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literatura ufpr 2021

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Questões de Obras Literárias para UFPR 2021
Leon Jrre - 101.242.079-52
Acessar Lista
Questão 1 Literatura contemporânea Literatura
Leia o trecho abaixo, de Relato de um certo oriente, de Milton Hatoum:
No meu íntimo, creio que deixei a família e a cidade também por não suportar a convivência estúpida com os
serviçais. Lembro Dorner dizer que o privilégio aqui no norte não decorre apenas da posse de riquezas.
– Aqui reina uma forma estranha de escravidão – opinava Dorner. – A humilhação e a ameaça são o açoite; a
comida e a integração ilusória à família do senhor são as correntes e golilhas.
Havia alguma verdade nesta sentença.
(HATOUM, Milton. Relato de um certo oriente. São Paulo: Companhia das Letras, 1989, p. 88.)
A respeito desse romance, considere as seguintes afirmativas:
1. Quem narra essa parte do relato é Hakim, filho preferido de Emilie, a quem ela ensinou o árabe na infância e
que muito jovem se mudaria para o Sul do Brasil, jamais vendo a mãe novamente.
2. Dorner é um comerciante alemão, concorrente da loja da família de Emilie, a Parisiense, mas que se
mantivera próximo à família por sua antiga amizade com Emir, o irmão suicida da matriarca.
3. O julgamento de Dorner, com o qual o narrador concorda, é injusto, e o tratamento cordial que toda a
família de Emilie dedica à serviçal Anastácia Socorro é prova desse equívoco.
4. A referência à escravidão permite que se localize a ação de Relato de um certo oriente no nal do século
XIX, período em que o Ciclo da Borracha atraiu imigrantes para a região Norte.
Assinale a alternativa correta.
A Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
B Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
C Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
D Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
E As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
Essa questão possui comentário do professor no site 4000000053
Questão 2 Literatura João Cabral de Melo Neto Interpretação de texto literário
Em Morte e vida severina, Severino é um retirante que sai do interior com a intenção de chegar ao litoral, à
cidade do Recife. Quando atinge a Zona da Mata, última região antes da chegada ao Recife, diz ele:
https://vestibulares.estrategiaeducacional.com.br/cadernos-e-simulados/cadernos/34b5f5b2-f538-4867-a2dd-23317f723d96
– Nunca esperei muita coisa,
digo a Vossas Senhorias.
O que me fez retirar
não foi a grande cobiça;
o que apenas busquei
foi defender minha vida
da tal velhice que chega
antes de se inteirar trinta;
se na serra vivi vinte,
se alcancei lá tal medida,
o que pensei, retirando,
foi estendê-la um pouco ainda.
Mas não senti diferença
entre o Agreste e a Caatinga,
e entre a Caatinga e aqui a Mata
a diferença é a mais mínima.
Está apenas em que a terra
é por aqui mais macia;
está apenas no pavio,
ou melhor, na lamparina:
pois é igual o querosene
que em toda parte ilumina,
e quer nesta terra gorda
quer na serra, de caliça,
a vida arde sempre
com a mesma chama mortiça.
[…]
Sim, o melhor é apressar
o fim dessa ladainha,
fim do rosário de nomes
que a linha do rio enfia;
é chegar logo ao Recife,
derradeira ave-maria
do rosário, derradeira
invocação da ladainha,
Recife, onde o rio some
e esta minha viagem se finda.
(MELLO NETO, João Cabral de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994, p. 186-187.)
Considerando o trecho acima e a leitura integral do auto de João Cabral de Melo Neto, assinale a alternativa
correta.
A O auto de João Cabral foi concluído em 1955, tempo em que ainda se iluminavam as casas com
lamparinas, e, nessa situação, a percepção que Severino tem dos lugares que conhece é prejudicada
pelas limitações da época e por sua própria ignorância.
B A comparação de Recife com a “derradeira ave-maria/ do rosário”, assim como as várias rezas que
Severino testemunha ao longo da viagem, mostra a presença constante da religiosidade como um
fator de atraso na vida dos nordestinos.
C Ao final, fica claro para o leitor que a vida no Recife também seria semelhante à das regiões menos
desenvolvidas da Caatinga, do Agreste e da Zona da Mata, porque a pobreza não é causada pelas
condições naturais, mas por uma estrutura social excludente.
D O empenho social de João Cabral de Melo Neto é o de sugerir aos retirantes que não saiam de sua
terra, visto que, sem preparo, eles enfrentam dificuldades enormes no Recife, valendo mais a pena
procurar desenvolver sua própria região.
E Ao chegar ao Recife, Severino ouve uma longa conversa entre dois coveiros e, percebendo que sua
viagem havia sido inútil, entende a conversa como uma sugestão e se suicida, atirando-se no rio
Capibaribe.
Essa questão possui comentário do professor no site 4000000052
Questão 3 Literatura contemporânea Literatura Crítica literária
O romance Nove noites apresenta o antropólogo Buel Quain como um aluno da antropóloga estadunidense
Ruth Benedict. Ambos são personagens reais e atuaram, efetivamente, como pesquisadores da área. A
tentativa de representar aspectos ligados aos povos indígenas retoma uma temática da Literatura Brasileira
presente, ao menos, desde a poesia de Gonçalves Dias e de outros indianistas anteriores e posteriores a ele.
Considerando isso, leia o trecho abaixo, extraído de um ensaio de Ruth Benedict, originalmente publicado em
1934:
Nem a razão para usar as sociedades primitivas para discutir as formas sociais tem necessária relação com
uma volta romântica ao primitivo. Essa razão não existe com o espírito de poetizar os povos mais simples.
Existem muitos modos pelos quais a cultura de um ou outro povo nos atrai fortemente nesta era de padrões
heterogêneos e de tumulto mecânico confuso. Mas não é por meio de um regresso aos ideais preservados
para nós pelos povos primitivos que a nossa sociedade poderá curar-se de suas moléstias. O utopismo
romântico que se dirige aos primitivos mais simples, por mais atraente que seja, às vezes tanto pode ser no
estudo etnológico, um empecilho como um auxílio.
(BENEDICT, Ruth: “A ciência do costume”. PIERSON, Donald. 1970. Estudos de organização social: leituras de
sociologia e antropologia social. Tomo II. Tradução de Olga Dória. São Paulo: Martins. p. 497-513.)
Considerando a leitura integral de Nove Noites e a leitura do trecho extraído da obra da antropóloga, assinale
a alternativa em que a representação dos “povos primitivos” é condicionada pelo que a autora denomina de
“utopismo romântico”, ou, segundo definição dela mesma, o “espírito de poetizar os povos mais simples”.
A “Não entendia o que dera na cabeça dos índios para se instalarem lá, o que me parecia de uma
burrice incrível, se não um masoquismo e mesmo uma espécie de suicídio”.
B “São órfãos da civilização. Estão abandonados. Precisam de alianças no mundo dos brancos, um
mundo que eles tentam entender com esforço e em geral em vão. [...] Há quem tire de letra. Não foi
o meu caso. Não sou antropólogo e não tenho uma boa alma. Fiquei cheio”.
C “Os índios costumavam beber aquelas águas, pescar e a se banhar nelas, até o dia em que
começaram a cair doentes, um depois do outro, e foram morrendo sem explicação. [...] Com o
tempo descobriram a causa do envenenamento do rio Vermelho. Um hospital, construído rio acima,
[...] estava despejando o lixo hospitalar naquelas águas”.
D “Tanto os brasileiros como os índios que tenho visto são crianças mimadas que berram se não
obtêm o que desejam e nunca mantêm as suas promessas, uma vez que você lhe dá as costas. O
clima é anárquico e nada agradável”.
E “Na primeira noite, ele me falou de uma ilha no Pacífico, onde os índios são negros. Me falou do
tempo que passou entre esses índios e de uma aldeia, que chamou de Nakoroka, onde cada um
decide o que quer ser, pode escolher sua irmã, seu primo, sua família, e também sua casta, seu lugar
em relação aos outros [...] o sonho de aventura do menino antropólogo”.
Essa questão possui comentário do professor no site 4000000051
Questão 4 Últimos cantos O Uraguai Literatura
Leia os versos abaixo,de Gonçalves Dias e Basílio da Gama:
O Gigante de Pedra
(II, Estrofes 5 e 6)
Tornam prados a despir-se,
Tornam flores a murchar,
Tornam de novo a vestir-se,
Tornam depois a secar;
E como gota filtrada
De uma abóboda escavada
Sempre, incessante a cair,
Tombam as horas e os dias,
Como fantasmas sombrias,
Nos abismos do porvir!
E no féretro de montes
Inconcusso, imóvel, fito,
Escurece os horizontes
O gigante de granito.
Com soberba indiferença
Sente extinta a antiga crença
Dos Tamoios, dos Pajés;
Nem vê que duras desgraças,
Que lutas de novas raças
Se lhe atropelam aos pés!
Gonçalves Dias
A Tempestade
(Estrofes 1-4)
Um raio
Fulgura
No espaço,
Esparso
De luz;
E trêmulo
E puro
Se aviva,
S’esquiva,
Rutila.
Seduz!
Vem a aurora
Pressurosa,
Côr-de-rosa,
Que se cora
De carmim;
A seus raios
As estrelas,
Que eram belas,
Têm desmaios,
Já por fim.
O sol desponta
Lá no horizonte,
Doirando a fronte,
E o prado e o monte
E o céu e o mar;
E um manto belo
De vivas cores
Adorna as flores
Que entre verdores
Se vê brilhar.
Um ponto aparece,
Que o dia entristece,
O céu, onde cresce,
De negro a tingir;
Oh! Vede a procela
Infrene, mais bela,
No ar s’encapela
Já pronta a rugir!
Gonçalves Dias
O Uraguai
(Canto IV, v. 30-52)
Assim quem olha do escarpado cume
Não vê mais do que o céu, que o mais lhe encobre
A tarda e fria névoa, escura e densa.
Mas quando o sol, de lá do eterno e fixo
Purpúreo encosto de dourado assento,
Co’a criadora mão desfaz e corre
O véu cinzento de ondeadas nuvens,
Que alegre cena para nossos olhos! Podem
Daquela altura, por espaço imenso,
Ver as longas campinas retalhadas
De trêmulos ribeiros, claras fontes
E lagos cristalinos, onde molha
As leves asas o lascivo vento.
Engraçados outeiros, fundos vales
E arvoredos copados e confusos,
Verde teatro onde se admira quanto
Produziu a supérflua Natureza.
A terra sofredora de cultura
Mostra o rasgado seio; e as várias plantas,
Dando as mãos entre si, tecem compridas
Ruas, por onde a vista saudosa
Se estende e se perde. O vagaroso gado
Mal se move no campo, e se divisam
Por entre as sombras da verdura, ao longe,
As casas branquejando e os altos templos.
Basílio da Gama
Com base na análise dos versos acima e na leitura integral de O Uraguai e de Os últimos cantos, considere as
seguintes afirmativas:
1. Embora as “Poesias Americanas” tenham alcançado grande destaque nas leituras posteriores da obra de
Gonçalves Dias, em Últimos Cantos elas ocupam um espaço menor do que o conjunto das outras duas
partes: “Poesias Diversas” e “Hinos”.
2. No poema “O gigante de pedra”, é a montanha, da sua altura, quem assiste aos acontecimentos da
história. Os versos acima citados de O Uraguai, por sua vez, adotam a perspectiva do olhar humano para
descrever a natureza que se descortina do alto de uma montanha.
3. O hino “A tempestade” recria em seus versos os efeitos do fenômeno atmosférico que deslumbra o
poeta. Nas três estrofes citadas, podem-se perceber os recursos poéticos utilizados: métrica crescente,
esquema de rimas diferente a cada estrofe, adjetivos e verbos que vão do claro ao escuro, do tranquilo ao
agitado.
4. A reiteração sonora do verbo “tornar”, na mesma posição dos versos iniciais da estrofe 5 de “O Gigante
de Pedra”, marca a variação das estações do ano, sendo que a mesma característica é atribuída à montanha
na estrofe seguinte e ao longo de todo o poema.
5. A partir de acidentes geográ cos de localização precisa, a cadeia de montanhas localizada na atual cidade
do Rio de Janeiro e o rio Uruguai, localizado na fronteira sul do país, “O Gigante de Pedra” e O Uraguai
narram um episódio específico e datado da história brasileira.
Assinale a alternativa correta.
A Somente a afirmativa 5 é verdadeira.
B Somente as afirmativas 4 e 5 são verdadeiras.
C Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
D Somente as afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
E As afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras.
Essa questão possui comentário do professor no site 4000000049
Questão 5 Literatura Aluísio de Azevedo Clara dos Anjos
Ao mesmo tempo em que narram fatos, os narradores de Casa de Pensão e Clara dos Anjos também
assumem postura intrusa e opinativa: eles interrompem a narração de acontecimentos e inserem seus
comentários e opiniões, apresentando análises sociológicas ou psicológicas de acontecimentos, ambientes e
personagens. Nas alternativas abaixo, foram transcritos trechos dos dois romances. Assinale a alternativa em
que se observa tal atitude intrusa e opinativa do narrador no romance de Aluísio Azevedo.
A “Por outro lado, as mulatas folgavam em tê-lo perto de si, achavam-no vivo e atilado, provocavam-
lhe ditos de graça, mexiam com ele, faziam-lhe perguntas maliciosas, só para ‘ver o que o demônio
do menino respondia’. E logo que Amâncio dava a réplica, piscando os olhos e mostrando a ponta da
língua, caíam todas num ataque de riso, a olharem umas para as outras com intenção”.
B “Muita vez chorou de ternura, mas sempre às escondidas; muita vez sentiu o coração saltar para o
filho, mas sempre se conteve, receoso de cair no ridículo./ E não se lembrava, o imprudente, de que
o amor de pai é bem ao contrário do amor de filho; não se lembrava de que aquele nasce e subsiste
por si e que este precisa ser criado; que aquele é um princípio e que este é uma consequência; que
um vem de dentro para fora e que o outro vem de fora para dentro”.
C “O seu ideal na vida não era adquirir uma personalidade, não era ser ela, mesmo ao lado do pai ou do
futuro marido. Era constituir função do pai, enquanto solteira, e do marido, quando casada. Não
imaginava as catástrofes imprevistas da vida, que nos empurram, às vezes, para onde nunca
sonhamos ter de parar. Não via que, adquirida uma pequena profissão honesta e digna do seu sexo,
auxiliaria seus pais e seu marido, quando casada fosse”.
D “A casa da família do famoso violeiro não ficava nas ruas fronteiras à gare da Central; mas, numa
transversal, cuidada, limpa e calçada a paralelepípedos. Nos subúrbios, há disso: ao lado de uma rua,
quase oculta em seu cerrado matagal, topa-se uma catita, de ar urbano inteiramente. Indaga-se por
que tal via pública mereceu tantos cuidados da edilidade, e os historiógrafos locais explicam: é
porque nela, há anos, morou o deputado tal ou o ministro sicrano ou o intendente fulano”.
E “O provinciano, muito desvigorizado com a moléstia, sentia perfeitamente que os lúbricos impulsos,
que dantes lhe inspirava a graciosa rapariga, iam-se agora destecendo e dissipando à luz de um
novo sentimento de gratidão e respeito. A primitiva Amélia desaparecia aos poucos, para dar lugar
àquela extremosa criança, àquela irmãzinha venerável, que lhe enchia o quarto com o frescor
balsâmico de sua virgindade e rociava-lhe o coração com a trêfega mimalhice de sua ternura”.
Essa questão possui comentário do professor no site 4000000048
Questão 6 Terceira geração modernista brasileira Literatura Interpretação de texto literário
Leia o trecho abaixo, extraído de Sagarana, de João Guimarães Rosa:
Estremecem, amarelas, as ores da aroeira. Há um frêmito nos caules rosados da erva-de-sapo. A erva-de-
anum crispa as folhas, longas, como folhas de mangueira. Trepidam, sacudindo as estrelinhas alaranjadas, os
ramos da vassourinha. Tirita a mamona, de folhas peludas, como o corselete de um caçununga, brilhando em
verde-azul! A pitangueira se abala, do jarrete à grimpa. E o açoita-cavalos derruba frutinhas fendilhadas,
entrando em convulsões.
– Mas, meu Deus, como isto é bonito! Que lugar bonito p’r’a gente deitar no chão e se acabar!...
É o mato, todo enfeitado, tremendo também com a sezão.
(GUIMARÃES ROSA. “Sarapalha”. Sagarana. Obra completa (vol. 1). Nova Aguilar, 1994. p. 295.)
O trecho extraído do conto “Sarapalha”, do livro Sagarana, de Guimarães Rosa, exempli ca um aspecto que
está presente em todos os contos do mesmo livro. Assinale a alternativa que reconheceesse aspecto de
forma adequada.
A A religiosidade cristã católica rege as decisões humanas e transforma os homens e a natureza a
partir da ação direta de Deus.
B A ausência de aliterações e a economia de adjetivos são recursos utilizados para representar a
aridez da natureza.
C A descrição pormenorizada do espaço físico visa a excluir a dimensão psicológica e mística da
narrativa, para fortalecer a feição pitoresca da região.
D A descrição do meio físico é mediada pela visão do narrador, que apresenta a natureza como
elemento tão reversível quanto a condição humana.
E São narrados duelos que se travam entre o meio e o homem e que são vencidos apenas pelo uso da
força física e da valentia.
Essa questão possui comentário do professor no site 4000000047
Questão 7 Teatro Literatura Crítica literária
Anatol Rosenfeld, um importante estudioso da cena teatral brasileira, faz no trecho abaixo uma síntese que
explica as motivações para o emprego de recursos narrativos na dramaturgia que, segundo ele, começa a ser
realizada no Brasil ao fim da década de 50 do século XX.
O uso de recursos épicos por parte de dramaturgos e diretores teatrais não é arbitrário, correspondendo, ao
contrário, a transformações históricas que suscitam o surgir de novas temáticas, novos problemas, novas
valorações e novas concepções de mundo.
(ROSENFELD, Anatol: O teatro épico. São Paulo: Perspectiva, 1985, p. 12.)
Considerando o trecho citado e a leitura integral de Morte e Vida Severina, Auto de Natal Pernambucano, de
João Cabral de Melo Neto, e Eles não usam Black-tie, de Gianfrancesco Guarnieri, assinale a alternativa
correta.
A O auto de João Cabral de Melo Neto utiliza o verso e recursos da tradição oral popular do Nordeste
para reforçar o caráter religioso da peça, excluindo indícios de crítica social aos problemas regionais.
B O conflito entre pai e filho em Eles não usam Black-tie transpõe para o ambiente cotidiano de uma
família os conflitos e impasses da classe operária diante dos desmandos dos patrões.
C A peça de Guarnieri faz referências à cultura e ao ambiente da favela, incluindo até letras de
sambas antigos, o que reforça a imagem idealizada do morro e da figura do malandro.
D Morte e vida Severina utiliza versos de metrificação idêntica em todo o texto, o que prejudica o
ritmo musical e melódico, ao contrário do que se observa na peça de Guarnieri.
E Os personagens da peça de Guarnieri são considerados alegóricos, porque não apresentam conflitos
psicológicos, enquanto os de João Cabral são personagens individualizados e diversos entre si.
Essa questão possui comentário do professor no site 4000007667
Questão 8 Literatura Clara dos Anjos
Considere o seguinte trecho do romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto:
Por esse intrincado labirinto de ruas e bibocas é que vive uma grande parte da população da cidade, a cuja
existência o governo fecha os olhos, embora lhe cobre atrozes impostos, empregados em obras inúteis e
suntuárias noutros pontos do Rio de Janeiro. (Clara dos Anjos, p. 38.)
Com base no trecho selecionado e na leitura integral do romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto, assinale a
alternativa correta.
A O narrador é imparcial ao descrever os cenários do subúrbio e de outros pontos da cidade,
demonstrando neutralidade na constatação das diferenças entre as regiões.
B O subúrbio é descrito ora de modo realista, ora de modo idealizado, contribuindo para a construção
de uma visão, por vezes, romantizada da pobreza.
C O narrador disseca com rigor quase sociológico os problemas políticos da época, citando fatos e
personagens históricos reais que se misturam à narrativa.
D O romance apresenta o ambiente do subúrbio aliando a descrição pormenorizada do espaço físico à
caracterização dos personagens que o habitam.
E Os vários bairros e personagens que estão nos arredores da linha férrea do trem urbano são
descritos como um conjunto indiferenciado, como se cada bairro não tivesse sua característica
própria.
Essa questão possui comentário do professor no site 4000007666
Questão 9 Literatura contemporânea Literatura
Escritores de uma nova geração, Milton Hatoum (nascido em 1952) e Bernardo Carvalho (nascido em 1960) já
garantiram seu lugar no panorama multifacetado da literatura brasileira contemporânea. Relato de um certo
oriente, publicado em 1989, marcou a estreia de Milton Hatoum na literatura. Nove noites, publicado em
2002, é o sétimo livro lançado por Bernardo Carvalho, que estreou na literatura em 1993 com o livro de
contos Aberração.
A respeito das comparações entre Relato de um certo oriente e Nove noites, considere as seguintes
afirmativas:
1. Milton Hatoum consegue trazer para a sua cção o espaço amazonense sem cair no exagero do exotismo;
Bernardo Carvalho, por sua vez, tensiona o realismo pela inclusão, na cção, de fatos e personagens
históricos, autobiografia e experiências pessoais.
2. Através de estratégias diferentes, os dois romances buscam compreender o passado, conscientes da
obrigação histórica de recuperá-lo tal como aconteceu: Relato de um certo oriente resgata a memória
trágica de uma família que viveu em Manaus; Nove noites investiga a morte de um antropólogo no sul do
Maranhão, para entregar ao leitor a solução de um mistério até então não resolvido.
3. A epígrafe de W.H. Auden – “Que a memória refaça/A praia e os passos/O rosto e o ponto do encontro”
(em tradução de Sandra Stroparo e Caetano Galindo) – anuncia o elemento central da narrativa de Milton
Hatoum. O título do romance de Bernardo Carvalho se refere às nove noites que o antropólogo Buell Quain
passou na companhia de Manoel Perna, durante a sua estada entre os índios Krahô.
4. O tratamento dado aos nativos em Relato de um certo oriente pode ser veri cado na humilhação e nos
abusos sofridos pelas caboclas e índias que trabalhavam na casa de Emilie, principalmente por parte dos dois
“inomináveis”. Em Nove noites, a narração do jornalista volta a momentos centrais da história do Brasil no
século XX – Estado Novo, Ditadura Militar e Período Democrático –, marcando a situação de vulnerabilidade
permanente dos índios num mundo de brancos.
5. Na Manaus multicultural da primeira metade do século XX, Emilie e seus lhos, com a curiosidade natural
do imigrante, atravessam constantemente o rio que separa a cidade da oresta. Da mesma forma, o
narradorjornalista de Nove noites visita inúmeras vezes os índios Krahô, em busca de informações sobre o
suicídio de Buell Quain.
Assinale a alternativa correta.
A Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras
B Somente as afirmativas 2 e 5 são verdadeiras
C Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras
D Somente as afirmativas 2, 3 e 5 são verdadeiras
E As afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras.
Essa questão possui comentário do professor no site 4000007664
Questão 10 O Uraguai Literatura
O Uraguai foi publicado pela primeira vez antes da independência do Brasil, em 1769, e narra as disputas
entre espanhóis e portugueses pelos territórios do sul do continente, envolvendo os índios e os jesuítas. No
fragmento abaixo, podemos conferir um trecho da fala do comandante português:
O nosso último rei e o rei de Espanha
Determinaram por cortar de um golpe,
Como sabeis, neste ângulo da terra,
As desordens de povos confinantes,
Que mais certos sinais nos dividissem.
(GAMA, Basílio da. “Canto Primeiro”. O Uraguai. Porto Alegre: L&PM, 2009, p. 47.)
O talento de Basílio da Gama, que transforma o árido assunto em matéria literária, recebe, cem anos depois,
o elogio de Machado de Assis. Ao compará-lo com seu contemporâneo, Tomás Antônio Gonzaga, o escritor
a rma: “Não lhe falta, também a ele, nem sensibilidade, nem estilo, que em alto grau possui; a imaginação é
grandemente superior à de Gonzaga, e quanto à versi cação nenhum outro, em nossa língua, a possui mais
harmoniosa e pura” (MACHADO DE ASSIS. A nova geração. In. Obras completas. Rio de Janeiro: José Aguilar
Editora, 1973. p.815).
Sobre o poema deBasílio da Gama, considere as seguintes afirmativas:
1. O contexto histórico trabalhado no poema de Basílio da Gama é fundamental para o seu entendimento: a
descentralização do poder colonial, protagonizada pelo Marquês de Pombal, e a disputa de territórios
coloniais entre Espanha e Portugal, mediada e pacificada pelos jesuítas, na segunda metade do século XVIII.
2. Ao longo dos cinco cantos de O Uraguai, compostos em decassílabos sem rima, podemos perceber a
marca da epopeia, na narração da guerra e dos feitos dos heroicos portugueses, e a presença da sátira, na
caricatura dos jesuítas, particularmente na figura do Padre Balda.
3. O grande destaque dado aos índios e à defesa da sua terra, a exaltação lírica da natureza e a centralidade
do par amor/morte, presente na relação de Lindoia e Cacambo, deram ao poema de Basílio da Gama o lugar
de inaugurador do romantismo em todos os manuais de história da literatura brasileira.
4. Para narrar acontecimentos reais da ação de portugueses e espanhóis na disputa dos territórios
delimitados pelo rio Uruguai, que hoje correspondem ao noroeste do Rio Grande do Sul e ao norte da
Argentina, Basílio da Gama toma o cuidado de inserir apenas personagens ccionais no seu poema, para não
se comprometer.
Assinale a alternativa correta.
A Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
B Somente a afirmativa 2 é verdadeira.
C Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
D Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
E As afirmativas 1, 2, 3 e 4 são verdadeiras.
Essa questão possui comentário do professor no site 4000007644
Questão 11 Literatura Claro enigma Interpretação de texto literário
“Canção para álbum de moça”:
Considerando o poema acima e o livro de que ele é parte integrante – Claro Enigma (1951), de Carlos
Drummond de Andrade –, assinale a alternativa correta.
A O poema apresenta a esperança de interação do eu-lírico com uma moça, sem deixar de lado os
sentimentos perturbadores que contrastam com a aparente alegria do emissor.
B O poema em questão guarda semelhanças com outro poema do mesmo livro, “Tinha uma pedra no
meio do caminho”, o que se observa pela insistência num só tema e pela repetição dos versos.
C A palavra “canção”, no título, e o repetido cumprimento “bom-dia” criam uma atmosfera de leveza e
romantismo presente também no poema “A mesa”, que descreve a rotina familiar. 
D Observa-se uma mudança na atitude do eu-lírico quando a moça responde a seu cumprimento: de
triste e inquieto, passou a se sentir alegre e túrbido pela resposta que transformou o seu dia.
E A cotidianidade da vida moderna se mostra nesse diálogo marcado pelo ritmo frenético dos versos
futuristas e pela velocidade do eu-lírico que se desloca por um cenário urbano.
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Questão 12 Literatura Clara dos Anjos
No romance Clara dos Anjos, de Lima Barreto, o narrador tece considerações generalizantes a respeito da
sociedade de sua época, ao mesmo tempo em que narra a vida da protagonista, de sua família e a
malandragem de Cassi Jones. A respeito de aspectos da construção de Clara ou de fatos de que ela
participa, assinale a alternativa correta.
A A afirmação “é próprio do nosso pequeno povo fazer uma extravagante amálgama de religiões e
crenças de toda a sorte, e socorrer-se desta ou daquela, conforme os transes e momentâneas
agruras de sua existência” (capítulo I) explica a frequência de Clara a igrejas e templos de diferentes
religiões.
B A frase “A gente pobre é difícil de se suportar mutuamente; por qualquer ninharia, encontrando
ponto de honra, brigando, especialmente as mulheres” (capítulo VII) alude às provocações que Clara
desferia contra suas vizinhas.
C A ponderação “Cada um de nós, por mais humilde que seja, tem que meditar, durante a sua vida,
sobre o angustioso mistério da Morte, para poder responder cabalmente, se o tivermos que o fazer,
sobre o emprego que demos a nossa existência” (capítulo VIII) refere-se à cena da morte de Clara.
D O comentário “O seu ideal na vida não era adquirir uma personalidade, não era ser ela, mesmo ao
lado do pai ou do futuro marido. Era constituir função do pai, enquanto solteira, e do marido, quando
casada. Não imaginava as catástrofes imprevistas da vida” (capítulo VIII) prenuncia as dificuldades
que Clara enfrentou no seu casamento com Cassi.
E A análise “A educação que recebera, de mimos e vigilâncias, era errônea. Ela devia ter aprendido da
boca dos seus pais que a sua honestidade de moça e de mulher tinha todos por inimigos, mas isto
ao vivo, com exemplos, claramente...” (capítulo X) denuncia a frágil educação recebida por Clara
como responsável pelo seu destino.
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Questão 13 Últimos cantos Literatura
A respeito dos poemas que compõem o livro Últimos Cantos (1851), do maranhense Gonçalves Dias, assinale a
alternativa correta.
A O nacionalismo romântico se expressa no antológico poema “Canção do exílio”, que abre o livro
com um tom laudatório: “Nosso céu tem mais estrelas, / Nossas várzeas têm mais flores, / Nossos
bosques têm mais vida, / Nossa vida mais amores”.
B O embate entre tribos indígenas, com a consequente prisão de um guerreiro, é narrado em “I-Juca-
Pirama”, poema marcado por variedade métrica: “O prisioneiro, cuja morte anseiam, / Sentado está,
/ O prisioneiro, que outro sol no ocaso / Jamais verá!”.
C A pureza racial dos indígenas brasileiros é exaltada no poema “Marabá” por meio da descrição da
personagem-título: “— Meus olhos são garços, são cor das safiras, / — Têm luz das estrelas, têm
meigo brilhar; / — Imitam as nuvens de um céu anilado, / — As cores imitam das vagas do mar!”.
D O aspecto fúnebre das lendas românticas é representado no poema “O gigante de pedra”, em que
se destaca a monstruosidade do personagem: “Gigante orgulhoso, de fero semblante, / Num leito
de pedra lá jaz a dormir! / Em duro granito repousa o gigante, / Que os raios somente puderam
fundir”.
E O lirismo romântico prefere temas delicados, como as brincadeiras inocentes da criança em “Mãe-
d’água”: “Minha mãe, olha aqui dentro, / Olha a bela criatura, / Que dentro d’água se vê! / São d’ouro
os longos cabelos, / Gentil a doce figura, / Airosa leve a estatura; / Olha, vê no fundo d’água / Que
bela moça não é!”.
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Questão 14 Literatura Claro enigma
“E não gostavas de festa... / Ó velho, que festa grande / hoje te faria a gente”. Esses são os versos de
abertura do poema “A Mesa”, parte integrante do livro Claro Enigma, de Carlos Drummond de Andrade.
Neles podem ser identi cados alguns elementos do poema, entre os quais o destinatário, um patriarca, a
quem o eu-lírico se dirige ao longo de centenas de versos. A respeito de “A Mesa” e de sua integração com
outros poemas do mesmo livro, assinale a alternativa correta.
A Numa festa de aniversário, o eu-lírico reapresenta ao velho pai as pessoas da família. Tristes e
nostálgicas, elas vão se dando conta de que o pai não as reconhece. É o que se observa nos versos:
“Aqui sentou-se o mais velho” e “Mais adiante vês aquele / que de ti herdou a dura / vontade, o
duro estoicismo”.
B Na festa preparada para o pai, o eu-lírico observa a conversa barulhenta em torno da comida e,
inutilmente, tenta calar seus parentes, que trazem à mesa assuntos triviais, perturbando a
solenidade do reencontro. É o que se observa na repetição do verso “(não convém lembrar agora)”.
C Por meio dos versos “Como pode nossa festa / ser de um só que não de dois? / Os dois ora estais
reunidos / numa aliança bem maior / que o simples elo da terra”, o eu-lírico se dirige à mãe,
convidando-a para se sentar à cabeceira da mesa, provocando uma discussão entre o pai autoritário
e a mãe submissa.
D Na memória do eu-lírico, o pai se refere aos filhos cinquentões como se eles fossem meninos.
Embora sugira discordar do pai, o eu-lírico reconhece as contradições da condiçãode filho adulto
nos versos “e o desejo muito simples / de pedir à mãe que cosa, / mais do que nossa camisa, nossa
alma frouxa, rasgada”.
E O soneto “Encontro” faz referência a um pai, mas, como o pai está morto (“Está morto, que
importa? / Inda madruga / e seu rosto, nem triste nem risonho, / é o rosto antigo, o mesmo. E não
enxuga / suor algum, na calma de meu sonho”), o filho só o encontra em sonho e na imaginação,
diferentemente de “A mesa”
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Questão 15 Últimos cantos Literatura
Sobre o livro de poesia Últimos Cantos, de Gonçalves Dias, considere as seguintes afirmativas:
1. A métrica em “I-Juca-Pirama” é variável e tem conexão com a progressão dos fatos narrados, o que
permite dizer que o ritmo se ajusta às reviravoltas da narrativa.
2. “Leito de folhas verdes” e “Marabá” tematizam a miscigenação brasileira ao apresentarem dois casais
inter-raciais.
3. A “Canção do Tamoyo” apresenta o relato de feitos heroicos especí cos desse povo para exaltar a
coragem humana.
4. O poema “Hagaar no deserto” recria um episódio bíblico e apresenta uma escrava escolhida por Deus para
ser mãe de Ismael, o patriarca do povo árabe.
Assinale a alternativa correta.
A Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
B Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras
C Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras.
D Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
E Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
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Questão 16 Literatura Gregório de Matos Interpretação de texto literário
O soneto “No uxo e re uxo da maré encontra o poeta incentivo pra recordar seus males”, de Gregório de
Matos, apresenta características marcantes do poeta e do período em que ele o escreveu:
Seis horas enche e outras tantas vaza
A maré pelas margens do Oceano,
E não larga a tarefa um ponto no ano,
Depois que o mar rodeia, o sol abrasa.
Desde a esfera primeira opaca, ou rasa
A Lua com impulso soberano
Engole o mar por um secreto cano,
E quando o mar vomita, o mundo arrasa.
Muda-se o tempo, e suas temperanças.
Até o céu se muda, a terra, os mares,
E tudo está sujeito a mil mudanças.
Só eu, que todo o fim de meus pesares
Eram de algum minguante as esperanças,
Nunca o minguante vi de meus azares.
De acordo com o poema, é correto afirmar:
A A temática barroca do desconcerto do mundo está representada no poema, uma vez que as coisas
do mundo estão em desarmonia entre si.
B A transitoriedade das coisas terrenas está em oposição ao caráter imutável do sujeito, submetido a
uma concepção fatalista do destino humano.
C A concepção de um mundo às avessas está figurada no soneto através da clara oposição entre o
mar que tudo move e a lua imutável.
D A clareza empregada para exposição do tema reforça o ideal de simplicidade e bucolismo da poesia
barroca, cujo lema fundamental era a aurea mediocritas.
E A sintonia entre a natureza e o eu-poético embasa as personificações de objetos inanimados aliadas
às hipérboles que descrevem o sujeito.
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Questão 17 Literatura Gregório de Matos Interpretação de texto literário
Soneto
Carregado de mim ando no mundo,
E o grande peso embarga-me as passadas,
Que como ando por vias desusadas,
Faço o peso crescer, e vou-me ao fundo.
O remédio será seguir o imundo
Caminho, onde dos mais vejo as pisadas,
Que as bestas andam juntas mais ousadas,
Do que anda o engenho mais profundo.
Não é fácil viver entre os insanos,
Erra, quem presumir que sabe tudo,
Se o atalho não soube dos seus danos.
O prudente varão há de ser mudo,
Que é melhor neste mundo, mar de enganos,
Ser louco c’os demais, que só, sisudo.
A poesia satírica de Gregório de Matos emprega modelos e procedimentos variados. José Miguel
Wisnikindica que ela pode ser entendida como “uma luta cômica entre duas sociedades, uma normal e
outra absurda”. (WISNIK, J. M. “Prefácio”. Poemas escolhidos de Gregório de Matos. São Paulo: Companhia
das Letras, 2012, p.23). Com base nisso, é correto dizer que este soneto:
A apresenta a imagem de um “mundo às avessas”, em que a maioria aceita a sociedade absurda como
se fosse a ideal.
B desenha a sociedade ideal e utópica, que deverá ser alcançada no futuro.
C explora a dualidade conflituosa entre corpo e espírito e associa a vertente satírica à sacro-religiosa.
D apresenta um sujeito poético “sisudo e só”, o que retira do soneto o tom cômico que caracteriza a
sátira.
E apresenta a crítica aberta e racional como solução para o estado insano do mundo.
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Questão 18 Literatura Gregório de Matos
Considerando a poesia de Gregório de Matos e o momento literário em que sua obra se insere, avalie as
seguintes afirmativas:
1. Apresentando a luta do homem no embate entre a carne e o espírito, a terra e o céu, o presente e a
eternidade, os poemas religiosos do autor correspondem à sensibilidade da época e encontram paralelo na
obra de um seu contemporâneo, Padre Antônio Vieira.
2.Os poemas erótico-irônicos são um exemplo da versatilidade do poeta, mas não são representativos da
melhor poesia do autor, por não apresentarem a mesma so sticação e riqueza de recursos poéticos que os
poemas líricos ou religiosos apresentam.
3. Como bom exemplo da poesia barroca, a poesia do autor incrementa e exagera alguns recursos poéticos,
deixando sua linguagem mais rebuscada e enredada pelo uso de guras de linguagem raras e de resultados
tortuosos.
4. A presença do elemento mulato nessa poesia resgata para a literatura uma dimensão social problemática
da sociedade baiana da época: num país de escravos, o mestiço é um ser em con ito, vítima e algoz em uma
sociedade violentamente desigual.
Assinale a alternativa correta.
A Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
B Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
C Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
D Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
E Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
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Questão 19 Poesia Português Crítica literária
“A duzentos anos de distância, embora ainda velados muitos pormenores desse fantástico enredo, sente-se
a imprescindibilidade daqueles encontros, de raças e homens; do nascimento do ouro; da grandeza e
decadência das Minas; desses grá cos tão bem traçados de ambição que cresce e da humanidade que
declina; a imprescindibilidade das lágrimas e exílios, da humilhação do abandono amargo, da morte afrontosa
– a imprescindibilidade das vítimas, para a de nitiva execração dos tiranos.” (Cecília Meireles, Romanceiro da
Inconfidência)
O fragmento transcrito faz parte da conferência “Como escrevi o Romanceiro da Incon dência”, proferida
por Cecília Meireles em 1955. Com base na leitura do Romanceiro e nos conhecimentos sobre a literatura do
período, assinale a alternativa correta.
A O Romanceiro da Inconfidência exemplifica a principal tendência da literatura produzida em
meados do século XX no Brasil: longos poemas épicos inspirados na História do país.
B Para apresentar a variedade humana envolvida nos episódios, o poema aproveita elementos do
gênero dramático, de que são exemplo as falas de personagens espalhadas ao longo do texto.
C O engajamento político explicitado no texto da conferência é constante na obra de Cecília
Meireles, pois para ela a poesia lírica deveria ser instrumento para mudanças sociais.
D Não se pode considerar o Romanceiro um poema narrativo, pois, ao contrário do que acontece no
trecho da conferência, o poema embaralha a ordem de apresentação dos acontecimentos
históricos.
E Enquanto a conferência propõe que os tiranos sejam execrados, o Romanceiro da Inconfidência, por
ser um texto lírico, revela sentimentos sem julgar ou estabelecer responsabilidades.
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Questão20 Modernismo de 1930 Modernismo de 1945 Literatura
Assinale a alternativa correta.
A Em São Bernardo, de Graciliano Ramos, a mulher é vista como um ser submisso ao homem e, nesse
sentido, o suicídio de Madalena representa uma aceitação dessa submissão feminina.
B A ausência do ponto de vista feminino no Romanceiro da Inconfidência, de Cecília Meireles, não se
deve a um machismo da autora, refletindo apenas as condições de vida da mulher brasileira no
século XVIII.
C Em Dom Casmurro, o silenciamento de Capitu, que só aparece ao leitor pela ótica de Bentinho, não
pode ser atribuído ao machismo da sociedade brasileira do século XIX, já que decorre da psicologia
individual de Bentinho.
D Em Inocência, a visão de que as mulheres são seres sem racionalidade, escravas do próprio desejo
sexual, que “não casam com carrapato porque não sabem qual é o macho”, justifica o isolamento
em que vive a protagonista, fechada dentro de casa.
E Em contos de Clarice Lispector como “Felicidadeclandestina”, “Restos de carnaval” e “Uma
amizade sincera”, as jovens personagens femininas nos são apresentadas antes de descobrirem sua
sexualidade e aparecem relacionadas às personagens masculinas apenas por sentimentos infantis.
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Questão 21 São Bernardo Literatura
Assinale a alternativa correta a respeito da relação de Paulo Honório, narrador de S. Bernardo, de Graciliano
Ramos, com outras personagens:
A Seu Ribeiro, o guarda-livros da fazenda S. Bernardo, depois do casamento de Paulo Honório sente-
se diminuído com a interferência de Madalena em seu trabalho e por isso decide deixar a
propriedade.
B Madalena, mulher de Paulo Honório, que em solteira era professora primária, mata-se por não
suportar viver um casamento sem amor, tão diferente daqueles que conhecia dos romances
românticos que costumava ler.
C Dona Glória, tia de Madalena, contribui para as crises vividas pelo casal, porque de um lado quer o
bem da sobrinha, mas por outro admira o espírito objetivo de Paulo Honório, muito parecido com o
seu próprio estilo.
D O Padilha, de quem Paulo Honório tira a fazenda S. Bernardo, é homem profundamente ligado à
terra; não conseguindo viver longe da propriedade, pede para trabalhar na fazenda para manter o
contato com a vida rural.
E Casimiro Lopes, fiel capanga de Paulo Honório, é uma personagem que, ao mesmo tempo em que
tem a insensibilidade de matar por encomenda, tem sensibilidade para tratar com crianças,
compreendendo o filho do patrão melhor do que o próprio pai.
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Questão 22 Poesia Literatura Poesia
Leia os fragmentos de Romanceiro da Inconfidência transcritos abaixo.
Maldito o Conde, e maldito
esse ouro que faz escravos,
esse ouro que faz algemas,
que levanta densos muros
para as grades das cadeias,
que arma nas praças as forcas,
lavra as injustas sentenças,
arrasta pelos caminhos
vítimas que se esquartejam!
(Romance XVII – “Das lamentações no Tejuco”)
– Acusações, sentinelas,
bacamarte, algema, escolta;
– o olho ardente da perfídia,
a velar, na noite morta;
– a umidade dos presídios,
– a solidão pavorosa;
– duro ferro de perguntas,
com sangue em cada resposta;
– e a sentença que caminha,
– e a esperança que não volta,
– e o coração que vacila,
– e o castigo que galopa...
Ai, palavras, ai, palavras,
que estranha potência, a vossa!
(Romance LIII – “Das palavras aéreas”)
Considerando a totalidade da obra, identifique as afirmações verdadeiras.
“Ouro” e “palavras” são aproximados ao longo do poema: ambos podem causar efeitos contraditórios, tais
como libertar ou privar da liberdade. No caso do ouro, outras partes do poema apontam o quanto a riqueza e
a miséria estiveram próximas na época de sua exploração em Minas Gerais.
Ao longo de todo o Romanceiro d a Incon dência, o s textos dirigem-se diretamente à s palavras, fazendo
delas interlocutoras privilegiadas, que por isso assumem a condição de personagens principais dos vários
romances.
O poder evocativo dos versos é construído com repetições de sons e de ritmos, personi cação de
elementos da natureza, alternância de vozes e com o emprego frequente de interjeições. Trata-se, portanto,
de texto poético com grande carga dramática.
Cecília Meireles teve a intenção de evidenciar apenas os episódios históricos protagonizados pelos líderes da
Incon dência Mineira. A menção ao Conde no verso transcrito é uma exceção, já que se trata de
personagem de pouca relevância histórica.
Assinale a alternativa correta.
A Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.
B Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.
C Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
D Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
E Somente as afirmativas 1, 3 e 4 são verdadeiras.
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Questão 23 Felicidade clandestina Literatura
Considere os seguintes trechos extraídos dos livros Felicidade Clandestina e Como e porque sou romancista:
I. No dia seguinte fui à sua casa, literalmente correndo. Ela não morava num sobrado como eu, e sim numa
casa. Não me mandou entrar. Olhando bem para meus olhos, disse-me que havia emprestado o livro a outra
menina, e que eu voltasse no dia seguinte para buscá-lo. Boquiaberta, saí devagar, mas em breve a esperança
de novo me tomava toda e eu recomeçava na rua a andar pulando, que era o meu modo estranho de andar
pelas ruas de Recife. Dessa vez nem caí: guiava-me a promessa do livro, o dia seguinte viria, os dias
seguintes seriam mais tarde a minha vida inteira, o amor pelo mundo me esperava, andei pulando pelas ruas
como sempre e não caí nenhuma vez.
Mas não cou simplesmente nisso. O plano secreto da lha do dono da livraria era tranqüilo e diabólico. No
dia seguinte lá estava eu à porta de sua casa, com um sorriso e o coração batendo. Para ouvir a resposta
calma: o livro ainda não estava em seu poder, que eu voltasse no dia seguinte. Mal sabia eu como mais tarde,
no decorrer da vida, o drama do "dia seguinte" com ela ia se repetir com meu coração batendo.
II. Meu imediato e êmulo, que me foi depois amigo e colega de ano em São Paulo, era o Aguiarzinho (Dr.
Antônio Nunes de Aguiar), lho do distinto general do mesmo nome, bela inteligência e nobre coração
ceifados em flor, quando o mundo lhe abria de par em par as suas portas de ouro e pórfiro.
Ansioso aguardava ele a ocasião de se desforrar da partida que eu lhe havia ganho, depois de uma luta
por ada – Todavia não lhe acudiu a resposta de pronto; e passaria sua vez, se o diretor não lhe deixasse
tempo bastante para maior esforço do que fora dado aos outros e sobretudo a mim – A nal ocorreu-lhe a
resposta, e eu com o coração transido, cedi ao meu vencedor o lugar de honra conquistado de grau em grau,
e conseguia sustentar havia mais de dois meses.
Nos trinta anos vividos desde então, muita vez fui esbulhado do fruto do meu trabalho pela mediocridade
agaloada; nunca senti senão o desprezo que merecem tais pirraças da fortuna, despeitada contra aqueles
que não a incensam.
Com base nessas obras, é correto afirmar:
A Em Clarice Lispector, a cena de infância é utilizada para ilustrar o exercício do poder. Em José de
Alencar, a cena constitui um exemplo das injustiças de que o autor, segundo ele próprio, seria vítima
contumaz ao longo de sua vida.
B Ambos os autores, cada um em sua época, tematizam a luta de classes.
C As duas cenas de infância ilustram situações que, segundo cada narrador em suas particularidades,
teriam reflexos traumáticos ao longo de suas vidas.
D Ambos os autores relatam momentos de ruptura comportamental na vida dos personagens.
E No texto de Clarice Lispector, a filha do dono de livraria encarna a maldade dos seres que exercem
seu poder sobre as outras. Em José de Alencar esse papel é exercido por Aguiarzinho.
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Questão 24 Poesia Literatura ConcretismoConsidere os dois poemas abaixo, de Cecília Meireles e Ferreira Gullar:
I. Cenário
Da brenha tenebrosa aos curvos montes,
do quebrado almocafre aos anjos de ouro
que o céu sustém nos longos horizontes, 
tudo me fala e entende o tesouro
arrancado a estas Minas enganosas,
com sangue sobre a espada, a cruz e o louro.
Tudo me fala e entendo: escuto as rosas
e os girassóis destes jardins, que um dia
Altas capelas contam-me divinas fábulas.
Torres, santos e cruzeiros apontam-me altitudes e neblinas.
foram terras e areias dolorosas,
por onde o passo da ambição rugia;
por onde se arrastava, esquartejado,
o mártir sem direito de agonia.
Escuto os alicerces que o passado
tingiu de incêndio: a voz dessas ruínas
de muros de ouro em fogo evaporado. 
II. Grécia pelos olhos
Não pelos ouvidos
mas pelos olhos
chega até nós, Grécia, de deuses finados
e de heróis
pelos olhos
uma vez que
à nossa frente estão as colunas
do Partenon, patinadas,
e tudo o que se vê acima delas
é o céu atual
e vazio
de Atenas atravessado de aviões 
Recolho no chão da Acrópolis
uma mínima parte
do esqueleto de Apolo
(que ali jaz, ao pé do Erectéion, disperso, impossível de se distinguir Em meio a tantos fragmentos de
mármore)
Sobre esses poemas, é correto afirmar:
A A sinestesia, ou relação estabelecida entre planos sensoriais diferentes (por exemplo: visão com
cheiro, olfato com gosto), está presente tanto no poema de Cecília Meireles quanto no de Ferreira
Gullar.
B O poema de Ferreira Gullar ressalta a força das ruínas gregas de fazer emergir o passado histórico
da Grécia.
C Cecília Meireles encontra em elementos concretos do presente ecos de um passado que é
reconstruído poeticamente.
D Tanto Cecília Meireles quanto Ferreira Gullar deparam-se com vestígios históricos que acabam
afastando o tempo presente e fazendo o eu-lírico conviver com vozes do passado.
E No poema de Ferreira Gullar, os elementos da contemporaneidade são associados a imagens
mitológicas.
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Questão 25 Literatura Crítica literária Dom Casmurro
Considere os seguintes fragmentos de análises de obras de autores brasileiros.
1. Visto de outro ângulo, há também nesse romance uma outra versão, realista e psicológica, dos “per s de
mulher” cultivados pelo romantismo. Não é só este, porém, na cção de língua portuguesa, o primeiro “perfil
feminino” tratado em profundidade, com uma argúcia rara, que não impede a simpatia compreensiva: é
também o primeiro estudo menos incompleto de “psicologia do adolescente”. (Augusto Meyer)
2. Nesse romance o foco narrativo mostra a sua verdadeira força na medida em que é capaz de con gurar o
nível de consciência de um homem que, tendo conquistado a duras penas um lugar ao sol, absorveu na sua
longa jornada toda a agressividade latente de um sistema de competição. O personagem principal cresceu e
a rmou-se no clima da posse [...]. Tragédia do ciúme, no plano afetivo, e, ao mesmo tempo, romance do
desencontro fatal entre o universo do ter e o universo do ser, esse romance cará na economia extrema de
seus meios expressivos, como paradigma do romance psicológico e social da nossa literatura. (Alfredo Bosi)
3 . Nesse romance, o autor veicula, a seu modo, por meio de seus personagens um dos mais explorados
motivos da prosa literária – o triângulo amoroso. É, entretanto, pela fala do personagem-narrador que
conhecemos os fatos, e é pelo lt ro d e sua visão que formamos o per l psicológico d e cada uma das
personagens. (William Roberto Cereja; Thereza Cochar Magalhães)
4 . O seu maior romance é uma interpretação d a vida e uma procura d o tempo perdido. Munido d e uma
apurada técnica literária, ele vai iniciar a exploração da vida, olhada em resumo, do cimo desse planalto em
que a velhice começa. O herói do romance nos relata de início como mandou reproduzir, peça por peça, em
outro bairro, a antiga casa de Mata-cavalos, quieta, acolhedora, cheia de coisas velhas e consagradas pelo
uso. (Barreto Filho)
Referem-se à obra Dom Casmurro os trechos:
A 2, e 4 apenas.
B 1, 2 e 3 apenas.
C 3 e 4 apenas.
D 1, 3 e 4 apenas.
E 1, 2, 3 e 4.
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Questão 26 Modernismo de 1930 Modernismo de 1945 Literatura contemporânea
Considere os seguintes trechos:
1. [...] só o canapé pareceu haver compreendido a nossa situação moral, visto que nos ofereceu os serviços da
sua palhinha, com tal insistência que os aceitamos e nos sentamos. Data daí a opinião particular que tenho do
canapé. Ele faz aliar a intimidade e o decoro, e mostra a casa toda sem sair da sala. Dous homens sentados
nele podem debater o destino de um império, e duas mulheres a graça de um vestido; mas, um homem e uma
mulher só por aberração das leis naturais dirão outra coisa que não seja de si mesmos.
2. Naquele segundo ano houve di culdades medonhas. Plantei mamona e algodão, mas a safra foi ruim, os
preços baixos, vivi meses apertado, vendendo macacos e fazendo das fraquezas forças para não ir ao fundo.
Trabalhava danadamente, dormindo pouco, levantando-me às quatro da manhã, passando dias ao sol, à chuva,
de facão, pistola e cartucheira, comendo nas horas de descanso um pedaço de bacalhau assado e um
punhado de farinha. À noite, na rede, explicava pormenores do serviço a Casimiro Lopes. Ele acocorava-se na
esteira e, apesar da fadiga, ouvia atento. Às vezes Tubarão ladrava lá fora e nós aguçávamos o ouvido.
3. Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se mutuamente,
chamava-se nesse tempo – O canto dos meirinhos –; e bem lhe assentava o nome, porque era aí o logar de
encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe (que gozava então de não pequena consideração).
4. Nada do movimento de hoje. Esse chamar homem com a cabeça, a boca e os gestos safados de mão
sugerindo tudo, esse “vem cá, meu bem” do mulherio en leirado às portas, essa caftinagem rampeira ou cara
que se aloja e se estende por todo o Lixão, é coisa aparecida aos poucos, a partir de 53, quando os cobras
do governo fecharam a zona. Naquele tempo, haver havia alguma brasa. Mas era escondida. E as curriolas
corriam com maneiração. Claro que muito come quieto de mulheres, boca de sinuca, dadinho, carteado.
5. Nesse tempo, como ainda hoje, gostava do mar; mas naquela idade as predileções têm mais vigor e são
paixões. Não somente a vista do oceano, suas majestosas perspectivas, a magnitude de sua criação, como
também a vida marítima, essa temeridade do homem em luta com o abismo, me enchiam de entusiasmo e
admiração.
A partir desses trechos é possível afirmar:
1. O trecho 1 pertence ao livro Felicidade clandestina, de Clarice Lispector.
2. O trecho 2 pertence ao livro São Bernardo, de Graciliano Ramos.
3. O trecho 3 pertence ao livro Memórias de um sargento de milícias, de Manuel Antonio de Almeida.
4. O trecho 4 pertence ao livro Leão de chácara, de João Antonio
5. O trecho 5 pertence ao livro Dom Casmurro, de Machado de Assis.
Assinale a alternativa correta:
A Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
B Somente as afirmativas 1, 4 e 5 são verdadeiras.
C Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
D Somente as afirmativas 4 e 5 são verdadeiras.
E As afirmativas 1, 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras.
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Questão 27 Poesia Literatura Poesia
Sobre o livro O romanceiro da inconfidência, de Cecília Meireles, considere as afirmativas a seguir:
Os documentos históricos legados à posteridade não esclarecem d e fato certos episódios relacionados à
Incon dência Mineira. Em face dessa situação, Cecília Meireles optou por apresentar os acontecimentos e
as personagens a partir de uma perspectiva lírica que prescinde de nitidez e definição.
O poema contém partes de elaboração clássica, metri cadas em versos longos, e outras, mais próximas das
composições populares, em versos curtos.
Além das personagens diretamenteenvolvidas no movimento sedicioso do título, o poema também trata de
outras, como Chica da Silva, que embora não estejam diretamente envolvidas, ajudam a compor o ambiente
histórico do texto.
Tiradentes, o alferes que a história transformou em herói, é apresentado na obra como indivíduo ambíguo e
de moral discutível, numa clara contraposição literária à imagem apresentada pelos historiadores mais
conservadores.
Assinale a alternativa correta.
A Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.
B Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
C Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.
D Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
E Somente as afirmativas 3 e 4 são verdadeiras.
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Questão 28 Clarice Lispector Literatura
As palavras me antecedem e ultrapassam, elas me tentam e me modi cam, e se não tomo cuidado será
tarde demais: as coisas serão ditas sem eu as ter dito. Ou, pelo menos, não era apenas isso. Meu enleio vem
de que um tapete é feito de tantos os quenão posso me resignar a seguir um o só; meu enredamento vem
de que uma história é feita de muitas histórias.
(de “Os desastres de Sofia”)
(...) N a verdade era uma vida d e sonho. À s vezes, quando falavam d e alguém excêntrico, diziam c om a
benevolência que uma classe tem por outra: “Ah, esse leva uma vida de poeta”. Pode-se talvez dizer,
aproveitando as poucas palavras que se conheceram do casal, pode-se dizer que ambos levavam, menos a
extravagância, uma vida de mau poeta: vida de sonho. Não, não era verdade. Não era uma vida de sonho,
pois este jamais os orientara. Mas de irrealidade.
(de “Os obedientes”)
Com base nos fragmentos acima transcritos, extraídos de contos do livro Felicidade clandestina, de Clarice
Lispector, considere as seguintes afirmativas:
Narrar ou deixar de narrar, avaliar de diferentes maneiras um mesmo fato narrado são hesitações freqüentes
dos narradores de Clarice Lispector. Como nos fragmentos acima, também e m outros contos prioriza-se a
abordagem da vida interior, própria ou alheia, revelando sutis alternâncias de percepção da realidade.
O aspecto metalingüístico do primeiro fragmento não está presente em todos os contos, mas é fundamental
para algumas narrativas, dentre as quais “Os desastres de So a”, que trata da complexa relação entre uma
menina e o professor que a ajudou a perceber a força da palavra escrita.
Como em “Os obedientes”, também nas outras narrativas de Felicidade clandestina homens e mulheres
passam por idênticas angústias. Na cção de Clarice Lispector, as diferenças entre a percepção masculina e
a feminina não são tematizadas, pois o ser humano está sempre condenado a viver num mundo
incompreensível.
O desfecho surpreendente do conto “Os obedientes”, com o suicídio da esposa, reforça a visão crít ica dos
narradores de Clarice Lispector sobre a rotina da vida doméstica, nunca observada como uma “vida de
sonho”.
Na ficção de Clarice Lispector, apenas as personagens adultas têm consciência de seus processos interiores.
A s crianças e adolescentes sofrem o impacto d e novas descobertas, m a s s ua inocência o s afasta de
qualquer comportamento perverso e os protege dos riscos de viver mais intensamente. 
Assinale a alternativa correta.
A Somente as afirmativas 1, 2 e 4 são verdadeiras.
B Somente as afirmativas 1, 2 e 5 são verdadeiras.
C Somente as afirmativas 3, 4 e 5 são verdadeiras.
D Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.
E Somente as afirmativas 2, 3, 4 e 5 são verdadeiras.
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Questão 29 São Bernardo Literatura
Sobre o romance São Bernardo, de Graciliano Ramos, é correto afirmar:
A Obra relevante na ficção modernista da década de 1930, esse romance enfoca as adversidades de
Paulo Honório, um empreendedor culto e dinâmico, na luta por modernizar uma propriedade rural
decadente, levando bem-estar e progresso à sua comunidade.
B Embora se trate de um romance de memórias, o livro não é narrado pelo próprio protagonista;
adota-se, isso sim, um foco narrativo de terceira pessoa, procedimento igualmente utilizado no
caso do romance Memórias de um sargento de milícias.
C As tensões entre Paulo Honório e Madalena, sua esposa, as crescentes suspeitas quanto à traição
conjugal, bem como a morte prematura do filho do casal, permitem que se leia o romance de
Graciliano Ramos como uma paródia da obra D. Casmurro, de Machado de Assis.
D O interesse pelas diferentes paisagens interioranas do Brasil, manifestado também em São
Bernardo, constitui-se em inovação do Movimento Modernista, já que nossa literatura se havia
concentrado fundamentalmente na ficção urbana ao longo do século XIX, como bem demonstram
as obras de José de Alencar.
E Apesar de iniciar-se como uma narrativa menos problematizada dos fatos da vida do narrador, o
livro ganha complexidade diante dos impasses de Paulo Honório em realizar tal projeto, o que
coloca em relevo a tensa e irresolvida relação entre ele e sua esposa.
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Questão 30 Literatura Lygia Fagundes Telles
Tendo em vista o livro Seminário dos Ratos, de Lygia Fagundes Telles, assinale a(s) afirmativa(s) com C ou E.
Trata-se de contos apresentados à maneira de fábulas, cada texto dedicado a um animal, como formigas,
pombas, tigres e ratos, todos com características fantásticas.
A Certo.
B Errado.
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Respostas:
1 A 2 C 3 E 4 C 5 B 6 D 7 B 8 D 9 C 10 B 11 A
12 E 13 B 14 D 15 C 16 B 17 A 18 C 19 B 20 D 21 E 22 B
23 A 24 C 25 D 26 C 27 A 28 A 29 E 30 B

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