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Universidade Federal da Bahia Faculdade de Direito Exercício de Fixação de Conteúdos Discente: Ísis Rauana Nascimento Félix Docente: Fábio Santos Disciplina: Ciência Política Salvador - Ba 2021 Exercício de Fixação de Conteúdos 1. Qual a relação da religião com as diversas fases do direito das sociedades antigas? Explique com exemplos. Por muito tempo, o direito e a religião andaram juntas de modo que não era possível uma dissociação e apesar de, atualmente, enxergamos como áreas distintas, notamos que ambos servem para controlar a sociedade e ambos foram feitos pelo homem. Podemos começar nossa análise pelos símbolos do direito, por exemplo, dos gregos e romanos onde eram representados por deusas, diké e Iustitia. Já vimos aí a influência da religião no direito, que era considerado sagrado e "distribuía" a justiça e a igualdade. Nas sociedades antigas, a Igreja representava o coletivo e onde podemos encontrar as primeiras normativas: o sagrado, ação voltada para o bem coletivo, e o profano, ação lesiva à coletividade.Em algumas sociedades, o rei era tido como reencarnação de alguma divindade. Notamos também a influência da religião no direito egípicio, onde não existiam leis escritas, pois, a autoridade suprema era o próprio Faraó e devido a isso o direito egípcio garantiu aos faraós longos reinados com poucos períodos onde a ordem foi perturbada. A necessidade de um direito escrito surgiu depois como uma necessidade assegurar a verdade e, gradativamente, as normativas saíram das repetições de fórmulas e das palavras divinas para códigos e leis escritas.Outra influência da religião no direito, que vemos até os dias de hoje, é a monogamia, prática do povo Hebreu. 2. Descreva e analise as relações de parentesco, as obrigações matrimoniais e a responsabilidade civil dos povos arcaicos. Na antiga Mesopotâmia, a família era imprescindível na sociedade patriarcal, onde a monogamia era vista como regra, mas em certos casos era permitido ter concubinas. A mulher tinha liberdade, de movimentação e de trabalho, por 1 exemplo, se o marido desse permissão. O divorcio era permitido, mas multas eram aplicadas, mais rigorosamente, nas mulheres. O principal objetivo do casamento era ter filhos, de preferência meninos, e a não concepção de uma criança era um dos motivos para divórcio. Era uma imposição que a criança respeitasse os pais e a violação de tal regra era vista como um pecado grave. Os membros da família eram responsáveis uns pelos outros diante dos deuses. Já no antigo Egito, o matrimônio era mais um ato individual cujo objetivo era gerar um filho, de preferência menino, para continuar a família e providenciar um enterramento digno com os devidos rituais funerários. Os filhos eram emancipados e a mulher independente. 3. Explane semelhanças e diferenças entre as organizações político-administrativas do Egito e da Mesopotâmia. Tínhamos no Egito um modelo teocrático cuja autoridade era do rei e não havia uma separação entre o patrimônio estatal e do Faraó, entretanto, havia uma separação entre a instituição estatal e a figura do governante.Devido a alta formalidade da administração egípcia,era necessário um conhecimento das escritas por partes das pessoas que exerciam funções públicas. Quem documentava leis, atos judiciais e administrativos eram os escribas um cargo de suma importância na época e restrito. No Antigo Império, existia uma administração central,uma administração provincial e um governo local. Existia uma unidade administrativa básica denominada NOMO,que eram governados por autoridades de confiança do rei, os quais normalmente herdavam a função de seus pais, mas foram “extintos” no Médio Império e, depois desse declínio, o poder local passou a ser dos Prefeitos. Os estudos acerca da organização política e dos direitos da Mesopotâmia, são mais conhecidos do que do Egito, pois, diversos documentos foram encontrados através de escavações arqueológicas. Um dos documentos 2 encontrados é o Código de Hammurabi, que apesar de ser mais completo surgiu após os códigos de Ur-Nammu, Lipti-Istar e Es-Nunna. O período Neossumério foi marcado pela Terceira Dinastia de Ur, onde a figura principal era o rei e havia uma centralização política, mas um pluralismo jurídico. Nesse período, foi criado o já citado código de Ur-Nammu que tratava das legislações do Império. Existia uma capital política, Ur, e um centro religioso e jurídico, Nippur, nelas existiam um governador indicado pelo rei dentro das lideranças familiares e, assim como no Egito, era sucedido por seus descendentes. Os outros três códigos citados anteriormente foram criados no Antigo Período Babilônico. Nesse período tínhamos uma divisão em reinos e o poder do rei era submetido a leis, que eram consideradas como sendo resultado de um mandamento divino de justiça. Tínhamos uma divisão central formada pelo rei e pelo palácio, uma administração central e uma administração provincial, notamos uma estrutura semelhante à do Egito. 4. Qual o significado da Maat para o direito egípcio? Era um símbolo do direito para os egípcios, cujo significado denota noções de verdade e justiça, personificada pela deusa, filha do deus-Sol. Devido a esta divindade, a sociedade era protegida do caos e da destruição. Vale ressaltar, que tal simbologia abrangia tanto o mundo dos mortos, quanto o mundo dos vivos. 5. Identifique pontos em comum existentes entre o Código de Hamurabi e as Leis Mosaicas. Encontramos pontos em comum entre o Código de Hamurabi e as Leis Mosaicas no tocante das leis civis, morais e éticas, como por exemplo, em relação a brigas e agressões, aborto após agressões, adultério, suspeita de 3 adultério, estupro, falsas acusações, sequesto, incesto e etc. Exemplo ( punição por sequestro): “Se se achar alguém que, tendo roubado um dentre os seus irmãos, dos filhos de Israel, o trata como escravo ou o vende, esse ladrão morrerá. Assim eliminarás o mal do meio de ti” (Dt 24:7). “Se um cidadão roubou o filho menor de um (outro) cidadão, ele será morto” (Art. 14). Essas semelhanças entre as leis é devido ao fato das duas sociedades serem parecidas e, por isso, necessitavam de regras semelhantes. 6. Que significava a “cidade” para os antigos? Local onde havia aglomeração de pessoas e desenvolvimento econômico que surgiu em função do desenvolvimento de atividades mercantis. Devido a essa formação, tornou-se necessário institucionalizar certas funções públicas cujo objetivo era gerir o patrimônio da cidade e operacionalizar a arrecadação de impostos. A família era importante na identificação do indivíduo, sendo as funções administrativas passadas de pais para filhos. Uma organização política fez necessária para evitar apropriação indevida dos bens de terceiros e garantir a estabilidade econômica. 7. O artigo 5º da Constituição Brasileira de 1988, consagra em seu caput o princípio da igualdade entre homens e mulheres. Discorra sobre o sistema jurídico da antiguidade que também consagrava este princípio. Na Grécia Antiga, somente os homens atenienses livres e maiores de 20 anos eram considerados cidadãos e poderiam participar da vida política na polis, ou seja, não existia igualdade entre homens e mulheres na época. Na Roma Antiga, também vemos a figura masculina numa posição de poder na família, que era a base da sociedade romana. Apesar de não poder exercer nenhum cargo político, mulheres de uma classe social mais alta podiam influenciar na política. 4 Até hoje vivemos em uma sociedade patriarcal apesar dos grandes avanços. 8. O que eram as “cidades de refúgio” na Lei de Moisés? As cidades de refúgios eram lugares onde um homicida desintencional poderia buscar asilo e proteção, pois, havia na época um respeito ao sangue e seu derramamento poderia ser vingado. 9. O que é a Torah? A Torá ou Bíblia Hebraica corresponde aos cinco primeiros livros do Pentateuco – Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio -, que constitui o velho testamentoe sua escrita, embora não comprovada, foi atribuída a Moisés. O Torá também pode ser compreendido como um conjunto de leis que formam a religião judaica. Etimologicamente, Torá significa instrução em hebraico. 10.“Se um filho agrediu seu pai, ser-lhe-á cortada a mão por altura do pulso”; “ Se alguém vazou o olho de um homem livre, ser-lhe-á vazado o olho”. Fale sobre o Talião nas sociedades antigas. O Talião era uma pena antiga pela qual “ferida” vingava a injúria ou delito fazendo sofrer ao criminoso o mesmo dano ou mal que ele praticou, chamada de retaliação. 11. O que significou a forma escrita para a lei grega? As leis escritas serviram para evidenciar e viabilizar um equilíbrio na sociedade, proporcionando uma maior participação popular, embora inicialmente tenham servido como instrumento de dominação. 5 12.Diferencie a diké da graphé. Diké eram as ações privadas e Graphé as ações públicas. Entende-se como ações privadas: assassinato, perjúrio, propriedade, assalto, violência sexual, roubo e ilegalidade. Somente as partes envolvidas podiam dá inicio a ação. E entende-se como ações públicas: contra oficial que se recusa a prestar contas, por impiedade, contra o estrangeiro que pretende ser cidadão, contra oficial que aceita suborno, contra o que propões decreto ilegal, por registrar falsamente alguém como devedor do estado. Poderia ser iniciada por qualquer cidadão que se sentisse prejudicado pelo Estado. Referências 1. MENDONÇA, Paulo Roberto Soares. Da Cidade como Núcleo Político das Civilizações da Antiguidade: Egito e Mesopotâmia. Revista de Direito da Cidade. 2. SARTORI, Alana Taíse Castro; Strücker, Bianca; Hahn, Noli Bernardo. Relações entre direito e religião na perspectiva de linguagens. Revista Científica do UniRios Disponivel em: https://www.unirios.edu.br/revistarios/media/revistas/2020/23/relacoes_ entre_direito_e_religiao_na_perspectivas_de_linguagens.pdf 3. WOLKMER, Antônio Carlos (org.). Fundamentos de História do Direito. 2 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2001 6 https://www.unirios.edu.br/revistarios/media/revistas/2020/23/relacoes_entre_direito_e_religiao_na_perspectivas_de_linguagens.pdf https://www.unirios.edu.br/revistarios/media/revistas/2020/23/relacoes_entre_direito_e_religiao_na_perspectivas_de_linguagens.pdf https://www.unirios.edu.br/revistarios/media/revistas/2020/23/relacoes_entre_direito_e_religiao_na_perspectivas_de_linguagens.pdf
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