; RUSSEL, 1982). A seguir temos esquematizado os isótopos dos átomos de hidrogênio (H) e hélio (He). É demonstrando seu modelo atômico simplificado, em que as partículas pretas presentes no núcleo são os prótons, as partículas brancas, também presentes no núcleo, os nêutrons, e a região azul escura e azul clara que englobam o núcleo é onde circulam os elétrons, na eletrosfera: Isótopos, Isóbaros, Isótonos e Massa Atômica Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 H11 He32 He 4 2 He 5 2 He 6 2 H = Deuterium21 H = Tritium 3 1 Figura 4– Isótopos dos átomos hidrogênio e hélio Fonte: adaptada de Russel (1982). “Isóbaros são átomos com diferentes números de prótons, ou seja, elementos quí- micos diferentes, mas que possuem o mesmo número de massa (A)” (BIGATAO, 2016, p. 20). A exemplo destes casos temos “[...] o Cálcio (Ca, A=40 e Z=20) e Potássio (K, A=40 e Z=19). Os isóbaros têm propriedades físicas e químicas dife- rentes” (BIGATAO, 2016). Isótonos são átomos de diferentes elementos químicos, com diferentes números de prótons, diferentes números de massa, porém com mesmo número de nêutrons (N). Os isótonos possuem propriedades químicas e físicas diferentes, como por exemplo, Cloro e Cálcio. Ex: (Cl, Z=17, A=37 e N=A–Z=20); (Ca, Z=20, A=40 e N=A–Z=20) (BIGATAO, 2016, p. 20). MASSA ATÔMICA A determinação da massa dos átomos antigamente era de difícil mensuração, haja vista seu pequeno tamanho. Com o advento da tecnologia essa determina- ção ficou mais precisa e exata. Por exemplo, sabemos que a massa do hidrogênio é 1 6735 10 24, . − g enquanto que a do oxigênio é 2 6560 10 23, . − g (BROWN et al., 2016). A representação e o trabalho com pequenos números tornam os cál- culos mais difíceis e complexos, de forma que ao se utilizar uma escala podemos simplificar tal representação. É então empregado a escala “uma” que significa unidade de massa atômica. 1 1 66054 10 1 6 02214 1024 23 uma x g ou g x uma= =−, , ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 “Uma unidade de massa atômica (1 uma) é definida como sendo exatamente um doze avos (1/12) da massa de um átomo de carbono 12 (12C). Isso equivale dizer que a massa de um átomo de 12C é 12 uma. Desta forma, a escala de pesos atômicos é uma escala relativa” (BIGATÃO, 2016, p. 20). Na natureza a maioria dos compostos encontrados são isótopos. A massa atômica (presente na tabela periódica) é dada como sendo a média da massa dos isótopos existentes levando em conta a sua proporção. Não entraremos no detalhe das contas, pois não é nosso objetivo e também porque temos estes valores todos listados na tabela periódica, mas, já temos o conceito de onde vem aquele número. NÍVEIS E SUBNÍVEIS DE ENERGIA DO MODELO ATÔMICO E ORBITAL ATÔMICO Há pouco, mencionamos o modelo de Rutherford-Bohr, em que os elétrons se distribuíam na eletrosfera em diferentes níveis de energia, está lembrado? Então, agora iremos conhecer um pouco mais desses subníveis de energia. Uma camada de energia em que se encontram os elétrons consiste em um conjunto de um ou mais níveis energéticos quantizados, ou seja, cada nível tem sua energia potencial. A representação mais comum das camadas, e provavelmente aquela que aprendemos no ensino médio é dada por letras: K, L, M, N, O, P e Q (BIGATÃO, 2016). Níveis e Subníveis de Energia do Modelo Atômico e Orbital Atômico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 Em relação a estas camadas, quanto mais perto do núcleo, mais os elétrons são atraídos pelos prótons, e menor será sua energia potencial. Energia poten- cial? Vamos relembrar este conceito da física? Acompanhe o Saiba Mais! A energia potencial é a energia armazenada por um corpo. Para entender- mos este conceito, pensamos em uma maçã presa em uma árvore. Quando ela está presa na árvore, ela tem uma energia potencial muito grande, dada pela altura e também pela gravidade. Se ela desprender da árvore, a energia potencial se transforma em energia de movimento, aumentando sua veloci- dade de queda, até o ponto em que ela atinge o chão, quando sua energia potencial é mínima, e energia cinética é máxima (antes do impacto). Neste exemplo, vimos a energia potencial gravitacional. No caso dos elé- trons, é a energia potencial elétrica, pois eles são atraídos pelos prótons positivos existentes no núcleo. Assim, a diferença de cargas entre elétrons e prótons gera uma atração, e, consequentemente, uma energia potencial. Assim como no caso da maçã, quanto mais distante eles estão do núcleo, maior sua energia potencial, ou seja, as camadas externas têm maior ener- gia potencial. Fonte: os autores. Quanto mais próxima do núcleo está uma camada, seus elétrons per- manecem mais atraídos pelo núcleo e adquirem menor energia. Por outro lado, os elétrons das camadas mais afastadas são menos atraídos pelo núcleo, adquirindo maior energia potencial. Assim, os elétrons da camada K (n = 1) possuem a menor energia, enquanto a camada Q (n = 7) possui os elétrons de maior energia (BIGATÃO, 2016, p. 20). Outro ponto importante é a quantidade de elétron suportada em cada uma des- tas camadas. A camada K pode suportar até 2 elétrons, a camada L até 8 elétrons. A seguir temos demonstrado as camadas de energia da eletrosfera e a quanti- dade de elétrons existente: ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 2 28 18 1832 32 QM L K PM O Figura 5 – Camadas de energia ao redor do núcleo Fonte: adaptada de Feltre (2004). Os elétrons podem receber energia externa, como calor, luz, ficar excitados e saltar para uma camada subsequente, que comporta uma maior quantidade de energia. Quando ele retorna para sua camada original, a energia extra armaze- nada é perdida em uma radiação em forma de luz (BIGATÃO, 2019). Dentro de cada camada destas, existem subcamadas, também classificadas pela quantidade de energia que possa armazenar, e onde permanecem um certo número de elétrons. São elas as camadas s, p, d, f. No subnível s pode haver até 2 elétrons, enquanto no subnível p até 6 elétrons; no subnível d até 10 elétrons; e no subnível f até 14 elétrons, que são objetivos de nosso próximo tópico. Níveis e Subníveis de Energia do Modelo Atômico e Orbital Atômico Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 Por que neste curso devemos entender os níveis de energia, a região em que os elétrons ocupam, sua energia potencial, o desprendimento de ener- gia quando saltam de um orbital para outro? A resposta para isso é simples, reações bioquímicas que produzem a energia para os corpos animais e vegetais se utilizam de tais mecanismos. Um exem- plo clássico disso é o Ciclo de Krebs, que consiste em uma série de reações químicas que ocorrem na vida da célula e de seu metabolismo. Trata-se de uma parte do metabolismo dos organismos aeróbios (que utilizam o oxigê- nio em seu processo de respiração). Na descrição deste ciclo há um saldo de elétrons entre as reações químicas diversas que permitem a geração de energia (ATP) para o organismo. Para as plantas podemos citar o processo de Fotossíntese, que também há reações químicas complexas, com com- partilhamento de elétrons, cujo residual se transforma em energia para as funções vitais do vegetal. Então, nessa reflexão, concluímos que o estudo atômico dos átomos é requisito básico para o entendimento da biologia. Comida Célula Respiração celular ATP ATP 2. Ciclo de Krebs 3. Transporte eletrônico NADH Glicose 1. Glicolise Ácido pirúvico NADH ATP Água Dióxido de Carbono Mitocôndria Citoplasma Oxigênio Figura 6 – Respiração celular Fonte: os autores. ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA E TABELA PERIÓDICA De acordo com o físico Werner Heisenberg (1901-1976), é praticamente impos- sível se prever a posição correta de um elétron na sua eletrosfera. O físico Erwin Schrödinger (1887-1961) determinou que a região do espaço que está ao redor do núcleo, em que há máxima probabilidade de se encontrar um elétron (BIGATÃO, 2016, p. 24), é denominada de orbital. Cada orbital comporta no máximo dois elétrons, quese encontram emparelhados, ou seja, possuem sentidos de rota- ção (spin) contrários. Cada orbital possui um formato específico. Por exemplo, o orbital do tipo s possui um formato esférico, ou seja, os dois elétrons que circulam neste orbi- tal fazem uma translação no formato de círculo, conforme demonstra a figura a seguir. Os seis elétrons que circulam no orbital do tipo p transladam como se fosse na forma de uma elipse em torno da eletrosfera, conforme demonstra a imagem que segue. Em relação ao tipo d, a forma é semelhante, mas como temos uma maior quantidade de elétrons, ela ocupa uma maior região na eletrosfera, conforme a figura. Distribuição Eletrônica e Tabela Periódica Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 Figura 7 – Formato do orbital do tipo s, p, d O formato de como os elétrons transladam no espaço não são objetivos de nosso curso, apresentamos apenas para que tenhamos uma ideia desta configuração espacial. DISTRIBUIÇÃO ELETRÔNICA A distribuição eletrônica dos orbitais é feita preenchendo-se totalmente um sub- nível antes de passar para o próximo. No entanto, os elétrons não se acomodam primeiro em um subnível para depois acomodar em outro. Eles se acomodam de acordo com a quantidade de energia de cada nível, em ordem crescente. Em rela- ção a isso, “[...] o químico Linus Pauling (1901 – 1994) elaborou um diagrama que permite facilmente fazer a distribuição eletrônica segundo essa ordem crescente. O dispositivo ficou conhecido como Diagrama de Linus Pauling” (BIGATÃO, 2016, p. 25). A figura a seguir demonstra essa representação: ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 n=7 n=6 n=5 n=4 n=3 n=2 n=1 7s 6s 5s 4s 3s 2s 1s s p d f 7p 6p 5p 4p 3p 2p 6d 5d 4d 3d 5f 4f Figura 8 – Diagrama de Linus Pauling Fonte: adaptada de Russel (1982). Para fazer a distribuição eletrônica devemos seguir as setas, iniciando a leitura de baixo para cima. Por exemplo, o átomo ferro (Fe), que tem número atômico ( Z = 26 ), fica: 1 2 2 3 3 4 32 2 6 2 6 2 6s s p s p s d− − − − − − O índice 1 representa o nível 1 de energia, ou a camada K, a letra s representa o subnível s, que comporta 2 elétrons, conforme o subscrito presente nesta letra. Repare que essa distribuição seguiu exatamente a ordem das setas. Ainda, se você somar todos os subscritos, 2 2 6 2 6 2 6 26+ + + + + + = . Então, para fazer essa distribuição devemos ter em mente quantos elétrons cada subnível comporta, e a quantidade de elétrons da última distribuição será o valor que falta para com- pletar o número atômico do átomo, que é muito importante para conseguirmos mensurar a quantidade de elétrons existentes na última camada, pois é por meio desta informação que podemos prever quantas ligações o átomo será capaz de Distribuição Eletrônica e Tabela Periódica Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 realizar para conseguir atingir a estabilidade, objetivos de nossos próximos tópi- cos. Entretanto, existe uma maneira muito simples e fácil de obter a informação da quantidade de elétrons existente na última camada, que é entender as infor- mações contidas na tabela periódica. TABELA PERIÓDICA Como a lista dos elementos descobertos aumentou significativamente no século XIX, foi realizado um esforço entre os cientistas para estabelecer alguma perio- dicidade ou classificação destes elementos. Estes esforços culminaram no desenvolvimento da tabela periódica, em 1869 (BROWN et al. 2016), tendo destaque os trabalhos de Lothar Meyer e Dmitri Mendeleev. O princípio básico da tabela periódica foi agrupar elementos que possuíam certa semelhança, ou periodicidade, daí seu nome. Por exemplo, os elementos lítio (Li), sódio (Na) e potássio (K) todos se encontram em um mesmo grupo, a apresentam a caracte- rística de serem metais macios e muito reativos. Os elementos são dispostos na tabela em ordem crescente de número atô- mico. As linhas horizontais são chamadas “períodos”, e são numerados de 1 a 7, usando algarismos arábicos. Já as colunas verticais são denominadas de “gru- pos” ou “famílias”, e cada um representa uma “família de elementos”, sendo representados por números romanos (I a VIII), ou arábicos (1 a 8, seguidos de A ou B). Estes grupos correspondem ao Grupo 1A (Metais alcalinos), Grupo 2A (Metais alcalinos terrosos), Grupo 3A (Família do Boro), Grupo 4A (Família do Carbono), Grupo 5A (Família do Nitrogênio), Grupo 6A (Calcogênios), Grupo 7A (Halogênios) e 8ª (Gases Nobres) (BIGATÃO, 2016). Os elementos pertencentes aos subgrupos são denominados elementos de transição e são todos metais. Os elementos pertencentes ao grupo IIIB nos períodos 6 e 7 representam os elementos de transição interna, e são chamados lantanídeos e actinídeos, respectivamente. Todos os outros metais de transição são chamados elementos de transição exter- na (BIGATÃO, 2016, p. 32). ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 A seguir, é demonstrado a tabela periódica: Figura 9 – Tabela Periódica De acordo com De Boni e Goldani (2007), os elementos presentes na tabela divi- dem-se em metais, não metais, gases nobres e hidrogênio. Cada tabela periódica tem a sua demonstração de cores, que classificam os elementos dentro destas características. Em relação aos metais, entre as características comuns, apre- sentam condutividade elétrica e térmica, possuem em geral elevada densidade, possuem brilho, refletindo a luz, tem alto ponto de fusão e ebulição, tem a pro- priedade de ductilidade (produzem fios), sendo maleáveis permitindo a produção de lâminas. Com exceção do mercúrio (Hg), todos os metais apresentam-se no estado sólido na temperatura ambiente (BIGATÃO, 2016). Os não metais, como Carbono, Nitrogênio, Fósforo, possuem propriedades opostas dos metais. Tratam-se dos elementos em maior disponibilidade na natu- reza, e em termos de suas propriedades, não conduzem bem o calor e a eletricidade (BIGATÃO, 2016). No grupo dos gases nobres apresentam-se todos os elemen- tos que são gasosos na temperatura ambiente, possuído uma baixa reatividade. Distribuição Eletrônica e Tabela Periódica Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 33 Muitas vezes na tabela periódica encontramos o hidrogênio como um ele- mento a parte na tabela, pois ele possui propriedades muito diferentes de todos os outros elementos, é inodoro, incolor e combina-se tanto com os metais quanto com os não metais. Nas condições “ambiente” apresenta-se no estado gasoso sendo extremamente inflamável. Sabia que temos elementos químicos que não são naturais, presentes na tabela periódica? Podemos destacar, dentre estes elementos, dois situados antes do urânio (92U), denominados elementos cisurânicos, representados pelo tecnécio (43Tc) e o promécio (61Pm). Os demais elementos artificiais, por estarem localizados depois do urânio, são chamados elementos transurânicos. Fonte: Feltre (2004). ATENÇÃO PERIODICIDADE DAS CONFIGURAÇÕES ELETRÔNICAS Uma característica interessante da tabela periódica presente entre os elemen- tos do mesmo grupo é apresentar a mesma configuração eletrônica presente na camada de valência (última camada). Atenção! Camada de valência não é necessariamente a camada mais ener- gética. Ela é a camada mais externa! Para o ferro 26Fe , sua distribuição eletrônica é: 1 2 2 3 3 4 32 2 6 2 6 2 6s s p s p s d� � � � � � . Sua camada mais externa ou de valência é 4 2s , enquanto que sua camada mais energética (a última ob- tida pela distribuição de Linus Pauling é 3 6d . Fonte: os autores.ATENÇÃO ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E34 Por exemplo, na família 1A , todos os elementos finalizam com a distribuição ns1 , em que n representa o número quântico principal, ou seja, a camada mais externa, conhecida também como camada de valência. Vejamos a distribuição eletrônica para alguns elementos da família 6A (uti- lizando o diagrama de Linus Pauling): 8 2 2 4 16 2 2 6 2 4 34 1 2 2 1 2 2 3 3 1 O s s p S s s p s p Se s − − − , , . , , , , . 22 2 6 2 6 10 42 2 3 3 4 3 4, , , , , ², , . s p s p s d p Veja que interessante: todos os elementos deste grupo 6A terminam com a confi- guração p4 . Ainda, o oxigênio pertence ao período 2, e sua camada de valência é a segunda. O enxofre pertence ao período 3, e sua camada de valência é a ter- ceira. O selênio pertence ao período 4, e sua camada de valência é a quarta. As semelhanças não finalizam por aí, vejamos a quantidade de elétrons pre- sentes na camada de valência. Como fazer isso? Basta somarmos a quantidade de elétrons presentes na última camada, assim: O S Se = + = = + = = + = 4 2 6 4 2 6 4 2 6 Todos têm a mesma quantidade de elétrons na camada de valência. E isso traz uma informação valiosa para nós, pois conseguimos descobrir quantos elétrons eles precisam compartilhar com outros elementos para conseguir estabilidade. A regra geral (com exceção do hidrogênio H, Hélio He, e também dos elementos da família B – metais, que não obedecem a regra a seguir) é que as substâncias formadas atendam a regra do octeto, ou seja, tenham 8 elétrons em sua camada de valência, pois assim, adquirem a estabilidade. Neste grupo 6A, por exemplo, todos estes elementos tem a camada de valência com 6 elétrons, e para comple- tar 8 elétrons, precisam receber ou compartilhar 2 elétrons. Analogamente, no grupo 7A, eles têm 7 elétrons na camada de valência, e precisam de 1 elétron para Distribuição Eletrônica e Tabela Periódica Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 35 adquirir estabilidade. No grupo 8A eles têm 8 elétrons na camada de valência, e não precisam de mais elétrons para adquirir a estabilidade, ou seja, os gases nobres são bastante estáveis, o que resulta em baixa reatividade desses elementos. Essa periodicidade é muito importante quando formos falar sobre as ligações e reações químicas para formar novos compostos. Sugiro que você sublinhe, des- taque estes parágrafos, para que quando entrarmos no assunto reações e ligações químicas, vocês possam relembrar este conceito. Resumindo, vimos que um grupo nos traz a configuração eletrônica da camada de valência, a quantidade de elétrons existentes nesta última camada, vimos também que cada período nos informa qual o número da última camada (número quântico principal) ou camada de valência. Como exercício, sugiro que façam a distribuição para outras famílias da tabela periódica para confirmarem estas “coincidências”. A seguir destacamos uma outra coincidência ou periodicidade da tabela periódica, vejam na figura: 1s1 1s1 1A 8A 2A 3B 4B 5B 6B 7B 8B 1B 2B 3A 4A 5A 6A 7A 2s1 3s1 4s1 5s1 6s1 2p1 3p1 4p1 5p1 6p1 2p2 3p2 4p2 5p2 6p2 2p3 3p3 4p3 5p3 6p3 2p4 3p4 4p4 5p4 6p4 2p5 3p5 4p5 5p5 6p5 2p6 3p6 4p6 5p6 6p6 7s1 2s2 3s2 4s2 5s2 6s2 3d1 4d1 3d2 4d2 5d2 6d2 3d3 4d3 5d3 6d3 3d4 4d4 5d4 6d4 3d5 4d5 5d5 6d5 3d6 4d6 5d6 6d6 3d7 4d7 5d7 6d7 3d8 4d8 5d8 6d8 3d9 4d9 5d9 6d9 3d10 4d10 5d10 6d10 4f 4f1 4f2 4f3 4f4 4f5 4f6 4f7 4f8 4f9 4f10 4f11 4f12 4f13 4f14 5d1 5f1 5f2 5f3 5f4 5f5 5f6 5f7 5f8 5f9 5f10 5f11 5f12 5f13 5f14 6d1 5f7s2 fffff4ffffff5ff dddd4dddd5dd4dddd4d5dddd6d5dddd 3d 4ddddd5d6d ppppppp 2 2 2 pppppppp3p45p 6 pppppppp3pp45p4pppppppp4ssssssssssssssss4s15s 3s45s2 Figura 10 – Último subnível ocupado em cada elemento da tabela Fonte: Feltre (2004). ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E36 Vemos que nos grupos ou famílias 1 e 2A temos os elementos cuja distribuição eletrônica finaliza no subnível s, nos grupos 3A a 8A, os subníveis terminados em p (com exceção do hélio, que termina em s, mas que foi colocado ali devido a sua semelhança com os elementos daquele grupo). Dos grupos 1B a 8B, ele- mentos cuja distribuição eletrônica finaliza em d. E os elementos de transição interna que finalizando sua distribuição no subnível f. PERIODICIDADE NAS PROPRIEDADES DOS ELEMENTOS QUÍMICOS Além das semelhanças que destacamos anteriormente, podemos ter também semelhança em termos das propriedades do raio atômico, eletronegatividade, afinidade eletrônica e potencial de ionização, que verificaremos a seguir. Raio atômico O raio atômico é a distância do núcleo de um átomo à sua eletrosfera na camada mais externa ou camada de valência. Como o elétron orbita em diversas posições, este não é um número fixo, e calculamos um valor médio para o raio atômico. Para tanto, esta distância é definida “[...] pela média da distância entre os cen- tros dos núcleos de dois átomos vizinhos de um mesmo elemento numa ligação química em estado sólido” (BIGATÃO, 2016, p. 35). O raio atômico possui uma periodicidade tanto em relação a sua família quanto ao seu período. Dentro de uma mesma família, o raio atômico aumenta com o incremento do número atômico Z, ou seja, de cima para baixo. A expli- cação para isso é simples, o raio cresce de acordo com o aumento do número de camadas externas. Já para um mesmo período, o raio atômico aumenta da direita para esquerda, no sentido de decréscimo do número atômico. A explicação para tal fato está no fato de todos possuírem o mesmo número de camadas eletrônicas. Neste caso, “[...] quanto maior o número de elétrons na camada de valência, maior sua atra- ção pelo núcleo, diminuindo assim o raio do átomo” (BIGATÃO, 2016, p. 36). Distribuição Eletrônica e Tabela Periódica Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 37 A seguir é apresentado o que retratamos: Raio atômico Figura 11 – Aumento do raio atômico Fonte: Feltre (2004). Eletronegatividade A eletronegatividade é a capacidade que os átomos têm de atrair elétrons para pró- ximo de si. Isso é um fenômeno importante para a ocorrência das reações químicas. A escala de Pauling, bastante empregada nesta propriedade, define que a ele- tronegatividade cresce nas famílias da tabela de baixo para cima, no sentido em que diminui o raio atômico. A explicação para tal fato está no aumento das inte- rações do núcleo com a eletrosfera. Já em relação aos períodos, o aumento ocorre da esquerda para direita, no mesmo sentido do aumento do número atômico. A figura a seguir apresenta o sentido de crescimento da eletronegatividade dos elementos: Eletronegatividade Figura 12 – Aumento da eletronegatividade Fonte: Feltre (2004). ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E38 Eletropositividade Uma característica oposta da eletronegatividade é a eletropositividade, que é a tendência que o átomo tem para perder elétrons em uma ligação química. Em relação a esta propriedade ela aumenta no sentido contrário da eletronegativi- dade, seguindo a mesma relação do aumento do raio atômico. A explicação é simples, quanto maior o raio do átomo, mais facilmente ele perde seus elétrons da camada de valência (BIGATÃO, 2016). A seguir observamos o sentido do aumento da eletropositividade na tabela periódica: Eletropositividade Figura 13 – Aumento da eletropositividade Fonte: Feltre (2004). Ligações Químicas e Geometria Molecular Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 do Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 39 LIGAÇÕES QUÍMICAS E GEOMETRIA MOLECULAR De acordo com De Boni e Goldani (2007), na natureza, todos os sistemas bus- cam alcançar a maior estabilidade possível, árvores buscam ter raízes grandes e densas para lhe proporcionar estabilidade, a temperatura de um corpo mais quente é trocada com um corpo mais frio para atingir equilíbrio térmico, entre outros. Para os átomos não ocorre de forma diferente, a maior parte destes ele- mentos não se apresentam isoladamente, mas sim ligados com outros átomos, atingindo assim uma configuração mais estável. Um exemplo fundamental para nossa sobrevivência é o oxigênio, cuja combinação entre átomos do mesmo ele- mento formam O2 (oxigênio) e O3 (ozônio) ou se ligam a outros elementos, formando diversas substâncias: CO (monóxido de carbono), CO2 (dióxido de carbono), 2H O (água), SO2 (dióxido de enxofre). Neste ponto, é importante fri- sarmos que o elemento químico ( O ) não se encontra na natureza em sua forma elementar, pois ele não tem estabilidade (BIGATÃO, 2016). A estabilidade é obtida quando os átomos participantes atingem a regra do octeto, ou seja, completam, em sua camada de valência um total de 8 elétrons, obtendo uma configuração semelhante dos gases nobres. Em relação a estes gases, ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E40 presentes na família 8A, que já possuem 8 elétrons em sua camada de valência, não precisam realizar ligações químicas pois já são estáveis e podem ser encontra- dos na natureza em sua forma isolada (He Ne Ar Xe Kr e Rn, , , , ). Ainda, o hélio é um elemento que foge à regra do octeto, que fica estável com dois elétrons em sua camada de valência e por isso também se encontra nesta mesma família. Os demais elementos presentes na tabela não existem no formato isolado e precisam realizar ligações químicas para atingir a estabilidade. O tipo desta liga- ção química vai depender da natureza das configurações químicas dos átomos que participam da ligação (BIGATÃO, 2016), que são influenciados por dois fatores principais: a força eletrostática existente entre cargas opostas e a tendên- cia dos elétrons em formar pares. Os demais elementos presentes na tabela não existem no formato isolado e precisam realizar ligações químicas para atingir a estabilidade. O tipo desta liga- ção química vai depender da natureza das configurações químicas dos átomos que participam da ligação (BIGATÃO, 2016), que são influenciados por dois fatores principais: a força eletrostática existente entre cargas opostas e a tendên- cia dos elétrons em formar pares. Então, durante as ligações químicas, os átomos envolvidos a fim de adquirir a estabilidade podem doar seus elétrons, receber elétrons e até mesmo compar- tilhar elétrons entre si, e a depender da forma como ocorre, teremos um tipo específico de ligação, que iremos tratar a seguir. LIGAÇÃO IÔNICA A ligação iônica ocorre entre elementos que possuem cargas elétricas opostas, chamados de cátions (carga positiva) e ânions (carga negativa), geralmente, obti- das entre metais e não metais. Os metais têm grande tendência a perder elétrons, pois são bastante eletropositivos (lembre-se das propriedades da nossa tabela peri- ódica), e quando perdem elétrons, ficam desbalanceados em termos do número de cargas positivas e negativas, ou seja, ficam com um menor número de car- gas elétricas negativas, obtendo um caráter positivo, formando um íon positivo conhecido como cátion, por exemplo, o Na+ , que é um cátion do átomo sódio. Ligações Químicas e Geometria Molecular Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 41 Da mesma forma, um não metal possui grande tendência a ganhar elétrons, pois tem uma maior eletronegatividade, e neste caso, se ele ganha elétrons, ele fica com um maior número de cargas negativas, formando um íon negativo cha- mado de ânion, por exemplo, o ânion cloreto Cl−. Então, quando estes dois íons se encontram (o cátion se encontra com o ânion), há uma atração entre as cargas opostas, formando a ligação iônica. Para entender melhor vamos explicar melhor com os nossos exemplos tomados acima. O metal sódio 11Na e o não metal cloro 17Cl , tem a seguinte distribuição ele- trônica (pelo diagrama de Linus Pauling): 11 2 2 6 1 17 2 2 6 52 1 2 2 3 1 2 2 3 3 Na s s p s Cl s s p s p − − . . Vejam, que através da distribuição eletrônica do cloro, percebemos que na camada de valência M (ou camada 3) o sódio tem 1 elétron, e na camada anterior L (ou camada 2), ele tem 8 elétrons (2+6). Se ele perder 1 elétron da última camada ele fica com 8 elétrons na camada anterior, atinge a regra do octeto e torna-se estável. Então, o sódio precisa perder 1 elétron, e sua representação é Na1+, ou seja, o cátion sódio. Uma alternativa para realizar a mesma análise é utilizar a tabela periódica. Os elementos da família 1A e 2A, tendem a perder 1 e 2 elétrons, respectivamente. Neste caso, a representação do íon sódio com carga positiva é Na+. Verificando a distribuição eletrônica do cloro, percebemos que ele tem na camada de valência M (ou camada 3) 7 elétrons (2+5), portando, se ganhar 1 elétron, atinge a regra do octeto, ficando com 8 elétrons e atinge a estabilidade. Sua representação é Cl−, ou seja, o ânion cloreto. Uma alternativa para realizar a mesma análise é utilizar a tabela periódica. Os elementos da família 3A, tem três elétrons na camada de valência, precisam perde-los para ficar com 8 elétrons na camada anterior. Os elementos da família 4A, 5A, 6A, 7A precisam de 4, 3, 2 e 1 elétrons para atingirem a regra do octeto e atingir a estabilidade. Percebam, que o número da família da tabela periódica indica a quantidade de elétrons que precisam ser cedidos ou recebidos para atin- gir a estabilidade. Então, em nosso exemplo, o cloro pertence à família 7A, e ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E42 precisa ganhar 1 elétron para adquirir a estabilidade e sua representação é Cl− . Nesta condição destes dois átomos, o sódio necessitando doar 1 elétron, e o cloreto necessitando ganhar 1 elétron, eles realizam uma ligação do tipo iônica, que é quando há doação de elétrons de um elemento para o outro e formam o composto NaCl , chamado de cloreto de sódio. No sólido do tipo iônico formado NaCl , que é chamado de cloreto de sódio, os íons sódio e cloreto estão organizados nas três dimensões, conforme representação a seguir, onde cada Na+ tem seis Cl− que estão próximos e, de maneira análoga, cada Cl− está próximo de seis Na+. Tridimensionalmente, a estrutura originada demonstra um retículo cristalino. Sal NaCl Na Cl- + Figura 14 – Retículo cristalino do cloreto de sódio Fonte: Feltre (2004). As propriedades deste composto diferem muito dos elementos originais. O sódio é um metal brilhante que queima espontaneamente em contato com a água. O cloro é um gás venenoso que foi usado durante a 1ª Guerra Mundial. Apesar disso, nós utilizamos cloreto de sódio em nossos alimentos. Assim, fica claro que as propriedades do átomo mudam quando se tornam íons (UCKO, 1992). Neste exemplo do sal de cozinha foi simples construir sua fórmula iônica, e para ficarmos expert, vamos treinar com mais um exemplo: a ligação entre o Mg (Magnésio) e Cl (cloro). Neste exemplo não iremos fazer a distribuição eletrô- nica por Linus Pauling e sim usar as regras que conhecemos da tabela periódica. Se você ainda não se sentir confortável, faça a distribuição eletrônica, os resul- tados serão os mesmos. Ligações Químicas e Geometria Molecular Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19d e fe ve re iro d e 19 98 . 43 O magnésio está na família 2A, conforme mencionamos, os metais desta famí- lia tendem a perder 2 elétrons para atingir a estabilidade e completar a regra do octeto. Sua representação na forma de íon é Mg2+, ou seja, o cátion magnésio. O cloro está na família 7A, precisa ganhar 1 elétron para atingir a estabili- dade, e sua representação é Cl1−, ou seja, o ânion cloreto. Temos então um composto que precisa doar elétrons (metal) e outro que precisa receber elétrons (não metal), tratando-se, portanto, de uma ligação do tipo iônica. Agora neste ponto surge uma indagação, um elemento precisa perder dois elétrons, e o outro só precisa ganhar 1 elétron, como proceder? Simples, preci- saremos de 2 íons cloretos, assim, o cátion magnésio consegue doar seus dois elétrons. Porém, na fórmula iônica precisamos quantificar o número de átomos, que é feito com um subscrito: Antes da reação: Mg2+ e Cl1− Depois da reação: MgCl2 Para não sobrar dúvidas, indico utilizar a seguinte regra: Mg2+ Cl1- Figura 15 – Regra Fonte: os autores. Ou seja, a carga do ânion desce como a quantidade de cátions que serão neces- sários, no caso 1, não precisa representar, e a carga do cátion desce como a quantidade de ânions que serão necessários, no caso, 2. Para aniquilar com todas as dúvidas vamos para mais um exemplo, reação entre o alumínio (13 Al ) e o oxigênio ( 8O ). O alumínio (metal) está na família 3A, precisa perder 3 elétrons: Al3+ , cátion alumínio. O oxigênio (não metal) está na família 6A, precisa ganhar 2 elétrons: O2− , ânion óxido. Temos um ele- mento querendo doar, outro querendo receber, ou ainda, uma reação entre um metal e um não metal, então, teremos uma ligação do tipo iônica: Al 3+ O2- Figura 16 – Ligação do tipo iônica Fonte: os autores. ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E44 E o composto iônico formado será o Al O2 3 , ou seja, o óxido de alumínio. [...] os compostos iônicos apresentam algumas características em co- mum: são sólidos na temperatura ambiente e formam retículos crista- linos; possuem elevados pontos de fusão e ebulição; quando fundidos ou em solução aquosa são bons condutores de eletricidade; são solúveis em água; são duros e quebradiços (BIGATÃO, 2016, p. 41). LIGAÇÃO COVALENTE OU MOLECULAR A ligação covalente ocorre quando dois átomos possuem tendências semelhan- tes de ganhar. Nestas condições, ao contrário da ligação iônica, a transferência total de um elétron não acontece, ocorrendo o compartilhamento dos elétrons entre os átomos participantes da reação. Os pares eletrônicos que se formam neste processo de compartilhamento são constituídos por um elétron de cada átomo e pertencem simultaneamente a ambos os átomos ligados. Portanto, não ocorre ganho e perdas de elétrons e as estruturas formadas após a reação são eletrica- mente neutras (BIGATÃO, 2016). Os conjuntos formados por meio de ligações covalentes são “[...] chamadas de moléculas, por isso a ligação covalente é também chamada ligação molecular. Assim, as substâncias formadas por ligação covalente são chamadas substâncias moleculares e podem ser sólidas, líquidas e gasosas” (BIGATÃO, 2016, p. 43). “A ligação covalente geralmente ocorre entre não metal e não metal, hidrogênio e não metal e hidrogênio com hidrogênio” (BIGATÃO, 2016, p. 43). Vamos tomar como exemplo dois átomos de hidrogênio. Este elemento encontra-se, geralmente, a parte da tabela periódica, ou acima da família 1A. Ele, conforme mencionado acima, é uma exceção, e precisa apenas de 1 elétron para ficar com um total de 2 elétrons e adquirir a configuração do Hélio e ficar estável. Assim, os dois átomos de hidrogênio compartilham seus elétrons para ficar estáveis (BIGATÃO, 2016). Quanto a representação, a ligação covalente pode ser representada pela fór- mula estrutural plana: H H − , em que o traço representa o par de elétrons compartilhados. A fórmula molecular é H2 (BIGATÃO, 2016). Ligações Químicas e Geometria Molecular Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 É importante frisar que um composto é considerado molecular, ou ainda, chamado de molécula somente se possuir ligações covalentes em sua estrutura. Vamos fazer agora outro exemplo, entre dois átomos de cloro. O cloro (17Cl ) pertence à família 7A, ou seja, precisa ganhar 1 elétron para atingir a regra do octeto e adquirir estabilidade. Como temos dois não metais que necessitam ganhar elé- trons, eles irão compartilhar, cada um 1 elétron, e então, terão a quantidade final total de 8 elétrons na camada de valência. Por serem dois não metais e por compar- tilharem os elétrons, formaram uma ligação covalente, formando a molécula do gás cloro Cl2 ou Cl Cl − . Deixamos aqui o desafio para você fazer a distribuição eletrônica deste átomo e verificar a quantidade de elétrons que existe na camada de valência (última camada) e comprovar que ele realmente precisa de 1 elétron para ficar com 8 elétrons nesta camada. Abaixo temos uma representação didática do compartilhamento de elétrons entre os dois átomos de cloro. Para representar desta forma basta distribuir em volta do átomo os elétrons presentes na camada de valência e fazer uma ligação entre 1 elétron de cada átomo para representar a ligação: Cl Cl Figura 17 – Ligação covalente entre o gás cloro Fonte: Bigatão (2016). Outro exemplo de ligação covalente é entre átomos diferentes oxigênio (8O) e hidro- gênio (1 H ). Já vimos acima que o hidrogênio precisa de apenas 1 elétron para ficar estável. O oxigênio pertence à família 6A, ou seja, necessita de dois elétrons para ficar estável. Então, para isso ser possível, serão necessários dois átomos de hidro- gênio, formando a molécula da água H O2 . A figura abaixo representa esta ligação: O H HO H H Figura 18 – Ligação covalente entre oxigênio e hidrogênio. Fonte: Bigatão (2016). ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E46 Podemos verificar que a água faz duas ligações covalentes para atingir a estabilidade de seus elementos. A primeira representação é a fórmula estrutural plana, a segunda representação é a de Lewis, e a representação H2O é a representação molecular. LIGAÇÃO COVALENTE COORDENADA OU DATIVA A ligação covalente do tipo coordenada ou dativa é um caso especial da ligação covalente. Continua a ser covalente, pois ocorre entre não metais mediante ao compartilhamento de elétrons. A diferença neste tipo de ligação é que um dos elementos atinge a regra do octeto, tornando-se estável e ainda assim compar- tilha elétrons de sua estrutura para o outro elemento para que este também se torne estável. Para entendermos melhor este tipo de ligação, vamos tomar como exemplo o monóxido de carbono (CO) (BIGATÃO, 2016). O carbono pertence à família 4A, ou seja, necessita de 4 elétrons para atin- gir a regra do octeto e adquirir a estabilidade. O oxigênio pertence à família 6A, e necessita de 1 par de elétrons para ficar estável. Neste exemplo o oxigênio compartilha 1 par de elétrons com o carbono, e desta forma, adquiri a estabili-dade. O carbono, que compartilhou 1 par de elétrons com o oxigênio, fica com um total de 6 elétrons em sua camada de valência, e necessita de mais 1 par de elétrons para ficar com 8 elétrons. O oxigênio realiza este compartilhamento unilateral, e a molécula monóxido de carbono é formada, conforme demonstra a figura abaixo: C O Figura 19 – Ligação covalente dativa entre carbono e oxigênio Fonte: adaptada de De Boni e Goldani (2007). Ligações Químicas e Geometria Molecular Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 A representação na forma estrutural plana porser feita por um traço que repre- senta os compartilhamentos de pares de elétrons, conforme é demonstrado a seguir: C O 112.8 pm Figura 20 – Ligação covalente dativa entre carbono e oxigênio Fonte: adaptada de De Boni e Goldani (2007). Para treinarmos ainda mais vamos considerar mais um exemplo, a molécula dió- xido de enxofre (SO2). Tanto o enxofre (S), quanto o oxigênio (O) pertencem a família 6A, e como sabemos, necessitam compartilhar 1 par de elétrons para completar o octeto e atingir a estabilidade. Entre os pares enxofre e oxigênio, há o compartilhamento de um par de elétrons, e ambos, completam a regra do octeto, ficando estável. No entanto, ainda há um enxofre que necessita de um par de elétrons. Então, o oxigênio compartilha seu par de elétrons com este enxo- fre, sem receber o par de elétrons do enxofre, formando desta forma, a molécula dióxido de enxofre, conforme demonstra a figura abaixo: O S O Figura 21 – Fórmula de Lewis para representação do SO2 Fonte: adaptada de De Boni e Goldani (2007). A representação estrutural é dada conforme segue: O S O Figura 22 – Fórmula estrutural plana para representação do SO2 Fonte: adaptada de De Boni e Goldani (2007). ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E48 A seguir, temos o Quadro 1 que demonstra as principais diferenças entre a liga- ção iônica e covalente: Quadro 1 – Diferenças entre a ligação covalente e dativa LIGAÇÃO IÔNICA LIGAÇÃO COVALENTE Ocorre entre metal e não metal Ocorre entre não metal e não metal Transferência de elétrons Compartilhamento de elétrons Elevados pontos de fusão e ebulição Baixos pontos de fusão e ebulição Conduz corrente elétrica Não conduz corrente elétrica Formam retículos cristalinos Formam moléculas Sólidos a temperatura ambiente Sólidos, líquidos ou gases a temperatura ambiente Fonte: adaptado de De Boni e Goldani (2007). LIGAÇÃO METÁLICA Conforme o próprio nome sugere, este tipo de ligação ocorre entre metais. Os metais não exercem uma grande força pelos elétrons que estão presentes em sua camada de valência, e assim, quando mais de um metal se liga, os elétrons desta última camada ficam livres e percorrem toda a extensão do metal. Daí está a explicação dos fios metálicos serem utilizados para conduzir energia. A mobili- dade eletrônica existente os torna bons condutores de energia. Em termos das ligações, os metais tendem a doar seus elétrons para se tor- narem estáveis, ou seja, são cátions (doam elétrons e adquirem a carga positiva). Os elétrons que são perdidos durante a ligação ficam livres e são atraídos por outros elementos metálicos, que também desprendem seus elétrons, e assim sucessivamente. Portanto, os metais apresentam uma estrutura geral eletrica- mente neutra (a soma das cargas de todos os elementos presentes se torna nula), sendo que são constituídos por cátions em posições ordenadas, que possuem seus elétrons na camada de valência livres e que se movimentam por todo o metal (BIGATÃO, 2016). Ligações Químicas e Geometria Molecular Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 Alguns autores citam que os metais formam um modelo conhecido como sendo um “mar de elétrons”, em que existe um amontoado organizado de cátions mergulhados neste mar de elétrons. Assim, a regra do octeto vista até aqui não explica este tipo de ligação, ou seja, não se aplica a regra do octeto, conforme comentamos anteriormente. As características da ligação metálica são o brilho, elevada condutividade elétrica e térmica, elevados pontos de fusão e ebulição, alta densidade, maleabi- lidade e ductilidade e resistência a tração. Um exemplo de ligação metálica é representado pelo Ferro. Neste tipo de ligação representamos os elementos participantes, sem indicar a quantidade, pois conforme afirmamos, estes não seguem a regra do octeto. As ligas metálicas são uniões de dois ou mais metais, podendo ain- da incluir não metais, mas sempre com predominância dos elementos metálicos. Na produção de ligas metálicas, os componentes metálicos e não metálicos são fundidos, em seguida, resfriados e solidificados. O produto formado apresenta propriedades físicas e químicas muito diferentes de seus metais puros, tornando-se mais resistentes para apli- cações práticas em geral. As ligas de maior aplicação no nosso cotidia- no são o aço comum (liga de ferro e carbono), o aço inoxidável (liga de ferro, carbono, cromo e níquel), o bronze (liga de cobre e estanho), entre outras (BIGATÃO, 2016, p. 47). GEOMETRIA MOLECULAR Entendemos algumas das reações químicas básicas e agora estamos interessa- dos em saber como estes átomos se rearranjam no espaço após a ocorrência da ligação química. O estudo da geometria molecular é importante pois influencia em muitas de suas propriedades físicas e químicas dos compostos, tais como os pontos de fusão e ebulição (BIGATÃO, 2016). Além disso, por meio da geome- tria dos compostos somos capazes de predizer se a molécula é polar (ou seja, tem carga positiva ou negativa), ou apolar (é neutra). Este conceito é importante no campo da química por nos permitir prescrever a solubilidade de um composto em outro, pelo estudo da polaridade. ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E50 Já nos sistemas vivos, as diversas reações químicas que nos fornecem ener- gia e nos mantém vivos dependem de um entrelaçamento preciso e complexo entre as moléculas, justificando nosso interesse em entender a geometria dos compostos (BIGATAO, 2016). Em uma molécula, formada por ligações covalentes, um átomo central, ligado a vários átomos ao seu redor, as ligações e os pares de elétrons isolados (sem ligação) se orientam no espaço de maneira que as repulsões entre elétrons seja a menor possível (repulsões entre cargas iguais), enquanto que as atrações entre o elétron e núcleo sejam maximizadas. Este método que determina a orien- tação no espaço é chamado de Repulsão entre os pares eletrônicos da camada de valência ou Método VSEPR (BIGATÃO, 2016). Um exemplo desta distribuição espacial podemos vislumbrar na molécula de metano (CH4). O carbono, pertencente à família 4A necessita de 4 elétrons, enquanto que o hidrogênio necessita de apenas 1. Então, 4 hidrogênios fazem a ligação com o carbono, e todos eles completam a regra do octeto. A figura a seguir demonstra a configuração espacial desta molécula: Figura 23 – Geometria espacial do metano (CH4) Fonte: adaptada de Feltre (2004). Ligações Químicas e Geometria Molecular Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 51 Neste caso, sem pares eletrônicos livres na camada de valência do átomo cen- tral (carbono), os átomos de hidrogênio se distanciam de tal maneira que ficam mais distantes uns dos outros. Em outros casos sobram elétrons na camada de valência do átomo central, como é o caso da molécula de água. O oxigênio, pertencente à família 6ª, neces- sita compartilhar um par de elétron. Compartilha 1 elétron com um átomo de hidrogênio, e outro elétron com outro hidrogênio. Sobram neste compartilha- mento, no átomo central, 2 pares de elétrons na camada de valência. Estes pares de elétrons ficam distribuídos no espaço de tal forma que ficam em uma distân- cia que minimiza sua repulsão, conforme demonstra a figura a seguir: H O H Figura 24 – Estrutura de Lewis e Geometria espacial da água Fonte: adaptada de Feltre (2004). ÁTOMOS: O MUNDO QUÂNTICO Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E52 Essa teoria VSEPR explica a estrutura espacial das moléculas, pois leva em con- sideração que todas as moléculas possuem geometrias espaciais originadas de um conjunto
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