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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA 
IGOR VIEIRA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARDA MUNICIPAL: 
A POSSIBILIDADE DO PORTE DE ARMAS DE FOGO E SEU IMPACTO NA 
SEGURANÇA PÚBLICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tubarão/SC 
2018 
 
 
 
IGOR VIEIRA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARDA MUNICIPAL: 
A POSSIBILIDADE DO PORTE DE ARMAS DE FOGO E SEU IMPACTO NA 
SEGURANÇA PÚBLICA 
 
 
Monografia apresentada ao Curso de Direito da 
Universidade do Sul de Santa Catarina como 
requisito parcial à obtenção do título de 
Bacharel em Direito. 
 
Linha de pesquisa: Justiça e sociedade 
 
 
 
Orientador: Prof. Silvio Roberto Lisbôa, Esp. 
 
 
 
 
Tubarão/SC 
2018 
3 
 
IGOR VIEIRA DOS SANTOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GUARDA MUNICIPAL: 
A POSSIBILIDADE DO PORTE DE ARMAS DE FOGO E SEU IMPACTO NA 
SEGURANÇA PÚBLICA 
 
 
Esta Monografia foi julgada adequada à 
obtenção do título de Bacharel em Direito e 
aprovada em sua forma final pelo Curso de 
Direito da Universidade do Sul de Santa 
Catarina. 
 
 
 
 
Tubarão, 26 de junho de 2018. 
 
______________________________________________________ 
Professor e orientador Silvio Roberto Lisbôa, Esp. 
Universidade do Sul de Santa Catarina 
 
______________________________________________________ 
Prof. Alessandra Malheiros Fava da Silva, Esp. 
Universidade do Sul de Santa Catarina 
 
______________________________________________________ 
Prof. Debora Carla Melo e Pimenta, Esp. 
Universidade do Sul de Santa Catarina 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho a todos os acadêmicos e 
atuantes nas áreas do direito, bem como a todos 
que buscam o conhecimento, além de 
esclarecimentos dentro de nosso turbulento 
mundo jurídico e todos que não se rendem a 
ignorância. 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
Agradeço primeiramente a Deus, que mesmo diante dos obstáculos não me deixou 
faltar forças para continuar, mesmo quando as coisas pareciam não estar dando certo, tanto na 
perspectiva profissional, quanto na perspectiva pessoal. 
Agradeço posteriormente a minha família, em especial minha irmã Lívia Vieira 
David Pereira e meu pai Denei Deni dos Santos que, muitas vezes faltei com a responsabilidade, 
a maturidade e a humildade, mas que, ainda sim não desistiram de mim e continuaram a me 
apoiar em cada passo do caminho. 
Agradeço também a Guilherme Nunes Laureano que, sempre foi um motivador 
constante, seja através de palavras ou atitudes, sempre em busca de cada vez mais, parceiro de 
festas e também amigo de infância; Fernanda Celso, amiga de infância que, se manteve presente 
sempre que possível, mesmo com suas próprias turbulências em seu mundo acadêmico e ainda 
que distantes um do outro nunca faltou com apoio; a Thayanie de Oliveira Pereira que, além de 
sempre me apoiar em meus sonhos, também foi minha companheira por muitos anos, esteve 
presente nos momentos bons e ruins de minha vida e ambos ainda em busca do sucesso, 
Agradeço também a meus amigos, Renan Espíndola, que é também meu colega de 
estágio e amigo de infância; Tuane Antunes de Souza, colega de estágio que ajudou a me manter 
focado no presente trabalho, devido aos constantes trabalhos propostos no estágio estava a todo 
momento se disponibilizando para me ajudar; também a Fabiano Marquês que, hoje advogado 
e esteve presente mesmo fora do nosso contexto acadêmico e também um eterno estudante 
dentro desse nosso mundo jurídico, bem como a Natalya Rohling Tramontin que, mesmo em 
meio as discussões que mais pareciam brigas durante os estágios e aulas estávamos o tempo 
todo incentivando e apoiando um ao outro de maneira a sempre buscarmos nos superar e correr 
atrás de nossos objetivos, assim como muitos outros que, caminharam ao meu lado nessa 
jornada, mesmo que nem sempre presentes, estavam a todo momento me incentivando e me 
ajudando na medida do possível. 
Agradeço ainda ao meu Orientador Sílvio Roberto Lisbôa, que se mostrou 
disponível para compartilhar comigo seus ensinamentos, bem como exercendo pressão 
constante, mesmo que indiretamente, foram essenciais para que eu obtivesse sucesso. 
 
 
RESUMO 
 
Esta monografia tem como tema a Guarda Municipal e, como objetivo principal, analisar a 
possibilidade do uso de armas de fogo pelos Guardas Municipais, observando o interesse 
público e visando a sua segurança, examinando as doutrinas e o ordenamento jurídico. O estudo 
apresenta os principais aspectos do Estatuto Geral das Guardas Municipais (Lei 13.022 
de2014), em conjunto com o Estatuto do Desarmamento (Lei 10.826 de 2003), abordando os 
requisitos para o porte de armas de fogo, as prerrogativas e função dos Guardas Municipais. O 
método utilizado no presente trabalho, quanto à abordagem, foi o qualitativo, quanto ao nível 
de pesquisa, foi o exploratório e, por fim, quanto ao procedimento, utilizou-se os métodos 
bibliográficos. Do estudo, conclui-se que é possível que os Guardas Municipais usem de armas 
de fogo contanto que seja revisto os conceitos previstos na lei feitas pelo legislador o qual 
promoveria um aumento significativo na atuação dos Guardas Municipais e combate a violência 
e desordem. 
 
Palavras-chave: Guarda Municipal. Segurança Pública. Estatuto Geral das Guardas Municipais. 
 
 
ABSTRACT 
 
This monograph has as its theme the Municipal Guard and, as main objective, to analyze the 
possibility of the use of firearms by the Municipal Guards, observing the public interest and 
aiming its security, examining the doctrines and the legal order. The study presents the main 
aspects of the General Statute of Municipal Guards (Law 13.022 of 2014), together with the 
Disarmament Statute (Law 10.826 of 2003), addressing the requirements for the possession of 
firearms, the prerogatives and function of Municipal Guards . The method used in the present 
study was the qualitative one, regarding the level of research, the exploratory one, and finally, 
regarding the procedure, the bibliographic methods were used. From the study, it is concluded 
that it is possible that the Municipal Guards use firearms as long as it is revised the concepts 
provided by law made by the legislator which would promote a significant increase in the 
performance of the Municipal Guards and combat violence and disorder. 
 
Keywords: Municipal Guards. Public Security. General Statute of Municipal Guards. 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO...................................................................................................................... 9 
1.1 TEMA .................................................................................................................................. 9 
1.2 Descrição da Situação Problema ....................................................................................... 9 
1.3 Formulação do Problema ................................................................................................. 10 
1.4 Hipótese ............................................................................................................................. 11 
1.5 Definição dos Conceitos Operacionais. ........................................................................... 11 
1.6 Justificativa. ...................................................................................................................... 11 
1.7 Objetivos - Geral e Específico. .........................................................................................12 
1.8 Caracterização Básica. ..................................................................................................... 12 
2 GUARDA MUNICIPAL E SEU PAPEL NA SEGURANÇA PÚBLICA ....................... 14 
2.1 EVOLUÇÃO HISTÓRIA DA GUARDA MUNICIPAL. .............................................14 
2.2 PRINCÍPIOS E FUNÇÕES RELACIONADOS A GUARDA MUNICIPAL. ........... 16 
2.3 GUARDA MUNICIPAL NO ÂMBITO DA SEGURANÇA PÚBLICA E O PODER 
DE POLÍCIA........................................................................................................................... 19 
3 GUARDA MUNICIPAL E O PORTE DE ARMAS DE FOGO ..................................... 23 
3.1 ANÁLISE DO ESTATUTO GERAL DA GUARDA MUNICIPAL. ........................... 23 
3.2 ANÁLISE DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO ................................................. 25 
3.3 PRERROGATIVAS PARA O PORTE DE ARMAS DE FOGO DA GUARDA 
MUNICIPAL APÓS ANÁLISES DOS ESTATUTOS PRÉVIOS ..................................... 27 
4 GUARDA MUNICIPAL, COM OU SEM PORTE DE ARMAS DE FOGO, E O 
IMPACTO QUE ELA EXERCE NA SEGURANÇA PÚBLICA ...................................... 31 
4.1 DEFININDO CARACTERÍSTICAS E POSSIBILIDADES PARA O USO DE 
ARMAS DE FOGO E O IMPACTO QUE PODE, OU PODERIA CAUSAR NA 
SEGURANÇA PÚBLICA ...................................................................................................... 31 
5 CONCLUSÃO ...................................................................................................................... 37 
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 39 
9 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
Neste capítulo apresenta-se o tema, a descrição da situação problema, a formulação do 
problema, hipótese, bem como definição dos conceitos operacionais, justificativa e objetivos. 
 
1.1. TEMA 
 
 
Uso de Armas de Fogo pela Guarda Municipal e o impacto na Segurança Pública 
 
 
1.2. DESCRIÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA 
 
 
Nota-se que dependendo da cidade pode-se encontrar Guardas Municipais armados 
ou não, isso se dá ao fato da lei apenas permitir algumas cidades de possuir armas de fogo 
devido a escolha do próprio município, porque a Constituição de 1988 assim o determina em 
seu artigo 144, § 8º (BRASIL, 1988), que o município tem liberdade para criar sua própria 
guarda municipal: 
 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, 
é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do 
patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
[...] 
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de 
seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. 
 
 
Da forma como achar melhor através de leis complementares, mas sem desrespeitar 
outras normas, como o Estatuto dos Guardas Municiais (BRASIL, 2014), que traz algumas 
regras que definem suas prerrogativas, entre elas o armamento, definindo que é possível para a 
Guarda Municipal portar armas de fogo, em seu artigo 16, do Estatuto dos Guardas Municipais 
(BRASIL, 2014), “Art. 16. Aos guardas municipais é autorizado o porte de arma de fogo, 
conforme previsto em lei” e contanto que esteja de acordo com as regras do Estatuto do 
Desarmamento e Sistema Nacional de Armas (BRASIL, 2003), bem como do Decreto nº 5.123 
(BRASIL. 2004) que realiza alguns ajustes em algumas situações no Sistema Nacional de 
Armas, sobre registro, treinamento, avaliação psicológicas, entre outros. 
Levando em consideração que, para alguns é normal ter sua Guarda Municipal 
armada, mas para outros é completamente errado, diante do que está exposto na Portaria Nº 365 
de 15/08/2006 e no Sistema Nacional de Armas (BRASIL, 2006), que determina que 
10 
 
 
 
municípios com menos de 50.000 (cinquenta mil) habitantes não podem portar armas de fogo 
utilizando-se da justificativa de que a atuação da Guarda Municipal é diferenciada, sendo 
especialmente diferente da Polícia Militar. Que a Guarda possuí uma forma de penetração em 
locais pouco acessíveis pelas outras polícias portanto, acaba sendo visto como um agente de 
proteção de equipamentos comunitários, sendo estes de uso da população local do traficante ao 
morador comum. Então, no momento que passa a andar com armas de fogo a mostra, passa a 
ser identificado como um agente do estado e muitas vezes uma ameaça, como também um alvo, 
que pode afetar a segurança da sociedade, proposta esta feita por JUNIOR e VARGAS (2009), 
chegando ao ponto de ser perigoso ter sua Guarda Municipal armada de maneira tão extrema. 
Algumas cidades até mesmo não permitem o uso de armas não letais, porém vale lembrar que 
tanto Guardas Municipais de municípios com menos de 50.000 (cinquenta mil), tanto com mais 
do que isso estão expostos aos mesmos tipos de situações de riscos que a Polícia Militar, porque 
a Guarda Municipal também possuí uniforme padronizado, veículos característicos e também 
se depara com ocorrências. 
Levando em conta que a Guarda Municipal também possuí o poder de polícia, esta 
também possuí poder coercitivo, para assegurar o bem estar da sociedade em seus ambientes 
públicos, porém, muitas vezes não consegue ser exercido de forma correta quando a 
necessidade se mostra presente, considerando também que muitas vezes, se não em todas as 
vezes, o número de policiais militares ou civis é baixo comparado ao número de habitantes de 
cada cidade, o que implica na grande maioria das vezes em muitas demandas e poucos 
resultados. 
Portanto, a falta de instrumentos coercitivos torna a Guarda Municipal pouco eficaz 
em vários casos, não sendo diferenciados por infratores e sendo em casos mais extremos até 
mesmo alvejados por estes com uso de armas de fogo, em alguns casos até mesmo civis tendem 
a desrespeitá-los devido à falta de poder coercitivo tendo que chamar a Polícia Militar para 
apoio ou a Polícia Civil que possuem armas de fogo e podem aplicar tal coerção ou defesa de 
suas próprias vidas e a de outros. 
Neste contexto, muitas vezes a Polícia Militar ou Civil pode não chegar a tempo de 
poder ajudar um cidadão ou até mesmo a Guarda Municipal, porque tais possuem diferentes 
ocupações e demandas para se preocupar, vindo a acarretar em um problema de eficácia, não 
somente da Guarda Municipal, mas também de todos os policiais militares e civis que nem 
sempre poderão estar presentes para ajudá-los. 
 
1.3. FORMULAÇÃO DO PROBLEMA 
11 
 
 
 
 
 
Por que em algumas cidades a Guarda Municipal possuí armas de fogo para a 
segurança de seus habitantes e outras não, como são definidos os requisitos, e quais problemas 
poderiam surgir ou deixar de existir para a sociedade? 
 
1.4. HIPÓTESE 
 
 
É possível que seja resolvida tal questão de acordo com a proposta de Junior e 
Vargas (2009, p. 99), se fosse possível implementar situações específicas em que o uso de armas 
de fogo se torna essencial, para que seu uso não seja de forma livre e indiscriminada, para que 
nesse aspecto a Guarda Municipal estaria mais próxima do vértice de sua função. 
Ressaltando a teoria das oportunidades que menciona Cano (2006), que define 
basicamente que uma Guarda Municipal com arma de fogo, no local certo e sendo sua situação 
específica, diminuí as oportunidades de o meliante cometer seus delitos. 
 
1.5. DEFINIÇÃO DOS CONCEITOS OPERACIONAIS 
 
 
Aprecia-se por Guarda Municipal uma instituição criada pelo Município, que tem 
como propósito a contribuição para a segurança pública, através do poder de polícia delegado 
por leis complementares que regularizam cada uma de suas funções, direitos e deveres, sendo 
livre a competência de cada município para criar suas próprias Guardas Municipais e armá-las 
da maneira que achar melhor (CARVALHO, 2005). 
O que se entende por armas de fogo é, instrumento utilizado pelas forças policiais 
como meio de coerção quando todos os outros meios não funcionam, é uma forma de garantia 
do Estado que o que deve ser cumprido será cumprido, utilizado como forma de poder e que foi 
concebido pelas pessoas (CARVALHO, 2005). 
Já a segurança pública, ou paz social, seria o dever que o Estado tem de manter a 
ordem e a segurança para cada uma das pessoas que vivemsob sua jurisdição e para tanto 
limitando os direitos individuais e preservando garantias expressas em nossa Constituição 
Federal (BRASIL, 1988), está incluso todos aqueles que no país visitam ou residem 
(CARVALHO, 2005). 
 
1.6. JUSTIFICATIVA 
12 
 
 
 
 
 
O motivo deste estudo surgiu como foco para entender melhor o porquê da Guarda 
Municipal estar ou não armada, se devido ao porte de arma de fogo ela obtém melhores 
resultados dentro da segurança pública, se é permitida, porque algumas possuem e outras não, 
qual seria o impacto desta medida na segurança pública. 
Também reforça um assunto polêmico, que é pouco desenvolvido e mencionado, 
existindo apenas alguns estudos relacionados a matéria e quase nenhum de maneira tão 
específica a este assunto, que possuí alta relevância social. 
Além de fomentar ideias e dúvidas na mente das pessoas em relação a este tema, 
como cada município lida com seus habitantes no quesito segurança, se existe alguma correção 
a ser feita, se há evidentemente diminuição da violência e criminalidade, se a sociedade está 
satisfeita com a situação em que se encontra seu município no quesito segurança pública e se 
vale ou não a pena lutar para que obtenham esse direito ou que fique da maneira como se 
encontra, visando o interesse social. 
 
1.7. OBJETIVOS 
 
 
Os objetivos indicam as ações que serão desenvolvidas para a resolução do 
problema de pesquisa. O objetivo geral é apresentado na forma de um enunciado que reúne, ao 
mesmo tempo, todos os objetivos específicos. Os objetivos específicos informam sobre as ações 
particulares que dizem respeito à análise teórica e aos meios técnicos de investigação do 
problema. 
 
1.7.1. GERAL 
 
 
Analisar a possibilidade do porte de armas de fogo pelos Guardas Municipais 
observando o interesse público e visando a sua segurança, examinando as doutrinas e o 
ordenamento jurídico. 
 
1.7.2. ESPECÍFICOS 
 
 
Demonstrar a evolução histórica relevante ao tema, conceituar e determinar sua 
natureza jurídica. 
13 
 
 
 
Identificar os princípios que podem ser afetados inerentes ao tema buscando 
subsídios para formulação de problemas ou hipóteses. 
Verificar quais seriam os possíveis impactos sociais em relação a ter a Guarda 
Municipal armada ou não, através da visão dos doutrinadores, bem como a legislação. 
Determinar pressupostos para o uso de arma de fogo, bem como a impossibilidade 
de fazê-lo e também determinar o que poderia ser feito para acabar com sua impossibilidade 
dentro do ordenamento jurídico. 
 
1.8. CARACTERIZAÇÃO BÁSICA 
 
 
Quanto ao nível, o trabalho monográfico se reveste em uma, pesquisa exploratória, 
que é o nível correto para se obter uma familiaridade maior com o tema ou assunto da pesquisa 
e possibilitam a formulação de problemas ou hipóteses mais específicas (LEONEL; MOTTA, 
2007). 
Ao que diz respeito a abordagem aplicada, o estudo busca o aprofundamento e a 
compreensão da temática, bem como explicações divergentes ao que está sendo exposto, 
caracterizando uma pesquisa qualitativa que, é a abordagem correta para o que tem como foco 
a análise das percepções de poucos sujeitos os quais estão envolvidos no processo, portanto, 
não tem intenção de se preocupar com a totalidade dos sujeitos que estão envolvidos na situação 
descrita ou dentro da realidade pesquisada (COLLAÇO; e outros, 2013, p. 113). 
Será utilizado, quanto ao procedimento, o método de pesquisa bibliográfica, que 
segundo Leonel e Motta (2011, p. 112) é a que busca desenvolver formas para a explicação de 
um problema, utilizando teorias que forma publicadas em fontes diversas, tais como artigos, 
meios eletrônicos, livros, entre outros, com objetivo de formular um raciocínio. 
No próximo capítulo apresenta-se um estudo do papel da Guarda Municipal na 
segurança pública. 
14 
 
 
 
2. GUARDA MUNICIPAL E SEU PAPEL NA SEGURANÇA PÚBLICA 
 
 
Por muitas vezes é desconhecido o papel dentro da segurança por parte dos Guardas 
Municipais, com dúvidas de onde surgiu, quando e porque elas são importantes dentro dos 
municípios, sejam eles de pequeno porte ou não, concluso que se faz necessária um estudo do 
passado. 
 
2.1. EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GUARDA MUNICIPAL 
 
 
Para que seja possível analisar se a Guarda Municipal deveria ou não possuir armas 
de fogo antes é preciso ser feito uma análise histórica do que se entende por Guarda Municipal 
e para tal é necessário que se volte em 9 de junho de 1775, dia em que foi criada a primeira 
instituição policial propriamente dita, chamada de Regimento de Cavalaria Regular da 
Capitania de Minas Gerais (BARROSO, 1938), tendo como ilustre membro Alferes Joaquim 
José da Silva Xavier, mais conhecido como Tiradentes, chegando ao comando do destacamento 
conhecido como Dragões em 1781, destacamento este que tinha como função patrulhar a 
estrada “Caminho Novo”, que seria a rota de escoamento da produção mineradora da capitania 
mineira ao porto do Rio de Janeiro, corporação esta, que ficou conhecida como a antecessora 
da Guarda Municipal Permanente. 
E com a chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil, foi estabelecida a criação 
em 13 de maio de 1809, a Divisão Militar da Guarda Real de Polícia, berço da Guarda Municipal 
do Estado do Rio de Janeiro, tendo como objetivo o policiamento da cidade em tempo integral, 
que naturalmente, no momento de sua criação já se mostrou mais eficiente do que 
“Guerrilheiros” estabelecidos na época (SODRÉ, 1968). Em 14 de junho de 1831, para cada 
Distrito de Paz situado no Brasil, foi determinado um Corpo de Guardas Municipais, que 
também ficou conhecido também após algum tempo como Divisão Militar da Guarda Real de 
Polícia da Corte, esses sendo divididos em esquadras. 
Em virtude do Novo Governo, em 18 de agosto de 1831, D. Pedro I abdica do trono, 
para que D. Pedro II, Príncipe Herdeiro do trono e filho menor de D. Pedro I, que passa a 
governar o Brasil pela Regência Trina (CARVALHO, 2005), devido a criação de uma lei que 
tratava de matéria relacionada a tutela do Imperador e de suas Augustas irmãs, a Guarda 
Municipal acabou por ser extinta. 
Mas, a fim de manter a Ordem Pública dentro dos municípios, foram reorganizados 
os Corpos de Guardas Municipais Voluntários no Rio de Janeiro e nas demais Províncias, isso 
15 
 
 
 
no dia 10 de outubro de 1831, sendo também a data que se comemora o Dia Nacional das 
Guardas Municipais definido através do III Congresso Nacional das Guardas Municipais em 
1992, Curitiba/PR, ainda em 1831, foi criado através de lei da Assembleia Provincial, o Corpo 
de Municipais Permanente, composto de 100 (cem) praças a pé, 30 (trinta) a cavalo, conhecidos 
como os “cento e trinta e um” (CARVALHO, 2005). 
Período em que a Câmara Municipal de Curitiba era responsável pelo alistamento 
dos referidos Guardas Municipais, que cumpriam o papel que hoje é exercido pelas forças 
militares atuais, realizando o policiamento, inclusive de grande prestígio na defesa do Cerco da 
Lapa, no meio de tantas conturbações aos anos seguintes, fora criado, finalmente, o 
Regulamento Geral nº 191, das Guardas Municipais Permanentes do Brasil, em 1º de julho de 
1842, que segue basicamente o modelo que vemos hoje no Estatuto dos Guardas Municipais 
(Lei nº 13.022/2014), com patentes, uniformes e padronização de atuação. 
Somente em 10 de agosto de 1854, que a Província do Paraná, teve um acréscimo 
em seu policiamento em conjunto com as Guardas Municipais de Curitiba com a vinda de uma 
nova Força Pública, tendo importantes participações nos conflitos contra o Paraguai em 1865, 
que foi considerada peça fundamental nessa guerra, saindo vitoriosa de todas as batalhas que 
tomou parte, como Tuiuti, Esteiro Belaco, Estabelecimento, Sucubii, Lomas Valentinas e Avaí, 
mas também considerada a guerra mais sangrenta da América do Sul, e as pessoas que 
defenderam nossas fronteiras com coragem e determinação foi, em sua grande maioriaGuardas 
Municipais Permanentes e Voluntários, que juntos acresciam aos Batalhões de Infantaria da 
Guarda Nacional (CARVALHO, 2005). 
Após alguns anos, mais precisamente em 1873 passou a chamar-se Força Policial, 
e foi em 15 de novembro de 1889, que a Força Policial fez deu outro importante passo em 
conjunto com os brasileiros, sendo esse o apoio ao Marechal Floriano Peixoto, considerado o 
consolidador dos anseios de proclamação da República e mesmo após a Proclamação da 
República no Brasil, os Guardas Municipais de Curitiba permaneceram em suas atividades, pois 
continuavam contemplados, assim como seu direcionamento de sua atuação para a 
municipalidade, isso em 1895, mesmo após a mudança do governo, onde foram denominadas: 
Guarda Cívica (1889), Corpo Policial (1889) e Brigada Militar (1892) (CARVALHO, 2005). 
Somente em 1936, a autonomia dos Estados e Municípios perdeu um pouco de força 
perante o poder federal, devido a feição dos estados nazi-fascinadas insurgentes na época, 
fazendo com que a Guarda Municipal perdesse força, autonomia e pouco a pouco ficando cada 
vez mais limitada em suas atribuições, chegando até mesmo ao ponto de serem consideradas 
16 
 
 
 
onerosas e inúteis, sendo estas atribuições transferidas, através de Lei Estadual nº 73, para o 
Estado do Paraná, e as atividades policiais passaram a ser de exclusiva competência do Estado. 
Eventualmente com o surgimento da Polícia Militar, em 1946, no qual ficaram encarregadas da 
segurança interna, manutenção da ordem nos Estados, em conjunto com o Golpe Militar, 
tornando impossível de munícipios trabalharem na segurança pública, sendo papel agora 
unicamente das forças militares, e ainda que tivessem todas essas restrições Guardas 
Municipais em alguns lugares ainda existiam, mas com funções como vigilância interna dos 
próprios, e algumas apenas foram modificadas em seu nome, tornando-se Guarda Civil 
Metropolitana (CARVALHO, 2005), que são preservadas até hoje, e agora legitimamente 
destinadas a cuidar dos bens, serviços e instalações dos municípios, assim determinadas pela 
Constituição Federal de 1988. 
 
 
2.2. PRINCÍPIOS E FUNÇÕES RELACIONADOS A GUARDA MUNICIPAL 
 
 
Devido ao conteúdo exposto, nos resta conhecer, afinal, quais os princípios 
relacionados, ou competências, como é definida por DI PIETRO (2012, p.8): 
 
Visto que a competência vem sempre definida em lei, o que constitui 
garantia para o administrado, será ilegal o ato praticado por quem não 
seja detentor das atribuições fixadas na lei e também quando o sujeito 
o pratica exorbitando de suas atribuições. Nos termos do art. 2º da Lei 
nº 4.717/65, a incompetência fica caracterizada quanto o ato não se 
incluir nas atribuições legais do agente que o praticou. 
 
A esta tão conturbada história dos Guardas Municipais, sejam eles constitucionais 
ou infraconstitucionais, sendo que a própria Constituição Federal tornou possível a criação, no 
entanto, limitou também suas prerrogativas com a definição do artigo 144, §8º (BRASIL, 1988), 
afirmando que: 
 
Art. 144. A segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, 
é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do 
patrimônio, através dos seguintes órgãos: 
[...] 
§ 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais destinadas à proteção de 
seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei. 
[...] 
 
E com a edição da Lei nº 13.022, de 2014 (Estatuto Geral das Guardas Municipais), 
deu claramente poderes à instituição, e é aí que se encontra um rol que serve como regra para 
os Guardas Municipais, segundo o artigo 3º e incisos (BRASIL, 2014), encontra-se os 
princípios que são eles: 
17 
 
 
 
Art. 3º São princípios mínimos de atuação das guardas municipais: 
I - proteção dos direitos humanos fundamentais, do exercício da cidadania e das 
liberdades públicas; 
II - preservação da vida, redução do sofrimento e diminuição das perdas; 
III - patrulhamento preventivo; 
IV - compromisso com a evolução social da comunidade; e 
V - uso progressivo da força. 
 
Porém, a Constituição Federal de 1988 define, como exposto anteriormente, que 
podem ser instituídas Guardas Municipais para proteção de seus bens públicos, mas o que 
efetivamente são bens públicos, mas o que são considerados bens públicos na visão do direito, 
segundo Capítulo III, do Código Civil, artigo 98 (BRASIL, 2002), “São públicos os bens do 
domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público interno; todos os outros 
são particulares, seja qual for a pessoa a que pertencerem”. 
 
E tais bens públicos são divididos em uso comum, bens de uso especial e os bens 
dominicais, determinados assim no artigo 99 e incisos, do Código Civil (BRASIL, 2002): 
 
Art. 99. São bens públicos: 
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças; 
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou 
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive 
os de suas autarquias; 
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito 
público, como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades 
 
Para um conceito mais prático e simples do que são bens públicos, seria correto 
destacar o que afirma MELO (2011, p.103), “Bens públicos são todos os bens que pertencem 
ás pessoas jurídicas de Direito Público, isto é, União, Estados e Municípios, respectivas 
autarquias e fundações de Direito Público [...] O conjunto de bens públicos forma o domínio 
público, que inclui tanto bens móveis como bens imóveis”. 
 
Mas permanece a questão, o que são esses bens categoricamente divididos, os de 
uso comum do povo ou domínio público seriam os mares, praias, rios, estradas, ruas e praças, 
ou seja, todo local aberto a utilização popular e coletiva, ou em outras palavras aqueles de 
fruição do povo. Já os de uso especial ou do patrimônio administrativo são aqueles destinados 
à execução dos serviços públicos, sendo eles instrumentos da atuação administrativa do Estado, 
não sendo as serventias propostas pelo Estado efetivamente colocadas à disposição do público 
integrantes oficiais da Administração Pública propriamente dita, mas constituem como 
aparelhamento dela, as repartições, os seus veículos. 
Os bens dominiais ou denominados de patrimônio disponível são aqueles que 
diferem dos bens de domínio público, mesmo fazendo sendo parte dos bens públicos, mas não 
18 
 
 
 
porque são utilizados pela administração pública, mas sim, por possuírem a possibilidade de 
serem efetivamente utilizados para quaisquer fins, inclusive sendo passível de alienação pela 
Administração Pública, como bem explica MACHADO (2009, p 118), “bens públicos são 
aqueles que estão sob o poder público e possuem utilidade coletiva como as águas, jazidas, 
subsolo, espaço aéreo, florestas, mangues, e o patrimônio histórico”. 
Após brevemente explicado o que são bens públicos, chama-se a atenção para o 
inciso V, do artigo 3º, do Estatuto Geral das Guardas Municipais (BRASIL, 2014), que dita que 
é um princípio mínimo para a atuação dos guardas, o uso progressivo da força, o que implica 
dizer que durante flagrante delito, os guardas tem o dever de encaminhar o autor de infração 
para delegado de polícia, bem como preservar local do crime, sempre que necessário e quando 
possível, assim como parte de sua função está incluso ao Guarda Municipal, a proteção de 
patrimônio ecológico, também de valor cultural, histórico, ambiental e arquitetônico de cada 
município, capazes até mesmo de criar medidas preventivas e educativas. 
Tendo também como função ou competências específicas, estas descritas no 
Capítulo III, do Estatuto Geral dos Guardas Municipais, contanto que haja respeito entre os 
órgãos estaduais e federais, prevenir, inibir até mesmo sendo capaz de coibir, infrações 
administrativas,penais, assim como atos infracionais que atentem contra os bem, serviços e 
instalações dos municípios de forma, ou seja exercendo perante civis de forma preventiva e 
permanente, para que haja proteção sistêmica de acordo com sua atuação (BRASIL, 2014). 
Se deve agir de maneira preventiva e permanente, inclui-se que os Guardas 
Municipais devem garantir atendimento eficaz de emergências, sendo de forma imediata e 
direta no momento que sejam expostas a eles, exemplo já citado como seria em uma situação 
de flagrante delito, no qual determina para civis, que esses podem agir em situação de flagrante 
delito, mas para as forças de segurança do Estado, essas devem agir, sendo também competente 
para prestar colaboração e auxílio a outros órgãos da federação, atuando de forma integrada 
com a segurança pública, todos os meios para os quais se buscam o convívio social adequado, 
colaborando para que se permaneça a paz, bem como pacificação de conflitos que possam vir a 
testemunhar, e obviamente sem faltar com respeito a direitos fundamentais das pessoas 
(BRASIL, 2014). 
O Estatuto também confere aos guardas municipais a capacidade de auxiliar na 
segurança de eventos de larga escala e na proteção de autoridades e dignatários, exemplo de 
eventos de larga escala seriam a Copa do Mundo ou Olimpíadas, visto que em eventos como 
esse a demanda por segurança se torna absurdamente maior, por vários fatores como aumento 
na circulação de pessoas tanto naturais quanto estrangeiros, que abre margem para atos 
19 
 
 
 
infracionais, levando em consideração que a atuação das forças da polícia militar estariam 
voltadas para questões mais urgentes, não sendo capaz de sozinha lidar com todas as coisas que 
podem acontecer contando com o auxílio da Guarda Municipal (BRASIL, 2014). 
A Guarda Municipal é livre ainda, para estabelecer parcerias, convênios ou 
consórcios, para que as ações preventivas integradas sejam eficazes, além de poder discutir 
políticas sociais com órgãos municipais, visando a adoção de ações interdisciplinares de 
segurança pública dentro do município e para se unir aos órgãos de poder de polícia 
administrativa, aspirando a normatização, fiscalização das posturas e ordenamento público 
municipal (BRASIL, 2014). 
A Guarda, zela também pela segurança nas escolas, por meio de ações preventivas, 
chegando até mesmo a participar de ações educativas com corpos discentes e docentes das 
unidades de ensino, concorrendo também mediante convenio com o devido órgão de trânsito 
estadual ou municipal, a exercer competência no trânsito do município, nos termos do Código 
de Trânsito Brasileiro, em suas vias e logradouros municipais e todo o exposto aqui, se encontra 
presente no, já mencionado, Capítulo III, do Estatuto Geral dos Guardas Municipais, em seus 
artigos 4º juntamente com o 5º e seus incisos (BRASIL, 2014), tal exposição feita através da 
interpretação desses artigos e incisos, com isso se encerra o assunto relacionado a seus 
princípios, funções ou competências. 
 
2.3. GUARDA MUNICIPAL NO ÂMBITO DA SEGURANÇA PÚBLICA E O PODER 
DE POLÍCIA 
 
É sabido, através do que previamente foi escrito que, a Guarda Municipal, pode e 
deve atuar no âmbito de segurança pública contanto que não viole suas determinações legais, 
sendo permitido que os guardas possam estabelecer convênios, auxílios, acordos entre outros 
porque poderes admitidos pela administração pública advém para seus servidores por meio de 
leis, como explica muito bem CARVALHO FILHO (2014, p. 46): 
 
O poder administrativo representa uma prerrogativa especial de direito público 
outorgada aos agentes dos Estados. Cada um desse terá seu cargo e execução de certas 
funções. Ora se tais funções foram por lei cometidas aos agentes, devem tu exerce- 
las, pois que seu exercício e voltado para beneficiar a coletividade. Ao fazê-lo, dentro 
dos limites que alei traçou, pode dizer que usaram normalmente os seus poderes 
 
Destaca-se que, o uso do poder é comumente utilizado no meio dos agentes públicos 
de acordo com cada prerrogativa que lhes é conferida, sendo eles exercidos de forma obrigatória 
e irrenunciavelmente por seus titulares. 
20 
 
 
 
Porém, dentro do quesito “poder”, existe o tão conhecido “poder de polícia” que 
nada mais é que atividade da administração pública, que limita ou disciplina direito, interesse 
ou liberdade, com vista para o coletivo e tranquilidade pública, muito bem definido no artigo 
78, do Código Tributário Nacional (BRASIL, 1966): 
 
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública que, 
limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a prática de ato ou 
abstenção de fato, em razão de intêresse público concernente à segurança, à higiene, 
à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do mercado, ao exercício de 
atividades econômicas dependentes de concessão ou autorização do Poder Público, à 
tranqüilidade pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou 
coletivos. 
 
Com o artigo ilustrado, nota-se que não é exatamente uma função específica das 
forças de segurança pública, mas sim uma faculdade que tem a administração. Raciocínio este 
reforçado por Meirelles (1993), “Poder de Polícia é a faculdade que dispõe a Administração 
Pública para conter os abusos do poder individual”, ou seja, para melhor entendimento, o “poder 
de polícia” seria como o limite imaginário desenhado para que se possa frear qualquer abuso 
por parte do direito individual, como atividades que sejam nocivas, contrárias ou inconvenientes 
ao bem estar social. Braga (1999, p. 57) aduz que, não é poder exclusivo da Polícia Militar: 
 
O poder da polícia inexiste, e seria uma aberração que existisse. Pode a organização 
policial usar do poder de polícia, que pertence á administração pública, para as 
finalidades que lhe competem: atribuições de policia preventiva- manter a ordem, 
evitar a infrações penais e garantir a segurança e de policia judiciária apurar as 
infrações penais não evitadas, investigar e provar os fatos, auxiliando na realização da 
justiça criminal. Logo poder de policia não é um poder da Polícia Militar. 
 
Concluindo que, a Guarda Municipal se encontraria dentro dos requisitos para que 
pudesse manifestar seu “poder de polícia”, afinal é ente da administração pública, possui leis 
que os permitem agir em prol do bem estar social, visando o coletivo e estabelecendo limites 
para os particulares, ideia apoiada pelo que expõe Carvalho Filho (2014, p. 78): 
 
A competência para exercer o poder de polícia é, em princípio da pessoa federativa a 
qual a constituição federal conferiu o poder de regular a matéria. Na verdade, os 
interesses nacionais ficam sujeitos a regulamentação e policiamento da união; as 
matérias de interesse regionais sujeitam-se as normas e a polícia estadual; e os 
assuntos de interesse local subordinam-se aos regulamentos edilícios e ao 
policiamento administrativo municipal. 
 
Para tanto, tudo que restaria ser esclarecido nesse quesito seria a diferença entre 
polícia administrativa e polícia judiciária, ambos representam o interesse público em suas 
atividades, mas suas diferenças seriam as tais quais versa Mello (2009, p. 826): 
 
Costuma-se, mesmo, afirmar que se distingue a polícia administrativa da polícia 
judiciária com base no caráter preventivo da primeira e repressivo da segunda. Esta 
21 
 
 
 
última seria a atividade desenvolvida por organismo – o da polícia de segurança – que 
cumularia funções próprias da polícia administrativa com a função de reprimir a 
atividade dos delinquentes através da instrução policial criminal e captura dos 
infratores da lei penal, atividades que qualificariam a polícia judiciária. Seu traço 
característico seria o cunho repressivo, em oposição ao preventivo, tipificador da 
polícia administrativa 
 
Reforçando por Mello (2011, p. 851), que segundo, também explica a diferençaentre as policias, “O que efetivamente aparta policia administrativa de polícia judiciária é que 
a primeira se predispõe unicamente a impedir ou paralisar atividades antissociais enquanto a 
segunda se preordena á responsabilização dos violadores da ordem jurídica”. 
 
Clara é sua diferença, enquanto uma age de maneira a evitar o problema, ou seja, 
cunho preventivo é o da polícia administrativa, a outra tende a reparar o problema, tendo o 
cunho repressivo é o da polícia judiciária, de tal maneira que a Guarda Municipal estaria 
inserido no primeiro plano, plano esse que como Ventris (2010, p. 55) afirma que deve haver 
respeito para com os limites do poder de polícia: 
 
É condicionado à preexistência de autorização legal, explicita ou implícita, que 
outorgue a determinado órgão ou agente administrativo a faculdade de agir, não 
podendo, no entanto, ferir as liberdades públicas, ou seja, as faculdades de 
autodeterminação, individuais e coletivas, declaradas, reconhecidas e garantidas pelo 
estado 
 
No plano preventivo, para o qual busca-se evitar que sejam causados danos ao 
patrimônio, patrulhamento preventivo, preservação do exercício de cidadania e liberdades 
públicas, assim como direitos fundamentais, através de intervenções da administração na ação 
dos particulares. 
Portanto, óbvio é afirmar que a Guarda Municipal não atua de maneira a apurar 
infrações penais, ou de polícia judiciária, sendo específicas essas atribuições por parte da 
Polícia Militar e Polícia Civil, segundo Gasparini (1992, p. 236): 
 
As guardas municipais só podem existir se destinadas a proteção de bens, serviços e 
instalações do Município. Não lhes cabem, portanto, os serviços de polícia ostensiva, 
de preservação da ordem pública, de polícia judiciária e de apuração das infrações 
penais. Aliás, essas competências foram essencialmente atribuídas à polícia militar e 
à polícia civil, consoante prescrevem os §§ 4º e 5º do suso transcrito no art. 144 da 
Carta Federal. 
 
Já quando se fala de segurança pública por parte da Guarda Municipal existem dois 
posicionamentos a respeito do assunto. Um deles partilha da ideia de que a segurança pública 
envolve mais do que mero interesse local, mas sim interesse nacional, o que acaba por afirmar 
que não cabe ao município se envolver em questões dentro do interesse local, que é prerrogativa 
para agir dos municípios (LAZZARINI, 1999). 
22 
 
 
 
Porém, para outros, municípios são uma forma de divisão administrativa do Estado, 
concluindo-se que a proteção de bens, serviços, instalações, no âmbito local também se inserem 
no campo da segurança pública e consequentemente da própria defesa do Estado, além de 
estarem de certa forma mais a parte do que se passa no âmbito municipal, através de processos 
metodológicos, como por exemplo catalogação, controle estatísticos, observação e intervenção 
de agir, tudo isso em conjunta com a prática do policiamento preventivo que a Guarda 
Municipal tem o dever de exercer, bem como em casos necessários o policiamento ostensivo 
também (BORGES, 2017). 
Porque esta, afinal, também trabalham sobre a égide dos direitos, garantias e 
objetivos fundamentais previstos em lei, nesse caso na própria Constituição Federal, muito bem 
determinado por Bruno (2004, p. 46-47) “Resta ao gestor das coisas municipais, laborar no 
sentido de atuar nesta área de segurança pública porém, submetendo-se a limitação 
constitucional, onde poderá haver atuação municipal apenas na proteção dos bens, serviços e 
instalações da própria Municipalidade”. 
 
Conjuntamente com o Estatuto Geral das Guardas Municipais (BRASIL, 2014), que 
pode-se dizer que quem protege uma parte protege de certa forma o todo. No próximo capítulo 
tem-se um estudo sobre o porte de armas pela Guarda Municipal. 
23 
 
 
 
3. GUARDA MUNICIPAL E O PORTE DE ARMAS DE FOGO 
 
 
Neste capítulo o que se busca é analisar pela perspectiva jurídica o porte de armas 
de fogo pela Guarda Municipal, com a devida análise de seu Estatuto em conjunto com a lei 
ordinária que define a possibilidade para seu porte e determinar suas normas e interpretar seu 
conteúdo diante de todas as mudanças que foram inevitavelmente acontecendo ao longo de sua 
existência, como bem demonstradas. 
 
3.1. ANÁLISE DO ESTATUTO GERAL DA GUARDA MUNICIPAL 
 
 
Mesmo aparecendo em alguns pontos da pesquisa que se move, ressalta-se vários 
outros aspectos expostos dentro do Estatuto Geral das Guardas Municipais (BRASIL, 2014), 
relevantes ao estudo do presente trabalho, concernentes ao tema proposto, então cabe ressaltar 
um capítulo que não foi previamente exposto. 
Como o Capítulo VIII, do Estatuto Geral das Guardas Municipais (BRASIL, 2014), 
que trata de prerrogativas específicas, mais precisamente o que está elencado no artigo 16, do 
mesmo, “Art. 16. Aos guardas municipais é autorizado o porte de arma de fogo, conforme 
previsto em lei.”. É evidente que o Estatuto deixa claro que é possível para defesa e preservação 
dos bens públicos, assim como o bem estar social, o porte de armas de fogo, contanto que 
respeitados os limites da lei, mas importante destacar os dois lados da doutrina nesse aspecto, 
afinal armas de fogo são, talvez, os instrumentos com maior poder coercitivo e preventivo que 
existe. 
Neste sentido, seria justo dar ênfase em qual é o propósito da Guarda Municipal, 
brevemente e de forma mais sucinta, seria o dever que tem de proteger os bens públicos do 
município, com objetivo de obter o bem-estar social ou ordem pública. Assim explica Lazzarini 
(1994, p. 71): 
 
A noção de ordem pública é extremamente vaga e ampla, não se tratando apenas da 
manutenção material da ordem na rua, mas também da manutenção de uma certa 
ordem moral, o que é básico em direito administrativo, porque, como sustentou com 
rigor científico, a ordem pública é constituída por um mínimo de condições essenciais 
a uma vida social conveniente, formando-lhe o fundamento à segurança dos bens e 
das pessoas, à salubridade e à tranqüilidade, revestindo, finalmente, aspectos 
econômicos e, ainda, estéticos. 
24 
 
 
 
Sendo necessário o devido cuidado para que não ocorra o excesso do poder por trás 
do órgão que deveria estar trazendo justiça e ordem pública, acabe por trazer o caos e desordem, 
conceituado por Meirelles (2003, p. 108): 
 
O excesso de poder ocorre quando a autoridade, embora competente para praticar o 
ato, vai além do permitido e exorbita no uso de suas faculdades administrativas. 
Excede, portanto, sua competência legal e, com isso, invalida o ato, porque ninguém 
pode agir em nome da Administrção fora do que a lei lhe permite. O excesso de poder 
torna o ato arbitrário, ilícito e nulo. É uma forma de abuso de poder que retira a 
legitimidade da conduta do administrador público, colocando-o na ilegalidade e até 
mesmo no crime de abuso de autoridade[...]. 
 
Concluindo-se que é necessário estabelecer com cuidado a relação jurídica de 
direito público entre os particulares e o Estado, com um equilibrando o outro, de maneira 
conjunta, apoiado por Sundfeld (1999, p. 118) ao aduzir que: 
 
Assim, e em síntese, a relação jurídica de direito público entre o Estado e os 
particulares é uma relação equilibrada por dois fatores: 
a) De um lado, o fator autoridade, que confere prerrogativas ao Estado, entre as quais 
a de impor, unilateralmente, obrigações aos particulares. Com isto, realiza-se a 
supremacia do interesse público sobre o privado. 
b) De outro lado, o fator limites de autoridade, a saber: a competência (definida pela 
finalidade a ser atingida pelo ato estatal) e o respeito dos direitos dos particulares. 
Assim, garante-se a efetiva realização do interesse público (visto a competência não 
poder ser utilizada senão para o fim previsto pelo Direito), ao mesmo tempo em que 
se preserva a liberdade. 
 
Porém, mesmo estabelecendo controle sobre seus Guardas Municipais, armados ou 
não, taldeterminação legal entra em conflito com outra norma, que também trata o porte de 
armas de fogo de maneira específica, ditando regras para sua aplicação e uso de acordo com a 
situação prevista em cada município, norma essa conhecida pelo nome de Estatuto do 
Desarmamento (BRASIL, 2003). 
Cabe também ressaltar que por ser órgão do município estes são regulados de forma 
bem específica, o que incluí uniformização, equipamentos padronizados, inclusive com 
preferência de cor, segundo artigo 21, do Estatuto Geral das Guardas Municipais (BRASIL, 
2014) “As guardas municipais utilizarão uniforme e equipamentos padronizados, 
preferencialmente, na cor azul-marinho”. 
 
E por terem uniformes, equipamentos característicos, eventualmente acabam por se 
destacar em meio a sociedade e entende-se também por equipamentos as sua respectivas 
viaturas, que também vão ao encontro do artigo, determinando que sejam padronizados, 
portanto diferente de carros civis. 
25 
 
 
 
Também possuem forma hierárquica, mas que deve respeitar as outras forças 
militares, prevista no artigo 19, Estatuto Geral das Guardas Municipais (BRASIL, 2014) “A 
estrutura hierárquica da guarda municipal não pode utilizar denominação idêntica à das forças 
militares, quanto aos postos e graduações, títulos, uniformes, distintivos e condecorações”. 
 
Concluindo que, são reconhecidos e possuem exclusividade como um ente de 
proteção e devidamente reconhecidas dentro do Conselho Nacional de Segurança Pública, entre 
outros, cujo artigo 20, do Estatuto (BRASIL, 2014) também regulariza, “É reconhecida a 
representatividade das guardas municipais no Conselho Nacional de Segurança Pública, no 
Conselho Nacional das Guardas Municipais e, no interesse dos Municípios, no Conselho 
Nacional de Secretários e Gestores Municipais de Segurança Pública”. 
 
Assim, não há o que se falar que, Guardas Municipais não fazem parte de um 
conjunto devidamente estruturado, com objetivo de manter a paz social, ordem pública ou bem- 
estar, sendo que cada artigo expõe muito claramente o seu papel dentro da sociedade, além de 
sua postura dentro do ordenamento jurídico, agora vale determinar as prerrogativas para o uso 
de armas de fogo e para tal, necessário o esclarecimento e interpretação dada ao Estatuto do 
Desarmamento (BRASIL, 2003). 
 
3.2. ANÁLISE DO ESTATUTO DO DESARMAMENTO 
 
 
Estatuto este que regula especificamente a comercialização, registro e posse de 
armas de fogo e munição, dentro do território nacional, onde surge o primeiro, bem discutida é 
a relação da Guarda Municipal sobre a liberação ou não, para armas de fogo e como não foi 
especificado em nossa Constituição Federal, nada em relação a matéria, se tornou um requisito 
que legislação específica desfrutasse da matéria, legislação essa que ficou conhecida por tal 
nome, Estatuto do Desarmamento (Lei Nº 10.826/2003. 
O Estatuto do Desarmamento (BRASIL, 2003) trás em seu artigo 6º, incisos III e 
IV a possibilidade para o armamento dos Guardas Municipais, determinando que: 
 
Art. 6º É proibido o porte de arma de fogo em todo o território nacional, salvo para os 
casos previstos em legislação própria e para: 
[...] 
III – os integrantes das guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios 
com mais de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, nas condições estabelecidas no 
regulamento desta Lei; 
IV - os integrantes das guardas municipais dos Municípios com mais de 50.000 
(cinqüenta mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes, quando em serviço; 
26 
 
 
 
[...] 
 
Obviamente, que somente serão concebidos tais equipamentos, após o devido 
treinamento técnico da Guarda Municipal, segundo artigo 42 e parágrafos, do Estatuto do 
Desarmamento (BRASIL, 2003): 
 
Art. 42. O Porte de Arma de Fogo aos profissionais citados nos incisos III e IV, do 
art. 6º, da Lei nº 10.826, de 2003, será concedido desde que comprovada a realização 
de treinamento técnico de, no mínimo, sessenta horas para armas de repetição e cem 
horas para arma semi-automática. 
§ 1º O treinamento de que trata o caput desse artigo deverá ter, no mínimo, sessenta e 
cinco por cento de conteúdo prático. 
§ 2º O curso de formação dos profissionais das Guardas Municipais deverá conter 
técnicas de tiro defensivo e defesa pessoal. 
§ 3º Os profissionais da Guarda Municipal deverão ser submetidos a estágio de 
qualificação profissional por, no mínimo, oitenta horas ao ano. 
§ 4º Não será concedido aos profissionais das Guardas Municipais Porte de Arma de 
Fogo de calibre restrito, privativos das forças policiais e forças armadas. 
 
Foram realizadas várias tentativas de regular o limite territorial que um guarda 
possuí para poder carregar a arma consigo fora de serviço com a criação de Decretos e Portarias, 
porém todas revogadas de pleno direito, porque não têm o poder para contrariar disposição 
exposta na Lei Nº 10.826/2003. Portaria tem como função dirimir dúvidas dos servidores em 
sua aplicabilidade, enquanto que o Decreto seria apenas para regulamentar ou disciplinar a 
aplicação da lei, tal como expõe Meirelles (2003): 
 
Portarias são atos administrativos internos pelos quais os chefes de órgãos, repartições 
ou serviços expedem determinações gerais ou especiais a seus subordinados, ou 
designam servidores para funções e cargos secundários. Por portaria também se 
iniciam sindicâncias e processos administrativos, não atingem nem obrigam aos 
particulares, pela manifesta razão de que os cidadãos não estão sujeitos aos poder 
hierárquico da Administração Pública. 
 
Verificando-se que não existe previsão legal para o porte de armas de fogo fora de 
serviço por parte da Guarda Municipal, pois para entes públicos somente aquilo que está 
previsto em lei, pode ser permitido, diferentemente dos particulares, também explicado por 
Meirelles (2003): 
 
A legalidade, como principio de administração (CF, art. 37, caput), significa que o 
administrador público está, em toda a sua atividade funcional, sujeito aos 
mandamentos da lei e às exigências do bem comum, e deles não se pode afastar ou 
desviar, sob pena de praticar ato inválido e expor-se a responsabilidade disciplinar, 
civil e criminal, conforme o caso. 
 
Tendo outras determinações, sendo elas a realização de testes psicológicos sempre 
que envolvido em disparos com a arma de fogo, segundo artigo 43, do mesmo Estatuto 
(BRASIL, 2003): 
27 
 
 
 
Art. 43. O profissional da Guarda Municipal com Porte de Arma de Fogo deverá ser 
submetido, a cada dois anos, a teste de capacidade psicológica e, sempre que estiver 
envolvido em evento de disparo de arma de fogo em via pública, com ou sem vítimas, 
deverá apresentar relatório circunstanciado, ao Comando da Guarda Civil e ao Órgão 
Corregedor para justificar o motivo da utilização da arma. 
 
Cabendo ao Ministério da Justiça as atribuições previstas no artigo 40, do Estatuto 
do Desarmamento (BRASIL, 2003) de: 
 
Art. 40. Cabe ao Ministério da Justiça, diretamente ou mediante convênio com as 
Secretarias de Segurança Pública dos Estados ou Prefeituras, nos termos do §3º do art. 
6º da Lei nº 10.826, de 2003: 
I - conceder autorização para o funcionamento dos cursos de formação de guardas 
municipais; 
II - fixar o currículo dos cursos de formação; 
III - conceder Porte de Arma de Fogo; 
IV - fiscalizar os cursos mencionados no inciso II; e 
V - fiscalizar e controlar o armamento e a munição utilizados. 
Parágrafo único. As competências previstas nos incisos I e II deste artigo não serão 
objeto de convênio. 
 
Ao Comando do Exército ficaria determinado a autorização para aquisição das 
armas de fogo, com base no artigo 41, do Estatuto (BRASIL, 2003) que, “Compete ao Comando 
do Exército autorizar a aquisição de armas de fogo e de munições para as Guardas Municipais.”, 
mas para aqueles que possuem corregedoria própria, para apuração de infrações disciplinares 
atribuídas aos Guardas Municipaisestá autorização para conceder arma de fogo poderá partir 
da Polícia Federal, como assim prevê o artigo 44, da mesma lei (BRASIL, 2003): 
 
Art. 44. A Polícia Federal poderá conceder Porte de Arma de Fogo, nos termos no §3º 
do art. 6º, da Lei nº 10.826, de 2003, às Guardas Municipais dos municípios que 
tenham criado corregedoria própria e autônoma, para a apuração de infrações 
disciplinares atribuídas aos servidores integrantes do Quadro da Guarda Municipal. 
 
Mas que, também dependerá da existência de Ouvidoria, desenvolvidas pelos 
próprios integrantes das Guardas Municipais que seria o exposto no artigo 44 em seu parágrafo 
único. Visto ao que foi exposto, é nítida a possibilidade do porte de armas de fogo por parte da 
Guarda Municipal, o que não é difícil notar são as inúmeras limitações. 
 
 
3.3. PRERROGATIVAS PARA O PORTE DE ARMAS DE FOGO DA GUARDA 
MUNICIPAL APÓS ANÁLISES DOS ESTATUTOS PRÉVIOS. 
 
 
Ante o exposto e uma das limitações mais notável e muito perturbadora dentro do 
ordenamento jurídico seria o limite para o número de habitantes, previstas no artigo 6º, incisos 
III e IV, do Estatuto do Desarmamento (BRASIL, 2003), levando-se em consideração o 
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princípio da isonomia, explícito na Constituição Federal, em seu artigo 5º, caput (BRASIL, 
1988), “Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos 
brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, 
à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:”. 
 
Feriu expressamente tal princípio, determinando limitação por quantidade 
populacional do município, haja em vista que direito a segurança não deveria jamais ser 
limitado a somente determinados grupos, mas estendidos a todos, aduz então Mello (2004): 
 
Não sendo o interesse público algo sobre que a Administração dispõe a seu talante, 
mas, pelo contrário, bem de todos e de cada um, já assim consagrado pelos 
mandamentos legais que o erigiram à categoria de interesse desta classe, impõe-se, 
como conseqüência, o tratamento impessoal, igualitário ou isonômico que deve o 
Poder Público dispensar a todos os administrados. 
 
Seria correto assumir que no momento que o artigo determina número de habitantes 
e limites para uso de armas de fogo baseado nesse número de habitantes está tratando de forma 
desigual os outros municípios e não na medida de suas desigualdades, mas municípios iguais 
apenas com diferentes números populacionais sendo tratados tão diferentes. 
Que seria o mesmo que dizer que uma cidade com 49.999 (quarenta e nove mil 
novecentos e noventa e nove) habitantes é diferente de 50.000 (cinquenta mil) habitantes, sendo 
que nos dois os fatos ilícitos, ocorrências, proteção seriam exatamente os mesmos, sendo 
explícito o ferimento ao princípio da isonomia. 
Perfectibilizada essa ofensa expõe seu pensamento Ventris (2007, p.29-30): 
 
Como tudo na vida tem seu lado positivo e seu lado negativo, o Estatuto do 
Desarmamento veio por um ponto final numa discussão interminável: a Guarda 
Municipal pode ou não ser armada? A partir deste Estatuto ficou bem claro que as 
Guardas Municipais podem ser armadas. Não resta mais questionamento, tornouse 
ponto pacífico. O lado negativo foi querer desarmar as corporações de alguns 
municípios criando um critério esdrúxulo, ou seja, o número de habitantes hora, 
sabidamente não é o número de habitantes que determina se uma guarda pode ser ou 
não armada, mas sim, a sua qualificação para tal. 
 
Inserido, também, no Rol de artigos que fere tal princípio constitucional estaria a 
Portaria da Polícia Federal, Departamento de Polícia Federal nº 365 (BRASIL, 2006), em seu 
artigo 3º, II, quando expressamente determina também que, apenas municípios com mais de 
cinquenta mil poderão ter direito e somente ao uso em serviço do porte para armas de fogo: 
 
Art. 3º O porte de arma de fogo funcional para integrantes das Guardas Municipais 
será autorizado: 
[...] 
29 
 
 
 
II - somente em serviço e dentro dos limites territoriais do município, para os 
integrantes das Guardas Municipais dos municípios com mais de 50.000 (cinqüenta 
mil) e menos de 500.000 (quinhentos mil) habitantes; 
 
Outro caso de expressa violação ao princípio da isonomia, tão consagrado em nossa 
Constituição Federal que, não deveria estar prevista dentro do ordenamento jurídico por de certa 
forma qualificar municípios com base no número de habitantes, como demonstra Casagrande e 
Silva (2010): 
 
Nos municípios com menos de 50 mil habitantes as Guardas Municipais não podem 
portar arma de fogo. O legislador autorizou-se a presumir que todos os membros 
destas corporações, ainda que fiscal da lei e agente do Poder Público Municipal, é 
potencialmente perigoso para a segurança pública e agente estimulador da violência 
desenfreada que assolou nosso país. Mostra a falta de observância ao princípio 
constitucional da isonomia, bem como o da autonomia dos municípios, quando o 
legislador inseriu na referida lei o critério numérico. 
 
Por mais que a Guarda Municipal não, propriamente desenvolvam, a função 
policial, seria um equívoco não notar sua colaboração para a segurança pública, especialmente 
em cidades menores, que por não possuírem enorme contingente Militar, podem deixar a 
desejar algumas vezes, ou faltando com agilidade em certos momentos, enfim sendo incoerente 
que a Guarda Municipal não possa usar de armas de fogo, mesmo protegendo bens públicos, 
com prerrogativas expressas na Constituição Federal e em seu Estatuto, mas, vigilantes de 
patrimônio particular não possuem tal restrição e se utilizam desse recurso a todo momento. 
Lembra-se ainda que, o Estado nem sempre dispõe do necessário para guarnecer 
tais cidades, inclusive tendo cargos delegados a pessoas que nem ao menos possuem algum 
conhecimento sobre segurança o que deixa exposto a necessidade de as Guardas Municipais 
exercerem poder de polícia e desempenharem papel de combate e prevenção ao crime 
(CARVALHO, 2005). 
Portanto, é possível dizer que mesmo sendo expressa sua função, ainda sim, a 
Guarda Municipal não está restrita ao caráter meramente patrimonial, existe uma amplitude 
interpretativa inerente em suas atribuições que até mesmo a população apregoa e por não existir 
uma padronização no território nacional dificulta a uniformidade de procedimentos pelos 
profissionais dessa corporação (SANTOS, 2013). 
E existem várias situações onde a Guarda Municipal se encontra em situações de 
adversidade séria, no qual a falta de armamento prejudica sua atuação, mesmo no exercício 
natural de suas funções, que são a proteção dos bens públicos e atuam inclusive no trânsito com 
o advento do Código de Trânsito Brasileiro (BRASIL, 1997) que foi mais uma competência 
30 
 
 
 
passada aos municípios assumindo a responsabilidade a fiscalização de forma direta e o controle 
de tráfico veicular por ser matéria de direito local. 
Segundo estudos realizados pela Secretaria Nacional de Segurança Pública, e 
incluso o encontro das Guardas Municipais, é exigido que os Guardas Municipais estejam 
capacitados para o controle e fiscalização do trânsito em seus respectivos municípios 
(CARVALHO, 2005). 
E graças ao controle de trânsito por parte dos Guardas Municipais, não há 
necessidade de delegação a terceiros, ou a empresas privadas, tornando-se desnecessária 
também, a criação de outro organismo para exercer tal função típica, sendo que já é exercido 
por parte da Guarda Municipal, que atua uniformizada e armada, e é também, reconhecida pela 
população como função da Guarda Municipal, organizar o trânsito (CARVALHO, 2005). 
Função de fiscal de trânsito esta determinada pelo artigo 24, do Código de Trânsito 
Nacional (BRASIL, 1997) e detalhadas pela Resolução nº 66 do CONTRAN, salvo obviamente 
o policiamento ostensivo de trânsito, impedir que a Guarda Municipal exerça tal atribuiçãoseria 
não apenas um grande absurdo como uma ofensa a Constituição Federal (BRASIL, 1988) que 
dá autonomia aos municípios para se auto organizar em seu artigo 18 (VIEIRA, 2010). 
Ou seja, diante de todo o exposto é visível que a Guarda Municipal possui uma 
função consideravelmente ampla, mesmo que diferenciada das outras polícias, ainda sim os 
guardas estão expostos as mesmas adversidades. 
31 
 
 
 
4 GUARDA MUNICIPAL, COM OU SEM PORTE DE ARMAS DE FOGO, E O 
IMPACTO QUE ELA EXERCE NA SEGURANÇA PÚBLICA. 
 
 
Agora que foi devidamente descritas as prerrogativas de um Guarda Municipal, 
com os respectivos estatutos e determinações legais, o que será objeto de estudo neste capítulo 
será a prática, quais são seus objetivos o que é determinada em sua função de proteção ao 
patrimônio em conjunto com toda a sua atuação dentro da segurança pública, qual seria o 
impacto que a Guarda Municipal exerceria, ou exerce, utilizando-se de armas de fogo ou não. 
 
4.1 DEFININDO CARACTERÍSTICAS E POSSIBILIDADES PARA O USO DE 
ARMAS DE FOGO E O IMPACTO QUE PODE, OU PODERIA CAUSAR NA 
SEGURANÇA PÚBLICA. 
 
Sendo que a Guarda Municipal é operadora e gestora de segurança pública no que 
diz respeito a seus municípios, que atua na forma de “solucionadora de problemas” de âmbito 
local, presentes ainda estão os, serviços operacionais comuns, ainda, a manutenção do Serviço 
Tático-Operacional, visando o pronto-emprego de guardas municipais especializados para a 
solução de problemas específicos e imediatos, entre eles estão os, desastres, emergências de 
alto risco, defesa civil, calamidades públicas, tumultos, turbas, entre outros (CARVALHO, 
2005). 
Nesse quesito o uso de armas de fogo, faz com que as Guardas Municipais do país 
possam exercer facilmente as atividades descritas acima se houver a necessidade, também não 
se pode afirmar que o efetivo operacional, de um modo geral, não tenha o preparo para enfrentar 
as consequentes situações desta natureza, mas, com o objetivo de manter um serviço de 
excelência, que especialmente em situações emergenciais existe o dever de profissionais 
altamente qualificados para determinado fim (CARVALHO, 2005). 
Devido ao crescente aumento de violência em algumas áreas de nosso país o 
armamento serviria para, segundo Jamal Forte Carvalho, presidente do Sindicato dos Guardas 
Municipais da Região Metropolitana de Fortaleza (Sindiguardas) “diminuir a sensação de 
vulnerabilidade condicionada aos guardas pela Prefeitura, afirma que os servidores não tem o 
mínimo de segurança para trabalhar”, o que se acredita é que para meliantes a Guarda Municipal 
não passa de apenas mais uma polícia a ser combatida, sendo evidente a necessidade por armas 
32 
 
 
 
de fogo da Guarda Municipal da região metropolitana de Fortaleza, anuncio dado em 2016, não 
muito longe do ano em que se encontra o presente trabalho. 
Visto que, a própria Constituição interpreta a Guarda Municipal como força 
propriamente dita de segurança pública. A Guarda Municipal inevitavelmente exerce força de 
segurança pública, afinal dentro da sua esfera de atuação envolve interesse coletivo, saúde 
educação, transporte e incluso nessa esfera a segurança pública (FREDERICO, 2010). 
Ao citar a Constituição Federal, artigo 144, §8º, está equiparando as Guardas 
Municipais com o agente da segurança pública, sendo que se considera as pessoas do município 
como o maior patrimônio de um município, portanto é exercido o cuidado do patrimônio 
quando passam a proteger a população de um agressor, ao apoiar o trânsito evitando acidentes, 
pronto socorro prestado nos acidentes entre muitas outras atribuições (SILVA, 
CASAGRANDE, 2010). 
Porém, a questão aqui é outra, a segurança do Guarda Municipal também impacta 
na segurança do município, portanto no momento que atua desarmado, este está sujeito a 
qualquer tipo de agressão, concluindo que o Guarda Municipal fora de combate por agressores 
é ainda pior para a segurança pública municipal, se um agressor não teme ao agir contra um 
Guarda Municipal que ele sabe que não estará armado, porque este deveria ter medo de agir 
contra um civil que ele sabe que também não estará armado. 
O que acontece é que, com a intensificação do policiamento nos municípios com 
mais de 500 mil habitantes, tanto por parte de Guardas Municipais, quanto por parte das Polícias 
Estaduais, consequentemente acarretará em uma migração dos elementos mal intencionados 
para municípios menores de 50 mil habitantes, o que acarreta em maior atuação da Guarda 
Municipal, que estará desarmada tanto em sua atuação, quanto para sua proteção pessoal, sendo 
que o efetivo da Polícia Militar/Civil está vinculada a quantidade de habitantes existe uma 
necessidade maior por parte da Guarda Municipal (CASAGRANDE e SILVA, 2010) 
E não se pode esquecer o que afirma CAPEZ (2006, p.26): 
 
O policial desempenha função de permanente vigilância e combate à criminalidade, 
tendo, nos termos do art. 301 do CPP, o dever de efetuar a prisão, a qualquer momento 
do dia ou da noite, de quem quer que seja encontrado em flagrante delito (flagrante 
compulsório), ainda que não estando em horário de serviço, já que alei processual não 
estabelece horários. Sua função, portanto, é exercida em período integral. Deve 
também ser considerado que, em razão dos conflitos inerentes ao exercício da 
atividade, os policiais civis e militares ficam expostos a situações que exigem armas 
para sua defesa pessoal. Assim, a autorização funcional é contínua, inexistindo porte 
ilegal de arma de fogo. O Estatuto do Desarmamento, em seu art. 6º, § 1º, autoriza o 
porte contínuo das armas de fogo de propriedade da corporação, pelos integrantes das 
guardas municipais das capitais dos Estados e dos Municípios com mais de 500 mil 
habitantes, agentes operacionais da Agência Brasileira de Inteligência, etc. 
33 
 
 
 
Evidente é que, a Polícia Militar/Civil ou a Guarda Municipal, atuam em tempo 
integral vigilância e combate a criminalidade, independente do foco de cada função e para tal 
tarefa vulnerável é o Guarda Municipal que estará desarmado em face de qualquer perigo 
advindo de sua função ou de sua atuação. 
Inclusive menciona Ferraz Jr (1990, p. 677) que segurança pública não está restrita 
a órgãos policiais, mas inclui também órgãos governamentais e a própria comunidade presente 
a possibilidade de convocação para auxílio à paz pública. 
Explica ainda Casagrande e Silva (2010) que, não existe nenhum fundamento que 
conclua que Guardas Municipais de municípios maiores, nos quais é permitido o porte de armas 
de fogo, possuam condições de portarem tais armas, contudo, aqueles que possuem população 
inferior ao que a lei determina para o uso de armas de fogo ela determina que não necessitam 
do referido instrumento em seu serviço, visto que correm os mesmos riscos, tendo talvez, como 
única diferenciação o número de servidores, devido a claramente haver necessidade de maior 
contingente em municípios com índices de maiores populações, mas que a atividade 
desenvolvida é sempre a mesma que é, segurança pública. 
Um evento muito famoso que determinou a extrema necessidade das Guardas 
Municipais ao porte de armas de fogo, está na folha de São Paulo cotidiano (2006), ataques 
realizados pelo Primeiro Comando da Capital “PCC”, sendo que a Guarda Municipal não foi 
diferenciada pelos integrantes do “PCC” e que no caso em tela não deixaram de atacar 
municípios com menos de 50 mil habitantes também e sua Guarda Municipal a mercê graças a 
legislação em vigor. 
Outro evento bastante perturbador e ainda mais recente foi, o assassinato a tiros por 
no centro da cidade de Tubarão/SC. Marcelo Goulart Silva, 33 (trinta e três anos), morreu 
enquanto tentava capturar um grupo de assaltantes que havia roubado uma relojoaria, quando 
os assaltantes estavam fugindo se depararam com o Guarda Municipal que em sua tentativa de 
capturá-los acabou por levar váriostiros que, atingiram a cabeça do Guarda Municipal e este 
morreu antes mesmo de o socorro chegar no local. Notícia publicada no Diário Catarinense, dia 
10 de fevereiro de 2011. 
Ciente das diversas áreas de atuação da Guarda Municipal, todas visam a 
diminuição do índice de insegurança, o que nos leva para ações preventivas que, geralmente, 
são as que apresentam os melhores resultados, mais significativos, “é melhor prevenir que 
remediar” é a realidade cotidiana dos Guardas Municipais, uma das formas mais comuns de 
atuação seria na reintegração de posse de áreas invadidas, um exemplo, Curitiba que nos últimos 
anos realizaram mais de 300 ações de impedimentos desta natureza, acabavam por evitar 
34 
 
 
 
assentamento desordenado e posterior desapropriação dos seus respectivos “invasores” 
(CARVALHO, 2005). 
Evidente que atuam no impedimento dessas invasões armados, até porque é muito 
difícil na realidade brasileira exercer um poder influente o suficiente que não exista retaliação 
por parte de indivíduos de má índole, em locais mais extremos até mesmo com o uso de armas 
de fogo é impossível se manter por muito tempo, sendo impossível a aproximação sem o uso 
desse instrumento. 
Convém ressaltar que as forças policiais possuem objetivo diferente das forças 
armadas, como exército, marinha e aeronáutica, que tem como foco eliminar o inimigo, já o 
policial, guarda tem como foco a violação da lei e prender o infrator, limitar o criminoso, e por 
ventura leva-lo ao judiciário o qual é revestido do poder de julgar os atos praticados pelo 
infrator, porém é imprescindível para o trabalho de um guarda ou policial a utilização de arma 
de fogo, contudo, os confrontos envolvendo tiroteio poderiam ser evitados em sua grande 
maioria com utilização de armas não-letais, cuja a imobilização do opressor impossibilitaria a 
reação contra a entidade policial (CARVALHO, 2005). 
Mas a soma de armamentos não-letais para a Guarda Municipal deve se dar apenas 
como soma aos seus equipamentos, como uma nova concepção de armamento e não como uso 
principal, porque novamente o que também deve ser considerado é o caso concreto, a realidade 
brasileira, é relativamente fácil atuar contra um agressor desarmado com armas não-letais, a 
história muda quando o agressor possui, e muitas vezes efetivamente possui, armamento 
superior ao do Guarda, ou até mesmo da Polícia Militar. 
É preciso relembrar que diferente dos moldes do Regime Militar, a Guarda 
Municipal não está exclusivamente voltada para a segurança pública, mas sim com foco na 
atuação na área de defesa social que é uma parcela significativa da prestação de serviço a 
comunidade que, de maneira extensiva abrange muitas áreas do poder público (CARVALHO, 
2005). 
Em algumas pesquisas realizadas nos Estados Unidos, nas décadas de 60 e 70, 
revelaram que mesmo que a estrutura policial fosse inteiramente voltada a repressão, uma boa 
parte dos pedidos de assistências eram voltados a pequenos conflitos e mesmo hoje que existe 
alta taxa de criminalidade a polícia militar ainda tem 80% do seu tempo ocupado com questões, 
por exemplo, de excesso de ruído, desentendimentos entre vizinhos ou casais, distúrbios por 
pessoas alcoolizadas, vandalismo e etc, isso já era algo nos Estados Unidos nos anos 60 e 70, 
aqui ainda faz parte de toda a rotina e que não é revista pelos Poderes Públicos (NETO, 2002). 
35 
 
 
 
E um exemplo de sucesso em cooperação e resoluções de problemas, é o Estado do 
Paraná, que tem adotado relacionamento profissional, onde todas as forças que contribuem para 
a segurança pública, de policiais militares a civis, bombeiros entre outros, trabalham em 
conjunto com a Guarda Municipal, não são milícias, mas Guardas Municipais, com atuação 
conjunta e sob a ótica da lei, cumprindo função constitucional e com destino final minimizar 
índices de insegurança em sua capital (CARVALHO, 2005). 
Dito isso, Casagrande e Silva (2010) determinam que não é uma questão de 
quantidade populacional que irá impactar a segurança pública dentro da sociedade, mas a 
localização do município, bem como a renda “per capita”, tendo como base principal a atividade 
econômica de tal município que seriam capazes de trazer um diagnóstico sobre o índice de 
insegurança mais preciso e claro, mas o que se observa é uma atuação muito maior por parte 
dos Guardas Municipais em cidades que possuem menos de 100 mil habitantes. 
O que descaradamente dificulta a possibilidade de armas de fogo por parte da 
Guarda Municipal é o critério populacional e, para tanto, algumas cidades que estariam em 
urgente necessidade de seu instrumento não podem obtê-lo e acabam por impactar a sociedade 
porque deixa de satisfazer necessidades essenciais a coletividade e sendo que o próprio conceito 
de serviço público varia de tempos em tempos, em conformidade com a atuação estatal no que 
tange o caminho percorrido e para qual o destino da sociedade. 
Necessário é focar no problema e não questões de lacunas deixadas pela lei, focar 
no bem estar social, segurança pública de qualidade, essa é a função de todos os entes públicos, 
é preciso reconhecer que os crimes em cidades maiores são insustentáveis, o criminoso passou 
a desafiar as instituições de segurança, algo que vem ocorrendo a muito tempo e no momento 
que ocorre o desarmamento por parte daqueles que deveriam nos proteger, está abrindo uma 
enorme brecha para nos tornarmos vítimas. 
Afinal, as pessoas ainda se recusam em admitir que as Guardas Municipais, são sim 
organismos de segurança pública, dentro de sua função institucional, devido as equivocadas e 
restritas interpretações e, convém ressaltar que, é a ausência de políticas de segurança 
municipais, dentro das demais ações dos organismos de segurança estatal e federal que surgem 
inúmeras crises em determinadas regiões, assumindo proporções gigantescas como é o exemplo 
do Rio de Janeiro/RJ, que já foi veiculado a mídia nacional e também a internacional como 
“cidade tomada pelo crime” (CARVALHO, 2005). 
Atualmente, com a Lei do Desarmamento (BRASIL, 2003), é possível ressaltar a 
função das Guardas Municipais como corporações voltadas ao campo da segurança pública 
municipal e que graças a lei passou a diferenciar seus integrantes aos demais servidores públicos 
36 
 
 
 
municipais, é correto lembrar que o respeito e a individualidade de cada corporação atuante da 
esfera policial se da por meio da valorização de cada um de seus integrantes, com a devida 
manutenção de uma identidade própria, sendo possível acrescer com a existência da outra e não 
com a discórdia de uma e outra devido a lei (CARVALHO, 2005). 
Por um lado não se pode permitir que os Guardas Municipais de municípios 
pequenos portem armas de fogo fora do serviço, ou até mesmo em serviço, no outro lado está a 
evidente desigualdade legal imposta pelo Estatuto do Desarmamento (BRASIL, 2003), tendo a 
administração pública que apelar aos órgãos do judiciário para que seja possível portar armas 
de fogo sem que estejam cometendo ato ilícito e consequentemente para a proteção de sua 
integridade física (RAMALHO, 2017). 
Não é uma questão de discussão de função, mas, de proteção aos bens públicos e 
aqueles que vivem nesse espaço, mesmo não exercendo função, no estrito senso, de função 
volta-se a afirmar que é inegável a colaboração para com a segurança pública, e a falta do 
armamento acarreta em falta a condições mínimas para exercer suas funções com dignidade, 
sendo completamente incoerente vigilantes de patrimônio particular exercerem suas funções 
armados, mas, a Guarda Municipal negada tal possibilidade por consequência de prerrogativas 
(RAMALHO, 2017). 
Sendo que, ainda, é muito fácil notar que o município possuí uma visão mais real, 
do que de fato seriam os fatores geradores de crime e de violência, as Polícias Militares agindo 
em conjunto com os Guardas Municipais armados colaborariam imensamente para

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